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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM

EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA - NEAD/UFSJ

INTERPRETAÇÃO E STORYTELLING COMO FERRAMENTAS


PARA A EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA

Carlos Eduardo Zago, portfólio.zago@gmail.com1


Prof. D.Sc. Jorge Nei Brito, brito@ufsj.edu.br2

1
Núcleo de Educação a Distância (Nead/UFSJ)  Pós Graduação em Educação Empreendedora  Orientando
2
Universidade Federal de São João del-Rei, Praça Frei Orlando, 170  São João del-Rei - MG  36307-232  Orientador

Resumo: Tem como objetivo expor as qualidades e possibilidades na melhora educacional no âmbito social, espacial
e cognitivo. Esclarecer de que forma a ludicidade interpretativa e a ilustração de informações em histórias
(Storytelling), podem ser utilizadas no cotidiano do trabalho educacional, desmistificando a imagem simplista de
brincadeira e peça teatral com foco na distração e divertimento. Apontar a maneira que essas ferramentas podem ser
utilizadas corretamente para aumentar o desempenho no aprendizado e empatia. Fornecer uma outra perspectiva
sobre a educação, com o intuído de transparecer a existência de novas maneiras de educar, reduzindo
significantemente o processo de simples reprodução do saber, para permitir vivenciar e sentir as ações e sentimentos
do que é exposto pelo processo de ensino linear.

Palavras-chave: Ludicidade Teatral, Teatro na Educação, Storytelling

1. INTRODUÇÃO

Apresenta-se aqui de maneira expansiva e desmistificadora, a utilização da ludicidade teatral e Storytelling para o
ensino de uma educação empreendedora desde dos anos iniciais, até a formação no ensino superior. Com informações
adquiridas através de vivência em campo, demonstra-se as diferenças existentes entre o pensamento limitante da
utilização destas ferramentas e as possibilidades libertadoras para uma educação mais ampla, preparadora e estimulante.
Ambas as ferramentas de atuação aqui explanadas, estão centradas no potencial proporcionado pelo modelo de
trabalho teatral e interpretativo. Não em sua forma literária, mas no âmbito da imaginação e empatia. No exercício de
vivenciar situações e pensamentos que não seriam totalmente comuns ao aluno, permitindo uma maior amplitude de
visão existencial e identificação social.
Isso também é aplicado à atuação do educador no desenvolvimento de sua profissão. Uma nova percepção do
processo educacional é disponibilizada após o início da utilização do Storytelling como meio de ilustrar informações e
conhecimentos, coordenando um desenvolvimento de pensamentos e atividades inovadoras para a compreensão das
necessidades individuais de cada educando, assim como da melhor maneira de transmitir conhecimento clássico pré-
determinado e conhecimento informal, captado através do cotidiano, atuação social e atuação recreativa. Da mesma
maneira que o aluno consegue obter melhora na captação de conhecimento organizado, de ideias e percepção do
ambiente ao seu redor, ao professor é disponibilizada a mesma capacidade, uma vez que faz uso das ferramentas
educacionais, interagindo de forma direta e compreensiva com seus alunos. Pode-se dizer que se aprende ao ensinar.
Para o educador, desdobra-se um leque de novas maneiras de expor conhecimento para os alunos, uma vez que a
imaginação é a argamassa principal para a edificação de modelos de ensino e aprendizagem. Permite abranger várias
áreas e temas educacionais concordando com a Lei de Diretrizes e Bases da educação, que solicita a interação das
matérias curriculares de maneira a fazer com que o ensino seja homogêneo e correlato com as necessidades de cada
área. Mostrando que todo o aprendizado tem sua importância perante o relacionamento destas áreas no cotidiano do
convívio social dos alunos. Convívio este que passa a ser melhor integrado à classe, ao âmbito familiar e ao cotidiano,
pois desenvolve maior embatia do educador com seus educandos. A preocupação com as necessidades dos alunos e seu
aprendizado permite uma aula mais atrativa, mais produtiva intelectualmente, pois cada aluno sente sua necessidade de
compreensão atendida com sensação de exclusividade ou individualidade, devido a maior empatia para com o educador.
Essa noção de convívio social deve ser trabalhada constantemente pelo profissional, pois sem uma compreensão social
equilibrada não existe possibilidade de garantir total desempenho das ferramentas educacionais apresentadas. Respeito,
companheirismo, empatia, são alguns pontos a serem pensados e trabalhados em classe para um desenvolvimento
coerente para um bom aproveitamento em classe e na vivência pessoal cotidiana.
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Devido a essa maior empatia entre professor e aluno, novos conceitos de avaliação são percebidos, menos
intransigentes e mais assertivos quanto as capacidades de aprendizagem e desenvolvimento de cada indivíduo como um
todo. Regulando o patamar de importância do conhecimento “tecnicista” por igual com o conhecimento inerente e
cognitivo do aluno, com o intuito de moldar além de profissionais capacitados para a vivência no mercado profissional e
técnico-social, indivíduos pensantes, formadores de opinião, capazes de reconhecer as possibilidades no ambiente em
que vivem, assim como saberem lidar com as adversidades presentes na existência humana com o convívio sócio-
empresarial.
“Não somente na esfera do teatro, como em qualquer área do conhecimento, os pressupostos epistemológicos de
uma metodologia do ensino necessitam proporcionar o conhecimento da estrutura teórico-prática dos procedimentos
que levam à aprendizagem, ensejando a incorporação do polo instrucional ao polo sociocultural. Nessa trajetória, o que
se convencionou denominar de metodologia do ensino adquire um valor relativo que se configura enquanto
procedimento de enlace entre educador e educando, em meio a condições objetivas.” (KOUDELA e SANTANA, 2005,
p, 146).
Como citação de prova em que ilustrar vale mais do que o simples falar, além do que é reconhecido nos próprios
ditos populares, como por exemplo, “uma imagem vale mais que mil palavras”; ou “entendeu ou quer que desenhe”,
comento o fato da grande maioria de crianças e jovens preferirem à primeira vista, a visualização de um filme ao invés
da leitura de um livro. Até que se pegue o costume e o gosto pela leitura o visual é mais atrativo e cômodo para maior
captação de atenção. A exemplificação com imagens, histórias direcionadas ou interpretações ministradas pelo
educador, geram um aprendizado mais fácil e eficiente tanto interpretativamente quanto da memorização e fixação.
A mente trabalha por meio de imagens constantemente, por isso, quando se utiliza da ferramenta de exemplificação
por imagem ou imaginação, a aceitação do conteúdo é quase que simultânea, pois as ações externas, assim como o
direcionamento do assunto ou matéria, estão se comunicando na mesma linguagem de interpretação do cérebro.
Provas que permitem uma exemplificação eficiente da correlação desta comunicação mental com a geração de
imagem, podem ser percebidas ao praticar um exercício mental muito simples. Ao informar o nome de um objeto para
duas ou mais pessoas, onde cada uma delas têm que responder como ele é, desde características físicas proporcionais
até a cor, normalmente as respostas serão diferentes de uma pessoa para a outra, mas ambas criaram uma imagem
mental deste objeto.
Outra prova é o estudo de como as pessoas cegas "enxergam" um objeto ou ambiente descrito / percebido por elas.
Pesquisas comprovaram que as regiões do cérebro utilizadas para a percepção de objetos por uma pessoa cega, são as
mesmas utilizadas por uma pessoa que enxerga normalmente.
Conforme publicado em 24/06/2010 no site R7.com na área tecnologia e ciência, "[...] partes do cérebro ficaram
ativas quando os voluntários ouviam cada palavra. As pessoas cegas, mesmo as que já nascem assim, tendem a pensar
em um objeto na mesma região do cérebro que uma pessoa que possui o sentido da visão.". (R7, 2010.)
Para "enxergar", o cérebro de uma pessoa cega associa a palavra ou forma de um objeto específico e cria uma
imagem em sua mente, seja ela real ou meramente ilustrativa, da ideia que tem sobre esta.
Isso indica que independente de existir fisicamente a cadeira ou não, de enxergá-la ou não, a mente se utiliza das
mesmas reações físicas e psíquicas do que quando perante a algo real. Desta forma, percebe-se a possibilidade de
desenvolvimento maior na capacidade de posicionamento contextual perante acontecimentos atuais ou explicitados.
Apresenta-se portanto estas ferramentas educacionais, de grande valia para a educação empreendedora, que tem como
objetivos desenvolver maior capacidade de seus alunos no âmbito dos sentidos de percepção social e pensamento
analítico. Conseguir desenvolver ideias e opiniões próprias de maneira a criar novas possibilidades em sua vida social,
assim como perceber o que está acontecendo ao seu redor em seu ambiente vivencial. Enxergar oportunidades onde
outros só vêm perda, alimentando o interesse por suprir certas necessidades da sociedade, através da curiosidade e do
desejo em deixar como herança para gerações futuras, realizações modificadoras sociais e tecnológicas. Para permitir
um aprofundamento adequado e necessário, no sentido de modificar padrões limitantes e introduzir a necessidade da
mudança, é de grande valia a utilização da ludicidade interpretativa. Direcionada de maneira a permitir obter resultados
adequados ao aprendizado sócio-educacional.
"A comunicação tende a adaptar-se aos novos recursos e ser mais dialógica […]. Com isso a contação de histórias
entra no cenário social e organizacional para que os sujeitos possam narrar suas histórias, sejam elas construídas por
cidadãos comuns ou funcionários de uma empresa. _Versão FINAL do TCC - Pós-Banca (MAGALHÃES, 2013, p, 15).
Inserir-se na situação apresentada pelo ensino é posicionar-se na história e nos acontecimentos que se está
aprendendo. O ser humano necessita sentir-se inserido, necessário, visualizando-se como parte do aprendizado e não a
par do mesmo, seus sentimentos e sentido se aguçam para o saber. O interesse desponta como a descoberta de algo
extraordinário que não é aquém ao indivíduo, mas complementar e engrandecedor à este. O processo de aprender deve
ser divertido e emocionante, pois o movimento social e global de hoje exige atenção, cor, movimento e sentimento. A
informação comum é encontrada facilmente na internet, por isso, é necessário prender a atenção de quem a procura ou
necessita de maneira a imputar o conhecimento utilizando-se todos os sentidos, permitindo ver, sentir, ouvir e
compreender o que se está aprendendo, agitando a mente ao invés da frieza da leitura ou da simples explicação
apresentada por reprodutores de conhecimento.
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Esta sensação de inserção durante o aprendizado não é de serventia apenas para conhecimentos teóricos e da área de
humanas, mas também pode ocorrer em diversas área do saber. Cálculos podem ser realizados com as técnicas padrão
de ensino, disponibilizando exemplificações concomitantemente com o ensino ou posteriormente a sua conclusão,
disponibilizando "imagens" de como ocorrem as relações de calculo entre si, assim como de sua real utilização na vida
cotidiana e profissional do educando. Interpretações de situações de troca de valores demonstram na prática o que
ocorre na mente. Tudo pode ser adaptável para a exemplificação, o que é necessário é saber antecipadamente como o
educador deve proceder para realizar essa ação, de maneira a proporcionar o resultado pretendido. Essas "imagens"
criadas mentalmente geram por sua vez sentimento quando da conclusão das exemplificações, existindo a compreensão
com sucesso do conhecimento apresentado, propiciando alimento para o desejo em descobrir sempre mais.
Os efeitos causados por essas ferramentas proporcionaram resultados gratificantes tanto para o desenvolvimento
pessoal do aluno e aprendizado em sala de aula, quanto para o desenvolvimento da empatia e dinamismo do educador.
O interesse pela matéria em sala de aula passou a ser notável em quase todos os alunos, tendo como medidor referencial
o valor de absenteísmo e desentendimentos em sala de aula ou com a instituição escolar, que foram reduzidos a quase
zero. As notas passaram, em sua grande maioria, a serem maiores que a média solicitada pela escola. Assim como a
participação e comprometimento dos alunos aumentaram gradativamente. Relatos de mudança comportamental
positivas, perante a convivência familiar, foram obtidas com pais de alunos e relatos próprios de escolhas diferenciadas
de utilização do tempo ócio e de hobbies. É possível realizar mais mudanças pessoais, dependendo das capacidades de
cada educador e seu aprofundamento com técnicas de desenvolvimento de pessoas, lembrando que educar não significa
apenas transmitir conhecimento específico, mas expor a essência da necessidade em se obter tal conhecimento, assim
como a melhor conduta de convívio social e integrativo. Emoções equilibradas e saudáveis para a educação são
essenciais para absorção do conhecimento. Tornar o processo do aprendizado emocionalmente saudável e interessante
para o educando é o processo que aqui é apresentado com as ferramentas de interpretação e Storytelling.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Diferentemente do que se imagina quando se apresenta conhecimentos e técnicas baseadas em interpretação teatral
e apresentação de Storytelling, aqui não existe a intenção defender o ensino de teatro e interpretação para a grade
curricular de qualquer instituição de ensino, assim como de longe pretende conduzir para a correta elaboração de
estórias digitais ou rabiscadas para uso em sala de aula. Estes métodos que se desenrolarão, são ferramentas de atalho
com total interesse em prender a atenção dos alunos no processo de aprendizagem, além de desenvolver o interesse pelo
aprender a pensar em empreendedorismo e imputar conhecimento direto, sem rodeios, por meio de teoria, imaginação e
prática, de forma a maximizar o aprendizado e ampliar a capacidade de percepção ambiental e social.
É necessário ensinar o empreendedorismo e englobar esse princípio em outras áreas adjacentes e constituintes da
necessidade educacional do aluno de forma atrativa e marcante, para que fique como parte principal do saber básico e
essencial. Apresentar-se em pé diante de alunos, transmitindo teorias e exercícios sem uma analogia com o "mundo
real" é um ato ultrapassado e desprendido de responsabilidade com o saber inerente a cada indivíduo, assim como
desestimulante da curiosidade do saber.
Sem dúvida nenhuma que o processo de educação tradicional ainda tem muito espaço para continuar sendo
utilizado, mas com certeza necessita ser melhor aproveitado e renovado, com o propósito de estimular o desejo de
aprender. Não somente o ensino deve ser sobre educação empreendedora, como o próprio educador deve ter
pensamento empreendedor sobre sua atuação no processo. Renovar-se constantemente para acompanhar as mudanças
das novas gerações e novas necessidades suplantadas pela posição histórica do momento, assim como das
características políticas e mercadológicas presentes.
Para a descrição que se seguirão, das ferramentas intituladas neste material, as mesmas foram utilizadas em campo
no processo de educação de jovens e adultos, proporcionando feedbacks interessantes capazes de respaldarem as
descrições realizadas para estas.
A aplicabilidade das ferramentas foram executadas em ambiente propício para educação formal e técnico, com
ambiente fechado, arejado e com características comuns a uma sala de aula padrão. O aprendizado pela interpretação foi
também fortemente utilizado em situação de educação empresarial, podendo ser classificada como ação de pedagogia
empresarial, pois foi executada em propriedade empresarial privada, onde se fez necessário o ensino de atitudes e
valores específicos à empresa, para seus colaboradores utilizando-se apenas de alguns voluntários e nenhum material ou
objeto extra o já existente no local. Esta técnica também foi utilizada em sala de aula, mas para maior captação de dados
para análise e exemplificação, foi selecionado este fato comentado, pois exigiu maior tempo e empenho tanto da turma
receptora do conhecimento quanto do educador.
Em utilização na sala de aula, também não foram utilizados materiais extras alem dos já existentes na instituição
educacional. As ações interpretativas e sua compreensão foram executadas concomitantemente com as explicações da
matéria curricular em evidencia no momento. Essa ação serviu de complemento fixador do saber apresentado, por meio
da visualização através da ação corporal e ludicidade teatral, colocando-se na posição relacionada ao sujeito presente na
história ilustrativa. Permitindo que o educando pudesse interpretar pensamentos, sentimentos e resultados obtidos pelo
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sujeito imaginário da ação, como se estivesse vivenciando o ato em si, proporcionando a possibilidade de observar a
explicação por outro ângulo alem do comum em sala de aula, que é de mero expectador.
Assim como a interpretação o Storytelling foi aplicado concomitantemente com as explicações da matéria curricular
em evidencia no momento. Em determinados pontos chave a explicação sofria uma pausa proposital, com a intenção de
ilustrar o que estava sendo apresentado em oratória discursiva. Podendo esta exemplificação ser em rearranjos de
palavras e contextos da própria situação apresentada discursivamente, ou utilizando metáforas e exemplos que
servissem de comparação.
O processo escolhido como principal, a ser utilizado nesta exemplificação, foi o de exemplos de comparação,
utilizando-se de situações do cotidiano dos alunos ou de conhecimento prévio inerente a estes devido a acontecimentos
comuns diários do convívio de cada um. Esta ação permite de maneira rápida e prática a absorção quase que integral do
conceito explicado em aula, assim como, um melhor aproveitamento deste conhecimento através da fixação do mesmo
na memória por um período muito maior de tempo. Isso ocorre devido as relações mentais efetuadas por cada aluno,
entre conhecimento teórico explicado e acontecimentos diários ou de execução padrão, disponibilizando uma referência
generalizada do que está sendo apresentado.
Se for levado em consideração o fator emocional, estas ferramentas contribuem muito para alteração e adequação
dos estados deste, influindo assim na melhora no aprendizado cognitivo. Vários são os fatores emocionais que
desestruturam a capacidade do indivíduo em absorver e reter informações. A irritabilidade, hiperatividade e o desanimo
são as principais emoções limitadoras do saber encontradas no processo de ensino, causando incessantemente o
desinteresse e desatenção no aprendizado. Alterando-se estes estados emocionais é possível estimular a atenção do
educando de maneira a renovar o interesse pelo saber, consequentemente alavancando o processo de aprendizado.
A tecnologia é uma grande aliada do processo educacional, quando diversificada e bem utilizada. As ferramentas
aqui apresentadas valem-se da facilidade em serem aplicadas através da tecnologia, podendo ser utilizados materiais
previamente idealizados e montados pelos educadores, assim como os já existentes e que transmitem informação
correlatas ao abordado em sala de aula ou educação informal.
Tudo o que até agora foi apresentado não terá sucesso em sua totalidade se não for levado em consideração o ser
humano como indivíduo único, carente de atenção, respeito e reconhecimento. O trabalho sobre o desenvolvimento de
caráter social deve estar sempre em foco, pois a educação sem isso passa a ser apenas reprodução mecânica de
informações classificadas organizadamente, reconhecidas como saberes gerais. A interação entre os educandos deve ser
coesa e saudável, pois disso depende a execução de qualquer atuação de desenvolvimento cognitivo participativo, assim
como o equilíbrio emocional tão necessário para a absorção do saber.
Respeito não se exige, se conquista. O educador respeitando a individualidade de cada aluno, assim como
posicionando-se como companheiro de jornada e não como o xerife da sala de aula, permite uma maior aproximação do
educador com a compreensão e confiança dos alunos, proporcionando um ambiente de aprendizado respeitoso e
confiável.

2.1. Utilizando Storytelling

"A abordagem Storytelling tem se destacado na literatura porque as narrativas têm se mostrado eficientes meios de
interação ao circularem informações que no seu conjunto transmitem vida, emoção, racionalidade e sentimentos. Por
Storytelling pode-se dar significado a pequenas histórias, narrativas curtas e compostas de profunda significação, para
dar sentido a um determinado contexto, seja individual, uma ação coletiva, procurando analisar e representar eventos de
forma acessível e agradável a um maior público. " (FONTANA, 2009, p. 6).
"A abordagem Storytelling, neste sentido, representa um instrumento para disseminação do conhecimento, pois a
interação da narrativa com seus ouvintes propicia novos insights para o Storyteller. Essas histórias, orais e escritas, nem
sempre são fáceis de lembrar e compreender, assim quando contadas, novas lembranças e pensamentos contribuem para
o seu enriquecimento, proporcionando à legitimidade de quem as escuta. Neste sentido, o Storytelling se modela como
uma estratégia que influencia determinado público através da história narrada. Vários enfoques podem ser atrelados a
essa abordagem, porém para cumprir com os propósitos deste artigo são tratados apenas enfoques estratégicos que
circunscrevem o tema." (BORGES, GOIS, TATTO, 2011, p. 109).
Utilizar esta ferramenta no ambiente educacional, é como passar um filme imaginativo diante dos olhos "mentais"
de cada aluno. É deixar colorido e exemplificado o modelo do que se necessita aprender. É ter uma ferramenta
comparativa para equidade de proporções niveladoras da verdade e conhecimento, além de referencial perante bases
próprias afim de ampliar modelo de pensamento generalista, facilitando a incorporação do conhecimento. Poderia ser
utilizado outra nomenclatura para esta ferramenta, uma vez que o processo é bem mais simplificado do que o comum
conhecido para este.
"[...] o uso de parábolas, histórias e casos no processo de aprendizagem de adultos é antigo. Isso porque histórias
oferecem uma ferramenta poderosa para promover a aprendizagem e o engajamento." (HACK, GUEDES, 2013, p. 13).
No storytteling tradicional, acontece o processo de estudo das necessidades e emoções a serem transmitidas para as
pessoas, onde posteriormente é montado um texto ou linha de pensamento, no qual deve-se produzir material ilustrado
fisicamente, digital ou audiovisual para transmitir esse sentimento ou forte necessidade existencial, podendo ser
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absorvido tanto conscientemente, quanto subconscientemente. Muitas empresas hoje em dia estão caminhando para o
processo de utilização desta ferramenta, como uma maneira de melhor vender seus produtos e serviços. Como exemplo
é possível visualizar um vídeo produzido com esse princípio completo pela TrueMove H, empresa de telecomunicações
tailandesa e disponibilizado em mídia online por HB Harlles Bruno, como o título de Menino Ladrão, Comercial
Tailandês na plataforma youtube.com.
Mesmo esse não sendo o princípio fundamental da utilização desta ferramenta nessa proposta de ensino, o exemplo
ajuda a compreender o que é transmitir conhecimento de forma marcante e acessível a todo indivíduo através de seu
próprio conhecimento interno previamente adquirido.
O processo aqui defendido utiliza apenas a transformação de uma explicação em uma exemplificação ilustrativa.
Por exemplo, quando se inicia o processo de explicação do modo de operação interno de comunicação de uma placa
mãe de computador, com seus outros componentes, quando na inicialização do equipamento. Transmitir isso em termos
técnicos é importante e fundamental, mas dificilmente ficará gravado como um aprendizado perpétuo. Para isso, apos a
explicação técnica realiza-se a comparação de todo o processo com o trabalho de um Office boy que atua ajudando
todas as áreas da empresa, desde a CPU (Unidade Central de Processamento), como as memórias RAM (Random
Access Memory), levando informação para cada área em sua ordem correta e exigindo confirmação do recebimento para
ser devolvido ao emitente. Tudo isso explicado e exemplificado de maneira dinâmica, extrovertida e descontraída, com
a intenção de estimular a imaginação para uma ilustração pessoal do acontecimento explicado. Gerando assim um
conhecimento generalista através da não execução física, mas absorção pela interpretação visual imaginativa, montando
um mapa interno pessoal do conhecimento adquirido.
Contudo, esse processo é livre para adaptações e prévias preparações mais elaboradas. Pode-se utilizar do contexto
Storytelling mais à risca, caso seja necessário. Da maneira como foi explicitado, a preparação prévia existe, mas apenas
para ordenação de conteúdo e antecipação de ações. A simplicidade e o improviso dão o toque de leveza e dinamismo à
explicação, deixando que a mente de cada aluno trabalhe por si só as imagens e comparações do que foi ilustrado com
palavras e gestos.
A ferramenta Storytteling foi empregada constantemente nas aulas de ensino técnico, onde a teoria é abrangente e
cansativa. A cada explicação de tema era utilizado comparação com algo do cotidiano dos alunos ou com uma
ilustração simples. Esse procedimento pode ser através de uma pintura mental de uma imagem ou de uma situação
totalmente análoga as proporções do que estava sendo transmitido, mas comparativa em demonstração de ocorrência.
Esse é o caso do exemplo supracitado onde mostrou a comunicação interna dos computadores (operação da CPU com
seus componentes) e a atividade de um Office Boy.
Todo o processo se deu em sala apropriada para a transmissão de conhecimento educacional formal, podendo ser
classificada como modelo padrão utilizado na grande maioria das nossas instituições escolares nacionais. Não foi
necessário qualquer utilização de material específico, inexistindo assim ônus perante a execução do processo. Algumas
das exemplificações utilizadas como Storytelling foram previamente elaboradas para obter um melhor aproveitamento
do conteúdo a ser compreendido pelos alunos, não necessitando de qualquer utilização de equipamentos, materiais
extras ou tempo extra para montagem de apresentações. Foi estipulado apenas o contexto em que seria abordado a
comparação e como seria explanado.
Durante a apresentação da aula, pequenos exemplos espontâneos eram utilizados, sob a base do improviso, sem
qualquer preparação prévia, disponibilizando novas ideias para exemplos a serem utilizados no futuro com outras
classes que venham a ter dificuldades com essa parte específica da matéria.
Direcionando mais a fundo no empreendedorismo presente no processo de ensino, o Storytelling permite o
exercício da imaginação perante os acontecimentos sociais baseados nas necessidades desta mesma sociedade.
Imaginação esta voltada para análise das possibilidades de satisfação das necessidades não abrangidas pelo mercado
atuante, assim como dos serviços sociais necessários para contemplação de saúde plena do ambiente existencial.
Desenvolve a compreensão dos processos de reconhecimento de oportunidades e sua adequação às necessidades do
mercado.

2.2. Interpretação e ludicidade

Unindo-se a ilustração de um ensinamento, como exposto à cima, com comparações cotidianas e interpretações
lúdicas é possível potencializar o interesse e o aprendizado dos alunos. Sem mencionar o maior desenvolvimento
cognitivo, de percepção social empreendedora e de interação social. Indivíduos que utilizam-se de ferramentas lúdicas
interpretativas têm apresentado maior desenvoltura e capacidade de socialização. Essa ferramenta também permite uma
amplitude de aprendizado empresarial, quando corretamente direcionada para esse fim. Principalmente porque o
indivíduo consegue colocar-se em posição de observação mais atendo do meio que o cerca.
"[...] Além de promover o autoconhecimento e desenvolver a autoconfiança, fazer teatro é um exercício de escuta
do próximo" (BARBOSA, Luciana; Matéria: 10 MOTIVOS PARA SEU FILHO FAZER TEATRO).
"[...] As crianças que fazem teatro tem uma coisa especial, uma percepção melhor do mundo". "[...] promove a
integração, a criança fica mais acessível no convívio com o outro. Pode facilitar inclusive o convívio com os familiares.
" (RUGNA, Betina; Matéria: 10 MOTIVOS PARA SEU FILHO FAZER TEATRO).
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É possível notar e criar novas possibilidades através da imaginação. Vivenciar na mente um futuro que pode ser
construído dependendo das atitudes tomadas e acontecimentos do meio que se está inserido.
"[...] A imaginação é tudo. É uma visão prévia de todas as atrações futuras da vida." (EINSTEIN, Albert;
PENSADOR, Em: <http://pensador.uol.com.br/frase/MTcxODAyNg/>. Acesso em: 22 jan. 2016.).
"[...] A escola de medicina de Harvard conduziu uma experiência ainda mais surpreendente em 2007.
Neurocientistas de lá colocaram voluntários para tocar exercícios fáceis de piano. Eles treinaram duas horas por dia
durante uma semana. Depois os pesquisadores escancearam o cérebro do pessoal. E viram que a área da massa cinzenta
responsável pelos movimentos dos dedos havia crescido. Calma, essa ainda não é a parte insólita. Outros estudos já
tinham mostrado que o cérebro é capaz de fazer isso quando você treina um pouco. A surpresa mesmo veio quando
pegaram outro grupo e pediram que eles só imaginassem que estavam tocando piano. Resultado: o cérebro deles reagiu
da mesma forma. Isso mostrou que o pensamento puro e simples é capaz de mudar a estrutura da mente".
(VERSIGNASSI, Alexandre; SZKLARZ, Eduardo; COMO TURBINAR SEU CÉREBRO).
Vivenciar uma situação, mesmo que de forma encenada, proporciona uma experiência de absorção de
conhecimento relativo a situação contracenada. O ato de colocar-se na posição de outra pessoa, propicia o alargamento
das percepções emocionais e perceptivas do ponto de vista de crenças e valores. Desvela a capacidade de empatia
inerente, deixando aberta a porta da percepção extra material e consumista. Trabalhando-se adequadamente essa
particularidade é perfeitamente possível suplantar a verdadeira essência do empreendedorismo como a oportunidade de
resolver as necessidades do próximo, a fim de suprir sua própria necessidade material e psicológica, criando meios para
resolução dos mesmos, assim como a geração de empregos e desenvolvimento do mercado.
Educação empreendedora é ensinar a pensar de maneira organizada e centralizada, no âmbito da resolução de
problemas e necessidades de maneira ética e sadia com a relação de convivência social. É ampliar a percepção de
espaço e meio inserido para observação e reconhecimento de tais necessidades. Assim como não permitir-se estagnar
em sua própria existência, mostrando o caminho do pensamento auto suficiente, colaborativo e desenvolvedor, de
maneira a expurgar a dependência das ideologias e contribuições de outros, gerando suas próprias convicções e
contribuições para seu meio de convivência.
Ludicidade é um meio que permite ensinar diversas áreas de conhecimento, além de tipos de situações, sem as
amarras invisíveis da obrigatoriedade. A sobriedade do ensino técnico é importante, em dosagem adequada, pois de
nada adianta permitir liberdade de aprendizado e descontração de maneira a tornar-se libertinagem. Nenhum
conhecimento pode de alguma forma ser adquirido de maneira sadia nesse modelo de ambiente. Por isso a ludicidade
quando bem empregada, permite a troca da obrigatoriedade pelo interesse espontâneo do querer aprender.
O respeito no contexto educacional nunca deve ser esquecido, mas uma maior proximidade com os alunos, alem da
liberdade de pensamento e expressão pessoal, constroem uma convivência harmônica e respeitosa de maneira a
contento para a recepção do saber. Interpretar utilizando-se deste ensinar "brincando" expõem um aprendizado sem
barreiras. É possível inclusive atingir a área da emoção, que é um incontestável reforço de grandes proporções, para a
retenção saudável do conhecimento. Dependendo do tipo de emoção apresentado no ato de aprender, este pode obter um
efeito positivo ou negativo, pois da mesma maneira que se pode guardar definitivamente qualquer informação, obtendo-
se uma emoção negativa, ocorre o inverso proporcionando a necessidade de dispersar essas informações de maneira a
não ficarem armazenadas. Podendo também, em determinados casos e situações, gravar de tal forma esse conhecimento
a ponto de gerar transtornos e desânimos preocupantes.
Interpretar despoja o aluno da dúvida, do medo de errar. Faz uso de uma personagem que no final do ato dispersa-se
deixando intacto o indivíduo e seu conhecimento adquirido. O limite para o aprendizado e para as diferentes formas de
utilização desta ferramenta é imensurável. Como medir o limite da imaginação, ainda mais quando se trata de crianças e
jovens, utilizando-se do interesse empreendedor (construtor de possibilidades)?
Para o empreendedorismo a interpretação será direcionada para o campo da observação de ambientes e situações,
desenvolvendo interpretações conjuntas, onde ao mesmo tempo são individuais, pois cada um terá em seu texto trechos
em branco propositalmente, indicando que dependerá de uma resposta improvisada do ator para com sua personagem,
criada pela situação apresentada. Voltando o texto para o caminho direcionado normalmente em trechos posteriores.
Alem disso, pode-se utilizar o processo de textualização comum onde não existe improviso exigido pelo educador, mas
sim um questionamento comum a todos os envolvidos, com o intuito de obter informação do que foi percebido pelos
participantes com relação ao ato de empreender.
Todo o processo de utilização desta ferramenta se dá presente em sala de aula ou ambiente apropriado para receber
ensinamento educacional ou treinamento específico. Em alguns dos casos foi necessário a reorganização dos móveis
para melhor posicionamento dos educandos para o processo. Já em outras situações a atuação foi meramente ilustrativa
com a intenção de posicionamento de opinião e nova interpretação de conceito ou ideia, de forma básica, rápida e
dinâmica.
Para as aulas de educação técnica, de modelo formal, não foram utilizados roteiros ou qualquer material de guia e
direcionamento para as interpretações. Tão pouco foi necessário a introspecção elaborada do aluno para a construção da
personagem. Para o treinamento em instituição empresarial privada foi elaborado material de roteiro e reorganizado
local para adequação dos ensaios e apresentação. O material serviu de guia de estudo e compreensão dos sentimentos
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envolvidos para cada personagem, além de transmitir o conhecimento necessário requisitado pela instituição, que
posteriormente seria transmitido por esses alunos/voluntários em forma de apresentação interpretativa.

2.3. Educação Empreendedora

Muito além do que se imagina, educação empreendedora não consiste em transmitir conhecimento específico para o
mercado empreendedor, como por exemplo, o que é necessário para abrir uma empresa, quais documentações
necessárias, como escolher ou descobrir um nicho de mercado, como montar preço, e assim por diante. Consiste em
moldar as percepções de mundo, interesses, situações e aprendizado, para formar um indivíduo capacitado para pensar
por si mesmo, com idéias próprias e formulador de opiniões centradas e embasadas em conhecimentos adquiridos.
Reconhecedor do que é certo e empático perante o convívio social e profissional. Capaz de reconhecer possibilidades
onde outros vêem acontecimentos corriqueiros ou desmotivadores. Pensador e criador de novas oportunidades, assim
como de facilidades para um maior desenvolvimento social, seja no âmbito recreativo ou ideológico, para novas
descobertas existenciais. Utilizando-se de interpretação para o ensino empreendedor é possível colocar o educando
como peça central de situações contraditórias ou explicitarias. Desenvolvendo a empatia e a percepção da necessidade
de tomar ações direcionadas a criar oportunidades e desenvolver soluções, para problemas ou necessidades. Com o
Storytelling trabalha-se a imaginação e o pensar analítico. Permite o desenvolvimento de habilidades internas como
análise de situações antecipadamente, resultados possíveis perante escolhas tomadas, e soluções de problemas através
da análise imaginativa obtendo retornos prováveis ou improváveis, mas que permeiam o pensar analítico.
Trabalhando ambas as ferramentas com o processo educacional tradicional, além de um forte empenho didático é
possível tornar indivíduos mais empenhados empreendedoramente, com maior desejo pelo saber em sua generalidade,
princípios de responsabilidades e reconhecimento de conseqüências por ações, introspecção no pensar analítico e com
geração de idéias próprias, modelagem de princípios e valores, além de maior empatia social e familiar.
Focando mais especificamente no processo empreendedor mercadológico, trabalhando-se com maior abrangência
destas ferramentas e montando situações específicas, é possível transmitir conhecimentos e características próprias de
um empreendedor de negócios, para desenvolver percepção de necessidades mercadológicas quanto a clientes, assim
como os possíveis resultados obtidos quando aplicado empenho e conhecimentos específicos. Compreensão de que o
retorno positivo obtido é proporcional aos resultados transferidos para melhora o próximo, seja em ações, convívio e
entrega de soluções facilitadoras.

3. RESULTADOS

É possível afirmar que os resultados obtidos com estas ferramentas foram de longe satisfatórias. Depois de anos de
sua utilização, alguns receptores destas puderam entrar em contato comigo novamente e relatar a satisfação de ter
aprendido desta maneira. Mencionam lembrar de informações que acreditavam não ser possível estarem presentes na
memória e de tão fácil acesso para recordar. Pode-se afirmar ainda que alguns indivíduos sofreram mudanças em suas
características de convivência social, de valores e crenças. Passaram a perceber seus semelhantes de aprendizado não
como concorrentes no mercado de trabalho, mas como uma parceria para momentos em que não se consegue suprir
todas as necessidades sozinho. Que independente do que ocorra, é perfeitamente possível existir ajuda mutua e um
convívio saudável.
A aplicabilidade das ferramentas são de fácil implementação e de custo nulo, dependendo da escolha de estratégia e
materiais a serem utilizados. Foram utilizadas em ambiente educacional comum, podendo ser definido como nosso
padrão escolar de sala de aula, e em ambiente empresarial. Em ambos os custos com implantação e execução foram
praticamente nulos, sendo diferenciado na empresa devido ao custo de parte da hora ativa de trabalho do funcionário ser
utilizada para o recebimento do treinamento/aprendizado, podendo ser contabilizado como parte processual das funções
de trabalho do trabalhador e não como custo propriamente dito.
O aprendizado, tanto em sala de aula, quanto no ensino empresarial, foram considerados apropriados. No conteúdo
empresarial foi utilizado um período maior de preparação na utilização da ferramenta de interpretação, onde inclusive
foi elaborado um processo mais abrangente e específico. Utilizou-se roteiro e horas de ensaio. O resultados para esse
processo foram bem interessantes, pois foi possível notar mudanças de opiniões e atitudes pessoais dos alunos para com
a instituição privada. Indivíduos que não desejavam despender uma pequena parte do seu tempo para o aprendizado e
disseminação do conhecimento para o resto do corpo empresarial, mudaram de opinião quando explicitado o processo
de aprendizagem, seu conteúdo e o que iriam aprender. Assim como da existência de pessoas que desejavam sair da
empresa e decidiram manter-se na mesma após o aprendizado ter sido transmitido.
Para o ensino comum de salada de aula, foi tomando como base para a afirmação de resultado satisfatório, a
quantidade de alunos por sala de aula que obtiveram nota na média ou abaixo dela, sendo este valor em média de um
para dez, no total de aproximadamente doze classes que por sua vez contém dez alunos por classe. Caracteriza-se então
aproximadamente um total de 10% (dez por cento), de alunos que não conseguiram ou ficaram na média nos resultados
de avaliações. Valores estes adquiridos através de discussões com ex-integrantes da coordenação da instituição
educacional e por análise pessoal, devido ao não arquivamento deste material para análise posterior. Inclusive não
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EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA - NEAD/UFSJ

armazenadas por mim, uma vez que não imaginava estar desenvolvendo ferramenta educacional interessante e de sua
possível análise futura.
Existem também relatos de ex-alunos que depois de muitos anos após o aprendizado ainda se recordam destes
fatos, conforme mencionado a cima neste mesmo tópico.
Conseguiu-se grande cooperação e atenção dos alunos em sala de aula. Tendo um único caso de tumulto
ocasionado por um aluno em um período mínimo de quatro anos, tendo sido resolvido tranquilamente em um processo
de conversa por duas aulas, não existindo reincidências posteriores. Vários alunos passaram a ter maior interesse na aula
o que reduziu acentuadamente o número de absenteísmo.
Não foi identificado qualquer reclamação de atrito entre alunos ou o professor, existindo um clima de união entre
os alunos da classe. Desentendimentos entre alunos, pais de alunos e a instituição escolar foram extinguidas,
descontinuando inclusive ações judiciais iniciadas contra a instituição. Informações estas colhidas diretamente com
integrantes da coordenação no próprio período em que ocorreram.
Foi percebido mudanças comportamentais em sala de aula, em relação ao convívio e compreensão entre os alunos,
assim como relatos de melhora comportamental no âmbito familiar. O respeito deixou de ser uma simples palavra, para
tornar-se precursor da conduta de uma pessoa íntegra e reconhecedora de seu lugar perante a sociedade e do padrão
comportamental desejado.
Sendo positivo os resultados obtidos para a educação técnica formal, qual seria o limite para o desenvolvimento do
aprendizado empreendedor? Indivíduos aptos para o convívio social e ético de forma harmônica, alem de descobridores
e desenvolvedores ativos de suas capacidades. Pensadores e formadores de opinião com visão nas possibilidades e não
nas limitações das imposições.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados obtidos da utilização das ferramentas de interpretação e Storytelling, durante o período em que pude
as utilizar em meus anos como educador, foram relacionadas através de comparação pessoal, valendo-se de análise
pessoal e de comentários de outros profissionais na mesma época em que atuava com estas ferramentas, não fazendo
qualquer marcação ou registro sobre estes fatos, deixando registrado somente em minhas lembranças e percepções
internas.
Utilizei também avaliação introspectiva, rebuscando estas mesmas lembranças pessoais e comparando com relatos
de funcionários das instituições educacionais, efetuadas diretamente a minha pessoa sobre comentários de alunos e pais
dos mesmos. O feedback recebido por estes profissionais, diretamente ligados aos alunos através de funções de
coordenação e análise de satisfação, foram muito importantes para a classificação e direcionamento de meus processos
de atuação do exercício educacional.
Alunos que não tinham qualquer interesse em aprender algum ensinamento técnico, fora o ensino formal
obrigatório, passaram a ter grande interesse e desejo em não perder qualquer aula sobre a matéria ministrada.
Informações obtidas diretamente com pais de alunos e profissionais da área de coordenação.
Problemas relacionados á processos judiciais contra a instituição educacional foram descontinuados, segundo setor
de coordenação, pelo contentamento e satisfação em realmente estar aprendendo a matéria lecionada, além de estar em
um ambiente agradável e coeso com a melhor relação aluno e professor, aluno e aprendizado, professor e didática.
Desentendimento e atritos em sala de aula podem ser considerados como zero. Não existiu, pelo período de atuação,
qualquer reclamação contra a pessoa ou a forma de atuação do professor, obtendo contrariamente a isso a solicitação de
garantia que a matéria seria ministrada por mim.
Número de alunos abaixo da média foi muito pequeno tendo todos os alunos concluídos seus estudos.
Empreendedoramente falando posso concluir que se tornaram pessoas mais interessadas em aprender, em conviver
saudavelmente uns com os outros e a olhar os problemas por outras perspectivas, parando e analisando as informações
recebidas. Se tornaram pessoas mais críticas e emprenhadas com o que recebem de informação. Comparam o que já
existe com outras possibilidades, reconhecendo novas oportunidades de conhecimento e de obtenção de resultados.
Pode-se obter inclusive melhora no relacionamento social, tanto pessoal quanto familiar.

5. CONCLUSÕES

Não é necessário realizar uma peça teatral complexa ou a montagem de um vídeo cinematográfico para
Storytelling, para ministrar um aprendizado diferenciado e de qualidade. Utilizando-se dos princípios básicos de cada
ferramenta, de forma maleável à estrutura do ambiente escolar, além de paralelo com a necessidade educacional dos
alunos e do momento histórico vivenciado, é possível ter uma educação mais atrativa e efetiva. Não gera desperdício de
energia produzindo longos e trabalhosos materiais, não se apresenta como conteúdo estático e meramente reprodutivo,
mas sim como conteúdo adaptável ao momento que carrega todos os benefícios destas ferramentas completas, só que
adaptadas adequadamente para serem utilizadas dinamicamente na educação e educação empreendedora.
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EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA - NEAD/UFSJ

Em todos os anos em que atuei como educador, pude obter satisfação em minhas realizações em sala de aula,
acompanhando o desenvolvimento, evolução e satisfação de meus alunos. Percebi alunos interessados na aula,
motivados, em harmonia uns com os outros, obtendo bons resultados de participação em sala como nas avaliações
também.
Alunos abrangidos por estas ferramentas em sua educação passaram a pensar por si mesmos e não aceitam a
informação cruamente como é disponibilizada. Percebem um mundo diferente ao seu redor, pois são mais interessadas e
atuantes em conhecer e agir, de maneira a obter resultados das mais variadas formas possíveis. É possível trabalhar mais
acirradamente sobre processo de aprendizado empreendedor como é proposto pela especialização aqui defendida. A
interpretação e o Storytelling simplificados serão de grande valia para esse processo de educação empreendedora,
devido sua facilidade em implantação e liberdade em derrubar as travas mentais limitantes existentes nas mentes de
nossos alunos, proporcionando a eles um horizonte de possibilidades. No âmbito de convivência social foi percebido a
aceitação mutua entre os alunos em sala de aula, distanciando qualquer características de discriminação ou bullying.
Com a maior aproximação do professor para com os alunos, fica mais facilitado a percepção de mudanças de
comportamento e conduta em suas escolhas e convívio social. Fica bem claro que é de suma importância o trabalho do
educador em manter um ritmo constante de nivelamento de caráter social, independente do nível de graduação de seus
educandos. Eles precisam ter o exemplo, a imagem, da conduta correta para se espelharem através do respeito e
confiança depositados no professor.

6. AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me disponibilizado a oportunidade de seguir em busca do meu sonho e de
me proporcionar força e perseverança nas horas difíceis. Agradeço a minha família, que soube compreender minhas
ausência e desatenção nos períodos em que mais era exigido de mim. A todos os envolvidos neste ensino, desde sua
idealização, desenvolvimento de materiais, professores, coordenadores e todos que me proporcionaram esta
oportunidade, direta ou indiretamente.

7. REFERÊNCIAS

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8. DIREITOS AUTORAIS

O orientando é o único responsável pelo conteúdo do material impresso incluído no seu trabalho. Ele também está
ciente do "Art. 184 - Código Penal" sobre "Crime de Violação aos Direitos Autorais" e teve o cuidado de dar os devidos
créditos aos autores.

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