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Aléxia Penna Barbosa Diniz – Direito Processual do Trabalho

Este caderno é uma junção de esforços. Participações especiais de Isabella Souza e Hariany Bueno.

06/08/2018 – Let’s get this thing started.


UNIDADE 1

 Comentários tese de doutorado da Roberta.

1. TEORIA GERAL DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

O direito do trabalho e o direito processual do trabalho nascem ao mesmo tempo no governo de Vargas. A
CLT traz dispositivos de direito do trabalho e sobre direito processual. Ambos ligados a uma origem autoritária.
Ao chegar em 1988, promulgada a CF democrática. É preciso refletir se as normas processuais estão de acordo
com a origem democrática da CF.

Prof critica os autores de direito processual do trabalho dizendo que estes não fazem uma boa interpretação
a luz da CF, porque, diz ela, os autores estão arcaicos e a teoria dela é a mais adequada a isso. Fica a pergunta:
Por que então não escrever uma doutrina melhor?

 Originalmente, a CLT se estruturou em onze títulos4 , sendo a matéria processual concentrada nos
Títulos VIII – Da Justiça do Trabalho e X – Do Processo Judiciário do Trabalho. O primeiro trazendo
regras sobre a organização da Justiça do Trabalho, a competência e a jurisdição trabalhistas, e o último
regulando os trâmites do processo trabalhista.
 Caso, na pior das hipóteses, não se promulgasse um Código do Trabalho no Brasil que, ao menos, se
regulasse o contrato de trabalho fora do Código Civil e do Código Comercial, mesmo que o fosse por
meio de uma simples lei especial.
 E por que não o chamamos de código? Porque estávamos em plena Segunda Guerra Mundial. Assim
como na Primeira Guerra Mundial, o Tratado de Versailles, em 1919, inovou o Direito do Trabalho,
fixando os seus princípios, e criou a OIT para sua universalização, seria possível crer que, após a guerra
que estava em curso, novos princípios, novas diretrizes poderiam surgir com o Direito do Trabalho, mas
não surgiram. De maneira que, quando demos o nome de Consolidação das Leis do Trabalho – foi o
Ministro Marcondes Filho quem deu esse nome –, não podíamos supor que ela viesse a completar, no
dia 10 de novembro deste ano, 60 anos de vigência.
 Devemos enxergar os dispositivos inseridos no título procedimental da CLT, já que a quase totalidade
deles – para fazermos uso dos termos utilizados por Süssekind para denominar os procedimentos de
que lançou mão a comissão elaboradora da CLT – foi proveniente de mera compilação ou, quando
muito, de sistematização, atualização e complementação da legislação processual laboral anterior.

- TEORIA DO PROCESSO CONSTITUCIONAL

Desenvolvida em especial na Itália. Alguns autores brasileiros têm trazido essa reflexão para o direito
brasileiro, mas não muito em direito do trabalho.

A. BASES TÉCNICAS

Normas inseridas em nosso ordenamento.

Prof acredita que ninguém fala sobre isso no direito processual do trabalho. Só ela.

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Magda Barros Biavaschi aponta em sua tese de doutorado quais são as legislações anteriores a CLT sobre
direito do trabalho:

o Dec Lei 1237/1939

o Dec Lei 2851/1940

o Dec 6596/1940

Estas foram as três legislações que deram origem aos dispositivos procedimentais da CLT. Na CLT apenas 4
dispositivos foram inovados, os demais 144 foram uma compilação das citas legislações anteriores.

Em todos os decretos, houve previamente a nomeação de comissão de juristas (a CLT também).

Sabemos então que, por mais que esses decretos foram publicados em momentos autoritários, há uma
comissão de juristas responsáveis por sua elaboração.

Em 1939 nascia o código de processo civil de 1939. Antes dele apenas existia matéria processual civil a nível
estadual. O direito processual do trabalho nasceu na mesma época que a primeira codificação processual civil.
Ou seja o direito do trabalho já nasceu atrasado, enquanto o direito processual civil já ganhava um código,
algo que o direito processual do trabalho até hoje não tem.

Tanto o CPC/39 e a CLT tiveram a mesma influência. Os dois tiveram o mesmo norte: os juristas italianos que
escreviam sobre a constitucionalização dos ramos. Apenas na Itália a ciência processual estava desenvolvida:
Giuseppe Chiovendda (1925) e Piero Calamandrei (1927). Esses dois autores nortearam a elaboração da parte
processual da CLT. A teoria é chamada de processo social/ visão social do processo. Essa teoria não está de
acordo com o Estado Democrático de Direito.

Não é a mesma teoria da atual. Hoje se usa a instrumentalista no Processo Civil.

09/08/2018 – Esperando as aulas em que não haverá aula.


 Comentários dos textos da Roberta: Texto de Luis Correia de Mendonça sobre o pensamento de Klein(
até a página 10 porque depois deste ponto eu perdi a paciência),
 Texto de Franco Cipriani sobre o pensamento de Klein (até o tópico 6 porque depois desse ponto eu
perdi a paciência.

B. BASES TEÓRICAS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

A diferença para as bases técnicas se baseia nas fontes formais. Antes falamos das fontes formais, legislativas.
A CLT processual advém basicamente de três legislações anteriores a ela. No título X da CLT, em seus 148
artigos originais (atualmente há mais, uma vez que houve modificações legislativas). Dos 148 apenas 4
significaram uma alteração frente as legislações anteriores.

Falar de bases teóricas diz respeito a investigar o que inspirava os juristas da época a escrever o que escreviam
nas legislações criadas. Qual a ideologia estava sendo usada de inspiração para os seus redatores?

Esses autores que redigiram a parte processual de direito do trabalho tiveram sua inspiração em direito
processual civil e autores europeus, em especial italianos (Piero Calamandrei, 1927 e Giuseppe Chiovenda,

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1925. Ambos tinham inspiração no jurista austríaco Franz Klein, 1895, responsável pela elaboração do código
de processo civil do império austro-húngaro).

✓ CPC/39

Ele foi afetado pelo vírus autoritário, mas de maneira mais leve.

 O vírus provocava sintomas curiosos entre as suas vítimas. Estas começavam por afirmar que o
processo servia não para tutelar os direitos subjectivos e interesses legítimos dos particulares, mas
para restaurar a norma material e o direito objectivo; acrescentavam, consequentemente, que o
processo não servia as partes, mas pelo contrário eram estas que o serviam; os juízes sentiam-se
ungidos por uma força estranha que os impelia não tanto a dirimir os concretos conflitos entre os seus
concidadãos, mas a querer fazer justiça entre os homens.
 A acção cinde-se do processo e a este é atribuído um fim publicístico, de actuação da lei, ainda que se
resolva, em última análise, na satisfação de um interesse privado.
 Esta concepção objectiva da jurisdição conduz, por exemplo, Carnelutti a adoptar a ideia, que todos
nós já vimos reproduzida dezenas de vezes, de que não é o processo que serve as partes, mas, pelo
contrário, são as partes que servem o processo
 Como consequência da crise sofrida pelas instituições do Estado, no final do século XIX / início do século
XX, surgiram por toda a Europa movimentos ideológicos de exaltação da autoridade, que acabaram
por considerar que era o indivíduo que estava ao serviço dos fins do Estado e não o inverso. Foi essa
alteração na concepção das relações entre o indivíduo e o Estado que esteve na base da chamada
«publicização» do processo civil.
 A independência do juiz não constitui por si um objectivo, antes supõe a subordinação exclusiva à lei.

Influenciado pela Teoria Kleiniana Mitigada. Vamos conferir o que seria a Teoria Kleiniada!

- TEORIA KLEINIADA

Mas antes, é preciso falar sobre a Teoria Kleiniada pura. Quando este autor pensou em sua teoria ele pensou
em dois postulados principais:

1. Os conflitos sociais seriam males sociais

 las controversias entre los particulares son «males sociales (soziale Übel) relacionados con pérdida de
tiempo, dispendio de dinero, indisponibilidad infructuosa de bienes patrimoniales, fomento del odio y
de ira entre las partes litigantes y de otras pasiones fatales para la convivencia de la sociedad»

2. O processo que é instaurado para restaurar os conflitos sociais incidiria sob a economia nacional. Como
o processo bloqueia valores, deixa em indisponibilidade alguns bens patrimoniais, isso prejudicaria a
economia.

 el proceso, en la medida en que bloquea los bienes en espera de la decisión, incide en la economía
nacional, en cuanto que toda «causa altera la pacífica colaboración, rompe ordenados nexos

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económicos, bloquea valores y los distrae de la ordinaria circulación. La sociedad tiene, de todos
modos, un gran interés en sanar lo más rápidamente posible tales heridas sobre su propio cuerpo»

Com base nestes dois postulados, ele postulava por um processo rápido, uma vez que este é uma ferida social.
Ele também deveria ser barato, para que todos pudessem acessá-lo e simples no sentido de cortar
formalidades desnecessárias.

 La disciplina del proceso austríaco fue la primera entre aquellas relativas a los ordenamientos
procesales modernos en basarse efectivamente en el hecho de que el proceso es un fenómeno social
de masas y que debe ser reglamentado como un instituto de bienestar»
 En el proceso de Klein, por lo tanto, «no debe haber tardanzas inútiles», ya sea porque el Estado tiene
interés en deshacerse lo más rápido posible de la pretensión dirigida en su contra», como «porque el
atasco de las causas que se reenvían distrae inútilmente su actividad»(31) . De aquí, un último
corolario: en el proceso de Klein las partes no tienen ningún derecho a pedir reenvíos, teniendo en
cuenta que sólo es el juez quien los dispone «si y cuando lo crea»(32) , «pero sólo en caso de absoluta
necesidad»
 considera el proceso como un «mal social», fuente (inclusive) de «heridas en el cuerpo de la sociedad»,
porque no es el proceso el que hace litigar a los hombres sino la vida.

- TEORIA KLEINIADA MITIGADA

O processo ao olhar do CPC/1939 era vagaroso, caro e formalista. A forma era mais importante do que o ato
praticado.

EX: Em se tratando de citação, em que o réu deveria ser avisado que há um processo contra ele instaurado.
Se o réu não tem conhecimento da citação, ele não foi citado. Se por acaso ele fica sabendo de outra maneira
que foi citado e vai até o fórum para ter mais informações sobreo que se passava e fica sabendo que foi citado,
em termos formais não houve citação, uma vez que não se chegou ao fim necessário através da formalidade
correta.

A teoria então, transpareceu em outras características, uma vez que ele tratava sobre outros pontos. Ele dizia
que o juiz tinha que ter amplos poderes, para que o processo chegasse aos objetivos que ele destacava.
Amplos poderes discricionários do juiz, como por exemplo, a dispensa arbitrária de provas consideradas por
ele desnecessárias.

 Por lo tanto, en el proceso de Klein, el juez no se limita a juzgar: antes bien, administra y conduce el
proceso desde el inicio hasta el final. Él, a tal fin, «cuenta con amplios poderes discrecionales»(24) , con
la obvia consecuencia de que no es más, como en los ordenamientos liberales, una «marioneta que
puede moverse sólo si las partes le tiran de los hilos»(25) sino el «director»(26) , el «timonel, el
representante profesional del bien común», aquél a quien el legislador asigna la delicadísima tarea de
asegurar que en el proceso, «instituto de derecho público», sean también satisfechos, junto con los
intereses de las partes, también «los más altos valores sociales»(27) . Es por ello bastante posible que
«a veces, a la libertad del particular se le pongan limitaciones en beneficio del todo y del Estado»,
atendiendo a que «jueces, abogados y partes deben colaborar en la formación de una decisión justa»

Os amplos poderes do juiz passaram para o CPC/39.

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As partes eram submissas ao juiz. Elas estavam em posição de submissão ao juiz. Ele trazia que as partes
estavam tão submissas que não poderiam tratar do princípio do dispositivo.

A teoria Kleiniana era exagerada neste ponto, mas o CPC/39 trazia o princípio do dispositivo, de maneira a
mitigar está ideia. Embora o juiz conduza o processo a iniciativa do processo ainda é das partes no CPC/39. A
ideia por traz do autor, apesar de parecer uma margem de atuação em faze do judiciário, visava que o
judiciário fosse controlado pelo executivo, já que para fiscalizar o juiz em todas as causas, mesmo sem
interesse das partes, era necessário exercer um controle do judiciário. O controle é fundamental para se
entender o autor. Era uma maneira de garantir que a justiça funcionasse realmente da maneira como ele
propunha no Império Austro-húngaro. Haveria pessoas responsáveis para controlar o judiciário. Este não era
um poder independente.

 y se hizo «custodio vigilante de la integridad del nuevo ordenamiento», instituyendo «una asidua
vigilancia sobre los tribunales (...) en el período crítico de la primera aplicación».
 En efecto, los inspectores de Klein —nos lo asegura un testigo ocular— «acudían imprevistamente a
los más remotos juzgados rurales, examinaban los expedientes procesales, asistían a audiencias,
informaban a Viena, desde donde partían circulares, recomendaciones y reproches o encomios, según
el caso.
 Sin embargo, las críticas no le impidieron a Klein decir rápidamente que estaba muy satisfecho de la
«gran mejora» obtenida con su reforma(14) , ni tampoco que su reglamento había tenido éxito: en
particular, es notorio que la ideología de Klein fue acogida por el Código Procesal Civil italiano de 1940
y que el Reglamento austríaco ha representado y aún representa para muchos italianos el ideal a imitar
y la meta a alcanzar.

No Brasil não era assim, porque não havia tal controle, uma vez que o judiciário contava com independência.

Era uma ideologia, e a técnica era usada para atingir os ideais desta ideologia.

OBS: O CPC/73, que subsistiu de 1939, tinha como intenção manifesta fazer face a problemas do CPC antigo
uma vez que este era excessivamente formalista. O instrumentalismo do processo brasileiro serve para fazer
face ao formalismo excessivo do processo. Porém, essa nova teoria ainda assim está contaminada pelo vírus
autoritário, uma vez que o juiz ainda assim tinha um poder autoritário sob as partes. É apenas uma mutação
do vírus autoritário. Havia a intenção de combater o formalismo, vindo então a teoria da instrumentalidade
das formas.

Qual foi a forma que influenciou o direito processual do trabalho: a forma mitigada ou a forma pura? Estas
formas influenciaram a Alemanha e Itália autoritária em sua forma pura. A forma pura também veio ao Brasil
para influenciar o direito processual, em sua forma do direito processual trabalhista.

13/08/2018 – Não tem aula


16/08/2018 – Não tem aula
20/08/2018 – Ainda sobre as bases teóricas do DPT

É importante saber porque ainda que estes institutos são de 1943 eles ainda são utilizáveis, independente de
alteração legislativa. Quando há uma onda de mudanças no Congresso sobre direito do trabalho somente se
altera a parte material. O momento que passamos hoje não é o melhor para mudanças legislativas.

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Franz Klein escreveu sua obra em 1995, autor do ant projeto do código de processo civil do império austro-
húngaro. A sua influencia se espalhou para vários lugares do mundo. A teoria Kleiniana chegou em outros
países chega na sua forma pura ou chega na sua forma mitigada, chamada por muitos de vírus autoritário,
que sofreu mutações a chegar em outros países, influenciando o CPC de 1939.

A teoria pura não chegou no CPC de 1939, mas sim a teoria mitigada (vírus com mutação). Quando houve a
modificação do CPC para o de 1973 (Código Buzaid). O CPC de 1913 era extremamente formalista, o que não
combina com a teoria Kleiniana. O que estava presente era a submissão das partes pelo juiz, juiz com extremo
poder de direção do processo.

Esta era a contribuição da teoria kleiniana para o processo civil.

A teoria pura influenciou a CLT processual.

✓ ESTADO NOVO (1937-1945)

O Estado novo tinha como característica o autoritarismo. Ele era o chefe do executivo, do legislativo e de certa
forma também o judiciário.

Vargas queria atender as oligarquias .

Vargas queria desenvolver a indústria, de forma a cinstruir um estado corporativo, em que capital e trabalho
são forças complementares. O trabalho acompanha o crescimento do capital. Com a CLT o trabalho se tornaria
dócil. Se o processo fosse rápido, simples, a rapidez serviria ao capital

Para serem forças complemenatares, uma desenvolvendo a outra, o conlito a elas deveria ser negado. O
estado comporativo se baseia nessa crença. Com um processo super rápido, não haverá conflito que
desenvolva uma questão sociail. Deveria ser simples e barato para que qualquer trabalhador pudesse manejar
sem um advogado.

No Estado Novo, a teoria Kleisiana se encaixava perfeitamente por causa dos objetivos que traçava ele. Vargas
viu na teoria uma forma de instrumentalizar o processo do trabalho.

O Estado Novo trouxe o corporativismo, que é exatamente a teoria pura do Klein, com uma nuance autoritária.
Klein pensava que o princípio do dispositivo das partes deveria ser eliminado, uma vez que o juiz deveria
conduzir o processo de maneira total. Inclusive sem o requerimento das partes, para garantir o trabalho, o
poder executivo deveria controlar o judiciário, para fiscalizar se o judiciário realmente está cumprindo a
teoria. O Klein previu a criação dos inspetores judiciais. No império austro-húngaro haveria agentes do Estado
que fiscalizariam os juízes, para ver se eles realmente estavam cumprindo na condução de todos os processos,
inclusive sem a vontade das partes.

Na Itália fascista esta teoria também abarcou os processos. Na URSS ele também influenciou os processos. A
teoria Kleiniana se fez possível graças ao ‘direito de telefone’. Agentes do poder executivo davam diretrizes
aos juízes para que eles fizessem os atos de ofício.

Na Alemanha nazista também chegou a teoria de Klein. Lá existiam as cartas aos juízes, em que o poder
executivo mandava diretrizes para a condução do processo. No Brasil se deu pelos vogais, que também
existiam na Itália. Nomeação dos juízes classistas, os chamados vogais. Havia em todas as causas, em todas as
instâncias 3 julgadores. Um, era o juiz togado, aquele que tinha conhecimento jurídico. Como não havia
concurso, ele era nomeado pelo estado. Existiam 2 juízes classistas que julgavam junto com o togado. Um juiz
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togado representava a classe trabalhadora e o outro os trabalhadores. Eles não tinham formação jurídica. Os
classistas eram pessoas escolhidas entre os representantes sindicais, dos dois lados.

No modelo corporativo estatal, quem eram os sindicatos? Não existiam sindicatos formados pela pressão
social dos trabalhadores, então só havia sindicato autorizado pelo estado. Os anarco-capitalistas eram
considerados criminosos. Só poderia formar sindicato com autorização do estado. O movimento sindical do
estado-novo era corporativista. O Estado autorizava o sindicato e escolhia dentre eles os juízes vogais.

Qualquer livro de processo do trabalho , falavam que o objetivo da justiça do trabalho era a conciliação das
partes, de forma que os representantes das partes eram ideias para conciliar os interesses. Eles foram criados
para a melhor conciliação entre as partes.

Quando a justiça do trabalho surgiu em 1939, ela era parte do poder executivo. Muito conectado com a teoria
de Klein. Não havia independência funcional. O Ministério do Trabalho era quem dirigia o órgão. Isso não
existe mais. Ao logo dos anos estas características se perderam, mas ficaram as regras implícita das teoria
pura de Klein.

✓ ADEQUAÇÃO AO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

Para fazer a adequação não é preciso acabar com o processo do trabalho, para não cometer anacronismo,
não é possível ver estes institutos sob a luz da Constituição.

Quais eram as opções de Vargas para conciliar as partes e industrializar o país? Ou jogar os conflitos para o
processo civil ou aplicar a teoria pura Kleiniana. Não existia mais opção, não havia democracia. Mesmo esta
democracia era diferente. Vargas somente tinha essa opção para alcançar os objetivos que ele propunha.

✓ FUNDAMENTAÇÃO CONSTITUCIONAL DO PROCESSO X MODELO CONSTITUCIONAL DE


PROCESSO

Para adequar, há que se reconhecer que havia bases autoritárias numa análise diacrônica. Como é possível
esta adequação? As obras de processo do trabalho hoje existente acreditam que somente fundamentando o
processo do trabalho a como tornar o processo menos autoritário.

Hoje é possível o judiciário fazer controle de constitucionalidade e tem outros poderes para democratizar.
Desde que isso começou a ocorrer, começaram a fundamentar constitucionalmente o processo do trabalho.

Desde 1946 a justiça do trabalho está fora do poder executivo. Porém, as características que ficaram devem
ser lidas e adequadas ao estado democrático de direito.

EX: Podemos tomar um dispositivo como exemplo.

Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do
trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.

O processo civil, quando a CLT foi criada, era de 1939, caro e formalista. Somente quando esta fosse omissa
é que o CPC poderia ser aplicado para resolver as questões trabalhistas. Com o CPC de 1973 houve uma
mudança drástica, de forma a corrigir muito dos formalismos exagerados. Estas reformas transformaram o
processo em mais rápido e mais simples. Como este artigo trazia cláusulas de barreira (limitando a aplicação
do CPC), o processo civil acabou por se tornar mais rápido do que o trabalhista, que ficou parado no tempo.

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Fizeram uma leitura constitucional no artigo 769, não vendo mais como uma cláusula de barreira. Aplicar o
CPC independente de previsão. Esta seria uma leitura de um instituto, com várias teorias que o rodeiam. Hoje,
os juízes trabalhistas não têm critério para aplicar o CPC. Eles aplicam o CPC sem procurar saber se a CLT é
omissa ou não. No processo do trabalho existe o processo e conhecimento e o processo de execução, porém
começaram a chamar de fase de execução, da mesma forma como o CPC, porém sem haver uma omissão. Há
entendimentos diversos dos juízes trabalhistas pelo Brasil, de forma que podemos questionar sobre a
segurança jurídica ☹.

✓ MODELO CONSTITUCIONAL DE PROCESSO

Fazer a leitura do processo do trabalho pela CF é a melhor maneira de ler o processo do trabalho. A proposta
vem de dois autores italianos: Ítalo Andolina, Giuseppe Vignera]

Elio Fazzalari: Prioriza o processo como procedimento construído em contraditório. Gláucio diz que o processo
é uma viagem e o procedimento o caminho, escola instrumentalista, podendo haver vários caminhos. Para
Fazzalari, o procedimento seria a atividade preparatória para a construção do provimento, o ato de poder.
Procedimento toda a atividade que vai preparar para a construção do provimento. Para falar de processo,
seja ele judicial, administrativo, este processo deve ser construído em contraditório. Se não for, não se trata
de processo. (Where the hell is the difference?) A escola instrumentalista acredita que solucionou todos os
problemas do processo, porém a prof acha que não solucionou o autoritarismo.

A relação judicia se dá entre autor, réu e juiz (que está acima das partes). A relação jurídica tem um viés
autoritário. Criaram uma série de teorias para defender o contraditório como relação jurídica.

A construção em contraditório é mais do que a escola instrumentalista fala. O juiz dá a oportunidade de fala,
de produzir provas, mas o juiz não houve. Não é apenas dar a oportunidade, mas também ouvir. O juiz não
pode chegar no processo já com a sentença feita, porque senão ele não vai mudar a sua decisão. É o que a
escola instrumentalista chama de contraditório. Mais do que uma oportunidade de fala, mas sim de influir na
decisão. A palavra sentença, vem do sentire, em italiano, que significa ouvir. As partes devem ter oportunidade
de influir na sentença.

Para pensar o modelo constitucional do processo há que se pensar em três características:

1. Expansividade – O modelo constitucional é único, mas tem uma tipologia plurima. Ou seja, existe um
modelo constitucional, mas como existem várias searas processuais com varias terminologias devem
aplicam a cada uma delas. O modelo constitucional é expansível para o processo civil, penal,
trabalhista.

2. Variabilidade – Cada uma dessas tipologias são um microssistema processual, havendo então um
microssistema do processo civil, penal e trabalho, com características diferentes. São microssistemas
diversos. O que define as características de cada um é a variabilidade.

3. Perfectibilidade – Há que haver uma mudança legislativa para que esse modelo se aperfeiçoe. Neste
momento de mudanças políticas, há que ter técnicas para fazer as mudanças. No direito do trabalho
podemos fazer uma filtragem constitucional para a aplicação do modelo constitucional do processo.
No processo penal, o réu é inocente até que se prove o contrário por decisão transitada em julgado.
No processo civil temos a questão estudada na ‘briga’ entre a escola instrumentalista e Fazzalarista.
Resta perguntar, quais as características do processo do trabalho nesse sentido°

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3 características que os autores pensaram como um processo constitucional de processo.

23/08/2018 – Não tem aula


27/08/2018
PRINCÍPIOS DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

✓ ABORDAGEM TRADICIONAL – VISÃO SOCIAL DO PROCESSO

É a teoria que se baseia na Kleiniana pura. O social não tem o mesmo significado do direito material.
O termo social tem um significado diferente do direito material. Porém, estando no Estado
Democrático do direito, não deveria ser esta a teoria que prevalece.

Todos os livros de direito processual trabalhista trazem essa abordagem tradicional dos princípios. Os
autores até fazem reflexões sobre a constitucionalização do processo, porém ainda estão presos a
problemas da teoria Kleiniana: a sobreposição do juiz entre as partes, o contraditório que não é um
contraditório real. Estes problemas fazem da visão social uma visão inadequada.

- CRÍTICAS

Toda a doutrina de direito processual do trabalho, quando fala em princípio em uma abordagem tradicional
falam que existem os princípios constitucionais, os princípios processuais gerais e existem os princípios
específicos do direito processual do trabalho.

O que eles falam a respeito é a crítica.

A. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PROCESSUAIS

Garantias da Constituição do processo, como a imparcialidade, juiz natural, ampla defesa. São
garantias que garantem o melhor andamento do processo, mas a crítica está em como estes princípios
são tratados. Os autores não demonstram como isso influencia no processo do trabalho, descrevendo
o significado de cada princípio.

B. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS GERAIS

São Princípios do direito civil aplicáveis no direito processual do trabalho. Repete o que a escola
instrumentalista fala. É ruim colocar o processo civil ligado com o processo do trabalho, fazendo parecer que
este processo tem uma dependência com o processo civil. Claro que existem semelhanças, mas existem
muitas diferenças.

C. PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Ao chegar no direito do trabalho, estes autores acabam por falar minimamente sobre os princípios do direito
processual do trabalho.

✓ NOVA ABORDAGEM – MODELO CONSTITUCIONAL DE PROCESSO

A) EXPANSIVIDADE

Noção de que este é um modelo único que descende da constituição que vai se expandir para todos os direitos
processuais (civil, penal, eleitoral, trabalhista). Estudar a expansividade é estudar esse modelo único. Estudar

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o modelo único é estudar o eixo estrutural da processualidade democrática. Ele está na estrutura enquanto
adequado ao estado democrático de direito. Estão neste eixo quatro princípios:

São termos diversos do que os usados na escola instrumentalista de processo (escola paulista). Estes
princípios influem verdadeiramente no direito processual do trabalho.

A.1. NÃO PARCIALIDADE DO JUÍZO

Não usa o termo juiz, mas sim o juízo, uma vez que o juiz é a pessoa. Juízo é o órgão e é este que deve ser
imparcial. Juiz é imparcial quando ele está equidistante das partes. Porém, isso não afasta que ele decide
como sua própria consciência. Isso não impede a tomada de decisões por sua consciência. A mera parcialidade
não impede esse abuso por causa da autoridade. Muitas vezes, os juízes agentes usam a autoridade como
uma forma de abuso.

Por isso propõe uma nova determinação. A ideia é o juízo não ser parte, estar equidistante, mas não ser
tratado como uma autoridade. Ou seja, o juiz estar aberto ao diálogo em torno do ponto de vista. O juízo não
pode tomar sua decisão de maneira solitária ou conforme a sua consciência. Ele deve estar aberto ao diálogo
e aceitar a diversidade, aceitar que terceiros têm opiniões diversas.

Quando o Leonardo Marinho fala em não parcialidade, ele quer dizer duas coisas: o juízo não é parte (o juiz
deve estar equidistantes das partes). O juiz não é autoridade. A jurisdição é uma função do Estado. Quando
falamos que o juiz está investido naquela função, ele ainda não é a autoridade, mas sim o juízo.

A.2. CONTRADITÓRIO

O contraditório clássico é dar a oportunidade para a parte falar, mas a convicção do juiz não muda, não
influindo para a tomada de decisão. O contraditório é mais do que isso. Deixar falar e estar aberto para ouvir.
Isso não toca somente o juiz, mas as partes também. Todos os sujeitos do processo devem estar abertos ao
diálogo.

A.3. AMPLA ARGUMENTAÇÃO

É diferente do que a ampla defesa, para que seja atingido também o autor. Ambas as partes têm a garantia
de argumentar, com capacidade de inferir na decisão. A decisão deve vir do consenso, uma decisão
construída.

A.4. PRINCÍPIO DA FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO

É aqui que é feito um controle de racionalidade naquela decisão. Ela só terá controle de racionalidade numa
instância revisora daquela decisão. Esta fundamentação deve estar no momento da construção da decisão. A
fundamentação no modelo constitucional é um controle feito no momento em que se constrói a decisão.

B) VARIABILIDADE

É a capacidade deste modelo se adaptar a todos os outros microssistemas processuais. Ele é único, mas de
uma tipologia única. A variabilidade vai analisar estes princípios e a maneira como eles vão se adaptar ao
processo do trabalho. Quais as características devem estar presentes no processo do trabalho para poder
influir no processo do trabalho?

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Há duas principais, que chamaremos de princípios informadores do processo do trabalho. Dessas
características vão descender as técnicas processuais. Os procedimentos em si não são princípios, são técnicas
que podem a vir a ser alterados.

B.1. CELERIDADE NOS FEITOS EM QUE SE DISCUTE CRÉDITO TRABALHISTA A SER RESSARCIDO

Na maioria dos processos trabalhista essa característica está presente. Estes créditos são de natureza
alimentar. Qualquer crédito trabalhista é fonte de subsistência do empregado. Por serem de natureza
alimentar dependem de uma decisão rápida, sob pena de impedir própria subsistência do empregado.

Na kleiniana pura também havia o interesse de celeridade, mas como um mecanismo de docilização do
trabalho, para que estes aceitassem a exploração do trabalho.

B.2. EQUALIZAÇÃO JURÍDICO-PROCESSUAL DAS PARTES DO PROCESSO DO TRABALHO

Há uma desigualdade jurídica entre as partes do processo trabalhista, que não vai desaparecer no processo.

A fundamentação também é diferente da teoria Kleiniana, porque aqui quer-se uma isonomia funcional.

30/08/2018 – Pneumonia já matou Descartes Não estava na aula. Participação Especial Isabella Souza

o PRINCÍPIOS ≠ TÉCNICAS PROCESSUAIS.

Na concepção de Roberta, princípios: celeridade nos feitos, busca da equidade…

Com qual objetivo? Celeridade e equalização eram buscados na teoria kleiniana. Mas a motivação era
diferente. Antes buscava-se celeridade porque o processo é ferida social e precisava ser rapidamente
solucionada para que economia não fosse atrapalhada.

Hoje é buscada nos processos em que se discute créditos trabalhistas de natureza alimentar. Na teoria
kleiniana todos os processos tinham que ser céleres. Agora, celeridade tem motivo específico, créditos
trabalhistas que tem natureza alimentar e que dele depende a sobrevivência da pessoa.

Mas tem situação em que não é discutido isso: empregador pagou tudo, mas não assinou carteira, muito
comum na relação de emprego doméstico – do vínculo formal de emprego decorrem outros direitos como
inscrição e contribuição para a previdência social – empregado recebeu de maneira imediata tudo que tinha
de direito, mas não teve carteira assinada, pode buscar reconhecimento do vínculo, vai buscar sentença
condenatória declaratória – não está pedindo crédito trabalhista nenhum de maneira imediata. Celeridade
tem que ter nos processos em que são discutidos créditos trabalhistas de natureza alimentar.

Equalização. Na teoria kleiniana objetivo era docilização do trabalhador. Docilidade viria das benesses. Agora
a equalização decorre do princípio da isonomia. Legislador criar mecanismos processuais para que partes
partam de uma igualdade de condições: igual condição de produzir provas. Há um viés de democracia: Estado
Democrático de Direito.

Há que haver uma duração razoável do processo.

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Construção deontológica dos princípios. Há um ideal… é um ideal que visa orientar tudo que se estuda, tudo
que se produz em termos de direito processual do trabalho. Princípio jurídico que tem que ser cumprido
porque é princípio, porque estamos em Estado Democrático de Direito.

Técnica é algum mecanismo que legislador lançou mão para concretizar princípio.

Princípios são anteriores à técnica.

Garantir concretização de um princípio.

Técnica – olhar dispositivos que regulam direito processual do trabalho, olhar CLT. Princípios estão no campo
da deontologia. As técnicas estão no campo da dogmática. Você lê CLT e vê mecanismos que foram criados
para concretizar princípios.

Conseguimos deduzir essas técnicas da leitura da CLT. Mas CLT foi feita no final da década de 30, início da
década de 40. Técnicas criadas para concretizar princípios da visão social de processo. Vamos falar de técnicas
deduzidas da CLT. Mas temos que fazer diferenciação da abordagem: foram criadas na visão social de
processo e estamos na visão constitucional de processo.

Slides: Ler os artigos que estão nos slides. Dispositivos que comprovam cada uma dessas técnicas.

CLT

Art. 840. A reclamação poderá ser escrita ou verbal.

Art. 847. Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da
reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.

Art. 850. Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez)
minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se
realizando esta, será proferida a decisão.

Art. 845. O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados das suas testemunhas,
apresentando, nessa ocasião, as demais provas.

Art. 849. A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força maior,
concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida,
independentemente de nova notificação.

Art. 893. Das decisões são admissíveis os seguintes recursos: […] § 1º - Os incidentes do processo são
resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões
interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva.

Art. 846. Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.

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Art. 850. Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez)
minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se
realizando esta, será proferida a decisão.

Art. 852-E. Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da conciliação e usará
os meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência.

Art. 843 - Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado,


independentemente do comparecimento de seus representantes salvo, nos casos de Reclamatórias Plúrimas
ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato de sua
categoria.

Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho
e acompanhar as suas reclamações até o final.

Súmula 425, TST:J US POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE. Res. 165/2010, DEJT divulgado em
30.04.2010 e 03 e 04.05.2010: O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às
Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar,
o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

Art. 840. A reclamação poderá ser escrita ou verbal. § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a
designação do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o
pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante
ou de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

Art. 771. Os atos e termos processuais poderão ser escritos a tinta, datilografados ou a carimbo.

Art. 773. Os termos relativos ao movimento dos processos constarão de simples notas, datadas e rubricadas
pelos secretários ou escrivães.

Art. 828 - Toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal, será qualificada, indicando o nome,
nacionalidade, profissão, idade, residência, e, quando empregada, o tempo de serviço prestado ao
empregador, ficando sujeita, em caso de falsidade, às leis penais. Parágrafo único - Os depoimentos das
testemunhas serão resumidos, por ocasião da audiência, pelo secretário da Junta ou funcionário para esse
fim designado, devendo a súmula ser assinada pelo Presidente do Tribunal e pelos depoentes.

Art. 851. Os tramites de instrução e julgamento da reclamação serão resumidos em ata, de que constará, na
íntegra, a decisão.

Art. 834 - Salvo nos casos previstos nesta Consolidação, a publicação das decisões e sua notificação aos
litigantes, ou a seus patronos, consideram-se realizadas nas próprias audiências em que forem as mesmas
proferidas.

Art. 841. […] § 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado criar embaraços
ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no
que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo.
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Art. 840 […] § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes,
a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com
indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante. (Redação dada pela Lei
nº 13.467, de 2017)

Art. 816. O juiz ou presidente manterá a ordem nas audiências, podendo mandar retirar do recinto os
assistentes que a perturbarem.

Art. 765. Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo
andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.

Art. 848. Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, podendo o presidente, ex officio ou a
requerimento de qualquer juiz temporário, interrogar os litigantes.

Art. 825. As testemunhas comparecerão a audiência independentemente de notificação ou intimação.


Parágrafo único - As que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou a requerimento da parte, ficando
sujeitas a condução coercitiva, além das penalidades do art. 730, caso, sem motivo justificado, não atendam
à intimação.

LC 80/1994

Art.14. A Defensoria Pública da União atuará nos Estados, no Distrito Federal e nos Territórios, junto às
Justiças Federal, do Trabalho, Eleitoral, Militar, Tribunais Superiores e instâncias administrativas da União.

Art. 19. A Defensoria Pública da União é integrada pela Carreira de Defensor Público Federal, composta de 3
(três) categorias de cargos efetivos: I – Defensor Público Federal de 2ª Categoria (inicial); II – Defensor
Público Federal de 1ª Categoria (intermediária); III – Defensor Público Federal de Categoria Especial (final).

Art. 20. Os Defensores Públicos Federais de 2ª Categoria atuarão junto aos Juízos Federais, aos Juízos do
Trabalho, às Juntas e aos Juízes Eleitorais, aos Juízes Militares, às Auditorias Militares, ao Tribunal Marítimo
e às instâncias administrativas.

Art. 21. Os Defensores Públicos Federais de 1ª Categoria atuarão nos Tribunais Regionais Federais, nas
Turmas dos Juizados Especiais Federais, nos Tribunais Regionais do Trabalho e nos Tribunais Regionais
Eleitorais.

Art. 22. Os Defensores Públicos Federais de Categoria Especial atuarão no Superior Tribunal de Justiça, no
Tribunal Superior do Trabalho, no Tribunal Superior Eleitoral, no Superior Tribunal Militar e na Turma
Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais.

CLT:

Art. 878 - A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio pelo próprio Juiz ou
Presidente ou Tribunal competente, nos termos do artigo anterior.

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Art. 878. A execução será promovida pelas partes, permitida a execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente
do Tribunal apenas nos casos em que as partes não estiverem representadas por advogado. (Redação dada
pela Lei nº 13.467, de 2017)

C) ORALIDADE E SEUS COROLÁRIOS.

Conceito de Giuseppe Chiovenda (processualista civil italiano que escreveu inúmeras obras e sobre oralidade
escreveu em 1925) (a teoria kleiniana pura informou muitos dos escritos do Chiovenda) (quando escreveu,
tinha como paradigma a visão social de processo).

Na CLT todas as características que Chiovenda escreveu sobre oralidade foram aplicadas. Já no processo civil e
no processo penal nem todas foram aplicadas. Oralidade influenciou de forma mais profunda o processo do
trabalho. Todas as características dela que Chiovenda descreveu estão na CLT. Objetivo era trazer celeridade
(naquela época porque processo era ferida social que precisa ser fechada para não atrapalhar economia).

Faz-se divisão conceitual. diz que existe o que a gente chama de oralidade propriamente dita e existem os
corolários da oralidade.

o ORALIDADE PROPRIAMENTE DITA

Presente em dois sentidos:

1. A prevalência da palavra oral. prevalência da palavra oral sobre a palavra escrita. Manifestações
das partes nos autos eram prevalentemente orais, e não de maneira escrita).

Não obstante, analisando o artigo 840 da CLT, de acordo com este dispositivo, a reclamação
trabalhista (ou seja, a petição inicial) pode ser escrita ou verbal, ao passo que, é a técnica da
oralidade – no sentido primeiro de Chiovenda – sendo levada ao máximo dentro do processo do
trabalho. Mas no direito processual civil, o elemento de prevalência da palavra oral só pode existir
em alguns procedimentos, ao contrário do direito processual do trabalho, no qual pode acontecer
em todos os procedimentos, ou seja, é permitido em todos os procedimentos desde 1943.

O artigo 847 fala da defesa do réu; elucida que a defesa do réu também por ser aduzida
verbalmente, tendo 20 minutos para isso ser feito em audiência.

Artigo 850, CLT – ambas as partes podem aduzir às razoes finais, verbalmente, em audiência. Todos
os três artigos supracitados remetem a prevalência da palavra oral à palavra escrita. Sabendo que,
o conceito de Chiovenda é o mais completo, existem os chamados “corolários” dentro deste seu
conceito, que são, na verdade, desdobramentos da oralidade: identidade física entre o juiz
instrutor e o juiz decisor; concentração dos atos processuais; e não recorribilidade em separado
das decisões interlocutórias.

Artigo 845, CLT – se demonstra uma ampla necessidade de concentração de atos processuais, haja
vista que, em tese, a audiência trabalhista é UNA; além do mais, o mesmo juiz que tomar contato
com a prova oral é aquele que irá decidir.

Artigo 893, §1º, CLT – se mostra a não recorribilidade das decisões interlocutórias, pois, se na
audiência o juiz tomar alguma decisão interlocutória, isso não poderá acarretar um recurso
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imediato, ou seja, a DI não enseja recurso imediato, assim, para recorrer de uma decisão como
esta, a parte, deverá interpor recurso após a decisão final.

Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.

§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a
breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
com indicação de seu valor, a data e a assinatura doreclamante ou de seu representante.
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 2 o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias datadas e assinadas pelo
escrivão ou secretário,observado, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada
pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 3oOs pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo serão julgados extintos sem
resolução do mérito. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a
leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes. (Redação dada pela
Lei nº 9.022, de 5.4.1995)

Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema de processo judicial
eletrônico até a audiência. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente
de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de
conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão.

Parágrafo único - O Presidente da Junta, após propor a solução do dissídio, tomará os votos dos
vogais e, havendo divergência entre estes, poderá desempatar ou proferir decisão que melhor
atenda ao cumprimento da lei e ao justo equilíbrio entre os votos divergentes e ao interesse
social.

Art. 845 - O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados das suas


testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas.

Art. 849 - A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força
maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira
desimpedida, independentemente de nova notificação.

§ 1º - Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a


apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão
definitiva.

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2. Imediatidade: Proximidade do juiz em relação à prova; o juiz vai estar sempre próximo da
prova que vai ser produzida e quando for decidir vai decidir com base nessa proximidade.
Na audiência em que se produzem provas orais: depoimento de testemunha, depoimento
pessoal das partes, esclarecimento do perito em audiência – prova sendo produzida
também oralmente e próximo ao juiz. Art. 840; 847; 850.

A oralidade foi criada com o intuito de aplicação plena ao processo civil, entretanto, ela achou
caminho mais largo dentro do processo do trabalho, com o fito de concretizar o seu princípio
da celeridade.
- Obrigatoriedade da proposta de conciliação
- Poderes ampliados do juiz
- Execução ‘ex ofício’
- Posição paritária dos órgãos jurisdicionais trabalhistas
- Poder normativo da justiça do trabalho

o COROLÁRIOS
1. Identidade física entre juiz: Decorrência lógica da imediatidade. Juiz próximo da prova para decidir com
base no que ele viu, no que ele ouviu, no que ele presenciou → pessoa do juiz decisor e juiz instrutor
seja a mesma.
2. Concentração dos atos processuais: Adianta juiz estar próximo da prova num dia e só julgar daqui uma
semana? Não. (Tem que decidir de maneira concentrada, no mesmo ato, se possível, na mesma
audiência. Art. 845 e art. 849.
3. A não recorribilidade em separado das decisões interlocutórias: Audiência: decisão interlocutória
tomada em audiência que não decidiu questão do mérito, mas fez correção de atos processuais que a
partir de então seriam produzidas.
EX: Leva 3 testemunhas para depor sobre determinada questão e na iminência de ouvir 3a testemunha
juiz pergunta sobre o que ela vai falar, quando responde, juiz fala que não precisa ouvir porque ela vai
ser irrelevante – é uma decisão interlocutória que define que uma testemunha não será ouvida – essa
decisão interlocutória é dada oralmente – não se pode recorrer de imediato e em separado – naquela
hora não pode recorrer. Ideia é que se fosse dado direito de recorrer naquela hora processo ia parar,
ser suspenso para que recurso fosse decidido.
→ O que se faz? Juiz não quis ouvir testemunha, advogada pede que registre em ata de audiência a
decisão interlocutória e a intenção dela de recorrer (protesto), pede que registre na ata o protesto. Para
que serve? Lá na frente, se vier a recorrer da decisão final, no recurso da decisão final pode chamar
atenção do colegiado que vai julgar recurso sobre aquela decisão interlocutória. Se não recorrer é
porque se satisfez e decisão interlocutória não foi tão prejudicial. Garantir celeridade para que
processo não seja suspenso.

Art. 893. Das decisões são admissíveis os seguintes recursos:

[...] § 1º Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a
apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva.

D) OBRIGATORIEDADE DA PROPOSTA CONCILIATÓRIA.

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Art. 852-E. Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da conciliação e usará
os meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência.

Aqui a ideia é: as forças capital e trabalho não são antagônicas, são complementares, tanto que podem ser
conciliadas – ideia de Vargas. A ideia da resolução dos conflitos de maneira conciliada não é de tudo
inadequada nos tempos de hoje.

Hoje, temos que ver a questão da celeridade, situações que podem ser resolvidas de maneira mais célere,
conciliação acaba sendo forma de se alcançar uma celeridade maior.

Crítica: A conciliação está consagrada como uma das técnicas para se levar ao princípio da celeridade; mas
depende muito da forma como é feita. Quem são profissionais à frente? Juízes e advogados. Quantos desses
detém conhecimento técnico para fazer conciliação? Tudo bem a conciliação estar como uma técnica utilizada
no processo do trabalho, mas desde que utilizada com conhecimento.

A obrigatoriedade da proposta conciliatória é prevista como técnica porque tem dispositivos na CLT que falam
da obrigatoriedade da proposta conciliatória. Os dois primeiros são aplicados ao procedimento ordinário, o
último é aplicado ao procedimento sumaríssimo.

Conciliação tem momentos obrigatórios no iter processual. Juiz é obrigado a propor a conciliação.

o No procedimento comum ordinário, existem dois momentos em que cabe ao juiz fazer a proposta de
conciliação, caso não o faço, o processo estará eivado de nulidade. Estes dois momentos obrigatórios
estão dispostos dentro dos arts. 846 e 850 da CLT.

Art. 846 - Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação. (Redação


dada pela Lei nº 9.022, de 5.4.1995)

§ 1º - Se houver acordo lavrar-se-á termo, assinado pelo presidente e pelos litigantes, consignando-se
o prazo e demais condições para seu cumprimento. (Incluído pela Lei nº 9.022, de
5.4.1995)

Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de
10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação,
e não se realizando esta, será proferida a decisão.

o Já no procedimento comum sumaríssimo, há uma diferença, que está prevista no art. 852-E da CLT.

Art. 852-E. Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da conciliação e
usará os meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da
audiência.

Na audiência do procedimento comum sumaríssimo, o juiz pode a qualquer momento propor (e não
forçar) a conciliação. Não está limitado a dois momentos. Na origem da CLT, o objetivo de buscar a
conciliação, demonstrado por seus dispositivos legais supramencionados, era o apaziguamento das
classes trabalhistas, para evitar uma eclosão de greves e movimentos que barrassem o
desenvolvimento do capital e a industrialização no país, de modo que assim, também haveria mais
celeridade nos litígios.
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Ou seja, o processo servia aos interesses do Estado. Atualmente, em sede de modelo constitucional de
processo, a fundamentação é de que a celeridade é importante, pois, estamos diante de litígios que
discutem verbas de natureza alimentar, ou seja, verbas que exigem uma urgência na satisfação. Já que
o objetivo era conciliar, a CLT colocou como obrigatório o comparecimento pessoal das partes na
audiência – art. 843, CLT. Pois, sem a presença das mesmas, por óbvio, a conciliação não seria possível.

Art. 843 - Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado,


independentemente do comparecimento de seus representantes salvo, nos casos de Reclamatórias
Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo
Sindicato de sua categoria.

03/09/2018 – Não teve aula. Partiu BSB?


06/09/2018 – Não tem aula. BSB <3
10/09/2018 – Não teve aula, BSB <3
13/09/2018 – Nem vim na aula. Participação especial Isabella Souza. Ainda estamos tratando sobre a
obrigatoriedade de haver uma proposta conciliatória.

Motivo de essa técnica existir, informando o direito processual do trabalho.

Técnicas: descendem da dogmática. Claramente perceptíveis pela leitura dos dispositivos legais. Usados para
dar amplitude dos princípios.

Princípios. Celeridade (quando houver créditos de natureza alimentar). Devido {a falta de igualdade para
produção de provas: necessidade de equalização, quando a desigualdade traz embaraços ao acesso à justiça.

Há falta de igualdade entre as partes. Desigualdade já existia na relação de emprego e quando conflito é
transplantado para seara processual continua existindo. Quando desigualdades trazem embaraços ao acesso
à justiça.

Antigamente: um dos aspectos da teoria kleiniana pura era fugir do conflito, formatando classes como
complementares, e não como antagônicas. Isso casa com proposta do Estado Novo de Getúlio Vargas –
industrialização – evitar embaraços – conciliação de classes – interesses eram possíveis de serem conciliados.
Técnica de obrigatoriedade da proposta de conciliação servia a essa finalidade.

Hoje há alguma utilidade? Hoje em dia se justifica a manutenção dessa técnica, no modelo constitucional de
processo? Quando a gente fala em modelo constitucional de processo fala em modelo que concretize
princípios de eixo constitucional de processo e do direito do trabalho (celeridade e equalização jurídico
processual das partes). Consegue enxergar a conciliação como mecanismo. Que informa direito processual
do trabalho, a celeridade. É caso que possibilita o julgamento antecipado da lide e o trânsito em julgado mais
rápido. É uma forma de se garantir celeridade. Hoje é uma técnica importante porque concretiza o princípio
da celeridade nas causas que envolvem controvérsia sobre causa trabalhista de natureza alimentar.

Crítica: forma como são conduzidas as conciliações na justiça do trabalho hoje em dia. Juízes não conduzem
conciliação dentro de parâmetro, de roteiro técnico. O juiz do trabalho não passa por formação específica para
conciliar.
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A proposta conciliatória é obrigatória. Se não for feita pelo juiz, todas as decisões posteriores a esse momento
processual em que deveria ser feita, são passíveis de nulidade processual.

Em qual momento essa proposta conciliatória tem que ser feita, tem que ser apresentada pelo juiz? Depende
do procedimento.

Se estiver diante de procedimento comum ordinário, o momento é um; se estiver diante de procedimento
comum sumaríssimo a legislação indica outro momento.

o PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO

Art. 846 - Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação. (Redação dada pela Lei nº 9.022, de
5.4.1995)

§ 1º - Se houver acordo lavrar-se -á termo, assinado pelo presidente e pelos litigantes, consignando-se o
prazo e demais condições para seu cumprimento. (Incluído pela Lei nº 9.022, de 5.4.1995)

§ 2º - Entre as condições a que se refere o parágrafo anterior, poderá ser estabelecida a de ficar a parte que
não cumprir o acordo obrigada a satisfazer integralmente o pedido ou pagar uma indenização
convencionada, sem prejuízo do cumprimento do acordo. (Incluído pela Lei nº 9.022, de 5.4.1995)

Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez)
minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se
realizando esta, será proferida a decisão.

Parágrafo único - O Presidente da Junta, após propor a solução do dissídio, tomará os votos dos vogais e,
havendo divergência entre estes, poderá desempatar ou proferir decisão que melhor atenda ao cumprimento
da lei e ao justo equilíbrio entre os votos divergentes e ao interesse social.

Se estiver diante de causa processada pelo procedimento comum ordinário, existem dois momentos em que
juiz precisa apresentar proposta de conciliação. Art. 846, CLT (1a proposta de conciliação tem que ser feita
logo da instauração da audiência, apregoou as partes e elas estavam presentes à audiência, tem que ser feita
proposta) (quando aberta a audiência) e art. 850, CLT (caso 1a proposta não logre êxito, processo continua,
tendo que ser renovada proposta logo depois de colhida alegações finais das partes).

Outra crítica: conduzida muitas vezes trazendo prejuízos econômicos ao empregado. A falta da técnica pode
levar a esse problema.

Art. 846 sofreu alteração de redação em 1994. Antes de 1994 o dispositivo falava em obrigatoriedade de
proposta de conciliação depois de colhida resposta do réu. Era permitida que audiência fosse iniciada, ouvido
réu, para se ter noção dos pontos controvertidos. Veio alteração em 1994 e trouxe momento da
obrigatoriedade para antes do momento de colheita de resposta do réu. Como eles vão discutir proposta
conciliatória sem antes as duas partes saberem quais pontos são controvertidos e quais não são
controvertidos.

o PROCEDIMENTO COMUM SUMARÍSSIMO

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852-E. Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da conciliação e usará os
meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência.
(Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)

No procedimento sumaríssimo tem art. 852-E, CLT. Fala sobre a proposta conciliatória no procedimento
sumaríssimo. Fala que a conciliação tem que ser buscada a todo momento. E a qualquer momento, a todo
momento.

E) ADOÇÃO DE MECANISMOS DE SIMPLIFICAÇÃO PROCESSUAL.

4 aspectos resumem ideia da simplificação processual.

o “Ius postulandi” (capacidade postulatória) das partes

Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do


Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.

§ 1º - Nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão fazer-se representar por


intermédio do sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado, inscrito na Ordem dos Advogados do
Brasil.

§ 2º - Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a assistência por advogado.

§ 3o A constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá ser efetivada, mediante
simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do advogado interessado, com anuência da
parte representada.

Simplificação processual encontra no chamado “ius postulandi” das partes. Ius postulandi é
capacidade postulatória. Capacidade postulatória é a prerrogativa que o advogado tem, que o bacharel
em direito e aprovado no exame da OAB tem capacidade postulatória para atuar em qualquer
processo para defender interesses alheios desde que tenha e esteja munido de procuração.

As partes podem postular sem necessariamente terem que estar representadas por advogados.

O ius postulandi das partes existe para todos os procedimentos da justiça do trabalho. Tem exceções
que veremos adiante. Mas a regra é a existência do ius postulandi conferido às próprias partes.

Por que isso tem a ver com simplificação? Processo, para que possa ser conduzido pelas próprias
partes, tem que ser simples, para poder ser compreendido por partes que normalmente não tem
formação jurídica.

o Flexibilização da forma no peticionamento

Art. 840. § 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes,
a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com
indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.

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Já vimos isso quando falamos de oralidade, prevalência da palavra oral sobre palavra escrita. De certa
forma é aspecto o recebimento de reclamações verbais. Mesmo nas reclamações que são
apresentadas por escrito, há uma flexibilização de forma, os requisitos da petição inicial da justiça do
trabalho não são tão complexos como da justiça civil. Mesmo no peticionamento escrito os requisitos
são mais simples.

o Desburocratização do registro dos atos processuais

Art. 828. Parágrafo único - Os depoimentos das testemunhas serão resumidos, por ocasião da
audiência, pelo secretário da Junta ou funcionário para esse fim designado, devendo a súmula ser
assinada pelo Presidente do Tribunal e pelos depoentes.

Quando falou de oralidade, de imediatidade, de juiz estar próximo à prova para que julgue logo em
seguida à produção probatória. Esse fato transparece a desburocratização. Os atos processuais que
são realizados na audiência têm que ser registrados em ata. O artigo fala que ata de audiência trará
resumo dos depoimentos colhidos. Possibilidade de se registrar na ata apenas resumo dos
depoimentos colhidos.

o Desburocratização na comunicação dos atos processuais

Art. 841. § 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado criar
embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no
jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo.

Quando a decisão é proferida ao final da audiência, dessa decisão estarão as partes cientes no
momento da própria audiência, independentemente de comunicação posterior. A intimação ocorre
no ato da própria audiência.

Hoje, no processo civil, a regra é que a intimação e citação sejam feitas pelo Correio, já no CPC/73, a
regra era a citação/intimação pelo oficial de justiça. Contudo, a CLT sempre teve a citação/intimação
feita pelo Correio como regra.

- JUSTIFICATIVAS

Na origem da CLT, tal técnica se justificava pelo fato do processo ser considerado uma política pública do
Estado Corporativista. Já, atualmente, se justifica por conta da equalização das partes – que, naturalmente,
são desiguais, além de garantir maior simplicidade e celeridade ao processo.

Dentro da ideia de conciliação das classes, de não colocar classes como antagônicas: Conceder benefícios ao
empregado, ao trabalhador para que classe fosse docilizada. Teoria de Klein. Isso casa com projeto de Estado
Novo de Vargas. Nos primórdios a simplificação tinha esse objetivo: benesse conferida a ambas as partes, mas
quem na verdade sempre teve dificuldade financeira para contratar advogado? A simplificação processual
aproveita a ambas as partes, mas na maioria das vezes quem tem dificuldade de contratar advogado, de
peticionar sem advogado, que não vai saber o que está registrado na ata de audiência será empregado e se
já sai da audiência intimado, para que gastar dinheiro para intimar novamente aquela parte?

E na atualidade? Existe utilidade na adoção de mecanismos de simplificação processual? Equilíbrio.


Celeridade. Se o registro dos atos é desburocratizado isso aproveita à celeridade do feito. Se estamos em
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modelo constitucional de processo, não pode olhar só para celeridade e equilíbrio, tem que olhar para eixo
estruturante, no eixo tem contraditório. Se isso de alguma maneira vier a ferir o contraditório a gente já pode
ter certas reservas.

Essa técnica está na CLT. Dentro de ideia de variabilidade, essa técnica aproveita ao processo do trabalho.
Mas e questão da perfectibilidade? Se pudesse haver alteração legislativa para melhor desenhar essas
técnicas, isso seria adequado. Não sendo o caso, que perfectibilidade se dê através de leitura constitucional
dos dispositivos que estão na CLT.

F) AMPLOS PODERES DO JUIZ.


Quando a gente fala em poderes do juiz, do que estamos falando? O juiz dentro do processo atua como um
ente estatal, é um órgão agente da jurisdição. Enquanto agente do Estado, é dotado de certas prerrogativas.
O julgador é um terceiro que confere (ou deveria conferir) racionalidade ao discurso jurídico. O juiz tem que
ter poderes, faz parte do exercício da função jurisdicional.

Se é para desenhar norma de conduta, essa função tem que ser exercida dentro de certos limites, limites que
são postos pela democracia, pelo Estado Democrático de Direito.

Poder do juiz é a própria decisão jurisdicional, poder de decidir; o poder de polícia que tem para controlar
atos praticados em audiência. Para deixar de maneira mais didática, professora cita que conceito que adota
é o de processualista civil, José Carlos Barbosa Moreira.

o Índole administrativa e poder de polícia

Art. 816 - O juiz ou presidente manterá a ordem nas audiências, podendo mandar retirar do recinto os
assistentes que a perturbarem.

o Índole jurisdicional: Atividade decisória, direção do processo, instrutórios e coerção:

Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo
andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento
delas.

Art. 848 - Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, podendo o presidente, ex officio ou a
requerimento de qualquer juiz temporário, interrogar os litigantes.

§ 1º - Findo o interrogatório, poderá qualquer dos litigantes retirar-se, prosseguindo a instrução com o
seu representante.

§ 2º - Serão, a seguir, ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se houver.

Art. 825 - As testemunhas comparecerão a audiência independentemente de notificação ou intimação.

Parágrafo único - As que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou a requerimento da parte,
ficando sujeitas a condução coercitiva, além das penalidades do art. 730, caso, sem motivo justificado,
não atendam à intimação.

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Barbosa Moreira faz uma separação: de um lado os poderes de índole administrativa e, de outro lado, os
poderes de índole jurisdicional.

Como poder de índole administrativa menciona poder de polícia (controle da ordem que realiza nas
audiências). Dentro da índole jurisdicional tem várias possibilidades, várias divisões do poder do juiz. Está
dentro o poder que é inerente à atividade decisória (poder de decidir); a prerrogativa de direção do processo;
os poderes instrutórios; e por fim os poderes de coerção.Pensar isso num modelo social (Klein, política de
Estado) de processo e num modelo constitucional é muito diferente.

Ex.: poderes instrutórios. Juiz hoje não pode ser interessado na produção probatória.

Juiz é não parcial, não é parte, não tem que ter interesse na produção probatória, mas quando confere
poderes para produção probatória, tem arbitrariedade.

Grande problema aqui não são poderes de que juiz é investido, o problema é quando poderes são exercidos
de maneira arbitrária, autoritária, em desrespeito ao eixo estrutural da processualidade democrática.

Os amplos poderes, a amplificação desses poderes significa decisionismo, arbitrariedade, autoritarismo.


Tratar com mais cuidado esses poderes.

Roberta não defende a restrição dos poderes, mas sim a adequação, que ´leva à perfectibilidade. Não defende
um juiz passivo também.

Hoje poderes no processo do trabalho são amplos.

Como não cair no autoritarismo?

Ius postulandi (com partes leigas) pode ser um problema, se partes não tem condições de perceber sua
desigualdade ou de saber que tem direito de participar da formação da decisão. Problema: juiz não pode ir pro
processo com objetivo de defender uma das partes (ex.: trabalhador sem advogado). MP do Trabalho quase
não atua na 1a instância (e há parte que é desigual, não está de posse da maioria das provas). DP da União
tem competência para causas trabalhistas, mas não atua. Juiz não pode fazer. Mas como ninguém faz, juiz
tem a tendência de fazer. Mas não pode atuar a favor de qualquer preensão, porque não é parte.

Se tem partes leigas em direito, elas não vão ter condições de compreender todos os atos do processo e a
desigualdade em que se encontram, de saber que podem contribuir para construção da decisão. Em última
instância quem se arvorou no direito de defendê-los é o juiz. Se juiz vai ao processo com a intenção de
defender uma das partes, ele já perde a não parcialidade.

É preciso que assessoramento aconteça, mas juiz não pode fazer. Temos problemas quanto aos amplos
poderes. Mas só consegue resolver quando resolve problema que ius postulandi, que desequilíbrio das partes
acaba gerando. Isso dá munição para críticos da justiça do trabalho.

O que resolveria problema seria colocar alguém para fazer defesa dessa parte.

Amplitude não pode significar irrestritividade. Ao passo que, sabendo que na Justiça do Trabalho, via de regra,
às partes detêm o ius postulandi, é necessário que o juiz, de fato, seja uma figura “proativa”, fazendo as vezes
de quando falta a capacidade técnica para determinada parte litigar.

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17/09/2018 – Nem vim na aula. Participação especial Isabella Souza e Hariany Bueno

G) EXECUÇÃO “EX OFFICIO”.

Esta técnica sofreu alteração, apesar de existir desde a origem da legislação processual trabalhista (1943).

Art. 878 - A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio pelo próprio Juiz ou
Presidente ou Tribunal competente, nos termos do artigo anterior. Parágrafo único - Quando se tratar de
decisão dos Tribunais Regionais, a execução poderá ser promovida pela Procuradoria da Justiça do Trabalho.

Redação anterior: execução pode ser promovida por interessado e de ofício pelo juiz.

A execução trabalhista pode ser promovida por qualquer interessado e pelo juiz ex officio. Pode ser iniciada
pelo juiz. Ex offifcio – de ofócio -independentemente do requerimento das partes.

Art. 878. A execução será promovida pelas partes, permitida a execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente
do Tribunal apenas nos casos em que as partes não estiverem representadas por advogado. (Redação dada
pela Lei nº 13.467, de 2017)

Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

A mesma modificação que levou à modificação do processo sincrético no processo civil foi a que informou
comissão de juristas em 1973 a adotar modalidade ex officio no processo do trabalho.

Art. 878-A. Faculta-se ao devedor o pagamento imediato da parte que entender devida à Previdência Social,
sem prejuízo da cobrança de eventuais diferenças encontradas na execução ex officio. (Incluído pela Lei nº
10.035, de 2000)

 Art. 878 (CLT atual) x Art. 878 (Lei nº 13.467/2017)

O teor desta reforma neste dispositivo é de restringir a amplitudade desta técnica processual da execução
ex officio, no sentido de somente permiti-la se às partes não estiverem acompanhadas de advogado.

- CAUSAS PRÓXIMAS: TEORIA KLEINIANA PURA E ESTADO NOVO.

Causa próxima: adoção da teoria kleiniana pura. Porque próxima? Quando comissão de juristas se
reuniu para fazer CLT e desenhar estruturalmente procedimento trabalhista tinham isso como norte.
Outra causa próxima foi a política do Estado Novo. Causas próximas, poderíamos citar essas duas
causas para execução e officio ter entrado no processo trabalhista.

- CAUSAS REMOTAS

Tal técnica elucida que a execução poderá ser promovida por qualquer interessado ou ex officio pelo juiz.
Lembrando que, decisão judicial é uma atividade que não abarca apenas a prolação de sentença, atividade de

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decisão abarca inclusive as decisões jurisdicionais em sede de execução. Ou seja, a execução, neste sentido,
vem no sentido de complementar a decisão condenatória, pois, ela concretiza o direito
garantido/reconhecido.

A nova execução do processo civil – fase de cumprimento de sentença, que surgiu em 2005, se assemelha39
muito a esse molde de execução trabalhista. Para entender essa comparação, é necessário remeter ao século
XIII, quando surgiu uma execução chamada de “execução per officium iudices”, pois, esta execução concedeu
um instituto de origem a cada uma das execuções supramencionadas. A execução per officium iudices foi, na
verdade, uma síntese entre a antiga execução romana com a execução privada dos povos bárbaros
germânicos que invadiram Roma.

Sabendo que, a execução romana era extremamente formalista, pois, era necessária uma nova ação para
executar a prolação da sentença anterior, assim, novo contraditório, nova oitiva de testemunhas se abriam...
daí, vieram os povos bárbaros germânicos com a sua execução privada, sendo que nesta, o próprio devedor
poderia buscar os bens por conta própria, ou seja, exigir seu direito imediatamente.

Então, criou-se um meio termo com a junção destas duas execuções, de modo que, a execução per officium
iudices era uma espécie de tutela jurisdicional que se dava no mesmo processo em que foi prolatada a decisão,
sem a necessidade de um requerimento específico da parte vencedora para dar início a execução. Na
alteração feita em 2005 no processo civil brasileiro, a execução cível pegou a característica do “mesmo
processo” da execução per officium iudices, que se configurou na chamada fase de cumprimento de sentença,
porém, por via de regra, só pode acontecer por meio de requerimento das partes.

Não obstante, se tratando de execução de título executivo extrajudicial, no processo cível, ainda se faz
necessário um processo autônomo. Já a execução trabalhista, desde 1943, trouxe para si a característica do
“sem requerimento especifico”, pois, a execução pode ser promovida por qualquer interessado ou ex officio
pelo juiz, no entanto, ao contrário do processo civil, isso, necessariamente, se dará em outro processo, tanto
que, o executado precisa ser citado. O fundamento do ex officio no processo do trabalho é a celeridade,
lembrando que, atualmente, se justifica diante do modelo constitucional de processo.

Ideia de ação executiva veio na execução “per officium iudicis” - previa execução como procedimento, mas
não era nova ação, mas fase. Execução como fase executiva. E além de fase executiva, era
independentemente de requerimento da parte, tinha início de ofício.

Quando a gente fala da execução trabalhista, na trabalhista que tem como causa remota essa execução “per
officium iiudicis” ela tem fase executiva e iniciativa de ofício? Execução trabalhista trouxe da execução “per
officium iudicis” de ofício. Trouxe característica de ser de ofício. Mas é processo autônomo.

A gente chega no processo civil depois de 2005. Pega só fato de ser fase executiva. O de ofício não aproveitou,
pois precisa de requerimento.

Humberto Teodoro Jr. descreveu execução “per officium iudicis”, processo de formação e propôs isso para
processo civil.

A execução trabalhista e hoje a execução cível tem a mesma causa remota. Só que uma aproveitou uma
característica e a outra aproveitou a outra característica. Tese de Humberto Teodoro Junior era aproveitar as
duas características, execução ser de ofício e ser apenas uma fase do processo de conhecimento.

Houve mudança.
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Reforma trabalhista trouxe mudança no art. 878, modificando substancialmente essa técnica.

Antes da reforma existia execução de ofício para todas as execuções. Poderiam ser iniciadas pelas partes, pelo
interessado. Mas juiz podia iniciar todas de ofício.

Agora, permanece execução de ofício, mas só nas causas em que partes não estiverem acompanhadas de
advogado.

E criaram art. 878-A.

Art. 878-A. Faculta-se ao devedor o pagamento imediato da parte que entender devida à Previdência Social,
sem prejuízo da cobrança de eventuais diferenças encontradas na execução ex officio.

Roberta não vê como ruim essa modificação. Foi inteligente. Em causas em que não tem advogado, mantém
execução de ofício. Nas outras, exige-se do advogado conhecimento pleno disso. Crítica: nessas causa em que
há advogado, qual característica que vai sobrar da execução “per officium iudicis”? Nenhuma.

Processo sincrético cível só aconteceu porque houve aproximação do processo civil com processo do trabalho.
Não tem nada a ver. O que há de comum é a causa remoto. Processo civil não se aproximou do processo do
trabalho, se aproximou da execução “per officium iudicis”.

3) FONTES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Fontes materiais: teoria kleiniana pura, estado novo.

Existem dois tipos de fontes formais do DPT:

o LEI EM SENTIDO LATO

- CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988

Traz um tronco comum dos princípios e garantias constitucionais aplicados a todo e qualquer ramo
processual (ex.: ampla defesa; contraditório...).

Além do mais, existem dispositivos específicos sobre processo do trabalho

– arts. 111 à 116.

O fato de aplicarmos CF no processo do trabalho tem a ver com adotar eixo estruturante da processualidade
democrática. Mas escola instrumentalista também aplica CF: falam em contraditório, ampla defesa,
fundamentação: tudo na CF. Quer dizer que também tem como fonte primordial a CF? Tem sim. Ambas as
escolas adotam CF como fonte formal primordial do processo. As duas escolas tem a fonte formal primordial
na CF. O problema está na filosofia do decidir. É a decisão judicial. A decisão judicial da escola paulista é
aquela decisão do juiz considerado super-homem, ‘justiceiro’. A escola instrumentalista é aquele juiz que vai
atrás da prova, que quer condenar, que quer fazer justiça. Não é a justiça que devemos buscar. No modelo
constitucional de justiça o que se tem em mente é tentar incutir no processo a construção democrática da
jurisdição. Processo é locus privilegiado onde se pratica a democracia. Na escola paulista o problema do
autoritarismo não se resolve. Problema é que os críticos se aproveitam das críticas para tirar garantias do

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empregado. Não é que mais pobre tenha que ficar sem defesa, é juiz que não pode fazer defesa, tem que
ter alguém para fazer defesa.

Justiça paulista: sob pretexto de buscar justiça, de instaurar processo célere, de defender hipossuficiente. São
objetivos que não são criticáveis, são objetivos nobres, que tem que ser buscados, mas não pelo juiz. Esse
povo aplica CPC de maneira não subsidiária muitas vezes. As vezes CPC é aplicado como fonte primordial,
primária. Argumento: CLT pode até descrever procedimento, mas procedimento da CLT não é bom, o do CPC
é melhor. O Estado-juiz desrespeita o Estado-legislador ao fazer isso. Juiz quando aplica CPC como fonte
primária desrespeita Estado de Direito. Isso chama de processo de civilização do processo do trabalho.

Roberta fala que como fonte subsidiária tem seu valor, mas como fonte subsidiária.

- CLT PROCESSUAL:

Quando se fala da “CLT processual”, se fala em 4 títulos, precisamente. Lembrando que os títulos dos itens 3
e 4, são criações recentes, e não são especificamente sobre processo, mas têm um alto impacto processual.

1. Título X – título procedimental


2. Título VIII – competências e atribuições da JT: Está bem defasado, pois, após CF/88, muitos dispositivos
desse título entraram em conflito com a mesma, e, consequentemente, não foram recepcionados por
ela
3. Título VI-A – comissões de conciliação prévia
4. Título VII-A – das provas de inexistência de débitos trabalhistas

A norma infraconstitucional está em grande parte na CLT. Ela tem vários títulos que são afeitos ao processo.
O principal deles é o título X, que tem o nome “do processo judicial do trabalho” - esse título abarca dos artigos
763 a 910.

Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do
trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.

O CPC é uma das fontes do DPT, mas é fonte subsidiária da DPT.

CPC → fonte subsidiária → casuística.


CLT → fonte primária → genérica.

Para a aplicação deve haver ausência de incompatibilidades em relação à CLT.

- ALGUMAS LEIS EXTRAVAGANTES

Ex.: Lei nº 5584/70 – é uma lei que previu um procedimento novo para a JT, chamado de procedimento
“sumário”.

o COSTUMES
Sabendo que, costume se trata de uma prática reiterada, na qual, às partes entendem como sendo
obrigatória. - Arts. 893, §1º44 + 795, CLT = “protesto em audiência” - Art. 847, CLT – “defesa escrita”

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20/09/2018 – Nem vim na aula. Participação especial Isabella Souza

- OMISSÕES NA CLT E APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DE FONTES

O CPC é fonte, mas é fonte subsidiária, ao passo que a CLT é fonte primária.

A própria CLT trouxe 2 requisitos para que CPC pudesse ser aplicado ao processo do trabalho. Esses
requisitos estão no art. 769 da própria CLT.

Diz que o direito processual comum será aplicado ao processo do trabalho desde que:

1º) a CLT seja omissa;

2º) não haja nenhuma incompatibilidade do dispositivo processual do direito processual comum e da CLT.

Requisitos: Omissão da CLT e ausência de incompatibilidades em relação à própria CLT. A existência de lacunas
na CLT é um dos requisitos para que direito processual comum possa ser aplicado. Por que direito processual
comum e não direito processual civil? Alguns doutrinadores entendem que estava abarcando qualquer seara
processual que não fosse a trabalhista. Roberta prefere passar a largo dessa discussão e tratar mais
especificamente do direito processual civil, que tem maior adaptabilidade ao processo do trabalho. Na
realidade prática, as maiores situações de aplicação subsidiária são do CPC.

O dispositivo do direito processual civil que vai ser aplicado para resolver algum problema que CLT não resolve
não pode ser incompatível com direito do trabalho.

São 167 artigos apenas que falam sobre procedimento, do título X da CLT. No CPC tem mais de 1000. CLT tem
número reduzido de artigos não conseguindo dar conta nem dos seus próprios procedimentos. Tem muitas
lacunas.
EX: Na execução trabalhista (execução trabalhista tem apenas 18 artigos na CLT) quantos disciplinam a
penhora? 01 (um). No CPC tem um título inteiro só para disciplinar a penhora. Existem problemas que
acontecem comumente na execução trabalhista na fase da penhora.
Depois da penhora, oficial de justiça, já tendo restrição dos bens, pode acontecer de o executado embargar a
penhora. Se quiser fazer isso em execução trabalhista não vai ter nenhum dispositivo na CLT para disciplinar
os embargos à penhora.
EX: Paulo é executado na justiça do trabalho. Único meio de defesa é impor embargos. Oficial de justiça levou
bens que não eram de Paulo, bens que ele tinha apenas a posse. Em casos de omissão da CLT entra em cena
CPC como fonte subsidiária. O Paulo precisou embargar a penhora: A forma, o prazo, o conteúdo dos
embargos não tinha disciplina na CLT, e ele precisava dessas informações. No caso dele, ele recorre ao CPC,
aplica o CPC subsidiariamente.

EX: Thaís é empregadora em outro processo, em processo de conhecimento ainda, apresentando defesa.
Paulo e Thaís são amigos e ele conta que aplicou subsidiariamente no processo dele. Ela pensa que quando
for para penhora ela aplica o CPC. Não é imediatamente a aplicação. Há que haver ambos os requisitos.
Pode ser que no processo em que ela é parte os atos se desenvolveram de forma diferente, outros fatores
precisam entrar nesse cálculo. Única certeza que Thaís pode ter é que CLT é omissa quanto aos embargos à
penhora, mas não pode ter certeza de que CPC vai ser aplicado ao caso dela.

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O dispositivo do CPC que no processo de Paulo teve ausência de incompatibilidade, no processo de Thaís pode
ter incompatibilidade.
- E SE NÃO APLICAR O CPC, APLICAMOS O QUE?

“Direito processual comum”. Tem diploma normativo bastante aplicado no processo do trabalho, que é a Lei
de Execuções Fiscais.
Art. 889, CLT → Execução. LEF / CPC.

No que tange à execução tem artigo específico, que determina que a fonte subsidiária primária é a Lei de
Execuções Fiscais, só depois pode se buscar o CPC ou qualquer outro diploma processual.

Na fonte primária, aplicação dela é de maneira abstrata. Para a generalidade de todos os processos do direito
do trabalho.
A fonte subsidiária não. Quando é aplicada, é aplicada para caso concreto.

O CPC tem aplicação casuística, até porque depende da análise dos dois requisitos que falamos acima,
cumulativamente. Já a CLT, a aplicação dela é genérica, comando é abstrato.
Vem acontecendo civitização do processo do trabalho.
A impugnação do autor quanto a fatos alegados em defesa pelo réu: No processo civil – quando o réu
apresenta fatos novos, que não foram alegados pelo autor na inicial – admite-se a impugnação.
15 dias para impugnar. A impugnação é algo que não existe na CLT. Porque foi omissa? Ela não foi omissa, foi
de propósito. Quando fala de omissão não é o silêncio proposital. CLT não tem nenhuma disposição sobre
impugnação porque procedimento trabalhista foi criado para se desenvolver todo em uma audiência só. Se
quiser impugnar vai impugnar na hora, oralmente. Pessoas falam que já que CLT é omissa, vai suspender
audiência, dar prazo de 15 dias para autor, conforme CPC, para impugnar.
Processo do trabalho tende a perder suas características quando se aproxima da disciplina do processo civil.
Errado fazer do CPC fonte primária, principalmente quando é caso de silêncio eloquente.
- HETEROINTEGRAÇÃO & INTEGRAÇÃO.

Heterointegração: Roberta não gosta dessa expressão, quando pega Carnelutti, Maria Helena Diniz, Bobbio:
utiliza-se meios que não a lei, mas outros mecanismos diversos, como costumes.
Para Roberta o nome mais adequado é integração. Que é situação de supressão de lacuna, em que recorre a
outra lei para suprir lacuna de outra lei.

Linha de tempo:
o CLT (1943) – CPC/73 (1973): Cláusulas de barreira (de contenção): Estava em vigor CPC de 1939, que
era mais formalista. Achavam que as incompatibilidades eram inúmeras. Nesse período não houve
tanto problema. Requisitos do art.769 eram considerados cláusulas de barreiras, cláusulas de
contenção.
o CPC/73 – 2006: Tese mitigação da regra integrativa (omissão): CPC/73 era muito menos formalista,
previa procedimento muito mais rápido. Aí que começou o problema.
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CPC muda e CLT continua a mesma. Processo civil se torna mais ágil e CLT continua a mesma.

Isso permaneceu até 2006.

Nesse período em que CPC foi muito aplicado ao processo do trabalho – para justificar eles falavam
que processo civil estava mais rápido.
E quando CLT não fosse omissa? Ela tinha disciplina específica, mas CPC disciplinava de maneira mais
ágil. Criaram tese: Lançaram uma tese de mitigação da regra integrativa. Eles particionavam os dois
requisitos. Não há incompatibilidade, CPC consegue tornar processo do trabalho mais ágil. E passavam
ao largo do 1º requisito. Mitigação no requisito da omissão. Nas situações em que CLT tinha dispositivo
específico era aplicado CPC. Não tinha segurança jurídica. Entrava como litigante e não sabia qual
procedimento juiz ia aplicar.

o 2006 - … :Tese das lacunas ontológicas e axiológicas da CLT: Luciano Ataíde Chaves, Maria Helena
Diniz e Carlos Henrique Bezerra Leite.

2006/2007 começou a se desenvolver outra teoria. De 2006 para frente mudaram a teoria: Tese das
lacunas ontológicas e axiológicas da CLT.

Carlos Henrique Bezerra Leite foi na onda: Teórico responsável por essa mudança foi juiz do trabalho
e professor da Federal do Rio Grande do Norte chamado Luciano Ataíde Chaves.
Luciano Ataíde Chaves se baseou em Maria Helena Diniz
Existe livro da Maria Helena Diniz que chama “As Lacunas do Direito”. Ela fala que existem 3 tipos de
lacunas no direito:
i. as lacunas normativas (lei não traz disciplina necessária; omissão na letra da lei) (quando CLT
não disciplina embargos à penhora);
ii. as lacunas ontológicas (lei não acompanhou velocidade da sociedade; lei ficou parada no
tempo e sociedade evoluiu; há lei sobre determinada situação, mas como ficou parada no
tempo, na realidade atual ela não é adequada, suficiente) (é decorrente do envelhecimento da
lei);
iii. as lacunas axiológicas (há lei, mas aplicação dessa lei pode levar à injustiça).
Começou-se a fazer leitura das lacunas da CLT de acordo com tipologias da Maria Helena Diniz. Quando
lei era velha ou injusta podia aplicar CPC: O problema aqui é a questão da segurança jurídica. Essa
insegurança jurídica permaneceu. Mudou a abordagem teórica, mas a insegurança permaneceu.
Essa tese apenas maquia fato da omissão ser requisito que continua sendo mitigado. E não dá solução
para problema da insegurança jurídica.
CLT é lacunosa. Como resolve esse problema. Colocar CPC e CLT nos seus devidos lugares,
considerando preciosismo conceitual das fontes. Assume que CPC é fonte subsidiária e enquanto tal
tem aplicação casuística: Se CPC vai ser aplicado, é naquele caso concreto. Há que se fazer análise
casuística.
Distinguir o que são omissões e o que são silêncios eloquentes. Isso faz casuisticamente, naquele caso
concreto.
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Apego às terminologias, ao conceito, é a melhor solução de que dispomos agora para começar a
solucionar problema.

Resumo:
Desta forma, tratar o CPC e a LEF como fontes do DPT não é lógico, sabendo que, fontes são um limbo donde
se emana algo e que se pode recorrer sem requisito algum. Mas, a doutrina e os juízes trabalhistas, de modo
geral, entendem que o CPC e a LEF são sim fontes do DPT.
Desde quando a CLT foi promulgada, os dois artigos supracitados já existiam, e o CPC vigente era o de 193950,
aliás, sua característica mais marcante era o “formalismo”. Tal apego ao formalismo fazia com que às causas
cíveis não fossem céleres. Daí, adveio a CLT determinando que o CLT seria aplicado subsidiariamente para
suprir lacuna. Não obstante, a CLT já em sua gênese primava pela celeridade, então, aplicar este CPC/39 não
seria um retrocesso?! Por conta deste contexto histórico, os doutrinadores liam os requisitos do artigo 769,
como se fossem “cláusulas de barreira”, ou seja, seriam requisitos que precisavam ser cumpridos para que a
integração acontecesse. Ao passo que, entendiam que a mesma só poderia se dar como a “ultima ratio”.
No entanto, esta visão permaneceu até por volta de 1973, pois, neste ano houve a promulgação de outro
CPC, sendo este muito menos formalista que o seu anterior, prezando pela celeridade. Assim, já passaram a
conceber como vantajosa aplicação subsidiária do CPC. Deste modo, a partir de 1973 surge a chamada “tese
da mitigação da regra integrativa”, na qual, se defendia a flexibilização/mitigação do critério da omissão da
CLT. Ademais, esta tese ganhou força ainda maior em 1992, 2005 e 2006, anos que houveram reformas no
processo civil, reformas nas quais aumentaram ainda mais a celeridade no processo cível.
A partir de 2006 houve uma mudança de rumos na doutrina e, por conseguinte na própria jurisprudência,
insurgiu-se a tese das lacunas ontológicas e axiológicas da CLT. O autor desta tese foi o Professor Luciano
Athayde Chaves. Este autor buscou como arcabouço teórico, segundo ele, a Maria Helena Diniz, porque ela
classifica os tipos de lacunas do direito – omissões normativas; omissões ontológicas; e omissões axiológicas.
Então, ele usou desta classificação para dizer que o requisito da omissão do 769 pode ser lido de três maneiras
– sob um prisma normativo; sob um prisma ontológico; ou sob um prisma axiológico, sendo qualquer um
deles válidos. Assim, chegou a concluir que o requisito da omissão poderia ser lido também diante de um
prisma ontológico, não tão somente normativo. Contudo, resolve-se um problema teórico e criou-se um
problema prático, pois, começaram a aparecer decisões diversas – falta de uniformidade nos provimentos
jurisdicionais. Então, qual seria a solução para o problema? Só Deus sabe.
No NCPC (2015), não houve mudança dessa situação, porque a maioria das regras foram mantidas, além disso,
outras normas foram acrescentadas para muni-lo de mais celeridade. Porém, houve uma preocupação
específica, a partir de 2015, justamente por conta do artigo 15;
“Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições
deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.”
Porém, por mais que se sugira que o artigo 15, por ser lex posteriori, tenha derrogado o artigo 769, isso não
faz jus a lógica do critério da especialidade, tendo em vista que, o artigo 789 é lei especial neste contexto
trabalhista.

4. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.


É importante ter esse conhecimento até para que possamos entender a Justiça do Trabalho hoje em dia.

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Brasil → 1939 → CLT
França → 1806 → CONSEILS DE PRUD’HOMMES.
Itália → 1800 → PROBIVIRI.

A Justiça do Trabalho no Brasil começou em 1939.Em outros países institutos bem similares à Justiça do
Trabalho, com juízes que julgavam questões trabalhistas eram muito mais antigas.
Na França Justiça do Trabalho começou em 1806, logo depois da Revolução Industrial. Na França essa Justiça
do Trabalho tinha um nome, era chamada de conseils de prud’hommes (conselho de homens prudentes).
A Justiça do Trabalho começou na Itlália em 1800. Na Itália o nome era probiviri (prudentes). Na Itália não
existe mais Justiça do Trabalho. Lá a solução de conflitos trabalhistas cabe ao juiz comum e tem procedimento
específico descrito no código de processo civil.
o 1939 → Decreto Lei 1237/39 → Justiça do Trabalho = Poder Executivo.

Em 1939 veio um Decreto Lei, Decreto Lei 1237/39, que instituiu a Justiça do Trabalho no Brasil. Em 1939 já
estávamos no Estado Novo, Congresso já estava dissolvido, foi promulgado por Getúlio Vargas, foi um corpo
normativo criado por comissão de juristas, comissão de notáveis.
o 1937 → Constituição → Menção à Justiça do Trabalho (lei).
Em 1937 tivemos a Constituição e ela foi outorgada por Vargas e foi formulada por comissão de juristas, de
notáveis. Essa CF trazia dispositivo que dizia que a Justiça do Trabalho teria competência para os dissídios
trabalhistas e organizadas na forma da lei. Havia menção à Justiça do Trabalho, só que delegava à lei a
disciplina, a institucionalização da Justiça do Trabalho como um todo. Acompanhado de outro dispositivo que
os poderes do congresso seriam dissolvidos e delegados temporariamente ao Presidente da República. Por
isso organização da Justiça do Trabalho veio por meio de Decreto-Lei e não por lei.
A Justiça do Trabalho foi instalada em 1939 e não foi instalada no Poder judiciário, mas sim instalada no Poder
Executivo.
A Justiça do Trabalho foi vinculada ao Poder Executivo. Os julgadores que faziam parte da Justiça do Trabalho
não teriam as mesmas garantias que juízes que faziam parte da magistratura tinham. Era um órgão do Poder
Executivo, sendo assim foi até 1946.
o 1946 → Decreto Lei 9797/46 → Justiça do Trabalho = Poder Judiciário.
Constituição.
Em 1946 veio outro Decreto Lei, Decreto Lei 9797/46 que transferiu a Justiça do Trabalho para o Poder
Judiciário. Foi o último respiro do Estado Novo. Em 1946 tivemos CF, que apenas repetiu o que Decreto tinha
feito 2 meses antes.
o Composição paritária.
1 juiz togado.
1 juiz classista (empregados) – 2 anos.
1 juiz classista (empregadores) – 2 anos.

Porque paritária? A Justiça do Trabalho não era formada só por julgadores com conhecimento jurídico. Faziam
parte também da Justiça do Trabalho juízes leigos, juízes classistas.
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3 juízes: Um juiz chamado de togado, que tinha formação jurídica; um juiz classista leigo pelo lado dos
empregados; e um juiz classista pelos empregadores.
Os classistas não eram concursados, eram eleitos pelos sindicatos das categorias.
O juiz togado tinha mandato permanente e os classistas eram temporários, 2 anos.
Os classistas recebiam os mesmos subsídios que os togados.
Quando isso mudou? Pela EC 24/1999. emenda à CF/88.
o EC 24/1999 → CF/88 → extinção da justiça classista.

Foi extinta a justiça classista. Hoje não temos mais composição paritária. Previsão de magistrados
concursados…

24/09/2018 – Aula 9: tem uma vida que eu não venho nesta aula

5. A JUSTIÇA DO TRABALHO E AS FORMAS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS TRABALHISTAS

A. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

A maior parte dos dispositivos estão na Constituição Federal.

CF

Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:

I - o Tribunal Superior do Trabalho;

II - os Tribunais Regionais do Trabalho;

III - Juízes do Trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional 24, de 1999)

Equívoco do dispositivo: na verdade, os órgãos deveriam incluir os juízos do trabalho ao invés de juízes
porque os juízes são os agentes que estão dentro dos órgãos.

Há alguns importantes na CLT também:

Art. 644. São órgãos da Justiça do Trabalho:

a) o Tribunal Superior do Trabalho;

b) os Tribunais Regionais do Trabalho;

c) as Juntas de Conciliação e Julgamento ou os Juízos de Direito.

No dispositivo da CLT há uma diferença em se tratando da primeira instância. Na redação dada em


1946, há as juntas de conciliação e julgamento. Juntas é no sentido de serem órgãos colegiados
compostos por mais de um agente. Remete a composição paritária da justiça do trabalho. Desde o
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momento em que ela foi instituída foi feita uma composição paritária em todas as suas instâncias. Ou
seja: os órgãos eram compostos por 3 juízes: o togado e dois juízes classistas, que equivale aos juízes
leigos atualmente. Os juízes classistas não tinham mandados indeterminados. Os classistas tinham
mandados temporários de 3 anos, sendo permitida uma recondução.

O fato da justiça do trabalho ser uma justiça com composição paritária fez com que o órgãos da
primeira instância fossem diversos. Os da segunda e terceira não mudaram.

Só com a EC 24/99 houve essa modificação, já sob a vigência da Constituição. Quando a justiça classista
se extinguiu, a redação do 644 da CLT deveria ser alterada, mas não foi. Uma nova redação deveria ter
sido dada em 1999.

Juízos de direito são os juízes da justiça comum. É possível em 2018 chamar um juiz de direito para
julgar uma LIDE trabalhista? Não.

A CLT traz ‘ou juízes de direito’. A CLT prevê uma situação em que a Constituição versa de forma
diversa. Há uma inconstitucionalidade?

Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua
jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.

Nas localidades não abrangidas por jurisdição trabalhista, é possível encaminhar LIDES para os juízes
de direito. Essa redação é atual e está de acordo com a Constituição. A única parte do artigo que
merece uma reformulação é a que diz respeito as juntas de conciliação e julgamento. A primeira
instância em Viçosa já abrange uma jurisdição trabalhista, mas a vara do trabalho em Viçosa foi criada
em 2012. Antes disso, havia aqui um posto avançado, que tinha que partiu de outra vara. Partia da
Vara do Trabalho de Ponte Nova. Em Ponte Nova ela existe desde 1978. Em 2009 criou-se o posto
avançado em Viçosa.

Quando era possível os juízes de direito terem conhecimento de ações trabalhistas? Antes de 1978,
uma vez que Ponte Nova continha Viçosa como uma jurisdição trabalhista. Trata-se de uma
competência residual. Em Viçosa não é possível, mas devem existir lugares no Brasil que não são
abarcados pela justiça do trabalho.

CRONOLOGIA

▪ Junta de Conciliação de Ponte Nova - Lei 6.563 de 19/09/1978

▪ Vara do Trabalho de Ponte Nova – EC 24, de 09/12/1999

▪ Posto Avançado de Viçosa - RA 26 de 04/02/2010

▪ Vara do Trabalho de Viçosa - Lei 12.616, de 30/04/2012

Viçosa, Cajuri, Canaã, Coimbra, Paula Cândido, Pedra do Anta, Porto Firme, São Miguel do Anta,
Teixeiras

✓ TST

CF

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Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre
brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber
jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria
absoluta do Senado Federal, sendo:

I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do
Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no
art. 94;

II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da


carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.

São 27 ministros, sendo um 1/5 provenientes da advocacia e do Ministério Público do Trabalho e 4/5
provenientes de juízes da carreira.

Na época da composição paritária, havia os mesmos 27 ministros sendo 10 classistas e 17 togados


(onde incidia o quinto constitucional). Havia a composição paritária aqui também, havendo apenas em
1999 a extinção da justiça classista. Com a extinção, os dois ministros classistas saíram e ficaram 17.
Apenas em 2004 com a EC 45 o número voltou a ser 27.

EC 45/2004 trouxe vários impactos para a justiça do trabalho. A emenda criou dois órgãos que
funcionam juntamente com o TST: ENAMAT (Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
magistrados do trabalho) e CSJT (Conselho superior da Justiça do Trabalho). A ENAMAT coordena os
cursos de promoção e progresso de carreira. O CSJT faz um papel semelhante ao do CNJ (supervisão
administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho).

CF

Art. 111-A. [...]

§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:

I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe,


dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;

II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão


administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo
graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.

O TST também tem normas de organização e funcionamento em seu regimento interno. Lá se encontra
a organização do TST, como a organização em um órgão pleno, órgão especial. Há 8 turmas, a sessão
especializada em litígios coletivo, sessão especializada em litígios individuais. Cada turma tem 3
ministros, de forma que o presidente, vice-presidente e corregedor não se enquadram aqui.

✓ TRT

A redação anterior do artigo 112 trazia que cada estado deveria trazer um TRT. Com a emenda 45 nem
todos os estados tinham o seu próprio TRT. Perceberam que não haveria orçamento para colocar um
TRT em cada estado. A justiça federal conta com 5 órgãos. A justiça do trabalho tem 24 TRTs. Há

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regiões formadas por mais de um estado. Minas Gerais corresponde perfeitamente a sua região: 3ª
Região.

A 8ª região abrange Pará e Amapá. A 10ª região abrange Amazonas e Roraima. A 14ª abrange Rondônia
e Acre. Em São Paulo há a 2ª região: capital e a 15ª região Campinas.

Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados,
quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros
com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:

I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do
Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no
art. 94;

II - os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento,


alternadamente.

Composição dos TRTs, com no mínimo 7 juízes. Em Minas, a composição conta com 48 juízes

✓ JUÍZOS DO TRABALHO

Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular.

Ênfase para o termo singulares, que demonstra que não se trata mais de órgão colegiado. Hoje o
ingresso é por concurso público unificado. O concurso é feito por uma única empresa em todo o Brasil.

27/09/2018 – I lost focus. Participação especial Isabella Souza

B. FORMAS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS TRABALHISTAS

Ao falar de solução de conflitos, lembramos de uma classificação que divide os tipos de solução de
conflito: autotutela, autocomposição, heterocomposição. As três cabem para os conflitos
trabalhistas?

o Autotutela é a solução que se dá por meio do uso da força. O mais forte impõe sua vontade
sob o mais fraco.

EX: Desforço imediato daquele que invadiu a posse.

A literatura quando tenta exemplificar a autotutela na seara trabalhista tem dificuldade.


Tentam encontrar exemplos e colocam a greve como um exemplo, mas a greve inicia o ciclo
mas não é capaz de terminá-lo. Profs não acredita que a greve seja. A greve é um gatilho que
vai instigar as partes em conflito a se autocomporem por meio da negociação coletiva.

o Autocomposição é a situação em que não temos o emprego da força, mas sim os conflitantes
ambos com capacidade para chegar a solução. Há um interesse de solucionar o conflito. É
desse interesse comum que nasce a solução do conflito. Na área trabalhista, nós temos a
negociação coletiva, em que as categorias chegam a solução do conflito coletivo. Quando o
processo de negociação acontece os conflitos coletivos são resolvidos. Tradicionalmente se
fala que a autocomposição tem 3 espécies: A renúncia, a submissão e a transação. Em um
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conflito, sempre há alguém que crê haver um direito e alguém que resiste. Não há emprego
de força, os sujeitos conversando, negociando.

o Heterocomposição se dá toda vez que há um terceiro, fora do conflito, e por essa atuação do
terceiro se chega a uma decisão. A jurisdição entra aqui. O terceiro é o Estado, representado
pelo agente público do juiz. Já que estamos no modelo constitucional do processo, não
podemos fazer conciliações no processo como na lógica Kleiniana. A conciliação não se encaixa
aqui perfeitamente porque na heterocomposição. Este terceiro deveria instigar a parte a
fazerem acordo. Porém, o juiz simplesmente impõe a solução. Tanto a mediação, quanto a
conciliação estão aqui, mas a participação do terceiro não é a mesma. Na conciliação o juiz
impõe. Na mediação não há o poder de impor. Ambas estão na mesma classificação.

Consideramos ambas heterocomposição somente porque há a figura de um terceiro.

Existe também nos conflitos trabalhistas a possibilidade da conciliação extrajudicial, com a


presença de um terceiro. Comissões de conciliação prévia.

Profs acha que deveriam haver mais conciliação na vigência do contrato de trabalho.

o E a Arbitragem?

LEI 9 307/96

Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios
relativos a direitos patrimoniais disponíveis.

Direitos trabalhistas não são direitos disponíveis. A arbitragem não cabe. Há autores que
defendem o uso na arbitragem no âmbito trabalhista, mas a profs não concorda.
Autoempregados e pessoas cujo contrato já se extinguiu.

- CCPs

Instituídas por meio da Lei 9958/00, inserindo na CLT algumas normas. Ela criou um título novo que não existia
na CLT. Ela criou o título VI A.

Art. 625-A. As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de composição
paritária, com representante dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os
conflitos individuais do trabalho.

Parágrafo único. As Comissões referidas no caput deste artigo poderão ser constituídas por grupos de
empresas ou ter caráter intersindical.

Meu irmão me perguntou pq não deveria votar no NOVO. Nesse momento eu perdi o foco na aula e fui
responder ele.

Roberta trouxe alguns destaques:

Art. 625-A. Artigo que inauguro Título VI-A. Em 1999 acabou composição paritária. No ano seguinte criou
comissão de composição paritária, que se assemelha em certa medida a aquilo que foi extinto.

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Existem 3 tipos de comissões de conciliação prévia:
✓ CCP constituídas no nível dos sindicatos
✓ CCP constituídas no nível das empresas
✓ CCP constituídas no nível nos grupos de empresas ou de caráter intersindical (vários sindicatos).
A composição paritária existe nos 3 níveis. No caso das empresas, o empregador quer instituir CCP no âmbito
das empresas. Vai colocar representantes dos empregados e do empregador. Como vai se dar escolha?
Empregados indicarão representantes e empregador indicará representante dele, e representante dele será
outro empregado….
- ESTABILIDADE DOS EMPREGADOS REPRESENTANTES NA CCP

Esse empregado que foi escolhido pelos colegas, qualquer atuação mais incisiva pode ser dispensado por justa
causa? O empregado que é representado escolhido pelos seus colegas, pelos seus pares, tem estabilidade no
tempo do mandato e um ano após. Estabilidade provisória. Não tem estabilidade empregado que é escolhido
pelo próprio empregador.

- PONTOS POSITIVOS E PROBLEMA DAS CCP


Pontos positivos: Existe elevado nº de processos. CCP como forma de desafogamento do judiciário trabalhista.
Esse é um ponto positivo elencado para justificar CCP. Pode ser que vai ser mais célere. A cultura da litigância
e Cultura de resistência no processo do trabalho faz com que os sujeitos não estejam em pé de igualdade,
seja porque direitos são indisponíveis, seja porque tem relação de subordinação. Há uma desigualdade
jurídica.
Partindo desse pressuposto de que sujeitos não estão em pé de igualdade, vocês acham que CCP no âmbito
de empresa pode dar certo? No emprego, se você tem de um lado empregado e de outro empregador, não
tem como tirar subordinação, a autonomia de vontade do empregado é limitada, sofre restrições e em alguns
momentos é anulada. Quem tem maior autonomia de vontade vai exercer sobre quem não tem.
A CCP é uma ideia boa por ser anteparo ao grande nº de processos, por fugir de cultura de litigância, por trazer
celeridade. Mas esquece que na relação de emprego tem sujeitos em desequilíbrio.
A CCP não caiu no gosto do povo. Hoje em dia quase não existe CCP constituída.

Art. 625-D. Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia se,
na localidade da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do
sindicato da categoria. [...]

§ 2º Não prosperando a conciliação, será fornecida ao empregado e ao empregador declaração da tentativa


conciliatória frustrada com a descrição de seu objeto, firmada pelos membros da Comissão, que deverá ser
juntada à eventual reclamação trabalhista.

§ 3º Em caso de motivo relevante que impossibilite a observância do procedimento previsto no caput deste
artigo, será a circunstância declarada na petição da ação intentada perante a Justiça do Trabalho.

Se existe uma CCP instituída e se ela conheceu do conflito, se o conflito não for resolvido será dado termo
atestando isso para que posteriormente empregado acione na justiça empregador e ele precisa informar na
petição inicial porque não foi resolvido conflito na comissão e, se ela não existia, porque não foi levada a alguma
comissão. Na prática real ninguém menciona isso.
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- OBRIGATORIEDADE

ADIs 2139-7/2160-5/2237 → 01/08/2018.

A decisão dessas ADIs reconheceu que, embora as CCPs não sejam obrigatórias, §3º não é inconstitucional.

Art. 5º [...] XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

- EFICÁCIA LIBERATÓRIA GERAL DO TERMO DE CONCILIAÇÃO.

Art. 625-E. Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo empregado, pelo empregador ou seu
proposto e pelos membros da Comissão, fornecendo-se cópia às partes. Parágrafo único. O termo de
conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas
expressamente ressalvadas.

Conflito foi levado a uma CCP: Conciliação logrou êxito, termo assinado pelas partes, entregue cópia para cada
um. Imagine que no termo não tenha sido feita ressalva alguma. Empregado, posteriormente, ingressando com
ação trabalhista em face do empregador, cobrando verba que não foi sequer discutida na conciliação, mas
termo não tem ressalva. Empregado munido de termo que não tem ressalva, pode ingressar na justiça
novamente? Isso aconteceu na prática e deu problema. Tem um julgamento feito por Godinho, que ele foi
relator em embargos ao TST… Colocou que embora não concorde, vencido no posicionamento dele, vai julgar
conforme posicionamento que Sessão de Dissídios Individuais…
Sessão de Dissídios Individuais I considera que não haveria possibilidade de ingresso para esse empregado
porque termo não tem ressalva. Se quisesse ingressar na justiça do trabalho depois, teria que ter feito ressalva
que, por exemplo, hora extra não havia sido discutida. Como não tem ressalva considera que termo tem
eficácia liberatória geral. Para Godinho haveria possibilidade de ingresso na justiça com termo sem ressalvas,
e ressalva não foi colocada porque empregado não sabe lei.Crítica: a conciliação deveria ser sobre direitos, só
que juízes não tem preparo, vão discutir valor.
- JURISDIÇÃO TRABALHISTA.

INDIVIDUAL → DISSÍDIOS INDIVIDUAIS

NORMATIVA → DISSÍDIOS COLETIVOS

METAINDIVIDUAIS → INTERESSES METAINDIVIDUAIS

Existem 3 formas pelas quais jurisdição trabalhista é exercida: jurisdição individual; jurisdição normativa ou
sistema normativo da justiça do trabalho; jurisdição metaindividual.

✓ O individual cuida dos dissídios individuais (é o que vamos tratar na próxima aula).
✓ O normativo cuida dos dissídios coletivos, relacionados ao direito coletivo de trabalho (não é tratado
nessa disciplina)
✓ O metaindividual aos interesses metaindividuais (falaremos rapidamente).

01/10/2018
6. MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

A. O MP NA CF/88

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A CF/88 é um divisor de águas na história do Ministério Público, tendo em vista que trouxe algumas mudanças
para essa instituição. Primeiramente, pode-se ressaltar a autonomia institucional, haja vista que, antes da
CF/88, ele era vinculado/atrelado ao Poder Executivo, já pós-CF/88, ele foi considerado como uma instituição
independente, permanente, e essencial a função jurisdicional do Estado.

B. O MPT

Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis.

§ 1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência


funcional.

§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o


disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares,
provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de
carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. § 3º O Ministério Público elaborará sua
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.

Art. 128. O Ministério Público abrange: I - o Ministério Público da União, que compreende: a) o Ministério
Público Federal; b) o Ministério Público do Trabalho; c) o Ministério Público Militar; d) o Ministério Público do
Distrito Federal e Territórios; II - os Ministérios Públicos dos Estados.

O Ministério Público comporta divisões dentro da União, dentre elas o Ministério Público do Trabalho,
regulamentado pela Lei Orgânica do Ministério Público da União.

Curioso que também na CLT há um título ‘Do Ministério Público do Trabalho’, porém, há que se destacar que
nenhum deles foi recepcionado pela CF/88, prevendo uma organização diferente da que temos hoje. Não foi
recepcionado e foi substituído pela Lei Orgânica do MPU.

Lei Orgânica do MPU

Art. 85. São órgãos do Ministério Público do Trabalho:

I - o Procurador-Geral do Trabalho; ³

II - o Colégio de Procuradores do Trabalho;

III - o Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho;

IV - a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho;

V - a Corregedoria do Ministério Público do Trabalho; ²

VI - os Subprocuradores-Gerais do Trabalho;

VII - os Procuradores Regionais do Trabalho;

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VIII - os Procuradores do Trabalho. ¹

Art. 86. A carreira do Ministério Público do Trabalho será constituída pelos cargos de Subprocurador-
Geral do Trabalho, Procurador Regional do Trabalho e Procurador do Trabalho.

Parágrafo único. O cargo inicial da carreira é o de Procurador do Trabalho e o do último nível o de


Subprocurador-Geral do Trabalho.

OBS:

¹ Estes cargos são cargos de carreira.

² São órgãos colegiados.

³ Cuidado para não confundir o procurador geral com o subprocurador geral. O subprocurador é o máximo
da carreira. Procurador Geral do trabalho é nomeado pelo PGR. Ou seja, quem presta concurso do MPT,
chegará até o subprocurador. Somente poderia avançar mais com indicação.Nós não vemos procuradores do
trabalho trabalhando na vara do trabalho.

Art. 112. Os Procuradores do Trabalho serão designados para funcionar junto aos Tribunais Regionais do
Trabalho e, na forma das leis processuais, nos litígios trabalhistas que envolvam, especialmente, interesses
de menores e incapazes.

Parágrafo único. A designação de Procurador do Trabalho para oficiar em órgãos jurisdicionais


diferentes dos previstos para a categoria dependerá de autorização do Conselho Superior.

A maior atuação está junto ao TRT.Podemos perceber que ele somente atuaria em se tratando de ações com
interesses de incapaz, que são pouquíssimas ocasiões, como um menor que trabalha e um estagiário menor.

Art. 214. A designação é o ato que discrimina as funções que sejam compatíveis com as previstas nesta lei
complementar, para cada classe das diferentes carreiras.

Parágrafo único. A designação para o exercício de funções diferentes das previstas para cada classe, nas
respectivas carreiras, somente será admitida por interesse do serviço, exigidas a anuência do designado e a
autorização do Conselho Superior.

Em havendo interesse e anuência do membro do MP, e autorização do conselho superior do MPT podem ser
que trabalhem em lugares diferentes.

Quando falamos que o procurador pode vir atuar em uma vara, ele o fará dentro de um processo em uma
atuação judicial.

Art. 83. Compete ao Ministério Público do Trabalho o exercício das seguintes atribuições junto aos órgãos da
Justiça do Trabalho:

I - promover as ações que lhe sejam atribuídas pela Constituição Federal e pelas leis trabalhistas;

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II - manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo solicitação do juiz ou por sua
iniciativa, quando entender existente interesse público que justifique a intervenção;

III - promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de interesses coletivos,
quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente garantidos;

IV - propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo coletivo ou
convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas ou os direitos individuais indisponíveis dos
trabalhadores;

V - propor as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes e índios,
decorrentes das relações de trabalho;

VI - recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, tanto nos processos em
que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei, bem como pedir revisão dos Enunciados da
Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho;

VII - funcionar nas sessões dos Tribunais Trabalhistas, manifestando-se verbalmente sobre a matéria em
debate, sempre que entender necessário, sendo-lhe assegurado o direito de vista dos processos em
julgamento, podendo solicitar as requisições e diligências que julgar convenientes;

VIII - instaurar instância em caso de greve, quando a defesa da ordem jurídica ou o interesse público
assim o exigir;

IX - promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da paralisação de


serviços de qualquer natureza, oficiando obrigatoriamente nos processos, manifestando sua concordância ou
discordância, em eventuais acordos firmados antes da homologação, resguardado o direito de recorrer em
caso de violação à lei e à Constituição Federal;

X - promover mandado de injunção, quando a competência for da Justiça do Trabalho;

XI - atuar como árbitro, se assim for solicitado pelas partes, nos dissídios de competência da Justiça do
Trabalho;

XII - requerer as diligências que julgar convenientes para o correto andamento dos processos e para a
melhor solução das lides trabalhistas;

XIII - intervir obrigatoriamente em todos os feitos nos segundo e terceiro graus de jurisdição da Justiça
do Trabalho, quando a parte for pessoa jurídica de Direito Público, Estado estrangeiro ou organismo
internacional.

Art. 84. Incumbe ao Ministério Público do Trabalho, no âmbito das suas atribuições, exercer as funções
institucionais previstas nos Capítulos I, II, III e IV do Título I, especialmente:

I - integrar os órgãos colegiados previstos no § 1º do art. 6º, que lhes sejam pertinentes;

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II - instaurar inquérito civil e outros procedimentos administrativos, sempre que cabíveis, para assegurar
a observância dos direitos sociais dos trabalhadores;

III - requisitar à autoridade administrativa federal competente, dos órgãos de proteção ao trabalho, a
instauração de procedimentos administrativos, podendo acompanhá-los e produzir provas;

IV - ser cientificado pessoalmente das decisões proferidas pela Justiça do Trabalho, nas causas em que o
órgão tenha intervido ou emitido parecer escrito;

V - exercer outras atribuições que lhe forem conferidas por lei, desde que compatíveis com sua
finalidade.

Atuação judicial e extrajudicial do MPT.

04/10 – Acá estamos

7. COMPETÊNCIA TRABALHISTA

É importante destacar que o valor da causa não define competência. Define apenas procedimento. Na
fase recursal é importante saber a competência funcional para eu fazer o correto endereçamento e
manda para aquele que é competente.

A. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA

Houve importantes mudanças em 2004 com a EC/45.

- COMO ERA ANTES DA EC/45

A regra principal estava na CF, tendo uma redação diferente da redação que temos hoje. A
Constituição antes se referia a relação de emprego, não a relação de trabalho. Se o conflito diz
respeito a uma controversa oriunda de relação de emprego, já sabemos se é justiça do trabalho. A
Administração Pública pode contratar servidores pela CLT, como por exemplo o Banco do brasil,
Caixa Econômica, Correios.

Outra regra que extraímos é que a Justiça do Trabalho será responsável por julgar litígios em
relação de trabalho, regulamentado na forma da lei. Já tínhamos a CLT que em 3 dispositivos falava
da competência da Justiça do Trabalho para conhecer relações específicas.

Art. 643 - Os dissídios, oriundos das relações entre empregados e empregadores bem como de
trabalhadores avulsos e seus tomadores de serviços, em atividades reguladas na legislação social,
serão dirimidos pela Justiça do Trabalho, de acordo com o presente Título e na forma estabelecida
pelo processo judiciário do trabalho.

§ 3o A Justiça do Trabalho é competente, ainda, para processar e julgar as ações entre trabalhadores
portuários e os operadores portuários ou o Órgão Gestor de Mão-de-Obra - OGMO decorrentes da
relação de trabalho.

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Menção ao trabalho avulso. O trabalho avulso é relação de trabalho, uma vez que podem faltar
elementos configuradores da relação de emprego. Trabalho portuário também definido como
sendo da Justiça do Trabalho.

Art. 652. Compete às Varas do Trabalho:

III - os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o empreiteiro seja operário ou


artífice;

Quando os empreiteiros são pequenos empreiteiros. As pequenas empreitadas também cabem na


Justiça do Trabalho.

- COMO ESTÁ AGORA (PÓS EC/45)

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada


pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da


administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da


lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Esta nova redação guarda semelhança com a redação antiga. No inciso I e IX nós temos a relação
de trabalho na forma da lei, como a redação antiga. O legislador quis dizer redação de trabalho e
emprego ou ele repetiu a relação de trabalho duas vezes porque o quis? O inciso IX é letra morta?
Houve uma briga para interpretar estes incisos.

1. Uma primeira interpretação, chamada de ampliativa do inciso I, defendia que o inciso I levava
a considerações acerca do inciso IX. O Inciso IX então, seria letra morta.

2. No sentido contraposto, ela não era ampliativa. O sentido era que o legislador quis dizer relação
de emprego, e não trabalho. Foi um erro do legislador, de forma que o inciso IX tomaria
sentido. No sentido de abranger mais sentidos.

A corrente que ganhou mais força foi a segunda. Quem pacificou essa briga foi o STF, já que a
interpretação da CF cabe a ele. RE 583955 de 2009. Ou seja, demorou uma vida pra termos um
posicionamento sobre isso. Firmou o entendimento da jurisprudência em torno da segunda correte
doutrinária.

No inciso I, a intenção era dizer relação de emprego. No inciso IX, a intenção é relação de trabalho,
na forma da lei.

Na forma da lei não é apenas para trazer, mas é possível também determinar que certa relação
não será de competência da justiça do trabalho.

Deixou-se na mão do legislador infraconstitucional decidir se a relação será ou não julgada pela
Justiça do Trabalho. Temos exemplos na Lei de falência <3
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Lei de Falências

Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens,
interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas
nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo.

As causas trabalhistas são de competência da justiça do trabalho, apesar do juízo da falência ser
universal. Apesar disso, créditos trabalhistas a serem executados devem ser cobrados no juízo
falimentar. Somente na fase de execução. Ou seja, se o direito já estiver com um valor definido, o
juiz falimentar que atuará na execução de valores. Por isso o STF teve que fazer a modulação.

Os demais incisos são uma ampliação, não precisando de legislação infraconstitucional. Ampliação
do rol de matérias de competência da justiça do trabalho, sem lei infraconstitucional.

OBS: Os artigos mencionados da CLT continuam valendo! Há um projeto de lei tramitando na


câmera dos deputados que busca a regulamentação do inciso IX do artigo 114. A lei
infraconstitucional podem ser várias, de forma que deveremos sempre analisar o que as leis estão
dizendo. PL 6542/2006. Ele está pronto para ser pautado desde 2010.

✓ Cobrança de honorários de profissionais liberais: PL atraí para uma competência da justiça do


trabalho. A doutrina entende pelo sentido contrário, inclusive, há uma súmula do STJ firmando
este entendimento. Ou seja, o novo projeto de lei contraria um entendimento sumular.

SÚMULA 363 STJ

Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional
liberal contra cliente

✓ Prestação de serviços no âmbito da relação de consumo: PL afasta para a competência da justiça


do trabalho. A doutrina entende também pelo afastamento. Não faria sentido a Justiça do
trabalho julgar. Na relação de consumo o hipossuficiente é o consumidor. O consumidor se
beneficia do serviço. Na relação de emprego, temos o empregador e empregado, sendo este
hipossuficiente. Se fosse esta relação para a justiça do trabalho, o fornecedor teria suas
garantias. A solução do PL já existe, mas ele nunca será colocado em pauta.

MATÉRIA DA PROVA ATÉ AQUI. UM ABRAÇO E ATÉ A PRÓXIMA.

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