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ISSN: 2184-125X

Diretor: Hugo Belchior · Número 5 · Dezembro 2018 · Trimestral · Gratuita

Academy
____
Cólica do bebé; Blood Quando os bebés
Flow Restriction; Pilates chegam cedo demais
kids & teens; Treino ____
Funional e Nutrição Por Andreia Rocha

Entrevista É errado pensar que a


Low Pressure Fitness falta de força não é um
problema de saúde!
____
Histórias Por Pedro Correia
de Sucesso
com Nuno Pina

À conversa com

Maria João Alvito


____
“ Está nas suas mãos a oportunidade
de sonhar e realizar-se como
pessoa e profissional.

Índice

p.18

Ficha Técnica ....................................................................................02


Editorial .............................................................................................03

Academy
Cólica do bebé........................................................................................ 04 p.04
Por Sofia Milhano
Ficha Técnica
Blood Flow Restriction........................................................................... 06 Proprietário e Editor: Bwizer Lda.
Por João Noura Morada: Sede Bwizer - Estrada da Circunvalação, 10381, 2.º
direito, 4250-151 Porto (Portugal)
Quando os bebés chegam cedo demais.............................................. 10 NIPC: 508671418
Nº de Registo na ERC: 127039
Por Andreia Rocha Depósito Legal: 433547/17
ISSN: 2184-125X
Se cada nutricionista diz uma coisa diferente em que é que Periodicidade da publicação:Trimestral
devemos acreditar?................................................................................ 12 Diretor: Hugo Duarte Nunes Belchior
Diretor Adjunto: Mónica Marina da Silva Rocha
Por Pedro Carvalho Sede de redação: Estrada da Circunvalação, 10381,
2.º direito, 4250-151 Porto (Portugal)
Pilates kids & teens................................................................................ 14 Tiragem: 500 exemplares
Por Raquel Brandão Tipografia: Susana Monteiro (www.frenteverso.pt)
Morada da tipografia: Rua Abade Correia da Serra, 32, 4460–
208 Senhora da Hora
Treino Funcional: para todos ou só para alguns... ............................. 18 Estatuto editorial:
Por Gabriel Jorge A revista Bwizer Magazine é uma publicação trimestral,
nacional e de distribuição ou acesso gratuito, na área do
Conhecimento Avançado para Profissionais de Saúde e
É errado pensar que a falta de força não é um problema! ................. 22 Exercício.
Por Pedro Correia A Bwizer Magazine tem como objetivo a divulgação de
trabalhos, notícias, artigos, textos de opinião, entrevistas,
novidades em formação e produtos, entre muitos outros

À conversa com... ............................................................................ 24 conteúdos exclusivos, tendo em vista contribuir para a


evolução dos Profissionais de Saúde e Exercício.
Fisioterapeuta Maria João Alvito Pretende também contribuir para o crescimento do “saber” e
produção científica nas áreas da saúde e exercício.
A Revista Bwizer Magazine tem o compromisso de assegurar o

Referências Bibliográficas .............................................................. 28 respeito pelos princípios deontológicos e pela ética profissional
dos jornalistas, assim como pela boa fé dos leitores.
A Revista Bwizer Magazine é publicada online, em www.

Ideias Empreendedoras bwizer.com


A Bwizer Magazine é inovação e desafio.

Soft-skills: um desafio para a Fisioterapia........................................... 29 A Bwizer Magazine é profissionalismo e rigor.


A Bwizer Magazine é integridade e transparência.
Por Daniela Simões A Bwizer Magazine é evolução.

Histórias de Sucesso ....................................................................... 30 Não podem ser reproduzidos ou difundidos, total ou


parcialmente, por qualquer processo eletrónico, mecânico
Nuno Pina ou fotográfico quaisquer textos, ilustrações e fotografias
desta revista, sem a autorização prévia e expressa do
editor. A reprodução de conteúdos por qualquer meio e para
Entrevista Low Pressure Fitness..................................................... 32 quaisquer fins, sem prévia autorização escrita, é ilícita e
passível de procedimento judicial contra o infrator.
Excetua-se a transcrição de curtas passagens, desde que
Bwizerianos ....................................................................................... 33 mencionando o título da Revista, nomes do autor e editor.
Os textos publicados são da exclusiva responsabilidade

Formações em Destaque ................................................................. 36 dos seus autores. A Bwizer Magazine não se responsabiliza
pelas opiniões expressas pelos autores”
Editorial.

Mulheres
____
Nunca tenho um editorial pré-preparado para um determinado são profissional, coisa que às vezes nos esquecemos de fazer.
número da Bwizer Magazine. O meu processo é sempre o mes- Quantas vezes avaliamos alguém apenas pela sua dimensão
mo: leio a revista toda e procuro sentir aquilo de que me apetece profissional, esquecendo-nos que isso não é desgarrado do res-
falar; deixo-me inspirar por aquilo que considero ser a essência to?
de cada número. Estas mulheres são pessoas com os seus desafios, as suas for-
Ao ler diferentes textos deste número fui sentido um desejo ças e fragilidades, seguramente com momentos de felicidade a
crescente de falar de… mulheres! Não, não estou a procurar par de angústia e sofrimento, quantas vezes a terem que gerir
ser politicamente correto, até porque acho que a ditadura do vidas familiares exigentes e que, no meio dessas idiossincra-
politicamente correto é das tendências mais palermas que por sias, conseguem ter carreiras profissionais cheias de conquistas
aí andam. E não, não houve uma qualquer estratégia deliberada e, ainda por cima, nos presenteiam com a generosidade do seu
para que, este número em particular, desse especial destaque tempo, partilhando connosco parte do seu conhecimento e das
às mulheres. Sim, é verdade que é a primeira vez que temos suas reflexões.
uma mulher na capa, porém, também isso surgiu naturalmente, Ao pensar sobre estas mulheres não evito pensar na minha
pelo valor da pessoa em causa, a extraordinária Maria João Al- mãe, na minha irmã e na minha pequena sobrinha, desejando
vito, e não por qualquer lógica de quotas ou coisa similar. que tenha a sorte que eu tenho, de ter mulheres assim na sua
Nesta revista há conteúdo soberbo produzido por homens – cla- vida.
ro que há – e outra coisa não seria de esperar quando temos Não creio que pudéssemos ter uma melhor forma de fechar
o contributo de pessoas como o Pedro Carvalho, o Pedro Cor- 2018 e, sobretudo, de anunciar um novo ano, que é sempre
reia, o Gabriel Jorge, o João Noura, o Piti Pinsach e o Camilo como uma oportunidade de nascer de novo.
Villanueva. E, claro esta, não me passa pela cabeça dizer que
o conteúdo que as mulheres produziram é melhor que o dos Desejo-lhe um excelente 2019, sugerindo-lhe que garanta que
homens. Nem pior. A divisão nunca pode ser essa. diz às pessoas que lhe são mais importantes, o quanto signifi-
cam para si, sejam homens ou mulheres.
O que me aconteceu foi que, ao ler a Sofia Milhano, a Andreia
Rocha, a Raquel Brandão, a Daniela Simões, a Maria João Al- Do meu lado, resta-me agradecer o facto de estar desse lado;
vito, a Tamara Rial e a “nossa” Joana Leal, recordei as pessoas significa mais para mim do que lhe poderei alguma vez verda-
que são e senti-me inspirado. Inspirado e grato por conhecer deiramente transmitir.
gente assim. A Sofia, com a sua doce tranquilidade, a Raquel,
resiliente e dedicada, a Daniela, focada e trabalhadora incansá- Um abraço,
vel, a Tamara, uma força da natureza, a Maria João, corajosa e
proativa, a Joana, alegre e confiável e a Andreia, sensível e exi- Hugo Belchior
gente. Ao ler cada uma delas, textos tipicamente de dimensão CEO Bwizer
profissional, recordei as pessoas que estão por trás da dimen-

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Cólica
____ do bebé
Sofia Milhano

Hoje em dia, e apesar de haver bastan- para continuar a deixar um bebé chorar do de uma culpabilidade devido a uma
te investigação nesta área, ainda não se durante dias, se a sua condição puder hostilidade inconsciente; o bebé reage
sabe muito bem o que são as cólicas, ser melhorada. Apesar da literatura indi- assim com uma resposta fisiológica, ou
nem tão pouco a sua ou as suas causas. car que as cólicas têm início por volta das seja, a cólica.
Sabemos sim que será uma desordem duas semanas de vida, a minha experiên- Kreisler incrimina a mãe, atribuindo-lhe
benigna que afeta cerca de um quinto dos cia diz-me que assim que um bebé nasce um padrão ansiosa-tensa, o qual resulta
bebés, principalmente nos seus primeiros pode sofrer de cólicas ou, se preferirmos num padrão de tensão por parte do bebé
meses de vida, acompanhada por crises dizer, de algum desconforto abdominal. que é transformado em cólicas.
de choro angustiantes com predileção O desconforto dura em média três me- Michel Soulé considera que esta entidade
noturna. ses, tempo que o organismo leva para é devida à falência da mãe como regula-
Em 1954, o Dr. Morris Wessel definiu as amadurecer o mecanismo da digestão. dora da homeostase do bebé, ou por não
cólicas como uma condição em que um No entanto, etiologicamente poderemos exercer o papel de barreira protetora face
bebé, bem alimentado e saudável, tem considerar algumas teorias. Segundo o a estímulos ambientais adversos, ou por
períodos inexplicáveis de choro intenso e modelo interativo, a cólica representa ser ela própria, a mãe, a emissora de si-
estados de grande agitação por mais de uma tentativa falhada do bebé para co- nais contraditórios.
três horas por dia, por mais de três dias municar com os pais, uma perturbação
da relação mãe-filho. No entanto há outros autores que con-
por semana, e por mais de três semanas. sideram a ansiedade da mãe não como
Epidemiologicamente não se conhecem Carey diz que o choro excessivo do bebé causa, mas sim como consequência das
diferenças em relação à alimentação do é o resultado de acontecimentos fisiológi- cólicas.
bebé ser materna ou artificial, ao sexo, ao cos normais que desencadeiam o choro
em lactentes, os quais são sensíveis a Existe ainda a teoria neurológica, em que
parto, ou até perante um bebé de termo a cólica será atribuída a um sistema ner-
ou pré-termo. esses estímulos. A mãe, segundo esta
teoria, é responsável por não conseguir voso central imaturo. Brazelton considera
Em osteopatia pediátrica as cólicas são reagir da melhor forma às necessidades que o sistema imaturo do bebé repre-
uma desordem, que leva cada vez mais do bebé. senta para este uma hipersensibilidade.
pais a procurarem auxílio profissional. À medida que o dia avança, o sistema
Embora consideradas normais por gran- Sptiz afirma que existe por parte da mãe nervoso fica carregado de estímulos,
de parte dos pediatras, não existe razão uma solicitude ansiosa primária, resulta- transformando-se num período de grande

4.
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agitação, pelo que o choro funciona como nomeadamente as proteínas do leite de gástrico e acabando por ser a causa de
uma descarga, após o qual o sistema vaca ingerido pela mãe, a lactose e a mo- desconforto abdominal nos recém-nas-
nervoso se reorganiza novamente. Com tilina. No que se refere às proteínas do cidos. Será interessante verificar que as
a maturação do sistema nervoso, este leite de vaca existem, tanto estudos que cólicas têm tendência a passar no tercei-
síndrome desaparecerá no fim do primei- afirmam essa ligação, como estudos que ro mês, altura em que o bebé possui um
ro trimestre. Note-se que no terceiro mês a desmentem. Segundo esta teoria a in- melhor controlo de cabeça.
após o nascimento, o bebé completa o ci- tolerância à lactose fará com que a ação Esta constitui mais uma hipótese na cau-
clo de doze meses desde a fecundação, osmótica da lactose não absorvida leve a sa “multifatorial” das tão temíveis cólicas.
ou seja, um ano. É nesta fase que deixa um aumento de peristalse e à cólica.
de ser um recém-nascido. No 4º mês, a Resta-me assim terminar, com a certeza
De todas estas teorias ou hipóteses etio- de que as cólicas podem ser aliviadas
flora intestinal está formada e o cérebro e lógicas não temos ainda certezas se cada com o tratamento certo, acabando com o
uma funciona por si só, ou não e, prova- choro desesperante dos bebés e as noi-
velmente, estamos perante uma etiologia tes mal dormidas pelos pais. Acredito que
Do ponto de vista osteopático acre- multifatorial. esta hipótese explica muita da falta de
dita-se que desde que o feto está in
Do ponto de vista osteopático acredita- certezas absolutas e conhecimento que
útero, e até ao momento do nasci- -se que desde que o feto está in útero, ainda hoje existe acerca do tema.
mento, este poderá ser submetido a e até ao momento do nascimento, este Referências .................. p.20
diversas tensões fasciais, tensões poderá ser submetido a diversas tensões
essas que se podem repercutir fasciais, tensões essas que se podem re-
nos ossos do crânio e em todas as percutir nos ossos do crânio e em todas
as membranas envolventes ao sistema
membranas envolventes ao sistema
nervoso central. Sendo assim podem ori-
nervoso central. Sendo assim podem ginar-se bloqueios membranosos e sutu-
originar-se bloqueios membranosos rais, dificultando a fisiologia de diferentes
e suturais, dificultando a fisiologia de estruturas.
diferentes estruturas. Falando do nervo vago, o maior nervo
craniano, este tem origem na parte pos-
terior do bulbo raquidiano, desce pelo Sofia Milhano
intestino já se entendem melhor, pelo que pescoço e tórax, terminando na região
––––
as cólicas tendem a desaparecer. Este abdominal. É essencialmente visceral,
e durante o seu trajeto, inerva a farin- Licenciada em Fisioterapia pela Es-
modelo podia pressupor que os bebés
cola Superior de Saúde Vale
pré-termo iriam sofrer de mais cólicas, o ge, laringe, coração, entre outros, sendo do Sousa desde 2004 e Mestre
que não se verifica. através dele que o cérebro percebe como em Medicina Tradicional Chine-
estão estes órgãos e regula diversas das sa no Instituto de Ciências Biomédi-
Barr levanta a hipótese do choro da cólica
suas funções. Faz também parte da for- cas Abel Salazar. Concluiu o Curso
poder dever-se a diferenças individuais de Osteopatia da EOM e é Pós-
mação dos plexos viscerais que promo-
no controlo e regulação dos estádios do -graduada em Osteopatia Clássica.
vem a inervação autónoma das vísceras
bebé. Atualmente trabalha no Instituto de
torácicas e abdominais. Algumas das
Mais uma hipótese etiológica é sugerida Medicina Tradicional como profes-
suas principais funções são coordenar os sora de Diagnóstico Osteopático e
pelo modelo da dismotilidade intestinal, movimentos do esófago e intestino, po- Osteopatia Pediátrica, bem como
a qual pode ter vários intervenientes, dendo afetar desta forma todo o sistema em gabinete privado.

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Blood
____ Flow Restriction
João Noura

A ferramenta Blood Flow Restriction é uma das mais recentes


novidades na clínica de condições musculosqueléticas, tendo O consenso na literatura é que, face a todas estas hipó-
um estudo de Patterson e Brandner(1) revelado que inúmeros teses, considerações levantadas e os resultados obtidos,
profissionais espalhados pelo mundo e das mais diversas áreas
a oclusão ideal andará entre os 40 e os 60%, sabendo-se
já referiam o seu uso. O que é e qual a validade dos pressupos-
tos fisiológicos em que se baseia a sua crescente utilização? que quanto mais baixa dentro destes valores for, maior
a segurança do procedimento, e que não é por esta ser
––––– maior que o procedimento é mais eficaz.
O que é?
Blood Flow Restriction (BFR) é uma ferramenta utilizada para
atrasar os decrementos físicos relacionados com a idade ou, semelhantes aos verificados em treinos com cargas altas. Isto
como iremos abordar em maior detalhe, para promover a re- deve-se a processos associados ao stress metabólico(3), que
cuperação após lesão, assim como para melhorar a condição advêm da ausência de retorno venoso e da diminuição da aflu-
física do utilizador(2). Esta técnica utiliza uma “algema” colocada ência arterial ao membro sob o efeito da técnica(3).
na região proximal do membro no qual se vai intervir com uma Revela-se especialmente útil devido à menor necessidade de
determinada pressão, de forma a restringir o fluxo sanguíneo imposição de stress mecânico às articulações(6) e aos tecidos
na área(3). musculares, revelando-se uma alternativa para pessoas cuja
São verificados ganhos ao nível do sistema circulatório, das es- patologia, disfunção ou simplesmente potencial ainda não o
truturas musculares e das estruturas ósseas(4, 5), alguns destes permite.
–––––
Figura 1. Montagem Para que serve?
de um exercício com
recurso a BFR(3) A estratégia BFR pode ser utilizada em qualquer pessoa, sendo
que esta é amplamente estudada em populações geriátricas (7) e
indivíduos adultos, sejam eles atletas ou não(8).
Num estudo de 2011, Kubota et al. exploraram de que forma
o recurso ao BFR prevenia a diminuição de força decorrente
da atrofia de musculatura associada à imobilização de segmen-
tos(9), e observaram que esta era significativamente menor nos
indivíduos do grupo experimental (nesta experiência, o uso de
BFR não estava sequer associado a um programa de exercício).
Takarada et al. estudaram o efeito da BFR associada ao exercí-
cio na produção de força e na área de secção transversa. Neste
estudo, três grupos de atletas treinados e sem lesão foram sub-
metidos a um programa de exercícios vs inatividade, sendo que
nos que realizavam exercício, um dos grupos o fazia associado
à utilização de BFR e o outro não(10).

6.
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Tendo em conta a significância estatística dos resultados en- uma oclusão de aproximadamente de 120% (obviamente, into-
contrados ao nível da produção de força (e na respetiva per- lerável), uma oclusão de 20 mmHg abaixo da pressão sistólica
centagem de torque máximo utilizado ao longo da tarefa), os braquial resultava numa oclusão de 51 a 88%. Por último, com-
investigadores procuraram saber se esse aumento se deveria pararam ambas com a pressão relativa de 40% de oclusão(12),
a fatores neurais ou estruturais. Para isso procuraram saber deixando claro que não poderia ser utilizada uma pressão uni-
como se refletiam, na imagiologia, estes resultados, sendo que versal para todos os indivíduos e que era preciso respeitar a sua
o aumento da área de secção transversa elucida acerca do individualidade. Spranger et al. concordaram(13).
envolvimento de fatores maioritariamente relacionados com a
hipertrofia(10). 120 40% Relative Arterial Occlusion Pressure
É então possível observar que há benefícios claros decorrentes bSBP - 20 mmHg
da utilização desta tecnologia… Mas será perigosa? 100 160 mmHg (Absolute Pressure)
% Arterial Occlusion

––––– 80

Precauções 60

Com a utilização de uma tecnologia que pressupõe a oclusão 40


de vasos sanguíneos, sendo uma das principais indicações o
aumento da massa muscular (ou a diminuição da atrofia), de for- 20
ma a prevenir a sarcopenia em populações que já apresentam
inúmeras complicações relacionadas com problemas cardíacos 0
e vasculares, era natural que se levantasse a questão da segu- Figura 3. Resultados do estudo prospetivo de Jessee et al.(12)
rança da técnica. comparando diferentes oclusões arteriais no uso de BFR
Neste modelo teórico proposto por Spranger et al. num editorial bSBP = braquial Systolic Blood Pressure
para o American Journal of Physiology- Heart and Circulatory
Physiology, estes investigadores levantam a hipótese de que
Contudo, mantinha-se a dúvida. A pressão a ser utilizada
se não for aplicada uma pressão personalizada, com as suas
deveria ser relativa… Mas qual?
consequências monitorizadas, se poderão estar a induzir alte-
rações não só contraproducentes, como mesmo nefastas, por Já em 2014, uma das figuras de autoridade em matéria de BFR
influência no Sistema Nervoso Autónomo em indivíduos cuja tinha sugerido a hipótese de que, tal como noutros fenómenos,
resistência vascular periférica ou pressão arterial estão já à também neste nem sempre “mais é melhor”. Num artigo deno-
partida altas, ou em indivíduos com histórico de lesão cardio- minado Blood flow restriction pressure recommendations: The
vascular(11). hormesis hypothesis, Loenneke sugere que a aplicação da tec-
nologia BFR segue o princípio de Hormesis, isto é, que doses
Desta forma, e reconhecendo e atendendo a estas considera-
baixas a moderadas de oclusão são mais benéficas que oclu-
ções de Spranger et al., Jessee et al., no editorial Applying the
sões maiores – hipótese que se confirmaria num estudo poste-
blood flow restriction pressure: the elephant in the room, verifi-
rior realizado em 2015(14) – principalmente porque estas últimas
cou-se que diferentes formas de medir a pressão colocada na
poderão aumentar o desconforto do paciente(15, 16), ou mesmo
algema implicavam diferentes resultados na oclusão verificada;
colocar em risco a sua saúde(17). Em 2016, Neto et al. realiza-
ao passo que uma medida universal de 160 mmHg implicava
ram uma revisão sistemática e concluíram que, quando res-

7.
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peitadas as diretrizes de segurança, o claras do benefício de treino de baixa


treino de baixa intensidade associado a intensidade conjugado com BFR, e ratifi- São verificados ganhos ao nível do
BFR quando comparado com o treino de cou algumas das propostas de Pope et al. sistema circulatório, das estruturas
alta intensidade, não constituía perigo em relativamente a estudos mais alargados
musculares e das estruturas ósseas(4,
termos de hemodinâmica(18). sobre a influência da componente neural 5)
nos ganhos de força verificados. , alguns destes semelhantes aos ve-
Ainda no que diz respeito às perceções
rificados em treinos com cargas altas.
de esforço, estudos como os de Loen- Também Slysz, Stultz e Burr, numa revi-
neke et al.(19) e Hollander et al.(20) não são sistemática e meta-análise de 2015 Isto deve-se a processos associados
referem diferenças significativas entre encontraram evidências claras, não só na ao stress metabólico(3), que advêm
treino com cargas leves e recurso a BFR associação de BFR a treino de força de da ausência de retorno venoso e da
e treino com cargas moderadas a altas, baixa intensidade, como também asso- diminuição da afluência arterial ao
ao passo que Martin-Hernández et al.(21) ciado a exercício aeróbio(25) e, em 2017, membro sob o efeito da técnica.
encontraram uma adaptação ao esforço Hughes et al. realizaram uma revisão e
a médio-prazo aquando do fim do progra- meta-análise na qual avaliavam a eficá-
ma de exercícios. cia do procedimento em contexto de rea- ses confirmam, sendo que os ganhos em
O consenso na literatura é que, face a bilitação, tendo os achados sido “mais do hipertrofia são semelhantes(27).
todas estas hipóteses, considerações mesmo”, com boas indicações para o uso
de BFR em situações de prevenção ou Conclusão
levantadas e os resultados obtidos,
a oclusão ideal andará entre os 40 e após perda de massa muscular e força(26). A estratégia BFR parece estar em
os 60%, sabendo-se que quanto mais crescente uso por parte da comunidade
––––– terapêutica, o que vem em linha com os
baixa dentro destes valores for, maior
a segurança do procedimento, e que Considerações Finais bons resultados obtidos pela evidên-
não é por esta ser maior que o proce- cia científica na área. Esta permite a
No entanto, Hughes et al. fazem uma res- manutenção ou a atenuação da perda de
dimento é mais eficaz. salva importante, realçada numa revisão massa muscular.
––––– sistemática e meta-análise de Lixandrão
et al.(27): o recurso a BFR é uma ótima es- Ainda assim, é necessário ter em mente
A associação ao exercício tratégia para ganhos de força e aumento as indicações e, principalmente, as con-
de massa muscular numa fase inicial, na traindicações do seu uso, uma vez que
Como já discutido, a tecnologia BFR a sua influência ao nível do sistema car-
pode ser utilizada sozinha, tendo resulta- qual o indivíduo não esteja capaz de fa-
zer treino de força convencional. De fac- diovascular poderá causar complicações
dos claros na redução da atrofia muscu- graves se não for utilizada de forma res-
lar. Contudo, a área em que existe maior to, quando comparados, o treino de força
de alta intensidade continua a apresentar ponsável.
investigação e evidência é a sua conju-
gação com o exercício, nomeadamente o melhores resultados ao nível do aumento Para além disso, e apesar dos bons re-
de baixa intensidade (cerca de 20 a 30% de força, conforme ambas as meta-análi- sultados obtidos, o recurso a BFR e,
de 1RM).
Zachary Pope, Jeffrey Willardson e Brad
Martin-Hernandez et al. C (2013)
Martin-Hernandez et al. D (2013)
Martin-Hernandez et al. B (2013)

Martin-Hernandez et al. E (2013)


Martin-Hernandez et al. F (2013)
Martin-Hernandez et al. A (2013)

Schoenfeld relacionaram ambos num ar-


tigo intitulado Exercise and Blood Flow
Lixandrao et al. C (2015)
Lixandrao et al. D (2015)
Lixandrao et al. B (2015)
Karabulut et al. B (2010)

Lixandrao et al. A (2015)

Thiebaud et al. C (2013)


Karabulut et al. A (2010)

Thiebaud et al. B (2013)


Thiebaud et al. A (2013)
Laurentino et al. (2012)

Yassuda et al. B (2011)


Yassuda et al. A (2011)

Restriction. Neste, os autores fazem uma


Ellefsen et al. (2015)

Libardi et al. (2015)

Vechin et al. (2015)


Clarke et al. (2011)

Ozaki et al. (2013)


Kubo et al. (2006)

revisão dos mecanismos associados a


esta conjugação de métodos – tal como
já havia sido proposto, em 2014, por
Overall

Pearson e Hussain(22) - e sugerem uma


miríade de alterações através das quais 3
Favours HL-RT

ocorrem as adaptações fisiológicas de-


correntes deste tipo de procedimento, 2
dentro das quais estão os contextos hor-
monais e metabólicos(23), e levantam mes- 1
mo a necessidade de se investigar mais
profundamente os mecanismos neurais
0
associados a este tipo de treino.
Favours BFR-RT

Confirmando a evidência e pesando to-


-1
dos os estudos realizados nesta área
de interesse, Loenneke et al. publicaram
uma meta-análise que teceu algumas -2
considerações gerais sobre o estado-
-da-arte(24). Nesta, encontrou evidências Figura 4. Compararação para ganhos de força entre treino de baixa intensidade + BFR
(para a esquerda) e alta intensidade (para a direita)(27)
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A. Blood Flow Restricted Progression B. Normal Progression como progressão, a BFR conjugada com
exercício de baixa intensidade deverá
acontecer apenas quando não se pode
aplicar o exercício de alta intensidade,
que continua a ser o principal método
para aumento de força e funcionalidade.
Referências .................. p.20

P1. Bed Rest + BFR P1. Bed Rest

João Noura
––––
P2. Walking + BFR P3. Resistance + BFR P2. Walking P3. Resistance
Licenciado em Fisioterapia pela
ESS-Porto. Tem trabalhado
P1 P2 P3 P1 P2 P3 maioritariamente no Futebol: em
Muscle Muscle 2017/2018 no Leixões Sport Club e
Size Size em 2018/2019 no Leça FC e no Rio
Ave FC. Encontra-se a frequentar
(6)
uma pós-graduação em Fisioterapia
Figura 5. Modelo Teórico subjacente à utilização de BFR nas diversas etapas de reabilitação . Desportiva na CESPU.
Pub Grupo Vitalino Foto 2 1_2.pdf 4 06/08/2015 12:48:16

Grupo Vitalino
Vitalino Vitalmédica Vitagnosis Vitalcare Vitalsénior
Vitalino Vitalmédica Vitagnosis Vitalcare Vitalsénior
GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO
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Quando os bebés
chegam
____ cedo demais
Andreia Rocha

A pediatria, tal como as outras áreas da fisioterapia, desperta os bebés abaixo das 28 semanas de gestação, na “grande” pre-
algumas paixões. Muitos dos atuais fisioterapeutas não tiverem maturidade enquadram-se aqueles que nascem com menos de
oportunidade, em estágio, de intervir em condições pediátricas, 32 semanas, e são considerados pré-termos “moderados” ou
embora o desejassem. Outros, tendo essa oportunidade, fu- “tardios” os que nascem, respetivamente, entre as 32 e as 33
giram a sete pés. Enquanto orientadora de estágio já conheci semanas ou entre as 34 e as 36 semanas. São de “extremo bai-
ambas as realidades. xo peso” aqueles que nascem com menos de 1000 g, de “muito
Da minha experiência (no estágio e na vida), a paixão pela área baixo peso” os bebés que nascem com menos de 1500 g, e de
costuma ser o primeiro ingrediente para um projeto bem sucedi- “baixo peso” se entre os 1500 e os 2500 g ao nascimento. Não
do. Longe de ser o único, é uma forma de começar bem. sei se conseguem imaginar bebés de 30 cm, com 750 g, em que
bastam as duas mãos juntas, em concha, para pegar neles...
Felizmente a pediatria levou-me ainda a outra viagem: a neo-
natologia. Com efeito, neste microcosmo dos recém-nascidos Atualmente sabe-se que 1 em cada 10 bebés são prematuros.
doentes poucos terão experiência, a menos que desenvolvam a A etiologia da prematuridade é de natureza multifatorial e varia
sua atividade em meio hospitalar. Reconheço que este contexto de acordo com a idade gestacional (IG). Aproximadamente 14%
tem tanto de privilégio, como de desafio. dos casos podem ser explicados por fatores maternos e 11%
por fatores genéticos fetais. Vários são os fatores que podem
Depois de tratar muitos recém-nascidos prematuros, não tenho conduzir ao nascimento antes do tempo, nomeadamente o ta-
dúvidas que a melhor incubadora do mundo continua a ser a bagismo, a má alimentação, o consumo excessivo de cafeína,
barriga da mãe. A natureza é sábia e fez-nos estar 40 semanas as gestações gemelares e história prévia de parto pré-termo. Os
lá dentro, quentinhos, acomodados e protegidos. Vale a pena problemas maternos como a hipertensão arterial, a diabetes e
estudar o desenvolvimento embrionário e perceber a multipli- a hemorragia uterina são também fatores importantes. As infe-
cidade, variabilidade e complexidade celular. De muitos exem- ções maternas predominam como causa de nascimento prema-
plos, saliento sempre o desenvolvimento da pele e do sistema turo entre as 24 e 32 semanas de gestação, enquanto o stress
nervoso a partir do mesmo folheto (a ectoderme). Uma relação e a distensão abdominal excessiva são predominantes entre as
que começa bem cedo. 32 e 37 semanas.
O desafio na intervenção do fisioterapeuta em neonatologia re- A prematuridade é causa reconhecida de sequelas major, como
laciona-se essencialmente com as questões da prematuridade. a paralisia cerebral, défice cognitivo e alterações neurossenso-
O nascimento prematuro é definido, pela Organização Mundial riais moderadas a graves. Sabe-se atualmente que o período
da Saúde (OMS), como o nascimento antes das 37 semanas entre as 20 e as 32 semanas de gestação se caracteriza por um
completas de gestação. Os bebés podem ser classificados rápido crescimento e desenvolvimento cerebral. O nascimento
quanto à idade gestacional e peso com que nascem, sendo pré-termo altera este processo e, em estudos de neuroimagem,
a morbilidade neonatal tanto maior quanto mais prematuro ou verificaram-se alterações estruturais como diminuição do volu-
mais leve é o bebé. Assim, a prematuridade “extrema” engloba me total do cérebro, córtex e cerebelo, assim como alterações

10.
Academy.
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da mielinização. o que conhecemos bem, pelo que é fundamental perceber no


Pela imaturidade dos sistemas orgânicos é de prever algumas que se traduz o desenvolvimento típico do bebé. As competên-
complicações no bebé pré-termo, a começar pela condição cias adquiridas ao longo das janelas de crescimento servirão,
respiratória, nomeadamente a doença das membranas hialinas então, como modelo no processo de diagnóstico e intervenção
(doença típica da imaturidade pulmonar) e sua evolução para em fisioterapia. Que competências podemos esperar de um
displasia broncopulmonar, bem como a doença pulmonar cró- bebé de termo aos 6 meses? E de um bebé pré-termo de 28
nica. Ora, estas complicações aprensentam-se como prioridade semanas, com 9 meses de idade real? É grave se o bebé nun-
de tratamento constituindo, na maioria das vezes, a primeira ca gatinhou? Quando deixamos de considerar a idade corrigida
fase da nossa intervenção. para atendermos à idade real? Porque nos devemos preocupar
com as questões sensoriais do bebé? Qual o papel das famílias
As sequelas neurológicas mais frequentemente observadas são ou cuidadores?
a hemorragia intra e peri-ventricular e a leucomalácia periventri-
cular, ambas causadoras de encefalopatia no pré-termo, assim
como de retinopatia da prematuridade, que pode conduzir a de- A educação à família é peça chave para o sucesso da
ficiência visual importante ou mesmo a cegueira. A médio/ longo
intervenção. A tríade (pai-mãe-bebé) poderá assim tirar
prazo a sequela mais comum é a paralisia cerebral (PC). A PC
pode ser classificada de acordo com a localização topográfica partido das múltiplas atividades do dia a dia como
(hemiplegia, diplegia ou tetraplegia), nível de funcionalidade oportunidades únicas para aprofundar as relações e
(segundo a Gross Motor Function Measure, que avalia o movi- potenciar o desenvolvimento típico do bebé.
mento voluntário, com ênfase no sentar e andar, e apresenta 5
níveis, sendo o nível 1 o de menor gravidade e o nível 5 o que
apresenta severas limitações no controlo dos movimentos vo- Na minha perspetiva de intervenção, a atenção deve estar no
luntários) e pelo tónus muscular (espástica, atáxica, discinésica bebé e na sua família. Não sou purista na abordagem, embora
ou mista). me sinta mais confortável com umas técnicas de que com ou-
A exigência dos primeiros tempos de vida e as experiências an- tras. Observo muito. Escuto os pais. Toco. Facilito. Começo a
tecipadas devem ser cuidadosamente observadas pelo fisiote- construir o meu raciocínio. Procuro identificar os problemas e
rapeuta de forma a melhor estruturar a sua abordagem. Assim, desenhar estratégias para os modificar. Escolho as técnicas em
pretende-se promover o típico desenvolvimento do bebé, contri- função do bebé e não o bebé em função das técnicas. Exercício
buindo para o seu desenvolvimento neuromotor. diário.
Da neonatologia para casa e da casa para o mundo, o fisiotera- Aos fisioterapeutas caberá, cada vez mais, o papel de educador.
peuta é o fiel companheiro nos primeiros meses/ anos de vida. Talvez pelas características da nossa formação académica sen-
Só podemos intervir depois de avaliar. Só sabemos avaliar bem timo-nos ainda pouco confortáveis neste modelo. Não concebo,

11.
Academy.
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no entanto, bons resultados em fisiotera-


pia sem sermos capazes de proporcionar
algumas ferramentas às famílias - não se
pretende que os pais sejam fisioterapeu-
tas, mas sim que sejam melhores pais.
A educação à família é peça chave para
o sucesso da intervenção. A tríade (pai-
-mãe-bebé) poderá assim tirar partido
das múltiplas atividades do dia a dia como
oportunidades únicas para aprofundar as
relações e potenciar o desenvolvimento
típico do bebé.
A idade dos “porquês”, que se inicia por
volta dos 3 anos de idade, terá de durar
toda a vida. Saibamos nós fazer isto bem.
É sempre importante lembrar quem nos
ajuda a crescer! Aos bebés e suas fa-
mílias (pelos desafios diários); aos alunos
e estagiários (pelas dúvidas e reflexões);
à Alexandra Ribeiro e à Mónica Duarte
(grandes amigas e ótimas fisioterapeutas
na área pediátrica); à Alexandra Almeida
e à Carmen Carvalho (neonatologistas de
referência com quem discuto e aprendo
todos os dias); à Dulce Gouveia (terapeu-
ta da fala que me ensinou o verdadeiro
significado de equipa interdisciplinar).
Na era do digital onde a proliferação da informação atinge proporções nunca
Referências .................. p.20
antes vistas, a atitude de escuta passiva que outrora existia em quase todas
as consultas de nutrição, tornou-se num debate em que o paciente já traz
várias questões de casa e onde surgem recorrentemente tiradas como: “mas
um colega seu disse uma coisa diferente”, ou “mas eu vi no instagram/ fa-
cebook que…”. De que forma podemos então encontrar a informação sobre
nutrição e alimentação menos enviesada possível?
Começando pelas redes sociais, estas são um ótimo meio de partilha e di-
vulgação de informação, mas não estão, de nenhuma forma, sujeitas a uma
revisão de pares, nem ao contraditório. Existem páginas fantásticas, mas
na mesma proporção existem páginas que não têm ponta por onde se lhe
pegue. O número de seguidores de uma página/pessoa não é, de forma ne-
nhuma, o garante de informação de qualidade. Aliás, tendo em conta que no
meio académico esta forma de partilha de informação ainda é de certo modo
olhada de soslaio, podíamos quase dizer que existe (tendencialmente) uma
relação inversamente proporcional entre o número de seguidores de alguém
Andreia Rocha
numa rede social e o seu currículo académico (já para não falar da enorme
–––– quantidade de bloggers que dão “dicas” de nutrição sem formação na área).
Fisioterapeuta desde 2005, As notícias sobre nutrição partilhadas pelos media, podem também ser uma
desenvolve a sua atividade na
área da neonatologia e pediatria no boa ferramenta (caso não estejam infetadas pelo vírus do clickbait e do sen-
Centro Materno Infantil do Norte/ sacionalismo), até porque validar primeiro os factos com um nutricionista não
Centro Hospitalar do Porto e na custa nada. Mas se aos media ainda pode ser dada uma atenuante numa
clínica especializada em reabilitação leitura menos correta dessa informação, no caso dos próprios profissionais
pediátrica – Fisiokids. É ainda de saúde, especialmente os nutricionistas, o caso já é bastante diferente.
assistente convidada na Escola
Superior de Saúde da Universidade É completamente de salutar que existam opiniões diferentes sobre cada tó-
de Aveiro. pico e que se discutam as ciências da nutrição com elevação e com base na
Tem realizado diversas evidência científica disponível. Só que a este nível existem duas posturas
formações na área e participado extremas que convém clarificar: uma mais retrógrada que assume que a sua
em congressos nacionais e autoridade e curriculum são o suficiente para deixarem de estudar a partir
internacionais com apresentação de de determinada fase da vida e achincalhar, de forma paternal, quem pensa
posters e preleções.

12.
Academy.
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Se cada nutricionista diz


uma coisa diferente em que
é que devemos acreditar?
____
Pedro Carvalho

de forma diferente; e outra demasiado exemplos de estratégias intelectualmente


vanguardista que, na ânsia de estar sem- desonestas utilizadas em prol de doutri-
pre na crista da onda do ponto de vista nar convenientemente o público-alvo. Es-
científico, leva à partilha e recomendação tas estratégias tornam-se particularmente
de algumas abordagens terapêuticas ou graves uma vez que o público maioritário
suplementos logo ao primeiro artigo ou si- de muitas destas páginas e eventos são,
nal de existência de efeitos positivos. Em por um lado indivíduos interessados na
suma, é tão mau estar parado no tempo área mas sem formação na mesma e, por
como ser um “catavento científico”. outro, estudantes e recém-licenciados
Seja para posts nas redes sociais, seja ainda sem o arcaboiço necessário para Pedro Carvalho
para comunicações em congressos ou distinguir o “trigo do joio” e que, com a ––––
formações, há sempre necessidade de avidez de conhecimento típica das pri-
Pedro Carvalho é licenciado em
ter o “filtro ligado”, uma vez que são cada meiras fases de formação, aceitam mui- Nutrição pela Universidade do Porto
vez mais frequentes manipulações de in- tas das vezes sem questionar todas as e finalizou o seu doutoramento em
formação, de forma a transmitir uma ideia informações que estão a adquirir. Ciências do Consumo Alimentar e
previamente concebida. Adulterações de Numa ciência tão recente e com tantas Nutrição, em 2015.
gráficos dos artigos originais, escolha en- variáveis em equação como as ciências Muito profissional e ambicioso, já
viesada desses mesmos artigos (vulgar- da nutrição, as palavras “exatidão” e desenvolveu a sua atividade junto
de atletas de topo e em clubes
mente conhecida como cherry picking), “certeza” nunca poderão ser empregues.
como o Futebol Clube do Porto.
apresentação de resultados in vitro ou Existirão sempre (e ainda bem), diferen-
em animais fazendo a ligação direta para tes perspetivas e abordagens a um mes- Além da sua prática clínica, o
Pedro Carvalho escreve no jornal
esses efeitos em humanos, são tudo mo problema, mas todas elas deveriam Público, dá aulas no ISMAI e na
cumprir dois critérios básicos: a plausibi- Universidade Católica, é consultor
lidade biológica e a evidência científica. da Sonae, é autor de três livros
É completamente de salutar Dizer “comigo resulta” para justificar uma (50 super alimentos portugueses,
que existam opiniões diferentes recomendação nutricional não é compa- Os mitos que comemos e Comer,
sobre cada tópico e que se ginável com uma prática clínica respon- Crescer, Treinar) e ainda tem tempo
sável e séria, até porque a ciência não para participar como orador em
discutam as ciências da nutrição várias conferências e congressos
com elevação e com base na se importa com o que nós acreditamos, e científicos.
evidência científica disponível.
o pior cientista é aquele que quer provar
que está certo.
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Pilates kids
& teens
____
Raquel Brandão

O método de Pilates, nos últimos anos em Portugal, tem ganho infância.


muita popularidade, existindo uma elevada procura pela prática Nos Estados Unidos, em 2006, foi criado dentro do Pilates uma
desta modalidade. Uma das áreas em que o Pilates começa a nova vertente onde Fisioterapeutas e professores de educação
ganhar terreno é na população mais jovem, porque cada vez física promoveram uma campanha para a divulgação e intro-
mais se verifica, entre crianças e adolescentes, problemas re- dução do método nas escolas, com a finalidade de reduzir a
lacionados, quer com más posturas, quer com um desenvolvi- incidência de dor lombar causada pelo peso excessivo das mo-
mento físico rápido, sendo este um problema de saúde pública chilas.
grave e em crescimento.
É possível encontrar na Medline, artigos que demonstram o im-
Pilates é o método criado por Joseph Pilates, praticado há mais pacto desta modalidade, reforçando a importância da sua im-
de 30 anos e que através de exercícios promove o ganho de plementação no currículo escolar. O estudo de Thessalia et al.
força, flexibilidade, concentração, para além de outros benefí- pretendeu “determinar se o uso do método de Pilates poderia
cios para a saúde, pelo que é reconhecido, quer como ativida- melhorar a postura de crianças em idade escolar, dada a im-
de desportiva, quer como método de reabilitação. Este método portância do desenvolvimento nesta fase de crescimento mús-
baseia-se num conjunto de exercícios que têm como foco, o culoesquelético, em que o alinhamento da coluna é definido”.
movimento controlado, a coordenação, o alongamento e a res- Os exercícios utilizados enfatizavam a dissociação segmentar
piração. mantendo a estabilidade da bacia em posição neutra, permitin-
Joseph Pilates nunca pretendeu fazer do seu método um espa- do às crianças desenvolverem um melhor controlo motor, bem
ço para elites, antes pelo contrário, o seu maior sonho era que como reconhecerem e corrigirem posturas inadequados. Tam-
fosse praticado desde tenra idade, nas escolas, por todas as bém notaram que os exercícios de Pilates, ajudaram os partici-
crianças, para que cedo obtivessem o conhecimento do próprio pantes a otimizar o seu sistema vestibular, visual e de equilíbrio,
corpo, com o objetivo de se tornarem adultos fortes, flexíveis, tendo verificado uma melhoria significativa na postura. A amos-
livres de dores e desequilíbrios desnecessários, ficando mais tragem era constituída por 30 alunos, com 12 anos de idade,
preparados, saudáveis e com uma maior consciencialização do que foram avaliados pelo Portland State University evaluation
seu corpo. form. Os resultados foram encorajadores, mostrando que cerca
Nos dias que correm é cada vez menos frequente encontrar de 68,9% dos alunos avaliados revelaram uma melhoria signifi-
crianças a brincar na rua, saltar muros ou simplesmente andar cativa da sua postura, permitindo afirmar que os exercícios de
de bicicleta. Atualmente, em parte devido à nova era tecnoló- Pilates contribuem para uma boa postura e equilíbrio.1 e 2
gica, as crianças são absorvidas por atividades que envolvem Baetta et al3, verificou a viabilidade da inclusão do método nas
pouca ou nenhuma atividade física, promovendo más-posturas aulas, a fim de complementar os conteúdos propostos e propor-
e sedentarismo. Outro fator que é associado ao desenvolvimen- cionar aos alunos maiores benefícios, prazer e lazer nas aulas
to de problemas de saúde relaciona-se com o peso transportado de Educação Física. Concluíram ser viável propor a inserção
nas mochilas pelas crianças em idade escolar. do método Pilates nas aulas, como uma sugestão de uma nova
Com efeito, várias são as questões que se põem quando se modalidade dentro das Práticas Corporais Alternativas, “escla-
aborda o tema Pilates para crianças. Qual o objetivo, como fun- recendo que o que pretendemos com este artigo não é desen-
ciona, quais as vantagens ou mesmo se é um método útil na volver somente o Pilates nas aulas, e sim atrelar o método às
propostas de Educaçãoo Física já existentes, suprindo assim as

14.
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carências desta disciplina”. Pilates Kids & Teens tem o mesmo ob-
Strasse et al4 tiveram em consideração a jetivo que o Método para adultos, mas
quinta patologia mais comum em desen- os exercícios são apresentados de uma
volvimento na adolescência, a escoliose. forma mais interativa para cativar a aten-
Esta patologia surge nos adolescentes ção e interesse das crianças. Por norma,
na faixa etária de 10 a 16 anos. O Pilates e dependendo do grupo onde se insere a
foi considerado como alternativa no trata- criança, os conteúdos são passados de
mento conservador de indivíduos dignos- forma lúdica para que as crianças pos-
ticados com este desvio postural por meio sam sentir-se mais motivadas pelo Méto-
da eletromiografia e da simetrografia. Re- do. Com efeito, para organizar uma aula Raquel Brandão
alizado em 2015, com 22 adolescentes que seja funcional e que permita que os ––––
com escoliose de ambos os sexos, com objetivos definidos sejam alcançados, é
Licenciada em Fisioterapia desde
idade entre os 12 e 18 anos; foram esco- necessário conhecer bem o mundo das 2001 pela Escola superior de Saúde
lhidos indivíduos fisicamente ativos, sem crianças e adolescentes. É fundamen- Egas Moniz, com pós-graduações
experiência no método e que não tinham tal conhecer o raciocínio lógico infantil, em Coordenação de Unidades
sido sujeitos a cirurgia corretiva. Neste entender o pensamento das crianças, de Saúde e Fisioterapia Músculo-
bem como elaborar as suas construções Esquelética. Instrutora de Pilates
estudo foram realizadas 24 sessões, 2 Clínico desde 2009 e Formadora
vezes por semana, de um programa es- mentais e a sua visão sobre o mundo que
APPI desde 2015. Tendo realizado
pecífico com exercícios de Pilates. Após as rodeia. Desta forma, o Pilates Kid & em Londres em 2015 CPD - Pilates
a aplicação deste protocolo, foram nova- Teens apoia-se em Piaget, para perce- for Children & Teens, 2017 em
mente submetidos às avaliações, tendo ber em que estádios do desenvolvimento Londres atualizou CPD - Pilates for
os resultados demonstrado que 9 ado- cognitivo se encontra a criança. Children & Teens.
lescentes melhoraram o seu alinhamento Crespo, T et al 5 descrevem, de forma Exerce funções de
postural. O estudo concluiu que os exer- sucinta, os estádios para que seja mais subcoordenadora no HPA em
cícios tiveram elevada importância e que fácil compreender o desenvolvimento Almada e na sua empresa
PilatesRehab onde trabalha com
poderiam ser utilizados como tratamento cognitivo da criança. Este autor divide-o adultos e crianças.
conservador da escoliose. em quatro fases, denominando-as de es-
tádios de desenvolvimento. Cada estádio
corresponde a uma determinada faixa
Pilates Kid & Teens tem o mesmo etária da criança, e cada faixa etária é
objetivo que o Método para adultos, descrita por um conjunto de caracterís-
mas os exercícios são apresentados ticas. Piaget denomina-os do seguinte
de uma forma mais interativa para modo: Sensoriomotor que caracteriza
as crianças com 0-2 anos de idade; Pré-
cativar a atenção e interesse das
-Operatório que corresponde às crianças
crianças. dos 2-7 anos de idade; o estádio Opera-

15.
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tório-Concreto que engloba as crianças com 7-11 anos de ida- organiza e encontra soluções para os desafios que lhe são pro-
de; e, por último, o estádio Operatório-Formal, a partir dos 11/12 postos, sendo extremamente importante saber lidar com a auto-
até à idade adulta. nomia dessas crianças. Equipamentos mais sofisticados, como
De forma sucinta, Pilates Kids & Teen descreve as três fases o Reformer ou Cadillac, podem ser introduzidos para ganho de
em que se insere o método e avalia os principais impactos e força, pois não alteram o crescimento da musculatura, devido à
mais-valias no futuro, da seguinte forma: fluidez do seu trabalho; deve-se, no entanto, ficar atento porque
o objetivo não é promover a sua rigidez. O corpo da criança está
Pré-operatório (4-7 anos) - é no Período Intuitivo (inserido disponível para a “moldagem”, mas deve ser bem trabalhado. A
dentro do pré-operatório) onde parece fazer mais sentido a in- partir dos 9 anos pode trabalhar-se a força do centro, usando
trodução do método. É neste momento que as crianças podem exercícios que promovem a mobilidade.
iniciar a prática do método de Pilates, de modo a beneficiar dos
seus efeitos por possuírem controlo dos músculos abdominais, Operatório-formal (8-14 anos) - Nesta fase ocorre um au-
uma vez que até aos 4 anos todo o apoio é feito com as mãos mento do raciocínio lógico e as crianças aprendem a coordenar
e rotação do tronco. Nesta fase têm capacidade de distinguir ideias abstratas. Esta fase é também caracterizada pelo auge
entre a realidade e a fantasia, e iniciam a “fase dos porquês”, do desenvolvimento da inteligência, sendo o erro um conceito
fase caracterizada pelo egocentrismo e pensamento mágico. As que na fase de pré-adolescência, deve ser discutido e anali-
aulas consistem essencialmente em jogos e muita criatividade sado. Na verdade, esta pode ser das fases mais desafiantes
por parte de quem leciona, e o objetivo é promover ainda mais para qualquer instrutor, havendo ajustes necessários na lingua-
os movimentos naturais. São aulas de curta duração e muito gem usada. É também importante salientar que, de modo bem
dinâmicas. Para aquisição de experimentação motora e cog- aprimorado, o adolescente consegue elaborar as suas próprias
nitiva, este é o período mais importante. É essencial trabalhar teorias e recorrer a explicações para justificar a realização ou
o equilíbrio e propriocepção sem haver a preocupação com a não dos exercícios que lhe são propostos. Na pré-adolescên-
“ativação do centro”. O trabalho durante a aula deve ser feito cia ocorre a explosão de hormonas, que tem início aproxima-
com limites, regras e normas, mas envolvendo e promovendo damente aos 12 anos e vai até perto dos 20 anos. Este grupo
sempre a participação do aluno, utilizando as suas representa- etário requer algum “jogo de cintura” por parte do instrutor. É
ções da realidade. necessário, para além de ter noções anatomofisiológicas, algum
Operações Concretas (7 – 12 anos) - Nesta fase a criança tipo de preparação para interagir e é de extrema importância
inicia o seu desenvolvimento de raciocínio lógico. Ela gosta de a empatia e a conquista da confiança, tendo os instrutores de
“assumirem o papel” de adolescentes. É nesta fase que os ins-
trutores se deparam com as escolioses idiopáticas, sendo que
muitas vezes a única forma de convencer o aluno a fazer os
Joseph Pilates [...], o seu maior sonho era que fosse exercícios é mostrar-lhe as consequências a que está sujeito se
não o fizer - isto pois nesta fase já possuem a capacidade de
praticado desde tenra idade, nas escolas, por todas as
compreensão abstrata. Os erros são muito frequentes e repe-
crianças, para que cedo obtivessem o conhecimento do titivos nesta fase, pelo que não devem ser ignorados, mas sim
próprio corpo, com o objetivo de se tornarem adultos trabalhados.
fortes, flexíveis, livres de dores e desequilíbrios desne- Pilates Kids & Teens parte do pressuposto que é importante
cessários, ficando mais preparados, saudáveis e com educar as crianças, desde tenra idade, a moverem-se e desen-
uma maior consciencialização do seu corpo. volverem bons hábitos posturais. Existem boas hipóteses que
esses hábitos continuem até à idade adulta, protegendo-as de
disfunções biomecânicas do sistema músculoesquelético, bem
como ensinando-as a lidar com a dor.
socializar e participar em grupos, compreende bem a aplicação
de regras, e permite-se liderar e ser liderada, desde que em No Pilates Kids & Teens, as crianças aprendem a ter bons há-
concordância com as regras. A criança adora desafios e já tem bitos posturais e são incentivadas a pensar sobre as suas pró-
a capacidade de elaborar conceitos concretos, nomeadamente, prias posições corporais em diferentes atividades. Com o input
os que envolvam sincronizações, rotinas e objetos. Tem a ca- adequado e constante, estarão com certeza no bom caminho,
pacidade de ter um pensamento racional, acedendo aos seus para obter mais resultados na precisão do movimento, atingindo
conhecimentos, classificando e organizando as informações assim o output esperado. Para terminar, podemos afirmar que
adquiridas. Nesta fase os exercícios do Pilates já são aplicados o método permite ao sistema neuromuscular, mais consciência
de um modo mais rigoroso, com o objetivo de identificar en- da posição do corpo: trabalha a propriocepção, aumenta o input
curtamentos, fraquezas e desequilíbrios posturais, cabendo ao sensorial e melhora a flexibilidade, coordenação, resistência e
instrutor corrigir estas alterações/ disfunções de forma adequa- força. Mas, para além de melhorar a parte física, também me-
da e assertiva. Aqui vamos encontrar elementos extremamente lhora a capacidade mental e estimula a sensação de bem-estar.
competitivos, característica especifica desta faixa etária, o que Bem-vindos ao mundo do Pilates, boas posturas, melhor saúde
pode tornar-se num instrumento a favor, ou não, do trabalho física e mental.
pretendido. É muito importante que de aula para aula, o desafio
Referências .................. p.20
seja cada vez maior, pois só desta forma poderá manter-se o
interesse das crianças pela modalidade. É através da apren-
dizagem de observação, de um para o outro, que a criança se

16.
Curtas.

O mundo APPI (The Australian Physiotherapy Exame de certificação Matwork: completan-

APPI em Portugal
and Pilates Institute) em Portugal tem crescido do os 3 níveis matwork estará a um passo de
ano após ano. São já mais de 2300 formandos obter a sua certificação Matwork APPI. Para
que iniciaram o seu caminho através do Nível tal, terá que frequentar o respetivo exame de
1 do Pilates Matwork. Uma porta de entrada certificação. Esta certificação permitirá que se
para um universo formativo desenhado para torne num membro oficial da APPI, juntando-
dar resposta aos desafios que cada um en- -se à lista de APPI Instructors. Será assim re-
frenta no seu contexto profissional. conhecido em vários países como especialista
Num momento em que a Bwizer foi reconhe- num dos conceitos posturais e de movimento
cida na UK Pilates Conference em Londres mais reconhecidos e utilizados mundialmente.
como “APPI’s Licensee of the Year” não po- Módulos Avançados (CPD): a APPI e a Bwi-
demos deixar de agradecer a todos os nossos zer acreditam ser fundamental que continue a
formandos que atestaram a qualidade destas atualizar as suas skills da Pilates e para isso
formações e ao mesmo tempo reconhecer o oferecem-lhe o programa CPD. São hoje 4
excelente trabalho feito pelas nossas APPI módulos que poderá escolher de acordo com
Trainers Portuguesas, Francisca Lourenço, as suas necessidades:
Sofia Neves, Ana Duarte e Raquel Brandão, a - Pilates no Pré e Pós-Natal: um curso bas-
quem estamos muito gratos. tante prático e dinâmico, que permite evoluir
E para si que quer saber mais sobre qual o na sua formação em Pilates, adaptando os
percurso a seguir, após o MW1 (Foundation diversos exercícios ao contexto da gravidez e
Course), vamos procurar ajudá-lo com uma ao período da recuperação após o parto.
breve apresentação dos níveis a seguir: - Pilates com Bola: neste módulo aprenderá
Matwork 2: de um modo muito sucinto, no a incorporar uma importante ferramenta fun-
módulo Matwork 2 (Class Instructor) aborda- cional – a bola suiça, conciliada com a abor-
rá tudo aquilo que é necessário para conduzir dagem funcional da APPI, garantindo assim a
uma classe de Pilates de forma autónoma, aplicação de programas de Pilates completos,
multiplicando a aplicabilidade deste método dinâmicos e divertidos.
no seu contexto profissional. Se o contexto de - Pilates para Escolioses: um dos CPD’s
classes o apaixona, este curso é para si. mais procurados pelos alunos. Através deste
Matwork 3: no módulo Matwork 3 (Interme- curso, irá analisar em detalhe os diferentes ti-
diate/Advanced) sedimentará todo o seu co- pos de escoliose, a sua incidência e desenvol-
nhecimento sobre o método APPI, elevando o vimento, assim como discutir e estabeler uma
grau de dificuldade dos exercícios a um nível intervenção de acordo com o tipo de curva.
avançado e sabendo adaptar os mesmos a - Pilates para Crianças: neste CPD irá apren-
condições específicas, que lhe permitirá inter- der a estabelecer uma intervenção de acordo
vir junto de qualquer classe de pacientes. com cada fase de desenvolvimento, promo-
Recordamos que a frequência destes níveis vendo a atividade física nas crianças e esti-
não é obrigatoriamente consecutiva, poderá mulando hábitos posturais na criança.
frequentar o Matwork 1 e de seguida o Ma- A Bwizer e a APPI orgulham-se hoje de apre-
twork 2 ou 3, ou qualquer CPD (continuing sentar um portefólio de cursos completo e em
professional development). No entanto, ao crescimento. Poderá hoje iniciar ou consolidar
completar os 3 níveis matwork terá acesso ao uma carreira como instrutor de Pilates APPI.
exame de certificação Matwork APPI. Junte-se a esta comunidade internacional,
presente hoje em mais de 20 países.

17.
Academy.
bwizer ACADEMY

Treino funcional: para todos


ou só
____ para alguns...
Gabriel Jorge

analisaram apenas ensaios controlados aleatórios referentes ao


Quando decidimos retirar os nossos clientes de “máqui- treino de resistência progressiva. As conclusões confirmaram o
nas” padrão e optamos por mecânicas de treino mais que Keysor e Jette haviam sugerido alguns anos antes: embora
funcionais e exercícios multidimensionais de complexida- houvesse um grande efeito positivo sobre a força muscular, o
de crescente, o risco aumenta. Por isso, prepare-se bem e efeito sobre a capacidade funcional era pequeno.
salvaguarde todas as situações possíveis! Estas conclusões podem surpreender alguns, mas ajudam-nos
a reforçar a ideia de que força não é função. Força é apenas
uma (mas importante) de muitos componentes que contribuem
para a capacidade funcional.
O treino funcional tem a sua origem na própria natureza Hu- Existem duas razões principais para isto:
mana. No passado, por uma questão de sobrevivência, hoje 1. Muitas das nossas tarefas diárias dependem da força
em dia, como método de treino! Neste artigo estão descritos para serem bem-sucedidas (por exemplo: subir escadas,
7 Princípios Fundamentais que considero essenciais para a levantar/sentar de uma cadeira, etc.)
aplicação do Treino Funcional. 2. Potência é a combinação de dois componentes funcio-
nais (força e velocidade).
Princípio 1: Avaliar e Priorizar
Para melhorar significativamente a capacidade de desempenho
Avalie, priorize e treine todos os componentes da função. Qual- funcional de cada cliente, irá muito provavelmente necessitar
quer pessoa quer e precisa melhorar ou manter as suas habili- de abordar vários componentes simultaneamente. É difícil abor-
dades funcionais. No entanto, parece que os métodos mais tra- dar as necessidades individuais de cada um sem primeiro ava-
dicionais da formação base, podem não ser totalmente eficazes. liá-los. Portanto, será de extrema importância iniciar qualquer
Em 2001, Keysor e Jette(1) analisaram alguns estudos que pre- processo de treino com uma avaliação completa… algo que vá
tendiam avaliar os efeitos das intervenções de exercício (força, além das comuns medidas antropométricas e que procure exa-
cardiovascular e flexibilidade) em indivíduos adultos. A análise minar, avaliar e definir as prioridades para cada cliente.
mostrou melhorias pós-treino consideráveis ao nível da força, Os resultados dessa mesma avaliação irão mostrar em que mo-
amplitude articular de movimento, capacidade aeróbia e compo- mento funcional se encontra o cliente, padronizar as disfunções
sição corporal. No entanto, as melhorias do ponto de vista “fun- e orientar os objetivos específicos (princípio da individualidade).
cional” (marcha, levantar, sentar, etc.) não eram significativas.
Com a validação de novos protocolos, esta área está em cons-
Latham e outros autores(2) voltaram mais tarde a esse tema e tante desenvolvimento, pelo que se torna fundamental adaptar

18.
Academy.
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cada momento a cada indivíduo. Princípio 3: Treine nos 3 planos de


movimento
Princípio 2: Tomar decisões com um
propósito Para se preparar para as diferentes exi-
gências funcionais, integre padrões de
Tome decisões orientadas e objetivas. Os movimento, por treino, nos três planos.
profissionais do fitness têm, atualmente,
mais opções de treino do que nunca, o A vida é tridimensional. As pessoas al-
que faz com que devam ser cada vez cançam, dobram-se, inclinam-se, giram
mais prudentes a selecionar métodos, e torcem-se constantemente. Todos en-
técnicas, exercícios específicos, pro- frentamos continuamente desafios nos
planos frontal, sagital e transversal… Gabriel Jorge
gressões, equipamentos e ambientes. ––––
Se fizermos uma avaliação adequada e Então, porque não transpor isto para o
treino? A licenciatura em Desporto e
completa, essa tarefa pode tornar-se sig- Educação Física (ISMAI) deu o
nificativamente mais fácil. Joseph F. Signorile, PhD aborda no seu impulso à sua vida profissional,
Uma rotina “geral” de treino está enraiza- livro(3) a importância de usar exercícios tendo iniciado em 2005 como
da nas nossas mentes, pelo que muitas em vários planos de movimento e des- Personal Trainer no Holmes Place.
vezes sentimo-nos culpados se não trei- creve uma aproximação interventiva para Atleta desde os 10 anos, a sua forte
narmos “tudo”! Mas porquê desperdiçar transformar ganhos na aptidão global em paixão pelo Treino e pela Educação
ganhos funcionais. Este autor descreve do Corpo contagiou a Bwizer e a
tempo incluindo movimentos que não ser- partir daí iniciou o seu portefólio de
vem “aquela pessoa” em vez de otimizar um modelo periódico, no qual um ciclo
formador, lecionando o curso de FT
esse mesmo tempo para a necessidade de treino fisiológico é seguido por um ci- Coach® (Barcelona 2013).
pretendida? clo de aprendizagem motora multiplanar/
translacional. Conjuga as áreas do Treino com a
As escolhas que cada profissional faz Liderança, Motivação e Trabalho de
determinam os resultados do cliente. Em- O ciclo de treino fisiológico concentra-se Equipa como forma de potenciar a
bora existam algumas semelhanças ge- na melhoria dos componentes primários performance dos seus clientes.
rais entre os clientes, eles não são todos — como força, flexibilidade e capacida- Desde 2016 que abraçou um
iguais… Na verdade, essas diferenças, de aeróbia — através de métodos tra- novo projeto, aceitando ser Diretor
dicionais, enquanto o ciclo de formação Técnico do Breathe Sport Fitness.
proporcionam uma enorme diversidade
em termos de habilidades funcionais. translacional centra-se no aumento da

19.
Entrevista.

20.
Academy.
bwizer ACADEMY

capacidade funcional através de tarefas na abordagem à mecânica funcional do tico do músculo e a fadiga mental dimi-
multidimensionais de controlo motor, de que exercícios com recurso ao equilíbrio, nuam a capacidade de reação ao treino,
complexidade crescente. Para isso recor- mobilidade, propriocepção, etc.(5). aumentando o potencial de lesão dado o
remos muitas vezes a tarefas dinâmicas, No caso da mobilidade, esta revela-se déficit das capacidades funcionais. Por
instabilidades na base de suporte, varia- como uma componente fundamental na vezes o caminho mais assertivo será rea-
bilidades direcionais e múltiplas tarefas. longevidade da saúde do ser humano. lizar treinos de menor duração, mas com
A perda de mobilidade pode levar a uma maior qualidade.
Princípio 4: Suplemente ou Comple-
mente com Exercícios Isolados “espiral mortal” caracterizada por um de- Princípio 7: Segurança primeiro rumo
crescente nível de desempenho motor e, ao sucesso
Faça dos movimentos tipicamente iso- consequentemente, na atividade física.
lados uma componente suplementar ou Treinar de pé recruta muito mais grupos Maximize a segurança e o sucesso do
complementar do programa de exercício musculares do que simplesmente se nos indivíduo, optando por uma abordagem
e não a sua base principal. sentarmos. O desafio neuromuscular é holística (visão integral) ao treino.
Embora se deva sempre considerar as mais complexo e requer maior grau de Quando decidimos retirar os nossos
necessidades individuais dos clientes, força, propriocepção, ativação do centro clientes de “máquinas” padrão e optamos
evidências apontam para que a utiliza- de gravidade e estabilidade postural. Por por mecânicas de treino mais funcionais
ção de exercícios multidimensionais, que isso, procure: e exercícios multidimensionais de com-
abordem mais do que uma componente 1. Treinar e desafiar a base de apoio plexidade crescente, o risco aumenta.
da função, deva ser o foco principal para 2. Treinar o controlo do centro de gravi- Por isso, prepare-se bem e salvaguarde
os seus clientes(2). dade todas as situações possíveis!
Os movimentos isolados podem ser 3. Enraizar as bases de apoio (pés e/ou
Como abordado anteriormente, come-
considerados os mais eficazes para a mãos) como ponte de transferência de
ce sempre com uma boa avaliação que
melhoria da força de um grupo muscular energia
permita conhecer bem o cliente e o seu
específico, contudo a força é somente Princípio 6: Planeie do mais complexo estado atual. Isto porque muitos dos mo-
uma das componentes que devemos ter para o menos complexo vimentos que irão passar a fazer parte da
em conta. sua rotina de treino vão depender da sua
Oriente o planeamento dos treinos com
Melhorias significativas na força mus- base nos níveis de energia necessários, estabilidade e vão desafiar o seu equilí-
cular não necessariamente equivalem a por forma a otimizar cada momento. brio. O spoting desejado passará sempre
melhorias semelhantes no desempenho por estar o tão longe do cliente necessá-
funcional(4). Assim, torna-se fundamental Opte por colocar movimentos mais com- rio para uma análise global e o mais perto
identificar o momento chave para a utili- plexos e multiplanares no início de cada possível para permitir minimizar o grau
zação dos exercícios isolados no plano sessão de treino e deixe para mais tarde de risco e maximizar a performance do
do treino. os exercícios isolados. O que não quer exercício. Não se distraia com o colega
dizer que esses exercícios sejam me- do lado, com a televisão ou com o tele-
Princípio 5: Realize exercícios senta- nos desafiantes, dado que não se deve móvel… o seu cliente deverá ser o seu
dos apenas para fins específicos confundir complexidade com intensida- foco máximo de atenção! Utilize estra-
Optar por realizar exercícios na posição de - isto pois um movimento isolado, não tégias sólidas de aprendizagem motora
sentada apenas quando absolutamente sendo complexo, pode e deve ser inten- e vá progredindo com base na resposta
necessário, ou quando os mesmos são so! Quanto mais instável e funcional for o de cada indivíduo. Avalie a evolução evi-
orientados para um propósito específico. desafio, menor deve ser a carga externa, tando saltar etapas e assim minimizar o
por forma a maximizar a ação das forças fracasso e o risco de lesão.
A realização de exercícios no conjunto para realizar o movimento. Com o decor-
postural sentado provou ser menos eficaz rer do treino é típico que o foco energé- Referências .................. p.20

21.
Academy. Academy.
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É errado pensar que a falta


de força não é um problema
de saúde!
____
Pedro Correia

Existe atualmente evidência científica suficiente para afirmarmos que o treino de força
é um método eficaz ao nível da prevenção, tratamento e, potencialmente, da reversão
de várias doenças crónicas. Efetivamente, a adesão a um programa de treino de força
devidamente desenhado pode aumentar de forma significativa a saúde física e mental
da população.
A importância é tal que são várias as organizações de renome mundial (Organiza-
ção Mundial de Saúde, Centers for Disease Control and Prevention, American Heart
Association, American Association for Cardiovascular and Pulmonary Rehabilitation,
American College of Sports Medicine) que recomendam esta forma de treino para
Pedro Correia manter a saúde.
––––
No entanto, apesar desta evidência, a maior parte da referenciação para o exercício
Licenciado em Educação Física é ainda o treino aeróbio e são poucos os médicos (e profissionais de saúde em geral)
e Desporto no Ramo Gestão do que fazem a referenciação para o treino de força. Este artigo tem como objetivo alertar
Desporto pela Universidade da
Madeira; Master em Gestão de para a relevância e para o impacto valioso do treino de força na saúde.
Campos de Golfe pela Universidade Cerca de 100% da nossa existência biológica tem sido dominada pela atividade outdo-
Europeia de Madrid. or. Caçar e procurar comida tem sido uma condição da vida humana durante milhões
Apaixonado pelo conhecimento, de anost. Ou seja, se no passado era preciso fazer esforço (i.e. actividade física) para
são muitas as formações encontrar comida, hoje em dia a comida vem ter connosco sem esforço algum. Por-
complementares que já frequentou, tanto, passamos de um estilo de vida bastante activo para um estilo de vida altamente
destacando-se o Programa sedentário, com consequências graves ao nível da saúde pública.
completo de Performance
Mentorship com a EXOS e o Com efeito, se antigamente todas as pessoas tinham que exercer algum esforço físico
Strength & Conditioning Mentorship para fazer a sua vida normal, hoje em dia a maior parte não tem essa necessidade. O
Program com Michael Boyle. ambiente mudou e as pessoas também mudaram. Estão mais fracas, mais doentes,
Com uma vasta experiência têm mais dores crónicas e estão cada vez mais dependentes de medicamentos. Mas
profissional, atualmente mantém a mensagem que ainda se passa na nossa sociedade (e em consultas médicas) é “não
ligação ao golfe e é Co-Fundador e faça esforços e faça a sua vida normal”. Ora, eu acredito que este é o pior conselho
Head Coach na The Strength Clinic.
Preletor em vários Congressos, que se pode dar às pessoas! Vida normal? Mas que conselho é este? Como é que
Conferências e Seminários, sendo o normal pode ser bom? É preciso estar completamente alienado da realidade para
também Formador na área do poder fazer recomendações deste género.
exercício, saúde e performance Hoje, temos mais oportunidades do que nunca para construir um fenótipo saudável
desportiva.
e forte. O fenótipo é a expressão do nosso organismo e este depende, em grande
parte, das escolhas que fazemos todos os dias. Dois organismos podem ter o mesmo

22.
Academy.
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equilíbrio, da ocorrência de quedas e de


mortalidade(4). No caso dos idosos é im-
portante assinalar que as quedas são a
principal causa de morte acidental após
os 65 anos e que são as fraturas das an-
cas aquelas que afetam em maior exten-
são a independência dos mesmos(5).
Quando falo em força refiro-me à base
para interagirmos com o ambiente à nos-
sa volta, à fundação para o desenvolvi-
mento das outras qualidades físicas (mo-
bilidade, potência, velocidade, agilidade,
endurance muscular), à capacidade de
produzir força contra uma resistência
externa (pode ser o chão ou outro objeto
qualquer) através das contrações muscu-
lares. Esta é, provavelmente, a capacida-
de mais treinável que dispomos e aquela
que poderá ter maiores repercussões na
melhoria da nossa função, independência
e longevidade funcional. Tarefas como
caminhar rapidamente, sentar e levantar
de uma cadeira, subir escadas, manter o
equilíbrio, carregar malas ou brincar com
os filhos/ netos, são exemplos de ativida-
des da nossa vida diária que requerem
uma componente mínima das várias ma-
[…] a adesão a um programa de treino de força devidamente desenhado pode
nifestações de força (força máxima, força
aumentar de forma significativa a saúde física e mental da população. rápida e força de resistência). Portanto,
tanto a força, como o músculo (mais a
sua qualidade que quantidade), são pa-
genótipo, o mesmo DNA, mas diferentes mundo(2)! De acordo com o primeiro rela- râmetros da função física que precisam
fenótipos – baseado nas suas experiên- tório sobre envelhecimento saudável da de ser cuidados na construção do fenóti-
cias e no ambiente. É certo que há coisas Organização Mundial de Saúde (OMS), po do envelhecimento saudável.
que não conseguimos controlar como a espera-se que o número de pessoas com Estas questões assumem ainda maior
nossa herança genética, o local do mun- mais de 60 anos duplique em 2053 e é importância quando constatamos que
do onde nascemos/ vivemos, a sorte e neste contexto que precisamos de inter- a partir do passado dia 1 de outubro de
o ambiente. Mas há muitas coisas que vir, com urgência, no sentido de promover 2016, na décima revisão da classifica-
conseguimos controlar e que dependem a autonomia motora e melhorar a capaci- ção internacional de doenças (ICD-10),
exclusivamente das nossas prioridades dade funcional das pessoas. As tradicio- a sarcopenia foi classificada, pela OMS,
na vida e das nossas escolhas diárias nais recomendações das caminhadas, da como uma doença, sendo detentora de
(exemplos: hábitos de exercício, alimen- natação, do Pilates e de “fazer esforços um código próprio (M62.84). Isto deverá
tação, sono, gestão do stress, tabagismo, de baixa intensidade” ou “não fazer es- levar a um aumento na disponibilidade
álcool, exposição a ambientes poluídos). forços” provavelmente precisam de ser de ferramentas de diagnóstico e a um
E eu acredito que o exercício físico em reconsideradas e devidamente contex- maior entusiasmo da indústria farma-
geral (e o treino de força em particular) tualizadas. cêutica para desenvolver medicamentos
é o fator mais importante de todos. É o É neste âmbito que o treino de força e o para combater a sarcopenia 6. Mas, na
mais potente, é quantificável e atua rapi- treino das qualidades físicas assumem minha opinião, isto também representa
damente em todos os sistemas e órgãos um papel lapidar. Todas as pessoas uma grande oportunidade para os pro-
do corpo humano. (atletas e não atletas) precisam de trei- fissionais do exercício poderem ajudar
A realidade é esta: a população está en- nar as suas qualidades físicas para viver no combate desta doença, já que será o
velhecida e com mais doenças crónicas/ com qualidade e de forma independente. treino de força (devidamente orientado,
não transmissíveis. As principais doen- Depois dos 30 anos de idade, os adultos como é óbvio) o estímulo mais potente na
ças não transmissíveis são as doenças perdem 3 a 8% da sua massa muscular sua prevenção e tratamento.
cardiovasculares, cancros, doenças res- por cada década. Ao longo do tempo, a Referências .................. p.20
piratórias crónicas e diabetes. Só estes perda de massa magra contribui para
(Este artigo é composto por 2 partes, sendo a última
quatro grupos de doenças contam mais uma diminuição da força muscular e publicada no número 6 da Bwizer Magazine)
de 80% para as 41 milhões de mortes no da potência, importantes preditores de

23.
À conversa com...

À conversa com
Maria João
Alvito
____

Maria João, se tivesse que escolher tinuamos ainda hoje com esta premissa). diferentes continentes, o que me trouxe a
3 palavras para se descrever, quais Relativamente aos 3 principais momen- possibilidade de vivenciar diferentes cul-
seriam e porquê? tos na minha carreira saliento: turas, suas práticas e saberes tão distin-
1. Início de carreira, em 1990, na Função tos. Aprender a respeitar a diferença sem
Resiliência, positivismo e curiosidade. O julgamentos de valores “à portuga”.
que sou como profissional e pessoa é Pública, a trabalhar num Hospital Central
fruto de uma grande resiliência e capaci- (Hospital de Egas Moniz de Lisboa) num Este percurso foi desenhado de for-
dade de enfrentar os constantes desafios serviço de Fisioterapia inovador, multi- ma meticulosa ou “foi surgindo”?
da vida, aceitando as minhas forças e vul- disciplinar e com o cuidado na formação
Não acredito no simples acaso ou no tec-
nerabilidades. Perdemos tempo e ener- contínua da equipa. Contudo, ao longo
nicismo puro. Acredito sim, no trabalho e
gia interior quando nos lamentamos. Há dos 10 anos de trabalho como funcioná-
na paixão de nos movermos para cons-
sempre algo que podemos aprender de ria pública, senti que não era o que queria
truirmos os nossos sonhos, com suor e
forma construtiva, mesmo nos momentos para o meu futuro profissional.
dedicação. Este percurso profissional
mais “negros” da nossa existência. Tenho 2. Arriscar ao criar o “Centro Olá Mamã - surgiu de diversas experiências de vida
uma curiosidade inata pelo ser humano Centro de Preparação e Educação para o profissional e humana, que contribuíram
e pelas culturas dos diferentes povos. Nascimento” em Lisboa, em 2002, onde para a criação de novas oportunidades
Considero que quem não é curioso já desenvolvo toda a prática clínica na área de realização. Com efeito, quando surge
“morreu”. da Saúde Materno-Infantil. Este é um es- uma oportunidade que “mexe connosco”,
É uma fisioterapeuta diferente da paço de aprendizagens profissionais en- cabe às nossas mãos e coração aceitar o
maioria, tanto pelo percurso e área de quadradas na minha área de eleição na desafio sem saber, na maioria das vezes,
Fisioterapia. Aprendo diariamente com as qual a “rede” ou desfecho, mas arriscan-
trabalho, como pelas coisas que faz.
famílias e os desafios que o processo de do porque se acredita que corresponde a
Como entrou na fisioterapia e que parentalidade nos coloca. Trabalho e cru- nossa “impressão digital“.
momentos destaca na sua carreira? zo saberes clínicos com diferentes profis-
Por não ter média para entrar na Facul- sionais a nível nacional e internacional.
dade de Medicina concorri ao curso de [...] a equipa multidisciplinar deve
3.Todas as experiências formativas na-
Fisioterapia. Procurei encontrar uma pro- cionais e internacionais que tive oportuni- proporcionar uma experiência
fissão na área da Saúde com contacto dade de desenvolver. Toda a carreira de positiva de parentalidade. Todos
directo com o corpo humano e em que as formadora na área da Saúde Materno-In- os profissionais de saúde têm um
relações interpessoais fossem valoriza- fantil que começou na APF e que, desde papel: no centro a família, à sua
das. Quando entrei em Alcoitão, em 1987, 2000, “pasito a pasito” foi transformada
desconhecia a revolução da profissão e volta políticas de saúde onde cada
numa atividade de formadora freelan- profissional pode contribuir para o
quanto era importante que cada Fisiote- cer, em Portugal, e no estrangeiro - já
rapeuta contribuísse para um trabalho de trabalhei como formdora em 13 países, bem-estar holístico da saúde.
qualidade e dignificação da carreira (con-

24.
A Maria João Alvito foi a idealizadora pais. É difícil lidar com os pais? Que mesmo tempo que mantemos grandes
e criadora do centro “Olá Mamã”, um dicas deixa? responsabilidades como mãe/ família. Eu
conceito bastante diferenciado e raro não podia arriscar no meu timing pesso-
Os clientes pais/ famílias são a nossa
em Portugal – como tudo começou? al, pelo que procurei criar condições de
“matéria prima” para crescermos e ma-
sustentabilidade para poder arriscar com
Como um “quarto filho”, sonhado, bus- turarmos como profissionais nesta área
o timing da família.
cado, construído. Após ter trabalhado da Saúde Primária e Educação Parental.
durante 10 anos na função pública, mais Escutar verdadeiramente as necessida- Não é, de todo, um requisito ser mãe ou
especificamente na área da Saúde da des parentais (e não projetar o outro com pai (muitos alunos comentam comigo
Mulher, após ter andando com a “trouxa o que sabemos sobre o assunto x), des- este pequeno, grande receio) para poder
às costas” em várias clínicas privadas, complicar, com os pais, o cenário clínico. prestar cuidados de alta qualidade na
depois de ter coordenado uma equipa Sermos muito práticos na seleção con- área da Saúde Materno-Infantil. O que é
multidisciplinar num projecto de um em- junta de estratégias de resolução. Cada fundamental é colocarmo-nos no lugar da
presário e médico, senti que após todas família é única, não há fotocópia de be- mãe, pai e bebé para podermos intervir
estas vivências seria minha vez, em 2002! bés e os contextos específicos da família nos diferentes cenários clínicos, respei-
E assim criei um projeto de raiz, com ca- moldam as escolhas de saúde. tando as diferentes dinâmicas familiares.
riz privado para poder “abrir as asas”, ser Seja humilde e inspire os pais a descobrir Para onde caminhará a área da Prepa-
“dona“ do meu tempo e poder oferecer o seu filho/a com diferentes ferramentas ração para o Nascimento?
serviços de Saúde Materno-Infantil, com de saúde. Não tenha medo de errar, pois Para uma construção cada vez mais
uma filosofia baseada num Modelo Rela- errar faz parte do percurso de desenvol- menu a la carte, onde as famílias pode-
cional onde a Família é o centro da inter- vimento e maturidade, quer para o profis- rão selecionar os conteúdos programáti-
venção. E hoje, todos os profissionais de sional, quer para cada mãe, pai e bebé. cos (tal como na Netflix), com pais cada
saúde da equipa “Olá Mamã” trabalham
Como profissionais de saúde temos que vez mais munidos de informação e contra
segundo este valioso princípio.
ter ética e nunca projetar os nossos va- informação das redes sociais, com uma
Atualmente, o centro Olá Mamã, para lores/ vivências parentais, como a “esco- necessidade urgente de criar espaços
além de prestar serviços na área pré e lha certa”. Não podemos ser extremistas, de saúde onde o tempo de contrarreló-
pós-parto, transformou-se, em 2016, tam- nem fundamentalistas! gio para, e em que cada casal escuta o
bém num centro de formação profissional corpo, os seus sinais e sintomas. Desco-
creditado pela DGERT. Um passo em A sua vida familiar foi determinante
brem-se novas aplicações (não da Goo-
frente, de acordo com o nosso trabalho para as suas escolhas profissionais?
gle/Apple Store) e, sem julgamentos por
formativo, estabelecendo parcerias for- Diretamente posso afirmar que não foi. parte dos profissionais de saúde, expe-
mativas com diferentes entidades a nível Mas acrescento que uma estabilidade rienciam-se novas ferramentas para lidar
nacional e internacional. emocional e afetiva é um ingrediente se- com a saúde da mãe, do pai e do bebé.
Os seus clientes são, tipicamente, os creto para podermos sonhar mais alto, ao
Um convite presente e futuro aos pais/fa-

25.
À conversa com...

mílias para uma reflexão crítica, onde os Mães e muitas Mulheres são o Pai. múltiplas iniciativas comunitárias, dar voz
profissionais de saúde têm de apresentar - Articular as equipas multidisciplinares, a várias mulheres mães e homens pais
uma qualidade bem sustentada em sa- onde cada profissional contribui para a é, sem dúvida, crucial para desenvolver
beres científicos e prática clínica. Penso saúde holística da família. o conhecimento e educação da saúde da
também que a Preparação para o Nasci- população em geral.
mento irá dar largos passos com o “nas- - O profissional de saúde deixa de ser
o expert e passar a ser o facilitador de Mas saliento que tudo na TV é efémero e
cimento” de novos profissionais de saúde as redes sociais são fugazes - mais rápi-
com competências técnicas, mas acima aprendizagens.
das que o fogo - podem queimar e des-
de tudo com competências relacionais. - Continuar a estabelecer contacto face truir muitos egos. Deslumbrar, mas serem
O que é mais gratificante no trabalho to face com o profissional de saúde em pouco eficazes na construção real de
detrimento do contacto exclusivo via in- comportamentos de saúde. O sucesso, a
que desenvolve no seu centro?
ternet. satisfação de cada cliente com o nosso
Poder receber literalmente “novas vidas”,
- Priviligiar vivências sociais com pares / trabalho diário é que é a verdadeira “mar-
participar ativamente na construção de
aprendizagem social para a mudança de ca de água” que fica para a vida.
saberes da família que nasce com a res-
comportamentos em saúde. Uma parte importante da sua dimen-
ponsabilidade de um profissional de saú-
de. Gerir o “tempo”, que é um luxo nos - Inserir o bebé como um elo ativo na são profissional é a formação. É,
dias de hoje, com liberdade de ação. Po- construção dos saberes parentais. Inter- aliás, uma das formadoras mais bem
der criar novos produtos, inovar nas es- venções práticas (e não somente guide- avaliadas da Bwizer. O que é que
tratégias de ensino parental. Aliar a prá- lines) focadas no modelo relacional onde a formação lhe dá, ainda por cima
tica clínica com a formação profissional. a família/ bebé estão no centro.
tendo experiência tanto em Portugal
Qual o papel do profissional de saúde - Combater a grave lacuna do Sistema como no estrangeiro?
nesta área? E será esta a área de uma Nacional de Saúde Português para os
Nesta fase da minha carreira profissional,
só categoria profissional, como cada cuidados da Saúde Materno-Infantil.
passo 70% do meu tempo a dar e receber
corporação parece defender? formação - uma complementaridade, um
Qualquer categoria profissional que quei- diálogo constante em várias línguas! A
Seja humilde e inspire os pais formação profissional dá-me muito a nível
ra restringir esta área da saúde está a
a descobrir o seu filho/a com pessoal e profissional, passo a partilhar
esquecer, por completo, quem está no
seu centro: a FAMÍLIA e não a categoria diferentes ferramentas de saúde. alguns pontos consigo: a oportunidade
profissional! Não tenha medo de errar, pois de encontro com diferentes formandos
errar faz parte do percurso de (experiência multidisciplinar, diferentes
A Saúde não se separa entre muros de gerações, culturas), partilhar experiência
lobbies profissionais, deve ser cuidada desenvolvimento e maturidade,
clínica, “cocriar” conhecimento em dife-
por todos os intervenientes com respeito quer para o profissional, quer rentes partes do mundo com os alunos.
e ética profissional. para cada mãe, pai e bebé.
A formação profissional já me levou a 13
Uma família (não importa se é tradicional países, em diferentes continentes (vou
ou não) cruza-se em diferentes momen- riscando do mapa). Têm sido viagens
tos da gravidez, parto, pós-parto e em di- É uma presença assídua na comuni- pessoais e profissionais únicas, onde a
ferentes locais de serviços de saúde, com cação social, tendo sido mesmo auto- mochila veio carregada de novos “ma-
uma equipa multidisciplinar que deve ter pas” e ferramentas… Temos que nos
ra e apresentadora do programa tele-
formação específica e trabalhar em equi- perder para nos encontrarmos. “Plano
visivo “Mãe me Quer” na SIC Mulher.
pa. Segundo as mais recentes guidelines B” sempre no bolso de viagem, mas sem
da WHO (2016-2030) a equipa multidis- Na sua opinião, qual a importância da
divulgação desta área? medo de sair da zona de conforto.
ciplinar deve proporcionar uma experiên-
cia positiva de parentalidade. Todos os Os media são como uma janela do nos- Valorizar cada formação, pois cada cur-
profissionais de saúde têm um papel: no so Portugal, com uma audiência muito so é único. Apesar de já ter ultrapassado
centro a família, à sua volta políticas de superior a qualquer outra iniciativa local. várias centenas de momentos formativos,
saúde onde cada profissional pode contri- Participar como convidada em diferentes preparo-me com rigor antes de cada “en-
buir para o bem-estar holístico da saúde. programas de daytime para partilhar a contro “, como sendo o primeiro. Cuidar
intervenção como Fisioterapeuta nesta dos detalhes formativos (nos pormenores
Qual o estado da evidência científica está parte da qualidade da formação),
área específica é, sem dúvida, uma opor-
na área da Saúde Materno Infantil? continuar em “alerta” para as diferentes
tunidade valiosa para sensibilizar o públi-
Resultante de estudos qualitativos inter- co em geral. necessidades de cada aluno mas, sem
nacionais e da nossa prática clínica (que cair na generalização ou no facilitismo.
Relativamente à série televisiva de 13
também contribui para a evidência sus- Criar momentos de verdadeiro encontro
programas na SIC Mulher, este foi mais
tentada) posso referir a importância de: humano e profissional entre os partici-
um projeto da minha carreira. Dar a co-
- Respeitar as mudanças correntes na fa- nhecer diferentes profissionais de saúde, pantes, onde o cognitivo se mistura com
mília tradicional. Muitos Homens são as famílias com diferentes perfis, divulgar o emocional, o sensório motor, o social...
Para que cada um de nós, formador e

26.
À conversa com...

formando, possa usufruir de uma experiência profissional, uma mento dos novos pais (homens e mulheres) com a presença
verdadeira vivência a vários níveis: mente, corpo e coração em de múltiplos cenários clínicos para resolver, desafios sociais
movimento de abertura para os outros e aprendizagem cons- diversos e crenças/ mitos para desmontar. Cada formador desta
tante. equipa multidisciplinar partilhará a sua experiência clínica e, em
conjunto com o grupo de alunos, vai desenvolver ferramentas/
A sua história com a Bwizer começou de uma forma curio-
técnicas para construir a “mochila de viagem” para quem se sin-
sa. Quer contar-nos essa história?
ta inspirado a trabalhar nesta área.
Em 2011, contactei o Hugo Belchior, apresentando-me desta
forma “você não me conhece… mas eu sou a Maria João, Fi-
Quais os seus planos para o futuro?
sioterapeuta, formadora apaixonada pela área de Saúde Mater- Celebrar 50 anos, em dezembro, com a certeza que tenho me-
no-Infantil“ e que “uma empresa de formação profissional em mórias do meu passado que me enchem como pessoa e como
saúde não podia ignorar a área da Saúde da Mulher!” (naquela profissional. Agarrar o meu presente com os desafios/exigên-
altura não havia produtos formativos na Bwizer, nessa área). cias do mercado atual e acreditar que já vivo o meu sonho pro-
Disse-lhe também que tinha várias propostas formativas que fissional hoje. Continuar a “cocriar” saberes e experiências pro-
gostaria de apresentar e que esperava podermos trabalhar em fissionais com novos formandos a nível nacional e internacional.
conjunto para desenvolver novas propostas. Hoje, passados 7 Ser grata cada dia, usufruindo dos pequenos detalhes da vida.
anos, construímos em conjunto uma série de formações na área Estar atenta a novas aventuras em cada ano que começa, pois
da Saúde da Mulher e, mais especificamente, da Saúde Ma- quase sempre que estou a fechar um ciclo de desafios profis-
terno-Infantil que muito está a entusiasmar novos profissionais. sionais, outro surge. Este ano, o desafio foi ensinar na China e
Muitas vezes, na nossa vida, não nos apercebemos como um conceber com a Bwizer a “Especialização em Fisioterapia Ma-
pequeno gesto pode potenciar revoluções do nosso percurso terno-Infantil” que já teve o seu início em Lisboa, em outubro.
profissional e pessoal. Quando olhamos para trás, por vezes Continuar sempre disponível para qualquer colega de trabalho
passado vários anos, conseguimos ver todo um percurso que e aluno que queira dar os primeiros passos nesta área e precise
mudou as coordenadas do nosso GPS. de tomar um café/chá, “bater um papo”.
Recentemente iniciou a Especialização em Fisioterapia Para terminar, que conselho deixa aos nossos alunos.
Materno-infantil, um projeto inovador e ambiciosos. O que
Seja verdadeiro consigo próprio. Trabalhe na direção dos seus
podem os alunos esperar deste curso? sonhos, com respeito pelos outros, com uma atitude de humil-
Como Coordenadora Pedagógica de uma equipa multidiscipli- dade e com uma força interior bem focada. Está nas suas mãos
nar de formadores, trabalhamos para proporcionar aos forman- a oportunidade de sonhar e realizar-se como pessoa e profis-
dos: exigência, inovação, desenvolvimento de espírito crítico e sional. Seja grato e celebre a vida, cada dia transformando um
de raciocínio clínico reflexivo sobre as diferentes temáticas e obstáculo numa aprendizagem.
cenários clínicos.
“Too often we underestimate the power of a touch, a smile, a
Aos alunos que participam neste modelo formativo de longa kind word, a listening ear, an honest compliment, or the smallest
duração (7 Módulos, distribuídos 1 por mês) vão experienciar act of caring, all of which have the potencial to turn a life around“.
o “nascimento” de profissionais de saúde com novas competên- (Leo Buscaglia).
cias técnicas, mas acima de tudo com competências relacionais
apuradas. Estamos a intervir num período sensível do cresci-

27. 27.
Referências Bibliográficas.

Quando os bebés chegam cedo demais 10. Y. Takarada, Y. Sato e N. Ishii, “Effects of resistance exercise combined with
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Soft-skills: um desafio para a Fisioterapia


____
As competências sociais e comportamen- mente, a ESSSM dinamiza um programa de
tais, conhecidas como soft-skills, represen- voluntariado e extensão à comunidade cujo
tam, hoje em dia, um dos maiores desafios objetivo é estimular o espírito de respon-
para os empregadores de jovens licencia- sabilidade social entre todos, permitindo a
dos. As profissões da área da saúde não fo- cada um ser membro ativo na comunidade
gem a esta regra. Na Fisioterapia as compe- em que se insere. Este programa capacita
tências técnicas são muito importantes, mas os estudantes nas áreas social e humana,
como em qualquer profissão da área da saú- através do contacto com o outro e com di-
de, o domínio das soft-skills, nomeadamente ferentes realidades. Os nossos estudantes
aquelas relacionadas com valores pessoais, têm oportunidade de contactar, nos mais
atitudes, comportamentos e relação com os variados projetos, com crianças, adultos
outros, irão determinar a capacidade de nos mais velhos e população sem abrigo do dis-
adaptarmos a situações específicas, me- trito do Porto, desenvolvendo competências,
lhorando o nosso desempenho e sucesso adquirindo e consolidando conhecimentos e
profissional. O domínio efetivo de soft-skills explorando novas perspetivas do mercado
torna-se assim, determinante para o desen- de trabalho.
volvimento pessoal e profissional dos futuros
Fisioterapeutas, apesar da sua inclusão nos
cursos de licenciatura ser ainda um desafio.
No curso de licenciatura em Fisioterapia da
Escola Superior de Saúde de Santa Ma-
ria (ESSSM) procuramos incluir, no plano
de estudos, conteúdos programáticos que
permitam ao estudante desenvolver estas
competências. Comunicação, traços de per- Daniela Simões
sonalidade, pensamento crítico, resolução
––––
de problemas, gestão de tempo, trabalho
em equipa, liderança, gestão de conflitos e Fisioterapeuta, Mestre em Epidemiologia e
empreendedorismo são alguns dos conteú- Doutorada em Saúde Pública. Atualmente
é Professora Adjunta na Escola Superior de
dos abordados, de forma integrada, em uni- Saúde de Santa Maria, exercendo funções de
dades curriculares específicas e no ensino Coordenadora do Curso de Licenciatura em
clínico de integração profissional. Adicional- Fisioterapia.

29.
Histórias de Sucesso.

Histórias de Sucesso
Nuno
____ Pina

Estivemos à conversa com Nuno Pina, um jovem fisioterapeuta


com espiríto empreendedor. Conheça-o melhor agora! A concorrência no sector privado da fisioterapia
Fale-nos um pouco sobre si. funciona como o alto rendimento desportivo: promove
Sou um jovem natural de Caldas da Rainha que vive todos os a melhoria contínua e a capacidade de autossuperação.
dias orientado pela motivação.
Cresci junto dos meus pais, irmão e avós, num local tipicamen-
te simples, com todas as condições para um desenvolvimento as federações nacionais de ténis e natação; orientador de está-
genuíno e honesto. gios em fisioterapia de diversas escolas; formador assíduo nas
temáticas de prevenção de lesões e return to sport, e, recente-
Licenciado em fisioterapia pela Escola Superior de Tecnologia mente, presidente da direção da Associação de Antigos Alunos
da Saúde de Lisboa, tenho-me dedicado a exercer sobretudo da ESTeSL, alumniESTeSL.
como fisioterapeuta no alto rendimento desportivo.
Quem segue a minha conta de Instagram pessoal @nf.pina co-
No início da minha atividade profissional passei por vários clu- nhece um Nuno que adora sair de casa para estar com a família
bes desportivos, entre os quais o Sport Lisboa e Benfica onde , e amigos, gosta de ir à praia durante todo o ano e desfruta em
até 2015, exerci na modalidade de hóquei em patins. ambientes desportivos, culturais e, sempre que possível, recre-
Exerço atividade profissional em vários locais e com diferentes ativos.
funções: (1) coordenador e fisioterapeuta no departamento de Adoro gatos, detesto cães, canto alto enquanto conduzo, faço
fisioterapia para o alto rendimento da Federação Portuguesa de exercício físico e o filme que mais me marcou foi o Fight Club
Natação, (2) membro da equipa de saúde do Comité Olímpico (um clichê, mas um clichê não arrependido).
de Portugal e (3) diretor técnico da ForPhysio Jamor - Perfor-
mance Center. Uma curiosidade sobre si que nada tenha a ver com a
Acredito na vantagem em ser-se versátil, pelo tenho seguido sua atividade do dia-a-dia?
esta premissa nos últimos 5 anos. Nesse sentido tenho investi- Assisto com assiduidade ao por do sol e, enaquanto isso acon-
do o meu tempo em diferentes áreas: dirigente no Conselho Di- tece, imagino um pelicano gigante, pelo menos de 40m, a ras-
retivo Nacional da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas; gar o horizonte!
tutor residente no Centro de Alto Rendimento do Jamor para Como concilia a sua vida pessoal com a profissional?

30.
Histórias de Sucesso.

Com bastante dedicação. Raramente Sinceramente tudo tem fluido com natu- senvolvimento da tecnologia associada.
abdico de fazer algo pessoal por razões ralidade. O maior desafio são mesmo as Juntas, julgo serem a fórmula ideal.
profissionais. pessoas, não os clientes, mas as pesso-
Como procura elevar-se a si e à sua
as que estão em torno e nas estruturas
Sempre sonhou ser Fisioterapeuta? profissão todos os dias?
com tomada de decisão.
Como surgiu na sua vida? Fazer o que gosto, com quem gosto e
Nem uma única vez: a fisioterapia entrou
Hoje sente-se recompensado? como gosto. Para mim, a felicidade na
depressa na minha vida. Mas hoje tenho Faria algo de forma diferente? Que intervenção é meio caminho andado para
consciência que também rapidamente conselho deixa a quem quer fazer o alcançar a elevação profissional, todos os
decidi dedicar-me a ela. mesmo? dias.
No seu percurso profissional, quais Sinto-me bem, a recompensa é diária. Quais os seus projetos para o
foram as experiências que mais o Até ao dia de hoje sem arrependimentos, futuro?
portanto penso que faria tudo igual.
marcaram? Quero desenvolver os projetos que assu-
Para quem quer fazer o mesmo aconse- mi e nos quais atualmente estou envolvi-
Felizmente tive diversas experiências
lho que o faça sem receio de errar. Exis- do. Até ao final deste ciclo olímpico, rumo
marcantes e impactantes na minha vida
tem sempre soluções. a Tóquio 2020, esse será o meu foco.
profissional. Destaco ganhar a Taça de
Portugal em hóquei em patins masculino Na sua opinião qual a importância da Já realizou algumas formações com
pelo Sport Lisboa e Benfica, em 2015; prática privada na Fisioterapia, em a Bwizer? De que forma é que estas
destaco também o meu primeiro Cam- Portugal? A concorrência é positiva? impactaram o seu dia-a-dia?
peonato do Mundo de natação na Rússia
A prática privada é essencial pois, no Sim. Acredito na melhoria contínua e na
também em 2015; bem como abrir a For-
Sistema Nacional de Saúde e, segundo formação avançada como ferramenta
Physio Jamor junto dos meus amigos, a
dados da OCDE, o rácio em Portugal é para a alcançar. Desta forma, as forma-
25 de abril de 2018.
de 1 fisioterapeuta para cada 100 mil ha- ções que realizei contribuíram para o
O que o motivou a abrir o seu bitantes. Claramente insuficiente. meu desenvolvimento profissional.
gabinete? A concorrência no sector privado da fisio-
Uma dica ou frase de inspiração para
Realizar a prática clínica em fisiotera- terapia funciona como o alto rendimento
aqueles que gostariam de seguir os
pia de acordo com os meus princípios e desportivo: promove a melhoria contínua
ética, focado no público que hoje tenho e a capacidade de autossuperação. Por seus passos?
como eleição e exercer com a autonomia esses motivos, positiva, sim. Se a tua energia for toda aplicada num
que claramente me permite desenvolver sentido simples mas útil, nasce algo com
Como acha que a Fisioterapia pode
aquilo que acredito ser um ótimo traba- valor. Põe em prática e depois vais “acer-
evoluir/ crescer? tando”.
lho.
Basicamente a fisioterapia pode evoluir
Quais os desafios e medos que apoiada em dois pilares: boas práticas
enfrentou? Foi tudo fácil? baseadas na evidência científica e de-

31.
Entrevista.

Entrevista
Low Pressure
Fitness
____

e Exercício para a Saúde. Sou também Doctora Internacional pela Universidade


Dependendo do objetivo e necessi- professora de reabilitação do pavimento de Vigo, com a primeira tese de douto-
dade do paciente, cliente ou atleta, pélvico da Fundació Universitaria del Ba- ramento conhecida sobre técnica hipo-
o profissional ou equipa de profis- ges e professora da Herman & Wallace, pressiva.
Instituto de Reabilitação Pélvica. Em colaboração com o Piti Pinsach, es-
sionais utiliza o LPF de diferentes
formas, adaptando o exercício para Piti: DEA em Morfologia Médica e Ba- tudei a aplicação dos hipopressivos no
charel em Ciências da Atividade Física; campo da prevenção, desporto e condi-
atingir os objetivos definidos.
co-fundador, divulgador e professor do cionamento físico através do ensino, pes-
LPF. Atualmente dedico-me à formação quisa e treino. E, após quase dez anos
de novos instrutores e promoção da mar- a desenvolver o conceito dos exercícios
Estivemos à conversa com os três fun- ca através do trabalho científico, presen- hipopressivos, em conjunto com o Camilo
dadores da Low Pressure Fitness (LPF): ça em congressos e conferências pelo Villanueva, criamos a Low Pressure Fit-
Tamara Rial, Piti Pinsach e Camilo Villa- mundo. Com efeito, uma outra forma de ness® (LPF).
nueva. promoção da marca na qual invisto parte O LPF é um programa de treino global
Nesta entrevista descobrimos como sur- do meu tempo é a comunicação com os que combina a técnica hipopressiva com
giu a LPF, qual a sua missão e projetos media. outras técnicas de reeducação postu-
para o futuro. Acompanhe-nos ao longo Camilo: Sou formado em Publicidade e ral como a mobilização neurodinâmica,
das próximas linhas e apaixone-se, como Relações Públicas, assim como em Ati- miofascial e respiratória. É um programa
nós, por este sistema de treino postural vidade Física e Ciências do Desporto, de “baixa pressão” física e psicológica
inovador. ambos pela Universidade de Vigo. Atual- adequado para todos, através do qual
Como se apresentariam, de uma for- mente sou o gerente do LPF Institute. profissionais de saúde e exercício físico
podem ser certificados para se tornarem
ma breve? Antes de criarem a LPF, os hipopres- instrutores especializados em LPF.
Tamara: PhD, co-fundadora e investi- sivos já faziam parte das vossas
Piti: O nosso ponto de partida foi verifi-
gadora da LPF. Atualmente coordeno a vidas. O que viram de novo e de es-
carmos que não existia nenhum siste-
“Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação” pecial nos “hipopressivos” e como ma de treino que garantisse, ao mesmo
(P+D+I), assim como a formação de pro- surgiu este método? tempo, melhoria dos índices de saúde da
fissionais de saúde e de exercício para a
Tamara: Estudei Atividade Física, Ciên- população, e redução do perímetro da
saúde da mulher Low Pressure Fitness
cias do Desporto com a especialidade cintura.
Institute. Continuo também a estar pre-
em Educação Física, mas a minha pai- Com efeito, com as nossas pesquisas,
sente em palestras e conferências, as-
xão pelo exercício físico para mulheres e verificamos que a prática do sistema de
sim como a dedicar-me à investigação e
pelas técnicas de corpo-mente levou-me treino LPF permitia alcançar bons resulta-
publicação de artigos e livros sobre LPF
a prosseguir o estudo até obter o título de

32.
Entrevista.

dos em pouco tempo, chegando mesmo Podemos dizer, com absoluta certeza, o mundo.
a garantir reduções de cintura de 2 a 10 que o nosso projeto nasceu globalmen- Camilo: A qualidade do sistema de treino
cm com apenas dois dias por semana, 30 te, pois em menos de 6 meses criamos desenvolvido pela Tamara Rial é a base
minutos em cada sessão, durante dois o primeiro modelo de expansão interna- e o fator chave tem sido a comunicação
meses. Concluímos também que estes cional com um sistema de licenciamento com os nossos clientes.
indivíduos reportavam diminuição da dor para uso da marca, e o primeiro curso no
nas costas e stress, assim como melho- Canadá aos 9 meses. O que diz a evidência científica sobre
ria da flexibilidade, padrão respiratório e os hipopressivos e sobre o sistema
maior relaxamento. de treino LPF?
Camilo: Conheci a técnica hipopressiva Todas as técnicas que usamos no Tamara: Quando iniciei a minha tese
do Piti Pinsach através da Tamara Rial. LPF têm um suporte científico e, além de doutoramento sobre exercícios hipo-
Nessa altura consegui resolver um pro- disso, o programa continua a evoluir pressivos, foi difícil encontrar evidência
blema nas costas que até à data e com e melhorar à medida que continua- científica nesta área. Também as bases
sessões fisioterapia ou osteopatia não teóricas enunciadas em hipopressivos
mos a estudar e investigar mais.
tinha conseguido solucionar. Desde esse eram apenas especulativas e baseadas
momento percebi os inúmeros benefícios em conceitos fisiológicos erróneos. Ora,
desta técnica, pelo que, juntamente com estas constatações impeliram-me, tanto a
a Tamara e o Piti dedicamo-nos a de- Quais foram os fatores determinantes tentar dar uma explicação fisiológica teó-
senvolver esta poderosa técnica e assim para o vosso sucesso? rica baseada na ciência, como também a
nasceu a LPF. dar-lhe um caráter mais científico.
Tamara: Certamente, parte do sucesso
Fazendo uma viagem desde o pas- são os resultados obtidos por pacientes O resultado do estudo sobre os hipopres-
sado até ao dia de hoje: qual era o e estudantes, mesmo com pouco tempo sivos e da experiência prática e clínica le-
vosso objetivo com a criação deste de prática! Isso faz com que celebridades vou, com o passar do tempo, a que o que
sistema de treino postural? Tinham a e atletas de diferentes países e contextos se conhecia como conceitos hipopressi-
se interessem pelo sistema de treino LPF vos “já era pequeno demais”, havendo
ambição de fazer da LPF, uma marca
e depois, tendo em conta os resultados, por isso a necessidade de um programa
internacional e presente em tantos mais integrativo, funcional e baseado
o divulguem, gratuitamente, aos seus pa-
países? em evidência. Assim, o nasceu o LPF.
res e até nas redes sociais e meios de
Tamara: A missão do Instituto é muito comunicação social. Todas as técnicas que usamos no LPF
clara: “melhorar a qualidade de vida de têm um suporte científico e, além disso,
Mas toda esta evolução deve-se também
todas as pessoas do mundo”, pelo que o o programa continua a evoluir e melhorar
ao trabalho e perseverança de uma ex-
nosso principal objetivo é divulgar e ofe- à medida que continuamos a estudar e
celente equipa de uma dúzia de profis-
recer LPF em todos os cantos do planeta. investigar mais. Hoje, o LPF é um siste-
sionais sediados em Vigo, dos muitos
No entanto, não esperávamos que a in- ma de treino recomendado por médicos,
profissionais certificados que fazem um
ternacionalização acontecesse tão cedo. parceiras, PTs e fisioterapeutas.
excelente trabalho na formação e divul-
Em apenas dois anos, já possuíamos gação científica em conferências e esco- A LPF é sobretudo um método de
profissionais certificados nos cinco con- las por todo o mundo, bem como à pai- treino postural onde a neurodinâmi-
tinentes. Atualmente, uma das nossas xão dos muitos praticantes. Ora, tudo isto ca, fáscia e reeducação respiratória
prioridades é dar continuidade à missão multiplicou a popularidade do LPF, crian- têm um papel muito importante. O
de ajudar todas as pessoas no mundo do um grande interesse no público final, que distingue a LPF dos demais mé-
a melhorar a sua saúde através destes nos profissionais de saúde e do exercício. todos?
exercícios.
Criámos o primeiro sistema de treino in- Tamara: Como eu disse antes, o LPF é
Piti: As aplicações práticas da LPF são ternacional baseado em evidência, mas muito mais que hipopressivo. É um siste-
muitas (urogenital, respiratória, músculo ao mesmo tempo, flexível e moderno, e ma completo de treino de baixa pressão
esquelética, somática visceral, emocional que tem a sua génese na técnica hipo- física e mental. É uma ferramenta tera-
e muito mais) e hoje já existe a recomen- pressiva e reeducação física. Procura- pêutica adaptada a todos os níveis de
dação por parte de outros profissionais mos também adaptá-lo às pessoas reais condição física e características individu-
de saúde e exercício não certificados em e suas necessidades e foi assim que sur- ais. Com efeito, o LPF distingue-se dos
LPF como médicos (uro-ginecologistas, giu este conceito original de condiciona- demais exatamente por isso: por não ser
pneumologistas, ortopedistas), PTs, fisio- mento terapêutico que, através do nosso apenas baseado em hipopressivos.
terapeutas, entre outros profissionais. conhecimento sobre neuro educação,
deu origem ao programa de treino e estilo Por outras palavras, o LPF é mais am-
Camilo: O nosso objetivo no âmbito da
de vida acessível a todos. plo, pode ser feito por atletas, pessoas
formação em LPF é dar continuidade, por
sedentárias e até mesmo por populações
um lado à missão do Piti de transferir a Piti: Atualmente, o LPF é o líder inter- especiais. É uma revolução na forma de
técnica de terapia para a prevenção e, nacional no treino em técnicas de baixa treinar, e obedece ao conceito de que
por outro, ajudar a Tamara a continuar a pressão, as técnicas hipopressivas - te- menos é mais. Integrámos, desde o iní-
desenvolvê-la para uma abordagem mais mos mais de 5000 profissionais em todo cio, o fitness com técnicas muito inova-
integrada e global.

33.
Entrevista.

doras como mobilização neurodinâmica, no setor. Um dos pontos mais interessan- ser aplicado por profissionais de saúde e
técnicas miofasciais, reeducação respira- tes para estes instrutores é pertencer a do exercício.
tória e hipopressivos. um diretório exclusivo e internacional que
O que esperam para o futuro?
E temos tido o reconhecimento devido facilita a busca de profissionais pelo pú-
blico final. Piti e Tamara: Para o futuro, esperamos
que até já nos valeram dois prémios: um
continuar o caminho da internacionaliza-
em 2015 para o trabalho de pesquisa e Mas não só, ter a certificação LPF, é
ção e aumentar o número de praticantes
outro em 2016 como o melhor programa garantia de descontos significativos em
para que mais pessoas possam benefi-
ou atividade desportiva da Asociación educação e materiais/ produtos, acesso
ciar de uma melhor saúde com este fan-
Gallega de Gestores Deportivos. a conteúdos exclusivos, permissão para
tástico sistema de treino.
usar o selo e designação do instrutor cer-
De forma breve, como descreveriam a Camilo: Esperamos ter ainda uma maior
tificado LPF, bem como a possibilidade
certificação LPF e qual a importância presença global, apostando no treino
de se tornar especialista em instrutores
de fazer os 3 níveis e o exame final? de LPF. online. Procuraremos também chegar a
Tamara: A certificação do Instrutor LPF mais países com o nosso programa de
Camilo: Entendemos os três níveis como
implica que os profissionais tenham um formação, assim como alcançar direta-
um todo, pelo que não faz sentido uma
conhecimento teórico e prático sólido mente o cliente final.
parte sem a outra. O círculo deve ser
para ensinar o programa de treino LPF fechado e a certificação é o endosso do
com competência e segurança. LPF para o mercado.
Tornar-se um instrutor certificado LPF [...] o LPF é muito mais que
Este sistema de treino não é exclu-
significa ter cumprido os requisitos para hipopressivos. É um sistema
fazer parte de uma comunidade interna-
sivo da área da reabilitação, nem da
área do exercício/ fitness. Porquê e completo de treino de baixa pressão
cional reconhecida pelo seu conhecimen-
quais os benefícios para o profissio- física e mental. É uma ferramenta
to e que obedece a critérios de qualidade,
em qualquer parte do mundo. nal de saúde e para o profissional de terapêutica adaptada a todos
Piti: A certificação LPF é sinónimo de
exercício? os níveis de condição física e
profissionalismo e máxima qualificação Tamara: O LPF é um sistema de treino características individuais.
cuja abordagem é multidisciplinar. Assim,
tanto os profissionais da reabilitação,
como os do exercício podem aplicar o
método, mas sempre sob suas respetivas Podem deixar-nos uma mensagem
competências profissionais. para os alunos de Portugal?
Dependendo do objetivo e necessidade Tamara: Nós encorajamos sempre os
do paciente, cliente ou atleta, o profis- profissionais a constatarem a mudan-
sional ou equipa de profissionais utiliza ça pessoal e profissional decorrente da
o LPF de diferentes formas, adaptando o aposta na certificação LPF. Encorajamos
exercício para atingir os objetivos defini- também que os nossos instrutores conti-
dos. Como exemplo, vale lembrar que o nuem o seu processo de educação para
LPF é o programa mais procurado e uma serem cada vez melhores, pois o LPF é
estrela no período pós-parto. um programa cada vez mais procurado
Piti: LPF é o programa ideal porque trei- em Portugal, especialmente nos centros
na o abdómen e postura sem impacto ou de pilates, yoga, fitness, desportos e ga-
pressão no pavimento pélvico. Por isso, binetes/ clínicas de fisioterapia.
é um recurso de eleição no período de Piti: Esta é uma oportunidade para ofe-
pós-parto, por exemplo. Outro exemplo recer um programa de treino exclusivo e
é o dos terapeutas que o utilizam como diferenciar-se num setor em expansão.
exercício terapêutico na reabilitação de A certificação LPF abre novas possibili-
alterações posturais e escoliose, mas dades para o seu trabalho profissional e
também os preparadores físicos e PTs muda completamente a abordagem na
o usam como forma de prevenção de le- prática diária de atividade física.
sões e return to play. Camilo: A formação LPF representa um
Como vê, o LPF é muito versátil e o seu salto qualitativo a nível profissional, devi-
enorme valor terapêutico faz dele um sis- do ao leque de possibilidades que abre
tema válido na prevenção, promoção de para profissionais de saúde e fitness –
saúde, reabilitação e performance. aproveitem!
Camilo: LPF já nasceu com um conceito
multidisciplinar. É um sistema de treino
muito eficaz e versátil que, por isso, pode

34.
Bwizerianos.

3... 2... 1... 2019!


____

Está quase a terminar o ano 2018.


365 dias! São muitos dias!
Bem sei que todos os anos têm o mesmo número de dias (mais um ou menos um).
Mas quando olhamos para trás e fazemos um resumo de todo o ano, vemos que,
efetivamente, são muitos dias! Mais do que dias, são muitas horas! Horas de tra-
balho, horas de convivência e de relações. De algumas “turras” e alguns percalços
também. Faz parte. E, talvez sem isso, não teria piada.
Para mim este ano foi especialmente marcado por um aspeto que me é muito queri-
do e importante – a Equipa de Bwizerianos. Somos muito diferentes uns dos outros.
Temos gostos, feitios, personalidades e formas de trabalhar também diferentes.
Mas, ao contrário do que alguns podiam pensar, estas diferenças foram a nossa
força, uma grande mais valia para a Bwizer, e refletiu-se no trabalho que, todos os
dias, lhe apresentamos. Conseguimos potenciar as melhores capacidades de cada
um e fazer um trabalho que acredito que foi realmente extraordinário.
Ao longo destes quase 10 anos em que sou uma Bwizeriana, não me lembro de ter-
mos sido uma equipa tão alinhada, tão focada, tão em sintonia, tão comprometida,
tão coesa e com tão grande e verdadeiro espírito de equipa.
Passamos muitas horas juntos. Por vezes, mais do que com a nossa família em
casa. Esta é a nossa segunda casa, é a nossa segunda família! E nesta época que
se aproxima, a época da família e da gratidão, tenho muita vontade de agradecer a
todos os Bwizerianos que me acompanharam durante este ano.
Todos contribuíram para um ano fabuloso, cada um com as suas mais valias, mas
sobretudo pela equipa como um todo. Já diziam os 3 Mosqueteiros “um por todos
e todos por um”. E este ano fomos uns verdadeiros Mosqueteiros. E sei que isso
impactou com toda a certeza no trabalho que fizemos para os nossos clientes.
Gosto de olhar para trás e sentir o coração cheio. Se há coisas a melhorar? Então
não há? O trabalho nunca está terminado. É um caminho que se vai percorrendo,
mas repare que, “se tiver o hábito de fazer as coisas com alegria, raramente encon-
trará situações difíceis.” (Robert Badem Powell).
Por isso acabo este ano com um sorriso nos lábios! Com a sensação de dever
cumprido e com o desejo de que 2019 seja um ano, em que esta família possa
continuar a crescer, e a espalhar a sua boa energia por todos os nossos parceiros,
fornecedores e clientes.
Feliz 2019!

Joana Leal
CRM Manager

35.
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