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DIREITOS DA PERSONALIDADE

1. LIMITAÇÃO VOLUNTÁRIA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

O Código Civil prevê EXPRESSAMENTE que os direitos da personalidade


não podem sofrer limitação voluntária:

Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os


direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer
limitação voluntária.

No entanto, segundo o Enunciado n. 4 da I Jornada de Direito Civil:

O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação


voluntária, desde que não seja permanente nem geral.

Assim, se a prova cobrar expressamente a letra da lei, deve-se marcar que


NÃO é possível a limitação voluntária.

2. INTRANSMISSIBILIDADE DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

Os direitos da personalidade são intransmissíveis. Porém, é admitido que


a repercussão econômica de tais direitos seja explorada por
terceiros, como o uso da imagem de pessoas famosas para fins de
propaganda.

3. TRANSGENITALIZAÇÃO

A transgenitalização não é vedada pelo art. 13 do CC, pois se entende


que o transgênero padece de doença psíquica, que autoriza a
disposição do próprio corpo (enunciado n. 6 das Jornadas
de Direito Civil)

Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de


disposição do próprio corpo, quando importar
diminuição permanente da integridade física, ou
contrariar os bons costumes.

4. IMUTABILIDADE RELATIVA DO NOME

Até bem pouco tempo o princípio da imutabilidade do nome era absoluto


(até 1998). O nome só poderia ser modificado nos casos expressamente
previstos em Lei. Hoje, prevalece a inalterabilidade relativa do nome. O
nome pode ser modificado não apenas nos casos previstos em lei,
mas também por força de decisão judicial em razão de motivo
relevante.
Hipóteses Legais de modificação - arts. 56 e 57 da Lei 6.015/73:

Art. 56. O interessado, no primeiro ano após ter


atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou
por procurador bastante, alterar o nome, desde que
não prejudique os apelidos de família, averbando-
se a alteração que será publicada pela imprensa.
[...]
Art, 57. § 2º A mulher solteira, desquitada ou
viúva, que viva com homem solteiro, desquitado
ou viúvo, excepcionalmente e havendo motivo
ponderável, poderá requerer ao juiz competente
que, no registro de nascimento, seja averbado o
patronímico de seu companheiro, sem prejuízo dos
apelidos próprios, de família, desde que haja
impedimento legal para o casamento, decorrente
do estado civil de qualquer das partes ou de ambas.
§ 3º O juiz competente somente processará o pedido,
se tiver expressa concordância do companheiro, e se
da vida em comum houverem decorrido, no
mínimo, 5 (cinco) anos ou existirem filhos da
união.
[...]
§ 8o O enteado ou a enteada, havendo motivo
ponderável e na forma dos §§ 2o e 7o deste
artigo, poderá requerer ao juiz competente que,
no registro de nascimento, seja averbado o nome
de família de seu padrasto ou de sua madrasta,
desde que haja expressa concordância destes, sem
prejuízo de seus apelidos de família.

No entanto, o STJ tem flexibilizado a interpretação desses artigos


para permitir a alteração de nome, desde que haja um “justo
motivo”. Dessa forma, já decidiu que o brasileiro que adquiriu dupla
cidadania pode ter seu nome retificado no registro civil do Brasil, desde que
isso não cause prejuízo a terceiros, quando vier a sofrer transtornos no
exercício da cidadania por força da apresentação de documentos
estrangeiros com sobrenome imposto por lei estrangeira e diferente do que
consta em seus documentos brasileiros.

5. DANOS MORAIS - PESSOA DE DIREITO PÚBLICO

A pessoa jurídica de direito púbico NÃO tem direito à indenização


por danos morais relacionados à violação da honra ou da imagem.

Doutrina e jurisprudência nacionais só têm reconhecido às pessoas jurídicas


de direito público, direitos fundamentais de caráter processual ou
relacionados à proteção constitucional da autonomia, prerrogativas ou
competência de entidades e órgãos públicos, ou seja, direitos oponíveis ao
próprio Estado, e não ao particular. A pessoa jurídica de direito público não
tem direito à indenização por danos morais relacionados à violação da honra
ou da imagem. Isso se dá porque suas atividades dependem da lei, e não
da sua reputação perante a sociedade. É diferente do que sucede com
pessoas jurídicas de direito privado, que, com sua reputação manchada
diante da sociedade (honra objetiva), certamente sofrerão repercussões que
poderão comprometer sua própria viabilidade financeira e funcional.

Para o STJ, admitir o reconhecimento de que o ente público pleiteie


indenização por dano moral contra o particular seria uma completa
subversão da essência dos direitos fundamentais. Seria o Poder Público se
valendo de uma garantia do cidadão contra o próprio cidadão.

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