Você está na página 1de 89

ESCRITORAS BRASILEIRAS

Pasta no OneDrive com mais de 100 artigos para baixar:

https://1drv.ms/u/s!Aj6kOBkyV630khcEvKdfnFl6K5aP?e=hcoacK

Autor: Sérgio Barcellos Ximenes.

Artigos no Medium | Blog literário | Scribd | Twitter | Livros na Amazon

______________________

Ana Eurídice Eufrosina de Barandas, a desconhecida pioneira da ficção


nacional

Resumo

Tema: vida e obra de Ana Eurídice Eufrosina de Barandas (1806-1863), a primeira


escritora brasileira de ficção, entre as mulheres.

Importância da autora:

. Autora da primeira história de ficção em prosa, entre as mulheres brasileiras


("Eugênia, ou a Filósofa Apaixonada", 1845).

. Autora do primeiro diálogo teatral feminista da literatura nacional ("Diálogos",


1845).

. Terceira poeta gaúcha, em ordem cronológica (1845).

Nome de batismo: Anna.

Nascimento: 8 de setembro de 1806, em Porto Alegre.

Família:

. Pais: Joaquim da Fonseca Barandas, cirurgião de origem portuguesa (? - 30/8/1849)


e Anna Felicia do Nascimento, brasileira (? - 30/3/1826), ambos viúvos; casamento em
29 de setembro de 1800.

. Meios-irmãos: Joaquim da Rosa, Maria Rosa e Antônio Francisco da Rosa, filhos


do casamento anterior de Anna Felícia do Nascimento com José Francisco da Rosa.
. Irmãos: Domitila (ou Demethildes) da Fonseca Barandas (1801 - ?), Carlota
Joaquina da Fonseca Barandas (4/5/1802 - 8/9/1834), Delfina Cândida da Fonseca
Barandas (19/9/1803 - ?) e João José da Fonseca Barandas (30/3/1805 - 1891).

Casamento: com José Joaquim Pena Penalta (advogado português, 1803 - ?), em 21
de março de 1822 (Porto Alegre); nomes na certidão: Anna Belmira da Fonseca
Barandas e José Joaquim Pena; idade de Ana Eurídice: 16 anos.

Filhos do casal: Aurora Augusta Penalta (7/3/1823 - ?), Eurídice Eufrosina Pena
Penalta (2/1/1831 - ?), José (7/3/1834 - 5/1/1835), Corina Thalia Penalta (? - ?), Amélia
Augusta Pena Penalta (? - ?, única dúvida histórica sobre a filiação).

Locais de residência do casal: Porto Alegre e Rio de Janeiro, com várias idas e
vindas.

Separação do casal: em 8 de agosto de 1843, por meio de divórcio registrado em


cartório (ato raro na época); Ana Eurídice permaneceu com os bens do casal e assumiu a
responsabilidade de criar e educar os filhos.

Falecimento (informação inédita): 23 de junho de 1863, em Paraíba do Sul (RJ).

Única obra da autora: "O Ramalhete ou Flores escolhidas no jardim da


imaginação".

Primeira edição: Tipografia de Isidoro José Lopes, Porto Alegre, 1845 (78 páginas).

Conteúdo do livro:

. 14 poemas: nove sonetos, uma ode, dezesseis quadras dedicadas à morte do cão
Apolo, um poema de duas quadras, uma "cólgota" (dístico glosado com uma quadra e
uma sextilha) e "endechas" (composição poética melancólica).

. 4 textos em prosa: "Eugênia ou a Filósofa Apaixonada" (conto), "Uma Lembrança


Saudosa" (crônica), "A Queda de Safo ou o Cinco de Maio" (alegoria) e "Diálogos"
(peça teatral).

Exemplares conhecidos da primeira edição: um, sem as 10 primeiras páginas, na


Biblioteca Rio-Grandense (RS), e outro, com todas as páginas, na Biblioteca Nacional
(Rio).

Principal estudiosa da obra da Ana Eurídice: Hilda Agnes Hübner Flores, autora
do primeiro (e único) livro sobre a escritora, também a segunda edição de suas obras
completas: "O Ramalhete" (Editora Nova Dimensão, EDIPUCRS, 1990).

_______________________________________________

Apresentação
Ana Eurídice Eufrosina de Barandas era o nome artístico da primeira autora
brasileira de ficção. Quantos leitores e estudantes a conhecem?

Mesmo na Web, espaço em que alguns estudos acadêmicos sobre essa escritora
gaúcha estão disponíveis, o número de menções a Ana Eurídice é mínimo em relação à
sua importância histórica na literatura brasileira.

Antes de 1845, o ano de lançamento do único livro da nossa primeira escritora de


ficção, nenhuma mulher havia ousado entrar nesse clube fechado da literatura nacional,
dominado 100% pelos homens.

E depois de 1845, até 1860, quando o romance nacional já produzira clássicos de


autoria masculina como "A Moreninha", de Joaquim Manuel de Macedo (1844),
"Memórias de um Sargento de Milícias", de Manuel Antônio de Almeida (1854), e "O
Guarani", de José de Alencar (1857), entre outros, apenas três outras escritoras
pertenciam ao clube dos ficcionistas: Nísia Floresta, com os contos "Fany ou o Modelo
das Donzelas", em 1847 (disponível na subpasta Histórias Completas), e "Daciz ou a
Jovem Completa", no mesmo ano, e o romance inacabado "Dedicação de uma Amiga",
em 1850; Ana Luísa de Azevedo Castro, com a novela "Dona Narcisa de Villar", em
1858; e Maria Firmina dos Reis, com o romance "Úrsula", em 1860 (disponível na
subpasta Histórias Completas).

Entre as escritoras gaúchas, Ana Eurídice situa-se na terceira posição cronológica,


depois das poetas Maria Clemência da Silveira Sampaio (com "Versos Heroicos à
Gloriosa Aclamação do Primeiro Imperador Constitucional do Brasil", em 1824,
disponível na subpasta Poesia) e Delfina Benigna da Cunha (com "Poesias Oferecidas
às Senhoras Brasileiras por uma Patrícia", em 1838). Como o único livro de Ana
Eurídice também possui uma seção de poemas, a autora, além de primeira ficcionista
gaúcha e brasileira, é também a terceira poeta natural daquele Estado.

A obra que garantiu a Ana Eurídice um lugar único em nossa literatura tem por título
"Eugênia ou a Filósofa Apaixonada" e está reproduzida em sua íntegra, em texto
atualizado, na subpasta Histórias Completas, desta pasta.
Ana Eurídice e família

Ana Eurídice Eufrosina de Barandas (8/9/1806 - 23/6/1863) nasceu na cidade de


Porto Alegre (RS), quinta e última filha de Joaquim da Fonseca Barandas (? -
30/8/1849) e Anna Felícia do Nascimento (? - 30/3/1826). Ambos viúvos, haviam se
casado em 29 de setembro de 1800.

Os irmãos de Ana Eurídice chamavam-se Domitila (ou Demethildes) da Fonseca


Barandas (1801 - ?), Carlota Joaquina da Fonseca Barandas (4/5/1802 - 8/9/1834),
Delfina Cândida da Fonseca Barandas (19/9/1803 - ?) e João José da Fonseca Barandas
(30/3/1805 - 1891).

Além deles, ao vir ao mundo Ana ganhou três meios-irmãos, oriundos de antigo
casamento da mãe com José Francisco da Rosa: Joaquim da Rosa, Maria Rosa e
Antônio Francisco da Rosa.

Batizada como "Anna", a autora gaúcha utilizou vários nomes em documentos e


registros oficiais, como veremos em seção posterior.

Ana Eurídice passou a infância no Sítio Belmonte, propriedade da família situada no


atual bairro Passo da Areia. A destruição do sítio se tornaria o tema de sua única
crônica, "Uma Lembrança Saudosa".

Aos 16 anos de idade, em 21 de março de 1822, casou-se na cidade de Porto Alegre


com o advogado português José Joaquim Penna Penalta (1803 - ?), com o qual teve
quatro ou cinco filhos: Aurora Augusta Penalta (7/3/1823 - ?), Eurídice Eufrosina
Penalta (2/1/1831 - ?), José (7/3/1834 - 5/1/1835), Corina Thalia Penalta (? - ?) e
Amélia Augusta Penna Penalta (? - ?, única dúvida histórica sobre a filiação).

A partir de 1825, pelo menos, Ana Eurídice e família passaram a residir ora no Rio
de Janeiro (principalmente), ora em Porto Alegre.

Em 1841, recém-chegada do Rio de Janeiro, Ana se tornou a encarregada legal da


educação das sobrinhas Clarinda e Aurora, filhas da irmã Delfina, por solicitação do pai,
de quem recebeu pagamento mensal pelo trabalho.
Assinatura da autora como "Anna Eurydice Baranda", no recibo mensal de
pagamento pela tarefa de educação das sobrinhas Clarinda e Aurora (15 de março de
1843).

"O Ramalhete", página 29, Hilda Agnes Hübner Flores, Editora Nova Dimensão,
EDIPUCRS, 1990.

As meninas foram devolvidas à mãe, novamente casada, em agosto de 1843, mês do


divórcio do casal Ana Eurídice e Pena Penalta (em 8 de agosto de 1843).

O divórcio, raro naquela época, mereceu registro em cartório. Nele, o marido de Ana
Eurídice transferiu-lhe todos os bens do casal, assim como a responsabilidade de criar e
educar os filhos.

Segundo Hilda Hübner, o principal motivo da separação seriam as traições do


esposo, sugeridas em poemas da autora.

Findo o casamento de 21 anos, Ana veio a se estabelecer em terras fluminenses até o


seu falecimento 20 anos depois, em 23 de junho de 1863, na cidade de Paraíba do Sul.

Na página 34 de "O Ramalhete", Hilda Hübner, comenta a expressão "diletas e


inocentes filhas do casal", constante do registro do divórcio:

"Quantas seriam? José falecera menino. Aurora e Eurídices, com 20 e 9 anos, teriam
outras irmãs, nascidas fora de Porto Alegre? Aquela, com 20 anos, ainda figuraria como
'inocente' filha ou já estaria casada?"

Esse mistério será resolvido mais adiante. Havia sim, outras filhas do casal, além das
duas até então conhecidas.

O nome artístico "Ana [Anna] Eurídice [Eurydice] Eufrosina [Eufrosyna] de


Barandas" foi adotado a partir do nascimento da segunda filha, Eurídice Eufrosina
Penalta (batizada como Eurídices).
Dois anos após o divórcio, já livre da permissão do marido, exigida por lei para a
publicação de um livro, Ana Eurídice lançaria, em 1845, a obra que lhe garante lugar
único na literatura brasileira: "O Ramalhete, ou Flores Escolhidas no Jardim da
Imaginação".

A julgar pelos registros existentes da mídia da época, não houve nenhuma


repercussão do lançamento, apesar do ineditismo da iniciativa.
Joaquim da Fonseca Barandas, o pai

Nas fontes pesquisadas, há somente três registros do nome do pai de Ana Eurídice. O
primeiro, de 1843, refere-se a três escravas recebidas como herança.

"O Escravo Deixado como Herança", página 65, "Documentos da Escravidão do Rio
Grande do Sul, Testamentos", Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2010.

http://www.apers.rs.gov.br/arquivos/1292868146.Livro_Testamentos.pdf

O segundo registro, único em periódico nacional, data de dois dias antes do


falecimento de Joaquim. Refere-se ao indeferimento decidido pela Câmara a um
requerimento sobre um terreno que Joaquim declarava pertencer-lhe.

"O Imparcial" (RS), 28/8/1849, número 497, página 3, primeira coluna (em "Camara
Municipal. Sessão extraordinaria").

http://memoria.bn.br/DocReader/811483/513

Como se pode atestar pelo registro do Cartório da Provedoria de Porto Alegre,


Joaquim da Fonseca Barandas faleceu em 30 de agosto de 1849. Após a morte de Anna
Felícia, em 1826, casou-se com Maria Angélica da Silva. O casal não teve filhos.

"Sinopse dos inventários e testamentos do Cartório da Provedoria de Porto Alegre –


1776 a 1852", página 90, Mauro Esteves, 2010.

https://pt.scribd.com/doc/45971157/Sinopse-dos-Inventarios-e-Testamentos-de-
Porto-Alegre-RS-1776-1852
Ana Felícia do Nascimento, a mãe

O único registro sobre a mãe de Ana Eurídice, disponível online, é este apresentado
abaixo, na mesma fonte citada acima.

"Sinopse dos inventários e testamentos do Cartório da Provedoria de Porto Alegre –


1776 a 1852", página 56, Mauro Esteves, 2010.

https://pt.scribd.com/doc/45971157/Sinopse-dos-Inventarios-e-Testamentos-de-
Porto-Alegre-RS-1776-1852
José Joaquim Pena Penalta, o marido de Ana Eurídice

As imagens e links apresentados a seguir trazem importantes complementos às


informações registradas no livro "O Ramalhete", de Hilda Hübner. Em especial,
revelam que o marido de Ana Eurídice não era um simples advogado: ele chegou a
ocupar o cargo de cônsul de Portugal para Rio Grande e Santa Catarina. Além disso,
não havia informações sobre o destino do ex-marido de Ana, após o divórcio
consumado em 1843. Segundo Hilda Hübner, "Penalta toma rumo ignorado" (página 48
de "O Ramalhete").

A pesquisa realizada para a redação deste artigo revelou várias informações sobre o
marido de Ana Eurídice, a partir de 1843.

1824

Em 1824, o casal residia no Rio, tendo partido, provavelmente no segundo semestre,


para o Rio Grande do Sul. Era costume que o Correio anunciasse em jornais as
correspondências ainda não resgatadas pelos destinatários; no caso abaixo, tratava-se de
cartas remetidas de Iguapé, em São Paulo.

"Diario do Rio de Janeiro", 13/10/1824, número 11, página 3, primeira coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/4606

1825

Em 1825, um fato curioso: Pena Penalta (o "Pereira" certamente é um erro) morava


na Rua da Alfândega, número 29, no centro do Rio, atual sede da Secretaria de Fazenda
do Estado. Nessa residência, sofreu um assalto no qual foram roubados "seis contos,
duzentos e cinquenta mil réis em bilhetes do Banco do Brasil, e quarenta mil réis de
prata e cobre".
"Imperio do Brasil: Diario Fluminense", 3/9/1825, número 54, página 4, última
coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/706744/780

1826

No livro "O Ramalhete", Hilda Hübner comenta sobre as muitas viagens do casal
Ana Eurídice e Pena Penalta, geralmente entre Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. A
primeira dessas movimentações registrada na mídia impressa da época é uma viagem do
Rio para Campos, com saída em 1º de outubro de 1826. Aparentemente, Penalta viajou
sem a esposa, acompanhado de dois escravos.

"Imperio do Brasil: Diario Fluminense", 4/10/1826, número 79, página 4, última


coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/706744/2075

1827

Três meses depois, em 14 de janeiro de 1827, o marido de Ana Eurídice chegava do


Pará, a primeira de várias viagens entre o Rio e aquela (então) Província.

"O Amigo do Homem" (Rio), 17/1/1827, número 5, página 6, primeira coluna.


http://memoria.bn.br/DocReader/749966/34

Abaixo, o registro da chegada de José Joaquim ao Rio, em 4 de julho de 1827,


também vindo do Pará em navio.

"Imperio do Brasil. Diario do Governo", página 23, Editora Imprenta Nacional, Rio
de Janeiro, 1827.

https://books.google.com.br/books?id=oMZeAAAAcAAJ&dq=%22jos%C3%A9%2
0joaquim%20pena%20penalta%22&hl=pt-
BR&pg=PA33#v=onepage&q=%22jos%C3%A9%20joaquim%20pena%20penalta%22
&f=false

No mês seguinte, em 9 de agosto, Penalta viajou do Rio a Paraty.

"Imperio do Brasil: Diario Fluminense", 11/8/1827, número 35, página 4, última


coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/706744/3108

Em 6 de outubro, Penalta publicou um anúncio solicitando o comparecimento de


seus credores, em até 8 dias. Morava, então, na Rua da Alfândega, número 115.
"Correio Mercantil" (Rio), 6/10/1827, número 81, página 4, primeira coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/706892/2917

1828

Na imagem abaixo, o relato de um caso curioso vivido pelo marido de Ana Eurídice
durante a Guerra da Cisplatina (1825-1828), disputa entre Brasil e Argentina pelo
território onde se situa atualmente o Uruguai (a Província Cisplatina): o ataque de um
navio argentino a outro, brasileiro (no qual ele se encontrava), à altura da Ilha Rasa, no
litoral do Rio de Janeiro.
"Jornal do Commercio" (Rio), 16/2/1828, número 113, páginas 1 (segunda coluna) e
2 (primeira coluna).

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_01/585

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_01/586

Penalta havia retornado ao Rio no dia anterior, em 15 de fevereiro. Conforme o


registro do "Império do Brasil", chegou juntamente com "passageiros do Correio da
Bahia Sete de Janeiro, que foi apresado nove léguas ao mar da (Ilha) Rasa no dia 31 de
janeiro pelo Corsário Niger".
"Imperio do Brazil: Diario Fluminense", 18/2/1828, número 40, página 4, primeira e
segunda colunas.

http://memoria.bn.br/DocReader/706744/3752

O relato sofreu contestação de passageiros do navio, em carta publicada no mesmo


"Jornal do Commercio" cinco dias depois do artigo de Penalta.

"Jornal do Commercio" (Rio), 21/2/1828, número 117, página 2, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_01/602

Três meses depois, Pena Penalta foi objeto de deliberação do Primeiro Conselho de
Juízes de Fato, do Rio de Janeiro, o qual decidiu processá-lo pelo relato, após denúncia
de José Ignacio Maya.
"Astrea" (Rio), 6/5/1828, número 279, página 1, primeira coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/749700/1169

1829

Em julho do ano seguinte, Penalta foi condenado a seis meses de prisão e obrigado a
pagar trezentos mil réis, além das custas do processo, pelo relato considerado ofensivo à
pessoa de José Inácio Maia. Os juízes de fato ordenaram também a supressão dos
exemplares da edição do "Jornal do Commercio" com o artigo de Pena Penalta.

O beneficiado pela sentença decidiu abrir mão da indenização, como prova de que
buscava apenas a reparação da honra, e não uma vingança pessoal.
"Astrea", 16/7/1829, número 448, página 4, última coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/749700/1886

No final de 1829, Penalta comunicou aos credores sua mudança para Montevidéu,
onde planejava passar dois ou três meses. Não se sabe se Ana Eurídice e seus filhos
viajaram junto com o marido.

"Jornal do Commercio" (Rio), 22/12/1829, número 651, página 3, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_01/2613

1830

Em 14 abril de 1830, o marido de Ana Eurídice retornava ao Rio, vindo de


Montevidéu, no Uruguai.
"Diario do Rio de Janeiro", 15/4/1830, número 11, página 4, terceira coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/11134

1831

Em 1831, o Correio avisava a José Joaquim sobre a necessidade de retirar uma carta
do qual era destinatário, remetida de Montevidéu.

"Correio Mercantil" (Rio), 11/8/1831, número 174, página 4, primeira coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/709530/1632

No mesmo ano, em setembro, José Joaquim recebeu permissão oficial para transferir
uma quantidade não especificada de café que arrematara de um navio americano.
"Correio Official" (Rio), 27/9/1831, número 75, página 3, primeira coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/749443/299

Como era de hábito na época, pessoas eram intimadas por particulares por meio de
avisos em periódicos. E José Joaquim recebeu um desses avisos em 24 de outubro de
1831.

"Diario do Rio de Janeiro", 24/10/1831, número 19, página 3, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/12934

A ausência de resposta do marido de Ana Eurídice gerou um ultimato do mesmo


anunciante, dois dias depois, com a ameaça de abertura de processo por calúnia, caso
José Joaquim não esclarecesse o assunto em pauta.
"Diario do Rio de Janeiro", 26/10/1831, número 21, página 4, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/12943

1832

No ano seguinte, uma notícia mais positiva para José Joaquim, da própria lavra: o
marido de Ana Eurídice anunciou pelo mesmo jornal que faria uma distribuição de
esmolas a 140 pessoas pobres.

"Diario do Rio de Janeiro", 27/1/1832, número 21, página 1, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/13234

Foto do Beco do Guindaste.


http://heloisahmeirelles.blogspot.com/2017/06/as-antigas-ruas-do-rio.html

1833

Em 1833, o nome de Penalta apareceu numa longa lista de cidadãos interessados na


restauração do Primeiro Reinado, após a abdicação de D. Pedro I em 7 de abril de 1831.

"O Cabrito", 20/11/1833, número 2, página 4, última coluna.


http://memoria.bn.br/DocReader/701734/17

1834

Em 1834, José Joaquim anunciou pelo jornal sua iminente viagem à Europa. Não se
sabe se Ana Eurídice e seus filhos também viajaram com ele.

"Diario do Rio de Janeiro", 7/1/1834, número 4, página 3, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/15399

1836

Dois anos depois, novamente José Joaquim convocou seus credores para receberem o
devido pagamento, antes de nova viagem à Europa. A Rua das Violas, no centro do Rio,
onde provavelmente morava o casal, chama-se atualmente Rua Teófilo Otoni.
"Diario do Rio de Janeiro", 23/4/1836, número 18, página 3, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/18166

O aviso é repetido em junho do mesmo ano.


"Jornal do Commercio", 11/6/1836, número 127, página 5, primeira e segunda
colunas.

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/7803

O anúncio de leilão a seguir informava que a viagem à Europa aconteceu no dia 9 de


junho.

"Jornal do Commercio", 18/6/1836, número 132, página 4, primeira coluna.

http://memoria.bn.br/docreader/364568_02/7826

No dia 23 do mesmo mês, o leiloeiro descreveu "todos os trastes pertencentes ao Sr.


José Joaquim Pena Penalta", detalhes que revelam tratar-se de uma mudança para outro
país, e não apenas uma viagem temporária.
"Jornal do Commercio", 23/6/1836, número 135, página 3, última coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/7841

1837

Alguns objetos de José Joaquim foram ainda leiloados em 1837, após a viagem à
Europa, segundo os três recortes abaixo.
"Jornal do Commercio" (Rio), 3/1/1837, número 2, página 5, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/8485

"Diario do Rio de Janeiro", 4/1/1837, número 3, página 3, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/19010
"Jornal do Commercio" (Rio), 4/1/1837, número 3, página 4, primeira coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/8490

1838

No início de 1838, Penalta regressava ao Brasil, vindo de Lisboa, acompanhado do


sobrinho José Antônio de Souza.

"Diario do Rio de Janeiro", 22/1/1838, número 16, página 3, terceira coluna.


http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/20245

Em março de 1838, o marido de Ana Eurídice ocupava a função de cônsul de


Portugal para as províncias do Rio Grande e Santa Catarina.

"Jornal do Commercio" (Rio), 7/3/1838, número 53, página 4, última coluna.

http://memoria.bn.br/docreader/364568_02/9850

Abaixo, o teor de um ofício de 5 de maio de 1838, assinado por Penalta na condição


de cônsul português.

"Appendice contento a legislação relativa ao codigo commercial posterior á


publicação d'este até o fim do anno de 1866", Volume 6 de "Annotações ao Código de
commercio portuguez", página 48, Diogo Pereira Forjaz de Sampaio Pimentel, Imprensa
da Universidade, Coimbra, 1866.
https://books.google.com.br/books?id=0omaXyJR0ZwC&dq=%22jos%C3%A9%20j
oaquim%20pena%20penalta%22&hl=pt-
BR&pg=PA48#v=onepage&q=%22jos%C3%A9%20joaquim%20pena%20penalta%22
&f=false

No mesmo ano, o marido de Ana Eurídice solicitou sua dispensa da função. A


comunicação oficial do secretário dos negócios estrangeiros de Portugal permite
precisar o dia em que José Joaquim tomara posse: 16 de novembro de 1837.

"Jornal do Commercio" (Rio), 27/10/1838, número 241, página 1, primeira coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/10619

Novamente, no final de 1838, Penalta convocou todos os seus credores para a


realização dos pagamentos devidos.

"O Despertador" (Rio), 11/12/1838, número 209, página 4, última coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/706701x/858
O chamamento motivou uma comunicação por jornal, na qual se informava que
Penalta havia deixado uma dívida com a Santa Casa de Misericórdia da cidade do Porto.

"Jornal do Commercio" (Rio), 14/12/1838, número 280, página 4, primeira coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/10782
Além da questão judicial sobre o artigo publicado em 1828, que o levou a ser
condenado à prisão no ano seguinte, Penalta envolveu-se em outro caso rumoroso, dez
anos depois. Em 1838, o marido de Ana Eurídice publicou o livreto "Só pelo amor da
pátria e do bem público", com várias e graves acusações ao cônsul geral de Portugal no
Rio de Janeiro, João Batista Moreira, que teria ter se valido de amigos para atacá-lo em
artigos publicados na mídia impressa.

"Só pelo amôr da Patria e do bem publico", José Joaquim Pena Penalta, R. Greenlaw,
Londres, 1838.

https://books.google.com.br/books?id=9ZoAb-
Gz44sC&lpg=PA38&ots=Z6JeAMuV1R&dq=%22Jos%C3%A9%20Joaquim%20Penn
a%20Penalta%22&hl=pt-
BR&pg=PA1#v=onepage&q=%22Jos%C3%A9%20Joaquim%20Penna%20Penalta%2
2&f=false

Em outro livreto, lançado no mesmo mês, o cônsul João Batista Moreira contestou as
acusações de Pena Penalta.
"O amor de patria e do bem publico do Sr. J. Joaquim Penna Penalta, ou Resposta
aos aleives por este senhor dirigidos ao senhor João Baptista Moreira, consul geral de
Portugal na côrte do Rio de Janeiro", João Baptista Moreira, Richard e Irmãos, Paris,
1838.

https://play.google.com/store/books/details/Jos%C3%A9_Joaquim_Penna_Penalta_
O_amor_de_patria_e_do_b?id=_dgqAQAAIAAJ

https://books.google.com.br/books?id=_dgqAQAAIAAJ&lpg=PA4&ots=gcm59bUy
x3&dq=%22Jos%C3%A9%20Joaquim%20Penna%20Penalta%22&hl=pt-
BR&pg=PA4#v=onepage&q=%22Jos%C3%A9%20Joaquim%20Penna%20Penalta%2
2&f=false

Essas obras estão registradas no tomo décimo terceiro do "Dicionário


Biobibliográfico Português".
"Diccionario Biobibliographico Portuguez", tomo décimo terceiro, sexto do
Supplemento, páginas 35 e 36, Brito Aranha, Imprensa Nacional, Lisboa, 1885.

http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/242735

1839

No início de 1869, Penalta foi exonerado do cargo de cônsul de Portugal para as


províncias de Rio Grande e Santa Catarina.
"Jornal do Commercio" (Rio), 26/2/1839, número 47, página 1, primeira coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/11015

1842

Em 15 de outubro desse ano, Pena Penalta chegava de uma viagem marítima de 55


dias, vindo de Nova York.

"Diario do Rio de Janeiro" (Rio), 28/10/1842, número 230, página 4, última coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/25730

No dia seguinte, em 16 de outubro de 1842, o marido de Ana Eurídice obteve


permissão para viajar a Buenos Aires.
"Diario do Rio de Janeiro", 18/10/1842, número 231, página 2, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/25732

1843

Nesse ano, Pena Penalta e Ana Eurídice se separaram oficialmente, registrando em


cartório essa vontade comum no dia 8 de agosto. Em 21 de setembro, o ex-marido
chegava ao Rio, vindo de Porto Alegre, onde havia sido consumada a separação.

"Diario do Rio de Janeiro" (Rio), 22/9/1843, número 211, página 4, última coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/26826

No mês seguinte, Penalta recebeu autorização para viajar aos Estados Unidos.
"Jornal do Commercio" (Rio), 27/10/1843, número 286, página 2, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_03/5530

A partida aconteceu no dia 5 de novembro, com destino a Nova York.

"Diario do Rio de Janeiro" (Rio), 6/11/1843, número 248, página 4, terceira coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/26974

1846

Em 1846, o governo português autorizou a viagem de Pena Penalta, daquele país ao


Paraguai.
Arquivo Distrital de Vila Real

https://digitarq.advrl.arquivos.pt/details?id=990394

1847

Em 1847, Pena Penalta morava em Belém (PA), de onde se retirou para voltar ao Rio
de Janeiro. Esta é a última notícia relativa ao ex-marido de Ana Eurídice encontrada em
fontes disponíveis online.
"Treze de Maio" (PA), 17/2/1847, número 677, página 4, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/700002/681
Os nomes da autora

Batizada como "Anna", Ana Eurídice utilizou (ou foi denominada em documentos
por) vários nomes durante a sua vida, conforme conta Hilda Agnes Hübner Flores à
página 29 de "O Ramalhete" (1990).

No casamento, assinou "Anna Belmira da Fonseca Barandas". Como nome artístico,


adotou "Anna Eurydice Eufrozina de Barandas", devido a seu amor à cultura clássica,
ilustrado pelas referências mitológicas em seus poemas. Informa Hilda Hübner que o
sobrenome "Eurídice" (Eurydice) derivou também do nome escolhido para a segunda
filha, Eurídice, nascida em 2 de janeiro de 1831. Como veremos abaixo, a filha também
se chamava "Eufrosina", o que confirma a informação da pesquisadora.

Eis a lista incompleta de nomes registrados na página 29:

"A. Eurydice Eufrosina de Barandas, Anna, Anna Delmira da Fonseca Barandas,


Anna Belmira da Fonseca Penna, Anna Belmira Pennapenalta, Ana Eurídice Barandas,
Anna da Fonseca Barandas, Ana da Fonseca, Anna Delmira Fonseca Baranda, Anna
Eurydice Baranda, Anna Pena Penalta, entre outros.".

Essa informação permitiu encontrar várias referências à autora nos periódicos da


época, e, como veremos na próxima seção do artigo, foi decisiva para chegar à solução
do mistério da data de falecimento de Ana Eurídice.

Anna Eurídice Eufrosina de Barandas

Nome adotado após o nascimento de sua segunda filha, Eurídice Eufrosina, e usado
em sua única obra literária.

"Jornal do Commercio", 23/2/1857, número 21, página 4, quarta coluna, parte


central.

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_04/11045

Anna Belmira Varandas (provável erro no registro do último sobrenome)

Já era sabido que Ana Eurídice, o marido Pena Penalta e filhos se deslocaram várias
vezes entre o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro, após o casamento em 1822. Os
periódicos da época registraram alguns desses deslocamentos. Hilda Hübner registra
1826 como o ano mais remoto, mas os recortes abaixo provam que pelo menos desde
1825 ocorriam essas viagens.
Note-se a curiosidade do uso do nome de solteira de Ana Eurídice, "Anna Belmira
Varandas/Barandas".

Na notícia abaixo, "sumaca" refere-se a um pequeno navio de cabotagem. A viagem


de Ana Eurídice, entre o Rio Grande e o Rio de Janeiro, durou 14 dias.

"Diario do Rio de Janeiro", 27-28/7/1825, número 22, página 4, segunda coluna


(início em "Telegrapho, Partes dadas no dia 24", na primeira coluna).

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/5515

A mesma informação saiu no "Império do Brasil: Diário Fluminense", de 27 de julho


de 1825.

"Imperio do Brasil: Diario Fluminense", 27/7/1825, número 22, página 4, primeira


coluna (em "Noticias Maritimas", "Entradas", "Dia 24 do corrente").

http://memoria.bn.br/DocReader/706744/650

Anna da Fonseca Penalta

Em 1837, Ana Eurídice chegava ao Rio, vinda do Rio Grande, com seus três filhos.

Essa informação é historicamente importante porque se supunha que a autora tivesse


apenas três filhos: Aurora Augusta (7/3/1823), Eurídice Eufrosina (2/1/1831) e José
(7/3/1834 - 5/1/1835). Repare que José faleceu em 1835, portanto o terceiro filho não
poderia ser ele. A menos que a informação esteja errada (Ana cuidou também da
educação de sobrinhas), a escritora teria tido um quarto filho do seu relacionamento
com José Joaquim Pena Penalta. Trata-se de uma filha, como veremos adiante.
"Diario do Rio de Janeiro", 30/10/1837, número 25, página 4, última coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/19981

"Jornal do Commercio" (Rio), 30/10/1837, número 241, página 4, última coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/9442

Anna Belmira da Fonseca

Em 2 de novembro de 1857, já divorciada, Ana Eurídice chagava ao Rio, vinda de


Mangaratiba.

Repare nos acompanhantes da escritora: "1 filha e 1 escravo". Assim como sua
colega Ana Luísa de Azevedo Castro (autora da novela "D. Narcisa de Villar"), também
pioneira na luta contra a opressão das mulheres pelos homens, Ana Eurídice não
estendeu essa solidariedade aos escravos negros da época, chegando a ter um deles
como propriedade, já na condição de separada de seu primeiro e único marido.
"Diario do Rio de Janeiro", 5/11/1857, número 301, página 4, terceira coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/45389

A mesma informação apareceu na edição do "Correio Mercantil" daquele dia, mas


agora como "1 escrava".

"Correio Mercantil" (Rio), 4/11/1857, número 205, página 2, penúltima coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/13981

Anna Delmira da Fonseca

O primeiro resultado da pesquisa com esse nome oferece uma informação


importante. No anúncio da partida do vapor Piraí para Mangaratiba, em 12 de junho de
1856, aparecem os nomes de D. Eurídice Eufrosina Penalta e Anna Delmira da Fonseca.
Quase certamente, o primeiro nome era o da segunda filha de Ana Eurídice, já que a
escritora havia abandonado o sobrenome "Penalta" após o divórcio em 1843.

Em "O Ramalhete", Hilda Hübner informa que o nome de batismo seria "Eurídices"
(somente), mas todos os resultados relativos à filha de Ana Eurídice (e chegam às
dezenas, como veremos abaixo) registram os nomes "Eurídice Eufrosina Penalta" (a
maioria) e "Eufrosina Eurídice Penalta" (apenas alguns).

O nome "Corina Thalia Penalta" é provavelmente o do quarto filho do casal Ana


Eurídice e José Joaquim Pena Penalta, suspeita levantada pelo registro de 30/10/1837 no
"Diário do Rio de Janeiro", mostrado acima. Para reforçar a suspeita, Corina era uma
poetisa grega, e Thalia era a deusa grega da comédia, também entre os gregos. Ana
Eurídice deu a uma das filhas os nomes de "Eurídice Eufrosina", que também tomou
para si mesma: "Eurídice" era uma ninfa grega, e "Eufrosina" uma das Graças na
Mitologia grega. E a mitologia grega é uma das influências mais marcantes em seus
poemas.

"Diario do Rio de Janeiro", 13/6/1856, número 18, página 3, penúltima coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/43394

Em 1860, o jornal "Eco da Nação" informava que havia uma carta no Correio de
Niterói para Anna Delmira da Fonseca, postada em Bagé. Portanto, nesse ano Ana
Eurídice morava naquela cidade fluminense.
"Echo da Nação" (Rio), número 115, página 4, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/830445/194
Aurora Augusta, a primeira filha de Ana Eurídice

Há somente três resultados online para a primeira filha de Ana Eurídice (além dos
resultados nos Estados Unidos, mostrados em seção abaixo), todos com o seu
sobrenome de casada (Ferreira) e na parte dos jornais relativa às entradas e saídas do
porto do Rio de Janeiro.

"Correio Mercantil" (Rio), 14/7/1865, número 191, página 3, última coluna (em
"Registros do porto", "Sahidas no dia 13").

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/25014

"Correio Mercantil" (Rio), 28/7/1865, número 205, página 3, última coluna (em
"Registros do porto", "Entradas no dia 27").

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/25070

O marido de Aurora Augusta tinha por sobrenome "Ferreira da Silva". Certamente


houve um erro no registro da passageira, no caso abaixo.

"Correio Mercantil" (Rio), 9/2/1866, número 205, página 3, terceira coluna (em
"Registros do porto", "Sahidas no dia 8").

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/25834
Eurídice Eufrosina Penalta, a segunda filha de Ana Eurídice

O nome completo da segunda filha de Ana Eurídice era Eurídice Eufrosina Pena
Penalta. Nascida em 1831, recebeu dois sobrenomes que seriam adotados pela mãe
socialmente e também em seu único livro (1845). Nossa primeira ficcionista talvez
tenha revelado predileção especial por essa filha, ao escolher Ana Eurídice Eufrosina de
Barandas como seu nome artístico.

Os resultados da pesquisa relativa a Eurídice Eufrosina Penalta vão de 1856 a 1877.


Praticamente todos se referem à sua atividade como professora de primeiras letras em
classes exclusivamente femininas e a registros de suas viagens por navio.

São mais de 70 resultados, com a predominância da forma "Eurídice (Eurydice)


Eufrosina (Eufrosyna) Penalta". Veja, abaixo, apenas alguns desses resultados.

1856

"Correio Mercantil" (Rio), 19/5/1856, número 138, página 2, terceira coluna (em
"Expediente da Secretaria de Governo", "Dia 26").

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/11875

1857

"Correio Mercantil" (Rio), 15/11/1857, número 321, página 1, quarta coluna (em
"Expediente da Inspetoria Geral das Escolas da Provincia", "Dia 26").

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/14018
"Almanack Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro", 1857, página
85, segunda coluna (em "Freguezia de N. Senhora das Dores").

http://memoria.bn.br/DocReader/313394x/11096

1858

"A Patria" (Niterói, RJ), 9/1/1858, número 6, página 1, segunda coluna (em
"Noticiario").

http://memoria.bn.br/DocReader/830330/3113

"A Patria" (Niterói, RJ), 4/3/1858, número 49, página 1, segunda coluna (em "Parte
Official", "Expediente da secretaria do governo, Janeiro - 1858", "Dia 9").

http://memoria.bn.br/DocReader/830330/3285

1859
"Correio Mercantil" (Rio), 24/12/1859, número 351, página 2, primeira coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/17038

1860

As colunas de número 2 e 3 informam as datas de nomeação e de início de atividade


das professoras.

"Correio Mercantil" (Rio), 6/2/1860, número 37, página 2, segunda, terceira e quarta
colunas (em "Relação dos professores publicos vitalicios e effectivos da instrucção
primaria da provincia do Rio de Janeiro").

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/17208

"Correio Mercantil" (Rio), 23/10/1860, número 249, página 1, quinta coluna (em
"Provincia do Rio de Janeiro", "Requerimentos despachados - Outubro de 1860").

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/18235

1861
"Correio Mercantil" (Rio), 17/12/1861, número 333, página 3, quinta coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/19867

1862

"Correio da Tarde", 16/4/1862, número 76, página 3, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/090000/7714

"Correio Mercantil" (Rio), 12/4/1862, número 101, página 2, primeira coluna (em
"Provincia do Rio de Janeiro", "Expediente da secretaria do governo", "Abril - 1862,
Dia 4").

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/20322

1864
"Correio Mercantil" (Rio), 21/8/1864, número 231, página 3, quinta coluna (em
"Registro do Porto", "Entradas no dia 20 de agosto").

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/23726

"Correio Mercantil" (Rio), 27/9/1864, número 268, página 3, quarta coluna (em
"Registro do Porto", "Saídas no dia 26 de setembro").

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/23874

1865

"Correio Mercantil" (Rio), 5/4/1856, número 94, página 3, última coluna (em
"Registro do Porto", "Entradas no dia 4 de abril").

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/24622

1876

"Diario do Rio de Janeiro", 3/1/1877, número 2, primeira página, penúltima coluna


(em "Requerimentos despachados", dia 30).

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/35410

1877
"Jornal do Commercio", 7/2/1877, número 38, página 5, última coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_06/15171
Corina Thalia, a terceira filha de Ana Eurídice

Corina Thalia Penalta, provável terceira filha de Ana Eurídice e José Joaquim Pena
Penalta, é um nome não informado no livro "O Ramalhete", de Hilda Hübner.
Provavelmente, Corina terá nascido no Rio de Janeiro, já que as pesquisas da autora se
concentraram, à época, no Rio Grande do Sul. Ao casar-se, em data desconhecida,
Corina Thalia mudou o sobrenome "Penalta" para "Gaberel".

Este é o primeiro resultado com o nome de batismo de Corina.

"Diario do Rio de Janeiro", 13/6/1856, número 18, página 3, penúltima coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/43394

Sete anos depois, em 18 de setembro de 1863, Corina estava casada e usava o


sobrenome "Gaberel". O nome de Corina é o 11.º da lista, e o de sua irmã Eurídice
Eufrosina é o último.
"Correio Mercantil" (Rio), 18/9/1863, número 256, página 2, última coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/22384

No ano seguinte, em 20 de maio de 1864, nascia Emília, filha do casal Paulo


Henrique Emílio Gaberel e Corina Thalia Gaberel.

Filme 1284834 - Batismos - Paraíba do Sul - Livro 1.

http://cepesle-news.blogspot.com/2008/05/batismos-paraba-do-sul-rj.html

Em 1867, Eurídice e Corina viajaram juntas, conforme a notícia abaixo, em que o


redator confundiu o nome das irmãs.

"Correio Mercantil" (Rio), 4/5/1867, número 123, página 3, última coluna (em
"Registro do porto", "Entradas no dia 3").

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/27603
Em 1872, no último resultado disponível, Corina voltara a usar o sobrenome Penalta,
como se constata no recorte abaixo. "Edviges", muito provavelmente, refere-se e
"Eurídice", a irmã de Corina.

"Correio do Brazil", 16/12/1872, número 394, página 2, última coluna (em


"Movimentos do Porto", "Entradas no dia 14").

http://memoria.bn.br/DocReader/239100/1398
O processo judicial nos Estados Unidos... e a quarta filha de Ana Eurídice?

A pesquisa online sobre Ana Eurídice e sua família revelou um único resultado
originário de periódico publicado no exterior, mais especificamente nos Estados
Unidos.

Trata-se de um processo judicial iniciado em 1866, três anos após a morte de Ana
Eurídice, no estado de Califórnia. A notícia é importante também por revelar o nome
completo da segunda filha, Eurídice (Eurídice Eufrosina Pena Penalta), por citar o nome
da primeira filha (Aurora Augusta, então com o sobrenome de casada "Ferreira") e por
sugerir que haveria um quinto filho (e quarta filha) de Ana Eurídice com Pena Penalta:
Amélia Eugênia Pena Penalta.

Ana Eurídice e suas filhas Eurídice Eufrosina, Aurora Augusta e (provavelmente)


Amélia Eugênia foram arroladas como réus de um processo em que o dono de um
terreno situado na cidade de São Francisco contestava o direito delas na propriedade.

"Daily Alta California" (EUA), 26/6/1866, número 5951, página 4, quinta coluna.

https://cdnc.ucr.edu/?a=d&d=DAC18660626.2.25.5&srpos=4&e=-------en--20--1--
txt-txIN-ana+euridice+eufrosina+barandas-------1
"Daily Alta California" (EUA), 3/7/1866, número 5958, página 4, quinta coluna.

https://cdnc.ucr.edu/?a=d&d=DAC18660703.2.27.4&e=-------en--20--1--txt-txIN----
----1

"Daily Alta California" (EUA), 26/9/1866, número 6042, página 4, quinta coluna.

https://cdnc.ucr.edu/?a=d&d=DAC18660926.2.38.4&srpos=2&e=-------en--20--1--
txt-txIN-ana+euridice+eufrosina+barandas-------1
"Daily Alta California" (EUA), 6/11/1866, número 6083, página 4, quinta coluna.

https://cdnc.ucr.edu/?a=d&d=DAC18661106.2.47.5&e=-------en--20--1--txt-txIN----
----1
"Daily Alta California" (EUA), 8/1/1867, número 7045, página 4, quinta coluna.

https://cdnc.ucr.edu/?a=d&d=DAC18670108.2.29.4&e=-------en--20--1--txt-txIN----
----1

Esses recortes sugerem que os sobrenomes "Pena Penalta" também se aplicavam a


aos filhos Aurora Augusta, José e Corina Thalia.

Note-se a identidade entre o nome "Eugênia", da possível quarta filha de Ana


Eurídice, e o nome da protagonista do conto "Eugênia ou a Filósofa Apaixonada",
repetindo-se assim a relação "vida real ― vida literária" existente entre o nome da
segunda filha (Eurídice Eufrosina) e o nome adotado pela autora.
A data de falecimento de Ana Eurídice: mistério solucionado

Em seu livro "O Ramalhete" (1990), Hilda Agnes Hübner Flores informa à página
48:

"Não foi localizado em Porto Alegre o óbito da escritora Ana Eurídice de Barandas,
sendo provável seu regresso ao Rio de Janeiro, onde residiu em várias temporadas
anteriores.".

Desde então até hoje, a data de falecimento da escritora gaúcha era um mistério. Na
Web encontram-se anos bem diferentes para esse fato, como se vê abaixo.

1856

https://www.ancestry.com/search/?name=ana_barandas&name_x=_1

1857

"Paradigmas da açorianidade no Rio Grande do Sul: a obra pioneira dos


lusodescendentes", Instituto Cultural Português, Edições Caravela, 2005.

https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-
BR&id=agwsAAAAYAAJ&focus=searchwithinvolume&q=eur%C3%ADdice

186?
https://data.bnf.fr/fr/12441605/ana_euridice_eufrosina_de_barandas/

c. 1870

1891?

A informação de Hilda Hübner sobre a diversidade de nomes com os quais Ana


Eurídice era referida em seu período de vida resultou fundamental para a solução desse
mistério. O sobrenome "Delmira", adotado no casamento, possibilitou a fixação da data
do nascimento da autora.

Inicialmente, a pesquisa baseada em "Anna da Fonseca" levou a um resultado muito


próximo. Em 30 de outubro de 1866 faleceu Anna da Fonseca, em São Paulo. Nome e
sobrenome estavam corretos, a idade também (61 anos), o estado civil idem (viúva), e
havia ainda a menção de "portuguesa", levantando a suspeita de um erro no registro
(Ana tinha sido casada com um português).
"Diario de S. Paulo", 30/10/1866, número 365, página 3, terceira coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/709557/1387

Ao optar por "Anna Delmira", a pesquisa se aproximou aos poucos de seu final feliz.

1863

Primeiro, a comunicação do falecimento da autora, em notícia de 3 de julho de 1863.


Ainda assim, não havia menção ao dia do óbito. Tratava-se de um convite à participação
em missa pela alma de Ana Eurídice, "falecida na Paraíba do Sul".

"Correio Mercantil" (Rio), 3/7/1863, número 181, página 4, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/22086

1866

Em anos seguintes houve novas comunicações de missas fúnebres. A primeira, em


26 de julho de 1866. Esta, novamente, não se referia à data do falecimento.
"Correio Mercantil" (Rio), 26/7/1866, número 205, página 2, penúltima coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/26493

"Correio Mercantil" (Rio), 26/7/1866, número 205, página 4, penúltima coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/217280/26495

1869

Três anos depois, um novo dia para a missa: 25 de junho.

"Jornal do Commercio" (Rio), 24/6/1869, número 174, página 3, quinta coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_05/15691

1871

Em 1871, novo dia: 23 de junho. O anúncio também não trazia nenhuma menção
conclusiva ao dia do falecimento.
"Diario do Rio de Janeiro", 23/6/1871, número 172, página 2, terceira coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/27456

No último resultado disponível, no mesmo jornal e no mesmo dia, a solução do


mistério: "Hoje 23 do corrente [junho], oitavo aniversário do falecimento de D. Anna
Delmira da Fonseca, manda-se celebrar uma missa em sufrágio de sua alma, na igreja de
Nossa Senhora do Carmo, às 7 ½ horas.".

"Diario do Rio de Janeiro", 23/6/1871, número 172, página 4, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_02/27458

A Igreja de Nossa Senhora do Carmo.


Foto e informação da Wikipédia.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_Nossa_Senhora_do_Monte_do_Carmo

A cidade de Paraíba do Sul, em 1861.


Fonte: Wikipédia (com foto do Arquivo Nacional).

https://pt.wikipedia.org/wiki/Para%C3%ADba_do_Sul#/media/File:Rio_Para%C3%
ADba_do_Sul_(Barra_do_Pira%C3%AD%3F)_AN.tif

Portanto, Ana Eurídice Eufrosina de Barandas faleceu em 23 de junho de 1863, aos


56 anos e nove meses de idade, na cidade fluminense de Paraíba do Sul, onde
aparentemente residia à época.
A primeira edição de "O Ramalhete"

O registro de "O Ramalhete ou Flores Escolhidas no Jardim da imaginação" na


Biblioteca Nacional informa que o livro foi editado em Porto Alegre pela Tipografia de
I. J. Lopes (Isidoro José Lopes), em 1845.

http://acervo.bn.br/sophia_web/info.asp?c=1193239

Isidoro José Lopes fundou, em 4 de fevereiro de 1840 o jornal porto-alegrense "O


Commercio".

"Anno Historico Sul-Rio-Grandense em forma de Ephemerides", página 59, Antônio


Álvares Pereira Coruja", Associação de Rio-Grandenses do Sul, Rio de Janeiro, 1888.

https://ia902609.us.archive.org/4/items/annohistoricosu00corugoog/annohistoricosu0
0corugoog.pdf
Primeira página do jornal "O Commercio", de 12 de novembro de 1844

http://memoria.bn.br/DocReader/758213x/1

Uma curiosidade: o jornal vem erroneamente associado ao Estado do Paraná, na


Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

Além de jornalista e dono de tipografia, Isidoro era professor de latim em escolas


públicas gaúchas.

"Relatorios dos Presidentes das Provincias Brasileiras: Imperio (RS)", página 41,
Conde de Caxias, 1º de março de 1846, Porto Alegre.

http://memoria.bn.br/DocReader/252263/122

Abaixo, a folha de rosto do livro de Ana Eurídice.


Reprodução da folha de rosto em "O Ramalhete", Hilda Agnes Hübner Flores,
Editora Nova Dimensão, EDIPUCRS, 1990.

Com 78 páginas, a obra compõe-se de nove sonetos, uma ode, dezesseis quadras
sobre a morte do cãozinho Apolo, um poema de duas quadras, uma "cólgota" (dístico
glosado com uma quadra e uma sextilha), "endechas" (composição poética fúnebre) e
quatro textos em prosa: "Eugênia ou a Filósofa Apaixonada", "Uma Lembrança
Saudosa", "A Queda de Safo ou o Cinco de Maio" e "Diálogos".

"Eugênia ou a Filósofa Apaixonada" é a primeira história de ficção de escritora


brasileira, e "Diálogos", o primeiro texto feminista do teatro nacional.

Não se descobriu ainda alguma resenha do livro de Ana Eurídice à época do


lançamento. O mesmo vale para anúncios do lançamento. É possível que haja
informações valiosas sobre a autora nos periódicos da Biblioteca Rio-Grandense, cujo
acervo contém três exemplares da segunda edição e um exemplar da edição original,
sem as 10 primeiras páginas. Mas o site da biblioteca é pobre em termos de recursos,
parado no tempo (ano de 2006), provavelmente desatualizado, e não oferece acesso a
edição digital de nenhuma obra ou periódico.

http://bibliotecariograndense.com.br/
O único anúncio do livro encontrado em periódicos do século XIX já o tratava como
"obra raríssima".

Repare no erro do título ("O ramilhete") e no texto curioso que introduz as obras, no
anúncio da Livraria Polytechnica:

"É, com efeito, preciso acabar por uma vez com a carestia dos livros no Rio de
Janeiro, para ver se este bom povo se acostuma a ler mais e a vadiar menos.

"PREÇOS AO ALCANCE DE TODOS."

"Jornal do Commercio" (Rio), 7/8/1882, número 218, página 4, quinta coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/364568_07/6158
Menções a Ana Eurídice na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Em 1957, Raul Gomes, em artigo para o jornal carioca "O Dia", citou Ana Eurídice
somente como "poetisa", baseando-se no livro "História da Literatura do Rio Grande do
Sul", de Guilhermino César.

"O Dia", 8/5/1957, número 10.521, página 4, primeira e segunda colunas (em
"Literatura Regional").

http://memoria.bn.br/DocReader/092932/92838

Em 1992, a pesquisadora, escritora e romancista Luiza Lobo comentou uma resenha


do crítico literário Wilson Martins, na qual Ana Eurídice não era citada como a primeira
ficcionista brasileira, e sim Teresa Margarida da Silva e Orta (autora de "Aventuras de
Diófanes", 1752), brasileira nata que viveu em Portugal desde os 6 anos de idade.
"Jornal do Brasil", 10/10/1992, número 185, página 49, segunda e terceira colunas.

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_11/73158

Em 2001, um extenso artigo de Moacyr Flores para o "Correio Riograndense" citou


de passagem Ana Eurídice como a única, entre os primeiros escritores gaúchos, a
publicar uma obra em tipografia daquela (então) província. Na verdade, Delfina
Benigna da Cunha já havia publicado em 1834 suas "Poesias oferecidas às senhoras
riograndenses", na Tipografia de Fonseca & Cia. Ana Eurídice foi o primeiro autor de
ficção nesse quesito.

"Correio Riograndense" (Caxias do Sul), 19/9/2001, número 4750, página 10, quarta
coluna (em "Mito do gaúcho", Moacyr Flores).
http://memoria.bn.br/DocReader/882054/18216

Em 2006, Ana Eurídice foi citada em matéria do jornal "Correio Brasiliense" que
divulgava o livro "Escritoras Brasileiras do Século XIX", organizado por Zahidé
Lupinacci Muzart.

"Correio Brasiliense", 11-12/11/2006, página 26, primeira coluna (em "Revista do


Correio").

http://memoria.bn.br/DocReader/028274_05/144908

E esses quatro resultados são tudo o que se encontra sobre a autora, na Hemeroteca
Digital da Biblioteca Nacional.
A segunda edição de "O Ramalhete"

Até 2019, só houve uma reedição do único livro de Ana Eurídice. Intitulada
sinteticamente "O Ramalhete", teve como editora e atualizadora de texto a pesquisadora
e escritora Hilda Agnes Hübner Flores, sendo lançada pela Editora Nova Dimensão,
EDIPUCRS, em 1990.

O livro, no Google Books.

https://books.google.com.br/books?id=MiIZbWAzD68C&lpg=PP1&dq=A.%20Eury
dice%20Eufrozina%20de%20Barandas&hl=pt-
PT&pg=PA2#v=onepage&q=A.%20Eurydice%20Eufrozina%20de%20Barandas&f=fal
se

O link a seguir dá acesso ao conteúdo de um texto de Hilda Hübner sobre Ana


Eurídice, contendo três sonetos do livro e muitas informações presentes no livro.

https://periodicos.ufsc.br/index.php/travessia/article/viewFile/17099/15645

No site Estante Virtual só há um exemplar disponível atualmente (13/4/2019), o que


dá bem a medida da importância de uma reedição da obra.
https://www.estantevirtual.com.br/livros/ana-euridice-eufrosina-de-barandas/o-
ramalhete/3581198141?q=o+ramalhete
Estudos sobre "O Ramalhete" e Ana Eurídice

1976

. "A produção de poesia lírica das mulheres sul-rio-grandenses: Uma escrita


amarfanhada", Maria Helena Campos de Bairros, tese de doutorado em Letras,
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.

http://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/1976/1/428084.pdf

1987

Informação do "Discurso de recepção" de Luiz Osvaldo Leite a Hilda Agnes Hübner


Flores no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, 9 de outubro de 2014,

http://seer.ufrgs.br/index.php/revistaihgrgs/article/download/57580/34556

1990

. "I Parte", em "O Ramalhete", páginas 13 a 51, Hilda Agnes Hübner Flores, Editora
Nova Dimensão, Porto Alegre, 1990

1991

. "Ana Euridice Eufrosina de Barandas", Hilda Agnes Hübner Flores, páginas 15 a


36, "Travessia, Revista de Literatura Brasileira", número 23, Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC), 1990.

https://periodicos.ufsc.br/index.php/travessia/article/view/17099/15645

. "Mulheres Sul-Rio-Grandenses: A voz por trás do gauchesco", em "Travessia,


Revista de Literatura Brasileira", páginas 37 a 53, Regina Zilberman, número 23,
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 1990.

https://periodicos.ufsc.br/index.php/travessia/article/view/17100/15646

1996

. "Mulheres de faca na bota: Escritoras e política no século XIX", Zahidé Lupinacci


Muzart, em "Anuário de Literatura", páginas 149 a 162, Editora da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC), 1996.

https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/download/5284/4714
1999

. "Escritoras Brasileiras do Século XIX", volume 2, páginas 162-174 Zahidé


Lupinacci Muzart, Editora Mulheres e Editora da Universidade de Santa Cruz do Sul
(EDUNISC), 1999.

https://joaquimlivraria.wordpress.com/tag/escritoras-brasileiras-do-seculo-xix/

2002

. "República Rio-Grandense: realidade e utopia", Moacyr Flores, Editora da


Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (EDIPUCRS), 2002.

https://books.google.com.br/books?id=5gsui5vH-
JUC&lpg=PA208&ots=nD1sW_XLXX&dq=%22Ana%20Euridice%20Eufrosina%2
0de%20Barandas%22&hl=pt-
PT&pg=PA208#v=onepage&q=%22Ana%20Euridice%20Eufrosina%20de%20Bara
ndas%22&f=false

2006

. "Ana Eurídice Eufrosina de Barandas", em "Guia de escritoras da literatura


Brasileira", páginas 48-?, Luiza Lobo, Editora da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (EdUERJ), Rio de Janeiro, 2016.

https://books.google.com.br/books?id=dW9lAAAAMAAJ&q=A.+Eurydice+Eufrozi
na+de+Barandas&dq=A.+Eurydice+Eufrozina+de+Barandas&hl=pt-
PT&sa=X&redir_esc=y
http://www.faperj.br/?id=932.2.0

2008

. "A atuação de mulheres de letras oitocentistas: lócus de resistência no processo


cultural-literário?", Salete Rosa Pezzi dos Santos, XI Congresso Internacional da
ABRALIC (Associação Brasileira de Literatura Comparada), "Tessituras, Interações,
Convergências", 13 a 17 de julho de 2008, Universidade de São Paulo (USP), São
Paulo.

http://www.abralic.org.br/eventos/cong2008/AnaisOnline/simposios/pdf/074/SALET
E_SANTOS.pdf

2012

. "A Produção de Obras de autoria feminina no período colonial brasileiro:


implicações históricas, construção de identidades e contribuições literárias", Edilene
Ribeiro Batista, I Congresso Internacional de Comunicación y Género, 5, 6 e 7 de
março de 2012, Sevilla, Espanha.

https://idus.us.es/xmlui/bitstream/handle/11441/33220/Pages%20from%20LIBRO%
20ACTAS%20I%20CONGRESO%20COMUNICACI%C3%93N%20Y%20G%C3%8
9NERO-15.pdf?sequence=1&isAllowed=y

2013

. "Nísia Floresta e Ana Eurídice Eufrosina de Barandas: uma Busca pela Igualdade
de Gênero", Edilene Ribeiro Batista, Simposio nº 38: Derechos de Todas y Todos, III
Congreso Internacional Ciencias, Tecnologías Y Culturas, Santiago (Chile), 2013.

http://internacionaldelconocimiento.cl/index.php/resumenes-de-simposios-30-a-
54/item/792-simposio-no-38-derechos-de-todas-y-todos

. "Questões de Gênero e Feminismos em 'Diálogos', de Ana Euridice Eufrosina de


Barandas", Edilene Ribeiro Batista e João Batista Cardoso, páginas 11 a 24, em "Gênero
e Literatura: resgate, contemporaneidades e outras perspectivas", Expressão Gráfica,
Fortaleza, 2013.

http://www.ppgletras.ufc.br/images/conferencia_producoes_intelectuais__-_livros_-
_2013.pdf

2014

"'Diálogos': o ecoar de uma feminista", Sayonara Bessa Cidrack e Edilene Ribeiro


Batista, "Anais do II Colóquio Internacional de Literatura e Gênero ─ Relações entre
gênero, alteridade e poder", 24 a 26 de setembro de 2014, Universidade Estadual do
Piauí (Uespi).

http://docplayer.com.br/43368161-Dialogos-o-ecoar-de-um-feminista.html

. "Um Olhar Feminista em 'Diálogos' de Ana Eurídice Eufrosina de Barandas",


Sayonara Bessa Cidrack, Maria da Glória Ferreira de Sousa, Maria Sárvia da Silva
Martins e Nathalie Sá Cavalcante, VII Encontro de Experiências Estudantis, outubro de
2014, Fortaleza.

https://pt-br.facebook.com/encontrosprae2014/posts/792623667447330

2016

. "A Representação do Feminino e a Construção de Identidade nos Textos de Ana


Eurídice Eufrosina de Barandas e Nísia Floresta", Sayonara Bessa Cidrack e Edilene
Ribeiro Batista, "Anais do VII Seminário Internacional e XVI Seminário Nacional
Mulher e Literatura", páginas 152 a 158, Caxias do Sul, Editora da Universidade de
Caxias do Sul (Edusc), 2016.

. "Diálogos e trajetórias: a produção literária de autoria feminina e o discurso


feminista em Ana Eurídice Eufrosina de Barandas, Nísia Floresta e Clarice Lispector",
Edilene Ribeiro Batista, exame de mestrando em Letras, Universidade Federal do Ceará
(UFC), 2016.

https://www.escavador.com/sobre/5366925/sayonara-bessa-cidrack

2017

"Entre o fim do século XIX e o início do século XX: a luta pelo divórcio e as
escritoras brasileiras", Marlene Rodrigues Brandolt, tese de doutorado em Literatura,
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, 2017.

https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/178329/347201.pdf?se
quence=1&isAllowed=y

. "O Falogocentrismo em xeque: um diálogo cendrado de obras de Ana Eurídice


Eufrosina de Barandas, Nísia Floresta e Clarice Lispector", dissertação de Mestrado,
Sayonara Bessa Cidrack, Universidade Federal do Ceará (UFC), 2017.
http://www.ppgletras.ufc.br/pt/alunos-egressos/mestrado/2000-1991/2008-literatura-
brasileira/

2018

. "O fazer literário de Ana Eurídice Eufrosina de Barandas sob o viés da temática do
amor em 'Eugênia ou a Filósofa Apaixonada", Sayonara Bessa Cidrack, IV Colóquio
Internacional de Literatura e Gênero, I Colóquio Nacional de Imprensa Feminina,
"Descolonização, Gênero, Corporeidade e Resistência", 5 a 7 de setembro de 2018,
Universidade Estadual do Piauí (Uespi), Teresina.

http://icilg.uespi.br/download/programacao.pdf?104851

. "O lirismo poético em obras de autoras brasileiras do século XIX ao século XXI",
Jussara Bittencourt de Sá, Marlene Rodrigues Brandolt e Mayara Gonçalves de Paulo,
"Revista Memorare", volume 5, número 3, páginas 66 a 81, setembro/dezembro de
2018, Universidade da Santa Catarina (UNISUL).

http://portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/memorare_grupep/article/view/7334/42
50

***

Dois adendos importantes

Em 2000, a professora Maria Luíza Ritzel Remédios revelou em seu estudo sobre o
romance "Os Tambores Silenciosos", de Josué Guimarães, que o autor utilizou, na
elaboração da história, dados sobre Ana Eurídice Eufrosina de Barandas registrados no
livro "História da Literatura do Rio Grande do Sul", de Guilhermino César (1975).
. "'Os tambores silenciosos': o processo de construção da narrativa", Maria Luíza
Ritzel Remédios, páginas 111-118, "Vidya", volume 19, número 33, janeiro/junho
2000, Santa Maria (RS).

https://www.periodicos.ufn.edu.br/index.php/VIDYA/article/download/539/528

Um "capítulo nove" de livro e ano não identificados, contendo estudo sobre Ana
Eurídice, está disponível em PDF na Web, traduzido por Lucas Vini para o espanhol.

https://www.nottingham.ac.uk/genderlatam/documents/translation-parte-ii-capitulo-
9-rev3.pdf
Os poemas de Ana Eurídice

Ana Eurídice compôs 14 poemas: nove sonetos, uma ode, dezesseis quadras sobre a
morte de seu cãozinho Apolo, um poema de duas quadras, uma "cólgota" (dístico
glosado com uma quadra e uma sextilha) e "endechas" (composição poética
melancólica). Todos são reproduzidos em texto atualizado (anterior ao Acordo
Ortográfico) no livro "O Ramalhete", de Hilda Agnes Hübner Flores.

Um soneto e o poema intitulado "Cólgota" constam do livro "Poemas de Amor e


Morte (antologia sincrônica da poesia brasileira)", com organização e prefácio de Lígia
Cademartori e Adalberto Müller. Os poemas, incluídos na categoria "E eles e os outros
me veem", têm por versos iniciais "Minh'alma fria e já desenganada" e "A mulher que
diz que ama".

http://www.academia.edu/30427892/POEMAS_DE_AMOR_E_MORTE_antologia_
sincr%C3%B4nica_da_poesia_brasileira_

Na Web, somente se encontram sete quadras e cinco sonetos.

As quadras:

http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/pndp/pndp010755.htm

Os sonetos, com os versos iniciais "Minh'alma fria e já desenganada" e "Não


partas!... Ou então leva-me a vida!":

http://poemasetsonetos.blogspot.com.br/search/label/Ana%20Eur%C3%ADdice%20
Eufrosina%20de%20Barandas

E os sonetos com os versos iniciais "Apressa-te, momento venturoso", "Deus de


bondade! Deus onipotente!" e "Como és frágil, humana natureza!", no estudo já citado
de autoria de Hilda Hübner.

https://periodicos.ufsc.br/index.php/travessia/article/viewFile/17099/15645
A confusão de títulos entre "A Filósofa Apaixonada" e "A Filósofa por Amor"

A história pioneira de Ana Eurídice tem por título "Eugênia ou A Filósofa


Apaixonada", mas com frequência é denominada como "A Filósofa por Amor". Esse
título equivocado serve, em muitos casos, para denominar a obra como um todo.

Veja estes resultados no Google, que incluem páginas pessoais, trabalhos acadêmicos
e livros.
O crítico literário e historiador Wilson Martins registrou um título diferente no
volume 3 de sua "História da Inteligência Brasileira": "A Filósofa do Amor".

"Maria Firmina dos Reis e Amélia Beviláqua na História da Literatura Brasileira:


Representação, Imagens e Memórias nos Séculos XIX E XX", páginas 30 e 31, tese de
doutorado em Letras, Algemira Macêdo Mendes, 2006.

http://meriva.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/4207/3/000390035-
Texto%2BCompleto-0.pdf

O equívoco relativo ao título vem desde a publicação do "Dicionário Bibliográfico


Brasileiro" em 1883, obra de Sacramento Blake que, em seu primeiro volume, registrou
o verbete a seguir (repare no nome da autora).
"Diccionario Bibliographico Brazileiro", Primeiro volume, página 73, Augusto
Victorino Alves Sacramento Blake, Tipographia Nacional, Rio de Janeiro, 1883.

http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/221681

A confusão do informante de Sacramento certamente se originou do título de outra


obra, esta famosa, do mesmo século XIX: "A Filósofa por Amor, ou, Cartas de dois
amantes apaixonados e virtuosos", romance do escritor espanhol Francisco de Toxar
traduzido para vários idiomas.

No Brasil, a obra foi publicada em dois volumes e estava disponível pelo menos
desde 1827.

"Diario do Rio de Janeiro", 24/10/1827, número 20, página 1, primeira coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/8232
"Folhinha Civil e Eclesiastica para o Ano de 1849", número 1, página 204.

http://memoria.bn.br/DocReader/823651/853

Quando se descobriu um exemplar da obra na Biblioteca Rio-Grandense, o fato de


estar com as 10 primeiras páginas mutiladas impediu o reconhecimento do título
verdadeiro, tanto da obra como um todo, quanto do conto pioneiro de Ana Eurídice. E o
prestígio do historiador Guilhermino César, então, ajudou a fixar o título informado por
Sacramento Blake: "A Filósofa por Amor".

Somente após a descoberta do segundo exemplar, na Biblioteca Nacional do Rio de


Janeiro, os verdadeiros títulos da obra e do conto se tornaram conhecidos.

Você também pode gostar