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Paladino
Contos de um
Paladino
Miguell P.
Ficha catalográfica
Dedicado aos jogadores de
“O Prometido de Aldor”.
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Agradecimentos
Ass.: O autor
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ARTE
PAISAGEM
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Sumário
Capítulo I — Origem.................................................11
Capítulo II — Memórias esquecidas.........................23
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ARTE
ÁRVORE
DOS 3
GALHOS
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I
Origem
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famosa por plantar os melhores legumes, verduras e
frutas do reino e isso dava uma quantia boa aos
negociantes, mas que não era suficiente para
sustentar a família por muito tempo. A Vila do
Touro é famosa por seus touros e vacas. É de lá
quem vem os melhores garrafões de leite, os
melhores pedaços de carne e as melhores manteigas
do reino. Outras vilas até tentavam se igualar, mas
nunca conseguiram, mas hoje existem aquelas que
até conseguem competir de vez em quando, como a
Vila dos Potros. A outra vila que existia era a Vila
dos Pescadores. Essa vila ficava mais distante das
demais, já bem no final do reino, ao mais Norte que
existe. Lá, por ser uma vila costeira, no nível do
mar (diferentemente de Vila Pomar e da Vila do
Touro) que é famosa por seus pescadores, seus
peixes e pelos seus artesanatos, que —muitas
vezes— eram confiscados pelo governo, numa
política de conter a melhoria do padrão de vida do
povo.
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chegou na cidade e destruiu tudo, além de levar
muitas das pessoas, a maioria de idosas, para a
prisão por “Desobediência Régia”.
Alguns dizem que elas ficaram presas por alguns
dias, já outros dizem que morreram por lá, mas
ninguém nunca passou pela vila para conferir, então
a resposta para essa pergunta continua não
respondida.
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terras, nem nada, mas com o sobrenome
conseguimos adquirir um pequeno terreno na vila.
Na verdade, já vivíamos nele, porém ele era do
reino e poderia ser tomado a qualquer hora, mas
depois do sobrenome adquirido, recebemos estas
terras como uma outra parte do pagamento. Agora,
elas ainda são do reino, mas nossa propriedade
corre menos riscos de ser tomada à força.
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que ela conheceu um tal de Richard, que tinha
acabado de começar a servir ao exército.
Esses são os detalhes que eu sei sobre o passado
deles, nada mais. Não costumava perguntar sobre
coisas assim.
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A menina cresceu e ela aprendeu tudo o que
deveria: cozinhar, costurar e cuidar da casa.
Mesmo sendo bem pobre e simples, a vida para os
Mellya era feliz, pelo menos o suficiente. Até que
um dia o pior dos pesadelos aconteceu. Em um dia,
como qualquer outro. Marya, já com seus seis anos,
tinha a responsabilidade de colher frutas no pomar
de Vila pomar. O pomar é um grande bosque que há
no centro da vila, onde há diversas árvores
frutíferas. O pomar não possuía dono, de fato,
todos eram donos dele e podiam colher as frutas
que ele dava, quando desejassem, desde que
respeitassem as épocas certas, tanto das frutas
quando dos animais.
Cada família deveria escolher um de seus membros
para a colheita, sendo "proibido" que outros
membros da mesma família colhessem por lá. No
nosso caso a escolhida foi Marya.
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As mulheres, geralmente, eram quem iam colher as
frutas. Por uma questão de obviedade as mulheres
mais velhas eram as mais sábias, junto de seus
maridos mais velhos, porém os velhos não mais
tinham tanta energia e disposição para colher
frutas, por isso quem mais o fazia eram crianças,
principalmente garotas, que transformavam o
trabalho em diversão, brincando horas e horas pelas
árvores.
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Naquele dia, Marya saiu de casa, antes mesmo do
galo cantar, para poder chegar em casa o mais cedo
possível. O tempo de voltar era depois de oito
dedos (quando o Sol estivesse no meio do céu). A
pequena dizia que precisava deste tempo todo para
colher, mas todos sabiam que não. Ninguém, nem
mesmo se fosse para colher todas as frutas do
mundo, demoraria nove dedos para isso, quem dirá
uma menininha em um simples pomar.
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nunca chegava depois.
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Saindo daquela simples casa de madeira saiu
um senhor de seus sessenta anos que tinha uma
bela barriga avantajada, seus joelhos trêmulos. Sua
camisa marrom, feita de um saco de batatas, já tão
maltratada, sua calça amarela vibrante, seu chapéu
de palha queimada e seu velho cachimbo, tão
amigo.
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setenta anos de idade. Usava roupas caras e
adorava ficar bebendo chá às manhãs, apenas para
poder mostrar suas posses aos outros.
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Quando começaram a sujar seu quintal e caminhar
pelo seu telhado, dias depois, alguns
desapareceram. Quando pedida para ajudar a
encontrar os gatos sumidos se recusou, usando sua
saúde de desculpa.
Saíram, pois, eu, minha mãe, meu avô e minha
outra irmã para a casa de Rita.
Rita era a melhor amiga de Marya, que morava
mais à frente. Passamos por lá e ela ainda estava
tomando o café com a família. Conversamos com a
família de Rita e explicamos a situação. Todos
ficaram preocupados e mal terminando o café,
juntaram-se a nós e partimos para a próxima casa;
de casa em casa passamos pedindo por ajuda.
Vilapomar não era um lugar tão grande e não eram
muitos seus habitantes. Logo conversamos com
todos os vilões e todos se juntaram na busca pela
menina perdida, exceto dona Ivete.
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de fome. Mais tarde saíram os adolescentes,
inclusive os que eu chamava de amigos. Esses
foram os primeiros a sair. A desculpa deles foi que
não iriam gastar tanto tempo para achar uma garota
morta no meio do mato. Os únicos que ficaram
foram as crianças, mas essas eu mesmo tive de
expulsar da busca, já que mais atrapalhavam do que
ajudavam, visto que adoravam dar informações
erradas apenas para rir de nós.
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mas nada achei; voltei para casa, cansado e
derrotado.
— Prometo
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II
Memórias esquecidas
— Dona Ivete!
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que é o cego. Não consegue ver que eu também sou
doente?! Peça para outro!
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Em um de meus dias de busca, estava caminhando
pela estrada principal, próximo à entrada de
Vilapomar. Era de manhã, quando avistei, ao longe,
vindo de dentro da cidade, um homem que nunca
havia visto. Estava trajado com roupas escuras e
um longo chapéu de palha.
O vento que soprava vinha do mar, dificultando a
vista do sujeito. Suas roupas eram carregadas com
o sopro e seu rosto era coberto pelos seus longos
cabelos escuros.
— Como ela é?
— Não sinhô.
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— ONDE?
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preocupei.
Corri pelo bosque, até a proximidade da Vila do
Touro (a vila ao lado de Vilapomar).
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Enquanto a arquitetura élfica, de milhares de anos,
era tão esbelta e singular a dos homens se resumia
em pedras e madeiras podres, coladas umas com as
outras com barro suor e palha.
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obstáculos que a impediam de ver aquela tão bela
sala; um chão de madeira, com mais de mil anos,
segundo alguns, mas que ainda persistia. Nas
paredes esculturas de seres altos, com orelhas
pontiagudas, roupas leves, mas grandes, com
olhares de sabedoria.
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Já havia vasculhado os andares mais adentro, junto
com o andar principal; faltava apenas o segundo.
De fato, havia outros cômodos para de baixo a
terra, mas não consegui abrir as portas que levavam
a eles. Suas trancas, apesar de velhas, ainda
funcionavam tão bem quanto novas.
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No final dele havia uma porta. Feita da mais antiga
madeira. Talhada da mais antiga maneira. Cuidada
da mais perfeita forma.
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— Vim apenas para saber que chegaria aonde
deveria e que nada de mal lhe aconteceria, afinal de
contas, existem animais perigosos por aqui.
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lentamente de água, minhas pernas bambeavam.
Não tive como segurar aquela angústia que me
consumia por dentro. Estava de pé, olhado por
aquela janela na parede, mas cai naquele chão frio e
empoeirado e chorei como criança. Deixei aquele
resto de ingenuidade aflorar e joguei para fora toda
aquela tristeza.
Chorando deitado naquele chão de pedras, olhando
para um resto de teto, conseguia ver um pouco do
céu. Ainda hoje não sei o porquê, mas ver aquelas
nuvens brancas passando me acalmavam.
Aos poucos secava de tanto chorar e, quando já não
mais me restava água no corpo, levantei-me; estava
tonto.
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Ela estava já nos fins da vila, na beirada do
penhasco e ao seu lado quatro lápides. Uma delas, a
menor, que estava mais próxima da árvore, tinha
uma flor amarela sobre, já as outras, não. Na maior
delas, que estava mais distante, tinha duas letras
gravadas, mas não consegui entender o que
significava.
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No corredor, estavam dois seres estranhos, mas
familiares. Estranhos porque nunca havia visto
seres como aqueles, mas sempre ouvi sobre: elfos.
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era feito de Lith, que é uma espécie de prata, mas
que é muito mais resistente e apenas os elfos
sabiam como moldá-los.
— Você as perdeu?
— Elas sumiram
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— São duas: a mai nova se chama Marya. Ela tem
seis anos. Tem um cabelo preto i longo. É bem
branquinha i sempre anda com um vestido amarelo.
Já a ôtra é a Yulia. Ela é mai velha do que eu.
Também tem um cabelão preto e usa um vestido
vermêlhu... Cê pode mi ajuda?
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fosse um animal selvagem. Cada passo era tão
silencioso que era impossível de ser ouvido.
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Depois do ocorrido o elfo disse mais alguma coisa
para a elfa e desceu para o primeiro andar, com
pressa.
— Num intendi
— Tudo bem!
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fomos mortos, outros fugiram para o Sul, outros
para além mar.
Depois que fomos retirados, os que foram
colocados aqui, mas não só aqui, mas em todas as
antigas florestas, foram os bruxos do Oeste, que se
espalharam como pragas e lançaram maldições e
bruxarias sobre a terra, abrindo portões que jamais
deveriam ter sido abertos. Foi isto que trouxe muito
dos monstros que habitam a Terras de hoje, como
os Yuruk.
Os Yuruks aparecem pouquíssimas vezes durantes a
vida e quando fazem precisam se alimentar e, para
isso, geralmente, levam crianças. Porém, eles não
devoram as crianças, porque eles não existem
materialmente. Eles usam das crianças para se
alimentarem de seu medo, por isso, geralmente,
deixam as crianças presas em lugares sombrios e
distantes por um bom tempo.
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— Sinto muito, pequenino, mas você vai ter que ir
sozinho — falou a elfa, com seu semblante
entristecido
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As paredes eram consumidas pelo tempo. Os vaga-
lumes sumiam davam lugar às trevas.
Já no chão, olhando para aquele, outrora vivo,
castelo, vi o mesmo quando cheguei: um monte
pedras empilhadas, profanadas pelo tempo.
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viver pelas florestas.
Quando o extermínio nos alcançou, alguns foram
mortos e outros fugiram, como eu já disse. Os elfos
que você viu, e isso me inclui, usamos dos poderes
que tínhamos e da ajuda das forças da terra para
deixarmos nossos corpos e vivermos como
espíritos. Ainda temos corpos físicos, mas eles
estão escondidos.
— CLARO!
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o bosque se transformava no que ele um dia já foi.
Por onde ela passava uma enorme área em torno
dela se transformava. O verde mais morto da grama
ficava vivo. Flores nasciam, animais apareciam
para vê-la, as árvores mostravam sua felicidade
quando ela passava; o bosque, como um todo,
mudou. Ele havia se transformado, mais uma vez,
naquilo que ele nunca veria ter deixado de ser.
— Certo!
— Que objeto?
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que achá-lo, traga-o até mim e eu vou fazer o
possível por você, tudo bem?
— Tudo!
— Certo!
—Certo!
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— Certo!
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Passei pelas estradinhas de barro batido, iguais as
de Vila Pomar. Vi pequenos terrenos cercados por
velhas cercas de madeira, igual a Vila Pomar. Vi
casas simples, com pessoas simples, igual a Vila
Pomar. A maior diferença na vista entre as vilas era
o grande pasto aberto que havia no centro. Havia
uma cerca que ia da encosta até bem próximo da
estrada, formando um gigante pasto, onde estavam
os bois e vacas de todos os vilões. Em uma lógica
bem parecida com a do pomar, em Vila Pomar;
aquele terreno enorme não possuía um dono, de
fato, todos eram donos e os touros e vacas de todos
podiam pastar ali a hora que desejassem.
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era possível ver que ela descia para algum lugar, de
certo, muito profundo
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