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Prólogo

Eu sempre fui uma criança diferente. Rothfuss é meu nome, mas sempre me
chamam de Roth, por ser mais fácil de pronunciar. Meus pais diziam que eu era
especial, mas não como uma mãe que ama o filho e o considera uma dádiva dos
deuses. Mas sim como algo realmente diferente, que fazia com que eu me
diferenciasse das outras crianças de um modo que as pessoas me vissem como
anormal. A magia, um poder estranho e muitas vezes incompreendido pelos outros,
sempre me fascinou. Apesar de ser muito raro uma pessoa possuir o dom de controlar
esse poder, eu sempre tive muita facilidade em entender e algumas vezes até mesmo
utilizar do mesmo. Alguns anciões da vila em que eu morava diziam que eu era
perigoso e que poderia a qualquer momento causar algum grande problema a todos.
Mas meus pais sempre me defendiam e me encorajavam a fazer o que me fizesse feliz.
Muitas vezes eu me pegava com medo de causar algum problema, mas a curiosidade e
a vontade de entender o mundo á minha volta eram mais fortes, e sempre quando
estava sozinho eu lia livros sobre magias e histórias de grandes sacerdotes que
possuíam o dom de parar o tempo apenas utilizando sua voz.

Eram tempos felizes, apesar dos problemas que a vila passava de vez em
quando, nunca passamos fome nem tivemos problemas com bandidos saqueando a
lavoura. Eram tempos felizes, porém até Titus Mede II subir ao trono de Imperador e
as tensões entre o Império e a Aldmeri Dominion aumentar. O Império parecia estar se
preparando para algo grande e iminente, até que no ano de 171 da Quarta Era, a
Grande Guerra começou. De um lado, os Elfos da ilha Summerset queriam dominar o
continente e proibir o culto a Talos, do outro, o Império queria reestabelecer o
controle perdido de Elsewyr e Valenwood, ambos sob o controle da Aldmeri Dominion
no sul de Tamriel. A Grande Guerra tinha começado, e foi necessário o aumento do
exército do Imperador para combater os Elfos. Meu pai, que trabalhava como guarda
da vila, foi convocado para lutar e defender a Cidade Imperial de um cerco que os
Thalmors, como eram conhecidos os Elfos da Aldmeri Dominion, estavam formando,
afim de tomar a cidade, o centro do Império no continente. Eu tinha treze anos de
idade quando meu pai partiu para Cyrodill, junto com muitos outros a fim de ajudar a
defender a cidade. Muito sobre a politica que envolvia essa ocasião foi contada a mim
por minha mãe, muitos anos depois. Muitos anos depois de meu pai nunca ter voltado.
Muitos anos depois de nunca termos recebido nenhuma informação a respeito do
paradeiro dele. Muitos anos depois de eu ter perdido as esperanças de alguma vez
poder revê-lo.

A Guerra tinha durado três anos, muitas vidas foram perdidas, muitas mães
choraram por seus filhos mortos ou desaparecidos em batalha. Muita gente supriu um
forte desgosto do Império e dos Thalmors. Muitos nórdicos buscaram justiça, e muitos
acharam conforto em discriminar outras raças que não fossem nórdicas. O Acordo
Ouro-Branco, assinado pelo Império, dando fim á Grande Guerra praticamente
entregou o continente nas mãos dos Thalmors, que proibiram o culto a Talos,
considerado um deus pelos nórdicos em Skyrim. Nada poderia ser feito pelo Império
apesar disso, pois a guerra tinha consumido muitos recursos e ele não poderia manter
um conflito dessas proporções com a Aldmeri Dominion.

Com o passar dos anos, fizemos de tudo para seguir em frente com nossas
vidas, porém minha mãe nunca conseguiu de fato superar a nossa perda. Aos poucos
fui me afastando dos livros de magia e me aproximando das espadas e escudos, a fim
de poder algum dia ser capaz de honrar meu pai em batalha quando chegasse a hora e
me juntar a ele nos grandes salões de Sovngarde. Passei a treinar na arte da espada e
escudo e em pouco tempo já era capaz de defender nossa casa de saqueadores e
bandidos que vinham tentar roubar nossa comida. Minha mãe sempre contava
histórias sobre sua terra natal para mim e minha irmã Asgard, dizendo que sonhava
voltar para Skyrim, construir uma casa no Pale e cuidar de nós, longe dos problemas de
Cyrodill, das guerras e da violência. Alguns anos depois, quando eu tinha trinta e nove
anos de idade, minha mãe morre por causa de uma doença e passei a cuidar de minha
irmã, que tinha por volta de vinte e cinco anos. Algum tempo depois, ela decide entrar
para a Legião Imperial a fim de buscar informações sobre nosso falecido pai. Brigamos
várias vezes sobre isso, até que certo dia ela decide ir sem me avisar sobre. Passo
alguns meses procurando-a, porém aceito a situação. Não fui capaz de proteger minha
mãe, nem minha irmã. Não fui capaz de tomar uma atitude sobre meu pai, não fui
capaz de me importar com as outras pessoas de nossa vila. Apesar de tudo, juntei
forças o suficiente para partir para Skyrim e atender ao ultimo desejo de minha mãe.
Voltar á sua terra natal e começar uma vida nova.

Começar uma vida nova...

Sempre me disseram que eu era especial, que podia fazer coisas extraordinárias
e que grandes feitos me aguardavam no futuro. Mas nada se comparava ao que me
esperava nessas terras nortenhas que minha mãe tanto falava sobre. Uma vida nova...

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