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CURSO PERMACULTURA

ALUNA: FRANCISCA ELCIANE MOTA MELO

TÍTULO: Manezim Cibola e a permacultura


1
Meu nome é Manoel, conhecido como o Manezim Cibola, pois sempre produzi
cebolas em minha horta para vender no bairro. Esse era meu único meio de
sobrevivência por muitos anos.
O ano era 2054. Tinha acabo a Terceira Guerra Mundial que envolveu
praticamente o mundo todo.
Felizmente, o Brasil ficou de fora, por questões políticas que prevaleceram para
que a preservação dos recurso quase que esgotados da Amazônia se
mantivessem, muito embora o interesse dos países como a China, Rússia e
Estados Unidos ainda estejam voltados para o mesmo ponto.
Mesmo assim, aqui no sertão semiárido, não deixamos de sentir os impactos
dessa guerra que durou aproximadamente 6 anos e 4 meses.
Como não sabíamos mais produzir nosso próprio alimento, sofremos muito no
inicio, eu e minha família, porque tivemos que nos reiventar para não morrer de
fome.
Ainda em 2050, começamos a perceber os grandes impactos que o
desmatamento causou no nosso cerrado. E mesmo assim, as espécies naturais
e os animais já extintos aprofundaram nossas dificuldade em obter alimentos, os
níveis de água praticamente não existiam mais e, aqui na minha cidade de
Azinheira, tínhamos que percorrer mais de 6km todos os dias para conseguir um
balde de água.
O exercito, ajudava na distribuição nas casas, mas era insuficiente. Mal dava
para beber, sem contar que a água era barrenta e salobra.
Os supermercados se tornaram grandes salas vazias, empoeiradas e
deterioradas pela ferrugem. Muitas foram totalmente destruídas pela a ação do
tempo.
Em uma cidade aqui próxima moravam os aguaceiros, uns tipos de cangaceiros
modernos que vinham de vez em quando com armas e nos obrigavam a entregar
nossas comidas e o pouco de água que conseguíamos armazenar.
Sempre que eles vinham a cidade toda ficava apavorada, pois não respeitavam
nossas casas, arrombando e destruído tudo que viam pela frente.
Mas foi graças a eles que consegui conquistar o coração da mulher que eu
amava, pois em meio a grande confusão causada pelos aguaceiros, num ímpeto
de coragem, consegui salvar Sândila das mãos de um dos indivíduos que estava
amedrotando a minha garota. Por algum motivo ao gritar para eles a deixassem
em paz, eles atenderam meu pedido, mas no fundo, tive a sensação de que eles
voltariam para me azucrinar.
- Você está bem Sandila?
- Sim, Manel. Estou bem graças a você.
- Não se preocupe, sempre lhe defenderei desses bandidos.
- Você foi muito corajoso.
- Que nada, eu por você faria tudo.
Nesse mesmo instante, meu coração acelerou, e meu olhar encontrou com o de
Sandila. Ficamos alguns segundos nos olhando e e nos aproximando os lábios
um do outros quando.
Paaaá!
Um susto nos interrompeu, quando me virei para ver o que era tamanho barulho,
vi que era o Salustiano, meu grande amigo de infância.
- Manel, tava te procurando seu bruto.
- Isso é hora de me procurar seu cabra.
- Tá quase na hora do almoço e a mãe quer saber se tu tem cebola pra vender
ainda.
- Tenho.
- Pois me de um bocado, que senão ninguém almoça.
- E onde tu encontrou almoço, que fartura é essa. Rapaz, por sorte, meu pai
andando pelos lados daquele serrote aculá, avistou uma caça e paaaaá! Acertou
o bicho e garantiu nosso almoço.
- Tá de sorte.
Resolvi me despedi de Sandila e fui com o Salustiano vender a cebola para o
almoço de sua família.

2
Fui até minha casa e ao chegar lá falei:
- Salustiano seu cabra, eu tava quase beijando a Sandila quando você chegar
pra mim atrás de cebola? Eu só não te esbofetei na frente de Sandila por que eu
não queria fazer feio na frente dela, mas a vontade era no corpo todinho.
- Calma Manel, meu amigão. Eu tenho um segredo pra lhe contar. É porque não
quis falar na frente de Sandila.
- E que segredo é esse?
Salustiano fez uma pausa e como se estivesse analisando a qualidade das
palhas da cebola, foi logo interrompido por mim que já estava desempaciente e
por demais curioso.
- Desenrola, homem – falei esbravejando - e espero que seja uma novidade
muito boa, porque ainda tô te cozinhando na água pouca.
- Calma Manezim. Se acalme.
Nesse momento Salustiano se aproximou e falou baixo que quase eu não
consigo escutar
- Meu pai andando pelo serrote, aquele que faz muitos anos que ninguém anda
por lá...
- Sei, continue.
- Ele encontrou um lugar maravilhoso. Praticamente um oásis, com plantas,
vegetação, animais, e está praticamente intacto.
- Como é possível existir um lugar assim? E tão perto? Você deve estar mentido.
- Claro que não. Porque eu iria inventar uma história dessa pra você?
- Tudo bem, mas eu só acredito que esse local está assim, se eu ver.
Manteve-se um silêncio e logo foi quebrado pela fala dos dois ao mesmo tempo:
- Vamos lá!
- Vamos lá!
Eu e meu amigo saímos correndo pelos caminhos ressequidos, secos sem um
sinal de vegetação nativa e com muita poeira e lajedos aflorados por toda parte,
debaixo de um sol de 40°C.
Após uns 40 minutos de caminhada, chegamos ao pé da serra, minha sorte é
que tinha levado minha moringa com um pouco de água que tinha em casa.
Começamos a subir e a medida que nos aproximávamos vimos ao longe uma
área que tinha a aparência verdejante como há muitos anos não tinha visto.
A medida que me aproximava meu ceticismos foi se dissipando e passei a
acreditar em Salustiano que a cada passo me esnobava como que desejasse
um pedido de desculpas por não ter acreditado no seu amigo velho de guerra.
A pouco menos de 100 metros, ouvimos tiros vindos em nossa direção.
Rapidamente nos abaixamos para não sermos atingidos e logo percebemos que
eram uma área monitorada pelos aguaceiros que sempre vinha para a cidade
roubar nossos mantimentos.
Eles começaram a nos perseguir e saímos em apuros em busca de um abrigo,
quando de repente chegamos em um precipício onde ficamos encurralados.
- O que vocês querem aqui?
- Nada, respondi. Só estávamos só andando um pouco.
- Vocês vão morrer. Ninguém entra aqui e sai vivo.
- Calma, podemos explicar...
- Ah, você é aquele rapazinho insolente que pediu pra eu deixar aquela moça da
cidade em paz.
- Sim, sou eu mesmo.
- Vocês são namoradinhos? Ha, ha, ha, ha...
- Não é da sua conta.
- É, deixa pra lá mesmo. Vamos ao que interessa. Vocês preferem soltar desse
precipício e morrer lá em baixo ou querem que eu atire e mate vocês aqui
mesmo?
Nesse momento eu meu amigo nos olhamos e vimos que não tínhamos saída,
quando de repente ouvimos um barulho de um drone tripulado sobrevoando a
área onde estávamos. Era o drone do governo que estava fazendo uma vistoria
da área para saber onde iria implantar uma torre de controle militar.
Os aguaceiros, assustados, fogem, pois poderiam ser presos pelos militares. E
assim ficamos a salvo. Assim ficamos a salvo e voltamos para a cidade.
No caminho começamos a perceber que ainda existia uma possibilidade de gera
alimento para a população.
Foi ai que tivemos a ideia de começar a pesquisa sobre como fazer o cultivo da
permacultura, que tanto tínhamos ouvido falar no passado quando éramos
estudantes do ensino fundamental, mas nunca demos importância.
Começamos a pesquisar e a conseguir algumas poucas mudas de arvores que
conseguimos com muito esforço e com preço muito alto, pois tudo que era
natural, tinha um preço muito elevado eram muito escassos, incluindo, plantas,
ar, água, animais, frutas, e tudo mais.
Precisavamos além do investimento ter o maior cuidado para que as mudas não
morressem que era uma probabilidade muito grande, além de que não
dispúnhamos de muita água.
Com muito cuidado e com um pouco de sorte conseguimos fazer com que as
mudas crescessem. Conseguimos convencer algumas pessoas da comunidade
pra que nos ajudassem nessa ideia de iniciar um novo cultivo em nossos quintais
e ajudando inclusive financeiramente, dentro de suas posses, pois até o dinheiro
era muito difícil, pois todos viviam somente da ajuda dos auxílios do governo que
a cada ano em vez de aumentar, diminuía para manter as regalias do governo
central que agora era uma ditadura e precisava manter seus esquemas de
corrupção enquanto o povo cada vez sofria mais.
Apesar de todos as dificuldades, conseguimos criar diversos quintais produtivos
baseados no modelo da permacultura. Assim conseguimos o respeito do
governo e também dos aguaceiros que passaram a nos apoiar pois viram que a
população estava melhorando suas condições em meio as adversidades
climáticas e com isso passaram eles mesmos a contribuir com o
desenvolvimento social, ecológico e financeiro da comunidade.
Os governos ditadores foram enfim destituídos e um governo honesto e
preocupado com a população foi eleito e passou a governar com justiça e
equidade e passou a trabalhar para que nosso país melhorasse, sendo que o
mesmo passou a adotar um melhor cuidado com a natureza e canalizar nossas
reservas naturais de maneira igualitária para todo o país e assim passamos a ter
uma melhor qualidade de vida a nível nacional.
Os aguaceiros, muitos morreram, pois havia muita disputas entre eles mesmos,
outros deixaram a vida erra e passaram a buscar um vida como cidadão de bem.
Com o passar dos anos enfim casei com Sandila e tivemos 2 filhos que foram
educados a viver de maneira harmoniosa com a natureza.
Salustiano, acabou se tornando técnico e passou a ministrar palestras em outras
cidades e ajudar outras comunidade na implantação da permacultura como meio
de sobrevivência em situações climáticas extremas.

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