Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
O projeto “Caminho das Águas: uma proposta para o Semi-Árido” insere-se em um contexto de um
projeto maior, denominado “Araçuaí: Cidade Sustentável”, resultado da parceria entre 13
organizações, com o objetivo de contribuir para a transformação social. Dentro do Araçuaí
Sustentável, temos quatro dimensões que direcionam as ações a serem desenvolvidas: Empoderamento
Comunitário, Valores Humanos e Culturais, Satisfação Econômica e Compromisso Ambiental.
O projeto Caminho das Águas está totalmente voltado para essa última dimensão, tendo como
objetivo contribuir para a transformação social da região de Araçuaí a partir de ações que garantam a
segurança hídrica e promovam a recuperação dos ambientes da bacia do rio Araçuaí e o uso racional
dos recursos disponíveis na região.
As comunidades beneficiadas são: Alfredo Graça, Núcleo Olinto Ramalho e Núcleo Cruzinha.
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
As organizações envolvidas e o Banco de Êxitos realizaram dois encontros em 2007, com o objetivo de
discutir e definir a forma de executar o projeto. A elaboração do Plano de Trabalho e Avaliação foi a
pauta principal desses encontros (Anexo 01-PTA). Esses momentos também proporcionaram um
alinhamento conceitual entre o grupo. Trabalhar em plataforma é ir além do trabalho em rede, que é
uma junção de pontos, enquanto a plataforma requer a criação de uma base de sustentação. Está
sendo uma experiência inovadora e complexa para todos. O próximo encontro do grupo está
agendado para agosto.
Nossa primeira ação de trabalho de campo foi realizar um diagnóstico nas comunidades citadas
acima, a fim de adquirir maiores informações sobre o Índice de Potencial de Desenvolvimento Humano
(IPDH): o que as pessoas fazem, o que produzem, as suas crenças, enfim, os seus pontos luminosos.
Para isso, fizemos algumas entrevistas, fotos, croquis, visitas e rodas de conversas com moradores e
associações comunitárias.
O Núcleo Olinto Ramalho é composto por 10 comunidades (Barra do Gravatá, São João Setúbal,
Ponte do Gravatá, Cemitério de Adão, Vargem de João Alves, Banco de Setúbal, Olinto Ramalho, N.
S. Aparecida, Bom Jesus do Setúbal e Ponte do Setúbal). Há duas escolas municipais funcionando,
uma instituição chamada “Associar” atuando em algumas dessas comunidades e a região é cortada
por dois rios, o Setúbal e o Gravatá.
Os rios Setúbal e Gravatá são a única fonte de água para as pessoas dessas comunidades, sendo
também fonte de renda para algumas famílias, que realizam plantações em seu leito. Hoje, entretanto,
os rios estão com suas águas poluídas. Exames recentes não recomendam utilizá-las para o consumo
Todas essas comunidades são de fácil acesso, algumas inclusive ficam próximas à cidade de Araçuaí.
A população não tem muita opção de renda e a cada ano as produções agrícolas vão diminuindo.
Algumas famílias estão deixando o campo e migrando para a cidade em busca de melhores
oportunidades. No caso das famílias que permanecem, os homens são obrigados a buscar sustento no
corte de cana no interior de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Apesar das dificuldades, algumas pessoas ainda lutam produzindo localmente alguma coisa em
pequena escala para a sobrevivência. Nesse núcleo, existe produção de farinha, cachaça, rapadura,
plantações de milho, feijão, bananal e hortaliças, que as mulheres levam para vender na feira da
cidade. Um grupo de mulheres formou “As Formiguinhas Doceiras”, onde fabricam doces e levam
para vender na cidade. Há também, em pequena escala, plantação de bambu nas margens dos rios e
uma grande variedade de frutas, como mamão, acerola, goiaba e, em maior quantidade, laranja e
manga.
O Núcleo das Cruzinhas também é composto por 10 comunidades (Gangorrinha, Palmital, Aferidor,
Cruzinha, Taioba, Pequi, Mucambo, Maranhão, Córrego das Cinzas e Varginha). Há uma escola
municipal e o núcleo conta com a atuação da instituição “Cáritas”, que vem realizando construções de
caixas d`água em algumas casas a partir de mutirão.
O grande problema dessas comunidades é a falta de água. Para a escola funcionar, o abastecimento
de água é feito pelo caminhão pipa; já as famílias da comunidade têm que buscar água em algum
lugar onde haja mina, transportando-a no lombo de burros. Existem cerca de sete minas de água ou
minadores, como dizem os moradores locais, porém muitos não minam o ano todo. A partir de
junho/julho, já estão secos e a população é obrigada a abrir cacimbas para obter água. Às vezes, uma
pessoa passa a manhã toda com um balde na mão à espera que mine água suficiente para enchê-lo.
Essa situação gera muitas discussões e divide as opiniões das pessoas nas comunidades: algumas
querem a recuperação das minas para aumentar o fluxo de água e outras querem que se fure um
poço artesiano para facilitar, com mais rapidez, as suas vidas. Isso porque paira uma dúvida: até
quando haverá água na região?
Essas comunidades ficam distantes da cidade e, como as pessoas não têm muita opção para obter
renda, quase não vão ao centro urbano. Por falta de água, na maioria das comunidades, não existe
A única comunidade desse núcleo que tem uma história diferente é Palmital. Lá existe um poço
artesiano que consegue abastecer todas as famílias e ainda é utilizado para molhar pequenas
plantações de abacaxi, milho, café, feijão e hortaliças. Há ainda produção de farinha, cachaça e
rapadura. Um grupo de mulheres está construindo uma padaria para fabricar pães e roscas para
vender na comunidade. Em pequena quantidade, algumas pessoas fazem corante e óleo de pequi
para vender nas comunidades do Palmital e da Gangorrinha. Como o núcleo está localizado em uma
chapada, fica fácil encontrar uma rica variedade de frutos nativos, como pequi, rufão e jatobá.
A comunidade Alfredo Graça tem uma população de 166 famílias, que sobrevivem do cultivo das
lavouras e do corte de cana. Há uma escola estadual de ensino fundamental e médio, um posto de
saúde, uma creche, uma antiga estação onde passava a ferrovia, um centro comunitário e um rio em
degradação. A comunidade produz farinha, goma, cachaça, hortaliças, feijão, milho etc. Algumas
pessoas usam o mandacaru como cerca viva ao redor de suas casas.
Duas instituições atuam em Alfredo Graça, a EMATER e a ASSOCIAR, e há dois programas do governo
federal na comunidade, o Pára-Terra e o Compra Direta.
• Formação de equipe
Temos levantado questões importantes em nosso Plano de Trabalho e Avaliação (PTA) para serem
respondidas nas formações, entre as quais destacamos:
Nossa meta é que os educadores formados sejam os primeiros permacultores e guardiões da água em
Araçuaí e garantam, juntamente com as organizações, que as propostas do Caminho das Águas sejam
realizadas em sua plenitude.
A oficina teve como objetivo discutir teoria e prática sobre a permacultura, focalizando qual a principal
função de um habitat em seu ambiente de convivência. Criar um habitat em algum lugar pode
envolver praticamente tudo, desde a restauração do local até a implementação de uma horta ou de
pequenos lagos. Na escola ou no projeto, o habitat é uma forma de trabalhar e de aprender em
grupo, assumindo responsabilidades de cuidado com o meio em que vivemos e com o nosso futuro.
A permacultura é construída sobre a “ética do cuidado com a Terra”, do cuidado com as pessoas e da
repartição de recursos. Assim, o ato de construir um habitat significa estar finalmente confiando na
ética. Toda ética está baseada na premissa de que um indivíduo é parte de uma comunidade maior. O
instinto incita o indivíduo a competir, enquanto a ética o estimula a cooperar. A “ética do cuidado com
a Terra” é uma idéia simples para se conhecer a noção de comunidade, nela incluindo o solo, a água,
as plantas e os animais.
No segundo, dedicado à construção do habitat água, foi construído um laguinho no Cinema Meninos
de Araçuaí, para que todos pudessem compreender melhor tudo que havia sido discutido. No final da
oficina, todo o grupo foi ao Sítio Maravilha, que funciona como centro de referência em permacultura
de Araçuaí.
• Sítio Maravilha
Além de novas práticas de cultivo, coleta de água e reaproveitamento, o sítio terá agora um novo
desenho de funcionamento., que já foi apresentado e aprovado pela equipe e por parceiros do projeto
Caminho das Águas. As construções de superadobes serão iniciadas em meados de agosto,
coordenadas pelo Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC), juntamente com um grupo
de jovens e de construtores de Araçuaí. O objetivo é que, ao final das construções, essas pessoas
sejam conhecedoras de todas as tecnologias da bioconstrução e possam se tornar multiplicadoras
desse conhecimento em Araçuaí.
Com as práticas realizadas no sítio, estamos aprendendo que o homem não precisa ficar simplesmente
garimpando, tirando o que a terra tem de melhor, sem nada devolver a ela. É preciso haver uma
relação de troca, de cuidado e respeito.
Durante os meses de maio e junho, recolhemos muito bagaço de cana próximo à comunidade Alfredo
Graça e nas proximidades de Araçuaí para ser utilizado nesse composto. Ele também está sendo
utilizado para fazer a cobertura orgânica nos canteiros.
• Pomar
Já existia um pequeno pomar no sítio, que foi sendo ampliado nos moldes da permacultura. Não se
corta nenhuma árvore nativa nem se retiram as folhas do local. Ao contrário, foram plantadas diversas
mudas de árvores frutíferas junto às árvores nativas. Fazemos a poda das árvores, caso uma esteja se
desenvolvendo mais do que a outra e prejudicando-a. Hoje, sabemos o quanto é importante preservar
essa vegetação e utilizar bem os recursos que temos na natureza.
Plantamos mudas de manga, laranja (várias qualidades) mexerica, jabuticaba, pêssego, caju, coco,
figo, carambola, tamarindo, mamão, limão, graviola, caqui, acerola, maracujá, cajá manga e pinha.
Fizemos também um plantio de inúmeras mudas de urucum ao redor da roça do sítio, com a intenção
de formar um quebra-vento, além de promover maior retenção de nitrogênio no solo.
Com as frutas cítricas, foi realizada uma experiência para irrigá-las. Como já sabemos, os cítricos não
gostam de água em seu caule. Então, foram feitos buracos circulares ao redor das laranjeiras e dos
limoeiros, no rumo de suas folhas, onde é depositada a água. Assim, evitam-se algumas doenças
nessas árvores. Atualmente, estamos colhendo mamão, banana, laranja e mexerica.
Nossa horta hoje tem 600 m2 e aproximadamente 45 mandalas e canteiros em forma de buraco de
fechadura, onde plantamos alho, beterraba, cenoura, pimentão, couve, tomate, rabanete, cebola,
rúcula, maxixe, alface, cebolinha, salsa e coentro.
Na área da horta, foi preciso fazer uma recuperação do solo, que ficava muito exposto ao sol, sem
nenhuma proteção. O bagaço de cana tem dado um ótimo resultado na conservação da umidade no
solo. Estamos também fazendo a cobertura com palha de coco, folhas e capim seco e experimentando
uma cobertura com sombrite.
O plantio de erva cidreira também acontece em todo o sítio. Com ela, estamos fazendo canteiros e
usando suas folhas para a cobertura. Ao redor da horta, também foram plantados vários pés de
cidreira, pois acreditamos que ela possa atuar como repelente de insetos.
O que nossa horta tem de diferente de muitas outras da região é o uso de matéria orgânica para a
adubação, o formato dos canteiros e o plantio consorciado, ou seja, em um único canteiro, plantam-se
diversas qualidades.
• Plantio de roça
Atualmente, estamos com um plantio de feijão de corda, amendoim, mandioca, abacaxi, usando o
sistema da permacultura. Na roça, não capinamos os matos e só roçamos quando necessário. A
capina só acontece quando será plantada outra espécie no lugar. Já existia um equipamento de
irrigação no local, mas precisamos fazer vários reparos para utilizá-lo. Recentemente, plantamos
mandioca, cará, maxixe, batata doce, abóbora, inhame, batatinha, alho e cebola.
Juntamente com todos os Arassussas, nossos parceiros no projeto, a equipe tem muitos desafios nesses
dois anos. Isso tem sido um estímulo ao estudo, às pesquisas e rodas de conversas. Pouco a pouco,
aprendemos muito com essa proposta. O grupo mostra-se ansioso para iniciar suas ações e, ao
mesmo tempo, tem muitas dúvidas que estão sendo trabalhadas antes de ir a campo. O
amadurecimento desse assunto cresce bastante e aos poucos, sem perceber, sentimos que a equipe se
Embora ainda não tenhamos iniciado os trabalhos diretamente com as famílias, sentimos que as
comunidades também estão ansiosas para participar. Há uma procura constante pelos educadores por
parte das pessoas que se envolveram nos trabalhos anteriores do CPCD e que aguardam a
continuidade de alguma ação. Quando fomos às comunidades para fazer os diagnósticos, sentimos o
quanto as pessoas gostam e acreditam nas proposta que são levadas a elas.
INDICADORES DE ÊXITO
• Índices quantitativos
- 31 pessoas entrevistadas
- 13 comunidades visitadas
- 04 croquis construídos
- Construção de um viveiro de mudas
- 30 pessoas participaram da oficina “Habitats – Escola Sustentável”
- Construção de horta no Sítio Maravilha, com 25 canteiros (mandalas e buraco de fechadura).
• Índices qualitativos
DIFICULDADES ENCONTRADAS
BREVE SÍNTESE
O grupo demorou muito a entender o sentido real do trabalho em plataforma. Fala-se muito do
trabalha em rede, em plataforma, mas colocar isso em prática de forma respeitosa é muito complexo.
Precisamos de um tempo para assimilar e vivenciar essa prática. Com esse projeto, estamos tendo a
oportunidade de aprender e de conviver com pessoas que são referências no assunto meio-ambiente e
na preservação ambiental. Por outro lado, temos também a oportunidade de multiplicar a nossa
metodologia para outras entidades. A troca é constante.
Temos vários desafios, mas o principal deles é construir uma nova lógica para o planeta. O mundo
precisa deixar de ter uma economia globalizada para se tornar uma economia planetária, criar outras
lógicas, diferentes da lógica do mercado. Acreditamos que, se cada um, na sua comunidade, rua ou
casa, der o que tem de melhor, juntamos os pontos luminosos de todos e nos tornamos um holofote de
boas iniciativas, capaz de promover a verdadeira transformação social.
OBS: as laranjas só dão durante 2 anos, a banana-maçã não está sendo mais produzida. Tem um
posto artesiano, mas ninguém pode usar a água: ele está lacrado, pois a água está contaminada.
Questões Respostas
Quais as sementes que existem na comunidade e
Feijão, milho, amendoim, andu, abóbora, quiabo.
na região?
Que tipos de árvore existem na comunidade? Jenipapeiro, Nilsenhia
Onde encontrá-las?
Laranja, manga, mamão, goiaba, acerola, jaca,
Quais os tipos de frutas?
limão, banana.
Que tipos de cactos existem na comunidade?
Tem mandacaru, palma e piteira.
Onde? (palma, mandacaru, pitera)
Sim, em toda a beira do rio Setúbal. Tipos: bambu
Tem bambu na comunidade? Onde?
amarelo e bambu verde.
As casas possuem cisternas? Tem outro tipo para a Não.
As pessoas fazem remédios caseiros? Sim, chás, xaropes, farinha enriquecida, pomada,
(Fitoterápicos) geléia (verminose).
- Quem vende verduras nas feiras na cidade:
Valdirene, Miraci, Janice, Marizete, Sr. Domingos e
Anelízio.
Quais os produtos e seus produtores? - Fabrica queijo: Sebastião e Miraci.
- Fabrica farinha e goma: Sr. Leônidas.
- Fabrica cachaça: Sebastião P. Dourado.
- Bananal: Nelson Dourado.
Obs: - Há muitas plantações de batata na região. A maioria das pessoas tem o costume de cultivar
horta para o seu consumo e para gerar renda (levando para a feira que acontece aos sábados na
cidade).
Questões Respostas
Quais as sementes que tem na comunidade e Milho, feijão, capim, amendoim, arroz (muito
região? pouco).
Que tipos de árvores existem na comunidade? Aroeira, jenipapeiro, gameleira, ingazeira.
Onde encontrá-las?
Manga e laranja (em grande quantidade), goiaba,
Quais os tipos de frutas?
acerola, mamão, banana.
Que tipos de cactos existem na comunidade?
Mandacaru, palma (pouco).
Onde? (palma, mandacaru, pitera)
Tem bambu na comunidade? Onde? Tem. Muitos moradores plantam na beira do rio.
As casas possuem cisternas? Tem outro tipo para a
Não.
captação de água de chuva?
Onde tem água? Tem nascente? (Rios, poços
O rio Setúbal.
artesianos)
O que as pessoas usam para fazer o cultivo? Esterco.
Tem plantas oleaginosas? Antigamente,tinha muito pião manso, mas
(ex: mamona, pião manso) acabou. Tem pouca mamona pequena.
Muito pouco: a cinza é usada como adubo, o
bagaço de cana se usa para alimentar o gado e o
Quais os recursos disponíveis na comunidade? (ex:
soro (só em época que tem pasto) é usado para a
cinza, soro, bagaço etc.)
engorda de porco.
Questões Respostas
Quais as sementes que existem na comunidade e
Milho, feijão, amendoim, café, quiabo.
região?
Pequizeiro, jatobazeiro, cagueiteira, mangaba,
Que tipos de árvores existem na comunidade?
pau
Onde encontrá-las?
d’alho, batalha, aroeira, angico, jurema.
Laranja, abacaxi, manga, jabuticaba, banana,
Quais os tipos de frutas?
jambo, abacate, rufão.
Que tipos de cactos existem na comunidade?
Não tem.
Onde? (palma, pitera, mandacaru,)
Tem bambu na comunidade? Onde? Tem na Gangorrinha e Palmital.
As casas possuem cisternas? Tem outro tipo para Tem. O projeto das Cáritas está construindo
a captação de água de chuva? através de sorteio e mutirão.
01 córrego seco.
Nascente: 01 Estrela, 02 Aferidor, 02 São
Onde tem água? Tem nascente (rios, poços
Joaquim, 01 Varginha e 01 Mucambo (mina com
artesianos)?
pouca água).
01 poço artesiano no Palmital.
O que as pessoas usam para fazer o cultivo? Esterco, cinza.
Tem plantas oleaginosas? (ex: mamona, pião
Não tem.
manso).
Quais os recursos disponíveis na comunidade? (ex: O bagaço de cana é jogado fora.
cinza, soro, bagaço etc.)
15 no Pequi, 42 no Palmital e na Gangorrinha,
45 em Cruzinha, Mucambo, Aferidor e Taioba, 07
Qual o número de famílias da comunidade?
Córrego da Cinza, 09 no Maranhão e 04 na
Varginha.
Obs: Em todas as comunidades, as frutas são produzidas em pequena escala, com exceção da
manga e da laranja. Há plantações de mandioca também.
Introdução
A oficina teve como objetivo discutir teoria e prática sobre a permacultura, focalizando qual a principal
função de um habitat em seu ambiente de convivência. Criar um habitat em algum lugar pode
envolver praticamente tudo, desde a restauração do local até a implementação de uma horta ou de
pequenos lagos. Na escola ou no projeto, o habitat é uma forma de trabalhar e de aprender em
grupo, assumindo responsabilidades de cuidado com o meio em que vivemos e com o nosso futuro.
A permacultura é construída sobre a “ética do cuidado com a Terra”, do cuidado com as pessoas e da
repartição de recursos. Assim, o ato de construir um habitat significa estar finalmente confiando na
ética. Toda ética está baseada na premissa de que um indivíduo é parte de uma comunidade maior. O
instinto incita o indivíduo a competir, enquanto a ética o estimula a cooperar. A “ética do cuidado com
a Terra” é uma idéia simples para se conhecer a noção de comunidade, nela incluindo o solo, a água,
as plantas e os animais.
Atividades Desenvolvidas
1º Parte teórica: Lucy e Flávio puderam passar conhecimentos sobre a permacultura, ensinando
técnicas relacionadas à preservação ambiental. Foi também um momento de troca de experiências: a
Na roda, foram distribuídos vários cartões, e cada pessoa pegou aquele que mais lhe chamou a
atenção. Na apresentação dos cartões, as pessoas colocavam o motivo pelo qual o escolheram e
falavam sobre a sua expectativa de um futuro melhor para seus filhos. Nesse momento, as pessoas
discutiram também sobre a situação do nosso planeta hoje e o que podemos fazer para melhorar essa
realidade.
Depois, o grupo conheceu e mediu o espaço onde foi feito o habitat água. Foram discutidas passo a
passo as técnicas de construção de um habitat, a sua utilidade, o que é preciso para a sua construção,
expectativa, inovações e a logística ou recursos.
Em seguida, formaram-se grupos para fazer o desenho do local onde seria construído o habitat. Cada
grupo usou a sua criatividade, levando em conta os recursos da própria comunidade. Os desenhos
produzidos serão levados ao conhecimento dos responsáveis pelo Cinema, pois são uma sugestão
para a área externa.
2º Construção do Habitat Água - Foi construído um laguinho no cinema Meninos de Araçuaí, para que
todos pudessem compreender melhor tudo o que havia sido discutido. No final da oficina, todo o
grupo foi ao Sítio Maravilha, que funciona como centro de referência em permacultura de Araçuaí.
Avanços Obtidos
Índices quantitativos
Índices qualitativos
Breve Síntese
A participação das pessoas na roda traz para elas maior entendimento, pois estão tendo a
oportunidade de conhecer e experimentar algo novo. O tema do compromisso ambiental tem
provocado forte impacto, tanto nas pessoas que estão participando diretamente das atividades como
nas comunidades.
Participar das oficinas, levar essas informações e trocar experiências com a comunidade é uma forma
de multiplicar, envolver e mostrar às pessoas outra visão de mundo, segundo a qual todos precisam
fazer algo para mudar o nosso meio, pensando em um lugar melhor de se viver. O ser humano e a
natureza podem viver em total harmonia.
Introdução
Uma das atividades do projeto “Caminho das Águas” é a formação das mães-cuidadoras da água e
dos guardiões da água, que está sob a responsabilidade direta do CPCD e do IPEC. A água não entra
como uma especificidade, mas como um ponto de partida. Para nós, ser guardião da água tem um
significado amplo: é ser guardião do planeta e da vida.
Atividades desenvolvidas
A primeira ida do André à comunidade Olinto Ramalho, juntamente com Orion e Liberalino, foi
dividida em dois momentos:
1- Conversa do André com o grupo sobre a situação da água na comunidade: de onde vem, para
onde vai, se existem banheiros, o que fazem com as fezes humanas, que doenças existem nas
comunidades, como limpam a água do rio para beber, se coletam a água de chuva. Foram levantados
e destacados quatro pontos:
- Água para beber- situação muito crítica.
- Merda/Cocô – o que fazer com esses excrementos?
- Urina – pode ser utilizada para as plantas, pois é pura uréia.
- Água no terreno e água de lavagem – como reter e como utilizar?
A partir desse bate-papo, foram levantadas necessidades como: limpeza e melhor utilização da água,
o que fazer com as fezes humanas que estão sujando a água do rio e como segurar a água no
terreno. A seguir, fizemos duas visitas em duas propriedades e combinamos as práticas do dia
seguinte.
2- No segundo dia, com a coordenação de Liberalino e de Orion, tivemos uma conversa que teve
como tema os cuidados com o lixo. Qual é a melhor coisa a ser feita com ele? Sabemos que a melhor
opção é reutilizar ao máximo tudo, pois assim reduziremos a quantidade de lixo. A última opção é
A seguir, os coordenadores falaram um pouco sobre cada uma das práticas que faríamos nas duas
casas, durante o dia:
- Calha de bambu – é uma forma alternativa para coletar a água de chuva para as caixas, ao mesmo
tempo em que podemos utilizar o bambu, recurso abundante na comunidade.
- Canais de infiltração - são marcados com o pé-de-galinha (construído pelo grupo), com o objetivo de
reter a água de chuva no terreno. Nas suas bordas são plantadas diversas plantas, que seguram a
terra e servem também de alimento.
- Sanitário de balde - é uma adaptação do banheiro compostável, feito com pedaços de madeira que
dão suporte a um balde (como se fosse o vaso), onde são depositadas as fezes, que são retiradas
depois e jogadas em local mais protegido. As fezes devem ser cercadas, para não escorrer em caso de
chuva.
- Composto – é uma forma que temos de acelerar o que a natureza faz lentamente (40 anos para
fazer 1 cm de solo). A natureza faz isso na horizontal, enquanto nós fazemos na vertical. Montamos
uma pilha de composto com todo tipo de matéria orgânica. Geralmente, iniciamos com a matéria
seca, que existe em maior quantidade que a verde; depois do composto pronto, é necessário cobri-lo
com matéria orgânica seca. A proporção é de 1 por 3 (uma parte verde para três partes secas). Ex.: 10
cm de folhas verdes e de esterco fresco e 30 cm de matéria seca (folhas, bagaço etc.)
Para fermentar (esquentar) bem, uma pilha de composto tem que ter pelo menos 1 m de altura.
Depois de uma semana, o composto está no auge de sua decomposição. É importante que ele tenha
água, ar, matéria orgânica seca e verde. Aqui em Araçuaí, que é uma região seca, é bom fazer um
buraco de uns 15 cm para iniciar o composto, molhá-lo uma vez por semana, revirando-o de duas a
três vezes semanais, para que fique pronto em três meses.
- Círculo de bananeira: é uma forma diferente de se plantar a bananeira, com o objetivo de aproveitar
as águas de lavagem de vasilhas e de roupas, pois são boas para o cultivo da bananeira. Assim, evita-
se também que escorram pelo quintal, sendo desperdiçadas.
Fizemos o composto, o círculo de bananeira e a vala de infiltração nas casas de Preta (mãe-cuidadora)
e de D. Maria Maravilhosa. A calha foi feita na casa do Sr. Celestino, enquanto o banheiro feito pelo
grupo foi sorteado, considerando os seguintes critérios:
- Primeiro: para quem não tinha banheiro em casa.
- Segundo: para quem se comprometeu a usá-lo.
Todas as pessoas que participaram do curso se mostram interessadas, sem apresentar resistência a
propostas novas. O grupo quer muito cuidar do rio e melhorar a qualidade de vida da sua família e de
toda a comunidade. As pessoas não querem abandonar sua terra, nem que seus filhos sejam
obrigados a trabalhar fora, no corte de cana. O sonho de todos é transformar essa realidade. Quando
estivemos nas casas fazendo o composto, a vala e o círculo de bananeira, percebemos o prazer e a
felicidade das pessoas por estarem juntas e aprendendo algo novo.
Indicadores de êxito
Índices quantitativos
Índices qualitativos
Reflexão
Aprendemos também tecnologias para a purificação da água, técnicas de cultivos e outros. Mas o mais
importante para ser um guardião da água, como diz André (IPEC), é promover a mudança interna, de
atitude e de consciência. As atitudes mais simples - lavar as mãos, ferver a água para beber, não fazer
cocô no rio, cuidar de si, do outro e da terra – é que farão a diferença.
Os problemas que as comunidades enfrentam hoje são muito grandes, inclusive agrários, de terras
mal distribuídas, de pessoas que vão para o corte da cana, executando um trabalho quase escravo.
Não temos a ilusão de que resolveremos essas questões de imediato. Seria muita prepotência. Mas
acreditamos que, com ações que podemos realizar a partir do “Caminho das Águas”, estaremos
criando a oportunidade de novas possibilidades e de construção de um futuro melhor, assim
contribuindo para gerar transformação social.
Primeiro dia
“Minha expectativa é aprender muito com essa experiência. Pois a gente planta uma horta, quando
pensa que não, não colhe nada. Espero que a gente aprenda um jeito novo de plantar, de mexer com
a terra.”
Claudete - Mãe-cuidadora
“Precisa descobrir uma maneira de conservar a água. Eu lembro, quando era menino, tinha um poção
no rio que tampava dois homens. Hoje a gente passa lá com a água no joelho.”
Manoel Sérgio de Assis - Lavrador
“A gente não pode deixar a água acabar pra depois pensar nela, porque a água é vida.”
Ilda - Mãe-cuidadora
“Nós precisamos ver como é que a gente organiza a cabeça pra trabalhar com a água. Quase 80%
das doenças vêm da água. Não é a quantidade de água que está diminuindo, é a quantidade de água
que podemos usar que está diminuindo. A maior parte dos vermes nós pegamos quando bebemos
água contaminada. Pra tomar banho, não é problema, pois é muito raro isso acontecer no banho. O
sulfato de alumínio não é a melhor coisa do mundo para beber. A gente usa quando tem água suja
para beber, pois ele baixa a sujeira da água e o cloro mata os germes.
Mas sabemos que nenhuma dessas coisas é remédio. O melhor é ferver a água para matar os germes
e, para separar a sujeira, usar a semente de moringa. Além de limpar a água, a folha da semente de
moringa é rica em vitamina A e em cálcio. Na cidade, eles limpam a água, gastam muito, depois
colocam pra “bostear” e mandam para o rio para sujá-lo e depois pegam a água novamente pra
limpar.”
Obs.: a semente de moringa pode ser encontrada na casa da Edna (mãe-cuidadora).
André Soares - Coordenador do IPEC
“Uma pessoa, para viver bem, deveria beber, no mínimo, dois litros de água por dia. Para cozinhar
para uma pessoa, gastam-se mais dois litros. No total, gastamos quatro litros de água pessoa/dia.
Aqui em Araçuaí, a melhor água para beber é a de chuva. A hepatite vem do cocô que a gente bebe
na água. A água tem que estar tampada, sem luz solar. Se não entra a luz do sol, não nasce planta
A gente tem que aprender a não ter nojo dessas coisas, porque todo mundo faz. Tem que ver que isso
é normal. A gente tem que exercitar, trabalhar a nossa cabeça.
A urina é uma coisa que podemos usar direto na terra. Urina com água é o melhor adubo que existe
para as folhas, pois é fonte de uréia e de nitrogênio. Medida: uma urinada diluída em 10 litros de
água para pulverizar. Essa mistura pode ser jogada direto nas folhas.
Água de lavagem de louça e roupa: a bananeira gosta muito de sabão. Deve-se fazer o círculo de
bananeira e jogar no buraco essa água e a matéria orgânica.
A gente quer juntar a matéria no solo e reter a água. Nós temos que aprender a marcar o nível do
terreno.
André Soares - Coordenador do IPEC
Segundo dia
“Uma bituca de cigarro contamina 1 m2 de solo. A Primeira coisa a se fazer com o lixo é diminuí-lo,
depois reutilizá-lo ao máximo e, por último, colocá-lo em um buraco e tampar. Os papéis coloridos
têm aqueles metais pesados que são usados na mineração e matam os peixes. Por isso, papelão e
jornal colorido não podem ser colocados em composto.
A Permacultura trabalha muito com as conexões entre os elementos da natureza. Nas conexões, a
gente economiza energia, para que o excedente de um elemento seja produto do outro. Por exemplo:
• Depoimentos da comunidade
“O encontro é maravilhoso, pois tem atividade aqui que nunca vi. Eu pelo menos nunca vi fazer. E
também as pessoas, estando juntas, trocam idéias e aprendem.”
Sr. Antônio Trajano - 53 anos
“Hoje, na prática, a gente viu que não é tão difícil fazer as coisas, principalmente se estivermos juntos.”
Claudete Dourado - 25 anos
“Pra mim, é novidade o que a gente aprendeu na prática. O que a gente tem que fazer agora é
multiplicar.”
Edna Ramalho - 41 anos
“É isto mesmo que estou sentindo: quanto mais a gente aprende, mais a gente tem vontade de
aprender.”
Fátima Borges - 48 anos
“Foi bom aprender a fazer o sanitário. Qualquer um de nós pode fazer, e a merda não vai pro rio.”
Armelinda Ramalho - 45 anos
“Acho que, quando a gente está na teoria, a gente acha que é difícil. Mas na prática foi muito bom,
mais simples, principalmente porque estava todo mundo junto. Se não fosse assim, tava todo mundo
arrebentado.”
Ilda Aparecida - 37 anos
“Achei bem interessante a união do grupo: todo mundo trabalhando junto, interagindo, as enxadas
batendo, disputando para trabalhar. A turma é boa, vai ficar marcada. E o que deixo é que vamos
trabalhar em mutirão. Vocês viram que hoje mudamos dois espaços.”
Liberalino - Coordenador (IPEC)
Introdução
O Projeto “Caminho das Águas-Uma Proposta para o Semi-Árido”, está iniciando as atividades ligadas
às comunidades e famílias a serem atendidas. Estamos agora em fase de conhecimento da área
selecionada e convencimento das famílias da necessidade de se fazer um trabalho de recuperação e
cuidado com as águas e com o solo onde vivem.
Para isto, estamos nos reunindo com a comunidade, fazendo fotos aéreas, visitando as famílias,
pesquisando nos mapas e cartas topográficas da região.
Atividades Desenvolvidas
Neste primeiro momento, participaram Ali Sharif, Carlos Miller, João Rockett, Jorjão, João do Ipa, Tião
Rocha e equipe do CPCD.
Parte desta reunião foi realizada no Sítio Maravilha,onde o grupo pôde fazer uma caminhada para
reconhecimento de toda a área do Sítio e assim discutir e opinar melhor sobre o que será construído,
onde e como.
Já existe uma proposta em discussão,feita pelo IPEC, para as obras. O grupo, a partir da caminhada
percebeu os caminhos que a água segue no sítio, verificaram a existência de um solo argiloso, por isso
Sobrevôo
Nos dia 1 de agosto ralizamos um sobrevôo sobre as comuunidades a serem atendidas,pelo projeto
com o objetivo de fotografá-las ,para ter um conhecimento melhor da área: onde está conservado,
onde está mais degradado, enfim onde precisamos atuar.
Este trabalho está sob a coordenação o Instituto de Permacultura e Ecovilas dos Pampas-IPEP.
Foram tiradas fotos das comunidades Cruzinhas, Alfredo Graça, Olinto Ramalho, Sítio Maravilha e
Aldeia indígena.
A aldeia é formada por cinco famílias indígenas e serão incluídas no atendimento do projeto.
No dia 05 de agosto, fomos conhecer o espaço da aldeia e as famílias que moram lá. Alguns dos
índios vêm participando dos cursos de permacultura promovidos em Araçuaí. A partir daí elaboraram
o desenho da aldeia dentro das regras e princípios da permacultura. Eles têm muita dificuldade de
executarem este plano, pois não têm apoio.
A conversa trouxe para discussão a situação da aldeia e de toda a chapada que está ameaçada pelos
eucaliptos. E o pior é que é muito difícil parar este processo, pois até o IEF, que deveria proteger,
respondeu que o que está acontecendo por lá com a chapada, não é considerado desmatamento, pois
estão usando maquinário leve. João sugeriu fazerem fotos, enviar para a Internet, colher assinaturas,
mas que é uma batalha difícil.
Sobre o desenho da aldeia, que já existe, combinamos de enviar uma foto grande para que o
César(índio), faça novamente o desenho, mas agora baseado no terreno que já têm, inclusive levando
em consideração as moradias .
O motivo que nos estimula a trabalhar com estas famílias indígenas, é que é uma demanda deles.
Caminhada e Exploratória- A localidade visitada, chama-se São João Setúbal. Participara da visita
alguns parceiros do Projeto Caminho das Águas: Carlos Miller (Avina), Ali, João e Jorge (IPA),João
Rocket (IPEP), Tião Rocha e equipe do CPCD.
Esta visita teve como objetivo fazer uma caminhada pela comunidade, onde pudemos contar com a
colaboração de um morador o Sr. Warcizo que falou mais sobre a comunidade, do rio, da situação da
água, das épocas de chuvas, mostrou os morros e os principais pontos de erosão dentro da
comunidade.
Esta visita teve um olhar mais técnico para que fosse possível que o grupo além de conhecer a
comunidade pudessem também enxergar as suas necessidades e assim facilitar o planejamento das
ações do Projeto dentro das comunidades.
Caminhada e Exploratória - Nesta comunidade fizemos a caminhada acompanhados pelo Sr. Beu,
representante do assentamento Pára Terra e duas guardiães da água. Ele já é uma referência na
comunidade e tem algumas práticas em seu terreno com os princípios da permacultura. Planta horta
utilizando cobertura orgânica, fabrica biofertilizante, produz suco de cactos. Sr Beu também nos levou
Reunião
O encontro com as pessoas da comunidade, aconteceu no centro comunitário. Toda comunidade foi
convidada. A reunião foi iniciada com a apresentação das fotos tiradas na comunidade através do
sobrevôo. O grupo identificou suas casas e seus terrenos.
João Rockett, também falou sobre o Projeto Caminho das Águas e como poderiam fazer nas
propriedades para segurar as águas e recuperar as áreas degradas.
A partir desse bate papo as pessoas iam conversando e perguntando sobre as atividades do Projeto,
como acontecerão, qual éa contrapartida da comunidade, onde seriam feitas as práticas, etc.
Combinamos algumas práticas para o dia seguinte., Além do grupo de mães e guardiões das águas,
outras pessoas da comunidade também participaram, algumas ligadas ao Pára Terra.
Prática com a comunidade - No segundo dia, foram realizadas algumas práticas com o grupo.
Fomos para um espaço onde está sendo desenvolvido o Projeto Sementes da Esperança, de
responsabilidade de alguns moradores. Lá o João e as pessoas fizeram uma maquete da
comunidade, usando terra, folhas, pedras. Na maquete foram identificados alguns pontos chaves da
comunidade, tanto positivos quanto negativos, como esgoto, lixo e também o que acontece com os
morros que estão sem proteção vegetal. Quando a chuva cai, vai arrancando a terra, provocando
mais erosão e assoreando o rio.
Enquanto construíamos a maquete, João foi conversando com as pessoas como seria o trabalho na
prática, o que era preciso fazer para segurar as águas no terreno, na época das chuvas.
No segundo momento, João ensinou a fazer um pé de galinha, que serve para tirar o nível do terreno
e daí marcarmos as curvas de níveis, onde são feitos os canais de infiltração. Assim a água das chuvas
Núcleo Cruzinhas
Caminhada e Exploratória
Nas Cruzinhas fomos recebidos por D.Vanda e Marcos, guardião da água. Ele nos levou à localidade
chamada Palmital.
Esta é uma comunidade diferente, pois as plantas são verdes, devido a altitude,lá tem uma neblina
sempre pelas manhãs, e segundo João Rockett, ela garante um pouco mais de umidade para as
plantas. No Palmital existe um poço artesiano que abastece as famílias que moram lá. Mas no
restante do núcleo a água é muito escassa. Ela vem da chuva ou de pequenas cacimbas e minadores.
Nesta caminhada foi possível conhecer o lugar e ver de perto suas necessidades, identificar áreas
degradadas, dialogar com as famílias, o que podemos fazer no nosso lugar pensando sempre na
sustentabilidade, explicar melhor à importância de plantar sem precisar queimar, como fazer as hortas
e ter melhor qualidade de alimentos usando técnicas da permacultura.
Reunião
A tarde, aconteceu uma reunião com todos os moradores das comunidades onde discutimos o nosso
foco maior que é o cuidado com a água e com a vida, e quais ações podemos realizar a partir do
projeto, com o objetivo de contribuir com o meio, onde vivemos.
Através dessa conversa as pessoas passaram entender melhor a importância de interagir junto com o
trabalho que já começa a se expandir.
O momento em que João Rockett, mostrou as fotos aéreas, que foram feitas na comunidade, foi
marcante na reunião. Aumentou a participação e percebemos o prazer das pessoas ao verem seu
terreno e sua casa. Esta foi uma estratégia para integrar a comunidade e identificar os pontos críticos e
Prática com a comunidade - Tivemos um dia de práticas com o grupo de mães-cuidadoras da água,
os guardiões da água e moradores, nesse primeiro momento foi construída a maquete da comunidade
utilizando a terra para montar o retrato da mesma. Esta prática aconteceu na casa de Aelson Silva.
Através dá maquete, foi possível conversar sobre a situação de uma das comunidades que está com
muita erosão e se encontra em estado de degradação, que é o Alferidor.
Diante do que foi construído, com todo o grupo, João Rockett começou a mostrar como fazer as curvas
de nível e os canais de infiltração para reter a água da chuva e como ter um solo mais fértil,
produzindo e recuperando a terra, ao mesmo tempo.
Durante a manhã, nesse mesmo local foi discutida com o grupo a forma de nivelar o terreno e depois
construímos os canais de infiltração.
Demos seqüência, às práticas, abrindo valas na chapada para mostrar como se planta fazendo uma
Agro Floresta.
Ao lado, um terreno que já estava sendo preparado para o plantio de mandioca foi nivelado.
Utilizando matéria orgânica, as leras foram feitas para fertilizar o solo mantendo-o mais úmido,
permitindo uma produção melhor.
O dono do terreno irá fazer uma experiência, nas duas áreas trabalhadas: plantará as mudas, e com
o tempo poderá identificar onde irá produzir melhor, se é nas valas que abrimos na chapada
utilizando as sobras da vegetação par proteger o solo ou no terreno, que está totalmente exposto ao
sol e com leras feitas com matéria orgânica.
Em Belo Horizonte, realizamos uma reunião com a participação de João Rockett, Tião Rocha, Dora,
Flávia e Eliane, com o objetivo de socializar o que aconteceu nas comunidades, sob a coordenação do
IPEP e também planejar os próximos passos. A patir da exposição das fotos sobre os trabalhos e
comentários de João Rockett, sobre suas obsevações das comunidades, pudemos definir algumas
questões :
Na casa de Evangelista, já iniciou uma pequena experiência com o plantio de mandioca, que será
acompanhada pelos guardiões da água e registrado com fotos e registro escrito..
- O trabalho da máquina será iniciado no Graça e depois na Olinto Ramalho.
- A equipe local deve garantir a criação das unidades domiciliares de pesquisa
- Durante este tempo que João Rockett estará fora a equipe local estará trabalhando no Graça
com:Manejo da horta com palha, leras de galhos, identificar as famílias.
- As contrapartidas das famílias atendidas serão: lixo zero, queimada zero na propriedade, serem
multiplicadores para outras famílias e outras que podem ser acrescentados.
Na reunião conversamos também sobre a necessidade da equipe está atenta a todos os aprendizados
que possamos ter com as entidades parceiras, para que possamos garantir a continuidade. Pensar
também como o pessoal pode participar da feira, ter uma banca do CPCD, com produtos da zona
rural, material educativo e painéis de fotos do trabalho.
Indicadores de Êxito
Índices Qualitativos
Índices Quantitativos
Algumas avaliações
“Fazer a maquete pra mim, foi ótimo, pois vi quanto precisamos cuidar daquele morro”
José Maria - Graça
Com a maquete a gente têm uma visão de como estão as coisas aqui na nossa comunidade.”
Sâmara - Guardiã da Água
“Nosso encontro foi maravilhoso, com muita paz e muito sorriso. Nós precisamos abraçar esta causa.
Temos que mostrar para as crianças que vem, um mundo melhor.”
Maria Aparecida - 51 anos
Graça
“Gostei muito da idéia de colocar folhas nos canteiros, das leras de galhos no morro. Tem muita coisa
ali que a gente não aprende nos cursos da EMATER, outras a gente sabe pouco, mas tudo é coisa
muito simples.”
Maria Emília -Graça
“Quando falamos - Meu lugar é aqui- a gente fica pensando o que podemos fazer? Quando a
comunidade recebe as coisas tão bem, sinto que podemos melhorar muito. Esta confiança e esta
garra, vontade de fazer é muito importante.”
Advete Santana - Educadora
“O dia foi riquíssimo em aprendizagem. Tem coisa que a gente leva a vida inteira pra aprender. Nós
estamos juntando toda a aldeia, não só para cuidar das crianças , mas para cuidar do solo e da
água.”
Marília Barbosa - Educadora
“Participar das novas técnicas, com o João Rockett, foi muito importante. Aprendi muito e quero
começar a fazer as experiências no meu terreno, para ver se tenho uma produção melhor.”
Aelson Silva
Núcleo Cruzinha
“Achei muito interessante a oficina, pois aprendi que é simples cuidar da terra. Na verdade
trabalhamos muito, porém, não utilizamos a melhor forma de produzir mais e melhor.”
Evagenlista da Silva - Pai-cuidador da água
Comunidade Alferidor
“Espero que, através do Projeto, a nossa comunidade possa estar aberta para aprender e poder mudar
a realidade do nosso lugar, podendo ter mais água, mais alimento e melhor qualidade de vida.”
Zene Lopes - Mãe-cuidadora da água
Comunidade Pequi
“Foi um dia que tivemos a oportunidade de aprender a cuidar do solo, como aproveitar as águas e
principalmente, começar a mudar as nossas atitudes.”
Aldilene Gomes - Guardiã da água
Comunidade Palmital
“Tudo que aprendemos serve para a gente melhorar a cada dia. Há muitos anos estamos trabalhando
sem saber o que estamos fazendo, na verdade estamos é contribuindo para a degradação do solo e o
desmatamento da nossa comunidade.”
Sebastião Soares - Morador
Comunidade Taioba
“O bom, é que as pessoas são receptivas e estão abertas para aprenderem. Trabalho em
comunidades a muitos anos e com as trocas no dia-a-dia as pessoas percebem que as práticas que
utilizamos, dão resultados,. Tudo isso, é uma proposta. Agora é começar a fazer, interagir com outras
pessoas, juntar as idéias e multiplicar sempre.”
João Rockett - IPEP
Comentários diversos
“Em cima da chapada tem 841 m de altitude. Por isso neblina muito. Estas gotinhas da neblina, batem
nas árvores e depois escorrem. Isso garante este verde que tem aqui diferente dos outros lugares. Se
cortar as árvores da chapada, acaba a água.
No meio destas árvores da chapada dá pra fazer caminhos e plantar frutas(agrofloresta). Não é
necessário limpar tudo nem cortar as árvores. A árvore nativa vai ser parceira da frutífera. Ela para o
vento, faz sombra . De forma alguma prejudica.”
João Rockett - IPEP
“Se você observar as árvores na beira da estrada, são maiores. As bordas do planeta, seja uma
pequeninha, ou uma grande na beira do rio, são muito ricas. Toda borda é mais fértil. Isso porque
encontram dois lugares diferentes, de um lado tem água de outro tem terra.
Se eu deixo uma madeira 3 a 4 dias debaixo dela tem tatu-bola, cupim, minhoca, umidade. Todo
mundo sabe disso e respondeu certo. Então porque a gente coloca fogo?
O lugar que a terra está descoberta, a temperatura é mais quente do que a área coberta.”
João Rockett - IPEP