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RELATÓRIO DE ATIVIDADES

PONTO DE CULTURA CAIÇARA DA JUATINGA


DE 08/07/2012 à 07/07/2016

R eser va Ec o lóg ic a da Ju ati ng a - P a ra t y - Ri o d e J a ne iro

ONG Verde Cidadania – CONVÊNIO 26/2010

Elaboração Julia Botafogo e Tainá Mie

Gestoras no ano 3
Ponto de Cultura Caiçara

Tab. de Conteúdo

Apresentação 2

O Ponto de Cultura e a comunidade caiçara 3

Dinâmica de Funcionamento e Parcerias 6

Execução do Plano de Trabalho 12

Metas do Projeto Aprovado 12

Produtos 34

Avaliação 36

Considerações finais 37

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Ponto de Cultura Caiçara

O terceiro ano do Ponto de Cultura Caiçara da Jua-


tinga, foi realizado em parceria com a Associação de
Moradores Originários da Praia do Sono/AMOSO-
NO, o Instituto de Permacultura e Educação Caiça-
ra/IPECA, o Fórum de Comunidades Tradicionais
Caiçaras, Quilombolas e Guaranis de Angra, Paraty e
Ubatuba/FCT e o Projeto de Extensão Raízes e Fru-
tos, vinculado ao Departamento de Geografia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro /UFRJ. Fo-
ram executadas as atividades do Plano de Trabalho
do 3o ano e as atividades ainda não executadas do
Plano de Trabalho do 2o ano, sem nenhuma alteração
nos Planos aprovados.

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Ponto de Cultura Caiçara

Casa de Cultura Pouso

Casa de Artesanato Sono

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Ponto de Cultura Caiçara

Apresentação
Nas diversas reuniões realizadas com a comunidade, foram constantes as queixas
relativas a ausência do Estado e principalmente a falta de uma Política de Saúde Públi-
ca. É um desafio ao trabalho, a incompreensão das políticas governamentais, que na visão
da comunidade investem na valorização da cultura, no caso o Ponto de Cultura e não in-
vestem em saúde e educação, deixando as pessoas morrerem e adoecerem por falta de
atendimento básico. Foi muito comum a frase em reuniões:
" C o mo eu vo u ver u m filme ou ler um livro , pa ssa ndo ma l?"

Apesar desse ponto conflitante, sobre a falta de garantia dos direitos básicos, o pro-
jeto foi apoiado pela comunidade, que participou das diferentes atividades, reuniões, ofi-
cinas, atividades culturais e pedagógicas e neste último ano do projeto logrou construir
através das parcerias institucionais e com os moradores, um legado para as comunida-
des: a Casa da Cultura Caiçara no Pouso e a Loja Caiçara no Sono, espaços para abrigar e
utilizar os equipamentos do edital e serem usados como aparelho cultural e de geração
de renda por toda a comunidade, garantindo a continuidade da guarda, uso e manuten-
ção dos equipamentos do projeto.

Fotos da superior esquerda para direita: Reunião Pouso, Oficina de Radio Sono, Oficina de Agroecologia Pouso,
Reunião no Sono, Oficina de Pipa Pouso, Oficina Pau a Pique Sono

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Ponto de Cultura Caiçara

O Ponto de Cultura e a comunidade caiçara

O município de Paraty possui índice de IDH abaixo da média nacional e estadual,


apesar de possuir um orçamento municipal alto. Nas zonas rurais e costeiras, como é o
caso da Península da Juatinga, a situação se agrava. Após dez anos de luta por uma edu-
cação diferenciada, que valorize a cultura caiçara e que inclua as turmas de 6o ao 9o ano,
as comunidades do Pouso e Sono venceram e no 1o semestre de 2016, as primeiras tur-
mas começaram suas aulas. Graças a ação do Ministério Público e da organização política
das comunidades caiçaras, mais um capítulo por Justiça Social se escreveu nesses territóri-
os.
Após essa vitória histórica, os equipamentos do Ponto de Cultura passaram em
2016, a também serem usados pelas ações pedagógicas de educação diferenciada caiçara,
pelos educadores e articuladores comunitários. Bem como o espaço do Ponto de Cultura é

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Ponto de Cultura Caiçara

ocupado pelas atividades de suporte à escola local, como reuniões de pais, oficinas com-
plementares e guarda do equipamento de barcos a vela, na comunidade do Pouso e na
comunidade do Sono está sendo debatido entre os articuladores comunitários e os artesãos
locais a melhor forma de gerenciar o projeto, a gestão da loja caiçara e dos equipamentos
do Ponto, que agora não conta mais com recursos financeiros do edital finalizado.

Mesmo com o uso dos espaços e dos equipamentos e engajamento de lideranças,


moradores e artesãos, o projeto sofre críticas de pessoas que afirmam ser necessária uma
ampliação do uso dos equipamentos e espaços, e maior mobilização da comunidade. Críti-
ca essa muito pertinente e necessária, entretanto, os mesmos críticos não se engajam em
cooperar em nenhuma atividade pedagógica ou comunitária do Ponto e raramente de ou-
tros espaços locais. Dessa forma, os articuladores locais e animadores culturais se vêm so-
brecarregados, pois acumulam diversas atividades comunitárias.

Tendo em vista a complexidade dos fatores existentes no território e os aspectos di-


ferenciados da cultura caiçara, a proposta do projeto baseou-se no trabalho a longo prazo.
Desde sua elaboração por lideranças políticas, instituições parceiras e ativistas, até sua
execução final. A necessidade de ações culturais que contribuam com a conservação do
meio ambiente, faz-se necessária juntamente com a valorização do modo de vida do caiça-
ra. Por isso, as ações iniciadas exigem reflexão, continuidade e acompanhamento do proje-
to. O maior desafio com o fim do edital é manter essa continuidade e garantir que os equi-
pamentos, ações e aparelhos culturais construídos sejam mantidos e utilizados pela comu-
nidade. O que não é fácil.

Para tanto, foi eleito no Pouso da Cajaíba, um Grupo Gestor do espaço, que é res-
ponsável junto com a Ong Verde Cidadania, pela manutenção, guarda e uso dos equipa-
mentos e deve ser renovado anualmente. Com o Ponto de Cultura sendo utilizado pelas
atividades de Educação Diferenciada Caiçara da escola pública local, em suas atividades
audiovisuais, de literatura e reuniões de pais e mestres e no uso dos equipamentos de áu-
dio e vídeo, parte da continuidade está garantida. Além disso, o Cine-Caiçara é mantido
pelo ProExt UFRJ Raízes e Frutos, que bimensalmente exibe filmes para crianças e jovens
no espaço. O projeto Escola de Vela Caiçara também da Ong Verde Cidadania/Casa Esco-
la, utilizou o espaço para guarda das velas dos barcos e para as aulas teóricas e audiovisu-
ais. Hoje as crianças e jovens que participaram do projeto e construíram suas próprias ve-
las utilizam o espaço para guarda de seus materiais.

Está sendo discutida em ambas as comunidades a organização necessária, para que


o espaço seja aberto para a visitação de grupos de turistas para comercialização dos produ-
tos e artesanatos caiçaras. Também o grupo gestor está em contato com o grupo GESAC,
que cuida da manutenção da antena de internet wifi do ponto, que estão com problemas
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Ponto de Cultura Caiçara

de manutenção pela operadora. Devido a dificuldade do acesso, diversas visitas já foram


agendadas, já foram feitas 3 visitas, mas o mau tempo e o mar, não permitiu que se tenha o
conserto definitivo pois depende do translado dos técnicos.

Na Praia do Sono, a Loja de Artesanato Caiçara foi inaugurada e o grupo de arte-


sãos iniciou um intercâmbio com os artesãos do Quilombo do Campinho, referência regi-
onal na de artesanatos, organização comunitária e trabalhos de valorização da cultura tra-
dicional. Estão organizando o grupo para abrir a loja e comercializar seus artesanatos.

Dessa forma, a ação do edital Ponto de Cultura, durante todos esses anos, serviu
como ponto de apoio para a resistência cultural e política das vanguardas das comunida-
des caiçaras. Nesses territórios, apesar das crianças, adolescentes e jovens possuírem apa-
relhos celulares, a estrutura atual do Ponto de Cultura Caiçara contribui para suprir parte
de uma demanda de apropriação tecnológica pela comunidade caiçara. Grande parte dos
jovens trabalha na construção civil e em barcos de pesca comercial, recebendo baixos salá-
rios, sujeitos ao desemprego, ao subemprego, às drogas e outros males da urbanização,
enquanto desperdiçam um enorme potencial para o seu desenvolvimento educacional, em
que as tecnologias de informação podem contribuir decisivamente.

Desde o início do trabalho, quando o projeto foi escrito e selecionado, em 2010,


até o final do edital, em 2016, pudemos acompanhar o impacto de diferentes fatores de
urbanização nessas comunidades. A chegada da televisão, da luz elétrica, o impacto da
ideologia do crime urbano, a continuidade do descaso das instituições públicas quanto
às políticas de saúde, educação e regularização fundiária, as vitórias comunitárias contra
processos de grilagem de terras das corporações imobiliárias e o impacto das leis ambi-
entais nas práticas sociais, causando o adensamento populacional dos núcleos comuni-
tários.

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Ponto de Cultura Caiçara

Dinâmica de Funcionamento e Parcerias

Fotos da superior esquerda para direita: Eleição Grupo Gestor, Atividade com o Projeto de Extensão Raízes
e Frutos UFRJ, Reunião Asnica Pouso,Entrega do Equipamento Pouso

Como já descrito em relatórios e ofícios anteriores à gerência da Rede Estadual de


Pontos de Cultura, o projeto Ponto de Cultura Caiçara da Juatinga enfrentou dificuldades,
vide ofício n. 130926-1 – VC-PC, na execução da 2a parcela na comunidade do Sono, dos
anos de 2012 à 2013, gerando um atraso na execução do projeto como um todo.

Durante esse período conturbado, apenas parte das oficinas na comunidade da


Praia do Sono foram realizadas, aconteceram problemas políticos relativos à gestão da as-
sociação de moradores que era a parceira na execução do projeto na comunidade e tam-
bém conflito sobre o uso do espaço onde era realizado o projeto, que ficou impossibilitado
de ser utilizado, sendo normalizada a situação após a eleição de uma nova chapa que
abriu a associação e cumpriu com a parceria institucional.

Além destes problemas relatados soma-se a grave pressão da especulação imobiliá-


ria, o impacto do poder econômico do Condomínio de Laranjeiras e da grilagem de terras
que exerce tensão política na região e causa dificuldade sempre maior na execução de to-
das as ações que buscam empoderar as comunidades. Infelizmente, assim como no passa-
do, quando os Mestres Grios do Pouso da Cajaíba, durante a execução do Edital da Ação
Grio Nacional, foram retirados contra vontade da Escola Local, pois a Secretaria enviou

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Ponto de Cultura Caiçara

ordem que proibisse sua entrada em sala de aula, por não possuírem curso de formação de
professores, demandando resposta do próprio Ministério da Cultura à Secretaria Munici-
pal, novamente houve um grave conflito entre a Secretaria Municipal de Educação e o
Ponto de Cultura na comunidade do Sono.

A proposta inicial acordada com a comunidade era de que a Casa de Cultura seria
construída com recursos dos projetos parceiros em área contígua à escola pública, para que
o uso do espaço e dos equipamentos fosse facilitado, assim como o é na comunidade do
Pouso. Infelizmente, após meses de postergação em dar uma resposta, a Secretaria Muni-
cipal de Educação, em reunião na comunidade do Sono, não autorizou a construção da da
Casa de Cultura na área contígua à escola, por julgar área de administração da mesma se-
cretaria. Na reunião da associação de moradores, na Praia do Sono, a representante da Se-
cretaria de Educação, afirmou que o edital PONTO DE CULTURA, parceria do governo
estadual é um edital sinónimo de problema, que não existem exemplos de sucesso. Na
sequência, a mesma apresentou como exemplo de sucesso, envolvimento e parceria, a
proposta de oficinas educativas, do edital Mais Cultura, esta propostas pela Associação
Cairuçu, ONG financiada pelos condôminos do luxuoso Condomínio Laranjeiras. Empre-
endimento este que proíbe há anos, a passagem dos moradores, embarque e desembarque
dos caiçaras do Sono, e motivo de Ação no Supremo Tribunal Federal.

Tal discurso, distorceu e confundiu moradores. As Lideranças esclareceram aos mo-


radores que o edital Mais Cultura e o edital Ponto de Cultura fazem parte do mesmo Pro-
grama Cultura Viva, hoje Lei Cultura Viva. Gerou-se um conflito, pois a Secretaria além de
não dar apoiar, enfraquecia ao criticar e impedir uma ação deste programa elaborado pela
Associação de Moradores e parceiros, para propor e elogiar uma ação do mesmo programa
proposto pelos condôminos de Laranjeiras, seus inimigos históricos. Dessa forma, a Casa
de Cultura- Sede do Projeto e Loja Caiçara foi construída contígua à sede da AMOSONO,
Associação de Moradores Originários da Praia do Sono.

Durante a vigência do projeto, em 02/06/2016 foi morto à tiros um jovem caiçara


morador da Vila da Trindade, comunidade vizinha à 11 km da Praia do Sono, por um poli-
cial militar do 33o Batalhão da Polícia Militar, que estava à serviço de segurança da empre-
sa imobiliária Trindade Desenvolvimento Territorial (TDT), que há muito vem travando
uma disputa de terras com os moradores de Trindade.
Artigos:

http://g1.globo.com/rj/sul-do-rio-costa-verde/noticia/2016/06/jovem-e-morto-tiros-em-disputa-de-terra-em-trindade-em-paraty-rj.html

http://rioonwatch.org.br/?p=21152

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Ponto de Cultura Caiçara

Artigos:

http://g1.globo.com/rj/sul-do-rio-costa-verde/noticia/2016/06/jovem-e-morto-tiros-em-disputa-de-terra-em-
trindade-em-paraty-rj.html

http://rioonwatch.org.br/?p=21152

Dentro desse contexto, o funcionamento do 3o ano de atividades do Ponto de Cul-


tura Caiçara da Juatinga demandou um planejamento estratégico, com ações intensificadas
em ambas comunidades. Para coordenar o processo foi preciso que a Produtora e a Instru-
tora de Educomunicação fixassem residência na comunidade do Pouso da Cajaíba, para
acompanhar e produzir as atividades e articular os demais agentes locais e a vinda dos
demais profissionais envolvidos. Foi um período bastante produtivo, onde pudemos vi-
venciar profundamente as relações comunitárias e criar um vínculo de identidade mais
forte com as comunidades. Foi marcado por importantes parcerias: com a Escola Munici-
pal do Pouso da Cajaíba; com o Programa de Extensão da Universidade Federal do Espíri-
to Santo: Escola no Ar - Capacitação em Rádio Educativa com focos em Língua Portuguesa
e Literatura; com o coletivo da Escola da Mata Atlântica (EMA) e o Ponto de Cultura Cai-
pira; com o Projeto de Extensão Raízes e Frutos (UFRJ); com o Instituto de Permacultura e
Educação Caiçara (IPECA); o Observatório de Territórios Saudáveis e Sustentáveis da Bo-
caina/FIOCRUZ e o Fórum de Comunidades Tradicionais Caiçaras, Quilombolas e Gua-
ranis de Angra, Paraty e Ubatuba.

A parceria com a escola municipal na localidade do Pouso da Cajaíba se deu por


meio do diálogo com a funcionária pública Regiane Jannotti, caiçara que se tornou pro-
fessora da escola de 1o a 5o ano a partir do segundo semestre de atividades do 2o ano do
Ponto de Cultura Caiçara e antiga parceira do projeto, hoje membro do Grupo Gestor e
que ocupa a função de bibliotecária atualmente. Também foram realizadas oficinas de
Agroecologia com a turma de 6o ao 9o ano do projeto Azul Marinho e exibição de filmes,
além de sessões de cinema na varanda da escola, enquanto a sede do projeto ainda não es-
tava pronta.

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Ponto de Cultura Caiçara

Oficina de Agroecologia Cinema Pouso.

A Escola da Mata Atlântica (EMA) é uma associação cultural de conservação ambi-


ental e ecopedagogia, o foco principal de seus projetos é a educação popular em agroeco-
logia. Seu local de atuação é em Aldeia Velha (Silva Jardim) e doou os livros para a forma-
ção das bibliotecas comunitárias dos pontos do Pouso e Sono.

Lançamento da Coleção Raízes e Frutos

O Projeto de Extensão Raízes e Frutos é filiado ao Instituto de Geociências (IGEO)


da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atua na Reserva da Juatinga desde
2007 realizando vivências autônomas nas comunidades caiçaras da região. Seus projetos
são desenvolvidos segundo os princípios da Ecologia de Saberes, de Boaventura Santos,
com o propósito de integrar formas variadas de conhecimento em práticas que fomentem
a organização social cooperativa e a melhoria da qualidade de vida. O projeto foi parceiro
desde as reuniões iniciais de retomada do projeto, na atividade de sensibilização da Gin-
cana dos Piratas Caiçaras e das exibições do Cine-Caiçara e do pré lançamento do Ponto
de Cultura do Pouso.

O Fórum de Comunidades Tradicionais/Observatório de Territórios Sustentáveis


da Bocaina/FIOCRUZ foi parceiro nas reuniões sobre educação diferenciada do 6o ao 9o
ano, no pré-lançamento do Ponto de Cultura/Lançamento da Escola de Vela e do II Festi-
val de Cultura Caiçara do Pouso da Cajaíba.

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Ponto de Cultura Caiçara

Lançamento Escola de Vela Festa Caiçara Pouso

O Instituto de Permacultura e Educação Caiçara (IPECA) é um espaço de ensino e


aprendizagem de vivências permaculturais e de valorização das práticas caiçaras. Locali-
zado no Pouso da Cajaíba, o Ipeca é um espaço de troca, onde dentro da comunidade cai-
çara possam ser estimuladas práticas de conservação da natureza como também de forta-
lecimento de um turismo de base comunitária. Foi parceiro nas reuniões iniciais de reto-
mada do projeto, no diálogo com o Fórum de Comunidades Tradicionais, nas reuniões da
educação diferenciada de 6o ao 9o ano, no pré-lançamento do Ponto do Pouso/Inaugura-
ção da Escola de Vela Caiçara e na organização do II Festival Caiçara do Pouso.

Ticote no Ipeca Piscina Ipeca

Consolidada as parcerias, o cronograma de execução das atividades focou no pri-


meiro momento em questões temáticas como organização coletiva, diálogo entre grupos
comunitários rivais e metas comuns. Posteriormente os temas trabalhados foram o Artesa-
nato Caiçara, Atividades Comunitárias e Espaços Comunitários de Convivência e ativida-
des culturais.

Na segunda etapa foram trabalhadas articulações políticas entre diferentes agentes


comunitários e empoderamento comunitário para gestão do espaço e continuidade das
ações.

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Ponto de Cultura Caiçara

Formação da Equipe de Trabalho

Através de capacitações continuadas as equipes do Sono e Pouso formadas pelos


assistentes culturais e os agentes jovens trabalharam na pesquisa dos artesãos, na organi-
zação das oficinas, na elaboração de projetos e na participação em reuniões e conversas,
incluindo o Fórum dos Pontos de Cultura e reuniões locais

Trilha dos Produtores Futebol com Kelly

Foi importante perceber que as reuniões de formação foram fundamentais para


qualificar os agentes locais e produzir um trabalho de continuidade. Temas como políticas
públicas, funcionamento de editais, diálogo com órgãos públicos, direitos e deveres cida-
dãos, empoderamento comunitário, liderança comunitária e noções de resolução de confli-
tos comunitários foram trabalhados.

Em comparação aos poucos projetos executados na Reserva da Juatinga, a importância da


formação ficou explícita, já que o objetivo dos projetos comunitários é construir com a co-
munidade e não para a comunidade, e para tal é preciso que haja um nivelamento de en-
tendimentos e um empoderamento, que possibilitem os moradores poderem interactua-
rem de forma autônoma na escolha dos caminhos para as ações comunitárias.

Reunião de Formação
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Ponto de Cultura Caiçara

Execução do Plano de Trabalho

Metas do Projeto Aprovado

– Oficinas e aulas de Educomunicação/Memória Cultural/Artesanato/Agroecologia e


Permacultura.

– Documentar e registrar a cultura local.

– Empoderamento da cultura local pelas comunidades garantindo a sua transmissão de


geração à geração.

– Resgatar saberes, sabores e práticas caiçaras.

– Fortalecer o turismo de base comunitária.

– Organizar um espaço e venda de artesanato.

– Pesquisa Histórica e da Cultura Caiçara.

– Pesquisa dos produtores e artesãos do Sono e Pouso.

- Atividades Extras

Aulas, Oficinas e Atividades

As atividades do terceiro ano do Ponto de Cultura Caiçara da Juatinga, foram exe-


cutadas concomitantemente as atividades restantes do 2o ano de acordo com o plano de
trabalho aprovado, que foram realizadas de forma intensiva em ambas as comunidades,
executando as metas estabelecidas pelo projeto e incluindo quando possível, as demandas
comunitárias que surgiram durante o processo. Para tanto as parcerias efetivadas e conso-
lidadas com instituições e coletivos já citados foram fundamentais para o processo.

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Ponto de Cultura Caiçara

- Educomunicação/ Agroecologia e Artesanato

Oficinas de Rádio e Literatura

Em parceria com o Projeto de Extensão da Universidade Federal do Espírito Santo e


a escola pública do Sono, foram realizadas oficinas de rádio para os jovens e crianças do
Sono. Foram feitas gravações de vinhetas com os temas trabalhados em sala de aula sobre
a preservação do meio ambiente e valorização da cultura local. Também foram realizadas
gravações de poesias e temas de mobilização comunitária frente aos impactos da proposta
da criação do Parque Estadual para veiculação na Rádio Caiçara.

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Ponto de Cultura Caiçara

Valorização da Rádio Caiçara

Zaqueu e a Radio Caiçara

Participação no Roteiro de Turismo de Base Comunitária

Participação nos programas da Rádio Caiçara e realização de vinhetas avisando das reu-
niões e divulgando técnicas agroecológicas.

Capacitação em Produção Cultural para Jovens do Pouso/Organização da Festa Jovem

Com os jovens foi organizada a produção de uma festa jovem, com a seleção de
músicas, organização do som, do espaço e dos convidados. Foi formado o time de djs me-
ninas do Pouso da Cajaíba, foi realizada a festa no Encontro de Jovens da Reserva da Jua-
tinga/INEA/Fórum de Comunidades Tradicionais.

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Ponto de Cultura Caiçara

Exibição de Cinema Livre/Cine-Caiçara Pouso da Cajaíba

A exibição de filmes é uma das ações de


maior sucesso na comunidade e com maior
continuidade e apropriação pela comunida-
de. O trabalho iniciado desde o primeiro ano
do projeto, hoje alcançou o objetivo de for-
mação de público, apresentação de títulos
educativos, recreativos, documentários e
lançamentos, inserindo a comunidade no
circuito cultural do que há de melhor na
produção audiovisual brasileira e internaci-
CineEMA/2010 Parceria Escola da Mata Atlântica/
Ponto de Cultura Caipira e Ponto de Cultura Caiçara onal. Através da parceria com o projeto Raí-
zes e Frutos a atividade vem sendo realiza-
da ininterruptamente desde a chegada do equipamento na comunidade,2010.

Também a exibição dos vídeos produzidos com as comunidades caiçaras é revolu-


cionária, pois permite que os próprios moradores possam se ver na produção e os pesqui-
sadores que trabalham com audiovisual e artistas que trabalham com o tema caiçara tem a
oportunidade de exibir seus materiais em primeira mão para os protagonistas das produ-
ções e algumas vezes, realizadores das próprias obras.

Ao longo dos anos, o projeto realizou a capacitação de moradores para utilização


dos equipamentos e hoje são os próprios moradores, através do Grupo Gestor que organi-
zam as sessões de cinema, dentro da sede do Ponto de Cultura, a chamada Casa da Cultu-
ra.

A escola caiçara também utiliza o equipamento em suas aulas e atividades pedagó-


gicas dentro da sede do ponto e exibe filmes educativos e paradidáticos para os estudantes
matriculados, crianças e jovens.

Em dias de evento, uma tela de cinema é montada, embaixo do enorme pé de tama-


rindo, local que funciona como praça e ponto de encontro, quadra para as atividades de
educação física e pátio para o recreio escolar. Sobre o Tamarindo, corre a lenda de que foi o
padre José de Anchieta quem plantou a árvore.

O público-alvo das sessões de cinema no Pouso da Cajaíba é direcionado às crian-


ças, mas também os jovens e adultos participam das exibições, principalmente quando é
oferecida alguma sessão especial com temas de seu interesse, como lançamentos do mer-
cado audiovisual.

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Ponto de Cultura Caiçara

Ações de Agricultura Caiçara/Agroecologia

Desde o início do Projeto Ponto de Cultura foram realizadas atividades de Agroeco-


logia e de valorização da Agricultura Caiçara. Nas atividades do 3o ano/2o ano restante,
foram realizadas diversas ações que puderam demonstrar que a relação entre cultura tra-
dicional e resgate de técnicas tradicionais é fundamental para a reprodução cultural das
comunidades.

Atividades:

Fotos da superior esquerda para direita:Jussara Sono; Oficina Escola Pouso; Sala de Aula; Distribuição Mudas e

• Encontro: 27/05/2015 - Realização de Oficina de Agroecologia, revitalização da horta


da escola pública do Pouso da Cajaíba, participação da equipe do Ponto, da comuni-
dade local e estudantes do EJA.

• Encontro: 25/05/2015 – Distribruição de Sementes Crioulas da Casa de Sementes Li-


vres, divulgação do Maio Agroecológico e da REGA – Rede dos Grupos de Agroecolo-
gia.

• Encontro: 20/05/2015 - Distribuição de mudas de hortaliças e sementes crioulas, di-


vulgação da agroecologia e exposição de fotos no evento da Sec. de Promoção Social.

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Ponto de Cultura Caiçara

• Encontro: 01/05/2015 – Produção de mudas

• Encontro: 12/04/2015 – Coleta e Beneficiamento de Polpa de Palmito Jussara (Euterpe


Edulis)

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Ponto de Cultura Caiçara

Oficinas de Artesanato

As oficinas de artesanato contaram com a participação de artesãos, grios locais,


convidados e a equipe do Ponto de Cultura, com o objetivo de valorizar e difundir as téc-
nicas de artesanato local e demais técnicas de artesanato selecionadas pelos próprios mo-
radores. O objetivo das oficinas foi criar uma interface entre a cultura tradicional e formas
de geração de renda, proporcionando um espaço de trocas entre os diferentes agentes.

Oficina de Flores de Papel e chaveiros; Oficina de MóbilesOficina de Pipas

Gincana

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Ponto de Cultura Caiçara

- M e mó ri a Cu lt u ra l

- P e rm ac u lt u r a

- Re sgata r sa bere s, sa bo res e p rá t ic as ca iç ara s.

- Empoderamento da cultura local pelas comunidades garantindo a sua trans -


missão de geração a geração.

Ações de Resgate da Cultura Tradicional e Permacultura - Pouso da Cajaíba

Oficina de Pau a Pique

Através da Pedagogia Grio e da parceria com o IPECA - Instituto de Permacultura


Caiçara e oficineiros convidados foram passadas as técnicas do pau-a-pique, forma de bio-
construção tradicional que utiliza bambu, barro e areia. O griô é um líder do grupo cultu-
ral ao qual pertence e que possui envolvimento profundo com as raízes de sua cultura e
facilidade na transmissão do conhecimento tradicional por meio da oralidade.

É o griô que, com suas histórias fascinantes, faz circular o aprendizado ancestral
que adquiriu de maneira diferenciada, se comparado ao aprendizado formal nas escolas.
Na maior parte das vezes há referência aos mitos e à ancestralidade da própria comunida-
de nos momentos de aprendizado.

No Pouso da Cajaíba encontram-se alguns desses mestres da tradição oral. Dentre


eles está o GrioFrancisco (“Ticote”, como é chamado), liderança caiçara e fundador do Ipe-
ca, Ticote também é artesão, barqueiro e articulador das ações realizadas em âmbito ao Fó-
rum das Comunidades Tradicinais e seu sobrinho, Gigni, que apesar de ser um jovem da
comunidade acompanha o tio nas atividades e projetos permaculturais e foi um dos res-
ponsáveis pela oficina de pau-a-pique.

A mistura do barro, as técnicas de embarreamento, os laços de amarrar o bambu, as


histórias do passado como os parentes faziam, os mutirões e o beneficiamento do bambu
foram apresentados para os participantes, que contou com a participação do ProExt UFRJ

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Ponto de Cultura Caiçara

Raízes Frutos, jovens do quilombo do Campinho do Fórum de Comunidades, ofici-


neiros convidados, moradores do município de Paraty, estudantes da universidade, a co-
munidade local e o público da Permacultura

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Ponto de Cultura Caiçara

Oficina de Telhado Verde/Tecnicas Ecológicas

Como o Ponto de Cultura se situa em uma Unidade de Conservação, é fundamental


que as atividades do Ponto se relacionem com a temática ambiental. Para tanto foi organi-
zada uma oficina de telhado verde, no sentido de inserir novas tecnologias sustentáveis,
um dos objetivos do projeto. Foram apresentadas as técnicas de construção e preenchimen-
to das camadas do teto verde, foram debatidos os benefícios deste tipo de cobertura, a me-
lhor qualidade térmica, proteção dos raios solares e a possibilidade de produção agrícola.
Também foi falada da importância do diálogo entre as técnicas tradicionais e as novas
formas de bioconstrução contemporâneas, mais interessantes para territórios tradicionais e
unidades de conservação. A oficina também foi realizada em parceria com o IPECA e o
ProExt UFRJ.

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Ponto de Cultura Caiçara

Oficina de Esboço e Pintura Ecológica

Foi pensada e realizada uma atividade para a conservação e manutenção da Casa


de Cultura que dialogasse com o turismo. A atividade foi realizada em parceria com o
IPECA e o ProExt UFRJ.

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Ponto de Cultura Caiçara

Oficina de Pau-a-Pique da Comunidade da Praia do Sono

Em parceria com a Associação de Moradores Originários do Sono e o ProExt UFF


EcoRauze, foi organizada a oficina de pau-a-pique do Sono. Foram trabalhadas as questões
arquitetônicas, culturais e históricas. Participaram moradores locais, lideranças, crianças,
estudantes universitários, professores universitários, alunos da escola técnica CEFET An-
gra e professores.

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Ponto de Cultura Caiçara

- Pesquisa dos produtores e artesãos do Sono e Pouso

- P es qu isa Hist órica e da Cul tura Ca iç ara

- - Documentar e registrar a cultura local

- – For talec er o turismo d e ba se c omun it á ri a.

- Pesquisa dos Produtores

Pesquisa Praia Grande da Cajaiba

Foi realizada uma pesquisa sobre os artesãos e produtores locais, moradores do


Pouso, Calheus, Martim de Sá, Ponta da Juatinga, Sono e Cairuçu das Pedras. Através da
pesquisa, os produtores foram contactados e foi aberto um diálogo para a utilização dos
mesmos dos espaços de comercialização das casas de cultura. Foi percebido que existem
muitos artesãos locais, que produzem uma variedade de produtos e utilizam diferentes
técnicas. A maioria vende sua produção na época da alta temporada para turistas e atra-
vessadores

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Ponto de Cultura Caiçara

História do Pouso e do Sono

Banner História

Foi elaborada uma pesquisa com os moradores, mestres, grios, pesquisadores e na biblio-
grafia e produção audiovisual sobre as comunidades. O produto final da pesquisa do Pou-
so foi printado em um enorme banner, que está na Casa de Cultura do Pouso.

Oficina Desenhando Minha Comunidade/Cartografia Social

Em parceria com o ProExt Raízes e Frutos foi realizada atividade de cartografia so-
cial com as crianças, gerando reflexões e perspectivas pedagógicas sobre o território e a
identidade dos jovens moradores com seu lugar.

Capacitação em Elaboração de Projetos de Turismo

Projeto de Turismo de Base Comunitária do Pouso da Cajaíba

Foi elaborado com os agentes jovens um projeto de guias locais jovens para atuar na
Reserva Ecológica da Juatinga, focando na memória e na cultura local. Com roteiros que
valorizam os lugares de memória e os saberes tradicionais. Depois da elaboração os jo-
vens, treinamos a apresentação do projeto. Houve um intercâmbio com o Quilombo do
Campinho para conhecer a experiência, apresentar a proposta elaborada e trocar direta-

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Ponto de Cultura Caiçara

mente com outra comunidade tradicional a experiência de Turismo de Base, como também
da Casa de Artesanato do Campinho, como se organizam, quem gere, quem ganha etc.

Criação do Roteiro de Base Comunitária da Praia do Sono

Em parceria com a Associação de Moradores Originários da Praia do Sono, foi ela-


borado um projeto de Roteiro de Turismo de Base Comunitária, tomando como inspiração
o Roteiro do Quilombo do Campinho, em visita de intercâmbio cultural entre as comuni-
dades. O Circuito passa por lugares de memória da comunidade caiçara, visita mestres
grios, oferece vivências de agricultura caiçara tradicional e do artesanato caiçara, no caso o
balaio e conta um pouco da história da resistência política da comunidade. Já foram rece-
bidos 3 grupos pela comunidade até o presente momento

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Ponto de Cultura Caiçara

Visita CPII Sono

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Ponto de Cultura Caiçara

Eventos Culturais Comunitários

Meta:

- Empoderamento da cultura local pelas comunidades garantindo a sua


tra nsm is são de gera ção à ge ra ção .

I Festival Caiçara do Pouso da Cajaiba 2015

Foi realizado com a comunidade do Pouso da Cajaíba, o I Festival Caiçara do Pouso


da Cajaíba. Antigo anseio de moradores, o evento contou com a doação de brindes pela
Secretaria de Promoção Social de Paraty. Os diferentes grupos sociais da comunidade
compareceram. Houve brincadeiras, fogueira, bebidas e comidas típicas. Foi surpreenden-
te a ciranda caiçara, que espontâneamente envolveu jovens, crianças e adultos.

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Ponto de Cultura Caiçara

II Festival Caiçara do Pouso da Cajaíba 2016

O evento contou exclusivamente com o apoio e organização da própria comunida-


de e da escola pública local, seus professores, funcionários, pais e alunos. Foram realizadas
brincadeiras, comidas típicas e fogueira. Foi muito importante por envolver a comunidade
evangélica em uma atividade comunitária coletiva com os demais grupos sociais presentes
na comunidade.

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Ponto de Cultura Caiçara

Inauguração da Casa de Cultura do Pouso/Sede do Ponto de Cultura Caiçara

Houve antes o pré-lançamento do Ponto de Cultura, em parceria com o ProExt Raí-


zes e Frutos, Forum de Comunidades/OTSS/Fiocruz, para que a sede do Pouso pudesse
começar a ser usada pela escola de Vela Caiçara, projeto da Ong Verde Cidadania/Casa
Escola. Houve exibição de filmes infantis e exposição fotográfica sobre os mestres grios
caiçaras.

A Inauguração foi organizado em parceria com o ProExt Raízes e Frutos, a inaugu-


ração da Casa de Cultura do Pouso da Cajaíba, com a exposição dos 3 anos de fotos do
projeto, da produção dos artesãos locais, exibição de filmes infanto-juvenis e atividades
recreativas com as crianças

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Ponto de Cultura Caiçara

Inauguração da Casa do Artesanato Caiçara do Sono/Sede do Ponto de Cultura Caiçara

Foi organizada pela Associação de Moradores Originários da Praia do Sono, em


parceria com o Fórum de Comunidades/OTSS/Fiocruz, a inauguração da sede da Praia
do Sono, durante o Festival de Inverno da Praia do Sono. Houve exposição e venda do ar-
tesanato caiçara local e visitação de moradores e turistas.

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Ponto de Cultura Caiçara

Reuniões Comunitárias

- Empoderamento da cultura local pelas comunidades garantindo a sua


tra nsm is são de gera ção à ge ra ção .

Foto Superior - Reunião de Apresentação Sono Foto Abaixo - Reunião de Prestação de Contas do Pouso

Foram realizadas reuniões, no sentido de mobilizar, discutir, organizar, avaliar e de-


liberar com as comunidades envolvidas a execução do projeto.

• Reunião 01 – 22/06/2014: Reunião de Preparação PDC Caiçara com lideranças das


duas comunidades para discussão dos objetivos e uso dos recursos.

• Reunião 02 – 12/07/2014: Reunião com lideranças sobre as parcerias para execução do


projeto, firmadas as parcerias com o IPECA – Instituto de Permacultura Caiçara, Fo-
rum de Comunidades Tradicionais, ProExt Raizes e Frutos – Projeto de Extensão De-
partamento de Geografia UFRJ e SOLTEC – Grupo de Solidariedade Técnica UFRJ.

• Reunião 03 – 8/11/2014: Reunião comunitária Pouso da Cajaíba sobre objetivos do


projeto, parcerias, equipamentos e cronograma de execução e Gincana Cultural.

• Reunião 04 – 23/04/2015: Reunião Comunitária da comunidade do Pouso da Cajaíba e


exposição de fotos da execução do PDC Caiçara dos anos anteriores. Rodada de consi-
derações dos comunitários sobre o projeto, debate sobre o artesanato caiçara e o turis-

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Ponto de Cultura Caiçara

mo de base comunitária. Esboço dos candidatos ao Grupo Gestor do Ponto de Cultura


e colaboradores.

• Reunião 05 – 17/04/2015: Reunião Comunitária da Praia do Sono. Rodada de conside-


rações dos comunitários sobre o projeto, debate sobre o artesanato caiçara e o turismo
de base comunitária. Escolha da estratégia de fortalecimento comunitária da Rádio
Caiçara, execução de ações de educomunicação focadas em rádio.

• Reunião 06 – 04/05/2015: Reunião de equipe com assistentes e agentes jovens voluntá-


rios e lideranças da comunidade do Pouso. Preparação da pesquisa sobre os artesãos e
a memória local.

• Reunião 07 – 07/05/2015: Reunião de fundação do Grupo Gestor do Ponto de Cultura


do Pouso da Cajaíba e aprovação do regimento interno do grupo.

• Reunião 08 – 14/05/2015: Roda de Conversa no Pouso sobre as dificuldades encontra-


das na realização da pesquisa pela equipe do Ponto. Intercâmbio com agente jovem da
comunidade do Sono, troca de experiências sobre a superação das disputas políticas
internas envolvendo a associação de moradores do Sono e o Ponto de Cultura na II
parcela. Debate sobre as dificuldades encontradas no relacionamento entre a comuni-
dade caiçara do Sono e o condomínio de Laranjeiras.

• Reunião 09 – 22/05/2015: Reunião com equipe do Sono. Debate sobre o trabalho da


pesquisa e temas emergentes como “O que é ser caiçara hoje?”, impactos da cultura
urbana, uso de tecnologias contemporâneas e a preservação da memória e das práticas
tradicionais.

• Reunião 10 – 22/05/2015: Reunião do Forum dos Pontos de Cultura no ITAE, partici-


pação da equipe do Sono. Apresentação dos desafios e potencialidades.

• Reunião 11 – 30/05/2015: Reunião do coletivo de Educação Diferenciada, apresentação


das experiências do Ponto de Cultura do Pouso e troca de experiências com as ações
do Quilombo do Bracui de Angra, Aldeia Indígena Guarani de Paraty Mirim, Comu-
nidade Caiçara do Sono e Comunidade Caiçara de Martim de Sá.

• Reunião 12 - 19/11/2015 Eleição do Grupo Gestor Pouso: Foi apresentada a prestação


de contas para a comunidade e foi realizada a eleição do grupo gestor da Casa de Cul-
tura do Pouso, com chapa única. Foram eleitas Regiane Jannotti, Mislene e Jaqueline
Araújo, para serem gestoras do espaço e responsáveis pela organização das atividades
de continuidade dentro da comunidade do Ponto de Cultura.

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Ponto de Cultura Caiçara

Produtos

Parceria de Execução do 3o ano do Ponto de Cultura/ONG Verde Cidadania/PROEXT


UFRJ Raízes e Frutos/PROEXT Ecorrauzze/Forum de Comunidades Tradicionais/AMO-
SONO

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1. Projeto de Turismo de Base Comunitária do Pouso da Cajaíba

2. Roteiro de Turismo de Base Comunitária da Praia do Sono

3. Artesanatos produzidos pela Oficina

4. Exposição Mestres Grios

5. Exposição Fotográfica Ponto de Cultura

6. Vinhetas para a Rádio Caiçara

7. Etiquetas para os produtos da loja da Casa de Cultura

8. Banner sobre a História do Pouso

9. Horta da Escola do Pouso

10. Casa de Artesanato do Sono

11. Casa da Cultura do Pouso

Uso do Equipamento por outras instituições e finalidades

O equipamento do Ponto de Cultura do Pouso vem sendo usado em diferentes ati-


vidades culturais e pedagógicas tanto pelos moradores, tanto pela escola local.

Fotos feitas com a câmera do PDC: da esquerda para direita: Aula do Domingos-intercâmbio de educação diferen-
ciada com Aldeia Guarani; Turma de azul marinho; Dia da família na escola.

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Ponto de Cultura Caiçara

Avaliação

Resultados Finais

– Valorização da Cultura Caiçara

– Produção de Conteúdo

– Capacitação Técnica

– Colaboração na construção de aparelhos culturais permanentes

Acreditamos que com o fortalecimento das ações ao longo desses anos contribuí-
mos para o maior empoderamento da comunidade no que se refere ao contato com mídias
livres. A comunidade do Pouso da Cajaíba apresentou uma demanda pela formação de
agentes comunitários e professores caiçaras locais, de nível fundamental e médio, uma vez
que, não fazendo parte da comunidade, esses profissionais costumam abandonar o cargo
em vista da dificuldade de acesso ao local. Entretanto, foram firmadas parcerias com as
secretarias municipais de cultura e assistência social para continuidade das oficinas de ar-
tesanato e futebol, porém mesmo com as mesmas secretarias tendo realizado reuniões co-
munitárias para firmar o compromisso, as oficinas não foram realizadas pelos órgãos pú-
blicos, frustrando a comunidade quanto a continuidade do processo de aprendizagem.

A dificuldade do acesso, a ausência de rede elétrica e de telefonia, os graves confli-


tos fundiários e políticos da região marcaram os desafios da execução do projeto. Entretan-
to, com o apoio dos parceiros foi possível cumprir com todas as atividades propostas e ati-
vidades extras se desenvolveram no decorrer do processo, de acordo com as demandas
das comunidades.

A execução do edital Ponto de Cultura foi uma das únicas presença de poder públi-
co, entendido de forma ampla, como representação do governo e suas políticas públicas,
na comunidade do Pouso da Cajaíba, no período de execução do projeto, para além da es-
cola pública e a agente de saúde da família. Na comunidade do Sono, houve também a
presença da Fundação Oswaldo Cruz/FIOCRUZ, que executa um projeto de saneamento
ecológico nesta comunidade, em parceria com o Forum de Comunidades/FCT.

Foi um ponto crítico a necessidade de projetos que qualificassem profissionalmente


os jovens para o mercado de trabalho, para tanto foi elaborado com os agentes jovens do
Ponto de Cultura e apresentado em visita de intercâmbio com o Projeto de Turismo de
Base Comunitário do Quilombo do Campinho. Os roteiros estão sendo trabalhados nas
duas comunidades de forma inconstante pela falta de recursos, porem são caminhos pos-
siveis para a interação entre valorizaçãoo da identidade caiçara, a geração de renda e a
conservação da natureza.
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Ponto de Cultura Caiçara

Considerações finais
A execução do 3o ano do Ponto, junto com as atividades não-executadas do 2o ano
foi um processo muito desafiador, porém muito rico. Perceber a importância desse projeto,
da Rede Nacional de Pontos de Cultura, da conquista da Lei Cultura Viva, tudo isso faz
com que se perceba o impacto revolucionário desse projeto nos lugares mais diversos do
território nacional. No caso das comunidades do Pouso e do Sono, o espaço do Ponto de
Cultura funcionou como um território de resistência do movimento em prol de uma edu-
cação diferenciada, de acordo com o Decreto 6040, que corresponda ao contexto da cultura
tradicional local. Desta maneira, o desenvolvimento do terceiro ano de trabalho do Ponto
de Cultura Caiçara da Juatinga foi de extrema relevância para a continuidade de um pro-
cesso de empoderamento e autonomia no que se refere à apropriação de tecnologias e mí-
dias sociais por comunidades tradicionais.
Infelizmente a continuidade do projeto é uma das maiores criticas que os morado-
res fazem ao projeto, porque mesmo as parcerias firmadas com a prefeitura de Paraty não
foram cumpridas e o projeto hoje e continuado precariamente no Pouso pelo Grupo Ges-
tor, pelo projeto de educação diferenciada do Fórum de Comunidades Tradicionais, que
utiliza os equipamentos e o espaço para oficinas e pelo Projeto de Extensao Raizes e Fru-
tos, que por escassez de recursos realiza apenas as exibições de cinema e algumas oficinas.
No Sono a situação é pior, porque a Associação de Moradores é a única responsável pela
continuidade e realiza atividades no espaço quando possível em parceria com o mesmo
projeto de educação diferenciada do FCT.
Mesmo com as duas lojas de produtos artesanais montadas em ambas as comuni-
dades, não houve interesse por parte dos moradores em tocar a venda, mesmo após todas
as formações, porque os jovens que eram o alvo da continuidade do projeto são em parte
absorvidos pela pesca embarcada, que possui uma dinâmica extremamente dura e o públi-
co feminino em geral vive com os pais e não busca alternativas de renda, e quando se ca-
sam vivem com a renda proveniente dos maridos que ou trabalham na pesca embarcada
ou na construçãoo civil. Apesar disso, no Sono, as negociações para que se crie um grupo
de artesãos gestores da loja continua e no Pouso esperamos que os processos de educação
diferenciada permitam que os jovens possam ter mais opções de horizonte de vida além
da pesca embarcada, da construção civil e no caso feminino, o casamento.
Os roteiros de Turismo de Base Comunitária que eram demandas locais foram rea-
lizados e hoje continuam como caminhos possíveis para o desenvolvimento de novas for-
mas de geração de renda e conservação da natureza, valorizando a cultura caiçara, mas
que dependem diretamente do empoderamento das mesmas comunidades e como proces-
sos culturais são sempre de longo prazo e trabalhos que dependem do cotidiano para se
materializarem só nos próximos anos poderemos ver os resultados.
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Ponto de Cultura Caiçara

Registro Construção Casa de Cultura do Pouso

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