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Gestoras no ano 3
Ponto de Cultura Caiçara
Tab. de Conteúdo
Apresentação 2
Produtos 34
Avaliação 36
Considerações finais 37
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Apresentação
Nas diversas reuniões realizadas com a comunidade, foram constantes as queixas
relativas a ausência do Estado e principalmente a falta de uma Política de Saúde Públi-
ca. É um desafio ao trabalho, a incompreensão das políticas governamentais, que na visão
da comunidade investem na valorização da cultura, no caso o Ponto de Cultura e não in-
vestem em saúde e educação, deixando as pessoas morrerem e adoecerem por falta de
atendimento básico. Foi muito comum a frase em reuniões:
" C o mo eu vo u ver u m filme ou ler um livro , pa ssa ndo ma l?"
Apesar desse ponto conflitante, sobre a falta de garantia dos direitos básicos, o pro-
jeto foi apoiado pela comunidade, que participou das diferentes atividades, reuniões, ofi-
cinas, atividades culturais e pedagógicas e neste último ano do projeto logrou construir
através das parcerias institucionais e com os moradores, um legado para as comunida-
des: a Casa da Cultura Caiçara no Pouso e a Loja Caiçara no Sono, espaços para abrigar e
utilizar os equipamentos do edital e serem usados como aparelho cultural e de geração
de renda por toda a comunidade, garantindo a continuidade da guarda, uso e manuten-
ção dos equipamentos do projeto.
Fotos da superior esquerda para direita: Reunião Pouso, Oficina de Radio Sono, Oficina de Agroecologia Pouso,
Reunião no Sono, Oficina de Pipa Pouso, Oficina Pau a Pique Sono
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ocupado pelas atividades de suporte à escola local, como reuniões de pais, oficinas com-
plementares e guarda do equipamento de barcos a vela, na comunidade do Pouso e na
comunidade do Sono está sendo debatido entre os articuladores comunitários e os artesãos
locais a melhor forma de gerenciar o projeto, a gestão da loja caiçara e dos equipamentos
do Ponto, que agora não conta mais com recursos financeiros do edital finalizado.
Para tanto, foi eleito no Pouso da Cajaíba, um Grupo Gestor do espaço, que é res-
ponsável junto com a Ong Verde Cidadania, pela manutenção, guarda e uso dos equipa-
mentos e deve ser renovado anualmente. Com o Ponto de Cultura sendo utilizado pelas
atividades de Educação Diferenciada Caiçara da escola pública local, em suas atividades
audiovisuais, de literatura e reuniões de pais e mestres e no uso dos equipamentos de áu-
dio e vídeo, parte da continuidade está garantida. Além disso, o Cine-Caiçara é mantido
pelo ProExt UFRJ Raízes e Frutos, que bimensalmente exibe filmes para crianças e jovens
no espaço. O projeto Escola de Vela Caiçara também da Ong Verde Cidadania/Casa Esco-
la, utilizou o espaço para guarda das velas dos barcos e para as aulas teóricas e audiovisu-
ais. Hoje as crianças e jovens que participaram do projeto e construíram suas próprias ve-
las utilizam o espaço para guarda de seus materiais.
Dessa forma, a ação do edital Ponto de Cultura, durante todos esses anos, serviu
como ponto de apoio para a resistência cultural e política das vanguardas das comunida-
des caiçaras. Nesses territórios, apesar das crianças, adolescentes e jovens possuírem apa-
relhos celulares, a estrutura atual do Ponto de Cultura Caiçara contribui para suprir parte
de uma demanda de apropriação tecnológica pela comunidade caiçara. Grande parte dos
jovens trabalha na construção civil e em barcos de pesca comercial, recebendo baixos salá-
rios, sujeitos ao desemprego, ao subemprego, às drogas e outros males da urbanização,
enquanto desperdiçam um enorme potencial para o seu desenvolvimento educacional, em
que as tecnologias de informação podem contribuir decisivamente.
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Fotos da superior esquerda para direita: Eleição Grupo Gestor, Atividade com o Projeto de Extensão Raízes
e Frutos UFRJ, Reunião Asnica Pouso,Entrega do Equipamento Pouso
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ordem que proibisse sua entrada em sala de aula, por não possuírem curso de formação de
professores, demandando resposta do próprio Ministério da Cultura à Secretaria Munici-
pal, novamente houve um grave conflito entre a Secretaria Municipal de Educação e o
Ponto de Cultura na comunidade do Sono.
A proposta inicial acordada com a comunidade era de que a Casa de Cultura seria
construída com recursos dos projetos parceiros em área contígua à escola pública, para que
o uso do espaço e dos equipamentos fosse facilitado, assim como o é na comunidade do
Pouso. Infelizmente, após meses de postergação em dar uma resposta, a Secretaria Muni-
cipal de Educação, em reunião na comunidade do Sono, não autorizou a construção da da
Casa de Cultura na área contígua à escola, por julgar área de administração da mesma se-
cretaria. Na reunião da associação de moradores, na Praia do Sono, a representante da Se-
cretaria de Educação, afirmou que o edital PONTO DE CULTURA, parceria do governo
estadual é um edital sinónimo de problema, que não existem exemplos de sucesso. Na
sequência, a mesma apresentou como exemplo de sucesso, envolvimento e parceria, a
proposta de oficinas educativas, do edital Mais Cultura, esta propostas pela Associação
Cairuçu, ONG financiada pelos condôminos do luxuoso Condomínio Laranjeiras. Empre-
endimento este que proíbe há anos, a passagem dos moradores, embarque e desembarque
dos caiçaras do Sono, e motivo de Ação no Supremo Tribunal Federal.
http://g1.globo.com/rj/sul-do-rio-costa-verde/noticia/2016/06/jovem-e-morto-tiros-em-disputa-de-terra-em-trindade-em-paraty-rj.html
http://rioonwatch.org.br/?p=21152
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Artigos:
http://g1.globo.com/rj/sul-do-rio-costa-verde/noticia/2016/06/jovem-e-morto-tiros-em-disputa-de-terra-em-
trindade-em-paraty-rj.html
http://rioonwatch.org.br/?p=21152
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Reunião de Formação
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- Atividades Extras
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Participação nos programas da Rádio Caiçara e realização de vinhetas avisando das reu-
niões e divulgando técnicas agroecológicas.
Com os jovens foi organizada a produção de uma festa jovem, com a seleção de
músicas, organização do som, do espaço e dos convidados. Foi formado o time de djs me-
ninas do Pouso da Cajaíba, foi realizada a festa no Encontro de Jovens da Reserva da Jua-
tinga/INEA/Fórum de Comunidades Tradicionais.
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Atividades:
Fotos da superior esquerda para direita:Jussara Sono; Oficina Escola Pouso; Sala de Aula; Distribuição Mudas e
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Oficinas de Artesanato
Gincana
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- M e mó ri a Cu lt u ra l
- P e rm ac u lt u r a
É o griô que, com suas histórias fascinantes, faz circular o aprendizado ancestral
que adquiriu de maneira diferenciada, se comparado ao aprendizado formal nas escolas.
Na maior parte das vezes há referência aos mitos e à ancestralidade da própria comunida-
de nos momentos de aprendizado.
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Banner História
Foi elaborada uma pesquisa com os moradores, mestres, grios, pesquisadores e na biblio-
grafia e produção audiovisual sobre as comunidades. O produto final da pesquisa do Pou-
so foi printado em um enorme banner, que está na Casa de Cultura do Pouso.
Em parceria com o ProExt Raízes e Frutos foi realizada atividade de cartografia so-
cial com as crianças, gerando reflexões e perspectivas pedagógicas sobre o território e a
identidade dos jovens moradores com seu lugar.
Foi elaborado com os agentes jovens um projeto de guias locais jovens para atuar na
Reserva Ecológica da Juatinga, focando na memória e na cultura local. Com roteiros que
valorizam os lugares de memória e os saberes tradicionais. Depois da elaboração os jo-
vens, treinamos a apresentação do projeto. Houve um intercâmbio com o Quilombo do
Campinho para conhecer a experiência, apresentar a proposta elaborada e trocar direta-
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mente com outra comunidade tradicional a experiência de Turismo de Base, como também
da Casa de Artesanato do Campinho, como se organizam, quem gere, quem ganha etc.
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Meta:
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Reuniões Comunitárias
Foto Superior - Reunião de Apresentação Sono Foto Abaixo - Reunião de Prestação de Contas do Pouso
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Produtos
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Fotos feitas com a câmera do PDC: da esquerda para direita: Aula do Domingos-intercâmbio de educação diferen-
ciada com Aldeia Guarani; Turma de azul marinho; Dia da família na escola.
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Avaliação
Resultados Finais
– Produção de Conteúdo
– Capacitação Técnica
Acreditamos que com o fortalecimento das ações ao longo desses anos contribuí-
mos para o maior empoderamento da comunidade no que se refere ao contato com mídias
livres. A comunidade do Pouso da Cajaíba apresentou uma demanda pela formação de
agentes comunitários e professores caiçaras locais, de nível fundamental e médio, uma vez
que, não fazendo parte da comunidade, esses profissionais costumam abandonar o cargo
em vista da dificuldade de acesso ao local. Entretanto, foram firmadas parcerias com as
secretarias municipais de cultura e assistência social para continuidade das oficinas de ar-
tesanato e futebol, porém mesmo com as mesmas secretarias tendo realizado reuniões co-
munitárias para firmar o compromisso, as oficinas não foram realizadas pelos órgãos pú-
blicos, frustrando a comunidade quanto a continuidade do processo de aprendizagem.
A execução do edital Ponto de Cultura foi uma das únicas presença de poder públi-
co, entendido de forma ampla, como representação do governo e suas políticas públicas,
na comunidade do Pouso da Cajaíba, no período de execução do projeto, para além da es-
cola pública e a agente de saúde da família. Na comunidade do Sono, houve também a
presença da Fundação Oswaldo Cruz/FIOCRUZ, que executa um projeto de saneamento
ecológico nesta comunidade, em parceria com o Forum de Comunidades/FCT.
Considerações finais
A execução do 3o ano do Ponto, junto com as atividades não-executadas do 2o ano
foi um processo muito desafiador, porém muito rico. Perceber a importância desse projeto,
da Rede Nacional de Pontos de Cultura, da conquista da Lei Cultura Viva, tudo isso faz
com que se perceba o impacto revolucionário desse projeto nos lugares mais diversos do
território nacional. No caso das comunidades do Pouso e do Sono, o espaço do Ponto de
Cultura funcionou como um território de resistência do movimento em prol de uma edu-
cação diferenciada, de acordo com o Decreto 6040, que corresponda ao contexto da cultura
tradicional local. Desta maneira, o desenvolvimento do terceiro ano de trabalho do Ponto
de Cultura Caiçara da Juatinga foi de extrema relevância para a continuidade de um pro-
cesso de empoderamento e autonomia no que se refere à apropriação de tecnologias e mí-
dias sociais por comunidades tradicionais.
Infelizmente a continuidade do projeto é uma das maiores criticas que os morado-
res fazem ao projeto, porque mesmo as parcerias firmadas com a prefeitura de Paraty não
foram cumpridas e o projeto hoje e continuado precariamente no Pouso pelo Grupo Ges-
tor, pelo projeto de educação diferenciada do Fórum de Comunidades Tradicionais, que
utiliza os equipamentos e o espaço para oficinas e pelo Projeto de Extensao Raizes e Fru-
tos, que por escassez de recursos realiza apenas as exibições de cinema e algumas oficinas.
No Sono a situação é pior, porque a Associação de Moradores é a única responsável pela
continuidade e realiza atividades no espaço quando possível em parceria com o mesmo
projeto de educação diferenciada do FCT.
Mesmo com as duas lojas de produtos artesanais montadas em ambas as comuni-
dades, não houve interesse por parte dos moradores em tocar a venda, mesmo após todas
as formações, porque os jovens que eram o alvo da continuidade do projeto são em parte
absorvidos pela pesca embarcada, que possui uma dinâmica extremamente dura e o públi-
co feminino em geral vive com os pais e não busca alternativas de renda, e quando se ca-
sam vivem com a renda proveniente dos maridos que ou trabalham na pesca embarcada
ou na construçãoo civil. Apesar disso, no Sono, as negociações para que se crie um grupo
de artesãos gestores da loja continua e no Pouso esperamos que os processos de educação
diferenciada permitam que os jovens possam ter mais opções de horizonte de vida além
da pesca embarcada, da construção civil e no caso feminino, o casamento.
Os roteiros de Turismo de Base Comunitária que eram demandas locais foram rea-
lizados e hoje continuam como caminhos possíveis para o desenvolvimento de novas for-
mas de geração de renda e conservação da natureza, valorizando a cultura caiçara, mas
que dependem diretamente do empoderamento das mesmas comunidades e como proces-
sos culturais são sempre de longo prazo e trabalhos que dependem do cotidiano para se
materializarem só nos próximos anos poderemos ver os resultados.
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