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Fui até minha casa e ao chegar lá falei:
- Salustiano seu cabra, eu tava quase beijando a Sandila quando você chegar
pra mim atrás de cebola? Eu só não te esbofetei na frente de Sandila por que
eu não queria fazer feio na frente dela, mas a vontade era no corpo todinho.
- Calma Manel, meu amigão. Eu tenho um segredo pra lhe contar. É porque
não quis falar na frente de Sandila.
- E que segredo é esse?
Salustiano fez uma pausa e como se estivesse analisando a qualidade das
palhas da cebola, foi logo interrompido por mim que já estava desempaciente e
por demais curioso.
- Desenrola, homem – falei esbravejando - e espero que seja uma novidade
muito boa, porque ainda tô te cozinhando na água pouca.
- Calma Manezim. Se acalme.
Nesse momento Salustiano se aproximou e falou baixo que quase eu não
consigo escutar
- Meu pai andando pelo serrote, aquele que faz muitos anos que ninguém anda
por lá...
- Sei, continue.
- Ele encontrou um lugar maravilhoso. Praticamente um oásis, com plantas,
vegetação, animais, e está praticamente intacto.
- Como é possível existir um lugar assim? E tão perto? Você deve estar
mentido.
- Claro que não. Porque eu iria inventar uma história dessa pra você?
- Tudo bem, mas eu só acredito que esse local está assim, se eu ver.
Manteve-se um silêncio e logo foi quebrado pela fala dos dois ao mesmo
tempo:
- Vamos lá!
- Vamos lá!
Eu e meu amigo saímos correndo pelos caminhos ressequidos, secos sem um
sinal de vegetação nativa e com muita poeira e lajedos aflorados por toda
parte, debaixo de um sol de 40°C.
Após uns 40 minutos de caminhada, chegamos ao pé da serra, minha sorte é
que tinha levado minha moringa com um pouco de água que tinha em casa.
Começamos a subir e a medida que nos aproximávamos vimos ao longe uma
área que tinha a aparência verdejante como há muitos anos não tinha visto.
A medida que me aproximava meu ceticismos foi se dissipando e passei a
acreditar em Salustiano que a cada passo me esnobava como que desejasse
um pedido de desculpas por não ter acreditado no seu amigo velho de guerra.
A pouco menos de 100 metros, ouvimos tiros vindos em nossa direção.
Rapidamente nos abaixamos para não sermos atingidos e logo percebemos
que eram uma área monitorada pelos aguaceiros que sempre vinha para a
cidade roubar nossos mantimentos.
Eles começaram a nos perseguir e saímos em apuros em busca de um abrigo,
quando de repente chegamos em um precipício onde ficamos encurralados.
- O que vocês querem aqui?
- Nada, respondi. Só estávamos só andando um pouco.
- Vocês vão morrer. Ninguém entra aqui e sai vivo.
- Calma, podemos explicar...
- Ah, você é aquele rapazinho insolente que pediu pra eu deixar aquela moça
da cidade em paz.
- Sim, sou eu mesmo.
- Vocês são namoradinhos? Ha, ha, ha, ha...
- Não é da sua conta.
- É, deixa pra lá mesmo. Vamos ao que interessa. Vocês preferem soltar desse
precipício e morrer lá em baixo ou querem que eu atire e mate vocês aqui
mesmo?
Nesse momento eu meu amigo nos olhamos e vimos que não tínhamos saída,
quando de repente ouvimos um barulho de um drone tripulado sobrevoando a
área onde estávamos. Era o drone do governo que estava fazendo uma vistoria
da área para saber onde iria implantar uma torre de controle militar.
Os aguaceiros, assustados, fogem, pois poderiam ser presos pelos militares. E
assim ficamos a salvo. Assim ficamos a salvo e voltamos para a cidade.
No caminho começamos a perceber que ainda existia uma possibilidade de
gera alimento para a população.
Foi ai que tivemos a ideia de começar a pesquisa sobre como fazer o cultivo da
permacultura, que tanto tínhamos ouvido falar no passado quando éramos
estudantes do ensino fundamental, mas nunca demos importância.
Começamos a pesquisar e a conseguir algumas poucas mudas de arvores que
conseguimos com muito esforço e com preço muito alto, pois tudo que era
natural, tinha um preço muito elevado eram muito escassos, incluindo, plantas,
ar, água, animais, frutas, e tudo mais.
Precisavamos além do investimento ter o maior cuidado para que as mudas
não morressem que era uma probabilidade muito grande, além de que não
dispúnhamos de muita água.
Com muito cuidado e com um pouco de sorte conseguimos fazer com que as
mudas crescessem. Conseguimos convencer algumas pessoas da comunidade
pra que nos ajudassem nessa ideia de iniciar um novo cultivo em nossos
quintais e ajudando inclusive financeiramente, dentro de suas posses, pois até
o dinheiro era muito difícil, pois todos viviam somente da ajuda dos auxílios do
governo que a cada ano em vez de aumentar, diminuía para manter as regalias
do governo central que agora era uma ditadura e precisava manter seus
esquemas de corrupção enquanto o povo cada vez sofria mais.
Apesar de todos as dificuldades, conseguimos criar diversos quintais
produtivos baseados no modelo da permacultura. Assim conseguimos o
respeito do governo e também dos aguaceiros que passaram a nos apoiar pois
viram que a população estava melhorando suas condições em meio as
adversidades climáticas e com isso passaram eles mesmos a contribuir com o
desenvolvimento social, ecológico e financeiro da comunidade.
Os governos ditadores foram enfim destituídos e um governo honesto e
preocupado com a população foi eleito e passou a governar com justiça e
equidade e passou a trabalhar para que nosso país melhorasse, sendo que o
mesmo passou a adotar um melhor cuidado com a natureza e canalizar nossas
reservas naturais de maneira igualitária para todo o país e assim passamos a
ter uma melhor qualidade de vida a nível nacional.
Os aguaceiros, muitos morreram, pois havia muita disputas entre eles mesmos,
outros deixaram a vida erra e passaram a buscar um vida como cidadão de
bem.
Com o passar dos anos enfim casei com Sandila e tivemos 2 filhos que foram
educados a viver de maneira harmoniosa com a natureza.
Salustiano, acabou se tornando técnico e passou a ministrar palestras em
outras cidades e ajudar outras comunidade na implantação da permacultura
como meio de sobrevivência em situações climáticas extremas.