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Sobre o autor
Nilson Dias é gerente de projetos e sócio
fundador do Instituto Pindorama. Analista de
sistemas com MBA em gestão de projetos pela
FGV e graduado em arquitetura. Permacultor
com foco em bioconstrução com bambu e
solo, uso de energias alternativas e biogás.
Dedica-se à pesquisa e ao desenvolvimento
de projetos que aliam tecnologias de ponta
a recursos renováveis.

É considerado referência nas áreas de


permacultura, sustentabilidade e transição
de vida, tendo realizado diversas palestras
e cursos pelo Brasil e na sede do Instituto
Pindorama em Nova Friburgo, onde reside
e trabalha.

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Este é um material gratuito do Instituto Pindorama. Portanto, é permitida
e incentivada a distribuição deste livro em canais de comunicação,
desde que sejam atribuídos os devidos créditos ao Instituto.

Produção e conteúdo:
Nilson Dias – Instituto Pindorama
Nativa Comunicação Estratégica & Consultoria

Capa, projeto gráfico, ilustrações e diagramação:


Nativa Comunicação Estratégica & Consultoria
www.nativacom.com.br
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Índice
Prefácio...........................................................................................................................7

Como transformei um sítio abandonado.........................................................................12

Transição da cidade para o campo.................................................................................14

Breve introdução à permacultura...................................................................................21

Escolhendo um sítio para compra..................................................................................25

Identificando a aptidão da terra.....................................................................................29

Identificando a aptidão do empreendedor......................................................................30

Escolhendo a melhor forma de se institucionalizar.........................................................32

O que são empreendimentos sustentáveis?....................................................................33

Ferramentas para desenvolvimento do seu empreendimento.........................................34

Criando uma presença online para seu empreendimento................................................39

Implementando os modelos de negócio.........................................................................40

Uma forma diferente de atrair e remunerar colaboradores..............................................41

Cuidados para o sítio não virar um ralo de dinheiro........................................................42

Considerações finais......................................................................................................43

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Prefácio
É engraçado olhar para trás e me lembrar das pessoas, livros e experiências que me trouxeram
até aqui. Nasci em uma família de produtores rurais bem estabelecida no comércio de
Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Brinquei com terra, bolinha de gude, carrinho de rolimã
e plantas. Ao mesmo tempo, tive acesso a videogames e computadores. E, ainda pequeno,
descobri que tinha dom para vendas e me interessei por marketing.

Aos quatro anos, montei uma venda de caquis orgânicos na porta de casa. Cresci tendo
a cartilha de pequenos negócios do Sebrae como minha revista favorita. Adorava assistir
ao Pequenas Empresas, Grandes Negócios. Meus super-heróis eram de carne e osso: Hans
Donner, um dos mestres da computação gráfica da época; e Washington Olivetto, da W Brasil,
que apresentava os melhores comerciais do mundo no programa “Intervalo”.

Esse impulso me transformou em quem sou hoje. Me fez abandonar um cargo de gerência
em uma multinacional, aos 23 anos, por estar infeliz com a vida na cidade grande. Me trouxe
de volta para o sítio da família, buscando um lugar que me possibilitasse produzir meu
próprio alimento e imergir em práticas espirituais. Quando me dei conta, estava resgatando
técnicas do meu avô e descobri que isso tinha um nome e uma metodologia: permacultura.

Isso transformou meu olhar para o sítio e para o que, hoje, chamo de empreendimentos
sustentáveis. Este livro é dedicado a todos que sonham em reativar um pedaço de terra ou
se mudar para o campo, descontentes com a complexidade dos grandes centros urbanos.
Não é só para sonhadores. É para quem deseja gerir a terra e transformá-la, seja em um
terreno próprio ou em um arrendamento. Quero mostrar tudo que é preciso para assumir
um desafio como este e ter mais chances de sucesso.

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Capítulo 1

Como transformei um
sítio abandonado

O Pindorama surgiu da junção de pequenos sítios comprados pelo


meu avô, Nelson Dias, a partir de 1940. Os 27 alqueires – ou 50
hectares (500.000 m²) – já viram a produção de café, gado leiteiro
e de flores. Meu avô, inclusive, foi um dos pioneiros no cultivo
de rosas coloridas no Rio de Janeiro, com mudas importadas da
França e reconhecimento do então presidente Getúlio Vargas em
um concurso de cultivo de orquídeas.

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Meu pai nasceu no sítio, em 1942. Depois de 25 anos, eles se mudaram para uma linda casa,
projetada por um renomado arquiteto, graças ao sucesso do plantio de flores.

Em 1967, foi criada a Floricultura Nelson – e está em funcionamento até hoje. Em uma
cidade pequena como Friburgo, o negócio foi uma mina de ouro. Com poucas opções para
presentear mães e esposas, filas se formavam para comprar buquês. Três vezes por semana,
meus parentes iam ao sítio para colher flores e cuidar dos plantios. Mas o acesso barato
a outros produtores e a concorrência com São Paulo fizeram com que o sítio entrasse em
decadência. Em 2011, um evento climático destruiu as últimas estufas de cultivo, encerrando
o ciclo de flores de corte no Pindorama.

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Antes disso, porém, cheguei lá para construir minha primeira casa. Em 2008, tinha acabado
de me aprofundar nos estudos da arquitetura védica, baseada em escrituras sagradas da
Índia, e desenhei uma planta respeitando os preceitos conhecidos como Vastu Shastra.
Como primeira obra de um leigo, tivemos erros e acertos. Mas, desde o início, uma ideia de
sustentabilidade norteou o projeto.

A casa contava com um sistema de iluminação com lâmpadas de LED, que está lá até hoje.
Conectado a um sistema fotovoltaico de energia solar, ele foi essencial nos três meses após
o evento climático de 2011. A casa também contava com um boiler, conectado ao fogão à
lenha, que posteriormente foi unido ao sistema de aquecimento solar de água. No segundo
andar, utilizamos madeira de pinus para o assoalho.

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Depois foi a vez de trabalharmos na centenária casa em que meu pai nasceu. Duas paredes
já tinham colapsado, o telhado cerâmico apresentava goteiras e o espaço era usado como
depósito de ferramentas, entulhos e lixo. Foram dois anos, entre 2014 e 2016, para transformá-
la em dormitório para alunos dos nossos cursos, com mutirões e palestras que ajudaram a
viabilizar a compra de materiais.

Dessa mesma forma surgiram edículas para nossas salas de aula, escritório e banheiros, que
tornaram a casa autossuficiente. Atualmente, ela possui uma usina fotovoltaica – conectada a
um banco de baterias, a um sistema híbrido e à rede da concessionária de energia. O gás da
cozinha é gerado pelos dejetos dos banheiros e a água filtrada pelo teto verde é reutilizada.

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Como foi o financiamento? O sucesso foi tão grande que, em 2009,
tivemos quatro turmas no curso de Construção
Quando fui morar no sítio, um amigo do
com Bambu, ministrado pelo engenheiro
meu irmão identificou que o bambu gigante
Bruno Salles – o amigo do meu irmão – e
existente na propriedade podia ser usado
viabilizadas por anúncios no Google. Da
como material de construção. A princípio,
construção, passamos para o mobiliário.
não botei fé, mas construímos um tanque de
Alguns anos depois, tínhamos duas turmas
alvenaria para tratar o material e a primeira
por ano no curso Design com Permacultura.
leva foi utilizada para construção de nossa
E essas aulas foram fundamentais para
bambuzeria escola.
viabilizar nossas construções.

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Capítulo 2

Transição da cidade
para o campo
Em 2012, a população urbana mundial Não vou entrar no tópico de educação
ultrapassou a rural pela primeira vez. O financeira nesse livro, pois existem diversos
aumento da densidade demográfica, somado conteúdos na internet sobre isso. Mas para
às políticas econômicas baseadas na indústria quem busca fazer a transição, ter um pé de
do petróleo, têm tornando as cidades meia é fundamental. Era algo que eu queria
insuportáveis. Poluição, engarrafamentos e ter feito quando comecei, inclusive.
alto custo de vida são apenas alguns desses
fatores que impactaram a minha decisão e Eu poderia ter ficado mais alguns anos no
de muitos outros que conheci nesse caminho. mercado corporativo antes de começar o
Instituto, mas perderia a oportunidade de
Quando fui chamado para trabalhar na IBM, ser um pioneiro no Rio de Janeiro. Uma das
em São Paulo, decidi agarrar a oportunidade. pessoas para qual dou mentoria, porém, está
Internamente, porém, me questionava sobre no mercado e possui liberdade para trabalhar
o mercado corporativo e a vida nas grandes via home office. Ela juntou R$ 1 milhão para
cidades. Quando me permitiram o home office, aplicar no Instituto de Permacultura que está
voltei para Nova Friburgo e me aproximei da abrindo e, certamente, a curva de ação dele
busca por uma vida mais simples. Cerca de um será mais acentuada do que a minha.
ano depois, minha avó faleceu e herdamos o
sítio. Não consegui ficar mais tempo na IBM Sem reservas, você pode acabar não tendo
e trouxe pouco menos de R$ 50 mil para fôlego para se aventurar nos primeiros anos
investir. e pode acabar com dívidas. É preciso pensar
bem antes de tomar a decisão.
Minha história não é incomum. Muitos têm
ido na contramão das tendências e saem
rumo ao interior. Para isso, porém, é preciso
se planejar. O tempo que levei entre sair da
IBM e começar meu sonho foi importante
para amadurecer a ideia.

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Quando fazer a transição? 3. Capacite-se e socialize
Mesmo que você tenha uma rede de contatos
Essa é uma pergunta difícil de ser respondida.
ligada ao seu ramo de atuação, é preciso
Conheci mais de mil pessoas em transição,
construir novas conexões para essa fase que
com diversas histórias. Jovens com pais em boa
se inicia. A participação em coletivos, mutirões
situação financeira para manter as atividades.
e movimentos locais contribui para criar
Jovens sem dinheiro, que viajam por fazendas
laços. Lembro-me de como aproveitava meu
orgânicas mundo afora. Profissionais próximos
tempo quando morava em São Paulo, pois era
da aposentadoria, que pretendem usar as
praticamente impossível me encontrar em
terras para alguma atividade. Pessoas de meia
casa nos finais de semana com tanta coisa
idade que chutaram o balde. Desempregados,
interessante acontecendo. É preciso usar bem
que não tiveram escolha após anos tentando
seu tempo.
se recolocar no mercado. Enfim, é algo muito
pessoal. Muitas vezes a vida não permite
4. Obtenha rendimentos extras
seguir um roteiro, mas podemos traçar metas
Mesmo sendo econômico, o orçamento
para que a transição seja menos conturbada.
pode ficar apertado durante a transição.
Nesse caso, desenvolva uma fonte de renda
1. Leve uma vida mais simples
extra. Alguns fazem pães ou geleias, outros
Se pretende ir para o campo, entenda que
preferem ebooks e infoprodutos. Horas extras
as facilidades da cidade grande não estarão
ou um segundo trabalho também são opções.
mais na esquina. Comece a cortar gastos
É preciso ver o que melhor se adapta à sua
desnecessários, ande mais a pé, se livre do
realidade e se preparar.
carro e more em um lugar mais simples.
Prepare suas refeições e evite o delivery.
Mas investir em um negócio próprio não é
Frequente feiras livres, busque produtores
a única forma de fazer a transição. Alguns
orgânicos e aproveite para se alimentar
optam por cortar ao máximo os vínculos
melhor e gastando menos.
com posses e dinheiro. Alguns utilizam seus
dons culinários, de plantio ou de construção
2. Aplique bem seu dinheiro
para serem disputados por grandes ecovilas,
Parece hipocrisia falar de viver fora do sistema
ganhando um passaporte para ter casa,
e, ao mesmo tempo, indicar que se aplique o
alimentação e um grupo de pessoas que irão
capital. Mas não podemos tratar o dinheiro
amar te receber. Desde que você consiga se
com desprezo ou excesso de apego, devemos
organizar, são muitas opções possíveis.
é cuidar para que ele trabalhe para você. Não
posso indicar o melhor caminho porque cada
pessoa tem um perfil de investimento, então
é preciso estudar. Ter um dinheiro aplicado
ajuda a lidar com gastos inesperados e com
oportunidades imperdíveis.

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Capítulo 3

Breve introdução
à permacultura
O conceito de permacultura foi desenvolvido • A extração de combustíveis fósseis
pelo cientista australiano Bill Mollison, em é considerada a raiz do crescimento
parceria com o aluno David Holmgren, no populacional e tecnológico, bem como das
final da década de 1970. As práticas foram características da sociedade de consumo.
estudadas em uma tese acadêmica, testada e • A crise ambiental é real e sem precedentes
vivenciada por ambos, e baseada em sistemas para nossa sociedade, colocando em risco
produtivos organicamente integrados. a qualidade de vida e a sobrevivência da
O nome faz referência à “cultura permanente”, espécie humana.
termo inspirado por povos que viviam dessa
• Os impactos da sociedade industrial e do
maneira ao redor do mundo.
crescimento populacional impactam mais
a biodiversidade do planeta do que tudo o
Os pesquisadores começaram a sistematizar
que foi feito nos séculos anteriores.
e associar tais práticas ancestrais às
tecnologias mais modernas, de modo a • O esgotamento inevitável dos recursos
projetar, estabelecer e manter assentamentos naturais dentro de algumas gerações
sustentáveis. Ou seja, o projeto permacultural culminará em um retorno gradual a práticas
se tornou uma integração harmoniosa entre pré-industriais, baseadas em recursos e
pessoas e paisagem, provendo alimentação, energias renováveis.
energia e habitação de forma orgânica e ética.
A permacultura apenas se antecipa à
Muitas organizações e propriedades rurais progressiva redução do consumo de
têm incorporado a permacultura para criar energia fóssil e de recursos finitos. E tudo é
espaços em que as práticas de cuidado com o fundamentado conceitual e cientificamente
planeta sejam tão corriqueiras quanto limpar por diversas fontes, como o trabalho do
o banheiro. Algumas hipóteses levantadas no ecologista norte-americano Howard Odum,
livro Permacultura Um, de Bill Mollison, são usado por Mollison como inspiração para o
consideradas fundamentais nesse processo: estudo.

• O homem está sujeito às mesmas leis


científicas que governam o mundo material.

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Princípios éticos 2. Capture e armazene energia
O sol envia 47 bilhões de kW por segundo à
Os três princípios éticos que governam
Terra, uma energia que foi capaz de manter
a permacultura são um freio para
a vida em todas as civilizações anteriores à
instintos egoístas de indivíduo ou de
nossa. E se o modo de vida atual não pode ser
grupos (organização, cidade, nação etc.),
mantido dessa forma, algo precisa ser revisto.
proporcionando uma visão de longo prazo
Na permacultura, a energia é vista como parte
das consequências de nossas ações:
de um sistema. Construir uma composteira
próxima à cozinha e uma horta pouco mais
• Cuidado com a Terra: solos, florestas, água,
adiante, por exemplo, é uma opção para se
ar, animais e meio ambiente.
gastar menos energia – seja de combustível
• Cuidado com as pessoas: consigo mesmo, para transporte dos resíduos, seja de calorias
com a família e com a comunidade. e tempo de trabalho humano.
•Partilha justa: estabelecer limites para
o consumo e distribuir os excedentes. Além disso, as energias alternativas no Brasil
começam a ficar mais acessíveis ao consumidor
Princípios de design final, mesmo com as flutuações do câmbio.
Levar em consideração a visão sistêmica Coletores solares podem abolir chuveiros
dos assentamentos humanos e do planeta, elétricos e aerogeradores, microturbinas
baseando-se na ecologia de sistemas, de hidráulicas e placas fotovoltaicas podem
Odum. Assim podem ser caracterizados os até mesmo zerar a conta de energia.
princípios de design na permacultura, nos
convidando a consolidar um pensamento 3. Obtenha rendimento
sistêmico. Isso, claro, a partir do estudo do Os designs devem ser planejados para
mundo natural e das sociedades sustentáveis assegurar rendimentos a todos os impactados.
pré-industriais, observando o que pode ser Em Sistemas Agroflorestais (SAF), por exemplo,
adotado tanto em contextos de abundância esses rendimentos são aproveitados por
ecológica quanto na escassez. humanos, animais e pelas próprias plantas.
E, por menor que seja nossa intervenção, os
1. Observe e interaja impactos podem ser expandidos e ganhar em
A natureza fornece insumos para desenhar escala. Uma ação simples de compostagem
soluções adequadas à cada situação. em casa pode ser levada para o condomínio
Intervenções humanas no ambiente – sejam e gerar toneladas de resíduos orgânicos para
elas físicas ou socioeconômicas – devem adubar os alimentos de todos.
ser baseadas em observações cuidadosas,
com base científica e usando a intuição. Ao 4. Pratique autorregulação e aceite feedback
construir uma habitação, por exemplo, é ideal Sem a prática da autorregulação ou do
acampar no terreno por alguns dias, em cada consumo consciente, estamos fadados à
estação do ano, para observar os fatores que extinção. O pensamento linearista, no qual
podem influenciar o projeto, como sentido se extrai um recurso natural para processá-lo,
do vento, posição do sol etc. vendê-lo, utilizá-lo e descartá-lo em aterros

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sanitários, não mais se sustenta. Devemos “fora”. Logo, não é possível “jogar o lixo fora”.
agir com consciência e refletir antes de Tudo pode ser reciclado ou reaproveitado.
adquirir um bem ou serviço, destinar nossos O consumo consciente, somado a uma
resíduos de forma adequada e atuar junto aos análise criteriosa dos sistemas, proporciona
conselhos municipais, Ministério Público e uma drástica diminuição do desperdício de
Justiça para que as políticas sanitárias sejam recursos renováveis e não renováveis.
cumpridas.
Analisar o fluxo de entrada e saída dos
Outro ponto importante é aceitar o feedback elementos, aliás, é um dos exercícios na
e as críticas positivas. Realizar um autoexame concepção de um desenho permacultural.
quando formos criticados por alguém ou por Assim é possível determinar o caminho
um sistema novo, como a permacultura. Assim percorrido e evitar o desperdício, além de
podemos crescer como indivíduos. Afinal, obter rendimentos para a manutenção do
o planeta não deve ser uma preocupação sítio.
imediata. Ocupe-se da sua casa e do seu
bairro. Se cada um fizer isso, o todo se 7. Parta dos padrões para chegar aos detalhes
harmonizará. Os padrões da natureza e da sociedade
constituem a espinha dorsal de nossos
5. Utilize e prefira recursos e serviços projetos. A sabedoria de milhões de anos
renováveis vinda do meio ambiente nos apresenta
Tire o melhor proveito da natureza para padrões como espirais, fractais e mandalas.
eliminar o consumismo e a dependência As teias de aranha, com suas linhas radiais
de recursos não renováveis. Por mais que e concêntricas, são um bom exemplo disso.
pareça infinito, o petróleo atingiu seu pico O padrão serviu de inspiração para planejar
de produção há algumas décadas. Precisamos zonas e setores e para a montagem da espiral
buscar fontes alternativas, como polímeros de de ervas. E essas inspirações são estudadas há
origem vegetal – base de mamona, mandioca séculos, em uma área chamada biomimetismo.
e até mesmo de cannabis. Para os automóveis
também já existem opções, como veículos 8. Integrar ao invés de segregar
elétricos ou a hidrogênio. Colocar cada elemento no local adequado,
para que um coopere com o outro. O
A lógica do permacultor admite o uso permacultor deve desenvolver uma visão
moderado de recursos não renováveis (como ampla para inter-relacionar elementos e fazer
ferro, alumínio e petróleo), e incrementa o uso com que o projeto seja o mais funcional e
de recursos renováveis, como bambu, fibras demande menor recursos externos. Quando
naturais, energia eólica e solar e meios de se desenvolve essa visão holística do sistema,
transporte sustentáveis. Tudo para manter o profissional chega às seguintes conclusões:
um equilíbrio entre as ações.
• Cada elemento deve exercer mais de
6. Evite o desperdício uma função.
A palavra “lixo” não existe. Também não existe

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• Uma função importante deve ser suportada 2. Utilize e valorize a diversidade
por mais de um elemento. Incentivar a biodiversidade reduz a gama de
ameaças, permitindo aproveitar melhor todas
Um exemplo é o fogão a lenha na sede as características do habitat. Na monocultura,
do Instituto Pindorama. Ele exerce várias há maior suscetibilidade a doenças e pragas,
funções: cozinhar alimentos em panelas ou além do uso de fertilizantes químicos e
forno, aquecer o ambiente e a água do boiler pesticidas. Em um cultivo diverso, com
para mais de 15 pessoas por dia. Com um só muitas espécies sendo valorizadas ao mesmo
elemento é possível substituir uma lareira, tempo, há maior soberania alimentar, com
um fogão e uma resistência elétrica. Isso mais chances de prosperar perante variações
sem contar o entretenimento de se sentar climáticas e ataque de pragas.
em frente a ele.
Além disso, precisamos pensar em
Além disso, funções importantes devem substituições. Nossa cultura alimentar
ser suportadas por mais de um elemento. impor tou muitos hábitos europeus.
Uma instituição de ensino que necessita de Cultivamos hortaliças que exigem aporte
energia elétrica para funcionar precisa ter de fertilizantes, como é o caso do brócolis
mais de uma fonte, como a fotovoltaica e a e da couve-flor, enquanto temos plantas
proveniente da concessionária. Assim não há alimentícias espontâneas (beldroega, ora-
desabastecimento e ninguém é prejudicado. pro-nóbis e urtiga) que são mais nutritivas e
não requerem irrigação nem adubação.
Isso também pode ser visto pelo aspecto
das relações humanas. Ao invés de nos 3. Aproveite as bordas e valorize elementos
segregarmos por dogmas, status social, marginais
dieta e outras aparentes diferenças, devemos Os eventos mais interativos e interessantes
encontrar formas de nos integrar, com foco ocorrem nas margens. É onde estão os
em um benefício mútuo. elementos mais valiosos, diversificados e
produtivos de um sistema – como na junção
1. Utilize soluções pequenas e graduais de dois biomas. A interseção entre o Cerrado
Respostas amplas e rápidas costumam ser e a Mata Atlântica, por exemplo, tem uma
acompanhadas por um impacto ambiental, não enorme diversidade de espécies. Se cai uma
raro irreversível. Manter um sistema pequeno árvore, o espaço entre a tora e o solo torna-se
e lento contribui para o uso adequado dos um local rico, com fungos e insetos. Nosso
recursos locais, preservando o espaço. Ao solo é uma camada borbulhante de vida, com
adubar um plantio com esterco, farinha de aproximadamente 20 milhões de fungos e
ossos e pó de rocha – que não degrada o bactérias por cm³. Aumentar essa área é sinal
solo –, seguimos esse princípio. Da mesma de produtividade.
forma, quando usamos mudas de semente
ou estaquia em nosso sistema agroflorestal, 4. Responda criativamente às mudanças
as pequenas soluções são benéficas a todos Este princípio é definido pela resiliência. Se
da cadeia. observamos com atenção e intervirmos nos

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momentos certos, é possível termos impactos Zoneamento
positivos. O filme A revolução dos cocos
O zoneamento é definido conforme o número
ilustra isso de forma fantástica, mostrando
de vezes que você visita cada elemento
como o embargo de Papua Nova Guiné à
(planta, animal, estufa) e a necessidade
Ilha de Bougainville aumentou a resiliência
de acompanhamento e manutenção. Ou
e a criatividade de um povo massacrado por
seja, é uma forma abstrata de lidar com
atrocidades da maior empresa de mineração
as distâncias, criando conexões de acesso
do mundo.
e de abastecimento de insumos. A meta é
assegurar que cada elemento sirva a mais de
Capacidade semelhante pode ser observada
um centro de atividades de forma orgânica.
em O poder da comunidade: como Cuba
sobreviveu ao pico do petróleo. O filme conta
Em alguns casos, a topografia e o acesso
como os cubanos responderam à escassez de
podem significar que a área menos utilizada
petróleo no embargo imposto pelos Estados
(Zona 5) se situe próximo à área mais usada
Unidos, somado à queda da União Soviética.
(Zona 1). É o caso, por exemplo, de uma
encosta íngreme de floresta imediatamente
5. Planejamento por zonas e setores
atrás da casa. Isso precisa ser bem trabalhado
A observação minuciosa do ambiente nos leva
no planejamento, mas pensar nisso é o que
a avaliar como as energias externas podem
tornará o projeto mais funcional e resiliente.
impactar o sistema e o design proposto. Isso é
levado em consideração em um planejamento
Zona 0 – Centro de atividades
por setores. Podemos direcionar o vento a um
É onde as principais ações ocorrem, como
aerogerador ou bloqueá-lo com um pomar,
casas e galpões. A Zona 0 é ajustada de
por exemplo. E isso também pode ser feito
acordo com as necessidades dos ocupantes
com outras fontes, como luz solar, chuvas,
e planejada para conservar energia. Não é
correntes de água, fogo, ruídos ambientais,
por acaso, inclusive, que muitas ferramentas
maresia etc.
apresentadas neste livro são dedicadas às
Zonas 0 e 1, pois são as que exigem um maior
Já o planejamento por zonas pressupõe a
investimento.
alocação dos elementos de acordo com a
frequência de interação, garantindo a menor
Quando o zoneamento é aplicado ao meio
perda energética. Onde a atividade humana
urbano, geralmente se usa apenas as Zonas
é mais intensa, como em uma casa ou
0 e 1. Em aplicações rurais, há espaço para as
escritório, convenciona-se chamar de Zona
Zonas 2, 3, 4 e 5. Mas isso não é regra e seu
0. Imaginando-se anéis concêntricos, teremos
design não precisa incluir todas.
as Zonas 1, 2, 3, 4 e 5. Esta última é onde não
há mais intervenção humana, normalmente
Zona 1 – Autossuficiência doméstica
em áreas de proteção ambiental, tanto na
Perto da casa, na zona mais acessada
cidade quanto no campo.
e gerenciada. Nela não há animais de
grande porte soltos ou árvores maiores.

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Árvores pequenas e que sejam visitadas Zona 3 – Frutas e animais maiores
frequentemente, como frutíferas, podem ser • Pomares.
colocadas nesta zona. Além disso, temos: • Quebra-ventos, moitas e arvoredos.
• Árvores maiores, como carvalhos e nogueiras.
• Jardins aromáticos e paisagísticos.
• Pastagens para animais maiores.
• Oficinas e casas de ferramentas.
• Armazenamento de água em solo e açudes.
• Sementeiras, estufas e viveiros.
• Armazém de forragem.
• Pequenos animais.
• Abrigo de campo.
• Combustíveis para a casa
(gás, madeira, composto). Zona 4 – Extrativismo, floresta e ecoturismo
• Varal para roupas e locais para secagem Espaço que mescla o manejo controlado e a
de grãos. vida selvagem.
• Tanques para coleta de água de chuva
e poço. • Coleta de alimentos resistentes,
• Pilha de toras para cultivo de shitake. como pinhão, castanhas e açaí.
• Árvores não podadas.
Zona 2 – Pequenos animais e pomares • Manejo de vida selvagem.
Esta é uma zona que ainda é mantida • Floresta e trilhas ecológicas.
intensivamente, com disponibilidade de • Madeira de corte.
água apenas para as plantas. É preciso criar
• Animais de caça para obtenção de carne,
bebedouros para os animais, como gado,
onde é permitido – como o javali-do-mato
ovelhas e pássaros. Também se encontram
e outras espécies invasoras.
nessa área:
• Coleta de plantas selvagens e fitoterápicas.

•
A rbustos maiores, pomares mistos
e pequenas frutas para quebra-ventos. Zona 5 – Contemplação
• Árvores maiores, com uma camada de Sistemas não manejados e selvagens,
ervas e plantas baixas, especialmente as com áreas de preservação permanente.
de pequenas frutas. É onde termina o projetado e o design. Um
espaço para observar e aprender, ideal para
• Plantas e animais que requeiram cuidado,
meditação, no qual somos visitantes e não
com água reticulada – irrigação por
gerentes.
gotejamento.
• Galinhas e outras aves domésticas.
• G alpões, galinheiros, tanques no solo
Setores
Compreendem as fontes de energia não
e controle de fogo.
controláveis – como luz solar, vento, chuva,
• Animais em lactação que requeiram lida
fogo e fluxo de água (inclusive enchentes) –
diária – aqui ou na Zona 1.
oriundas de fora do sistema e que passam por
ele. Os setores são baseados em um diagrama,
feito de acordo com a realidade concreta
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do sítio e a partir do centro de atividades.
Alguns dos critérios que podem ser usados:

• Setor de perigo relacionado a fogo.


• Ventos frios e danosos.
• Ventos quentes, que levantam pó ou sal.
• Ângulo do sol no verão e no inverno.
• Análise a partir de açudes.
• Áreas sujeitas a enchentes.

Em cada setor, posicionamos espécies


de plantas e estruturas apropriadas para:

• Bloquear ou reduzir a entrada de energia


ou uma vista distante.
• Canalizar a energia para usos especiais.
• Abrir o setor a determinada energia.

A inclinação e a declividade também devem


ser observadas. Fazer essa análise permite
determinar o posicionamento de açudes,
tanques de água ou vertentes; planejar
estradas de acesso, drenos, desvio de
enchentes ou de correnteza; e posicionar
unidades de efluentes ou biogás, de modo a
posicionar elementos do design e manejar
energias em nosso benefício.

Resumo
Os elementos são posicionados de acordo
com a intensidade de uso (zonas), a incidência
de energias externas (setores) e o fluxo
efetivo de energia (declividade e outros
fatores geodinâmicos).

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Capítulo 4

Escolhendo um
sítio para compra
“Sítio dá duas alegrias: a primeira quando precisava estar em um local com boa logística
você compra e a segunda quando você vende.” para o sudeste. Em outra ocasião, recebi a
Essa máxima é muito conhecida e carrega visita de um voluntário no Instituto, por
consigo as dúvidas que cercam alguém que insistência da esposa. O cidadão não aguentou
pensa em adquirir uma propriedade. Tendo dois dias. Tudo incomodava: mosquitos, sol,
acompanhado vários casos assim, minha carregar pesos, fazer esforço físico. O casal até
primeira dica é: não compre. repensou sobre o sonho de morar no campo
depois da experiência.
Tente alugar ou arrendar. Sim, exatamente
isso. Há muitas pessoas buscando parcerias Se mesmo após tudo isso você ainda está
para terras em desuso e esse pode ser um decidido a comprar, vamos listar algumas
excelente ponto de partida para ganhar dicas:
intimidade com a vida rural sem assumir o
compromisso da compra. • Escolha uma região com a qual você possua
alguma identidade, mesmo que ela tenha
Mas se você deseja adquirir uma propriedade, sido construída em férias ou visitações.
use as folgas do trabalho para participar • Ao buscar uma propriedade, não use um
de experiências locais e realizar visitas. Se carro muito chamativo.
entrose com a comunidade e viva aquele • Converse com os vizinhos, descubra detalhes
espaço. Não é preciso mencionar com sobre o histórico a as características do
ninguém que você está interessado em local. Levante tudo o que for possível.
viver ali, apenas deixe fluir. Tente alugar por
• Verifique a distância até o centro urbano
temporada ou fazer parcerias para sentir a
mais próximo, as condições das estradas
vibração da região.
de acesso e se existe conexão com a
concessionária de energia.
Certa vez me foi ofertada uma terra na Bahia
• Se ainda não sabe qual atividade desenvolver,
e decidi visitar. O sítio era maravilhoso, com
busque uma terra que possua mais de uma
água e muitas árvores frutíferas, mas arcar
aptidão. Evite aquelas com características
com a viagem em si não cabia naquele
determinantes para apenas uma ou duas
meu momento de vida. Tenho pais idosos e
atividades principais.
21
• Espere o melhor momento para comprar. I – As faixas marginais de qualquer curso
Acompanho preços de sítios há alguns anos d’água natural perene e intermitente,
e o sobe e desce é constante. Pesquise, faça excluídos os efêmeros, desde a borda da
ofertas e não coloque a mão onde não calha do leito regular, em largura mínima de:
alcança. Lembre-se que é preciso sobrar a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água
dinheiro para investir no empreendimento. de menos de 10 (dez) metros de largura;
• A terra deve possuir fontes próprias de água, b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos
mas não é o fim do mundo se o acesso for d’água que tenham de 10 (dez) a 50
na nascente do vizinho. O acesso a água é (cinquenta) metros de largura;
um direito adquirido e existem formas de c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água
captação de água da chuva. que tenham de 50 (cinquenta) a 200
• Eu não compraria uma terra que fosse 100% (duzentos) metros de largura;
pasto nem uma que fosse 100% floresta, d) 200 (duzentos) metros, para os cursos
sem áreas degradadas para ocupar de forma d’água que tenham de 200 (duzentos)
sustentável. Deve haver uma mescla para a 600 (seiscentos) metros de largura;
facilitar a implementação das atividades e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos
produtivas. d’água que tenham largura superior a
600 (seiscentos) metros;
• Verifique se a terra possui o Cadastro
Ambiental Rural (CAR), que auxilia a
II – As áreas no entorno dos lagos e lagoas
Administração Pública na regularização
naturais, em faixa com largura mínima de:
ambiental. É um registro eletrônico,
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais,
obrigatório para os imóveis rurais e que
exceto para o corpo d’água com até 20
integra informações referentes à situação
(vinte) hectares de superfície, cuja faixa
das Áreas de Preservação Permanente, das
marginal será de 50 (cinquenta) metros;
áreas de Reserva Legal, das florestas e dos
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
remanescentes de vegetação nativa, das
Áreas de Uso Restrito (pantanais e planícies
III – As áreas no entorno dos reservatórios
pantaneiras) e das áreas consolidadas.
d’água artificiais, decorrentes de barramento
ou represamento de cursos d’água naturais,
O que é uma Área de Proteção
na faixa definida na licença ambiental do
Permanente (APP)?
empreendimento;
É uma área protegida, coberta ou não por
vegetação nativa, com a função ambiental
IV – As áreas no entorno das nascentes e dos
de preservar recursos hídricos, paisagem,
olhos d’água perenes, qualquer que seja sua
estabilidade geológica e biodiversidade,
situação topográfica, no raio mínimo de 50
além de facilitar o fluxo gênico de fauna e
(cinquenta) metros;
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar
das populações humanas. O Código Florestal
V – As encostas ou partes destas com
atual, no art. 4º, estabelece que elas são:
declividade superior a 45°, equivalente a 100%
(cem por cento) na linha de maior declive;

22
VI – As restingas, como fixadoras de dunas mínima, em termos percentuais relativos
ou estabilizadoras de mangues; à área do imóvel, depende da localização,
conforme abaixo:
VII – Os manguezais, em toda a sua extensão;
Imóvel situado na Amazônia Legal
VIII – As bordas dos tabuleiros ou chapadas,
até a linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 (cem) metros em
projeções horizontais;
Obs.: Imóveis que realizaram desmatamentos
IX – No topo de morros, montes, montanhas
na Amazônia entre 1989 e 1996, obedecendo
e serras, com altura mínima de 100 (cem)
o percentual mínimo da época de 50%, estão
metros e inclinação média maior que 25°,
desobrigados a recompor suas áreas a 80%.
as áreas delimitadas a partir da curva de
nível correspondente a 2/3 (dois terços)
No caso da Amazônia Legal, o poder público
da altura mínima da elevação sempre em
estadual, ouvindo o Conselho Estadual do
relação à base, sendo esta definida pelo
Meio Ambiente, poderá reduzir a Reserva
plano horizontal determinado por planície
Legal para até 50% nos seguintes casos:
ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos
ondulados, pela cota do ponto de sela mais
• Se o Zoneamento Ecológico-Econômico
próximo da elevação;
do Estado estiver aprovado e mais de 65%
do território for ocupado por unidades
X – As áreas em altitude superior a 1.800
de conservação de domínio público,
(mil e oitocentos) metros, qualquer que seja
devidamente regularizadas, ou por terras
a vegetação;
indígenas homologadas.

XI – Em veredas, a faixa marginal, em • Quando o município tiver mais de 50% da


projeção horizontal, com largura mínima de área ocupada por unidades de conservação
50 (cinquenta) metros, a partir do espaço de domínio público ou por terras indígenas
permanentemente brejoso e encharcado. homologadas.

O que é a área de Reserva Legal?


De acordo com a Lei 12.651/2012, a título
de Reserva Legal, todo imóvel rural deve
manter uma área com cobertura de vegetação
nativa para assegurar o uso sustentável dos
recursos naturais, auxiliar a conservação e
a reabilitação dos processos ecológicos e
promover a conservação da biodiversidade,
bem como o abrigo e a proteção da fauna
silvestre e da flora nativa. Sua dimensão

23
Imóvel localizado nas demais regiões

solicitada no cartório de Registro de Imóveis.


• Declaração de quitação de “Condomínio”,
assinada pelo responsável com firma
reconhecida e ata que comprove estar
habilitado a assinar tal documento.
• Fotocópia autenticada do CPF, da Identidade
Aspectos legais Civil (RG), da certidão de casamento ou
Existem algumas certidões importantes que de nascimento e de um comprovante de
você deve exigir do vendedor para garantir a residência;
legalidade da compra do imóvel: • Certificado de Cadastro de Imóvel Rural
(CCIR).
• Certidões negativas: do cartório distribuidor • Os cinco últimos INCRA/ITR ou a certidão
de Protesto de Títulos; do cartório relativa ao imóvel junto à Receita Federal.
distribuidor Cível; da Justiça Federal; da  Certidão negativa do INEA
Receita Federal; da Justiça do Trabalho; e do
INEA; além de ônus e da Prefeitura – ambas Obs.: Todas as certidões exigidas devem
do imóvel em questão. estar dentro do prazo de validade quando da
• Certidão de inteiro teor da matrícula, concretização do processo de contemplação.
24
Capítulo 5

Identificando a
aptidão da terra
Na época de nossos avós, era caro fazer um de estufas. Elas ajudam a manter pragas e
aterro ou corte de barranco com maquinário. fungos fora do cultivo, poupando a aplicação
Manualmente, então, era extremamente de defensivos orgânicos e encurtando o
demorado. As novas tecnologias, porém, tempo de maturação das verduras, legumes
mudaram esse cenário, permitindo uma maior e frutos.
amplitude de atividades nos imóveis rurais.
Existem estufas de vários tipos, inclusive
Um dos princípios da permacultura é a algumas resistentes e de baixo custo, como
chamada Leitura da Paisagem. Ela consiste as de bambu. A construção ideal ocorre em
em um estudo contemplativo do local, espaços planos, mas também encontramos
com a observação do caminho do sol, das algumas em declividades de até 35 graus.
características do solo e da cobertura, dos Até mesmo porque áreas com topografia
caminhos da água. Enfim, de tudo que dá as mais desafiante – como a que temos em
características do local. A partir dessa análise Nova Friburgo –, são adequadas para o plantio
detalhada é possível definir quais atividades de rizomas e roças de inhames, bananeiras,
poderão ser realizadas. mandioca, milho e agroflorestas, deixando as
baixadas para verduras, legumes e frutíferas
Algumas se adaptam a qualquer tipo de de menor porte na estufa.
solo. Outras demandam melhorias. E ainda
há aquelas voltadas para um tipo específico Esses espaços precisam de um sistema
de clima ou topografia. Nossa intenção neste de irrigação semiautomático ou 100%
livro não é aprofundar nos sistemas de cultivo, automatizado. Os mais usados são os da
mas sim mostrar quais existem para que você Hunter e da Rainbird, mas também existem
possa buscar maior conhecimento no futuro. sistemas de código aberto, que podem ser
controlados pelo smartphone, como é o
Agricultura orgânica em cultivo caso do OpenSprinkler, que tem como base
protegido o Arduino. O importante, porém, é que o sítio
Seja pelos índices de chuva ou pela possua boa captação de água para dar vazão
umidade relativa do ar, em algumas regiões a uma produção comercial.
é impossível produzir orgânicos sem o auxílio

25
Para economizar água, a irrigação por anuais – como milho, mandioca, feijão, inhame
gotejamento é a mais recomendada. Em – garantem maior rentabilidade por hectare
cultivos sazonais, como verduras e legumes, e trazem segurança pela diversificação da
uma fita ou mangueira gotejadora com furos renda e os cultivos de ciclo mais curto.
contra entupimento a cada 20, 30 ou 50 cm,
é a opção mais adequada. Já para frutíferas Caso seja necessário isolar uma área de plantio
e culturas perenes, o gotejador instalado no da destinada aos animais, as cercas elétricas
cano ou mangueira é mais durador. Além são uma opção eficiente, pois causam menor
disso, a irrigação por aspersores também pode sofrimento do que o arame farpado. Isso sem
ser usada, embora os mais comuns sejam os falar que sistemas autônomos podem ser
microaspersores, que cobrem uma área menor. facilmente montados para proteger cultivos
A irrigação também pode ser uma forma de em áreas remotas e sem energia.
introduzir nutrientes, diluindo adubos na
caixa d’água – em um processo conhecido Sistema Agroflorestal (SAF)
como fertirrigação. Atualmente é o sistema mais sustentável,
rebatizado de “Agricultura Sintrópica” pelo seu
Mas se você tiver alguma dúvida, nas lojas principal expoente, Ernest Gostch. No SAF, a
de materiais agrícolas geralmente há um produção de alimentos imita o funcionamento
vendedor para indicar o melhor sistema para de uma floresta, podendo ser utilizado até
o seu caso. Além disso, é sempre possível mesmo em áreas degradadas para que se
consultar os órgãos de extensão rural da tornem produtivas em cerca de um a três anos.
sua região.
É possível adaptá-lo a qualquer contexto,
Sistema agrossilvipastoril desde áreas de pasto até capoeiras ou floresta,
É uma forma de integrar lavouras, espécies embora a prática mais comum seja em áreas
florestais, pastagens e espaços para os limpas ou com pouca vegetação, como uma
animais, levando em consideração aspectos forma de agricultura regenerativa. Também
paisagísticos e energéticos. É um sistema é atrativo para visitação e renda extra, já
que se adapta a vários tipos de topografia, que muitos buscam estudar sistemas em
solo e clima, mas ainda é muito pouco falado. diferentes estágios de implantação.
Deve-se atentar apenas para o que se deseja
criar, pois cada espécie se adapta melhor a Apicultura
um ambiente. Áreas mais ricas em vegetação arbustiva e
arbórea, com menos pasto, possuem uma
Por se tratar de uma policultura, a rotação de aptidão natural para a apicultura. Até mesmo
piquetes degrada menos o solo, garantindo porque abelhas sem ferrão e nativas estão em
maior usabilidade da área ao longo das alta, com mel e própolis sendo disputados por
décadas. Além disso, também gera sombra seu alto valor medicinal e comercial. Além
para os animais, aumentando o conforto e disso, alguns sitiantes geram renda extra
produtividade. Nesse sentido, consórcios de agregando valor aos produtos, produzindo
madeira de corte, com animais e culturas cremes com própolis, sabonetes, pães de

26
mel e diversos produtos que elevam seus Agroindústria
rendimentos. Alguns sítios possuem uma infraestrutura
montada para agroindústrias, com casa
Isso pode se tornar a atividade principal de farinha, laticínios, galpões etc. Muitos
ou complementar do seu sítio, mas de segmentos podem ser explorados nesse
qualquer forma é preciso pensar na logística sentido, desde o processamento de alimentos
de produção e distribuição. Se não houver até a manufatura de peças estruturais e
um entreposto de mel na cidade, é preciso tratamento de bambu e eucalipto para
investir em um. Caso as vendas sejam locais, construção civil. Alguns modelos são viáveis
como um produto artesanal, o investimento com pouco investimento, outros exigem mais
inicial será menor e com menos exigências infraestrutura. É preciso ficar atento ao quanto
burocráticas. você deseja investir.

Ecoturismo e Hotelaria Nesse caso, evite apenas imóveis mais


Existem locais tão exuberantes que tiram distantes dos centros urbanos e que não
nosso fôlego. E se nós apreciamos estar ali, por apresentam boas condições de trafegabilidade.
que outras pessoas também não gostariam? A ligação com energia trifásica também deve
Há muito potencial no segmento de turismo ser verificada, uma vez que solicitar esse tipo
e hotelaria, mas também muito investimento de ligação tem custos elevados, a depender
envolvido. Caso a terra pretendida possua da distância.
edificações para esse fim, avalie o estado
para não ter gastos extras com reformas. Centro Holístico
Também é preciso ter cuidado com o excesso Há locais que chamam atenção pela “energia”
de otimismo. Criar fluxo turístico em um local ou vibração de cura e paz. Por isso, algumas
sem essa tradição é difícil, embora tenhamos pessoas compram sítios para estabelecer
muitos casos de sucesso no Brasil. locais de cura e terapias holísticas. Se o
local tem fácil acesso e está próximo do
Visitas Ecopedagógicas centro urbano, pacotes de day spa podem ser
Chácaras e sítios próximos a grandes cidades explorados, com um custo de operação bem
podem explorar um mercado em ascensão: menor por não necessitar da infraestrutura
as visitas ecopedagógicas. Se o espaço for de hotelaria. Caso sua intenção seja com
bem preparado para receber crianças, com experiências imersivas, os mesmos cuidados
edificações bonitas e feitas com materiais do modelo de negócio de hotelaria devem
de baixo impacto, composteiras e hortas- ser observados.
mandala, é possível desenvolver um trabalho
educacional e transformar as visitas em um Ecovila
negócio lucrativo. Ele também pode ser Alguns empreendedores têm obtido sucesso
explorado junto a outras frentes, sendo uma com a compra de grandes áreas para
fonte de renda extra. desenvolver projetos de ecovilas, condomínios
ecológicos, comunidades ou até mesmo smart
cities. São projetos complexos, ambiciosos e
27
que demandam dedicação exclusiva, além de
muito investimento. Caso você julgue que a
terra em que está possui essa aptidão, estude
o modelo de negócios com muita cautela, pois
ele possui grandes riscos inerentes.

Produção de Sementes
Você sabia que é possível gerar mais de 9 mil
reais em apenas 3m² produzindo sementes?
Não estamos falando de nada ilegal, mas de
um segmento muito pouco explorado por
pequenos produtores. É possível aprender o
manejo em campo, colheita, beneficiamento
e tratamento de sementes, conforme a
legislação vigente no Brasil e, com isso,
fornecer sementes orgânicas de alface, rúcula,
espinafre, brócolis e diversas outras espécies.
Também existe a possibilidade de colheita
de sementes florestais - algumas valem uma
verdadeira fortuna e são muito requisitadas
por viveiros de produção de mudas de árvores
nativas.

28
Capítulo 6

Identificando a aptidão
do empreendedor
Uma vez identificada a aptidão da terra, Mas se você não possui as habilidades
deve-se avaliar se ela é compatível com a compatíveis com as aptidões da sua terra, é
equipe que gerenciará a operação. Se você preciso ser bem criterioso ao montar a equipe
está fazendo a transição para uma nova de apoio. Colaboradores que faltam ou não
vida, fique atento para não cair em ciladas e desempenham bem suas obrigações deixarão
acabar trabalhando com algo que não lhe dá lacunas que você terá que preencher, mesmo
prazer. Afinal, uma pessoa sem paciência com sem saber como.
crianças não seria indicada para trabalhar
com visitas ecopedagógicas, por exemplo.

Cada modelo de negócio exige habilidades


natas ou que devem ser desenvolvidas.
Quem gosta de trabalhar com o corpo pode
se beneficiar dos modelos de produção de
alimentos. Como diz um amigo produtor rural,
“roça não tem calendário. Não existe domingo
ou terça. Existe pulgão, chuva, umidade e a
necessidade de agir na hora certa”. É, sem
dúvidas, um trabalho que necessita de muito
comprometimento.

Já quem é comunicativo e sabe lidar com


público pode se aventurar por modelos
que exigem essas habilidades, como
ecohostel, visitas ecopegógicas e estação
de permacultura. Para quem gosta de cuidar
do próximo, possui dons com cura, nutrição e
terapias holísticas, os modelos de day spa ou
centros holísticos podem ser uma boa saída.

29
Capítulo 7
Escolhendo a melhor forma
de se institucionalizar

Cada modelo de negócio exige uma Organização sem fins lucrativos


formalização diferente. É importante conhecê- Quando há um grupo de pessoas engajadas no
las para tomar uma decisão consciente na projeto, vale a pena se institucionalizar como
hora de sair da informalidade: uma ONG. As vantagens são, principalmente,
o acesso a editais de empresas e do governo.
Produtor Rural de Agricultura Familiar Escrevendo um bom projeto você pode
A principal vantagem de se enquadrar conseguir recursos suficientes para viabilizar
como agricultor familiar é estar apto ao sua ideia. Alguns editais que indicamos:
Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf), que concede • Itaú Ecomudança.
empréstimos a taxas de juro baixas. Além • Fundação Banco do Brasil.
disso, existem políticas estaduais de repasses • Petrobrás.
à fundo perdido, como o caso da Rio Rural,
• Fundo de Amparo à Pesquisa do seu estado
que beneficia agricultores e associações
(Ex. FAPERJ, FAPESP etc.).
com quantias entre R$ 9 mil e R$ 150 mil.
Porém, existem algumas restrições para você
Outra vantagem é a não incidência de imposto
conseguir se enquadrar nessa categoria:
de renda sobre as receitas. E caso consiga o
título de utilidade pública, existe um processo
• A terra não pode ter mais do que quatro
que pode habilitar seu projeto a receber
módulos fiscais. Lembrando que um módulo
doações de empresas, que podem descontar
equivale a 10 hectares no estado do Rio
dos valores do IR. Além disso, compor a
de Janeiro.
diretoria de uma ONG não te impede de ser
• Pelo menos 50% dos seus rendimentos agricultor familiar, pelo menos na maioria dos
devem vir da agricultura familiar, podendo estados. Consulte a Emater ou órgão emissor
levar em consideração o ecoturismo. do Documento de Aptidão (DAP) de sua cidade
• O CPF não pode estar vinculado à nenhuma para mais informações sobre isso.
empresa, seja como MEI ou empresário.
• Você não pode ter carteira de trabalho Criar uma ONG, porém, tem suas dificuldades
assinada. e custos. Gastos com contabilidade, cartório
e outros devem ser avaliados junto a um
30
advogado ou contador de sua confiança antes
de tomar a decisão.

Produtor Rural
Indo até a Secretaria de Agricultura do seu
município é possível se informar sobre o
processo para criar um CNPJ e ter o talão de
notas de produtor rural. Este caso é utilizado
para quem está fora das regras do agricultor
familiar e pode envolver custos extras, que
devem ser levados em consideração antes
da decisão.

Microempreendedor Individual
(MEI)
O registro como MEI é rápido e simples. Ao
mesmo tempo em que você regulariza seu
negócio, contribui com tempo de serviço para
aposentadoria e fica assegurado pelo INSS
no caso de invalidez ou doença.

Não se institucionalizar
Se você quer ficar 100% fora do sistema,
também é possível trabalhar apenas na
informalidade. Há diversos poréns nesse
sentido, mas caso funcione para você e para o
seu contexto atual, não há nenhum problema.

31
Capítulo 8

O que são empreendimentos


sustentáveis?
No Instituto Pindorama, chamamos de
empreendimentos sustentáveis a soma de um
ou mais modelos de negócio alinhados à ética
e à metodologia de design da permacultura.
Todos os modelos sugeridos neste livro
trabalham o cuidado com as pessoas e com
o planeta, de forma a partilhar os excedentes
– princípios básicos para um crescimento
sustentável.

Muitas startups inovadoras também estão


adotando esses ideais, mas deve-se cuidar
para que a falta de um olhar cuidadoso não
torne o empreendimento apenas mais do
mesmo. A Uber, por exemplo, revolucionou
a mobilidade urbana, porém já foi alvo de
processos pelo descaso com os motoristas.
Mesmo que eles contribuam para a queda
de emissões de CO2 na atmosfera – e deve
haver algum estudo sobre isso –, falta um
equilíbrio para manter o negócio rodando
com respeito à natureza e aos colaboradores.

32
Capítulo 9
Ferramentas para
desenvolvimento do seu
empreendimento
Nos cursos e consultorias do Instituto
Pindorama, utilizamos o Canvas para
modelagem de negócios. Essa metodologia
surgiu no início dos anos 2000, a partir
dos estudos de Alexander Osterwalder
sobre modelos de negócios. Mais de 470
colaboradores, de cerca de 45 países,
ajudaram na pesquisa, transformada no livro
Business Model Generation.

Você encontra muito material na internet


sobre esta metodologia, mas a principal
vantagem é a rapidez para fazer um “plano
de negócios”. Com o Canvas, em menos de
três horas é possível prever as áreas do
desenvolvimento para chegar a um Produto
Viável Mínimo (MVP, na sigla em inglês), um
protótipo do produto ou serviço para “validar”
se tem aceitação no mercado.

Você pode testar seu produto em uma feira


ou evento, por exemplo, sem precisar abrir
uma empresa. Assim você testa a aceitação
do produto, recebe o feedback e faz os ajustes
até ter segurança de formalizar seu negócio.

33
Capítulo 10
Iniciando um
negócio do zero

Observar o mundo é a melhor forma de Estudo


ter ideias. Ao interagir com produtos e É o momento de avaliar a viabilidade do
serviços, você acumula experiências, desenha negócio. Ao final dessa etapa, você precisa ter
sugestões de como melhorá-los em sua certeza de que conhece quais são os fatores-
cabeça e, a partir daí, passa a idealizar um chave para o sucesso. Veja o que precisa ser
negócio próprio. levado em consideração:

Nesse início, muitos planos parecem inviáveis, • B uscar informações detalhadas sobre
mas não os descarte. É bom assumir que, a operação.
a princípio, nada é impossível, criando um • Identificar os principais canais de vendas.
estoque de ideais para que você possa avaliar • Mapear concorrentes diretos e indiretos.
a viabilidade. Se estiver produzindo em grupo,
• Identificar formadores de opinião, entidades
é bom estabelecer a regra de que é proibido
de classe e órgãos reguladores.
censurar ideias, sendo todas bem-vindas.
• Avaliar qual o conhecimento necessário
para exercer bem essa atividade.
Classificar a ideia
Deve-se avaliar o tipo de ideia, o potencial
Teste
negócio e os limites geográficos de atuação.
É quando serão realizadas pesquisas
Ao final dessa etapa, você precisará saber
detalhadas junto ao público do negócio. Ao
como o negócio vai gerar lucro. As ideias
final dessa etapa, tenha certeza de que existe
podem ser:
demanda, considerando o posicionamento
definido nas etapas anteriores.
• Aperfeiçoamento de um negócio já existente.
• N ova abordagem ou combinação de
• Identificar fornecedores.
negócios já existentes.
• Observar o comportamento do mercado:
• Necessidade específica de um nicho.
funcionários, clientes, concorrentes.
• Demandas de negócios tradicionais que
• Conversar com os jogadores e formadores
ainda possuem pouca/nenhuma oferta.
de opinião.
• Produto ou negócio inovador.

34
• Elaborar e testar protótipos de produtos externo que permitem à empresa alcançar
(se necessário). seus objetivos ou melhorar a posição no
• O perar temporariamente o negócio mercado. Exemplos: existência de linhas de
(pop-up). financiamento e de poucos concorrentes na
região.
Análise
Aqui será necessário definir quais as metas e Fraquezas
prazos, visando a lucratividade, a estabilidade Fatores internos que deixam a empresa
e a expansão do negócio. Ao final, é preciso em situação de desvantagem frente à
saber quanto será necessário vender para concorrência ou que prejudicam a atuação
que a ideia se torne lucrativa. no ramo escolhido. Exemplos: falta de
experiência e ausência de recursos financeiros.
• Verificar as condições de sustentabilidade
do negócio (ponto de equilíbrio). Ameaças
• Calcular as necessidades de capital. Situações externas, das quais se têm pouco
controle, que impõem dificuldades para a
• Identificar fontes de recursos/financiamento
empresa, ocasionando perda de mercado ou
(se necessário).
redução da lucratividade. Exemplos: escassez
• Elaborar projeções de resultados (24 meses).
de mão de obra qualificada e violência
• U tilizar ferramentas como plano de na região.
negócios, Canvas, PMI etc. (se necessário).

Matriz F.O.F.A
Este é um instrumento de análise simples
e valioso. O objetivo é detectar quais os
pontos fortes e fracos, além de corrigir as
deficiências para tornar a empresa eficiente
e competitiva. F.O.F.A. é um acróstico para:
Forças / Oportunidades / Fraquezas /
Ameaças.

Forças
Características internas da empresa ou
dos donos, que representam vantagem
competitiva sobre os concorrentes ou
facilidade para atingir os objetivos propostos.
Exemplos: boa rede de contato, conhecimento
sobre a área de atuação.

Oportunidades
Situações positivas vindas do ambiente

35
Matriz de Risco
É uma ferramenta para mensurar, avaliar e ordenar os eventos de riscos que podem
afetar o empreendimento. Basicamente, a Matriz de Risco apresenta as escalas de
probabilidade de ocorrência e impacto no negócio.

36
Pesquisas de Mercado

Tendências de consumo sustentável

37
Marca e propósito
É o que dá sentido para nossas vidas e nos move adiante. É aquilo que nos motiva a
trabalhar – não apenas porque estamos ganhando dinheiro, mas porque sentimos que
fazemos diferença no mundo. As marcas também precisam trabalhar isso. Convido a todos
a construir negócios que lucrem por meio da paixão e de um propósito maior.

Solicitam que mais empresas se


68% envolvam em ações com causas.

Estão dispostos a mudar de marca


80% para aquelas que têm uma causa.

Já mudaram de marca ou
48% experimentaram novos produtos.

Descubra o Internalize o seu Comunique com


propósito propósito: “de transparência e
atrelado ao seu dentro pra fora”. gere engajamento.
empreendimento.

O que o mundo O meu propósito dá Sou coerente com


perderia sem a um significado maior o que comunico?
minha empresa? à existência do meu Qual mensagem
empreendimento? quero passar?

38
Capítulo 11
Criando uma presença online
para seu empreendimento

Se seu empreendimento não está no


Instagram, Facebook, WhatsApp, YouTube e
Google, você não terá penetração no mercado.
Existem diversas formas de utilização destas
ferramentas, dependendo do formato do
seu empreendimento, podendo alcançar
plataformas como AirBnB, Booking e podcasts.
Se todos estes nomes soam estranhos para
você, é melhor buscar na internet informações
para se aprofundar em cada um. Você não
precisa usar todas, porém vai descobrir
que pelo menos uma ou duas podem ser
importantes canais de comunicação com seu
público.

39
Capítulo 12
Implementando os
modelos de negócio

Agora que você já fez o canvas e trabalhou


a presença online do seu empreendimento,
é hora de executar o plano e implementar
seu modelo de negócio. Seja realista nas
estimativas de receita e tente criar um
Produto Mínimo Viável. Antes de investir, faça
pequenos testes. Opere temporariamente em
uma feira para testar a saída do seu produto,
por exemplo, e invista em um crescimento
com os pés no chão.

Aliás, tome bastante cuidado para não se


deslumbrar e investir errado. É comum que
pessoas sem experiência quebrem com menos
de três anos de empreendimentos rurais.
Cuidado para não entrar no que chamamos
“risco da ruína”, que é investir suas fichas em
um único modelo de negócio. Caso ele falhe,
você irá à bancarrota.

Soluções pequenas e lentas, não se esqueça


disso. Depois de validar seu modelo, produto
ou serviço com total segurança, aumente seus
investimentos e a área de atuação.

40
Capítulo 13
Uma forma diferente
de atrair e remunerar
colaboradores
A economia colaborativa traz diversas formas Há prós e contras em se trabalhar com
de parcerias. No Instituto Pindorama, muitas voluntários, mas aos poucos é possível tornar
vezes trocamos a execução de serviços por a parceria justa para ambos os lados. Um
cursos, por exemplo. Mas também existem cuidado que temos é a assinatura de um termo
redes para anúncio de vagas para voluntários. de trabalho voluntário, cujo objetivo é nos
Dois bem conhecidas são o site World Packers resguardar de ações trabalhistas de pessoas
e o World-Wide Opportunities on Organic de má fé e isentar da responsabilidade em
Farms (WOOF). Este último reúne organizações caso de acidentes que surjam de má conduta,
nacionais que promovem trabalho voluntário como não utilizar EPIs ou realizar trabalhos
em sítios e fazendas orgânicas de todo o sem a devida supervisão.
mundo, trocando hospedagem e alimentação
por quatro horas de trabalho diário.

41
Capítulo 14
Cuidados para o sítio não
virar um ralo de dinheiro

O sonho pode se tornar um pesadelo, ainda depois que o modelo estiver muito bem
mais se você se expor frequentemente a riscos. planejado e validado.
Veja algumas dicas para evitar desperdício
de recursos:

• Soluções pequenas e lentas! Planeje, reflita,


espere e depois aja.
• Faça croquis das benfeitorias e plantios,
com estimativa de gastos. Coloque ordem
de prioridade e não abra muitas frentes
simultâneas para não perder fôlego.
• Tente construir um fundo de reserva com
o equivalente a seis meses de gastos e
mantenha guardado.
• Cuidado com aventureiros. Muitas pessoas
darão mil ideias para seu espaço, irão
embora e, caso você tenha embarcado no
sonho alheio, você terá que dar conta.
• Criações de animais podem representar
um custo elevado com cuidadores, ração
e logística.
•
B usque apoio técnico da Embrapa
ou de pessoas experientes em seus
empreendimentos.
• Antes de pedir um empréstimo, tente outras
vias. Algum familiar ou amigo que queira ser
investidor anjo, financiamento coletivo ou
editais são melhores opções do que pegar
dinheiro em banco. Isso só deve ser feito

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Capítulo 15
Considerações finais

Uma vida mais simples no interior é algo sem


preço. Para alguns será mais fácil, para outros
mais desafiante, mas é uma experiência
inesquecível. Não há dinheiro que pague a
bênção de se banhar, de beber e de cozinhar
com água não-tratada, de acessar o alimento
direto da terra, de ter segurança e qualidade
de vida e de estar mais integrado com a
natureza.

Desejamos que você tenha sucesso em ser um


praticante e multiplicador da permacultura,
seja na cidade ou no campo, e que desenvolva
seu lado empreendedor para materializar
soluções para os problemas socioambientais
de nosso país. É uma jornada desafiante,
porém recompensadora!

Àqueles que desejam se aprofundar de


verdade e aumentar suas chances de sucesso,
recomendo que se inscreva em nossa lista
de e-mails e fique atento ao lançamento do
próximo Workshop Viver fora do Sistema.

Mãos à horta =)

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