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Culturais do povo
Karajá – Xambioá
2016
Reitora
Isabel Cristina Auler Pereira
Apoio:
PONTES EDITORES
Rua Francisco Otaviano, 789 - Jd. Chapadão - Campinas - SP - 13070-056
Fone 19 3252.6011 - Fax 19 3253.0769
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A organização deste livro contou com a participação do bolsista de PIBIC, Adriano Dias Gomes Karajá e dos professores
Karajá-Xambioá: Augusto Kuraha Karajá, Ijeressi Karajá, Luiz Kurikala Karajá, Jucelino Achurê Karajá.
Todos os direitos reservados aos Karajá-Xambioá: Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio de processo, es-
pecialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos, internet, notebook.
A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, cf. Lei no 6.895, de 17/12/80)
com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenizações diversas (art. 102, 103 parágrafo único,
104, 105, 106 e 107 itens 1, 2 e 3 da Lei nº 9.610 de 19/06/98. Lei dos Direitos Autorais).
Professores Indígenas
Karajá-Xambioá Augusto Kuraha Karajá, Ijeressi Karajá, Luiz Kurikala Karajá, Jucelino
colaboradores do Achurê Karajá
Projeto:
Adriana Kahereru Karajá, Marlene kutaharu Karajá, Dacimar Achurê Karajá,
Colaboradores:
Mª. Violeta Achurê Karajá, Josué Txebuarè Karajá
Professores Indígenas
Augusto Kuraha Karajá, Ijeressi Karajá, Kurikala Karajá, Jucelino Achurê
Karajá-Xambioá
Karajá
Revisores:
Desenhistas Indígenas
Adriano Dias Gomes Karajá, Wendel Silva Sousa
Karajá-Xambioá:
Assessoria Linguística: Francisco Edviges Albuquerque.
Sinval de Oliveira
APRESENTAÇÃO
A elaboração deste Livro surgiu como forma de desafio para registrar os aspec-
tos históricos, socioculturais e linguístico do povo Karajá-Xambioá no momento atual,
visto que os livros do povo estão se fechando e com eles todos os história e conhecimento
tradicional desse povo. Os livros e as bibliotecas para os povos Indígenas são os anciões,
portanto diante desses acontecimentos, observa-se que os mais novos não conhecem a
sua própria historia, não sabem nem mesmo preparar um prato típico do povo. Para isso
surge então esse projeto como ferramenta, que tem como objetivo registrar todos os dados
colhidos durante a pesquisa, como forma de contribuir com a cultura desse povo que vem
passando por um longo processo de revitalização.
Este acervo trará para as escolas do povo Karajá-Xambioá uma excelente fonte
de pesquisa, que irá auxiliar os professores indígenas e não indígenas, nas aulas, bem
como também tem um papel importante para comunidade, na revitalização de parte de
sua história, receitas medicinais, culinária, mitos e lendas, pinturas corporais, entre ou-
tros. Os temas contidos neste livro são trabalhados sem perder a essência dos aspectos
culturais de meu povo. Para isso, durante a realização da pesquisa, houve uma entrega
total e empenho dos anciões, aliados aos anseios dos demais colaboradores para que esse
material pudesse atender às expectativas do povo Karajá-Xambioá.
Não podemos falar que um povo perdeu sua história, podemos apenas falar
que sua história ficou parada no tempo. O povo Karajá-Xambioá caminha na linha da
revitalização de sua língua e cultura. Uma caminhada longa e difícil, diante dos recursos
tecnológicos apresentados pela sociedade não indígena. Assim, a cultura foi se perdendo
com o passar dos anos, em decorrência do contato permanente com a sociedade envolven-
te e esse material chega à proporção de registrar e guardar uma pequena parte da grande
história do povo Karajá-Xambioá que até o presente momento não havia sido registrada
em livros.
Adriano Dias Gomes Karajá
SUMÁRIO
Introdução ...............................................................................................................................................13
Calendário do povo Xambioá ...............................................................................................................28
História das Lendas Karajá-Xambioá ..................................................................................................29
A Lenda do Açaí .....................................................................................................................................30
Surgimento do Arco e Flecha................................................................................................................32
Surgimento do Karajá-Xambioá ...........................................................................................................33
Homem que virou Boto .........................................................................................................................35
A luta do jabuti com a Anta ..................................................................................................................37
O Jabuti e o Veado ..................................................................................................................................39
Origem da pintura corporal Xambioá .................................................................................................40
História do Jacaré ...................................................................................................................................42
Pinturas Corporais Karajá-Xambioá ...................................................................................................44
Pinturas Corporais Karajá-Xambioá ..................................................................................................48
Hawyynimaraha .....................................................................................................................................49
Rarajie ......................................................................................................................................................50
Òma ..........................................................................................................................................................51
Txuxò nõheraru ......................................................................................................................................52
Harabó ruweru........................................................................................................................................53
Haru .........................................................................................................................................................54
Òe Òe .......................................................................................................................................................55
Txaõhi òbirariti .......................................................................................................................................56
Anõti kyre ................................................................................................................................................57
Kure Wokudi de ......................................................................................................................................58
Hãwyy yri ................................................................................................................................................59
Hãwyy yri riti ..........................................................................................................................................60
Dòre ry .....................................................................................................................................................61
Òròruuteti................................................................................................................................................62
NOVAS PINTURAS KARAJÁ-XAMBIOÁ ........................................................................................65
RECEITAS MEDICINAIS .....................................................................................................................73
CANA DE MACACO ............................................................................................................................74
RAIZ DE FEDEGOSO ...........................................................................................................................75
FEDEGOSO ............................................................................................................................................76
BANHA DE TARTARUGA...................................................................................................................77
COMO EXTRAIR A BANHA DE TARTARUGA .............................................................................78
HÀLÀE TÒBÒ (azedinho) ...................................................................................................................79
Língua Karajá-Xambioá
A Língua do povo Xambioá é a mesma utilizada pelos Karajá e Javaé. Nessa
língua entre os Karajá-Xambioá encontram-se poucas diferenças na pronúncia, tanto na
fala masculina como na feminina. O nome das letras em Karajá se aproxima do Portu-
guês, embora haja exceções para as seguintes letras: j se pronuncia como d antes da letra
i; a letra k se pronuncia como c antes de a; e o r se pronuncia como r, mesmo no início
de palavras. S se pronuncia com a língua entre os dentes. T se pronuncia com a língua na
mesma posição que o d . X possui apenas um som de ch na palavra “chá”. À é um som
neutro, que se forma no meio da boca. Ò se pronuncia como ó (aberto). È se pronuncia
como é (aberto). Y representa um som entre o i e o u, que se pronuncia com a língua
elevada no centro da boca e com os lábios não arredondados. As palavras Karajá são oxí-
tonas, com exceção dos verbos que se acentuam na raiz. Tanto a grafia das palavras em
Karajá como a descrição dos sons da língua foi realizada de acordo com Fortune (1963,
1964).
O alfabeto Xambioá possui 28 letras sendo, 14 consoantes; B, D, H, J, K, L,
M, N, R, S, T, TX, X e W, e 14 vogais. Destas, 10 são vogais orais: A, À, E, È, O, Ò,
I, U, Y, ù, e o T nasais: Ã, Ĩ, Õ, Ỹ , visto que na escrita Xambioá, o acento cai na última
silaba, quando não é verbo. Na grafia Xambioá há diferença entre a fala feminina e fala
masculina, sendo que a maioria das palavras são diferentes ou modificadas, uma vez que
a única exceção e a citação direta, quando estão contando uma história tanto o homem
quanto a mulher empregam a fala um do outro, a diferença apresentada está na presença
da letra “K” na fala feminina, enquanto este não aparece na fala masculina;
CONSOANTE KARAJÁ-XAMBIOÁ;
B, D, H, J,K, L, M, N, R, S, T, TX, X, W.
vogais Orais: A, À, E, È, O, Ò, I, U, Y, ù.
Vogais Nasais: Ã, Ĩ, Õ, Ũ, Ỹ
Pronomes Possessivos
Wa = meu, minha
A = seu, sua
a) Lahi – avó
Walari - minha avó
Alahi - sua avó
Ilahi - avó dela
Lahireny - avó delas
b) Labié – avô
Walabié - meu avô
Alabié - seu avô
Ilabié - avô dele
Labiéreny - avô deles
NOMES DE ANIMAIS
Hãlòè – onça
Òtu - tracajá
NOMES DE AVES
Õritxi – mutum
Waka – mergulhão
Dòre – papagaio
Nawikie – ema
Werumysasa – passarinho
Warare – colhereiro
Wari – maguari
Kujakuja – seriema
Aspectos Históricos e Culturais do povo Karajá – Xambioá 25
Toso – pica-pau
Wakòreheky – jaburu moleque
Hãnie – galinha
Rara – urubu
NOMES DE PEIXES
Hãti – mandi
Ryri – piranha preta
Ῡnahakỹ- Curimatá
Juata – piranha vermelha
Womõ – piau cabeça gorda
Hãriwa – pacu branca
Mytỹhỹwe – piau flamengo
Hãriwa – bire – pacu ferrada
Ryrie – cari/cascudo
Ryrajuè – pacu dente seca
Hãretu – surubim
Mananatiru – barbado
Hãriwa – pacu
Myriwe – piabinha
Benõra – tucunaré
Turè – pirarára
Irajò – aruanã
Ῡnadura – bicuda
Ehy – cuiú-cuiú
Bywi – piau vara
Bòrò – arraia
26 Aspectos Históricos e Culturais do povo Karajá – Xambioá
Bòdòlèè – pirarucu
Txyry – cara pirosca
Bedò – filhote
Hàriiri – caranha
Ῡnana – jaraqui
Myrina hakỹ - tubarana
Burã – boto
Há muito tempo havia neste lugar um povo indígena bastante numeroso. Esse
povo era bastante guerreiro, sempre defendendo seu território. Havia em sua reserva bas-
tante comida e viviam felizes com tudo que a natureza os oferecia para se alimentarem,
mas com o passar do tempo, esse povo foi cada vez mais aumentando sua população, po-
rém quando havia bastantes pessoas e a alimentação não era o suficiente para alimentar
todos da aldeia.
Como a alimentação ficou muito pouca, os índios começaram a morrer de
fome, visto que os peixes que pescavam já não eram o suficiente. As frutas colhidas não
davam para saciar fome de todos, uma vez que o problema só aumentava. O cacique
então criou uma lei, “que a partir daquele dia, as crianças que nascessem seriam sacrifi-
cadas e, assim o povo não aumentaria mais”. Então essa lei passou a valer, o povo já não
aumentava mais e, mesmo assim, o problema da alimentação continuava.
Assa arma surgiu há muitos anos, quando Kanaxiwe (Deus) convidou um Ka-
rajá para caminhar. Chegaram a uma casa onde tinha muitas armas e então Kanaxiwe
perguntou para o Karajá: “você pode escolher uma arma?” O Karajá olhou, olhou e
Kanawixe perguntou; qual dessas armas poderosa você vai querer? No meio das armas
havia uma borduna, um arco e flecha. Do lado havia uma arma de fogo (espingarda), mas
a arma estava toda enferrujada. O Karajá não quis porque era difícil o manuseio dessa
arma. Então escolheu o arco com a flecha e a borduna, mas o arco estava sem corda, en-
tão o Karajá caminhou mais o Kanaxiwe. Chegando à beira do rio o Karajá perguntou: o
que ele iria usar como corda para o arco? Kanaxiwe respondeu: no começo do verão não
dá aquele vento forte, então você olha para a beira do rio e vê a árvore que vira a folha;
tire as tiras grandes de embira, em forma de fiapo. Esse fiapo será a corda que você irá
usar para seu arco. Daí então o Karajá passou a usar o arco e flecha nas suas caçadas e
pescadas.
Há muito tempo, os Karajá moravam num lugar onde não tinha morte e nem
doenças. Esse lugar era no fundo do rio, mas certo dia um jovem Karajá casou-se e, de-
pois de certo tempo, esse jovem teve um filho. Na cultura Xambioá o mijo (urina) do bebê
era feito de mel de abelha, então o jovem saiu em busca de mel.
Depois de uma longa caminhada, ele encontrou um buraco e do outro lado do
buraco, ele viu que estava claro. Então ele entrou, saiu do outro lado em uma praia, viu
que era muito bonito aquele lugar e logo ele encontrou o mel num buraco de árvore. Ele
retornou para sua aldeia, quando chegou, falou de sua descoberta para a comunidade.
No dia seguinte saíram para ver o buraco, quando chegaram decidiram entrar,
mas o Koboi era gordo não conseguiu sair ficou. Porém, do lado de dentro do buraco, ele
observou que, do outro lado, havia doença, porque as árvores estavam secando; outras
morrendo com suas folhas secas. Ela perguntou aos demais indígenas: vocês irão sair para
esse mundo de morte? Eu vou ficar aqui, mas fiquem sabendo que vocês não irão mais
retornar, porque eu irei tapar este buraco e vocês ficarão para sempre desse lado.
Havia um homem na aldeia que brincava de Aruanã. Certo dia ele dançando o
Aruanã entrou dentro dele. Ele ficou doido e saiu correndo para dentro da água. Seus
pais ficaram à beira do rio a chamar por ele, mas nada de ele responder.
O pajé falou para os pais do índio que eles deveriam se preparar porque ele iria
voltar e seus pais teriam que segurá-lo com bastante força para ele não voltar. Então os
pais ficaram esperando, quando, de longe, o avistaram junto com os botos. Ele aboiava e
afundava como um boto, fazendo movimento dentro da água.
Quando ele se aproximou da praia, onde estavam seus pais, o pajé falou; quan-
do ele chegar vocês segurem-no com bastante força, não o deixem retornar para a água.
Quando a água o trouxe, os pais agarram-no e viram que a saia de Aruanã, que ele estava
Certo dia, o Jabuti vendo o Veado correndo pela floresta falou: amigo Veado, eu
sou mais rápido que você.
O veado olhou para o Jabuti com um sorriso no rosto e respondeu: você meu
amigo Jabuti, não é mais rápido que eu. Assim ficaram discutindo por um longo período
até que o Macaco não suportou mais as provocações e propôs que fosse feita uma corrida
entre os dois para ver quem, realmente, era o mais rápido da floresta.
Os dois aceitaram a sugestão do Macaco e fizeram um pedido, para que todos
os animais fossem convidados para assistir à corrida.
No dia da corrida, todos os animais já estavam à espera, quando Jabuti chegou,
juntamente com o Veado. O Macaco falou que a corrida era até a água e, aquele que ca-
ísse na água primeiro, ganharia a corrida. Depois de tudo combinado, o Jabuti foi para
seu lado e o Veado ficou do outro lado da pista. O Macaco deu início a corrida e o Veado
correndo, dava um grito, o Jabuti respondia sempre na frente. O Veado acelerou, gritou
novamente e mais uma vez o Jabuti respondeu na frente.
Até que o Jabuti caiu na água e o Veado estava próximo e não acreditou que
perdeu a corrida para Jabuti. Antes da corrida, o Jabuti chamou outros Jabutis e ficou na
pista, com isso toda vez que o veado gritava, o Jabuti respondia sempre na frente, então
foi, dessa forma, que o Jabuti ganhou a corrida e se tornou o animal mais rápido da flo-
resta.
Desenho: Wendel Silva Sousa
Texto: Jucelino Achurê Karajá
Há muitos anos o povo inỹ não tinha pintura corporal, mas conhecia a técnica
de preparação da tinta preta que era extraída do jenipapo. Não havia ainda o que pintar
nem mesmo o que fazer no corpo, mas uma família que morava numa aldeia, teve que
deixar sua aldeia devido a um terrível atentado. Essa família tinha duas filhas, a mais ve-
lha gostava de fazer medo às crianças. Ela fazia isso para se sentir feliz, vendo as crianças
chorando com os sustos que ela fazia a elas.
Um dia um pai não gostou do susto que a menina tinha dado ao seu filho e
começou a espancar a menina. Bateu tanto que a menina acabou falecendo. A família da
menina temendo que algo pudesse acontecer com eles, em razão do medo e do aconteci-
do, a família deixou a aldeia e saiu em busca de um novo lugar que fosse bem distante.
Depois de muitos dias de caminhada, chegaram a um lugar muito lindo e fizeram sua casa.
A família todas as noites ouvia cantos e vozes em direção ao córrego que ficava
próximo da casa. Isso acontecia sempre no período de cheia do córrego, até que um dia o
chefe da família resolveu ver o que estava acontecendo. Saiu em direção ao córrego bem
Numa aldeia há muitos anos, havia umas mulheres que todos os dias saíam
para colher pequi e deixavam seus maridos em suas casa. Todos os dias elas saíam e
colhiam bastante pequi, descascavam, chegavam à beiro do lago e começava a chamar
o jacaré. Jacaré!! jacaré ùù!!, jacaré!! jacaré ùù!!. Logo o jacaré boiava no meio do lago
e vinha ao encontro das mulheres. Elas davam pequi ao jacaré, namoravam um certo
tempo com ele, depois de retornavam à aldeia. Deixavam para seus maridos somente as
cascas dos pequis.
Certo dia, o marido de uma das mulheres já desconfiado, pediu para seu filho
chorar para poder ir com a mãe dele. Então a mulher levou seu filho junto. Elas falaram
para o menino não falar nada do que via para os homens. O menino ficou escondido, logo
as mulheres começaram a chamar: jacaré!!!! jacaré úú!!!, jacaré !!!, jacaré úú!!, o jacaré
veio ao encontro a elas, tudo se repetia e o menino viu tudo escondido.
Ao retornar à aldeia, os homens perguntaram ao menino o que ele tinha visto.
Ele falou tudo o que tinha visto; então os homens se reuniram e, no dia seguinte, saíram
Adornos masculinos
Raòtue – é usado amarrado nos cabelos e é feito de algodão.
Dohorywe – (brinco) é feito com penas de arara, amarrado com fios de algodão,
com uma haste de madeira e uma casca de conchinha (molusco).
Dexi – é feito de algodão e é usado nos braços.
Woudexi – é feito também de algodão, tingido de urucum e é usado nos braços.
Wetakana – (cinto). Feito de seda de buriti com penas de arara e colhereiro. É
usado no quadril.
Adornos femininos
Kue – (capivara). Brinco feito de penas de arara amarela com um fios de algo-
dão, espinhos e um dente de capivara.
Ixiura – (colar). Feito de miçanga e é usado no pescoço.
Dexi – É feito de algodão e usas nos pulsos.
Deobute – É feito de algodão tingido com urucum e é usado nas pernas.
Dexiraru – É feito de penas de arara amarela e é usado nos braços.
Wylairi – É feito de algodão tingido com urucum e é usado nas pernas.
Nohõsa – É feito de algodão e é usado nas costas.
Dohoboraty – É feito de penas de arara vermelha e é usado nas orelhas.
Txubola – É feito de algodão e é usado no quadril.
Tuu – (cinto). Feito com a entrecasca para cobrir o sexo das moças.
Os adornos típicos do povo Inỹ ( Karajá, Javaé e Xambioá) são usados duran-
tes as festividades desse povo. Segundo ( Ribeiro. 1989), a arte indígena está presente no
adorno do corpo com pinturas, no uso de penas, ossos e dentes de animais, na decoração
de utensílios domésticos, como na pintura da cerâmica e no trançado de cestos e redes,
dentre outros. A aplicação de cada uma destas expressões artísticas tem um contexto, que
é particular de cada povo. Este contexto está relacionado a diversos fatores do universo
indígena, como a esfera social, planos mitológicos e religiosos. (Ribeiro 1989)
Já Edna Luísa Taveira (2002, p. 25) observou que:
são vários os padrões usados caracterizando-se pela combinação de linhas horizontais e
verticais, numa composição geométrica de gregas quátricas. Os desenhos, pelos nomes
que lhes são dados, representam partes do corpo, da fauna terrestre e aquática: formiga,
cobra, urubu, morcego, peixe, tartaruga, mas nunca o animal no todo. Podem ocorrer
também motivos ornamentais interpretados como elementos da natureza: “caminho sem
fim”, “forquilha”, etc. O único motivo ornamental que foge a essa regra encontra-se na
aõti
txuxo noheraru
harabo ruwery
urè woti
walubrò
rarajie tiwyèdi
hãrabò
rarajiè
urè oti
òè òè
òma
dòrery
rarajiè tiweò ure
hãru
hajuju
hawyymi bòròriti
òtubàna bòròriti
txaõhi obirariti
hawyy uri riti
oròruuteti
dòrõ ry
Hawyynimaraha (jibóia)
Essa é a pintura da jibóia, que é usada para a pintura corporal feminina. Pode
ser usada também para pintar remos ou qualquer tipo de cerâmica, bonecas, tigelas e
potes.
Kaa heka riti rarajie riti rare, ijadòòma idi rayrimyhỹre ijasò brò-ò resekre-
-my, tasỹ narihi idi raritilemyhỹre, weryrybò mahãdu hetohokỹ-u bededỹỹanana-u idi
rayrimyhỹre.
Rarajie
Essa pintura é usada pelas moças, que pintam todo o corpo, quando vão parti-
cipar da dança com o Aruanã. Essa pintura é usada também para pintar os remos, embora
os rapazes também usem quando vão participar da festa do Hetohokỹ.
Òma heka weriri riti-ki iny riwinymyhỹre, tule narihi ruriti-ki iny riwinymyhỹre,
ta tule ijadòòma tuu raruritilemyhỹre, byre tuu hãwyy riritinylemyhỹre, kie tuijyy.
Òma
Òma é uma pintura que pode ser usada em balaios. Também é usada para pintar
uma moça, embora seja usada para pintar esteiras e remos.
Kaa riti heka txuxò nõheraru inire, ibutu-my iny tuu rayrimyhỹre, hãbu, hãwyy,
uladu tule, kaa yri heka ihetxi-u mahãdu uri rare tai tahe wijina mahãdu tusadỹỹ-ò rii-
jõnymyhỹre, tule txuxò nõheraru uri ruxerahakỹ rare, tule ibutu-my aõkõ iny iwidỹy
rierymyhỹre, kie txuxò nõreraru-my ijyy.
Txuxò nõheraru
Esta pintura se chama ‘rabo de quati’. Essa é uma pintura usada por todos,
seja homem, mulher e criança. É uma pintura muito antiga, muito bonita e poucos sabem
fazê-la.
Harabó ruwery heka yri riti rare, iny mahadu, ijadòòma riuhemyhỹre, tule-sỹ
ijasò òriti-my ryimyhỹre, aõtxile aõkõ, xibure ijasò òriti-my roimyhỹre, Harabò ruwery
heka, riti mahadu-ribi worenare, ruti yri-ki tuxiobyre.
Harabó Ruweru
Harabó Ruweru é uma pintura corporal do povo iny, que é usada para pintar a
moça, mas só pode pintar as pernas, que ficam muito bonitas. É usada também para pintar
o Aruanã. É exclusivamente do Aruanã chamado Xiburé. Harabó é uma das pinturas mais
bonitas e clássicas.
Haru
Essa pintura não é usada no corpo. Ela é usada nas costas das mãos. É usada
principalmente para pintar cerâmica e bonecas. É uma pintura bastante fácil de fazer, de
aprender, por isso, é usada no dia a dia.
òe òe heka narihi ruritina-ki awire, tule, hãwyy byre riti-my riwinymyhỹre tule
iny riwinymyhỹre ixiwidỹỹna ritina-my weru òhòte, tõnõri kie.
Òe Òe
Essa pintura é usada para pintar remos. As mulheres também usam para fazer
desenhos nas esteiras ou pintar qualquer tipo de artesanato, como maracá, borduna e
lanças. Pode ser feita tanto pelo homem quanto pela mulher.
Txaõhi òbirariti heka riti awi soe rare, tii heka txaõhi òbitityhy rare tule ibu-
tu-my aõnaõna riti-ki awi rare, ijadòòma riti-ki weryrybò riti-ki narihi riti-ki, sihò rit-ki,
ah`te riti-ki byre riti-ki, wetaana, weru, tule iny tyyriti-ò riwinymyhỹre, irulybyna awire
ilybyhỹỹ awire tule iritina-ki ilyby awire, iny bidina riymyhỹre iny idi rayrikre-my tule
narihi ritina-ki awi rare bidina, iwitxira aõnaõna-ò tahe awiõre, iny aõtxile aõkõ heka
riwinymyhỹre aõtxile riti xiery heka riwinymyhỹre hãbu, hãwyy aõbo kie.
Txaõhi òbirariti
Txaõhi é uma pintura muito bonita, usada para pintar artesanato. É usada para
pintar também a moça, o rapaz, o remo, o pente, a borduna, a esteira, o cinto e a cabaça.
O Karajá que não sabe fazer a pintura, desenha no papel, depois cobre, para desenhar. A
cor dessa pintura é preta e é muito bonita. O Karajá mastiga o jenipapo para preparar a
tinta, depois disso, a tinta está pronta. O jenipapo serve para desenho no remo. Somente
os homens e mulheres que entendem de pintura, podem fazê-la.
Aõti yre heka yri rare ibutu-my eryna àxiò yri-ki heka awire, tuxiobyre aõriti-
-ki awire, weru riti-ki butxi weriti-ki tule, walu riti-ki ijasó òriti-ki tule tuxiobyre, kawiji
mahadu, tiki diritinymyhỹde kiehe.
Anõti kyre
Anõti yri é uma das pinturas mais fáceis e conhecidas pelos Karajá. Ela é mais
usada na parte do braço das mulheres, embora hoje seja usada nas pernas. Também é
usada para pintar enfeites ou utensílios de uso doméstico, além do Aruanã, uma dança
tradicional do povo Karajá.
Ure woti de heka riti-õ iruxera rare, ibutu-my iny mahãdu tai awi-my
rahamyhỹre, tii tule narihi ruti-my rauhemyhỹre, tule-sỹ iny mahãdu tuu rayrimyhỹre,
ijadòma weryrybò ijoityhy mahãdu.
Kure Wokuti de
Ure woti é uma pintura corporal muito bonita. Todos os Karajá falam que essa
é pintura que possui o maior destaque. É uma pintura usada tanto para pintar remo, como
também as moças, os rapazes e mulheres casadas.
Hãwyy yri
Esta pintura só poderá ser usada pelas mulheres. Ela inicia nas pernas e termina
nos braços. Também serve para pintar potes, esteiras e maracás. Somente as mulheres a
fazem. Os homens usam nas pinturas de remos e balaios.
Hãwyy yri riti heka ijadòma tuu rayrimyhỹre ijasò-ò resekre-my hirari sỹ tuu
rayrilemyhỹre ijadòma-my rùnymyhỹre narihi yri-my tule rauhemyhỹre, hãwyy tuu rayri-
dỹỹmyhỹre, tule hãbu riwinylemyhỹre kie.
Dòre ry heka aõtxi ritina reuhemyhỹrenyre, narihi, byre riti-ò ijadòòma umy
yri-ò weryrybò umy yri-ò weru tuu ritinadu hawyy habu tule kie.
Òròruuteti heka riti-ki ruti-ò xiery relemyhỹre, tasỹ tule ijõ aõnaõna-ò iny
riwinymyhỹre, iny iery heka riwinymyhỹre weriri riti-my òhòte, weru riti-ki, tahe Kia
òròruutrti riti heka hãbu aõnaõna-ò byre riti-ki tahe hãwyy riwinymyhỹre hãbu Dori
byre riyrinyõmyhỹre iny wii riyrinymyhỹre-wana tahe aõtxile riwinymyhỹre, hãbu aõbp
hãwyy aõbo ao iny aõtxile aõkõ kỹnyhe iery heka riwinymyhỹre.
Aòti
Otubunỹ
Hanabo
A pintura corporal define quem é a pessoa dentro do seu povo. Cada pintura
possui um significado e todos os traços uma história do povo Xambioá. Elas são divididas
e classificadas de acordo com gênero, sendo masculina e feminina. Ao longo do tempo
os grafismos do povo Karajá-Xambioá mantiveram estáveis. Os desenhos que eram pro-
jetados no corpo dos indígenas em período de festividades eram sempre os mesmos. O
povo Xambioá não é dividido por clã como ocorre em outros povos indígenas, por isso as
pinturas corporais são livres para uso de qualquer indígena de nosso povo.
Atualmente novos grafismos foram apresentados ao povo Xambioá. Esses gra-
fismos são unificações de duas ou mais pinturas, dando surgimento a outra pintura corpo-
ral. Há também os grafismos emprestados. Essas são pinturas corporais de outro povo
indígena que sofreram pequenas modificações e, por esse motivo, ainda são pouco co-
nhecidas dentro do povo Xambioá. Esses novos grafismos ainda não receberam nomes e
nem suas classificações (masculino e Feminino). São os anciões encarregados de nomear
e classificar cada pintura corporal.
É importante ressaltar o trabalho do prof. Luiz Kurikala, que foi apresentado ao
povo Xambioá depois da implantação do um projeto de revitalização da língua e da cultu-
ra, no qual o povo Xambioá está atravessando até os dias de hoje. Esse professor chegou
onde já não se tinha mais interesse dos mais novos pela sua cultura de origem. Ao longo
dos anos, os grafismos foram apresentados aos mais novos, em seguida veio a língua ma-
terna e as cantigas tradicionais. Assim, não podemos deixar de registrar a contribuição do
Profº. Natanael Karajá, filho de Luiz Kurikala que passou a auxiliar seu pai nesse projeto,
incentivando os indígenas mais jovens a manterem a língua e cultura Xambioá.
Os trabalhos desses dois professores vêm colhendo resultados positivos até
hoje. Com isso, os jovens passaram a conhecer sua história. Atualmente estão cantando
suas cantigas tradicionais e sabem o significado de cada grafismo. Hoje o povo Xambioá
recebe o professor Idjeressi Karajá, que veio com o intuito de contribuir para revitaliza-
ção da língua e da cultura de nosso povo. Temos certeza de que ainda há muito o que ser
feito. Esses grafismos que foram recentemente apresentados ao povo Xambioá deverão
ser nomeados e classificados por esses professorem e anciões.
Ao longo dos séculos, o povo Xambioá trava uma batalha para preservar suas
tradições culturais, dentre elas estão as receitas medicinais, retirando da natureza como
um dos seus recursos naturais para o uso das receitas e remédios usados para tratar desde
uma simples dor de cabeça a uma diabetes, usando cascas, folhas, flores, raízes das árvo-
res e ervas, além daquelas retiradas dos animais abatidos durante uma caçada ou de uma
pescaria, que também se retira matéria prima para execução de remédios caseiros.
Atualmente o povo Xambioá trata a maiorias de suas doenças com remédios
industrializados. Por isso os pajés foram trocados por uma equipe multidisciplinar com-
posta por um médico que, uma vez por semana, vai até a aldeia, acompanhado também de
uma enfermeira, um dentista que reside na aldeia, bem como os técnicos de enfermagens,
agentes de saúde e os agentes de saneamento responsável pela manutenção da água ser-
vida ao povo e responsável pela locomoção dos indígenas, bem como os barqueiros que
transportam pelas águas os indígenas e toda a equipe de saúde. Além dessa equipe, exis-
tem também os motorista que levam até a cidade mais próxima das aldeias a um posto de
saúde. Toda essa estrutura é para cuidar da saúde do povo Xambioá.
Os remédios industrializados ganharam espaço, e os remédios tradicionais ca-
seiros foram sendo esquecidos. Portanto, atualmente são poucos os indígenas que ainda
usam remédios tradicionais extraídos da natureza. Para tanto, é preciso criar uma far-
mácia tradicional para manter viva cada receita medicinal do povo Xambioá. O Cacique
Bòròri afirma que a utilização do remédio dos não indígenas, com os remédios tradicio-
nais indígenas, por isso estamos sofrendo com a falta de remédio (cacique bòròri 2010).
Ingredientes:
- Cana de macaco/caninha do mato
- Água
Modo de preparar:
Vá à mata, colha a cana de macaco, junte com água, amasse bem, ponha numa
vasilha. Só pode ser consumido no dia seguinte, tome um copo três vezes ao dia.
Indicação: febre
Ingredientes:
- raiz de fedegoso
- água
Modo de preparar:
Pegue a raiz do fedegoso, amasse bem. Coloque numa vasilha e deixe ferve por
dez minutos. Espere esfriar e tome ( uma única porção).
Indicação: gripe
Ingredientes:
- Raiz de fedegoso
- Banha de tartaruga
- Água
Modo de preparar:
Retire a raiz do fedegoso, limpe e amasse. Em seguida deixe ferve por trinta
minutos. Depois aqueça a banha de tartaruga, junte tudo num copo e tome uma única vez.
Ingrediente:
- banha de tartaruga
Modo de preparar:
Pegue a banha de tartaruga, aplique três vezes ao dia no local do ferimento.
Modo de preparar:
Tire a gordura da tartaruga. Coloque numa vasilha. Em seguida leve ao fogo,
deixe fritar até que saia um óleo na vasilha. Depois colha esse óleo, coloque numa vasilha
e está pronto para ser usado.
Indicação:
Ferimento, queimaduras, gripe, tosse forte, hidratante de pele, creme para os
cabelos, manteiga para consumo e óleo para consumo.
Indicação; Diarréia
Modo de preparar:
Pegue o azedinho, descasque depois amasse em cima de uma pedra. Em segui-
da coloque dentro de uma vasilha com água morna e tome três vezes ao dia.
Modo de preparar:
Pegue um talo do coco najá seco, raspe, em seguida coloque sobre a ferida que
está sagrando. Logo o sangue para de sair.
Modo de preparar:
Colha a batatinha na roça, em seguida amasse, leve ao fogo e amorne. Depois
de morna, pegue o líquido e coloque no ouvido duas ou três vezes ao dia.
Modo de preparar:
Pegue uma flor de abóbora, leve ao fogo, deixe uns segundo até que a flor co-
mece a murchar. Depois que tiver murcha, pegue a flor, amasse-a na mão até que saia um
líquido. Esse líquido deverá ser colocado no ouvido doente. Repetir esse mesmo proces-
so duas vezes ao dia.
Modo de preparar:
Faz se um corte de baixo para cima na árvore do pódoi. Depois de extrair o
óleo ou a embira da árvore, tome uma gota do óleo. Pegue a embira de pódoi e amarra na
cabeça até a dor ser aliviada.
Ingredientes:
- folhas de canafístula
- água
Modo de preparar:
Lava bem as folhas, coloca no triturador ou pilão, soca ou tritura bem. À medi-
da que estiver socando ou triturando, acrescente água até formar uma pasta. Dessa pasta
extraia o suco, tome três vezes ao dia. A pasta será usada para colocar sobre o ferimento
Ingrediente:
- folhas de algodão bravo
- água
Modo de preparar:
Colher entre sete(07) a dez (10) folhas de algodão bravo com o talo. Colocar
na água num recipiente um (copo), lavar bem as folhas com os talos, e colocar no copo
com os talos para baixo. Após alguns minutos, observe se há um lime na ponta dos talos
das folhas, caso haja, aplique o lime (gosma) no canto do olho doente, repita várias vezes
ao dia.
INGREDIENTES:
- peixe com escama
- mandioca
- água
- sal
MODO DE PREPARAR:
Descasque a mandioca, corte, cozinhe e asse o peixe. Depois de assado, colo-
que o peixe junto com a mandioca cozida, adicione água e sal a gosto. Deixe ferver por
quarenta minutos, depois é só servir.
Desenho: Wendel Silva Sousa
Texto: Adriana Kahereru Karajá
ANÕNANÕNA
- ùtura itykydi
- hirà_irà
- bèè
- jykyra
RELEMYHῩRE
Ùtura kobiku hera, relemyhỹ, hira/irà, bêdi jỹky, radi rakuridỹkỹmyhỹre tahi
ratotekedỹkỹmỹre_di taxe iny riromyhỹre.
Texto: Idjeressi Karajá
INGREDIENTES:
1 – quilo de Arroz
4 – litros de água
1 – rapadura
2 – batata doce
MODO DE PREPARAR
Deixe o arroz de molho por trinta minutos, depois pile no pilão. Em seguida po-
nha a água para ferver, acrescente o arroz, deixe no fogo por aproximadamente quarenta
minutos, quando estiver quase pronto, acrescente a batata doce ralada e a rapadura. Retire
do fogo e sirva no dia seguinte.
Desenho: Wendel Silva Sousa
Texto: Marlene Kutaharu Karajá
MAKIXÕMÕ IWÈRU
Anõnanõna
1 Lt – sohoji kurihixina hyme-my makixõmõ
4 Lt – inakubikòwa kurihixina – my bèè
1 – sohoji bidira
2 – inatxi kòtèruti
RELEMYHῩRE
Makixõmõ bèdi roimyhỹre, imyrahudi kowokudi rasy myhỹre, tahe bèdi rato-
tekedỹkỹmy relemyhỹre, tura ikohodi taxe koterute, bidira kysedi rakeridỹkymyhỹre,hékò-
tyrebi rasemy ijõ biurasomy iny tuu riõmyhỹre.
INGREDIENTES:
4 – banana da terra
1/5 copo de açúcar
1 – lt de água
MODO DE PREPARAR:
Descasque a banana e leve ao fogo. Cozinhe por vinte e cinco minutos. Em
seguida amasse a banana já cozida na própria água, acrescente o açúcar e está pronto para
ser servido.
INGREDIENTES:
1 – casco de tartaruga
1 – lt de farinha
2 – lt de Agua
- Miúdos da tartaruga
- Sal
MODO DE PREPARAR:
Ferva os miúdos da tartaruga por vinte minutos. Em seguida limpe o casco da
tartaruga, adicione os miúdos já fervidos dentro do casco junto com a água. Pegue a fari-
nha molhe e faça uma massa. Pegue essa massa, passe nos lados do casco, evitando que
saia o caldo do bororò. Quando os miúdos dentro do casco estiverem fervendo, adicione
um pouco de farinha até formar um caldo grosso, depois é só colocar um pouco de sal.
Está pronto para ser servido.
Texto: Adriana Kahereru Karajá
ANÕNANÕNA
1 – kòtuni tàlà sohoji
1 – inatxi kurihixinamy kynydè
2 – inatxi kurihixinamy bèè
- kòtunidè somõ sõmõ
- jykyra
RELEMYHῩRE
Kòtunidè somõ-sõmõ rahomy raheradỹkỹ myhỹre hitximy, tahe tule ítàlà
rahomyhỹre kòtunidè sõmõ-sõmõ tamy ratxiwimyhỹre idi tahe rabòròrònymyhỹre, kyny-
dè-di rauridỹkỹnymyhỹre iwéramy tahe iỹ ixemy relemyhỹre tahe ruamyhỹre taxe iny
ritomyhỹre.
Desenho: Wendel Silva Sousa
Texto: Idjeressi Karajá
INGREDIENTES:
1 - casco de tartaruga (peito)
Carne do lombo da tartaruga
1 – Litro de farinha
Sal
MODO DE PREPARAR:
Pegue o casco do peito da tartaruga, limpe bem, deixando apenas a gordura.
Coloque as carnes do lombo da tartaruga cortadas em pequenos pedaços. Ponha no casco
para ser frito, depois de certo tempo, quando a carne frita, adicione a farinha. Retire do
fogo, misture a farinha com a carne e está pronto para ser servido.
ANÕNANÕNA
RELEMYHῩRE
Kòtuni bereti rahomy tahe ide bereti rakoromy tamy ratidimy idi ruakeremy
kỹnyde di rakurimy idi rakuxemy kuka myhỹre tahe iny riromyhỹre.
INGREDIENTES:
- peixe
- banana da terra (comprida)
MODO DE PREPARAR:
Asse a banana verde com a casca. Depois coloque o peixe para cozinhar. Após
três minutos, quando o peixe estiver no fogo, acrescente a banana assada e deixe cozinhar
por mais cinco minutos. Retire do fogo e está pronto para ser servido.
ANÕNANÕNA
- utura
-ijàtà
RELEMYHῩRE
Utura kurimy eakamyhỹe ijõtatyhy wewosimy, elemyhỹre utura dè rahe-
ranymyhỹre, taita utura aheranymyhỹre ijõta wewòsidi rikurinymyhỹre.
INGREDIENTES:
-massa de mandioca
-palha de banana
- peixes
-água
- sal
MODO DE PREPARAR:
Coloque a mandioca de molho por três dias, até ela ficar mole. Então retire a
massa, coloque para secar ao sol. Depois de seca, pile no pilão até a massa ficar bem fina.
Pegue a massa, adicione água, depois espalhe sobre as palhas de banana. Acrescente o
peixe e amarre o berarubu. Faça um buraco no chão, usando lenha. Faça um fogo e deixe
formar brasas. Afaste as brasas, coloque a massa do berarubu dentro do buraco. Coloque
as brasas em cima da massa, espere por 40 minutos. Depois, retire do fogo e sirva.
ANÕNANÕNA
- bèrò kynysi
- ijata jiru
- utura
- bèè
- jikura
RELEMYHῩRE
Bèrò inatão txumy rumyhỹre, raixinykeremy, tahe txu-ò ratidimyhỹ re rate-
renykeremy, imyrahudi tahe kowokudi rasy myhỹre raruxumyny keremy tahe kutura tyre
iny ritxiwimyhỹre ijata jirudi iny ritakamyhỹre, haluku iny riwinymy tamy ritidimyhỹreri
halukunymy hèè tamy ritidimy idi Ru kakeremy iribi taxe iny rikymyhỹre riromyhỹre.
Desenho: Wendel Silva Sousa
Texto: Idjeressi Karajá
Ingredientes:
- cabeça de porção (porco do mato)
- água
- sal
Modo preparar:
Pegue a cabeça de porção, limpe e deixe sem o couro. Leve ao fogo para assar.
Depois de assada, guarde a cabeça em um cofo por três dias. Após esses dias, quebre a
cabeça em pedaços pequenos e certifique de que os pedaços estão limpos. Depois de la-
vados os pedaços, leve ao fogo, deixe cozinhar por uma hora até ficar bem cozida. Depois
de pronto, é só chamar o povo para comer.
MODO DE FAZER:
Pegue os peixes e deixe apenas com as escamas, faça um jirau por cima do fogo
e ponha os peixes para assar. Depois retire do fogo, ponha numa vasilha e está pronto
para ser consumido com grolado ou farinha.
RELEMYHῩRE
Kutura bimyke idita bikuwosinyke, iribita bineranyke, Kia heka obiu rare be-
rokynyde-di ira heradi iny rirysymyhỹre.
Ingredientes:
- banana verde
- sal
Modo de preparar:
Pega umas 10 bananas verdes, tire a casca e ponha no fogo para assar na brasa.
Depois de assada, leve ao pilão, amasse até formar uma massa. Acrescente o sal, e com as
mãos, faça o bolo. Está pronto para ser consumido com peixe cozido.
Ingredientes:
1 – copo de açúcar
2 – copo de farinha seca ou trigo
15 – ovos de tracajá
- óleo
MODO DE FAZER:
Bata os ovos jutos com o açúcar. Depois acrescente a farinha seca ou o trigo.
Em seguida leve ao fogo com um pouco de óleo, deixe assar por 10 minutos, está pronto
para ser servido.
Ingredientes:
Uma abóbora
água
açúcar
Modo de preparar:
Corte a abóbora em pequenos pedaços e deixe cozinhar por 30 minutos. Após
cozida, pegue os pedaços da abóbora, retire a massa, coloque dentro de uma vasilha, adi-
cione a água e o açúcar. Está pronto para ser consumido.
MODO DE PREPARAR:
Para fazer o calugi, coloca-se no fogo uma panela grande cheia de macaúba
com cascas. Após alguns minutos, retire a macaúba do fogo, e em seguida, amasse as ma-
caúbas, depois de tirar as cascas, coloque novamente para cozinhar, acrescente o açúcar e
quando o caldo ficar grosso, está pronto para ser consumido.
Texto: Maria Violeta