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Aos dezenove dias do mês de outubro de dois mil e dez, às onze horas, inicialmente
no Plenário "Dom Pedro I" da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo,
realizou-se a Décima Sétima Reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito
constituída pelo ato nº 13, de 2010, com a finalidade de "investigar supostas
irregularidades e fraudes praticadas contra cerca de três mil mutuários da
Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São Paulo - BANCOOP, e
propor soluções para o caso", da Quarta Sessão Legislativa, da Décima Sexta
Legislatura, sob a presidência do Deputado Samuel Moreira. Presentes os Senhores
Deputados Bruno Covas, Chico Sardelli, Roberto Morais, Vanderlei Siraque, Vicente
Cândido (efetivos) e Celso Giglio (substituto). Presente o Senhor Deputado Antonio
Mentor que integra este Colegiado na qualidade de membro substituto. Presentes,
também, durante o decorrer da reunião, os Senhores Deputados Estevam Galvão e
Ricardo Montoro. Ausente o Senhor Deputado Waldir Agnello. Havendo número
regimental, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou à
secretária a leitura da ata da reunião anterior, que foi dispensada a pedidos e
considerada aprovada. O Senhor Presidente indagou sobre a presença dos
convocados a depor. Foi informado do não comparecimento do Senhor João Vaccari
Neto e da presença do Senhor José Carlos Blat, Promotor de Justiça, a quem
convidou para tomar assento à mesa. Pela ordem, o Senhor Deputado Bruno Covas,
tendo em vista o grande número de pessoas presentes à reunião, propôs a
transferência para um plenário maior, que pudesse acomodá-los. Aceita a proposta,
a reunião foi suspensa e reiniciada no Auditório "Teotônio Vilela". Dando sequência
aos trabalhos, o Senhor Presidente convidou o Senhor Promotor de Justiça para
tomar assento à mesa dos trabalhos. Pela ordem, o Deputado Antonio Mentor
indagou sobre a tomada de compromisso. O Senhor Presidente informou que o Dr.
José Carlos Blat não comparecera na condição de testemunha, uma vez que é o
responsável pelo inquérito em tramitação na justiça. Pela ordem, o Deputado
Vanderlei Siraque solicitou que o Procurador se manifestasse sobre a questão. O Dr.
Carlos Dutra informou ter baseado suas conclusões no artigo 3°, inciso II, da Lei
11.124, de 10 de abril de 2002, que disciplina a atuação das Comissões
Parlamentares de Inquérito e afirma que a Comissão poderá "II - tomar
depoimentos, sob compromisso se assim entender necessário a Comissão;" e no
artigo 34-B, § 2º, ao final, do Regimento Interno. Indagado pelo Deputado
Vanderlei Siraque se o Dr. José Carlos Blat figuraria como parte, réu ou
testemunha, o Dr. Carlos Dutra informou que figura como autoridade, vem à CPI na
condição de Promotor de Justiça que oficia no inquérito policial e, portanto, a CPI
pode ouvi-lo na forma prevista ao final do § 2º, do artigo 34-B do Regimento
Interno: "Artigo 34-B A Comissão Parlamentar de Inquérito poderá, observada a
legislação específica: ... II - determinar diligências, ouvir indiciados, inquirir
testemunhas sob compromisso, ... tomar depoimentos e requisitar os serviços de
quaisquer autoridades, inclusive policiais;" Por esses motivos, pode a CPI dispensar
o depoente de prestar compromisso, se assim entender conveniente. O Senhor
Presidente colocou em votação a questão da dispensa do compromisso, prevista no
artigo 3° da Lei 11.124, de 10 de abril de 2002. Em votação nominal, foi aprovado
que o Promotor de Justiça fizesse suas declarações sem prestar compromisso, tendo
o Deputado Vanderlei Siraque se manifestado contrariamente, com abstenção do
Deputado Vicente Cândido. Em sua declaração, o Dr. José Carlos Blat apresentou
uma síntese da denúncia, que, de acordo com ele, contém indícios e materialidade
suficientes para dar prosseguimento às investigações na esfera judiciária. Informou
ter apresentado denúncia junto à 5ª Vara Criminal da Capital, contra vários
dirigentes da Bancoop. Após o seu depoimento, por solicitação dos Senhores
Deputados, o Dr. José Carlos Blat comprometeu-se a encaminhar a esta CPI cópia
da denúncia apresentada. O Senhor Presidente passou a palavra aos Deputados
presentes. Apresentaram questões os Senhores Deputados Antonio Mentor,
Vanderlei Siraque, Vicente Cândido, Ricardo Montoro e Chico Sardelli. Nada mais
havendo a tratar, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e deu por
encerrados os trabalhos. A presente reunião foi gravada pelo serviço de Audiofonia
e após transcrição fará parte integrante desta Ata, que eu Fátima Mônica Bragante
Dinardi, Agente Técnico Legislativo, lavrei e assino após sua Excelência. Aprovada
em reunião de 25/10/2010.
Presidente
Fátima Mônica Bragante Dinardi
Secretária
A informação foi dada por Blat durante reunião da CPI da Bancoop, criada pela
Assembleia Legislativa para apurar supostas irregularidades e fraudes que teriam sido
praticadas pela entidade contra cooperados adquirentes de imóveis.
Segundo Blat, a partir da proposta de ação penal apresentada pelo Ministério Público, o
juiz deverá ouvir a defesa preliminar dos acusados antes de decidir se acata a denúncia.
O promotor fez aos parlamentares um resumo da apuração, que, de acordo com ele,
contém indícios e materialidade suficientes para dar prosseguimento às investigações na
esfera judiciária. "A cooperativa acabou servindo a um pequeno grupo criminosos, e
não aos seus milhares de cooperados. A falta de recursos da Bancoop se deve única e
exclusivamente aos desvios fraudulentos", disse Blat. Ele disse acreditar que não há
possibilidade de reverter esse prejuízo.
José Carlos Blat disse que as investigações apontaram até mesmo o uso de recursos da
cooperativa, da ordem de R$ 100 mil, para o pagamento de despesas para que pessoas
assistissem ao Grande Prêmio de Fórmula-1, em São Paulo, em 2004 e 2005.
Ele também questionou o fato de, a partir de 2003, a Bancoop ter encerrado as contas
individuais de cada empreendimento e ter aberto duas contas pool, concentrando as
movimentações financeiras. "Isso impedia o acesso dos cooperados à movimentação dos
recursos", disse Blat. Segundo o promotor, o Laboratório de Tecnologia contra a
Lavagem de Dinheiro detectou um pico de movimentação financeira nessas contas da
ordem de R$ 40 milhões em novembro de 2004.
Empresas contratadas pela Bancoop teriam dado margem a negócios que Blat definiu
como escusos. Ele afirmou que a empreiteira Germany recebeu por trabalhos para a
cooperativa cerca de R$ 80 milhões, mas a análise da movimentação da empresa revela
que ela teria movimentado não mais que 35 milhões. Isso, segundo o promotor, indica a
criação de caixa dois. O mesmo procedimento foi apontado por Blat na contratação da
empresa Mirante Artefatos de Concreto, contratada pela Bancoop para fornecer blocos.
"O fato de a Fator Empreendimentos ter comprado um terreno por R$ 221 mil em 2001
e o revendido à Bancoop em 2002 por R$ 1,75 milhão também demonstra a cooptação
de empresas interessadas", concluiu Blat.
A investigação do Ministério Público começou em 2007, a partir informações prestadas
por um morador do empreendimento Torres da Mooca. Blat revelou que, a partir desse
período, o inquérito policial somou mais de 25 volumes.
A CPI da Bancoop é presidida pelo deputado Samuel Moreira (PSDB). Além dele,
participaram da reunião Celso Giglio, Bruno Covas e Ricardo Montoro, os três do
PSDB, os deputados petistas Vicente Cândido, Vanderlei Siraque e Antonio Mentor,
Roberto Morais (PPS), Estevam Galvão (DEM) e Chico Sardelli (PV).
Promotor de Justiça José Carlos Blat