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Ainda mais pobres


7.dez.2018 às 12h00
3-4 minutos

A quantidade de pobres aumentou no Brasil de 2016 para 2017, de


acordo com os cálculos do IBGE na recém-divulgada Síntese de
Indicadores Sociais. Embora a longa e aguda recessão já tivesse
terminado, o crescimento foi minúsculo no ano passado, e a
situação do emprego permaneceu precária.

Essa estatística contabiliza os indivíduos cuja renda domiciliar per


capita (a renda média dos moradores da casa) não alcança US$
5,50 por dia, que, ajustados pelo poder de compra da moeda
nacional, equivaliam a R$ 406 mensais —linha recomendada pelo
Banco Mundial para países incluídos no nível médio-alto de riqueza.

Segundo tal critério, a parcela da população vivendo na pobreza


passou de 25,7% para 26,5%, ou quase 55 milhões de pessoas. No
caso de extrema pobreza (renda de até R$ 140 por mês), o
contingente afetado passou de 6,6% para 7,4%.

Os dados demonstram como o país custa a superar os efeitos do


ciclo de contração econômica de 2014-16. Ali se interrompeu um
processo de expressiva ascensão social que já contava uma
década. Infelizmente, o IBGE não apurou cifras comparáveis para
todo o período, que permitiriam avaliar melhor a extensão do
desastre.

1 of 2 07/12/2018 15:22
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Mas há fartura de evidências de que a presente recuperação da


economia é a mais lenta da história documentada desde o século
passado. O Produto Interno Bruto cresceu 1,1% em 2017; a taxa
deste ano pouco passará disso. Neste dezembro de 2018, o PIB per
capita é quase 8% menor que o de 2013.

Tamanha tibieza se traduz, na prática, em uma taxa de desemprego


elevada que recua de modo pouco perceptível —foram 11,7% no
trimestre encerrado em outubro, apenas 0,5 ponto percentual abaixo
da cifra de um ano antes.

Dado que a penúria orçamentária do governo não permite uma


ampliação de programas sociais em tempo hábil, a aceleração do
crescimento econômico constitui o alívio mais plausível para a
pobreza neste momento.

Em tese, R$ 14 bilhões anuais em transferências diretas de renda


bastariam para eliminar a extrema pobreza, que vitima 15 milhões de
brasileiros. Trata-se de montante que poderia ser obtido, por
exemplo, com a revisão de subsídios e benefícios tributários como
os destinados a baratear o óleo diesel.

Entretanto o governo está forçado a priorizar a urgente e


politicamente indigesta reforma da Previdência, sem a qual as
finanças caminharão para o estrangulamento —e o PIB não deixará
a prostração.

editoriais@grupofolha.com.br

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