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DIREITO ADMINISTRATIVO
O ato que SUPRIME ou REDUZ vantagem de servidor é ato único ou prestação de trato sucessivo?
Para o STJ, é preciso fazer a seguinte distinção:
• Supressão: ato ÚNICO (prazo para o MS é contado da data em que o prejudicado tomou
ciência do ato).
• Redução: prestação de TRATO SUCESSIVO (o prazo para o MS renova-se mês a mês).
Comentários Imagine a seguinte situação hipotética:
Determinado servidor recebia há anos a gratificação “X”.
A Administração Pública entendeu que esta gratificação era indevida e deixou de pagá-la a
partir do mês de janeiro de 2010.
Desse modo, em janeiro, o servidor não mais recebeu a gratificação. Nos meses que se
seguiram, ele continuou sem a verba em seu contracheque.
Em outubro de 2010, o advogado do servidor impetrou um mandado de segurança contra o
administrador público, alegando que a retirada da gratificação foi um ato ilegal e
requerendo a sua reinclusão.
A Procuradoria do Estado ingressou no feito, apresentando contestação (art. 7º, I, da Lei n.
12.016/2009) e alegando, como preliminar, que houve decadência do MS porque este foi
proposto mais de 120 dias após a cessação do pagamento da verba (o que ocorreu em
janeiro de 2010).
O autor do MS já havia alegado, em sua petição inicial, que não havia decadência porque,
no caso, haveria uma prestação de trato sucessivo, de forma que o ato coator se renovaria
todos os meses. Em outras palavras, para o autor, a cada mês que a Administração deixou
de pagar a verba, reiniciou-se o prazo para impetrar mandado de segurança.
Qual das duas teses é acolhida pela jurisprudência do STJ, a do autor ou da Fazenda Pública?
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R: A tese da Fazenda Pública. Assim, houve realmente decadência no caso exposto acima.
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PRAZO PARA IMPETRAÇÃO DO MANDADO DE SEGURANÇA
A Lei n. 12.016/2009 prevê um prazo para o ajuizamento do MS:
Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e
vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.
Vale ressaltar, no entanto, que o STJ afirma que, se o marco final do prazo do MS terminar em
sábado, domingo ou feriado, ele deverá ser prorrogado para o primeiro dia útil seguinte:
(...) 4. O termo inicial para a impetração é a data da ciência do ato, mas a contagem só tem
início no primeiro dia útil seguinte e, caso o termo final recaia em feriado forense ou dia não
útil (sábado ou domingo), prorroga-se automaticamente o término do prazo para o primeiro
dia útil que se seguir. A observância do prazo inicial e final para o exercício do direito à ação
de mandado de segurança não deve se afastar do que dispõe o artigo 184 do CPC (...)
(MS 14.828/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Seção, julgado em 08/09/2010).
O ato que SUPRIME ou REDUZ vantagem de servidor é ato único ou prestação de trato sucessivo?
Quando começa o prazo para o MS no caso de a Administração Pública suprimir ou reduzir
determinada vantagem paga ao servidor?
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(...) 2. A Terceira Seção deste Superior (...) Esta Corte vem definindo que quando
Tribunal de Justiça firmou entendimento houver redução, e não supressão do valor
no sentido de que a supressão de de vantagem, fica configurada a prestação
vantagem pecuniária devida a servidor de trato sucessivo, que se renova mês a
público caracteriza-se como ato comissivo, mês, pois não equivale à negação do
único e de efeitos permanentes, não próprio fundo de direito, não havendo que
havendo, pois, que se falar em prestações se falar, portanto, em decadência do
de trato sucessivo. mandado de segurança. (...)
(AgRg no Ag 909.400/PA, Rel. Min. Maria (AgRg no REsp 1110192/CE, Rel. Min. Celso
Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, Limongi (Des. Conv. do TJ/SP), Sexta
julgado em 15/04/2010) Turma, julgado em 04/05/2010)
Em síntese:
Redução de vantagem: prestação de TRATO SUCESSIVO (prazo para o MS se renova).
Supressão de vantagem: ato ÚNICO (prazo para o MS não se renova).
Processo Segunda Turma. RMS 34.363-MT, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 6/12/2012.
DIREITO CIVIL
Nome da pessoa natural
O Ministério Público recorreu, alegando que o nome “Benício” deveria ficar antes de
“Gonçalves”. Para o MP, o nome do autor deveria ficar assim: “Francisco Célio Campos
Benício Gonçalves”. O Parquet justificou sua posição pelo fato do sobrenome do pai do
autor ser “Benício Gonçalves” e não “Gonçalves Benício”.
O autor, por sua vez, argumentou que sua família e ele próprio são conhecidos socialmente
pelo patronímico “Benício”, razão pela qual este sobrenome deveria ficar por último.
Após passar pelo TJ, a questão chegou até o STJ por meio de recurso especial.
O STJ decidiu que a alteração pretendida era possível. Vejamos os principais argumentos:
A regra geral, no direito brasileiro, é a da imutabilidade ou definitividade do nome civil, mas são
admitidas exceções. É o chamado princípio da imutabilidade relativa do nome civil. Uma das
situações em que é possível alterar o nome é no caso previsto no art. 57 da Lei de Registros
Públicos (Lei n. 6.015/73):
Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após
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audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver sujeito o
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A Lei de Registros Públicos não exige que os sobrenomes obedeçam a uma determinada
ordem no que tange aos apelidos de família, seja no momento do registro do nome do
indivíduo, seja por ocasião da sua posterior retificação. Também não proíbe que a ordem do
sobrenome dos filhos seja distinta daquela presente no sobrenome dos pais.
Processo Terceira Turma. REsp 1.323.677-MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 5/2/2013.
Assim, quando a OAB executa o advogado cobrando a anuidade em atraso, o título que
embasa a referida cobrança é um instrumento particular que veicula dívida líquida.
Por essa razão, o prazo prescricional para esta execução é de 5 anos, conforme prevê o art.
206, § 5º, I, do CC/2002:
Art. 206. Prescreve:
§ 5º Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou
particular;
pretensão, motivo pelo qual se aplicava o prazo geral de 20 anos previsto no CC/1916. Com
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o CC/2002 este prazo passou a ser de 5 anos (art. 206, § 5º, I).
Processo Segunda Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1.267.721-PR, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 11/12/2012.
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Cláusula penal moratória cumulada com indenização por lucros cessantes
A cláusula penal moratória não é estipulada para compensar o inadimplemento nem para
substituir o adimplemento. Assim, a cominação contratual de uma multa para o caso de mora
não interfere com a responsabilidade civil. Logo, não há óbice a que se exija a cláusula penal
moratória juntamente com o valor referente aos lucros cessantes.
Outras denominações
Também é chamada de multa convencional, multa contratual ou pena convencional.
Natureza jurídica
A cláusula penal é uma obrigação acessória, referente a uma obrigação principal.
Pode estar inserida dentro do contrato (como uma cláusula) ou prevista em instrumento
separado.
da obrigação principal.
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Funciona como punição pelo retardamento Funciona como uma prefixação das perdas
no cumprimento da obrigação ou pelo e danos.
inadimplemento de determinada cláusula.
Ex1: em uma promessa de compra e venda Ex: em um contrato para que um cantor
de um apartamento, é estipulada multa faça um show no réveillon, é estipulada
para o caso de atraso na entrega. uma multa de 100 mil reais caso ele não se
Ex2: multa para o caso do produtor de soja apresente.
fornecer uma safra de qualidade inferior ao
tipo “X”.
A cláusula penal moratória é cumulativa, A cláusula penal compensatória não é
ou seja, o credor poderá exigir o cumulativa. Assim, haverá uma alternativa
cumprimento da obrigação principal e mais para o credor: exigir o cumprimento da
o valor da cláusula penal (poderá exigir a obrigação principal ou apenas o valor da
substituição da soja inferior e mais o valor cláusula penal.
da cláusula penal).
Art. 411. Quando se estipular a cláusula Art. 410. Quando se estipular a cláusula
penal para o caso de mora, ou em penal para o caso de total inadimplemento
segurança especial de outra cláusula da obrigação, esta converter-se-á em
determinada, terá o credor o arbítrio de alternativa a benefício do credor.
exigir a satisfação da pena cominada,
juntamente com o desempenho da
obrigação principal.
Em um contrato no qual foi estipulada uma cláusula penal moratória, caso haja a mora, é
possível que o credor exija o valor desta cláusula penal e mais os lucros cessantes que provar
ter sofrido?
SIM. A cláusula penal moratória não é estipulada para compensar o inadimplemento nem
para substituir o adimplemento.
Assim, a cominação contratual de uma multa para o caso de mora não interfere com a
responsabilidade civil correlata que já deflui naturalmente do próprio sistema.
Logo, não há óbice a que se exija a cláusula penal moratória juntamente com o valor
referente aos lucros cessantes.
Ex: o promitente comprador, no caso de atraso na entrega do imóvel adquirido, tem direito
a exigir, além do cumprimento da obrigação e do pagamento do valor da cláusula penal
moratória prevista no contrato, a indenização correspondente aos lucros cessantes pela não
fruição do imóvel durante o período da mora.
Processo Terceira Turma. REsp 1.355.554-RJ, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 6/12/2012.
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Responsabilidade civil (estado de necessidade)
O ato praticado em estado de necessidade é lícito, conforme previsto no art. 188, II, do CC. No
entanto, mesmo sendo lícito, não afasta o dever do autor do dano de indenizar a vítima quando
esta não tiver sido responsável pela criação da situação de perigo (art. 929).
Desse modo, o causador do dano, mesmo tendo agido em estado de necessidade, deverá indenizar
a vítima e, depois, se quiser, poderá cobrar do autor do perigo aquilo que pagou (art. 930).
Vale ressaltar, no entanto, que o o valor desta indenização deverá ser fixado com
proporcionalidade, evitando-se a imposição de valores abusivos (desproporcionais) para
alguém que estava agindo de forma lícita.
Comentários O ato praticado em estado de necessidade é lícito, conforme previsto no art. 188, II, do CC:
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover
perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias
o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a
remoção do perigo.
No entanto, mesmo sendo lícito, não afasta o dever do autor do dano de indenizar a vítima
quando esta não tiver sido responsável pela criação da situação de perigo. É o que
preconiza o art. 929 do CC:
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem
culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Desse modo, o causador do dano, mesmo tendo agido em estado de necessidade, deverá
indenizar a vítima e, depois, se quiser, poderá cobrar do autor do perigo aquilo que pagou:
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra
este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao
lesado.
Repare que se trata de algo bem interessante: o autor do dano agiu de forma LÍCITA, uma
vez que estava sob o manto do estado de necessidade, no entanto, mesmo assim tem o
dever de indenizar. E qual é o fundamento jurídico para este dever?
O Min. Sanseverino (no Resp 1.278.627-SC) explica que o fundamento para essa opção
legislativa é a equidade, aplicando-se a chamada teoria do sacrifício, bem desenvolvida pelo
doutrinador português J.J. Gomes Canotilho (O problema da responsabilidade do estado por
actos lícitos. Coimbra: Almedina, 1974).
Pela teoria do sacrifício, diante de uma colisão entre os direitos da vítima e os do autor do
dano, estando os dois na faixa de licitude (os dois comportamentos são lícitos), o
ordenamento jurídico opta por proteger o mais inocente dos interesses em conflito (o da
vítima), sacrificando o outro (o do autor do dano).
Vale ressaltar, no entanto, que o estado de necessidade, embora não exclua o dever de
indenizar, fundamenta a fixação das indenizações segundo o critério da proporcionalidade.
Em outras palavras, a pessoa que agiu em estado de necessidade deverá indenizar caso
tenha causado prejuízo à vítima que não deu causa ao perigo. No entanto, o valor desta
indenização deverá ser fixado com proporcionalidade, evitando-se a imposição de valores
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Responsabilidade civil (dano moral)
Sempre que ocorrer ofensa injusta à dignidade da pessoa humana restará configurado o dano
moral, não sendo necessária a comprovação de dor e sofrimento.
Trata-se de dano moral in re ipsa (dano moral presumido).
Comentários Segundo a doutrina e a jurisprudência do STJ, quando se verifica a violação de um direito
fundamental, assim eleito pela CF/88, também haverá, como consequência, uma afronta à
dignidade da pessoa humana.
Haverá, nestes casos, dano moral e a sua compensação independe da demonstração de dor
da vítima. Trata-se de dano moral in re ipsa (dano moral presumido).
Processo Terceira Turma. REsp 1.292.141-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/12/2012.
Em outros julgados, fala-se que a chance perdida deve ser REAL e SÉRIA, que proporcione
ao lesado efetivas condições pessoais de concorrer à situação futura esperada.
(AgRg no REsp 1220911/RS, Segunda Turma, julgado em 17/03/2011)
O dano resultante da aplicação da teoria da perda pode ser classificado como dano
emergente ou como lucros cessantes?
Trata-se de uma terceira categoria. Com efeito, a teoria da perda de uma chance visa à
responsabilização do agente causador não de um dano emergente, tampouco de lucros
cessantes, mas de algo intermediário entre um e outro, precisamente a perda da
possibilidade de se buscar posição mais vantajosa que muito provavelmente se alcançaria,
não fosse o ato ilícito praticado.
(REsp 1190180/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 16/11/2010)
ser eleito por reduzida diferença de oito votos após atingido por notícia falsa publicada por
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A teoria da perda de uma chance pode ser aplicada nas relações de direito público?
SIM, existem alguns Ministros do STJ que defendem que a teoria da perda de uma chance
poderia ser aplicada também nas relações entre o Estado e o particular. Nesse sentido: Min.
Mauro Campbell Marques e Min. Eliana Calmon.
O caso chegou até o STJ, que manteve a condenação, em acórdão vazado nos seguintes termos:
1. O STJ vem enfrentando diversas hipóteses de responsabilidade civil pela perda de uma
chance em sua versão tradicional, na qual o agente frustra à vítima uma oportunidade de
ganho. Nessas situações, há certeza quanto ao causador do dano e incerteza quanto à
respectiva extensão, o que torna aplicável o critério de ponderação característico da
referida teoria para a fixação do montante da indenização a ser fixada. Precedentes.
2. Nas hipóteses em que se discute erro médico, a incerteza não está no dano
experimentado, notadamente nas situações em que a vítima vem a óbito. A incerteza está
na participação do médico nesse resultado, à medida que, em princípio, o dano é causado
por força da doença, e não pela falha de tratamento.
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da teoria da responsabilidade civil pela perda de uma chance nas situações de erro médico,
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é forçoso reconhecer sua aplicabilidade. Basta, nesse sentido, notar que a chance, em si,
pode ser considerado um bem autônomo, cuja violação pode dar lugar à indenização de seu
equivalente econômico, a exemplo do que se defende no direito americano. Prescinde-se,
assim, da difícil sustentação da teoria da causalidade proporcional.
4. Admitida a indenização pela chance perdida, o valor do bem deve ser calculado em uma
proporção sobre o prejuízo final experimentado pela vítima. A chance, contudo, jamais
pode alcançar o valor do bem perdido. É necessária uma redução proporcional. (...)
(REsp 1254141/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 04/12/2012)
Perda de uma chance clássica X Perda de uma chance por conta de erro médico
A aplicação da teoria da perda de uma chance no caso de erro médico possui algumas
diferenças da aplicação tradicional da teoria da perda de uma chance às demais hipóteses
(baseado nas lições da Min. Nancy Andrighi):
Processo Terceira Turma. REsp 1.254.141-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/12/2012.
Locação
Se a ação renovatória for julgada improcedente e, com isso, a locação comercial não for
renovada, o juiz determinará a desocupação do imóvel alugado (despejo) no prazo de 30 dias.
O termo inicial deste prazo é a data da intimação pessoal do locatário realizada por meio do
mandado de despejo.
Comentários Ponto comercial
Algo muito importante na atividade empresarial é o “ponto comercial”.
Ponto comercial é a localização do estabelecimento empresarial.
Pensando nisso, o direito protege o ponto comercial. Uma das formas de proteção ocorre
por meio da ação renovatória.
Ação renovatória
A ação renovatória garante ao locatário o direito de renovar o contrato de locação
empresarial, mesmo contra a vontade do locador, desde que presentes certos requisitos.
Desse modo, a ação renovatória tem por finalidade a renovação compulsória, obrigatória,
do contrato de locação empresarial, estando prevista na Lei n. 8.245/91 (Lei de Locações).
locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que sejam cumpridos
os seguintes requisitos cumulativos:
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I - o contrato de locação a ser renovado deve ter sido celebrado por escrito;
II - o contrato de locação a ser renovado deve ter sido celebrado por prazo determinado;
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III - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos
escritos deve ser de cinco anos;
IV - o locatário deve estar explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e
ininterrupto de três anos.
Para garantir este direito, caso o locador não queira renovar a locação, o locatário poderá
ajuizar a ação renovatória.
Segundo o STJ, a Lei n. 12.112/2009, que alterou o prazo previsto no art. 74 da Lei de
Locações, possui natureza processual, incidindo, portanto, sobre os processos em
andamento no estado em que se encontram quando do início da vigência da lei, ainda que
se refiram a contratos anteriores à alteração legislativa. Nesse sentido: REsp 1207161/AL,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 08/02/2011.
Súmula 370 Atenção. A Súmula 370 do STF dispunha o seguinte:
do STF “Julgada improcedente a ação renovatória da locação, terá o locatário, para desocupar o
imóvel, o prazo de seis meses, acrescido de tantos meses quantos forem os anos da
ocupação, até o limite total de dezoito meses.”
Este enunciado, apesar de não ter sido formalmente cancelado, não é mais aplicado porque
se baseava na Lei n. 1.300/1950, que foi revogada há tempos. Portanto, trata-se de súmula
completamente desatualizada e que deve ser ignorada.
Processo Terceira Turma. REsp 1.307.530-SP, Rpresel. originário Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min.
Sidnei Beneti, julgado em 11/12/2012.
Adoção
É possível a adoção de uma criança por casal homoafetivo. É possível também a adoção
unilateral do filho biológico da companheira homoafetiva. Ex: João é filho biológico de Maria. A
criança foi fruto de uma inseminação artificial heteróloga com doador desconhecido. Maria
mantém união estável homoafetiva com Andrea, que deseja adotar o menor.
Comentários É possível a adoção de uma criança por casal homoafetivo (dois homens ou duas mulheres)?
SIM. O STF já decidiu que a união homoafetiva possui os mesmos direitos da união
heteroafetiva e está incluída no conceito de família (ADI 4277, Rel. Min. Ayres Britto,
Tribunal Pleno, julgado em 05/05/2011).
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Assim, é plenamente possível a adoção realizada por um casal homoafetivo, nos mesmos
moldes do que ocorre com casais heteroafetivos.
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Melhor interesse da criança
A adoção (seja ela feita por homossexuais ou heterossexuais) somente será deferida
quando atender ao melhor interesse da criança, nos termos do art. 43 do ECA:
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e
fundar-se em motivos legítimos.
O juiz pode negar o pedido sob a alegação genérica de que adoção por casais homoafetivos
pode gerar problemas psicológicos na criança?
NÃO. Este argumento genérico não é acolhido pelos Tribunais Superiores porque “os
diversos e respeitados estudos especializados sobre o tema, fundados em fortes bases
científicas (realizados na Universidade de Virgínia, na Universidade de Valência, na
Academia Americana de Pediatria), não indicam qualquer inconveniente em que crianças
sejam adotadas por casais homossexuais, mais importando a qualidade do vínculo e do
afeto que permeia o meio familiar em que serão inseridas e que as liga a seus cuidadores”
(REsp 889.852/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 27/04/2010).
DIREITO EMPRESARIAL
Título de crédito
Procedimento:
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1. Petição inicial
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2. Juiz poderá adotar uma das seguintes condutas:
a) Determinar que o autor emende a Inicial;
b) Indeferir a petição inicial;
c) Receber a monitória como procedimento ordinário;
d) Aceitar a monitória: reconhece verossímil a prova trazida e manda expedir um mandado
monitório para que o réu pague a dívida.
CPC/Art. 1.102-B. Estando a petição inicial devidamente instruída, o Juiz deferirá de plano a
expedição do mandado de pagamento ou de entrega da coisa no prazo de quinze dias.
b) Ser revel: se o réu é revel em ação monitória, aquela decisão inicial proferida pelo juiz
automaticamente torna-se definitiva e aquilo que era um mandado monitório (para pagar),
transforma-se em um mandado executivo.
Art. 1.102-C. No prazo previsto no art. 1.102-B, poderá o réu oferecer embargos, que
suspenderão a eficácia do mandado inicial. Se os embargos não forem opostos, constituir-
se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, convertendo-se o mandado inicial em
mandado executivo e prosseguindo-se na forma do Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei.
§ 1º - Cumprindo o réu o mandado, ficará isento de custas e honorários advocatícios.
§ 2º - Os embargos independem de prévia segurança do juízo e serão processados nos
próprios autos, pelo procedimento ordinário.
§ 3º Rejeitados os embargos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial,
intimando-se o devedor e prosseguindo-se na forma prevista no Livro I, Título VIII, Capítulo
X, desta Lei.
tempo que Eduardo tem para levar o cheque ao banco e receber o valor.
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De quanto é o prazo de apresentação?
30 dias 60 dias
Se o cheque é da mesma praça do Se o cheque for de praça diferente
pagamento (município onde foi assinado é (município onde foi assinado é diferente
o município da agência pagadora). do município da agência pagadora).
O prazo será de 30 dias se o local da emissão O prazo será de 60 dias se o local da
do cheque (preenchido pelo emitente) for o emissão do cheque (preenchido pelo
mesmo lugar do pagamento (local da agência emitente) for diferente do lugar do
pagadora impressa no cheque). Nesse caso, pagamento (local da agência pagadora
diz-se que o cheque é da mesma praça impressa no cheque). Nesse caso, diz-se
(mesmo município). que o cheque é de outra praça.
Ex: em um cheque de uma agência de São Ex: em um cheque de uma agência de São
Paulo (SP), o emitente datou e assinou São Paulo (SP), o emitente datou e assinou
Paulo (SP) como local da emissão. Manaus (AM) como local da emissão.
Se o beneficiário apresenta o cheque ao banco mesmo após esse prazo, haverá pagamento?
SIM, mesmo após o fim do prazo de apresentação, o cheque pode ser apresentado para
pagamento ao sacado, desde que não esteja prescrito.
Dessa forma, de acordo com a jurisprudência consolidada no STJ, o autor da ação monitória
não precisa, na petição inicial, mencionar ou comprovar a relação causal (causa debendi)
que deu origem à emissão do cheque prescrito (não precisa explicar porque o réu emitiu
aquele cheque). Isso não implica cerceamento de defesa, pois o demandado poderá, nos
embargos à monitória (nome da “defesa” na ação monitória), discutir a causa debendi.
Percebe-se assim que, na ação monitória, há inversão da iniciativa do contraditório,
cabendo ao demandado a faculdade de opor embargos à monitória, suscitando toda a
matéria de defesa, visto que recai sobre ele o ônus probatório.
(...) sofre o falido, como se percebe, uma restrição em sua capacidade processual, referente às lides
que se refiram aos direitos patrimoniais envolvidos na falência” (Falência e Recuperação de
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Falência (extensão da falência)
Esta extensão dos efeitos da falência às sociedades integrantes do mesmo grupo da falida
encontra respaldo na teoria da desconsideração da personalidade jurídica.
Comentários No julgamento do REsp 1259018/SP (DJe 25/08/2011), a Min. Nancy Andrighi, expôs as
seguintes considerações:
Se dois grupos econômicos, unidos em torno de um propósito comum, promovem uma
cadeia de negócios formalmente lícitos, mas com intuito de desviar patrimônio de
empresa em situação pré-falimentar, é necessário que o Poder Judiciário também inove
sua atuação, no intuito de encontrar meios eficazes de reverter as manobras lesivas,
punindo e responsabilizando os envolvidos;
Assim, é possível ao juízo estender os efeitos de sociedade falida a empresas coligadas
na hipótese em que, verificando claro conluio para prejudicar credores, há transferência
de bens para desvio patrimonial;
A extensão da falência a sociedades coligadas pode ser feita independentemente da
instauração de processo autônomo. A verificação da existência de coligação entre
sociedades pode ser feita com base em elementos fáticos que demonstrem a efetiva
influência de um grupo societário nas decisões do outro, independentemente de se
constatar a existência de participação no capital social;
Na hipótese de fraude para desvio de patrimônio de sociedade falida, em prejuízo da
massa de credores, perpetrada mediante a utilização de complexas formas societárias,
é possível utilizar a técnica da desconsideração da personalidade jurídica com nova
roupagem, de modo a atingir o patrimônio de todos os envolvidos.
Comentários É cada dia mais comum que os operadores do Direito, em especial os advogados,
acompanhem a tramitação dos processos de seu interesse por meio dos sites dos Tribunais
Página
na Internet.
INFORMATIVO esquematizado
Essa prática, no entanto, poderá se mostrar arriscada se o profissional não realiza também
o acompanhamento do processo pela Imprensa Oficial.
As informações processuais fornecidas pelos sites dos Tribunais ostentam caráter oficial?
NÃO. Conforme entendimento prevalecente no STJ, os dados processuais disponibilizados
via internet não possuem caráter oficial, mas meramente informativo. Essa é a posição mais
atual da Corte. Nesse sentido: AgRg no AREsp 76935/RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira,
Quarta Turma, julgado em 18/10/2012, DJe 31/10/2012.
A parte que perdeu o prazo poderá alegar que houve uma “justa causa” para isso e pedir a
sua devolução, nos termos do art. 183, caput e § 1º do CPC?
Art. 183. Decorrido o prazo, extingue-se, independentemente de declaração judicial, o direito de praticar o ato,
ficando salvo, porém, à parte provar que o não realizou por justa causa.
§ 1º Reputa-se justa causa o evento imprevisto, alheio à vontade da parte, e que a impediu de praticar o ato por
si ou por mandatário.
§ 2º Verificada a justa causa o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe assinar.
Ex: no site do Tribunal não foi divulgada a Ex: o site do Tribunal divulgou que o
data em que o mandado de intimação mandado de intimação cumprido foi juntado
cumprido foi juntado aos autos. no dia 22/03/2011, quando, na verdade, essa
juntada ocorreu em 17/03/2011.
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Afirmou-se que o equívoco nas informações processuais prestadas na página eletrônica dos
tribunais configura a justa causa prevista no art. 183 do CPC, o que autoriza a prática
posterior do ato sem prejuízo da parte, uma vez que, nesse caso, o descumprimento do
prazo decorre diretamente de erro do Judiciário. Ademais, a alegação de que os dados
disponibilizados pelos Tribunais na internet são meramente informativos e não substituem
a publicação oficial não impede o reconhecimento da justa causa no descumprimento do
prazo recursal pela parte. Além disso, a confiabilidade das informações prestadas por meio
eletrônico é essencial à preservação da boa-fé objetiva, que deve orientar a relação entre o
poder público e os cidadãos.
Processo Corte Especial. REsp 1.324.432-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 17/12/2012.
Ação anulatória
Se a transação celebrada entre as partes foi objeto de homologação judicial por sentença, os
efeitos deste negócio jurídico podem ser afastados mediante a propositura de ação anulatória,
nos termos do art. 486 do CPC.
Se a sentença limita-se a homologar a transação efetuada, não tratando sobre o conteúdo da
pactuação, a forma de desconstituí-la é por meio da ação anulatória.
Comentários Imagine que, em um processo judicial, autor e réu celebram uma transação. O juiz, então,
homologa a transação e extingue o processo (art. 269, III, do CPC). Posteriormente, o autor
entende que foi enganado pelo réu e deseja desfazer a transação pactuada. Qual o
instrumento jurídico deverá ser manejado pelo autor?
Ação anulatória, conforme prevê o art. 486 do CPC:
Art. 486. Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for meramente
homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral, nos termos da lei civil.
Assim, os efeitos da transação podem ser afastados mediante ação anulatória sempre que
este negócio jurídico tiver sido objeto de sentença meramente homologatória.
Se a sentença não dispõe nada a respeito do conteúdo da pactuação (transação), não
avançando para além da mera homologação, a ação anulatória prevista no art. 486 do CPC é
adequada à desconstituição do acordo homologado.
Processo Quarta Turma. AgRg no REsp 1.314.900-CE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/12/2012.
os arts. 543-B e 543-C ao CPC, prevendo uma espécie de “julgamento por amostragem” dos
recursos extraordinários e recursos especiais que tiverem sido interpostos com fundamento
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Vamos estudar, agora, o julgamento por amostragem no caso dos recursos especiais
repetitivos, o que é previsto no art. 543-C do CPC:
Art. 543-C. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica
questão de direito, o recurso especial será processado nos termos deste artigo.
Os demais recursos especiais que tratem sobre a mesma matéria e que não foram remetidos
como paradigma (modelo) ficarão suspensos no tribunal de origem até que o STJ se
pronuncie sobre o tema central.
3) Pode acontecer de o Presidente do tribunal de origem não perceber que haja essa
multiplicidade de recursos sobre o mesmo assunto e não tomar essas providências
explicadas acima. Nesse caso, o Ministro Relator do REsp, no STJ, ao identificar que sobre a
controvérsia já existe jurisprudência dominante ou que a matéria já está afeta ao colegiado,
poderá determinar a suspensão, nos tribunais de segunda instância, dos recursos nos quais
a controvérsia esteja estabelecida.
7) Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia do relatório aos demais
Ministros, o processo será incluído em pauta na seção ou na Corte Especial do STJ, devendo
ser julgado com preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e
os pedidos de habeas corpus.
8) Após todas essas providências, o STJ irá julgar o recurso especial que foi submetido ao
regime de recurso repetitivo. Essa decisão irá afetar os recursos que ficaram suspensos nos
TJ’s ou TRF’s. Veja o que diz o § 7º do art. 543-C:
§ 7º Publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, os recursos especiais sobrestados
na origem:
I - terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a
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Explicando melhor esse § 7º:
Inciso I: se o recurso especial sobrestado na origem defender a tese jurídica que não foi aceita
pelo STJ, este recurso terá seu seguimento negado e, portanto, nem será enviado ao STJ.
Exemplo: o TJ decidiu que o prazo prescricional contra a Fazenda Pública era de 5 anos. A
Fazenda interpôs recurso especial alegando que esse prazo era de 3 anos. O REsp estava
aguardando a definição do tema em sede de recurso repetitivo. O STJ decidiu que o prazo é
de 5 anos. Logo, este recurso da Fazenda, que estava sobrestado, terá seu seguimento
negado e nem será mais apreciado pelo STJ.
Inciso II: se o recurso especial sobrestado na origem defender a tese jurídica que foi acolhida
pelo STJ, o acórdão que estava sendo impugnado será novamente analisado pelo Tribunal de
origem, que poderá modificar sua decisão para adequá-la ao entendimento firmado pelo STJ.
Exemplo: o TJ decidiu que o prazo prescricional contra a Fazenda Pública era de 3 anos. O
particular interpôs recurso especial alegando que esse prazo era quinquenal. O REsp estava
aguardando a definição do tema em sede de recurso repetitivo. O STJ decidiu que o prazo é
de 5 anos. Logo, o TJ terá a oportunidade de analisar novamente esta questão e poderá
modificar sua decisão com base na orientação firmada pelo STJ. Em outras palavras, o TJ
poderá voltar atrás e decidir que o prazo prescricional é de 5 anos realmente. Vale ressaltar,
no entanto, que nesse reexame, o Tribunal poderá manter sua decisão, considerando que o
posicionamento adotado pelo STJ não é vinculante.
Vale ressaltar que um erro muito comum tanto dos candidatos em concurso público como
dos profissionais na prática forense, é imaginar que seria possível o ajuizamento de agravo
de instrumento contra essa decisão. Na verdade, é firme o entendimento do STJ de que
“não cabe agravo de instrumento contra decisão que nega seguimento a recurso especial
com base no art. 543, § 7º, inciso I, do CPC” (QO no Ag 1154599/SP, Rel. Min. Cesar Asfor
Rocha, Corte Especial, DJe 12/05/2011).
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Para o STJ, a mencionada decisão somente pode ser atacada por agravo regimental, a ser
processado e julgado no tribunal de origem.
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Imagine agora que o Tribunal de origem, no julgamento do agravo regimental, manteve a
decisão monocrática do Presidente (ou Vice-Presidente), ou seja, aplicando o art. 543, § 7º,
I, do CPC. Nesta hipótese, cabe algum outro recurso contra esta decisão?
NÃO.
Em suma, contra a decisão do Tribunal de origem que, com fulcro no art. 543-C, §7º, I, do
CPC, aplica entendimento firmado em recurso especial submetido ao procedimento dos
recursos representativos de controvérsia, não cabe nenhum recurso nem reclamação.
Processo Segunda Seção. AgRg na Rcl 10.805-RS, Rel. Min. Luiz Felipe Salomão, julgado em 4/2/2013.
Termo inicial dos juros de mora no caso de execução individual de sentença coletiva
Reconhecida a procedência do pedido em ação civil pública destinada a reparar lesão a direitos
individuais homogêneos, os juros de mora somente são devidos a partir da citação do devedor
ocorrida na fase de liquidação de sentença, e não a partir de sua citação inicial na ação coletiva.
Comentários Qual é o termo inicial dos juros de mora no caso de execução individual de sentença coletiva?
Os juros de mora somente são devidos a partir da citação do devedor na fase de liquidação
de sentença, e não a partir de sua citação inicial na ação coletiva.
Exemplo hipotético:
O Ministério Público ingressa com uma ação civil pública defendendo os direitos individuais
homogêneos de certos consumidores e pedindo a condenação do réu ao pagamento de 500
mil reais.
O réu é citado em 02/02/2002, apresenta resposta, são produzidas provas e, ao final, a
sentença é julgada procedente, havendo trânsito em julgado.
Inicia-se, então, a fase de liquidação da sentença, sendo o réu citado para tanto (em
03/03/2010). A liquidação também é julgada.
Como o requerido não paga voluntariamente o valor pelo qual foi condenado, passa-se à
fase de execução.
No cálculo do valor devido, devem ser incluídos os juros de mora. O percentual dos juros
será contado da data da citação do réu para a fase de liquidação da sentença (03/03/2010)
e não da citação da ACP (02/02/2002).
Por que os juros de mora são contados somente com a citação da fase de liquidação?
A ação coletiva que tenha por causa de pedir danos referentes a direitos individuais
homogêneos será genérica, não sendo possível especificar, na petição inicial, os nomes de
todos os lesados. Desse modo, a sentença que julgar esta demanda também será genérica,
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débito (quantum debeatur), mas também para descobrir quem são os titulares do crédito
(liquidação imprópria).
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Ora, se na petição inicial da ação coletiva e na sentença desta demanda não constam os
nomes dos beneficiários da condenação, o réu não tem como, voluntariamente, pagar
aquilo que for devido para cada um deles. Se ele não tem como pagar, não se pode dizer
que está em mora. Não estando ainda em mora, não se pode dele cobrar juros moratórios.
Liquidação Vamos tecer mais alguns comentários sobre a liquidação imprópria e a execução das
imprópria sentenças proferidas em demandas coletivas.
Nas ações coletivas para a defesa de direitos individuais homogêneos, “a condenação será
genérica, fixando a responsabilidade do réu pelos danos causados” (art. 95 do CDC).
Diz-se que essa liquidação nas ações que envolvem direitos individuais homogêneos possui
natureza sui generis (expressão utilizada pelo STJ), também chamada de “liquidação
imprópria” (terminologia empregada por Cândido Rangel Dinamarco). Por quê?
Porque a liquidação tradicional, no processo civil individual, só serve para definir o quantum
debeatur (o quanto devido). Já no caso do processo coletivo, essa liquidação imprópria
servirá para apurar:
a) o quantum debeatur (a quantia devida); e
b) o cui debeatur (as pessoas que têm legitimidade para receber, ou seja, os credores).
Exemplo:
O Ministério Público ajuíza uma ACP contra determinada indústria de “salgadinhos” porque
os pacotinhos eram vendidos com a informação na embalagem de que continham 100g de
peso, mas na verdade só tinham 90g. Durante a ação, o MP consegue, por meio de perícia,
provar esse fato e a indústria é condenada a indenizar os consumidores lesados.
Trata-se de demanda envolvendo direitos individuais homogêneos.
A condenação imposta na sentença foi genérica e apenas fixou a responsabilidade da ré
pelos danos causados (art. 95 do CDC), sem definir quem são os consumidores lesados e o
quanto será devido a cada um (isso vai depender do quanto cada consumidor comprou de
salgadinho). Logo, essa sentença precisará passar pela fase de liquidação.
Quem tem legitimidade para fazer a liquidação dessa sentença que envolve direitos
individuais homogêneos?
a) A vítima (ou seus sucessores), devendo promover a liquidação, por meio de advogado,
provando ter sido um dos consumidores lesados e provando ainda o montante de seu
prejuízo; ou
b) Os legitimados previstos no art. 82 do CDC, que deverão provar quais foram os
consumidores (nome, qualificação, endereço) e o valor devido a cada um deles. Essa
hipótese “b” é mais difícil de ocorrer na prática, tendo em vista que os legitimados do
art. 82 do CDC normalmente não dispõem de meios para saber quem são as vítimas.
Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus
sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o artigo 82.
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Tanto na hipótese “a” como na “b”, o valor da indenização será destinado a cada uma das
vítimas.
No entanto, o que acontece se não aparecerem vítimas (pessoas lesadas) para liquidar a
sentença e os legitimados do art. 82 não conseguirem identificá-las?
Quando as pessoas beneficiadas pela decisão (vítimas) ficam inertes e não procuram a
Justiça para se habilitar, o Ministério Público (ou algum outro legitimado do art. 82 do CDC)
poderá liquidar e executar, de forma subsidiária, essa sentença condenatória. Tal
possibilidade está explicada no art. 100 do CDC:
Art. 100. Decorrido o prazo de 1 (um) ano sem habilitação de interessados em número
compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados do artigo 82 promover a
liquidação e execução da indenização devida.
Ocorre que, se a liquidação e execução for feita com base no art. 100, o dinheiro arrecadado
não vai para as vítimas (porque elas não foram identificadas), mas sim para um Fundo de
Defesa dos Direitos Difusos. Essa regra está prevista no parágrafo único do art. 100:
Art. 100 (...) Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o Fundo
criado pela Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
Recapitulando:
Se a liquidação e execução for feita com base no art. 97: O dinheiro vai para as vítimas
(ou seus sucessores).
Se a liquidação e execução for feita com base no art. 100: O dinheiro vai para o fundo.
E por que as pessoas beneficiadas não mostrariam interesse em liquidar e executar o valor
23
benefício individual que a pessoa obteria seria pequeno, apesar de, coletivamente, ser alto.
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Tomando ainda como exemplo o caso da fábrica de salgadinhos:
O juiz condena a fábrica por ela ter vendido salgadinhos com peso inferior ao anunciado.
Nesse caso, o dano, se considerado de modo individual, é irrisório, assim como também é
ínfimo o quanto cada consumidor terá direito de ser ressarcido (talvez alguns centavos por
cada pacote).
Desse modo, não haverá interesse dos consumidores em contratar um advogado para
buscar a liquidação e a execução da quantia que lhes seria devida.
No entanto, se encararmos o fato de forma coletiva, trata-se de um dano elevado, que,
portanto, merece ser liquidado e executado, o que poderá ser feito pelo Ministério Público
(ou outro legitimado do art. 82) após 1 ano da condenação na hipótese (provável) de não se
habilitarem interessados em número compatível com a gravidade do dano
Fluid recovery
A execução pelo Ministério Público (ou outro legitimado do art. 82) na forma do art. 100, ou
seja, com o valor destinado ao fundo, é chamado de fluid recovery (“indenização fluida” ou
“reparação fluida”).
A fluid recovery foi criada pela jurisprudência norte-americana e incorporada em nosso
ordenamento no art. 100 do CDC.
Vale explicar mais uma vez que a decisão na ACP poderia ser individualmente executada,
mas as pessoas interessadas não mostraram interesse em liquidar e executar.
Para finalizar, vejamos lição doutrinária sobre a fluid recovery exposta pelo Min. Antonio
Herman Benjamin, um dos maiores conhecedores de direito do consumidor no Brasil:
“Esta solução é extremamente representativa do espírito do CDC e introduz entre nós o que
no direito norte-americano se conhece como fluid recovery, ou reparação fluida, pela qual,
ao mesmo tempo em que se privilegia a tutela coletiva como instrumento da reparação dos
danos causados individualmente para a massa de consumidores, na hipótese destes não a
reclamarem, na medida do seu prejuízo, permite sua conversão para um Fundo, cujo
objetivo final é reverter em favor dos interesses lesados.
Suas vantagens basicamente são duas. Primeiro, não permitir que a falta de habilitação dos
consumidores lesados termine por liberar o fornecedor que atuou ilicitamente de suportar a
reparação pelos danos causados, reforçando a função de desestímulo que a indenização
deve possuir. Por outro lado, determina a possibilidade da reparação; não sendo
diretamente reclamada pelos lesados, a indenização pode ser utilizada em iniciativas e
projetos vinculados aos direitos que a ação coletiva buscou proteger.” (Comentários ao
Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: RT, 2010, p. 1.459)
Processo Quarta Turma. AgRg no REsp 1.348.512-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/12/2012.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Competência
Compete à justiça estadual o julgamento de ação penal em que se apure crime de esbulho
possessório (art. 161, § 1º, II, do CP) efetuado em terra de propriedade do INCRA na hipótese
em que a conduta delitiva não tenha representado ameaça à titularidade do imóvel e em que os
únicos prejudicados tenham sido aqueles que tiveram suas residências invadidas.
Comentários O Código Penal prevê o delito de “esbulho possessório” no inciso II do § 1º do art. 161:
Art. 161. (...)
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:
(...)
Esbulho possessório
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas
pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
Indaga-se:
A competência para julgar este crime será da Justiça Federal pelo fato da terra pertencer ao
INCRA (autarquia federal), nos termos do art. 109, IV, da CF/88?
NÃO. Segundo decidiu o STJ, neste caso, embora se verifique que a propriedade das terras
objeto do esbulho possessório seja do INCRA, autarquia federal, observa-se que a conduta
delitiva não apresentou ameaça à sua titularidade da terra, que mesmo invadida, continuou
sendo do INCRA. Os únicos prejudicados foram as vítimas, que tiveram suas residências
invadidas e de lá foram expulsas.
Logo, para o STJ, inexiste interesse jurídico que justifique a presença da União, suas
autarquias ou empresas públicas no processo, de forma que a competência é da Justiça
comum estadual.
Processo Terceira Seção. CC 121.150-PR, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora Convocada do TJ-PE),
julgado em 4/2/2013.
Sequestro
Sequestro é uma medida cautelar, de natureza patrimonial, cabível no processo penal, por
meio da qual o juiz determina a retenção dos bens adquiridos pelo investigado ou acusado com
os proventos (lucros) do crime.
Não acarreta nulidade o deferimento de medida cautelar patrimonial de sequestro sem
anterior intimação da defesa. Na hipótese de sequestro, o contraditório será diferido em prol
da integridade do patrimônio e contra a sua eventual dissipação. Nesse caso, não se caracteriza
qualquer cerceamento à defesa, que tem a oportunidade de impugnar a determinação judicial,
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O CPP prevê diversas medidas cautelares, que são classificadas pela doutrina da seguinte
forma (Renato Brasileiro):
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a) Medidas cautelares de natureza probatória (ex: prova antecipada);
b) Medidas cautelares de natureza pessoal (prisão preventiva);
c) Medidas cautelares de natureza patrimonial (sequestro, hipoteca legal, arresto).
Art. 125. Caberá o sequestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos
da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro.
Art. 132. Proceder-se-á ao sequestro dos bens móveis se, verificadas as condições previstas
no art. 126, não for cabível a medida regulada no Capítulo Xl do Título Vll deste Livro (será
cabível sequestro de bens móveis se não for caso de “busca e apreensão”).
A lei não prevê o sequestro do produto do crime (vantagem direta), uma vez que para esse
fim já prevê a busca e apreensão. Ex: ladrão de diamante. Haverá a busca e apreensão
desse diamante para servir de prova na instrução criminal. Se o meliante já tiver vendido o
produto do crime e comprado um apartamento, este bem imóvel será sequestrado.
Momento:
O juiz poderá ordenar o sequestro em qualquer fase do processo ou ainda antes de
oferecida a denúncia ou queixa (art. 127, CPP).
O juiz pode decretar o sequestro inaudita altera pars, ou seja, antes de ouvir o investigado
ou réu?
SIM. Não acarreta nulidade o deferimento de medida cautelar patrimonial de sequestro
sem anterior intimação da defesa. Na hipótese de sequestro, o contraditório será diferido
em prol da integridade do patrimônio e contra a sua eventual dissipação. Nesse caso, não se
caracteriza qualquer cerceamento à defesa, que tem a oportunidade de impugnar a
determinação judicial, utilizando os instrumentos processuais previstos na lei para tanto.
Defesa:
Após ser decretado o sequestro, o acusado poderá opor embargos (art. 130, I, do CPP).
Além disso, também são permitidos os embargos de terceiro (art. 130, II, do CPP).
Processo Sexta Turma. RMS 30.172-MT, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2012.
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Tribunal do Júri (lista de jurados)
De acordo com o § 4º do art. 426 do CPP, não pode ser incluída na lista geral de jurados a
pessoa que tenha integrado Conselho de Sentença nos doze meses que antecederem à
publicação da lista.
Assim, deve ser reconhecida a nulidade absoluta de ação penal, desde a sessão de julgamento
em Tribunal do Júri, na hipótese em que um dos jurados do Conselho de Sentença tenha
integrado o júri de outro processo nos 12 meses que antecederam à publicação da lista geral
de jurados, considerando que o placar da votação tenha sido o de quatro a três em favor da
condenação do réu, ainda que a defesa tenha deixado de consignar a insurgência na ata de
julgamento da sessão.
Comentários “Jurado profissional”
O § 4º do art. 426 do CPP estabelece o seguinte:
§ 4º O jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença nos 12 (doze) meses que
antecederem à publicação da lista geral fica dela excluído.
O objetivo deste dispositivo, alterado pela Lei n. 11.689/2008, foi o de evitar o chamado
“jurado profissional”, ou seja, aquele indivíduo que todos os anos integrava a lista de
jurados. Isso era considerado nocivo porque acabava fazendo com que esta pessoa
adquirisse certos “vícios” e ideias pré-concebidas sobre os réus, defesa e acusação.
Desse modo, se uma pessoa tiver integrado o Conselho de Sentença (grupo de 7 jurados
que julga o caso), ela não poderá ser novamente sorteada para a lista geral de jurados pelo
período de 1 ano.
No caso julgado pelo STJ, o jurado “X” havia integrado o Conselho de Sentença de outro
processo nos 12 meses que antecederam à publicação da lista geral de jurados. Logo, ele
não poderia figurar nesta nova lista. Apesar disso, ele fez parte e foi sorteado para integrar
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o júri.
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Art. 426. A lista geral dos jurados, com indicação das respectivas profissões, será publicada
pela imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta
do Tribunal do Júri.
Além do mais, é evidente o prejuízo ao réu, diante de uma condenação apertada, pelo
placar de quatro a três, tendo em vista que há possibilidade de o voto do jurado impedido
ter sido decisivo na condenação.
Logo, o STJ reconheceu que houve nulidade absoluta no caso e anulou o júri realizado.
Processo Sexta Turma. HC 177.358-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 5/2/2013.
Nulidade
Não é nulo o julgamento colegiado de mandado de segurança por ausência de sustentação oral
no caso em que a defesa pede seu adiamento apenas na véspera da sessão, declinando, para
tanto, a necessidade de estar presente em outro compromisso profissional do qual já tinha
conhecimento há mais de um mês.
Comentários O réu impetrou, no TRF, mandado de segurança contra uma decisão do juiz federal em um
processo criminal. Na véspera do julgamento do MS, o advogado do acusado enviou um fax
ao Tribunal pedindo o adiamento da sessão pelo fato de que teria que participar de outro
compromisso profissional. Alegou ainda que o julgamento não poderia ser realizado sem a
sua presença porque gostaria de fazer sustentação oral. O Tribunal indeferiu o adiamento e,
quanto ao mérito, julgou improcedente o MS. Contra esta decisão, o réu interpôs recurso
ordinário ao STJ (art. 105, II, b, da CF/88) arguindo a nulidade do julgamento pelo fato de
não ter sido adiado para a sustentação oral de seu advogado. O que decidiu a Corte?
O STJ entendeu que não é nulo o julgamento colegiado de mandado de segurança por
ausência de sustentação oral no caso em que a defesa pede seu adiamento apenas na
véspera da sessão, declinando, para tanto, a necessidade de estar presente em outro
compromisso profissional do qual já tinha conhecimento há mais de um mês.
Em primeiro lugar, é facultativo o deferimento do pedido de adiamento da apreciação de
processo por órgão colegiado.
Além disso, não é possível acolher o referido pedido sem que se apresente motivação
adequada, apta a demonstrar a efetiva necessidade de modificação da pauta, o que não
ocorre na hipótese em que o requerente, incidindo em clara desídia, sequer apresenta sua
motivação em tempo hábil, não diligenciando nem mesmo em prol da apreciação
tempestiva da petição pelo relator do processo.
Por fim, é de destacar que, de acordo com o art. 565 do CPP, nenhuma das partes poderá
arguir nulidade a que haja dado causa, ou para a qual tenha concorrido.
Processo Sexta Turma. RMS 30.172-MT, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2012.
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Suspensão condicional do processo
Neste julgado da 5ª Turma do STJ, entendeu-se que, se perceber que os fundamentos utilizados
pelo Ministério Público para negar o benefício são insubsistentes e que o acusado preenche os
requisitos especiais previstos no art. 89 da Lei n. 9.099/95, o próprio juiz deverá oferecer a
proposta de suspensão condicional do processo ao acusado.
Vale ressaltar que existem julgados do STJ também aplicando a Súmula 696-STF, sendo o
precedente divulgado neste Informativo um caso isolado. Portanto, o entendimento
majoritário, para fins de concurso, é a posição do STF.
2) O benefício da suspensão condicional do processo pode ser revogado mesmo após ter
transcorrido o prazo do período de prova?
SIM. O STF e o STJ entendem que o benefício da suspensão condicional do processo pode ser
revogado mesmo após o período de prova, desde que os fatos ensejadores da revogação
tenham ocorrido antes do término do período de prova.
Conceito Conceito
Suspensão condicional do processo é:
- um instituto despenalizador
- oferecido pelo MP ou querelante ao acusado
- que tenha sido denunciado por crime cuja pena mínima seja igual ou inferior a 1 ano
- e que não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime,
- desde que presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da
pena (art. 77 do Código Penal)
Previsão
A suspensão condicional do processo está prevista no art. 89 da Lei n. 9.099/95. No
entanto, vale ressaltar que não se aplica apenas aos processos do juizado especial
(infrações de menor potencial ofensivo), mas sim em todos aqueles cuja pena mínima seja
igual ou inferior a 1 ano, podendo, portanto, a pena máxima ser superior a 2 anos.
Requisitos
Para que seja possível a proposta de suspensão condicional do processo é necessário o
preenchimento dos seguintes requisitos:
1) O réu deve estar sendo acusado por crime cuja pena mínima é igual ou inferior a 1 ano;
2) O réu não pode estar sendo processado ou ter sido condenado por outro crime;
3) Devem estar presentes os demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da
pena, previstos no art. 77 do Código Penal.
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aumento e de diminuição;
Súmula 723-STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime
continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo
de um sexto for superior a um ano.
Súmula 243-STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às
infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade
delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da
majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.
Aplica-se também nos casos em que a pena cominada for só de multa (STF HC 83.926) e
também nas hipóteses em que a pessoa for acusada da prática de contravenção penal.
Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher não é possível
suspensão condicional do processo mesmo que a pena seja igual ou inferior a 1 ano.
Período de prova
Caso o acusado aceite a proposta, o processo ficará suspenso, pelo prazo de 2 a 4 anos
(período de prova), desde que ele aceite cumprir determinadas condições.
Período de prova é, portanto, o prazo no qual o processo ficará suspenso, devendo o
acusado cumprir as condições impostas neste lapso temporal. O período de prova é
estabelecido na proposta de suspensão e varia de 2 até 4 anos.
Outras condições
O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado (2º do art. 89).
Caso o PGJ entenda que o acusado não justifica porque a suspensão condicional do
tenha realmente direito ao benefício, o juiz processo representa um direito subjetivo
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nada mais poderá fazer, não podendo o do acusado na hipótese em que atendidos
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próprio magistrado formular a proposta. os requisitos previstos na Lei. Tendo em
Se entender que o acusado tem direito ao vista que a proposta de suspensão é de
benefício, o PGJ determinará que outro interesse público, ela não pode ficar ao
membro do MP ofereça a proposta. alvedrio do MP.
Súmula 696-STF: Reunidos os pressupostos STJ. HC 131.108-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi,
legais permissivos da suspensão julgado em 18/12/2012.
condicional do processo, mas se recusando
o Promotor de Justiça a propô-la, o juiz,
dissentindo, remeterá a questão ao
Procurador-Geral, aplicando-se por
analogia o art. 28 do Código de Processo
Penal.
Vale ressaltar que existem julgados do STJ também aplicando a Súmula 696-STF, sendo o
precedente divulgado neste Informativo um caso isolado. Ademais, para a maioria, a
suspensão condicional do processo não é um direito subjetivo do acusado, mas sim um
poder-dever do Ministério Público (STJ. HC 218.785/PA). Portanto, o entendimento
majoritário, para fins de concurso, é a posição do STF.
Revogação da suspensão
E o que acontece caso o réu descumpra alguma condição durante o período de prova? É
possível que o benefício seja revogado?
SIM. A Lei prevê que, em caso de descumprimento de alguma condição imposta, deverá
haver a revogação do benefício. Dependendo da condição que foi descumprida, esta
revogação pode ser obrigatória ou facultativa. Vejamos:
Ex: Rafael foi denunciado pela prática do crime de descaminho (art. 334, caput, do CP).
Como a pena mínima deste delito é igual a 1 ano, o MP, na denúncia, ofereceu proposta de
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ato, o denunciado, acompanhado de seu advogado, aceitou a proposta em 05/05/2005 pelo
período de prova de 2 anos (ou seja, até 05/05/2007). Em 04/05/2007, Rafael praticou uma
lesão corporal e foi denunciado apenas 2 meses depois. Indaga-se: tomando conhecimento,
em 05/06/2007, do novo crime praticado por Rafael, poderá o juiz revogar a suspensão
concedida, mesmo já tendo passado o período de prova?
R: SIM, porque o fato que motivou a revogação ocorreu antes do término do período de
prova. Logo, o processo de descaminho retomará seu curso normal.
Obs: se Rafael tivesse praticado a lesão corporal no dia 06/05/2007, não poderia ser
revogada a suspensão e haveria extinção da punibilidade quanto ao delito de descaminho.
Desse modo, o simples fato de ter expirado o prazo de prova sem revogação não significa
que, automaticamente, a punibilidade do réu será extinta. Será necessário verificar se
houve algum descumprimento das condições durante o período.
Processos Quinta Turma. HC 131.108-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 18/12/2012.
Sexta Turma. HC 208.497-RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 11/12/2012.
Execução penal
Qual é o recurso cabível contras as decisões proferidas pelo juízo das execuções penais?
R: agravo em execução (art. 197 da LEP).
Se o juízo das execuções profere uma decisão contrária ao réu, é possível que este impetre
um habeas corpus ao invés do agravo em execução? É possível o habeas corpus substitutivo
na execução penal?
NÃO. Em regra, não é cabível a impetração de habeas corpus em substituição à utilização de
agravo em execução.
Excepcionalmente, pode-se admitir o habeas corpus substitutivo de agravo em execução se
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Processo Sexta Turma. HC 238.422-BA, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 6/12/2012.
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Julgue os itens a seguir:
1) (Juiz Federal TRF2 2011 – CESPE) Consoante entendimento do STJ, a supressão, pelo poder público, de
gratificação que esteja sendo paga a servidor público configura ato comissivo, de efeitos permanentes,
e não de trato sucessivo, razão pela qual a impetração de mandado de segurança para impugnar o ato
deve ocorrer no prazo de cento e vinte dias contados da sua edição. ( )
2) (Juiz Federal TRF2 2011 – CESPE) O STJ entende que, se for estipulada cláusula penal moratória, a parte
que inadimplir o contrato não terá a obrigação de indenizar lucros cessantes. ( )
3) (Juiz TJPB 2011 – CESPE) Estipulada cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, o
credor poderá exigir cumulativamente do devedor a pena convencional e o adimplemento da
obrigação. ( )
4) (Juiz TJES 2012 – CESPE) Ainda que possível cláusula penal compensatória estipulada para o caso de a
inexecução ser insuficiente para compensar os prejuízos sofridos, não será lícito ao contratante ajuizar
ação buscando perdas e danos. ( )
5) (DPE/AM 2013 – FCC) De acordo com entendimento sumulado, reunidos os pressupostos legais
permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la,
o Juiz, dissentindo, poderá propô-la de ofício. ( )
6) (Juiz Federal TRF2 2013 – CESPE) A suspensão condicional do processo pode ser concedida para cada
crime isoladamente, desde que para cada um deles, individualmente, a pena mínima cominada não
seja superior a um ano, mesmo que o somatório das penas ultrapasse esse limite. ( )
7) (Juiz TJDF 2012) A suspensão condicional do processo é um direito público subjetivo do acusado e não
um poder-dever do Ministério Público. ( )
8) (AGU 2012 – CESPE) De acordo com a jurisprudência do STJ, o instituto da suspensão condicional do
processo corresponde a um poder-dever do MP, não sendo, pois, direito público subjetivo do acusado. ( )
9) (OAB IX 2012 – FGV) Se, no curso da suspensão condicional do processo, o acusado vier a ser
processado por contravenção penal, o benefício poderá ser revogado pelo juiz. ( )
10) (Juiz Federal TRF2 2013 – CESPE) A suspensão condicional do processo poderá ser revogada se o
acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção penal. ( )
11) (DPE/TO 2013 – CESPE) A suspensão condicional do processo, após o término do período de prova, sem
revogação, enseja a automática decretação da extinção da punibilidade do acusado. ( )
12) (Juiz TJDF 2012) O benefício da suspensão condicional do processo pode ser revogado mesmo após o
período de prova, desde que motivado por fatos ocorridos até o seu término. ( )
13) (MP/RR 2012 – CESPE) Ao juiz impõe-se o dever de revogar o benefício da suspensão condicional do
processo caso o beneficiário seja processado pela prática de outro crime no curso da sobredita medida
processual, considerando, para tanto, o simples oferecimento da peça acusatória como marco para a
revogação obrigatória e irreversível da medida, ainda que o acusado seja absolvido no segundo feito. ( )
Questão discursiva
(Promotor MP/ES – 2005) Disserte sobre a liquidação imprópria.
Gabarito
1. C 2. E 3. E 4. C 5. E 6. E 7. E 8. C 9. C 10. C
11. E 12. C 13. E (vide STJ HC 162.618/SP)
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