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FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ

Formação de Professores na Educação Especial em Classe Regular


de Ensino com os Alunos Surdos

CURITIBA/PR
2018
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ
THALITA TAIOANE BELETATO

Formação de Professores na Educação Especial em Classe Regular


de Ensino com os Alunos Surdos

Trabalho entregue à Faculdade de Educação


São Braz, como requisito legal para convalidação
de competências, para obtenção de certificado de
Especialização Lato Sensu, do curso de
Educação Especial Inclusiva, conforme Norma
Regimental Interna e Art. 47, Inciso 2, da LDB
9394/96.

Orientador (A):

CURITIBA/PR
2018
RESUMO
O presente trabalho tem por temática A Formação dos Professores na Educação Especial, na
Modalidade do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, as definições de deficiência e o atendimento
educacional especializado, ressaltando a importância da Libras. Essa Linguagem é indispensável
para os portadores de deficiência auditiva, em toda faixa etária, pois, por meia desta, os deficientes
exploram sua curiosidade e melhoram sua conduta no processo de ensino- aprendizagem. Desse
modo, utilizou- se de uma pesquisa bibliográfica apontando a historia da deficiência, suas definições
e causas, dando foco no atendimento educacional especializado, ressaltando em certos pontos a
legislação vigente a favor da educação e inclusão dos portadores de deficiência. Concluindo que a
Educação Especial constitui- se em uma estratégia para o desenvolvimento de qualquer pessoa
portadora de necessidades especiais, pois esta, além de contribuir e influenciar na aprendizagem dos
conteúdos escolares básicos, também auxilia no desenvolvimento dos aspectos cognitivos, afetivos e
psicomotores de cada individuo

Palavras-chave: Deficiência auditiva, professores, alunos.


INTRODUÇÃO
Atualmente com o avanço tecnológico, com a crescente aceleração das
informações via internet, muito coloca - se em pauta para discussões questões a
cerca da quebra de preconceitos e levante da bandeira para aceitação das
diferenças. Frente a essa ilustração, verifica - se que a questão em relação à
inclusão é um assunto que vem sendo discutido há muito tempo não só no Brasil,
mas mundialmente, tanto é que temos várias conferências em diversos lugares
como Guatemala, Estocolmo, Tailândia, entre outros, que tratam sobre a educação
especial. Existem vários tipos de deficiência, vários transtornos e doenças, mas aqui
tratar- se a especificamente dos indivíduos que vivem no mundo do silêncio, os
alunos com deficiência auditiva.
Todo ser humano tem o direito de aprender e com o surdo não é
diferente, os surdos tem vontades assim como os ouvintes, a diferenciação é apenas
quanto à maneira de expressar – se, porque enquanto os ouvintes fazem uso da
linguagem verbal para expor seus sentimentos, suas emoções e seus pensamentos,
o surdo utiliza a LIBRAS, que o proporciona a transmitir tudo o que os ouvintes
transmitem, de maneira que os outros entendam, mas para isso é preciso que os
ouvintes conheçam a língua de sinais.
É preciso encarar as pessoas que tenham alguma perda auditiva sem a
presença de preconceitos, discriminação ou exclusão, pois estas não tem razão de
existir, pois assim como os ouvintes o surdo possui capacidade, habilidades,
inteligência, que precisam ser estimuladas, e essas sendo desenvolvidas, há
possibilidade desses virem a produzir tanto quanto ou até melhor que o ouvinte,
porque assim como estes o surdo tem competência para isso, lembrando que é
preciso respeitar as diferenças nas diferenças.
Este trabalho tem como tema a Formação de Professores na Educação
Especial em classe regular de Ensino com os alunos surdos. Muitas vezes estes não
são enxergados como cidadãos de direitos, que estão ali para aprender como os
outros, e, portanto precisam da mesma atenção que os demais. Neste processo, é
importante destacar a interação entre a família e escola para que contribua para um
melhor desenvolvimento do aluno surdo, tendo isso como princípio justifica – se
como um estímulo para o aperfeiçoamento dos professores, a fim de melhorar suas
estratégias de ensino.
Busca- se por meio deste, compreender a realização do trabalho docente
em sala de aula com os alunos surdos, a fim de verificar se a prática pedagógica
está sendo adequada para a aprendizagem destes, também objetiva- se conhecer o
trabalho pedagógico com os alunos surdos, bem como suas condições de
aprendizagem; identificar características do comportamento dos discentes surdos
em sua socialização no ambiente escolar e propor sugestões de formação
continuada que levem ao aperfeiçoamento profissional, pois quem tem a ganhar com
isso é a sociedade como um todo, pois se a escola oferece aos seus profissionais
meios para eles realizarem um bom trabalho, a sociedade também será beneficiada,
pois sairão do ambiente escolar, cidadãos mais bem preparados para a vida em
comunidade.
1. UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL
Vários são os fatos que permeiam a história dos surdos no que se trata
quanto à maneira de como eles eram vistos ao longo dos anos, conforme a época e
a forma que a sociedade organizava – se era o jeito que os deficientes, incluindo os
surdos eram vistos. Antigamente pensava – se que a surdez seria causada por
causas demoníacas; segundo Mori (2010, p. 12, apud Carvalho, 1992) afirma que,
na Idade Antiga, valorizava-se e cultuava o corpo perfeito, aqueles que nascessem
com alguma anomalia podiam ser eliminados. As crianças “deformadas e as
indesejadas eram abandonadas em esgotos ao lado externo do Templo da Piedade”
(ARANHA, 2001, p.160, apud MORI, 2010, p.12). Nessa sociedade excludente, o
extermínio de qualquer pessoa que não atendesse as características
convencionadas pela sociedade não representava qualquer tipo de problema, pois
essa conduta era socialmente aceita.
A deficiência existe desde o início dos tempos, fato este que tem registros até
nos escritos religiosos. A efetivação de cuidados às pessoas com deficiência era
realizada pela criação de orfanatos, manicômios, prisões, longe das comunidades,
para não molestar os demais. Nessas instituições, juntavam- se, aos delinquentes,
velhos, pobres, doentes mentais e outros indesejados sociais que poderiam
comprometer a ordem. (JIMENÈZ, 1994, apud Mori).
No século XVII, os padrões de beleza novamente ganham enorme destaque,
juntamente com os aspectos relacionados à produtividade, o que fazia com que os
indivíduos que não se enquadrassem positivamente nesse padrão estipulado pela
sociedade da época ficassem marginalizados, pessoas com algum tipo de
deficiência eram rotuladas como idiotas, delinquentes, rebeldes, além de serem
excluídas, fadadas ao confinamento em asilos, onde, muitas vezes eram dizimadas
por epidemias.( MORI,2010, p.12).
Para Januzzi (2004, p.4apud MORI, 2010, p. 14), no Brasil no século XVIII, foi
criada a roda de expostos, na qual eram deixadas as crianças que os pais
abandonavam nas ruas, e as que nascessem com alguma deficiência, onde podiam
morrer sob diversas circunstâncias como frio, sede, fome, alguma doença que
pegassem estando nessa situação, ou serem devoradas por animais, como cães. As
crianças que eram apanhadas na instituição pelas irmãs de caridade, recebiam
comida e podiam até vir a receber alguma educação.
Na Idade Média surge Deus, a visão que os homens tinham para entender as
pessoas com necessidades especiais como indivíduos que também possuem alma,
por esse motivo não podiam mais serem mortos, nesse período tinha-se a ideia de
que quem ajudasse um deficiente, quando morresse ia direto para o céu. O
deficiente era o “coitadinho”, merecedor de pena, por isso o pensamento era de
ajudá-los, no sentido de oferecer ambientes próprios a eles, que seriam as
instituições nas quais eles ficariam fora do contato social, na verdade o que essas
ações provocaram foi à segregação, e trouxe inúmeras consequências negativas,
uma vez que o ensino e o aprendizado para estes não existiam e reforçou
comportamentos como a discriminação.
No século XVIII e início do século XIX, surge outro paradigma em âmbito
mundial: o da institucionalização especializada, reconhecido por estudiosos como o
início da educação especial propriamente dita. No entanto, é importante lembrar
que, inicialmente, o atendimento de caráter assistencialista, sobrepunha-se ao
educativo. (JIMENEZ, 1994; RIBEIRO, 2005; SHIMAZAKI, 2006, apud MORI, 2010,
p 12).
Na Revolução Industrial manteve-se a valorização da produtividade, já que o
sistema é baseado no capitalismo, que visa o lucro e, por conseguinte a produção,
tendo em vista essa organização social os deficientes de nada valeriam frente a
essa ordem, por isso novamente os fracos, os que possuam algum problema de
saúde como os deficientes, são deixados de lado, como afirma BIANCHETTI, 2001,
apud MORI, 2010, p. 13, com o fortalecimento da produção capitalista e a
consolidação da burguesia, houve o fortalecimento das instituições especializadas
longe das cidades, com o pretexto de que a vida no campo seria benéfica para o
desenvolvimento dos sujeitos com deficiência.
Este mesmo autor coloca que no século XIX, o cenário modificou-se por conta
da criação de instituições escolares, que não tinham apenas o intuito de cuidado, e
de tratamento terapêutico, mas também educativo, aplicando-se práticas de efeitos
classificatórios.
No nosso país, a educação especial, segundo Mazzotta(1996), começou a
surgir de forma institucionalizada no final do século XVIII e começo do século XIX,
com isso deu início à criação de institutos, mas que atendiam apenas os membros
elitizados da sociedade. O Imperial Instituto de Meninos Cegos, atual Instituto
Benjamim Constant, foi à primeira instituição educacional organizada,
exclusivamente para atender a pessoas com necessidades especiais no Brasil no
ano de1854, seguido do Imperial Instituto de Surdos-Mudos, criado em 1857, atual
Instituto Nacional de educação dos surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro
(RIBEIRO, 2005 apud MORI, 2010, p. 15).
No ano de 1954, é fundada a primeira APAE (Associação de Pais e Amigos
dos Excepcionais).Em 1961, por meio da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional), Lei nº 4.024/61 é definido o atendimento educacional às
pessoas com deficiência, a partir dessa é colocado o direito dos “excepcionais”
participarem preferencialmente da educação na rede regular de ensino. Já pela LDB
de 1971, Lei nº 5.692/71 pela maneira que dispõe sobre os deficientes, colocando a
definição de tratamento especial, acaba limitando as possibilidades de atendimento
destes discentes no ensino regular, pois quando a lei faz uso da expressão
“tratamento especial”, quer dizer que a escola normal não possui meios de atender
estes da maneira que eles precisam ser atendidos, levando em conta para o seu
ensino as suas necessidades especiais, com isso volta à tona as escolas especiais e
as classes de atendimento especial.
No Brasil, como se pode perceber houve várias leis e criação de instituições
que tratassem de alguma forma do atendimento de pessoas especiais e ainda há,
como prova disso em 1973, a criação CENESP para cuidar de questões relativas à
educação especial no país, mas este é caracterizado por ações assistencialistas de
caráter integracionista, o qual foi iniciativa do MEC, mas possui suas iniciativas
alheias ao Estado.
Com a promulgação da Constituição Federal veio mais uma lei, pode- se dizer
“a maior das leis”, porque essa tem vigência em nossos dias atuais e rege todo o
nosso Brasil, que entre outras questões, dá enfoque no art. 208 para a educação
especial, na qual define como dever do Estado a oferta de atendimento educacional
especializado preferencialmente na rede regular de ensino. Já em 1990, é criado o
ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), Lei nº 8.069/90 que fala dos direitos e
deveres da criança, entre outras disposições, o qual também traz alguns direitos da
criança que possui alguma necessidade especial, neste mesmo ano também surge a
Declaração Mundial de Educação para Todos, na qual o direito de educação para os
deficientes é colocado em ênfase.
Em 1994, acontece a Declaração de Salamanca, que trata respectivamente
dos direitos das pessoas com necessidades especiais, esta por sua vez, passa a ser
referencial para a criação de políticas públicas que trate desses indivíduos,
fortalecendo por meio dessa a proposta de educação inclusiva. E também é
publicada a Política Nacional de Educação Especial, que orienta o acesso dos
discentes às classes comuns de ensino para aqueles que possuem condições
necessárias para acompanhar o ensino comum, no mesmo ritmo dos educandos
ditos como normais.
Em 1996 é criada a última Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a
qual se encontra vigente atualmente, Lei nº 9.394/96, que estabelece em seu art. 59,
que os sistemas de ensino deverão assegurar aos discentes com necessidades
especiais, organização de currículos, métodos, recursos educativos e organização
específicas, para atender às suas necessidades de aprendizagem, bem como
professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para
atendimento especializado, capacitados para a integração desses educandos nas
classes comuns de ensino, que possibilitem aos que tiverem condições a
terminalidade dos estudos, entre outras questões de extrema relevância.
A ONU (Organização das Nações Unidas), que é composta por diversos
países organizou no ano de 2006, a Convenção sobre os direitos da pessoa com
deficiência na qual foi baseada em alguns princípios, dentre eles pode-se citar o
respeito pela dignidade, à independência da pessoa, inclusive a liberdade de fazer
as próprias escolhas, e a autonomia individual, a não discriminação, a plena e
efetiva participação e inclusão na sociedade, o respeito pela diferença, à igualdade
de oportunidades, a acessibilidade, a igualdade entre gêneros e o respeito pelas
capacidades em desenvolvimento de crianças com deficiência.

Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação
com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva.
(Convenção sobre os direitos da pessoa com deficiência, 2007 ).

Ao passar dos anos, houve vários decretos, leis, resoluções, portarias que
vieram tematizar a questão da educação especial, assunto este que é temática para
um longo estudo.

2. DEFICIÊNCIA AUDITIVA
A deficiência auditiva pode ser considerada a perda da audição tanto total
como parcial, que levam as pessoas a não escutarem sons, vozes, barulhos que são
comuns no dia a dia dos ouvintes, e que para estes são tão normais, pois já estão
acostumados, enquanto os surdos vivem num mundo silencioso, onde não existem.
Como a surdez não é algo percebível de longe aos nossos olhos, no que diz respeito
à estética do indivíduo comparável a outras deficiências como a deficiência física,
essa muitas vezes passa despercebida, se não formos realmente conversar com a
pessoa para perceber sua necessidade especial.

Para Jakubovicz (2002 apud Oliveira, Braga, 2009, p.106), os problemas


auditivos são divididos em perda auditiva pré-natal, que é quando ocorre antes da
criança nascer por problemas ocorridos na gestação; e perda auditiva pós-natal, que
é aquela que acontece após o nascimento do bebê em qualquer fase da vida do
indivíduo.
A deficiência auditiva pode ser classificada em:
Deficiência auditiva condutiva: quando há interferência na condução do som
desde o conduto auditivo externo até a orelha interna (cóclea), ou seja, falta
estimulação de vibrações sonoras, que podem ser normalizadas com o aumento da
intensidade de estímulos sonoros, essa situação pode ser melhorada geralmente
com cirurgia ou tratamentos clínicos especializados.
Deficiência auditiva central, disfunção auditiva central ou surdez central: é
caracterizada pelo mau processamento das informações sonoras no SNC (sistema
nervoso central), o que faz com que o indivíduo tenha dificuldade de entender por
conta da diminuição da capacidade de ouvir.
Deficiência auditiva sensório-neural: é quando há uma lesão das células do
nervo auditivo ou da cóclea, que impedem que os sons sejam transmitidos da
maneira que deveriam ser o que é irreversível.
Deficiência auditiva mista: resulta da dificuldade da má condução do som até
o órgão terminal sensorial associada à lesão do órgão sensorial ou do nervo
auditivo.
A surdez pode ser identificada por meio do grau de dificuldade que o indivíduo
tem para ouvir, dessa forma é possível caracterizar o nível de surdez que o indivíduo
possui, esta por sua vez são classificadas em leve, moderada, severa e profunda.
Segundo critério de Davis e Silverman, 1966:
• Audição Normal - limiares entre 0 a 24 decibéis nível de audição.
• Deficiência Auditiva Leve - limiares entre 25 a 40 decibéis nível de audição.
• Deficiência Auditiva Moderada - limiares entre 41 a 70 decibéis;
• Deficiência Auditiva Severa - limiares entre 71 a 90 decibéis;
• Deficiência Auditiva Profunda - limiares acima de 90 decibéis.
Em geral, pessoas que tenham o grau de perda auditiva leve, moderada e
severa são denominadas de deficientes auditivos, enquanto os indivíduos com níveis
de perda auditiva profunda são chamados surdos.
Nas perdas auditivas de grau leve os pacientes costumam dizer que ouvem
bem, mas às vezes, não entendem o que pessoas falam, o ideal é falar bem
devagar, pausadamente, e geralmente num tom que o indivíduo consiga ouvir. Nas
perdas auditivas de grau moderado para severo, os sons podem ficar distorcidos, e
na conversação as palavras se tornam abafadas e mais difíceis para entender,
principalmente quando as pessoas estão conversando em locais com ruído
ambiental ou salas onde existe eco. Os sons da campainha e do telefone tornam-se
difíceis de serem ouvidos; o deficiente auditivo pede a todo o momento que falem
mais alto ou que repitam as palavras.
Nas perdas auditivas profundas existe apenas um resíduo de audição. O
deficiente ouve apenas sons intensos ou percebe somente vibrações, e também
podem a partir de muita experiência realizar leitura labial.
O ouvido é dividido em três partes: externo, médio e interno. O ouvido externo
é formado pelo pavilhão auricular e canal auditivo com a membrana timpânica no
fundo do canal. No ouvido médio estão os três ossículos (martelo, bigorna, estribo) e
a abertura da tuba auditiva. O ouvido interno também chamado de labirinto é
formado pelo aparelho vestibular (equilíbrio) e cóclea (audição). O som chega ao
cérebro através do nervo coclear.
O sistema auditivo de um bebê começa a ser formado por volta da quarta
semana, e a orelha interna atinge o seu tamanho e aspecto adulto entre a vigésima
e vigésima segunda semana do período fetal. (MOORE; PERSUAD, 1994, apud.
Mori, p.39).
A prevenção da surdez hereditária é feita através do aconselhamento
genético aos pais, que consiste no fornecimento de informações a respeito da
genética que eles possuem, que pode causar algum risco de distúrbio num bebê que
venha a nascer a partir da união dos dois, das consequências e probabilidades de
desenvolver e transmitir os distúrbios, bem como das maneiras existentes de
prevenção destes. E também pelos cuidados médicos no período pré-natal previnem
a surdez na criança que vai nascer. Doenças como a rubéola, sífilis e toxoplasmose
na gestante são exemplos de doenças que podem causar surdez e outras
anomalias.
Há muitos fatores determinantes que podem vir a causar a surdez como o
histórico familiar, se há surdos na família, pois pode acontecer do bebê nascer surdo
por conta da herança genética de seus progenitores, infecções intrauterinas, por
conta de doenças como a rubéola, meningite bacteriana ou virótica, sífilis, dentre
outras, uso de medicamentos que possam vir a prejudicar o ouvido externo, como
também a má formação do bebê na parte do ouvido, casamentos consanguíneos.
Está associado à causa da deficiência auditiva também as possíveis
infecções de ouvido que perduram meses, as quedas que as crianças possam vir a
sofrer algum trauma ou fratura craniana, nas quais possa vir a entrar em estado de
inconsciência, afetando o ouvido e as partes que o constituem, uso de fones de
ouvido em volume alto demais, e qualquer tipo de som em volume exagerado.
Muitas vezes, a causa das deficiências também podem estar aliadas a
acidentes como a queda de grandes alturas, ferimentos causados por armas,
acidente de trânsito, que podem ser evitados com o aumento da prudência dos
indivíduos. A alimentação inadequada com falta de proteínas, carboidratos e das
substâncias que são necessárias ao bom funcionamento do corpo também são uma
das razões do surgimento das deficiências.
A criança que possui um desenvolvimento normal, sem problemas tanto em
seu aspecto físico como cognitivo, vai seguir o padrão de desenvolvimento comum a
todas as crianças de acordo com sua faixa etária, nesse processo é primordial que
os pais fiquem atentos a sinais básicos, como o desenvolvimento da fala, este por
sua vez acontece da seguinte forma: aos sete meses é normal que o bebê comece
imitar sons que ele escute, e por volta de um ano de idade deve estar falando, mais
ou menos, dez palavras, já com dois anos de idade, é comum que o pequeno já
esteja falando em média cem palavras, as quais foram consolidadas por meio da
audição, que o possibilitou criar esquemas cognitivos da aprendizagem das
mesmas, contando com o sistema vocal perfeito.
Após o nascimento, a audição do bebê pode ficar comprometida por certas
doenças infecciosas como meningite, caxumba ou sarampo, contra as quais existe
vacinação eficaz. Toda mulher, especialmente dos quinze aos trinta e cinco anos,
deve vacinar-se contra a rubéola, pois resolve muitos possíveis problemas que a
criança possa vir a ter na gestação. É preciso que a gestante fique atenta aos
remédios que toma, porque esses podem ser tóxicos ao ouvido do bebê, e também
depois de seu nascimento, porque certos antibióticos podem lesar seu ouvido.
Com os progressos da ciência e tecnologia o diagnóstico de surdez numa
criança pode ser feito desde o nascimento. Se há suspeita, a consulta médica deve
ser imediata. O tratamento da criança surda deve ser iniciado cedo, já nos primeiros
meses. Quanto antes for iniciado o trabalho de habilitação na criança surda, melhor
será o aproveitamento na aquisição da linguagem.
Atualmente, assim que nasce um bebê realiza-se o teste da orelhinha, com o
objetivo de verificar se o neonato possui alguma perda de audição, esse teste é feito
no berçário enquanto o recém-nascido está dormindo, geralmente o exame acontece
no segundo ou terceiro dia de vida, leva aproximadamente cinco a dez minutos para
a sua realização, enquanto realiza-se o exame o bebê continua dormindo, não
sofrendo nenhum incomodo. Essa triagem auditiva se dá por meio do exame de
Emissões fotoacústicas, que se caracteriza por sons produzidos da cóclea, devido a
estímulos sonoros que são realizados.
Hoje em dia há muitos meios para tratar a surdez dependendo de seu nível,
mas em geral, as pessoas procuram por aparelhos auditivos, que tem a função de
amplificar os sons, mas nem sempre isso funciona bem, devido à má qualidade do
aparelho, e em geral o surdo tende a reclamar de enormes chiados do aparelho,
mesmo quando está em silêncio. Os que não se adaptam a esses aparelhos
convencionais, também há a opção de aparelhos eletrônicos que são implantados
por meio de cirurgias, e há também a possibilidade do surdo fazer o implante
coclear, que se trata de uma prótese inserida cirurgicamente e que funciona de
forma computadorizada, substituindo parcialmente as funções da cóclea, ou seja,
transforma energia sonora em sinais elétricos, que serão interpretados no córtex
auditivo. (BERRO, p.43), mas que exige muitos cuidados, e ainda pode acontecer a
rejeição do aparelho, infecções, e o indivíduo não se acostumar com o uso.
A surdez ou acusia pode ser congênita, que é quando a criança já nasce
surda, ou não congênita, quando o indivíduo possui audição perfeita , e com o tempo
por alguma razão, em algum momento durante a vida ela manifesta-se configurando
a perda auditiva pela pessoa, levando a surdez leve, moderada, profunda ou severa,
conforme o grau de comprometimento acometido pelo sujeito.
Frequentemente, a surdez é descoberta pelos pais por volta de um ou dois
anos da criança. Uma vez que o bebê não escuta e a mãe para acalmá-lo apenas
fala com ele não permitindo que ele possa enxerga- lá fará com que a criança se
desenvolva com ausência de laços de afetividade por parte dela, o que levará o
pequeno a desenvolver o sentimento de abandono e insegurança, que deixam
marcas durante a vida, sem contar que isso causa a baixo- estima.
Em uma pesquisa realizada por Petitto&Marantette (1991, apud BRASIL
1998, p. 65), a respeito do balbucio dos bebês surdos e ouvintes na mesma faixa
etária, percebeu – se que essa ação acontece independente da capacidade auditiva
dos bebês, já que a capacidade para o possível desenvolvimento da linguagem é
natural no ser humano, as quais são manifestadas tanto por sons quanto por sinais,
mas esse balbucio não é desenvolvido para o bebê surdo adquirir a fala, porque ele
não tem condições de ouvir, e a audição é imprescindível para o desenvolvimento da
fala.
Por volta dos dois anos, surge às primeiras combinações de sinais das
crianças surdas. BRASIL (1998 p. 66)
Bellugi&Klima(1979), detectaram que o padrão de aquisição das crianças
surdas é bastante próximo ao das crianças ouvintes. BRASIL (1998 p. 67).
Muitos pais, ao saberem da existência da surdez de seus filhos, deixam de
conversar com ele, ou diminuem diálogos diretos com seus filhos, o que não é o
ideal, porque é importante que o pequeno saiba que existe a forma de comunicação
oral, olhar no olho da criança quando for falar possui um grande valor, pois
possibilita a ela observar as expressões faciais e as vibrações sonoras, bem como
os movimentos da boca para a gesticulação das palavras. É preciso que os pais
percebam que existem várias formas de mostrar para a criança que gosta dela além
da expressão oral, como sorrisos, toques, carinhos.
É por meio da audição que aprendemos a falar, pois entramos em contato
com o ambiente que nos rodeia, possibilitando o contato com as pessoas que são da
nossa família, parentes, amigos, entre outras, ninguém nasce sabendo essa ação
linguística, mas a criança que tem a audição perfeita na convivência com as pessoas
que falam aprende a falar naturalmente o modelo de língua que escuta.
Por fim, vale a pena ressaltar, que mesmo diante do acesso de tantas
informações, muitas pessoas ainda desconhecem as leis existentes, como a Lei
Federal 8.160 de janeiro de 1991, a qual estabelece que em todos os lugares que os
surdos possam ter acesso, circulação e utilização, além dos serviços que forem
postos à sua disposição ou que possibilitem o seu uso, tenham o “Símbolo
Internacional da Surdez”, e esse deve estar obrigatoriamente em local visível, mas
muitas vezes essa lei é descumprida e isso acaba não acontecendo.

3. FORMAÇÃO DOS PROFESSORES


O professor é o profissional que necessita compreender o cenário no qual
desenvolve- se a educação atualmente, lembrando que a estrutura da sociedade
mudou, então a forma com que esse grupo de pessoas se organizam é diferente
daquele que existia antigamente, e não podemos esquecer da forte influência que os
meios de comunicação exercem no comportamento e anseios dos indivíduos em
relação a diversos fatores, dentre eles também a educação.

Neste contexto é preciso também inserir as pessoas com necessidades


especiais em contato com as tecnologias que nós convivemos hoje em dia, pois
quando se fala em inclusão, deve-se pensar em todas as dimensões sociais,
políticas, educacionais, tecnológicas, dentre outras.
Segundo a Constituição Federal de 1988, todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, por isso é garantido a todos brasileiros e
estrangeiros residentes no Brasil a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e a propriedade, sendo a educação definida no capítulo II,
art. 6º como um direito social, e no capítulo III, seção I da educação, art. 205, a
educação é um direito de todos, tendo em vista o pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Ainda no art. 206, define-se a igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola, e coloca-se a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar,
divulgar o pensamento, a arte e o saber. Também torna-se interessante ressaltar o
art. 208, que trata dos deveres do Estado para com a educação, que expõe o
atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino.
Conforme exposto no trecho acima, percebe-se que há uma grande
preocupação em assegurar uma educação a todos, já que este é um dos meios para
alcançar o desenvolvimento e o progresso de um país, pois cidadãos com
conhecimento produzem mais e com maior qualidade, também o direito da educação
é estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas), que visa assegurar
entre outros aspectos os direitos humanos e o progresso social.
É necessário que o docente esteja habilitado, capacitado e treinado para
assumir a sua função de educador, mediador do conhecimento para o aluno, ou
seja, é fundamental que ele tenha formação para saber como vai trabalhar com a
diversidade dentro de sala de aula, levando os alunos a construírem valores e
conscientização da necessidade de respeito ao próximo, independente do seu jeito
de ser e de suas limitações, inclusive para o aluno surdo, que por viver no mundo do
silêncio tende a se isolar, por não conseguir uma comunicação que seja satisfatória
com os ouvintes, chegando a formar pequenas comunidades de surdos, e a inclusão
não consiste nesta segregação de grupos, mas sim na socialização dos grupos,
permitindo a todos o máximo possível às mesmas condições de acesso as mesmas
coisas.
Sendo o docente o profissional que está diretamente ligado com a educação,
com o processo de ensino aprendizado e com os alunos, inclusive os surdos, é
relevante que esse conheça como se dá a LIBRAS, sua estrutura enquanto uma
língua oficial, para que esse possa comunicar-se com seus alunos, facilitando a
explicitação de conceitos e conteúdos curriculares, entendendo também um pouco
da gramática desta, para que possa ver com o olhar adequado os textos produzidos
pelos alunos surdos.
Não são todos os profissionais da nossa sociedade que possuem
conhecimento aprofundado em relação à surdez, em geral o que sabe- se são
questões relativas ligadas ao senso comum, que muitas vezes são poucas no
requisito de como se trabalhar com os surdos, aí surge os preconceitos, as
discriminações, a exclusão, o mal tratamento em relação em relação a eles, e a total
falta de entendimento entre ambos.
Não é suficiente conhecer a Língua Brasileira de Sinais para poder atuar
eficazmente na escola com o aluno surdo. É também necessário conhecer a
Cultura Surda através da participação e vivência na comunidade Surda,
aceitação da diferença e paciência para inteirar – se nela.VILHALVA,2004.

O professor deve participar ao menos no que se faz necessário na vida do


aluno através da interação com seus responsáveis. No caso do aluno surdo, este
deve entrar em contato com a cultura do aluno, e se este é surdo desde que nasceu,
ele possui em sua formação a cultura surda como sendo parte de sua constituição
como pessoa, e o docente não pode deixar de lado esse aspecto no discente, ao
contrário deve dar o devido valor, pois faz parte da vida do educando.
O professor da criança com deficiência auditiva ou surda deve estar sempre
em contato com os pais desta, para estar informando como está o rendimento da
criança, quais são as dificuldades que estão sendo encontradas para a sua
aprendizagem, e como os pais podem estar auxiliando em casa para a realização
desse processo, informando aos pais e explicando a eles como está se realizando o
ensino e a avaliação.
Os aparelhos de audição são regulados por meio de computadores ou
manualmente, de acordo com o aparelho que a criança usa para diminuir suas
dificuldades auditivas, quando a criança está na escola é preciso que o docente
fique atento para que possa dar a esse educando condições favoráveis de uso, e a
família por sua vez deve fornecer os meios necessários para o bom uso deste
também em casa.
Se acaso for explicado um determinado conteúdo que os alunos não
entenderem e houver a necessidade de um tempo maior para eles conversarem
entre si em língua de sinais, isso é válido, pois permitirá que realizem o raciocínio a
respeito do que o professor quis dizer em relação ao conteúdo, e cheguem juntos a
uma determinada conclusão que será fundamental para o seu aprendizado.
Enfim, o docente é o profissional que exerce grande influência na vida da
criança, tanto pelo ensino que é mediado para este, quanto pela conduta do
professor, por isso é fundamental que se invista na formação profissional deste, que
muitas vezes não é condizente com a realidade apresentada e vivida nas escolas.

4. INTERPRETE
O interprete é um ouvinte que estudou e dedicou-se muito no aprendizado
das Libras, não só teoricamente, mas exercendo a prática da língua, convivendo
com os surdos. Pode parecer que a Língua Brasileira de Sinais é simples a primeira
vista, mas não é bem assim, pois como toda língua ela possui sua complexidade,
ainda mais por ser cheia de gestos realizados no sentido espaço-visual, que são
cheios de significação.

Este profissional tornou-se um direito dos surdos principalmente em sala de


aula, através da Lei Nº 12.319, de 1º de setembro de 2010, que regulamenta a
profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais- LIBRAS, que em
seu art. 2º, define tradutor e intérprete o indivíduo com habilidade para interpretar
duas línguas de maneira simultânea, Libras e Língua Portuguesa.
Para ser habilitado nesta profissão é necessário, buscar a formação
adequada assim como em qualquer outra profissão, é preciso realizar cursos de
educação profissional que sejam reconhecidos MEC, cursos de extensão
universitária, bem como cursos de formação continuada que sejam realizados por
intermédio de instituições de ensino superior e instituições credenciadas por
Secretarias de Educação, conforme descrito no art. 4º dessa lei.
Muitas pessoas não possuem conhecimento a respeito das reais funções
desempenhadas por um intérprete na sociedade, sabe-se que é para traduzir o
português para Libras, e traduzir Libras para o português para os ouvintes que não
dominam a língua de sinais, mas sua função vai além do que geralmente se pensa.
No art. 6º ficam estabelecidas as atribuições que devem ser desenvolvidas
por este profissional, que é realizar a comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e
surdos-cegos, surdos e surdos, surdos-cegos e ouvintes, por meio da Libras para a
língua oral e vice-versa; interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua
Portuguesa, todas as atividades dadas pelo docente, objetivando possibilitar aos
surdos oportunidades de aprendizagem, no sentido deles terem a compreensão dos
conteúdos curriculares, sejam eles desenvolvidos em todos os segmentos de ensino
do ambiente escolar, no ensino fundamental, médio e superior, educação
profissionalizante.
Por ser estabelecido nesta lei, os surdos tem o direito de realizar qualquer tipo
de prova com o acompanhamento do intérprete, sejam essas de natureza
acadêmica, como é o caso dos vestibulares, ou empregatícia, quando trata-se da
realização de concursos públicos. Também, se necessário pode prestar trabalhos
junto à justiça, quando for o caso.
Para ter a carteirinha de intérprete, é preciso que o indivíduo que tenha
interesse no exercício da profissão além de ter feito os cursos necessários à
formação, se candidate ao exame nacional de proficiência em Tradução e
Interpretação de Libras - Língua Portuguesa, que é promovido uma vez por ano,
onde o candidato deverá ser avaliado por uma banca examinadora, que é composta
por professores surdos, linguistas e tradutores e intérpretes de Libras de instituições
de educação superior, que possuem um conhecimento aprofundado da Libras e das
habilidades e competência que precisa ter para o exercício dessa função.
A profissão de intérprete é muito importante na educação dos surdos,
principalmente quando essa se trata da educação escolar, pois sem o auxílio deste,
se o professor de sala de aula não possua domínio da língua de sinais, esse
discente ficará quase que abandonado à própria sorte no que se tange ao seu
aprendizado, pois é por meio dessa língua que o surdo poderá iniciar e permanecer
na interessante tarefa que é o ensino-aprendizagem.

5. INSTRUTOR
O instrutor é em geral um adulto surdo que possui mais domínio das LIBRAS,
e por entender com maior facilidade aquilo que o professor ouvinte, não sinalizador
está ensinando, tem como tarefa esclarecer aos discentes surdos àquilo que o
docente está expondo e vice-versa.

Quanto mais cedo à criança surda começar a interagir com o instrutor, mais
chances ela terá de aprender a LIBRAS de maneira natural, possibilitando assim um
melhor desenvolvimento social e escolar. Os surdos para comunicarem-se fazem
inúmeros gestos que sinalizam o que eles querem dizer, se o professor ouvinte de
sala de aula não for um exímio conhecedor da LIBRAS, estes pouco se esforçarão
para comunicar-se com o docente, pois eles sabem que este pouco vai entender o
que eles estão falando.
Independente se o docente for ouvinte, o professor ou o instrutor surdo, todos
deverão conhecer a língua de sinais, e deve fazer uso da mesma no ambiente
escolar, pois a mesma será elemento fundamental e inicial quando se trata de
educação para surdos. Todos os projetos, as atividades pedagógicas, a metodologia
do docente e todas as ações desenvolvidas em torno do aprendizado deverão estar
pautados nesta língua, já que os surdos, só entenderão por meio dela.

6. A APRENDIZAGEM DO ALUNO SURDO


Sabe - se que "todas" as crianças mesmo as tidas como normais possuem
facilidade para compreender e consolidar certos conteúdos, como também tem
dificuldades de entender aqueles que apresentam certa complexidade ou que elas
não possuem muito favoritismo a disciplina ou ao professor, assim também acontece
com o aluno com deficiência auditiva, ele tem facilidade em certas coisas e
dificuldades em outras assim como todos os indivíduos. O único diferencial na
aprendizagem de um surdo para um ouvinte é que o ouvinte conta com os cinco
sentidos: olfato, tato, paladar, visão e audição, e pode fazer uso de todos para a
realização do seu processo de aprendizagem, enquanto que o discente com
deficiência auditiva conta com apenas quatro desses sentidos.

Segundo Río, Bosch (1997, apud Oliveira, Braga, 2009, p. 107), o contexto
escolar contribui de forma decisiva para a evolução da comunicação e da linguagem,
tanto oral como escrita. Porém, é geralmente na escola que as dificuldades se
evidenciam e os problemas emergem, podendo as crianças mostrar algum tipo de
comprometimento.
Dessa forma, percebe - se que o aluno surdo precisará de estímulos a mais,
pois ele não contará com uma perfeita audição, o que fará necessário para o seu
ensino um professor que domine Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), pois se
acaso este aluno for totalmente surdo, ele não conseguirá atingir plenamente a
comunicação oral, fazendo- se essencial para o trabalho com o mesmo a libras.
A audição exerce extrema importância no desenvolvimento global do
indivíduo, pois influencia nas questões de aprendizagem num todo. No aprendizado
do surdo são utilizados recursos que o auxiliam positivamente a essa fundamental
tarefa quanto ao seu aprendizado, que são os recursos visuais, mímicas, gestos, e
também temos a língua oficial dos surdos que é a LIBRAS, essa por sua vez, exerce
papel primordial na comunicação entre surdos, e entre surdos e ouvintes, já que por
meio dessa que este irá ter acesso a todas as fontes de conhecimento, aos valores,
as condutas enquanto ser humano, a constituição da personalidade enquanto
sujeito.
As línguas de sinais são línguas naturais porque, como as línguas orais,
surgiram espontaneamente da interação entre pessoas e porque, devido à sua
estrutura, permitem a expressão de qualquer conceito-descritivo, racional, literal,
metafórico, concreto, abstrato, enfim, permitem a expressão de qualquer significado
decorrente da necessidade comunicativa e expressiva do ser humano. (BRASIL,
1998, p.19)
Segundo BRASIL (1998, p. 84), nas línguas de sinais o sinal é formado a
partir da combinação das mãos como um determinado formato em um determinado
lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente do corpo.
Essas articulações das mãos podem ser comparadas aos fonemas e às vezes aos
morfemas, as quais são chamadas de parâmetros. Na línguas de sinais podem ser
encontrados os seguintes parâmetros:
Configuração das mãos; Ponto de articulação; Movimento; Orientação;
Expressão facial e/ou corporal.
Considera- se que a Libras é ou deve ser a língua materna dos surdos, não
porque é a língua natural dos surdos, mas sim porque, tendo os surdos os bloqueios
para aquisição espontânea de qualquer língua natural oral, só eles vão ter acesso a
uma língua materna que não seja veiculada através do canal oral-auditivo.(BRASIL,
1998, p. 22).
Se a criança nasce surda, desde pequena ela deve aprender a língua de
sinais, pois é por meio desta que ela vai aprender a comunicar-se com os outros,
fazendo-se entender e entendendo aqueles que também a dominam, desta forma,
essa será a sua primeira língua, a língua materna. O português, também deve ser
aprendido, pois esse será usado cotidianamente no contexto escolar, mas não o
português oral, mas sim o escrito.
A aquisiçãoda LIBRAS pela criança surda ao contrário da língua oral, deve
ocorrer espontaneamente, ou seja, através do diálogo. O surdo não
necessita de aula de LIBRAS e sim de conviver com indivíduos que tenham
fluência nessa língua.( PEREIRA, 2008, p.08).

Para aqueles que nasceram ouvintes, e por alguma razão perderam a


audição terão como língua materna o português, porque antes dessa perda
pronunciava-a corretamente e como segunda língua a LIBRAS, língua adquirida
depois do português devido à nova condição vivida pelo indivíduo, isso se
caracteriza o chamado bilinguismo.
A linguagem possibilita que as gerações seguintes- pela aprendizagem –
possam continuar o processo de transformação das formas humanas de
vida, a partir do estágio já atingido(KLEIN; SACHAFASCLER, 1990, P.35,
APUD GALUCH, MORI P. 19, 2010).

A metodologia adotada para o trabalho com os surdos deve centrar a partir do


estudo pelas LIBRAS, fazendo uso de recursos visuais para tornar o ensino mais
concreto a esse discente. É preciso que todo o trabalho pedagógico seja realizado
de maneira bastante flexível e criativa, onde o diálogo se concretize numa linguagem
sinalizada, valorizando a cultura dos surdos, no sentido de entender a LIBRAS,
como língua assim como o português oral.
A avaliação da aprendizagem deve considerar as condições especiais que o
aluno possui para que aconteça o aprendizado, nesse sentido o educando tem que
ser sempre incentivado para que de o melhor de si, e o docente deve respeitar as
condições que este apresenta adaptando os conteúdos na potencialidade do seu
nível cognitivo.
É necessário ter proximidade de entendimento e passar de forma que pelo
menos um dos alunos entenda e permita que este repasse de forma que os
demais compreendam. Será importante que o professor entenda que esta
atitude faz parte do processo ensino aprendizagem.(VILHALVA, 2004).

De acordo com Pereira (1996 apud Sacaloski, alavarsi, Guerra, p.191), o


desempenho escolar de uma criança com desordem do processamento auditivo
central pode ser melhorado ou agravado dependendo de fatores como, a posição do
aluno na sala de aula, tamanho da classe, nível de ruído ambiental e fala do
professor quanto à intensidade e clareza da voz.
Quando o docente for explicar algo para o surdo é ideal que comece
explicando fazendo referência a certas coisas ou certos fatos que já sejam do seu
domínio, para que ele faça o paralelo da linha de raciocínio entre um determinado
conhecimento e outro com maior facilidade e rapidez. Não só o docente deve expor,
mas deixar que os discentes também participem e exponham suas opiniões a
respeito do que aprenderam, obtendo assim a assimilação e consolidação dos
conhecimentos.
Assim como os ouvintes, os surdos também precisam entender o sentido do
estudo para que possa levá-lo a sério, conscientizando-se da necessidade do
aprendizado, no sentido de que não é apenas teoria que se aprende na escola, mas
conhecimentos que são usados e válidos para toda a vida, não somente no
ambiente escolar, mas também na vida em sociedade no dia a dia.
Para Vygotsky (1991, p.192, apud Sacaloski, alavarsi, Guerra, p.19), é a partir
da linguagem que o indivíduo transforma funções elementares como reflexo,
memória, vontade, que são de origem biológica, em funções psicológicas
superiores- pensamento, memória, atenção-, que são de origem sociocultural.
A formulação da escrita dos surdos iniciará primeiro somente pela língua de
sinais, ou seja, não será escrita no português verbal por eles próprios, esse será um
período de adaptação para que o educando possa ganhar confiança para começar a
escrever no português verbal, é essencial valorizar as experiências que ele trazem
do ambiente familiar, e a participação dos pais é fundamental nesse processo.
O ensino deve partir da realidade do aluno, para que ele se sinta atuante e
participativo no processo do aprendizado, para depois partir para outras realidades
que são distintas das suas, isso pode se dar através da realização de teatros, jogos,
brincadeiras, desenhos, e de exemplos de pessoas que são conhecidas deles e que
sejam boas referências para que possa contribuir positivamente neste sentido.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da análise dos dados obtidos, foi possível identificar que em parte os
professores tem uma noção do que seja a surdez e a deficiência auditiva, suas
implicações no indivíduo, e a importância da inclusão desses alunos em rede regular
de ensino, a política de inclusão tem como objetivo subsidiar os sistemas
educacionais para transformar as escolas públicas brasileiras em espaços públicos
inclusivos e de qualidade, valorizando as diferenças sociais, culturais, físicas e
emocionais e atendam às necessidades educacionais de cada aluno. (2005 apud.
Oliveira, Braga, 2009, p. 137), nesse caso, dos docentes pesquisados, eles
aparentam ter consciência dessa realidade, mas, no entanto isso está longe de se
concretizar efetivamente, pois os professores não se sentem preparados para a
realização do trabalho inclusivo com esses discentes.
Como remate torna - se imprescindível destacar a importância da formação
dos professores, que deve ser realizada continuamente, pois a sociedade não é
estática, portanto os nossos alunos não são os mesmos de décadas atrás, o
docente como profissional da educação deve estar preparado ou buscando esse
aperfeiçoamento que é tão necessário a sua profissão, a qual deve ser uma
formação de qualidade que permita a realização de um bom trabalho, onde as
dificuldades educacionais sejam superadas com o intuito de proporcionar a todos os
educandos, sejam eles especiais ou não, um aprendizado que abranja os
conteúdos necessários a sua formação, bem como um processo avaliativo
diversificado, e sobretudo atendendo suas necessidades para que consigam obter
bons resultados em relação ao conhecimento.
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