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Fonte: http://oseiasgeografo.blogspot.com/2008/04/clima-da-terra-santa.html
Climas da Palestina
3. Deserto. Quando o Jordão sai do mar da Galileia, corre a 200 m abaixo do nível
do mar Mediterrâneo; em Jericó a 300 m e, por último, quando entra no mar
Morto, está a 400 m. O Jordão corre de norte para sul entre duas muralhas de
montes. O vale desse rio não recebe ventos de nenhum lado. Os raios de sol se
concentram no vale, tornando seu clima insuportável. No inverno a temperatura
chega a 25º e no verão varia entre 43º, 45º e até 50º.
Jericó é um lugar diferente e com um clima também diferente. Nunca chove.
Está a 300 m abaixo do nível do mar. É a cidade mais verde de Israel; o clima é
constante: de dia 32º; à noite, 28º. (No vale do Jordão o sol castiga e o calor queima.
Toma-se a direção do ocidente, por exemplo. Sobe-se a cordilheira e, um quilômetro
percorrido, apenas um, e o clima passa de tórrido para temperado.)
Pontos cardeais
Os hebreus antigos divisavam em seus horizontes somente quatro direções e
consequentemente quatro ventos (Jr 49.36; Ez 37.9; Dn 8.8; Zc 6.5). Estas ‘direções’ dos
antigos correspondem aos nossos pontos cardeais. Para designá-los, os hebreus tinham
três sistemas distintos:
1. O observador está de frente para o levante:
a) Quedem (leste) — na frente;
b) Akhos (oeste) — na retaguarda;
c) Semol (norte) — à esquerda;
d) Yamin (sul) — à direita.
Pelos textos de Gênesis 8.22; Isaías 18.6 e Zacarias 14.8, e talvez outros,
concluímos que em Israel e em todo o Oriente Médio havia somente duas estações: verão
e inverno.
O verão começava em abril e se estendia até setembro. O tempo era bom e
seco; era o tempo das colheitas, dos trabalhos agrícolas. Eram seis meses de completa
seca.
O inverno iniciava em outubro e ia até março. Seis meses de chuva e frio.
Muito vento, principalmente do norte. Nesse período, havia geadas e neve nos montes.
Em Cantares 2.10-13 descreve-se o fim do inverno e a chegada do verão, que no primeiro
mês (abril) correspondia a uma curta primavera.
Os rabinos dividiam o ano em seis estações de dois meses:
1. Colheita - de 16 abril a 15 junho.
2. Cálida - de 16 junho a 15 agosto.
3. Estio - de 16 agosto a 15 outubro.
4. Semeadura - de 16 outubro a 15 dezembro.
5. Inverno - de 16 dezembro a 15 fevereiro.
6. Fria - de 16 fevereiro a 15 abril.
Chuvas
Diferentemente do Egito, onde não chove, em Israel são abundantes as chuvas
na estação própria (Dt 11.14; 1Sm 12.17,18). As primeiras chuvas caem em outubro; são
aguaceiros fortes, geralmente com trovoadas. No litoral, as chuvas são torrenciais e mais
frequentes; nas montanhas, finas e continuadas. No deserto dificilmente chove. Ao que
parece, devia chover no tempo em que Herodes, o Grande, construiu Massada, defronte
ao mar Morto, e os essênios habitavam nessa região, pois havia grandes reservatórios
d’água, geralmente procedente das montanhas.
Depois de outubro, as chuvas prosseguem em novembro, dezembro, até
março. As derradeiras, muito esparsas, caem em abril. A Bíblia menciona a chuva
“serôdia”, ou seja, a “chuva tardia” (Pv 16.15; Jr 3.3; 5.24; Os 6.3; Jl 2.23; Am 7.1; Zc
10.1). Também registra “chuva de pedras” ou granizo (Js 10.11). Por último, o Livro
Santo menciona o famoso “orvalho”, que era e ainda é abundante em Israel, e cai até
mesmo nas regiões desertas. Em Salmos 133.3 há referência ao Hermom. Em Cantares
5.2, o “esposo” diz que sua cabeça estava cheia de orvalho e seus cabelos, das gotas da
noite. O velo de Gideão produziu um copo de orvalho e molhou a relva ao redor (Jz 6.38-
40). Vale a pena consultar Jó 29.19-22; Provérbios 3.20; Isaías 18.4; Oseias 6.4; Ageu
1.10 e Zacarias 8.12.
As precipitações pluviais, na média de um ano, chegam a 1.090 mm.
Calendário
“O cômputo dos meses do calendário das festas entre os hebreus foi ajustado
durante os séculos, e ainda o é, sobre as fases lunares; neles não se encontra, como seria
de esperar-se, nenhum vestígio do calendário egípcio”. Entre os hebreus, tudo era
regulado pela lua, como lemos em Salmos 104.19: “Fez a lua, para marcar o tempo”. A
palavra hebraica para “mês” é yerakh, que vem de tareakh, isto é, lua. Khodesh é
novilúnio ou lua nova. Ewald11 pretende provar, sem fundamentos, que os meses hebreus
são de 30 dias como no calendário egípcio. Giovanni Schiaparelli discorda radicalmente.
O princípio do mês — Rosh Khodesh — era determinado pela primeira
aparição da luz, no ocidente, durante o crepúsculo vespertino (1Sm 20.5-18,24-27). Os
nomes hebraicos dados aos meses expressam características próprias, como por exemplo:
1. Abibe - mês das espigas (Êx 13.4; 23.15; Dt 16.1).
2. Zive - mês das flores (1Rs 6.1-37).
3. Etanim - mês da enchente dos rios (1Rs 8.2).
4. Bul - mês das chuvas (1Rs 6.38).
5. Nisã - março-abril
6. Jyyar - abril-maio
7. Tisri - setembro-outubro
8. Morshevã - outubro-novembro.
O ano hebreu
O ano hebreu era “solar”. Assim como a lua servia para determinar os meses,
o sol determinava a duração e a sucessão dos anos. Não era como entre os antigos egípcios
nem como o dos muçulmanos, que atrelavam o ano à determinação do curso das estações
e da renovação dos trabalhos agrícolas. Com base em Êxodo 23.16, sabemos que as
grandes festas dos judeus determinavam o princípio, o meio e o final do ano, que era
lunissolar. Provavelmente, o ano hebraico era de 360, e não de 336 dias.
Fonte: Tognini, Enéas Geografia da Terra Santa e das terras bíblicas, São Paulo: Hagnos,
2009.