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CLIMA DA TERRA SANTA

O clima compreende os diversos fenômenos climáticos que ocorrem na


atmosfera da Terra. Fenômenos como frente frias, tempestades, furacões etc estão
associados tanto às variações meteorológicas preditas pelas leis físicas determinísticas,
assim como, à um conjunto de variações aleatórias dos elementos meteorológicos
(temperatura, precipitação, vento, umidade, pressão do ar) cuja principal ferramenta de
investigação é a estatística. O clima permite reunir semelhanças em várias regiões da
Terra através de tipos específicos de clima onde são consideradas as variações médias
dos elementos meteorológicos ao longo das estações do ano num período de, por exemplo,
30 anos.
O clima em Israel varia segundo as características de cada região: a costa, as
montanhas, a depressão do Jordão. Fundamentalmente o ano se divide em duas estações:
o verão, quente e seco, e o inverno, frio e úmido. A costa da Palestina é quente (de 10 a
15 graus no inverno e de 27 a 32 graus no verão). Nas montanhas, a temperatura é uns 5
graus mais baixa que na costa, com grandes diferenças entre o dia e a noite. No verão,
nas montanhas (Jerusalém, por exemplo) as temperaturas são de 30 graus durante o dia e
de 18 graus durante a noite. Nas montanhas, o mau tempo não se deve à umidade, como
ocorre na costa, e sim, aos fortes ventos: o vento que arrasta as chuvas procede do
Mediterrâneo, e o vento abrasador (siroco ou khamsin), vem do deserto nos meses de
maio e outubro (Is 27.8; Jr 4.11). Jesus conhecia a ambos (Lc 12.54-55), e durante o
inverno passava pelo único pórtico do templo que oferecia uma proteção (Jo 10.22-23).
A depressão do Jordão, que está muito abaixo do nível do mar (Jericó, por exemplo), se
vê submetida a um intenso calor durante o verão (uns 40 graus), mas no inverno possui
uma estação muito agradável.
Também as chuvas variam na Palestina segundo a região, quanto mais
próximas do Mediterrâneo, mais chuvas as terras recebem, pois as montanhas atuam
como uma barreira que detém os ventos úmidos do mar e as faz descarregar sobre as
ladeiras ocidentais. As ladeiras voltadas para o oriente, portanto, são mais secas. Berseba,
no Negev, registra uma média de 143 mm. cúbicos de chuva por ano, Jerusalém alcança
583, mas quase toda esta quantidade de chuva cai entre dezembro e março. Ano promissor
é aquele em que as chuvas precoces ou de outono começam a cair em outubro, no tempo
da semeadura, e a chuva tardia ou de primavera, em março ou abril, pouco antes da
colheita. São numerosas as alusões bíblicas a estes dois tipos de chuvas: Dt 11.14; Os 6.3;
Jr 5.24; Jl 2.23. Há que se ter em conta que as chuvas não se concentram exatamente nos
dois períodos mencionados, e sim, tendem a distribuir-se no período intermediário. Os
meses de verão, de junho a setembro, costumam ser extremamente secos, exceção feita a
uma ou outra tormenta na costa. As chuvas não possuem nada de extraordinário para os
ocidentais, mas para os israelitas recém chegados do Egito ela devia causar uma grande
impressão, pois lá as águas vêm do Nilo, e não do céu (Dt 11.10-25). A neve não é
desconhecida nas montanhas da Palestina, por exemplo, em Belém, Jerusalém ou
Hebrom, na Transjordânia, as nevascas às vezes chegam a bloquear as estradas. O caráter
sazonal das chuvas significa que é preciso guardar água em cisternas (Gn 37.22; Pv 5.15;
Jr 38.6), com vistas à estação seca, a menos que uma cidade seja tão afortunada que conte
com um manancial nas imediações, como a fonte Gihon em Jerusalém, para dispor de
“água viva” (daqui as imagens de Ez 47.1; Zc 13.1; Jo 4.10-14). Um acidente
característico da Palestina é o wadi, leitos temporários de água, secos no verão, e que
transportam torrentes de água durante as chuvas de inverno. Quando estão secos, estes
wadis servem de caminhos para subir dos vales para as montanhas. São muito escassos
os vales que contam com um curso permanente de água.

Fonte: http://oseiasgeografo.blogspot.com/2008/04/clima-da-terra-santa.html
Climas da Palestina

Geograficamente, a Palestina situa-se na faixa subtropical; seu clima,


portanto, é sui generis, com apenas duas estações: chuvosa com frio e seca com calor. A
Palestina é encontrada entre 31º e 33º e 25’, latitude norte. A extensão territorial de Israel
é mínima. Apesar do tamanho, existem três climas distintos nesse país:
1. Montanhas. Israel é um país essencialmente montanhoso. O ponto mais elevado
é o Hebrom, com pouco mais de 1.000 m. Jerusalém ergue-se a uma altitude
máxima de 800 m. Nas montanhas, o clima é sempre fresco e ventilado, exceto
quando esporadicamente sopram ventos do sul ou do ocidente, o que ocorre quase
sempre no verão. Por exemplo, em Jerusalém, no inverno, o termômetro desce a
6º positivos e algumas vezes a zero com neve. As geadas são mais frequentes. No
verão o termômetro oscila entre 14º e 29º.
2. Litoral. Israel confina a ocidente com o mar Mediterrâneo. A brisa marinha é
constante, principalmente à noite. No inverno, em Gaza e em Jafa, a temperatura
baixa para 14º; algumas vezes, um pouco menos. No verão sobe para 23º, e na
maior intensidade do verão, até 34º. Em Haifa, Naharia e outros lugares mais ao
norte, o frio é rigoroso. Em Rosh-Nikrah, na linha divisória com o Líbano, o
inverno é insuportável, principalmente quando coincide com uma quadra chuvosa.

3. Deserto. Quando o Jordão sai do mar da Galileia, corre a 200 m abaixo do nível
do mar Mediterrâneo; em Jericó a 300 m e, por último, quando entra no mar
Morto, está a 400 m. O Jordão corre de norte para sul entre duas muralhas de
montes. O vale desse rio não recebe ventos de nenhum lado. Os raios de sol se
concentram no vale, tornando seu clima insuportável. No inverno a temperatura
chega a 25º e no verão varia entre 43º, 45º e até 50º.
Jericó é um lugar diferente e com um clima também diferente. Nunca chove.
Está a 300 m abaixo do nível do mar. É a cidade mais verde de Israel; o clima é
constante: de dia 32º; à noite, 28º. (No vale do Jordão o sol castiga e o calor queima.
Toma-se a direção do ocidente, por exemplo. Sobe-se a cordilheira e, um quilômetro
percorrido, apenas um, e o clima passa de tórrido para temperado.)
Pontos cardeais
Os hebreus antigos divisavam em seus horizontes somente quatro direções e
consequentemente quatro ventos (Jr 49.36; Ez 37.9; Dn 8.8; Zc 6.5). Estas ‘direções’ dos
antigos correspondem aos nossos pontos cardeais. Para designá-los, os hebreus tinham
três sistemas distintos:
1. O observador está de frente para o levante:
a) Quedem (leste) — na frente;
b) Akhos (oeste) — na retaguarda;
c) Semol (norte) — à esquerda;
d) Yamin (sul) — à direita.

2. Derivado das aparências ligadas ao movimento do sol:


a) Mizrakh (leste) — o nascer do sol;
b) Mibô Hassehemesh (oeste) — o pôr do sol;
c) Tsafon (norte) — região escura, trevas;
d) Darom (sul) — região iluminada;
3. Topograficamente, indicando a direção de acordo com as circunstâncias locais que
coincidem com ela:
a) Sul (neguev) — para designar uma região seca e árida.
b) Oeste (miyam = do mar; yammah = para o mar) — norte e leste não aparecem na Bíblia,
exceto em Gênesis 13.14.
c) Ventos — “A diferença de temperatura na superfície do globo e na atmosfera é, como
se sabe, a causa primeira da formação dos ventos”. Os hebreus atribuíam propriedade
especial a cada um dos ventos:
• Safon, Mezarrim (norte) — fresco, portador de geadas.
• Daron, Teman (sul) — traz calor.
• Qadim (leste) — vem do deserto e cresta a vegetação.
• O de oeste, procedente do mar, traz chuva.
Vejamos o que a Bíblia diz a respeito:
1. Vento oriental — portador de seca e crestamento (Gn 41.6; Êx 10.13; Os 13.15; Ez
17.10; 19.12).
2. Vento sul — trazia tempestade e calor (Is 21.1; Zc 9.14; Lc 12.55). Os judeus atuais
chamam esse vento de hapsyn ou siroco, e dizem que sopra cinquenta dias antes de
começar o verão.
3. Vento ocidental — portador de nuvens e chuvas (1Rs 18.44; Lc 12.54).
4. Vento norte — trazia frio e calmaria (Jó 37.9; Pv 25.23).
Estações

Pelos textos de Gênesis 8.22; Isaías 18.6 e Zacarias 14.8, e talvez outros,
concluímos que em Israel e em todo o Oriente Médio havia somente duas estações: verão
e inverno.
O verão começava em abril e se estendia até setembro. O tempo era bom e
seco; era o tempo das colheitas, dos trabalhos agrícolas. Eram seis meses de completa
seca.
O inverno iniciava em outubro e ia até março. Seis meses de chuva e frio.
Muito vento, principalmente do norte. Nesse período, havia geadas e neve nos montes.
Em Cantares 2.10-13 descreve-se o fim do inverno e a chegada do verão, que no primeiro
mês (abril) correspondia a uma curta primavera.
Os rabinos dividiam o ano em seis estações de dois meses:
1. Colheita - de 16 abril a 15 junho.
2. Cálida - de 16 junho a 15 agosto.
3. Estio - de 16 agosto a 15 outubro.
4. Semeadura - de 16 outubro a 15 dezembro.
5. Inverno - de 16 dezembro a 15 fevereiro.
6. Fria - de 16 fevereiro a 15 abril.

Chuvas
Diferentemente do Egito, onde não chove, em Israel são abundantes as chuvas
na estação própria (Dt 11.14; 1Sm 12.17,18). As primeiras chuvas caem em outubro; são
aguaceiros fortes, geralmente com trovoadas. No litoral, as chuvas são torrenciais e mais
frequentes; nas montanhas, finas e continuadas. No deserto dificilmente chove. Ao que
parece, devia chover no tempo em que Herodes, o Grande, construiu Massada, defronte
ao mar Morto, e os essênios habitavam nessa região, pois havia grandes reservatórios
d’água, geralmente procedente das montanhas.
Depois de outubro, as chuvas prosseguem em novembro, dezembro, até
março. As derradeiras, muito esparsas, caem em abril. A Bíblia menciona a chuva
“serôdia”, ou seja, a “chuva tardia” (Pv 16.15; Jr 3.3; 5.24; Os 6.3; Jl 2.23; Am 7.1; Zc
10.1). Também registra “chuva de pedras” ou granizo (Js 10.11). Por último, o Livro
Santo menciona o famoso “orvalho”, que era e ainda é abundante em Israel, e cai até
mesmo nas regiões desertas. Em Salmos 133.3 há referência ao Hermom. Em Cantares
5.2, o “esposo” diz que sua cabeça estava cheia de orvalho e seus cabelos, das gotas da
noite. O velo de Gideão produziu um copo de orvalho e molhou a relva ao redor (Jz 6.38-
40). Vale a pena consultar Jó 29.19-22; Provérbios 3.20; Isaías 18.4; Oseias 6.4; Ageu
1.10 e Zacarias 8.12.
As precipitações pluviais, na média de um ano, chegam a 1.090 mm.

Calendário
“O cômputo dos meses do calendário das festas entre os hebreus foi ajustado
durante os séculos, e ainda o é, sobre as fases lunares; neles não se encontra, como seria
de esperar-se, nenhum vestígio do calendário egípcio”. Entre os hebreus, tudo era
regulado pela lua, como lemos em Salmos 104.19: “Fez a lua, para marcar o tempo”. A
palavra hebraica para “mês” é yerakh, que vem de tareakh, isto é, lua. Khodesh é
novilúnio ou lua nova. Ewald11 pretende provar, sem fundamentos, que os meses hebreus
são de 30 dias como no calendário egípcio. Giovanni Schiaparelli discorda radicalmente.
O princípio do mês — Rosh Khodesh — era determinado pela primeira
aparição da luz, no ocidente, durante o crepúsculo vespertino (1Sm 20.5-18,24-27). Os
nomes hebraicos dados aos meses expressam características próprias, como por exemplo:
1. Abibe - mês das espigas (Êx 13.4; 23.15; Dt 16.1).
2. Zive - mês das flores (1Rs 6.1-37).
3. Etanim - mês da enchente dos rios (1Rs 8.2).
4. Bul - mês das chuvas (1Rs 6.38).
5. Nisã - março-abril
6. Jyyar - abril-maio
7. Tisri - setembro-outubro
8. Morshevã - outubro-novembro.

Divisão do dia e da noite


A palavra nykthémeron expressa uma tarde (o princípio do dia). Gênesis usa
a expressão “tarde e manhã” (Gn 1.5,8,13,19,23,31). A “tarde” vem primeiro, como em
Salmos 55.17.
Os hebreus dividiam o yom (= dia completo) em duas partes:
1. Dia - de 12 horas, dividido em quatro vigílias:
1ª 6 às 9 h
2ª 9 às 12 h
3ª 12 às 15 h
4ª 15 às 18 h
2. Noite - também 12 horas com quatro vigílias (Mc 6.48):
1ª 18 às 21 h
2ª 21 às 24 h
3ª 0 às 3 h
4ª 3 às 6 h
Os seguintes textos da Palavra de Deus falam sobre as vigílias: Êxodo 14.24; Juízes 7.19;
1Samuel 11.11; Salmo 63.6; 90.4; 119.148; Lamentações 2.19; Mateus 14.25; Marcos
6.48; Lucas 2.8; 12.38; 2Coríntios 6.5; 11.27. Em alguns textos bíblicos, a noite judaica
tinha apenas três vigílias.

O ano hebreu
O ano hebreu era “solar”. Assim como a lua servia para determinar os meses,
o sol determinava a duração e a sucessão dos anos. Não era como entre os antigos egípcios
nem como o dos muçulmanos, que atrelavam o ano à determinação do curso das estações
e da renovação dos trabalhos agrícolas. Com base em Êxodo 23.16, sabemos que as
grandes festas dos judeus determinavam o princípio, o meio e o final do ano, que era
lunissolar. Provavelmente, o ano hebraico era de 360, e não de 336 dias.

Fonte: Tognini, Enéas Geografia da Terra Santa e das terras bíblicas, São Paulo: Hagnos,
2009.

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