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Prof.

Luciene Rabelo
Desnutrição infantil
• Nos países em desenvolvimento, cerca de
50,6 milhões de crianças menores de 5 anos
são desnutridas.

• Estudo avaliando crianças hospitalizadas


revelou prevalência de desnutrição e risco
nutricional da ordem de 30%.
Desnutrição
• Para a OMS, a desnutrição ou má nutrição é o estado
nutricional do indivíduo caracterizado pela ingestão
insuficiente de energia, micronutrientes e proteínas
que resulta de complexa interação entre a sua
alimentação, condições econômicas, estado de saúde
e condições sociais em que vive.
• O ambiente hospitalar é considerado de grande risco,
especialmente para esta população, pois, associado
às comorbidades e alterações próprias da faixa
etária, contribui fortemente para a instalação do
quadro de desnutrição
Causas
• Primárias:
O indivíduo se alimenta mal(come pouco),ou seja tem
uma alimentação deficiente em nutrientes.

• Secundárias:
A ingestão de alimentos não é suficiente porque as
necessidade energéticas aumentaram ou por
qualquer outro fator que não relacionado
diretamente com o alimento.
Desnutrição Primária
Prevalência

• A desnutrição protéico-calórica é encontrada


em todo o mundo e em pessoas de todas as
idades, porém é mais comum em países em
desenvolvimento e em crianças.
Desnutrição primária
Desnutrição secundária
Desnutrição Hospitalar

• SBNPE – IBRANUTRI (Inquérito brasileiro de


Avaliação nutricional) -1996
- Conseqüências da desnutrição em pacientes
Hospitalizados.

- Foi realizado em 12 estados + DF = 4000 pacientes.


Desnutrição Hospitalar

• Prevalência da desnutrição
48.1% de desnutridos
Resultados IBRANUTRI
Desnutrição Hospitalar

Causas:
• Troca freqüente de funcionários
• Peso e altura não aferidos
• Ingesta insuficiente
• HV prolongada, manutenção dieta zero
• Retardo início da terapia nutricional
Efeitos das Complicações e
Desnutrição nos Custos Hospitalares

Análise comparativa de custos estimados de pacientes


com insuficiência cardíaca congestiva segundo estado
nutricional
NUTRIDO DESNUTRIDO
Internação 4 8
Complicações --- +
Evolução Alta Óbito
Total de custos R$ 203,33 R$ 7531,80
Correia, 2011
Algumas alterações...
Desnutrição e o Trato Gastrointestinal

• Funções de digestão e absorção prejudicadas;

• Alterações estruturais no epitélio intestinal;

• ↑da permeabilidade da barreira da mucosa do epitélio


intestinal;

• Prejuízo na homeostase da microbiota intestinal;

• Translocação bacteriana
Translocação bacteriana
• Após uma semana sem nutrientes no lúmen, ocorre atrofia
intestinal com conseqüente aumento da permeabilidade
intestinal, permitindo a passagem de bactérias da parede
intestinal para a circulação sanguínea
Invasão à Corrente Sangüínea por
Patógenos Entéricos
Órgãos mais acometidos pela desnutrição

• A maioria dos órgãos tem perda de massa


similiar à perda de massa corporal total
com exceção do cérebro.

• Fígado, pele e o músculo perdem mais


massa do que o coração
Alterações no sistema nervoso central
(SNC)

• Alteração da função cerebral e aprendizagem


• Pior competência de integração auditivo-visual
• Redução na competência cinestésico visual
• Privação de estímulos
• Deficiências associadas: ferro, ácidos graxos
essenciais e vit E
Alterações das funções cardiovascular
O coração perde massa progressivamente na DPC

Diminuição do débito cardíaco e da pressão arterial

Os reflexos cardíacos são alterados,levando a hipotensão postural

Diminuição do retorno venoso


Estágio de úlcera de pressão
Sistema imune na desnutrição
• Redução da imunidade celular
• Alterações nos linfócitos T
• Alterações no metabolismo das citocinas
• Alterações funcionais das imunoglobulinas
• Prejuízo na produção e na função de componentes
do sistema complemento.
Adaptação metabólica na inanição
• Metabolismo basal: 70% do normal

• Deficiência de ác graxos essenciais, componentes


de membranas e precursores de eicosanóides

• Bloqueio em vias metabólicas por deficiência de


biotina, vit B12, riboflavina e niacina
Alterações endócrinas
• Redução da secreção de Insulina
• Aumento da secreção de Glucagon e Epinefrina
• Estímulo da secreção do hormônio de
crescimento com redução da somatomedina C
• Liberação de cortisol
• Resistência periférica à ação da insulina
• Aumento da glicólise, lipólise e mobilização de
aminoácidos
• Preservação de proteínas viscerais
Alterações das funções respiratórias
• Atrofia da musculatura acessória e do diafragma;

• Hipóxia e hipercapnia ;

• Diminuíção do desempenho respiratório ao esforço;

• Maior suscetibilidade a infecções pulmonares.


Metabolismo hidroeletrolítico
• Filtração glomerular diminuida

• Função suprarenal alterada

• Alteração no funcionamento da bomba de sódio e


potássio

• Hiponatremia com Na corporal total elevado

• Hipocalcemia, Hipomagnesemia, Hipofosfatemia


Síndrome de realimentação

Um conjunto de transtornos clínicos


secundários à depleção de nutrientes,
especialmente fósforo, magnésio, potássio,
tiamina, e à alteração da homeostasia dos
líquidos e do metabolismo da glicose.
Pacientes de Risco na Síndrome de
Realimentação

• Anorexia Nervosa
• Marasmo
• Kwashiorkor
• Alcoolismo
• Cirurgias Bariátricas
• Jejum Prolongado com ou sem Estresse Hidratação
Venosa Prolongada
• Caquexia Cardíaca e do Câncer
Recomendações
• Deve-se iniciar gradativamente o aporte
calórico, realizar reposição vitamínica,
especialmente tiamina, monitorar níveis
séricos e o estado clínico do paciente
primordialmente na primeira semana de
realimentação, a fim de corrigir as alterações
encontradas.
Recomendações
• Calorias - Harris Benedict, utilizando o peso atual do paciente. O
fator injúria utilizado não deve ser maior que 1,2. Alguns autores já
preferem usar para cálculo do VET 20Kcal/kg/dia ou 1000kcal/dia.
• É consenso que a introdução de energia deve ser gradual,
alcançando-se o VET num período de 5 a 7 dias.. A glicose deve ser
introduzida inicialmente a 2 mg/kg/min (150 a 200g/dia).
• Lipídeo - 20 a 30 % das calorias
• Proteínas - Utilizam-se 1,2 a 1,5g ptn/kg/dia em pacientes com
funções renal e hepática preservada. Em pacientes com
Desnutrição Proteico-Calórica o peso utilizado deve ser o atual e
nos pacientes obesos o peso ajustado. .
Recomendações
• Líquidos - Na realimentação com a presença de carboidratos,
a liberação de insulina provoca a expansão do Líquido Extra
Celular (LEC), podendo causar o aumento da Pressão Arterial
e diminuição da frequência cardíaca e respiratória.

• Sódio - Deve-se ter cautela na administração deste eletrólito.


Recomendam-se 30 a 60 mEq/dia principalmente em
pacientes com doenças cardiopulmonares.
Recomendações
• Fósforo - O tratamento da hipofosfatemia grave só é necessário se o fósforo plasmático
for menor que 0,30mMol/l ou se o paciente for sintomático. Administra-se 15 a 20
mMol de fósforo de 6 a 8 horas se os valores plasmáticos estiverem menores que 0,39 a
0,48 mMol/l.

• Potássio - A Hipocalemia deve ser corrigida pela administração de potássio, não


excedendo 20 mMol/hora e 40 mMol/litro. A reposição inicial deve ser de 80 a 120
mEq/ dia ou 3120 a 4680 mg/dia.

• Magnésio - Preconiza-se 0,5 mEq por 1 g de nitrogênio usado para síntese protéica.

• Tiamina - A suplementação de tiamina (vitamina B1) deve ser iniciada 30 minutos antes
da realimentação com 50 a 250 mg desta15 Segundo Zaloga, a administração de 100
mg de tiamina por 3 a 5 dias podem prevenir estes sintomas.
Prescrição dietoterápica

• Dificuldades encontradas para nutrir o paciente:


– Baixa tolerância à grandes volumes;
– Complicações clinicas;
– Diarréias e vômitos;
– Alta demanda nutricional;
– Estratégias para aumentar o consumo calórico:
• Iniciar DEVAGAR!!!
Prescrição dietoterápica
• Aumentar a densidade calórica da dieta:
REGRA BÁSICA: AUMENTAR CALORIAS SEM AUMENTAR
VOLUME!!!
• Manter equilíbrio nutricional da dieta;
• Não concentrar nutrientes específicos (CHO) para não alterar
osmolaridade da dieta);
• Manter postura de vigilância nutricional e acompanhamento
nutricional;
Tratamento
FASE I – INICIAL/ESTABILIZAÇÃO

• Tratar os problemas que ocasionem risco de morte;

• Corrigir as deficiências nutricionais específicas;

• Reverter as anormalidades metabólicas; e

• Iniciar a alimentação.
Tratamento
FASE II – REABILITAÇÃO
 Dar a alimentação intensiva para assegurar o crescimento
rápido (criança) visando recuperar grande parte do peso
perdido (nível hospitalar);

• Fazer estimulação emocional e física;

• Orientar cuidador a continuar os cuidados em casa;

• Realizar a preparação para a alta , incluindo o diagnóstico e o


sumário do tratamento para seguimento e marcação de
consulta, na contra-referência da alta hospitalar.
Tratamento
FASE III – ACOMPANHAMENTO

• Após a alta, encaminhar para acompanhamento


ambulatorial/centro de recuperação nutricional/atenção
básica/comunidade/família para prevenir a recaída e
assegurar a continuidade do tratamento.

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