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A IMPORTÂNCIA DO MODAL RODOVIÁRIO PARA A ECONOMIA

BRASILEIRA

Adevânio Moret de Abreu1; Diones Cezar Pereira Fuentes2; Isabelle Ramalho 3; Joel
Carlos Gomes Santos 4.

INTRODUÇÃO
Segundo a Confederação Nacional de Transportes (CNT, 2017), o modal rodoviário é
responsável pelo tráfego de cerca de 90% dos passageiros e de 60% das cargas que circulam
no país, evidenciando assim, o impacto que a qualidade dos pavimentos possui na economia
do Brasil. O pavimento é uma estrutura de múltiplas camadas sobrepostas destinada técnica
e economicamente a resistir aos esforços provenientes do clima e do tráfego de veículos,
oferecendo condições de conforto e segurança aos usuários (BERNUCCI et al., 2010, p. 9).

Lee (2000) declara que a infraestrutura rodoviária brasileira experimentou uma notável
revolução ao fim da década de 1950 principalmente pela implantação da indústria
automobilística no país, gerando avanços tecnológicos até meados da década de 1970. Pereira
et al (2013) enfatiza que a infraestrutura de transportes é um pré-requisito para o
desenvolvimento de um país, pois é responsável por grande parcela dos custos logísticos da
maioria das empresas.

Apesar da importância do modal rodoviário no Brasil, observa-se que os investimentos são


insuficientes ou pouco efetivos, visto que, além das condições insatisfatórias que a malha
rodoviária apresenta, somente 12,3% de toda sua extensão são pavimentadas (CNT, 2017).

Este resumo expandido tem como objetivo apresentar a importância do modal rodoviário no
desenvolvimento econômico do país. Para tanto é necessário definir o modal rodoviário e
apresentar suas principais características. Posteriormente será apresentado os principais

1Graduando em Engenharia Civil (UNESC-Cacoal)


2Graduando em Engenharia Civil (UNESC-Cacoal)
3Graduanda em Engenharia Civil (UNESC-Cacoal)
4Graduando em Engenharia Civil (UNESC-Cacoal)
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problemas encontrados na infraestrutura do transporte rodoviário e quais as suas causas. Por


fim, será analisado a influência das condições dos pavimentos na economia brasileira.

METODOLOGIA
Este estudo é uma revisão de literatura que abordará os conceitos do transporte rodoviário e
de como a qualidade das pistas de rolamento estão diretamente interligadas ao
desenvolvimento de uma cidade, região e de um país.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
O sistema de transporte é composto por vias, veículos e terminais. “Entende-se por via o local
pelo qual transitam os veículos, que por sua vez, são os elementos que promovem o transporte
sendo o terminal o local destinado para a realização da carga e descarga e armazenamento de
mercadorias” (Pereira et al, 2013, p. 25).

No Brasil os modais são classificados de acordo com a sua modalidade (aquática, aérea e
terrestre), se dividindo em cinco, sendo eles o rodoviário, o ferroviário, o aquático, o aéreo e
o dutoviário. A escolha do modal influencia no custo de transporte das empresas, pois
dependendo do tipo de carga, o modal pode apresentar um custo baixo ou elevado (Oliveira
e Cervila, 2011).

Padula (2008) afirma que a infraestrutura de transportes é fundamental para o


desenvolvimento de um país de proporções continentais como o Brasil, e atribui a
implantação da indústria automobilística no país na década de 1950, como sendo o motivo da
prevalência do modal rodoviário sobre os demais. A Confederação Nacional de Transportes
(CNT) em sua publicação de 2017 intitulada “Por que os pavimentos das rodovias do Brasil
não duram?”, declara que o modal rodoviário é responsável por cerda de 90% dos passageiros
e 60% das cargas que circulam no país.

O transporte rodoviário, segundo Pereira et al (2013), possui a capacidade de transportar


praticamente qualquer tipo de carga e de trafegar por qualquer via. O fato deste modal não se
prender a trajetos fixos, é um grande diferencial com relação aos demais modais, sendo a
flexibilidade sua principal característica.

A malha rodoviária brasileira é composta por 99% de pavimento flexível (CNT, 2017), este
tipo de pavimento é construído sobre o subleito e possui quatro camadas principais: reforço

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do subleito, sub-base, base e revestimento asfáltico. O revestimento asfáltico é a camada


superior do pavimento destinada a resistir às ações do tráfego e transmiti-las às camadas
inferiores, impermeabilizar o pavimento e melhorar as condições de rolamento (BERNUCCI
et al, 2010, p. 9). A figura 1 abaixo apresenta as camadas do pavimento flexível.

Figura 1: Camadas do pavimento flexível. Fonte: CNT (2017)

De acordo com a CNT (2017), os pavimentos no Brasil são projetados para durar entre 8 e 12
anos, porém em muitas rodovias, os pavimentos apresentam problemas estruturais
precocemente. Em pesquisas da CNT, no ano de 2016, 48,8% da extensão total das rodovias
avaliadas foram classificadas como Regular, Ruim ou Péssima, o que gera um aumento no
tempo de viagem, consumo desnecessário de combustível e reduz a durabilidade dos
componentes dos veículos. Esta condição aumenta o custo operacional do transporte de cargas
em 24,9% em média.

O método de dimensionamento utilizado no Brasil foi formulado na década de 1960,


apresentando uma defasagem de mais de 40 anos, pois este método é utilizado da mesma
forma em todo o território nacional, não havendo diferenciações entre os diversos climas do
país, o que acaba por impactar no comportamento dos materiais do pavimento (CNT, 2017).

A CNT também lista outros fatores que contribuem para situação atual das rodovias
brasileiras, como:

a) destinação insuficiente de recursos para obras de construção, fiscalização e


manutenção de rodovias;

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b) gastos excessivos com correções decorrentes da má execução de obras (até 24%


do valor da obra), além de falhas técnicas na execução e ausência de controle de
qualidade de matérias-primas
c) ausência de políticas públicas consistentes e de longo prazo para o setor
rodoviário;
d) setor rodoviário sobrecarregado por falta de uma política multimodal e integrada,
que garanta o equilíbrio da matriz de transportes no Brasil.

Além dos problemas encontrados nos pavimentos do modal rodoviário, outro dado alarmante
apresento pela CNT (2017) é de que apenas 12,3% das rodovias brasileiras são pavimentadas,
ou seja, dos 1.720.756 km de malha rodoviária existentes no Brasil, somente 211.468 km são
pavimentadas. A figura 2 a seguir apresenta um comparativo da densidade da malha
rodoviária pavimentada dentre diversos países.

Figura 2: Densidade da malha rodoviária pavimentada por país (em km/1.000 km²). Fonte: CNT (2017)

Com relação a densidade de malha por região no Brasil, a maior concentração está localizada
na região sul com 20,9 km de rodovias pavimentadas a cada 1.000 km² de área, enquanto que
na região norte, a densidade é de apenas 2,3 km a cada 1.000 km² de área, como mostra a
figura 3. A região norte ainda dispõe da malha rodoviária com as piores condições, com cerca
de 81,1% de sua extensão sendo classificada como Regular, Ruim ou Péssima.

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O Estado de Rondônia possui uma frota de 922.706 veículos e uma malha rodoviária de
20.936,2 km de extensão, porém apenas 2.936,2 km desta malha está pavimentada, o que gera
um acréscimo do custo operacional do transporte de cargas de até 15,4% (CNT, 2017).

Figura 3: Densidade da malha rodoviária pavimentada por região no Brasil (em km/1.000 km²). Fonte: CNT
(2017)

Estes problemas também estão presentes no município de Cacoal. A cidade possui um grande
polo universitário e contava com uma frota de 61.235 veículos no ano de 2016 segundo o
IBGE, porém somente 11,7% das vias públicas apresentam uma urbanização adequada com
pavimentação, bueiros, calçadas e meio fio (IBGE, 2010).

CONCLUSÕES
Os dados levantados pela Confederação Nacional de Transportes, apresentam um cenário
lamentável com relação ao modal rodoviário. A má qualidade das pistas de rolamento causa
o aumento dos custos da prestação de serviços e reduzem a segurança dos usuários podendo
causar acidentes de trânsito.

A melhoria desta situação não será facilmente encontrada sem o emprenho dos órgãos
responsáveis pelo modal rodoviário. Faz-se necessário criar um maior incentivo para o
desenvolvimento de trabalhos acadêmicos neste ramo, e assim, adotar novas técnicas para o
dimensionamento do pavimento, controle de qualidade dos materiais e padronização dos
meios de fiscalização das obras.

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REFERÊNCIAS
BERNUCCI, Liedi Bariani et al. Pavimentação Asfáltica: formação básica para
engenheiros. Rio de Janeiro: Petrobrás: Abeda, 2010
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTE. CNT: Anuário. estatísticas
consolidadas 2017. Brasília: CNT, 2017.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTE. CNT: Relatório. Brasília: CNT,
2017.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTE. CNT: Transporte rodoviário:
Por que os pavimentos das rodovias do Brasil não duram?. Brasília: CNT, 2017.
LEE, Shu Han. Introdução ao Projeto Geométrico de Estradas. Florianópolis: UFSC,
2000. Disponível em:< http://pet.ecv.ufsc.br/arquivos/apoio-didatico/ECV5115%20-
%20Apostila%20de%20Estradas.pdf>. Acesso em: 01 ago. 2018.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE. Cidades.
Disponível em:< https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ro/cacoal/panorama>. Acesso em: 29
abr. 2018.
OLIVEIRA, Gabriel Moreti; CERVILA, Antônio Soares. Logística: uso, tipos de
modais e a importância da logística para a região de Franca. Franca: Uni-Facef. 2011.
Disponível em:
<http://periodicos.unifacef.com.br/index.php/forumadm/article/viewFile/660/674>.
Acesso em: 05 ago. 2018
PADULA, Raphael. Transportes: fundamentos e propostas para o Brasil. Brasília:
Confea, 2008. Disponível em:<
http://www.confea.org.br/media/Livro_Transportes.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2018.
PEREIRA, Djalma Martins et al. Sistemas de Transportes. UFPR, 2013. Disponível
em:< http://www.dtt.ufpr.br/Sistemas/Arquivos/apostila-sistemas-2013.pdf>. Acesso em:
05 ago. 2018

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