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Legislação Tributária .............................................................................

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Capítulo I - Sociedade, Estado e Direito ......................................................... 7
1. Sociedade ................................................................................................ 7
1.1 A origem da vida em sociedade ............................................................... 7
1.2 O Estado e o Governo ............................................................................. 9
2. Estado ................................................................................................... 10
2.1 Atividades financeiras do Estado ............................................................ 11
2.1 Receitas Públicas - Classificação ............................................................ 12
2.2 Direito Tributário – Ramo do Direito Público ........................................... 13
2.3 Fontes do Direito Tributário ................................................................... 14
Questão debate: ........................................................................................ 15
Capítulo II - Tibutos ................................................................................... 15
2.1 – Tributos - Conceituação ..................................................................... 16
2.2 – ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS ............................................................ 17
2.2.1 – Introdução ..................................................................................... 17
2.2.2 – Impostos ........................................................................................ 18
2.2.3 – Taxa .............................................................................................. 18
2.2.3.1 – Taxa de Polícia ............................................................................. 19
2.2.3.2 Taxa de serviço............................................................................... 20
2.2.3.3 Preço público x taxa ........................................................................ 21
2.2.4 Pedágio ............................................................................................. 21
2.2.5 Contribuições de Melhoria .................................................................. 22
2.2.6 Empréstimo Compulsório .................................................................... 24
2.2.7 Contribuições Especiais ...................................................................... 24
2.2.7.1 Contribuições Sociais ....................................................................... 25
2.2.7.2 Contribuição Intervenção no Domínio Econômico – CIDE ................... 28
2.2.7.3 Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas
................................................................................................................. 30
2.2.7.4 Contribuições para Custeio do Serviço de Iluminação Pública ............. 31
2.3 - Competência residual da União ........................................................... 31
2.3.1 - Impostos Extraordinários ................................................................. 32
Questão debate: ........................................................................................ 32
Capítulo III – LIMITAÇÃO AO PODER DE TRIBUTAR ......................... 33
3.1. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA................................................................. 33
3.1.1 Vigência da norma tributária no Espaço............................................... 35
3.1.2 Vigência da norma tributária no Tempo ............................................... 36
3.2 Princípios Constitucionais Tributários .......................................... 37
3.2.1 Classificação ...................................................................................... 37
3.2.2 Princípios Constitucionais Tributários - Espécies ...................... 38
3.2.2.1 – Princípio da Legalidade ................................................................. 38
3.2.2.2 – Princípio da Irretroatividade .......................................................... 39
3.2.2.3 – Princípio da Anterioridade ............................................................. 40
3.2.2.4 – Princípio da Anterioridade Nonagesimal ......................................... 40
3.2.2.5 – Princípio da Igualdade .................................................................. 41
3.2.2.6 – Princípio do não Confisco .............................................................. 42
3.2.2.7 – Princípios Constitucionais Específicos ................................. 42
3.2.2.7.1 – Princípios Específicos do Imposto de Renda ................................ 42
3.2.2.7.2 – Princípios Específicos do IPI ....................................................... 42
3.2.2.7.3 – Princípios Específicos do ITR ...................................................... 43
Capítulo IV – MATRIZ E SUJEIÇÃO TRIBUTÁRIA ................................ 43
4.1. Obrigação Tributária ............................................................................ 43
4.2. Fato Gerador ....................................................................................... 45
4.2. Sujeição Ativa e Passiva ....................................................................... 46
4.2.1 – Contribuinte e Responsável ............................................................. 47
4.2.1.4.2- Responsabilidade do adquirente ou remitente: .............................. 49
4.2.1.4.3 - Responsabilidade dos sucessores e do cônjuge meeiro:................ 49
4.2.1.4.4 - Responsabilidade na transformação societária: ............................ 49
4.2.1.4.5 - Responsabilidade pela aquisição de estabelecimento ou fundo de
comércio: .................................................................................................. 50
4.2.1.4.6 - Responsabilidade de terceiros: .................................................... 50
4.2.2 Responsabilidade pessoal por infrações ............................................... 51
4.2.2.1 Exclusão da responsabilidade pela denuncia espontânea ................... 51
4.3 Capacidade Tributária Passiva ............................................................... 51
4.4 Domicílio .............................................................................................. 52
4.5 Lançamento ......................................................................................... 52
4.5.2 Aspectos do Lançamento .................................................................... 54
4.5.3 Alteração do lançamento após a notificação do sujeito passivo ............. 54
4.5.4 Modalidades de Lançamento ............................................................... 55
4.5.4.1 Lançamento por Declaração ou Misto ............................................... 55
4.5.4.2 Lançamento de Ofício ou Direto ....................................................... 55
4.5.4.3 Lançamento por Homologação ou Auto Lançamento ......................... 57
4.5.5 Crimes Tributários.............................................................................. 57
Capítulo V – SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO .... 59
5.1. Suspensão do Crédito Tributário ........................................................... 59
5.1.1 - Moratória: ....................................................................................... 59
5.1.2 - Depósito do Montante Integral ......................................................... 59
5.1.3 - Reclamações e Recursos .................................................................. 60
5.1.4 - Concessão de Medida Liminar em Mandado de Segurança. ................ 60
5.1.5 - O Parcelamento. .............................................................................. 61
5.2 – Extinção do Crédito Tributário ............................................................ 61
5.2.1 – Pagamento ..................................................................................... 62
5.2.1.1 – Pagamento Indevido e Restituição ................................................ 62
5.2.2 – Consignação em Pagamento ............................................................ 62
5.2.3 – Compensação ................................................................................. 63
5.2.4 Transação ......................................................................................... 63
5.2.5 – Remissão........................................................................................ 63
5.2.6 – Conversão do Depósito em Renda .................................................... 63
5.2.7 – Pagamento Antecipado e Homologação do Lançamento .................... 64
5.2.8 – Decisão Administrativa Irrecorrível ................................................... 64
5.2.9 – Decisão Judicial com Trânsito em Julgado ........................................ 64
5.2.10 - Decadência ................................................................................... 64
5.2.11 – Prescrição ..................................................................................... 65
5.2.12 – Dação em Pagamento ................................................................... 65
Capítulo VI – Tributos Federais Em Espécie ....................................... 66
6.1 – Cofins e Pis ....................................................................................... 66
6.1.1 – Regime de incidência cumulativa...................................................... 66
6.1.1.2 – Regime de incidência não-cumulativa ............................................ 68
6.1.1.3 – Regimes especiais ........................................................................ 68
6.1.1.4 – Incidência na Importação de Bens e Serviços................................. 76
6.1.2 – Não incidência, imunidades e isenções. ................................. 77
6.1.2.1 – Imunidades ................................................................................. 77
6.1.2.2 – Isenções ...................................................................................... 77
6.1.2.3 – Não incidência ............................................................................. 79
6.2 – Imposto Sobre Produtos Industrializados ............................................. 79
6.2.1 - Contribuinte .................................................................................... 79
6.2.2 – Base de Cálculo, Alíquota e Período de Apuração .............................. 80
6.3 – Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica e da Pessoa Física .............. 80
6.3.1 Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica .......................................... 80
6.3.2 – Imposto sobre a Renda da Pessoa Física .......................................... 81
6.4 - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido ............................................ 82
6.5 – Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e
Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação ............................................................................................. 83
6.5.1 - Contribuinte .................................................................................... 83
6.5.2 - Hipóteses de Não Incidência ............................................................ 83
6.5.3 – Base de Cálculo E Alíquota............................................................... 84
6.6 – Imposto Predial e Territorial Urbano ................................................... 85
6.6.1 - Contribuinte .................................................................................... 85
6.6.2. - Progressividade do Iptu .................................................................. 85
6.6.3 – Base de Cálculo E Alíquota............................................................... 85
6.7 – Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza .................................... 86
6.7.1 - Hipóteses de Não Incidência ............................................................ 86
6.7.2 - Contribuinte .................................................................................... 87
6.7.3 – Base de Cálculo E Alíquota............................................................... 87
Capítulo VII – PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL FEDERAL ........ 87
7 – Processo Administrativo Fiscal ............................................................... 87
7.1 – Princípios Aplicáveis ao Processo Administrativo Fiscal.......................... 88
7.2 – Procedimento de Fiscalização ............................................................. 88
7.3 – Exigência Fiscal ................................................................................. 89
7.4 – Instauração do Contencioso Administrativo ......................................... 90
7.5 – Julgamento em Primeira Instância ...................................................... 92
7.6 – Julgamento em Segunda Instância ...................................................... 93
7.7 – Julgamento em Instância Especial ....................................................... 94
7.8 – A Definitividade da Decisão Administrativa .......................................... 95
Bibliografia: ......................................................................................... 96
Legislação Tributária
Capítulo I - Sociedade, Estado e Direito

1. SOCIEDADE

1.1 A origem da vida em sociedade

Muito se discute a respeito da origem do Direito e da Sociedade, mas não há


dúvida quanto a relação de dependência entre ambos. O Direito é
contemporâneo à sociedade.

As principais teorias que explicam a origem da sociedade são: A Teoria


Contratualista e a Teoria Naturalista

A Teoria Naturalista tem como expoentes Aristóteles e São Tomás de Aquino.


Os naturalistas – assim chamados os adeptos da Teoria Naturalista – são
favoráveis à idéia da sociedade natural, idéia essa que, atualmente, leva um
grande número de pensadores a exercer uma forte influência na vida política da
sociedade. Aristóteles, considerado o introdutor de tal pensamento (século IV
a.C.), defendia ser o homem naturalmente um animal político e, assim sendo,
só viveria isolado se fosse um bruto ou um Deus. No mesmo caminho se
encontram outros importantes filósofos, dos quais podemos citar: Cícero, Santo
Tomás de Aquino e Ranelletti. Dos três acima citados destacamos Santo Tomás
de Aquino, autor da obra intitulada "Summa Theologica". Consagrou-se entre
os autores medievais por ser o mais expressivo seguidor de Aristóteles,
reafirmando as suas postulações e também por incrementar a idéia da vida
solitária como uma exceção, conforme havia feito o filósofo grego, porém
introduz uma nova visão, a qual é fundamentada em três hipóteses, a saber:

a) ‘excellentia naturae’, quando se tratar de indivíduo notavelmente


virtuoso, que vive em comunhão com a própria divindade, como ocorria
com os santos eremitas;

b) ‘corruptio naturae’, referente aos casos de anomalia mental;

c) ‘Mala fortuna’, quando só por acidente, como nos casos de naufrágio ou


de alguém que se perdesse numa floresta, o indivíduo passa a viver em
isolamento.

Por fim, vale lembrar que essa corrente filosófica ainda defende duas outras
condições da vida em sociedade, quais sejam:

a) O de que o ser humano, mesmo provido de bens materiais necessários à


sua sobrevivência, continua necessitando do convívio com seus
semelhantes;
b) O de que a existência do citado impulso associativo natural não exclui,
de forma alguma, o aspecto volitivo humano.

Já a Teoria Contratualista, cujos expoentes são Thomas Hobbes, John Locke e


Rousseau, se opôs aos adeptos da idéia de sociedade natural. Sustentaram ser
a sociedade, tão só, o produto de um acordo de vontades, ou seja, de um
contrato hipotético celebrado entre os homens, motivo esse que lhes renderam
a denominação de contratualistas. Os contratualistas, deve-se dizer, não foram
uníssonos em suas explicações com relação ao motivo pelo qual os homens, em
determinada etapa de sua evolução, decidiram agruparem-se aos seus
semelhantes ao ponto de formarem uma instituição denominada sociedade.
Contudo, existe entre eles uma convergência a um ponto comum: todos os
seus adeptos negam o fundamento do impulso associativo natural, defendido
pela Teoria Naturalista, e argumentam ser a vontade humana a única
justificativa para a existência da sociedade.

O ponto de partida das idéias contratualistas são as obras de Thomas Hobbes,


em especial a que foi publicada em 1651, intitulada "O Leviatã". Hobbes pôs
explicitamente em dúvida a doutrina do homem como um ser naturalmente
social, o chamado zoon politikón. Afirmava que o homem não é sociável por
natureza e só logra sê-lo por educação. Os homens vivem primeiro sem
instituições, num estado de igualdade em que cada indivíduo tem direito sobre
todas as coisas, o que Hobbes chama de “estado natural”. O esforço para obter
vantagens e poderes sobre os outros fez com que o estado natural dos
homens, anteriormente a sua reunião em sociedade, fosse a guerra de todos
contra todos. Assim sendo, o estado de natureza é uma permanente ameaça
que pesa sobre a sociedade e que pode irromper sempre que a paixão silenciar
a razão ou a autoridade fracassar.A tendência natural dos homens para se
causarem danos recíprocos entra em conflito com as imposições da razão
natural que exige a preservação da vida e a possibilidade de cada um dos
membros do grupo a conservar. E esse conflito só cessa com o triunfo da razão,
isto é, com o contrato que assegura a cada um a propriedade de determinados
bens. Em outras palavras, quando cada ser humano passa a respeitar o espaço
do outro. Com essa finalidade e para salvaguardar o primeiro contrato, ou
contrato social, estabeleceu-se um, segundo, o de domínio, mediante o qual os
indivíduos se submetem às Instituições do Estado. A convivência entre os
homens – ou seja, a sociedade – só é possível em virtude da submissão dos
indivíduos a um poder estatal.

Dessa forma, pode-se, por fim, concluir que apesar do contratualismo não
possuir hodiernamente adeptos declarados isso não reduz sua importância no
âmbito filosófico, e que a sociedade é advinda da necessidade natural inerente
ao ser humano, em consonância com os aspectos volitivo e da consciência do
homem. Portanto, não há como conceber o homem como um ser isolado, fora
de um contexto social.
1.2 O Estado e o Governo

Colocadas as duas principais teorias que explicam a origem da sociedade temos


que centrar nossa atenção na formação do Estado, já que é com a formação do
Estado e com o exercício do poder, que surge a necessidade de se cobrar
tributos para custear as despesas do Estado.

Assim veremos que o exercício desse poder em determinado território, nasce na


família. A família é a origem primitiva da forma social. O poder familiar era
exercido dentro de um certo território, onde todos os familiares moravam e
defendiam os seus bens. Aos poucos elas foram crescendo (forma patriarcal) se
transformando em gens, umas dominando as outras pela força, sempre unidas
pela descendência. Este formato deu origem ao Império. Assim, a evolução
havida desde a família, originou-se de dois princípios: a fragmentação e a
aglutinação. Vale dizer, a família ia aos poucos se dividindo, pois com o
aumento do número de seus integrantes estes se viam na contingência de se
separar, a fim de obterem melhores meios de subsistência. Apesar disso, os
membros dessas famílias separadas conservaram a convicção de que
descendiam de um mesmo tronco. Isso servia de defesa contra os inimigos. Por
isso, as famílias originárias de um tronco ancestral reuniam-se sob as ordens de
um chefe comum. Dessa reunião surgiram as gens, as tribos e por fim, as
cidades e impérios. Nesse momento já tínhamos esses pequenos povoados
submetidos ao poder de um chefe, fatalmente absoluto, ou seja, exercia o
poder sem limites. O governo, nada mais é que a organização do exercício do
poder. É por meio dele que se viabiliza a vida em sociedade, vale dizer, a vida
em sociedade organizada. É o elemento formal do Estado e se caracteriza, além
da divisão do exercício do poder, pela soberania. Soberania é o poder que tem
um Estado de se organizar juridicamente e de fazer valer dentro de seu
território, a universalidade de suas decisões, lembrando que tais decisões e a
própria existência do Estado deve ser reconhecida pelos demais Estado
(países). As funções primordiais do Estado que são exercidas pelo governo, são
a de realizar o bem comum, promover o auto-desenvolvimento da sociedade e
perseguir a paz social. Assim, o Governo interfere na ordem social, econômica e
jurídica, de forma a diminuir as diferenças sociais e realizar o bem comum,
embora essa concepção seja atual e tenha se iniciado com a Revolução
Francesa, no século XVIII. Por muito tempo a função do chefe do governo era
conquistar território, centralizar o poder e saciar o luxo da nobreza. Não havia a
idéia de que o principal objetivo do governo é promover o bem comum.

Os pressupostos ou elementos do Estado são três, quais sejam:-Território, Povo


e a Soberania O território é a superfície sobre a qual se estabelece o povo de
modo permanente, incidindo aí a soberania. São elementos do território o solo,
o espaço aéreo e o mar territorial. Também fazem parte do território do Estado
a plataforma submarina, os navios de guerra onde quer que estejam, os navios
mercantes em alto mar, os aviões militares, os que estejam no espaço aéreo
livre e as embaixadas.
Entende-se por povo o grupo social organizado. Diferencia-se povo e população
já que o povo é constituídos pelos cidadãos que são ligados por laços de
tradição, idioma, religião, respeito a um solo comum onde foram sepultados os
seus antepassados e que serve de berço aos seus descendentes. E a população
é o conglomerado de indivíduos estatisticamente considerados, num dado
momento dentro do território do estado, ou seja, a população é integrada não
só pelos cidadãos naturais do país, mas também pelos estrangeiros.

Soberania é a propriedade que tem um Estado de ser uma ordem suprema que
não deve a sua validade a nenhuma outra ordem superior, ou seja, ele pode
discutir, aprovar e implementar as medidas que seu povo entender cabíveis
sem a interferência de outro Estado. Adiciona-se a isso, o reconhecimento
internacional – pelos outros países – da existência do Estado.

De tudo o que foi dito dessumi-se a importância dos tributos. O Estado


moderno deve prover aos seus cidadãos o bem comum, a paz social e o seu
auto-desenvolvimento. Para tanto, se utiliza de políticas públicas para
distribuição da renda e para a melhoria dos serviços públicos, tais como:
educação, saúde, saneamento básico, segurança, habitação e dentre outros, o
quais são possíveis de implementação somente mediante retribuição, por meio
de pagamento de tributos.

Em países mais desenvolvidos que o nosso, cito o Estados Unidos, o crime fiscal
é levado às últimas conseqüências. Daí a importância do tema para a
sociedade. No Brasil, embora essa consciência esteja crescendo, muito há que
ser feito para um pleno convencimento das pessoas.

2. ESTADO

Modernamente o Estado (em Estado Federados como o Brasil, considera-se


todos os entes federados: União, Estados Membros, Municípios e Distrito
Federal) tem diversos deveres ou funções, necessárias para alcançar os
objetivos/fins a que se propõem uma Nação Politicamente Organizada e um
Estado Democrático de Direito. Ver artigos 3o. e 6o, da Constituição Federal de
1988, abaixo transcritos:

“Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - Construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - Garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e


regionais;

IV - Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,


idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer,
a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”

Para que o Estado atinja esses objetivos, o povo lhe confere poder, decorrente
de sua Soberania, para que, em nome da Sociedade (Povo), o Estado possa
fixar normas de comportamento, que devem ser obedecidas por todos os
membros da organização social. Ver parágrafo único, do artigo 1 o, da
Constituição Federal de 1988, abaixo transcrito:

“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. ”

Vê-se daí que primeiramente são colocados os interesses sociais, coletivos,


digam-se públicos, e em segundo plano os interesses individuais.

De qualquer forma o poder do Estado não é e não deve ser, absoluto. Em que
pese a prevalência do interesse público sobre o privado, as garantias individuais
dos cidadãos são o fiel da balança. Assim, fica o Estado obrigado a observar as
limitações previstas na Constituição Federal, a fim de que se tenha um
equilíbrio nas relações Estado X particular.

2.1 Atividades financeiras do Estado

Para a consecução dos seus objetivos, o Estado desenvolve várias atividades


financeiras, notadamente com relação a capitação, aplicação e gestão de
recursos, conforme figura 1.1 abaixo:

Figura 1.1 Gestão dos Recursos Públicos

Captação dos Aplicação dos


recursos públicos recursos públicos

Fonte: Elaborada pelo autor


Nas questões financeiras, o Estado, assim como em um “condomínio”, não
pode deixar ao livre arbítrio dos particulares, o atendimento às normas de
conduta, fixadas pela sociedade no seu ordenamento jurídico. É um ônus da
vida em sociedade, ou seja, para que a sociedade se estruture é necessário que
cada indivíduo contribua financeiramente para isso.

Você pode optar por comprar ou não uma casa em condomínio e no mesmo
ato, estará optando pelas regras instituídas nele. Uma dessas regras é o
pagamento da taxa condominial.

A vida em sociedade não lhe dá esta escolha, já que quando você nasce fará
parte de uma sociedade e esta situação lhe obrigará a arcar com os custos
correspondentes. Assim, não se trata de uma opção, mas sim de uma
imposição legal. As contribuições para a vida em sociedade são obrigatórias e
instituídas por lei. São as Leis que permitem ao Estado tornar obrigatório o
acatamento, por todos os indivíduos, das determinações que deverão levar aos
resultados pretendidos com a Gestão, a Captação e a Aplicação dos recursos ou
receitas públicas.

Doutrinariamente podemos afirmar que as entradas ou ingressos nos cofres


públicos são todos créditos, inclusive os simples movimentos de fundos,
cauções, fianças, depósitos, indenizações e outras decorrentes do exercício do
direito civil.

2.1 Receitas Públicas - Classificação

Não são todas as receitas públicas que são de interesse de estudo do Direito
Tributário, embora as receitas tributárias são a de maior vulto.

As Receitas Públicas podem ser classificadas da seguinte forma

Quanto à regularidade ou frequência:

- Receitas Ordinárias, são as receitas previstas na estimativa de arrecadação;

- Receitas extraordinárias, são as receitas não previstas na estimativa de


arrecadação

Quanto à forma de obtenção:

- Receitas Originárias, aquelas advindas do próprio patrimônio do Estado;

- Derivadas, aquelas advindas do patrimônio alheio. São a maioria das receitas.

As Receitas tributárias são receitas “Derivadas” que satisfazem algumas


condições, como por exemplo: não resultam de sansão de um ato ilícito, são
instituídas por lei, são prestações pecuniárias, etc.

O Direito Tributário define as obrigações e direitos do Estado e do contribuinte.


2.2 Direito Tributário – Ramo do Direito Público

Os diversos ramos do Direito se dividem em Público e Privado.

Ao ramo de Direito Público pertencem as normas jurídicas que disciplinam os


interesses da coletividade, vale dizer, essas normas tutelam os interesses da
sociedade. A essas normas aplicam-se princípios específicos tais como: a
prevalência do interesse público sobre o privado, a não ocorrência da prescrição
aquisitiva contra o Estado e algumas regras próprias, como: a contagem de
prazo em dobro para recorrer e quádruplo para contestar, atos administrativos
com ciência ficta, etc. Tais regras amparam o Estado em sua atuação, sempre o
favorecendo frente ao particular.

Já ao ramo de Direito Privado pertencem as normas jurídicas que disciplinam as


relações jurídicas individuais. O princípio norteador das normas jurídicas de
Direito Privado é o princípio da autonomia da vontade.

Abaixo apresentamos o quadro 1. 1 sinóptico dos ramos de Direito.

Quadro 1. 1 - Sinopse dos ramos do direito

natural - dar a cada um o que é seu

- viver honestamente

- não lesar a outrem

internacional

- geral -
constitucional
T.G.E.

Previdenciário

Tributário

Direito Público administrativo


Positivo interno
penal
escrito ou
processual penal
costumeiro
civil

trabalho

eleitoral

- privado internacional

civil

comercial
Fonte: Elaborado pelo autor

Não será objeto do nosso trabalho o detalhamento de cada um dos ramos do


Direito, matéria afeta a disciplina de Introdução ao Estudo do Direito.

Trabalharemos nesse momento com o ramo do Direito Tributário.

Segundo Rubens Gomes de Souza, o Direito Tributário pertence ao ramo de


direito público que rege as relações entre o Estado e os particulares,
decorrentes da atividade financeira do Estado, na obtenção de receitas que
correspondem ao conceito de tributos.

As normas de Direito Tributário regulam o poder fiscal do Estado e as relações


com as pessoas sujeitas a esse poder

2.3 Fontes do Direito Tributário

Fonte do Direito é o lugar donde provém a norma jurídica.

As chamadas fontes reais ou materiais, são os fatos da vida ou do cotidiano, os


quais, após previsão legal, serão os “fatos tributáveis”, ou seja, fatos que
geram obrigação tributária.

Já as fontes formais – modo de exteriorização do Direito por meio de normas


jurídicas escritas – são atos normativos onde o Direito cria corpo.

O ordenamento jurídico brasileiro é baseado no Direito Romano. Dessa forma


qualquer mandamento jurídico deve estar previsto na lei.

Veja o que diz a Constituição Federal de 1988, no seu art. 5º, inciso II:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa


senão em virtude de lei; (grifei)

Abaixo apresentamos um quadro sinóptico das principais fontes formais do


Direito Tributário, em ordem de hierarquia:
 Constituição Federal, estadual ou Leis Orgânicas

 Emendas à Constituição ou as Leis Orgânicas

 Leis Complementares

 Leis Ordinárias, Medidas Provisórias e Tratados Internacionais*

 Decretos Legislativos** e Resoluções***

 Normas infra legais

*(após aprovação do legislativo)

As Resoluções do Senado Federal fixam a alíquotas máximas do imposto


estadual de Transmissão de Bens e Direitos Causa Mortis e Doação e algumas
alíquotas do ICMS

Por fim, vale ressaltar que a Jurisprudência e a Doutrina não são fontes formais
do Direito Tributário.

Questão debate:

1) A aplicação dos recursos públicos x a arrecadação tributária.

2) Qual é a importância da hierarquia das normas jurídicas para o Direito


Tributário?

Capítulo II - Tibutos

É comum no nosso cotidiano a utilização indevida da palavra “imposto” com o


mesmo significado de tributo. Na verdade tributo é um gênero, cujas espécies
são: o imposto, a contribuição de melhoria, o empréstimo compulsório, a taxa,
o pedágio, as contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e no
interesse de categorias profissionais e econômicas.

É cediço que a maior parte dos recursos públicos são provenientes dos Tributos
e sendo eles a maior fonte de recursos do Estado, ganham notória importância
para o equilíbrio das contas públicas, para a distribuição de renda e em muitos
casos, são fator determinante para o sucesso ou insucesso de investimentos
comerciais e industriais.

É por meio dos tributos que se controla a entrada de produtos estrangeiros


nocivos à economia e também que se possibilita o desenvolvimento econômico
de regiões menos abastadas. Veja o exemplo da Zona Franca de Manaus.
2.1 – TRIBUTOS - Conceituação

O Código Tributário Nacional, Lei 5.176, de 25 de outubro de 1.976, foi


recepcionado pela Constituição Federal de 1.988 como status de lei
complementar, senão vejamos.

O artigo 146, da Constituição Federal, em seu inciso III, assim estatui:

Art. 146. Cabe à lei complementar:

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,


especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos


impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores,
bases de cálculo e contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas


sociedades cooperativas.

d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e


para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou
simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições
previstas no art. 195, I e

§§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Como se vê a Constituição Federal ao prever que as normas gerais em matéria


tributária serão regulamentadas por lei complementar, igualou o CTN à essas
leis, já que tais normas gerais estão nele previstas.

O artigo 3º do CTN, assim define tributo:

Figura 2.1 – artigo 3º Código Tributário Nacional

TRIBUTO Art.3o. CTN

a)É TODA PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA COMPULSÓRIA

b)EM MOEDA OU CUJO VALOR NELA POSSA EXPRIMIR

c) QUE NÃO CONSTITUA SANÇÃO DE ATO ILÍCITO

d) INSTITUÍDA POR LEI

e) COBRADA MEDIANTE ATIVIDADE ADMINISTRATIVA


PLENAMENTE VINCULADA

Fonte: Elaborada pelo


autor
2.2 – ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
2.2.1 – Introdução

Segundo o Código Tributário Nacional, são tributos os impostos, as taxas e as


contribuições de melhoria. Ver artigo 5º, do CTN, abaixo transcrito:

Art. 5o., CTN: Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.

O nosso Código Tributário é de 1.966. De lá para cá o Sistema Tributário


Nacional sofreu várias modificações.

Muito se discutiu a respeito da natureza de alguns tributos. Em 1.988 a


Constituição Federal inseriu no capítulo destinado ao Sistema Tributário
Nacional (art. 145 e seguintes) o empréstimo compulsório, o pedágio e as
contribuições.

É pacífica a natureza tributária dos empréstimos compulsórios e das


contribuições. Muito se discute, porém no que tange aos pedágios.

A Constituição Federal quando trata das limitações ao poder de tributar, se


refere aos pedágios da seguinte forma:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:

V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por


meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a
cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo
Poder Público;” (grifo nosso)

Na nossa concepção o simples fato de existir disposição expressa na


Constituição Federal, em especial, no Capítulo que trata do Sistema Tributário
Nacional, indica a vontade do legislador originário de incluir tal exação dentre
aquelas regradas pelos princípios tributários.

No que se refere às contribuições especiais, o judiciário já se manifestou. São


tributos. Não dispondo a Lei em contrário, as contribuições “especiais”
obedecem às mesmas normas vigentes para os tributos.

Uma dúvida que atormenta algumas pessoas é justamente a diferenciação de


tributo, imposto, taxa ou contribuição de melhoria.

A celeuma é resolvida pelo art. 4º, do Código Tributário Nacional, o qual


estatui:
“Art. 4º A natureza específica do tributo é determinada pelo fato
gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevante para
determiná-la:

I – A denominação e demais características formais adotadas pela


lei

II – A destinação legal do produto da sua arrecadação”

Observa-se, portanto que a hipótese de incidência, também conhecida como


fato gerador, descrita na lei, é que identifica ou revela a identidade (natureza)
de um tributo.

2.2.2 – Impostos

De acordo com o artigo 16, do CTN, Imposto é o tributo cuja obrigação tem
como fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal
específica, relativa ao contribuinte. Significa dizer que a obrigação de pagar um
Imposto não decorrente de qualquer atividade ou serviço prestado pelo Estado.

Os fatos geradores, também conhecidos como hipóteses de incidência, dos


Impostos, são de dois tipos, a saber:

a) Ou é um comportamento do contribuinte, como por exemplo: dar saída


de uma mercadoria, prestar um serviço especificado na lei, transmitir
uma propriedade ou valor financeiro;

b) Ou é uma situação na qual ele se encontre, como por exemplo: ser


proprietário de um imóvel, ser proprietário de um veículo, ter uma
grande fortuna, etc.

Podem ser instituídos pelos quatro entes federativos, a União, os Estados


Membros, o Distrito Federal e os Municípios, conforme competência tributária
instituída pela Constituição Federal de 1.988.

2.2.3 – Taxa

As taxas têm como fato gerador fatos vinculados à atividade estatal. Tanto o
CTN quanto a Constituição regram essa matéria. Veja os dispositivos abaixo:

Art. 77 do CTN:

As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal


ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições,
têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a
utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e
divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Art 145, II, da Constituição Federal:

A União, os Estados, o DF e os Municípios poderão instituir os


seguintes tributos:

I-...

II- Taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela ou


pela utilização efetiva ou potencial, de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua
disposição.

Como as taxas são instituídas em razão do poder de polícia ou da prestação


efetiva ou potencial de serviço público, existe vinculação entre a arrecadação e
a destinação dos recursos, devendo estes serem empregados na manutenção
da atividade estatal.

É importante frisar que as taxas não poderão ter base de cálculo própria de
impostos.

Também se observa que existem dois tipos de taxas. A taxa de polícia e a taxa
de serviço, as quais serão tratadas nos tópicos a seguir.

2.2.3.1 – Taxa de Polícia

Primeiramente faz-se necessária a definição do poder de polícia. Tal definição é


encontra no artigo 78, do CTN, abaixo transcrito:

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração


pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem,
aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício
de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
A cobrança da taxa de polícia visa disciplinar o exercício de determinada
atividade, referente ao cumprimento das normas pertinentes ou conceder
autorização. O exercício dessas atividades pode afetar o interesse da sociedade
e, portanto, sofrem limites e restrições de ordem pública.

Lembre-se, as taxas de polícia não são cobradas em favor do contribuinte, mas


sim da sociedade.

2.2.3.2 Taxa de serviço

As taxas de serviço têm como fato gerador a atuação do Estado consistente na


execução de um serviço público específico e divisível, efetivamente prestado ou
colocado a disposição do contribuinte. O artigo 79, do CTN, assim disciplina o
assunto:

Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77


consideram-se:

I - Utilizados pelo contribuinte:

a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;

b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória,


sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa
em efetivo funcionamento;

II - Específicos, quando possam ser destacados em unidades


autônomas de intervenção, de unidade, ou de necessidades
públicas;

III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente,


por parte de cada um dos seus usuários.

A utilização efetiva se refere àquela não compulsória. São serviços colocados à


disposição de toda a comunidade, mas só paga quem usa.

A utilização potencial refere-se ao pagamento do serviço independentemente


de estar se utilizando dele, mas necessariamente tal serviço deve estar à sua
disposição do contribuinte, mediante atividade administrativa em efetivo
funcionamento.

Vale dizer, o Estado deve se aparelhar para a prestação de um determinado


serviço. Basta a existência de uma atividade administrativa em efetivo
funcionamento. Feito isso, o serviço já será específico.
Em alguns casos a cobrança da taxa mínima do serviço colocado a disposição e
não utilizado, pode ser fator determinante para a sua viabilidade econômica ou
mesmo para a sua eficiência.

Serviços divisíveis são aqueles suscetíveis de utilização e mensuração separada


por cada um dos seus usuários.

A divisibilidade se relaciona com a possibilidade de se aferir quanto cada um


dos cidadãos utilizou o serviço, ou seja, quanto o Estado prestou de serviço
para cada um dos contribuintes.

São exemplos de serviços indivisíveis a defesa do território nacional e a


segurança pública; e divisíveis as taxas judiciais, a taxa d’água e a luz
residencial.

2.2.3.3 Preço público x taxa

O assunto é controverso. Alguns autores entendem que não existe preço


público. Dizem que todo serviço prestado pelo Estado deve ser remunerado por
meio de taxa de serviço.

Faremos a distinção até porque defendemos a existência do preço público.

Podemos afirmar que quando o serviço derivar de obrigação legal, será taxa,
quando o serviço derivar de contrato, será preço público. Em outras palavras,
quando for obrigatório, será taxa, pois decorre de lei, e quando for facultativo,
decorrente de contrato de prestação de serviço, será preço público.

A importância da distinção se materializa pela aplicação dos princípios


tributários às taxas, enquanto aos preços públicos, se aplicam as regras cíveis
da teoria geral dos contratos.

São exemplos de preços públicos a conta telefônica e a tarifa de ônibus urbano.

2.2.4 Pedágio

A inclusão do pedágio como tributo é um tema bastante controverso. Há quem


entenda ser uma nova espécie tributária, eventualmente uma taxa de utilização
de bem público, defendendo que o pedágio não é pago por serviços prestados,
mas pela utilização da via pública. Outros entendem ser uma taxa de serviço
pois, os recursos arrecadados são utilizados para a manutenção e adequação
das vias, como também para custear serviços de guincho, telefone e
assistências aos usuários.

Não pode ser preço público, pois é obrigatório, instituído por lei e não é regido
por contrato.

A controvérsia sobre a natureza tributária ou não do pedágio foi sinalizada pelo


Supremo Tribunal Federal – STF. Veja a ementa abaixo:
“Tributário. Pedágio. Lei n. 7.712, de 22/12/88. Pedágio: natureza
jurídica: taxa: CF, art. 145, II, art. 150, V. Legitimidade constitucional do
pedágio instituído pela Lei n. 7.712, de 1988. ” (RE 181.475, Rel. Min.
Carlos Velloso, julgamento em 4-5-99, DJ de 25-6-99)

2.2.5 Contribuições de Melhoria

A matéria está disciplina pelos seguintes dispositivos legais, abaixo transcritos.

Constituição Federal:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


poderão instituir os seguintes tributos:
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
Código Tributário Nacional:
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras
públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a
despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da
obra resultar para cada imóvel beneficiado.
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os
seguintes requisitos mínimos:
I - Publicação prévia dos seguintes elementos:
a) memorial descritivo do projeto;
b) orçamento do custo da obra;
c) determinação da parcela do custo da obra a ser
financiada pela contribuição;
d) delimitação da zona beneficiada;
e) determinação do fator de absorção do benefício da
valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas,
nela contidas;
II - Fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para
impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no
inciso anterior;
III - regulamentação do processo administrativo de instrução
e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem
prejuízo da sua apreciação judicial.
§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada
pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do
inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos
respectivos fatores individuais de valorização.
§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada
contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma
e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o
respectivo cálculo.

Embora de pouca aplicação prática, devido a complexidade, a contribuição de


melhoria só é devida se ocorrer a valorização de imóvel em razão de obra
pública.

Como dito alhures a contribuição de melhoria somente pode ser instituída se


ocorrer valorização de imóvel em decorrência de obra pública. Não obstante,
havendo desvalorização do imóvel em razão de obra pública será devido ao
prejudicado a reparação cível pelo dano experimentado.

O artigo 81, do Código Tributário Nacional, traz duas limitações ao valor de


instituição da contribuição de melhoria, assunto polêmico em nossos tribunais,
já que alguns doutrinadores entendem que tais limites não foram
recepcionados pela lei maior, entendimento não compartilhado por este
subscritor. Os limites são:

Limite total: a despesa realizada; e

Limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel
beneficiado;

Deve-se ficar atento aos requisitos enumerados pelo artigo 82, do CTN, acima
referenciados.
2.2.6 Empréstimo Compulsório

O Empréstimo Compulsório se distingue das demais espécies tributárias por ter


cinco características bastante marcantes, quais sejam:

a) É instituído por lei complementar;

b) É posteriormente devolvido aos contribuintes, segundo o prazo


estipulado na lei que o criou;

c) Tem aplicação vinculada a necessidade que motivou a sua criação;

d) Tem como motivação para a sua criação despesas extraordinárias


decorrentes de calamidade pública ou guerra externa efetiva ou
iminente, ou ainda, para atender investimentos públicos urgentes e de
relevante interesse nacional;

e) Somente a União pode instituí-lo;

A base normativa do Empréstimo Compulsório é o artigo 148, da Constituição


Federal, abaixo transcrito:

Art. 148 A União, mediante Lei Complementar, poderá instituir


empréstimos compulsórios:
I- Para atender despesas extraordinárias, decorrentes de
calamidade pública ou guerra externa ou sua iminência;
II- Investimentos públicos urgentes e de relevante interesse
nacional, obs. Art.150, III,b, CF.
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

2.2.7 Contribuições Especiais

As Contribuições Especiais são também conhecidas como parafiscais para


diferenciá-las da contribuição de melhoria. São classificadas em 4 espécies,
quais sejam:

a) Contribuições Sociais;

b) Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico;

c) Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas;

d) Contribuições para Custeio do Serviço de Iluminação Pública;


As contribuições, diferentemente dos impostos, têm destinação específica, vale
dizer, o produto da sua arrecadação deve ser empregado no custeio da despesa
referida na lei de sua instituição.

A competência para instituição das Contribuições Sociais, das Contribuições de


Intervenção no Domínio Econômico e das Contribuições de Interesse das
Categorias Profissionais ou Econômicas, é da União, embora os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, possam instituir planos previdenciários custear
a aposentadoria dos seus servidores. É uma exceção.

A matéria está disciplinada pelo artigo 149, da Constituição Federal, “in verbis”:

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições


sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das
categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação
nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e
III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às
contribuições a que alude o dispositivo.
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão
contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício
destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não
será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos
da União. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

2.2.7.1 Contribuições Sociais

As Contribuições Sociais têm como objetivo o bem-estar e justiça social,


mediante financiamento da seguridade social.

A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa


dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência – aposentadoria - e à assistência social -
afastamento por invalidez, pensão por morte, auxílio funeral e prisão.

Poderá incidir sobre a folha de salários, o faturamento, o lucro, loteria,


produção rural, importação de produtos estrangeiros e eventos esportivos.

A matéria está disciplinada pelo artigo 195, da Constituição Federal, “in verbis”:

Art. 195.
A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I - Do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,


incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou


creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)

b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20,


de 1998)

c) O lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

II - Do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo


contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo
regime geral de previdência social de que trata o art. 201;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
II - Sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - Do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele
equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à
seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não
integrando o orçamento da União.
§ 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma
integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social
e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades
estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a
cada área a gestão de seus recursos.
§ 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como
estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público
nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
§ 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção
ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art.
154, I.
§ 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado,
majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio
total.
§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas
após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as
houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto
no art. 150, III, "b".
§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades
beneficentes de assistência social que atendam às exigências
estabelecidas em lei.
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador
artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas
atividades em regime de economia familiar, sem empregados
permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a
aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da
produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão
ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da
atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do
porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de
trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de
2005)
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema
único de saúde e ações de assistência social da União para os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os
Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de
que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em
montante superior ao fixado em lei complementar. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as
contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput,
serão não-cumulativas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
42, de 19.12.2003)
§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual,
total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a,
pelo incidente sobre a receita ou o faturamento. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

2.2.7.2 Contribuição Intervenção no Domínio Econômico –


CIDE

Visa possibilitar a atuação da União no domínio econômico, especialmente nas


áreas em que o legislador entender que é necessária e salutar tal atuação.

Não incidirá sobre as receitas decorrentes de exportação

Atualmente existem duas contribuições de intervenção no domínio econômico,


a saber:

CIDE Exportação. Visa estimular o desenvolvimento tecnológico brasileiro,


mediante programas de pesquisa científica e tecnológica cooperativa entre
universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo. Incide, a alíquota de
10%, sobre os valores pagos e remetidos às pessoas residentes ou domiciliadas
no exterior. Tais serviços implicam na transferência de tecnologia e na remessa
de royalties. A arrecadação é direcionada para o desenvolvimento de pesquisas
e projetos científicos, por meio de transferências Fundo Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT.

Cide – Combustível. Visa subsidiar transporte de álcool combustível, de gás


natural e seus derivados e de derivados de petróleo, o financiamento de
projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás e o
financiamento de programas de infra-estrutura de transportes. Incide sobre a
importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e
seus derivados, e álcool etílico combustível.

Sua matriz legal está nos parágrafos 2º a 4º, do artigo 149, e parágrafo 4º, do
Art. 177, ambos da Constituição Federal, abaixo transcritos:
Art. 149
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que
trata o caput deste artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 33, de 2001)
I - Não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
II - Poderão incidir sobre a importação de petróleo e seus derivados, gás
natural e seus derivados e álcool combustível; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
II - Incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
III - poderão ter alíquotas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de
2001)

a) Ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da


operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

b) Específica, tendo por base a unidade de medida adotada. (Incluído pela


Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

§ 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser


equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
§ 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única
vez. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
Art. 177
§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico
relativa às atividades de importação ou comercialização de
petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool
combustível deverá atender aos seguintes requisitos: (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
I - A alíquota da contribuição poderá ser: (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 33, de 2001)
a) Diferenciada por produto ou uso; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 33, de 2001)

a) b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe


aplicando o disposto no art. 150, III, b; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 33, de 2001)

II - Os recursos arrecadados serão destinados: (Incluído pela Emenda Constitucional


nº 33, de 2001)

a) Ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool


combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

b) Ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do


petróleo e do gás; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

c) Ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.


(Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

Por fim, aduzimos que a referidas contribuições foram instituídas pelas leis
10.168/200 e 10.336/2001.

2.2.7.3 Contribuições de Interesse das Categorias


Profissionais ou Econômicas

Destina-se ao custeio das atividades das instituições fiscalizadoras das


categorias profissionais ou econômicas, tais como as devidas: à Ordem dos
Advogados do Brasil, ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, ao
Conselho Regional de Contabilidade, etc.

É cediço que por se tratarem de tributos, à essas contribuições se aplicam as


normas gerais tributárias, em especial os princípios da legalidade, da
irretroatividade, da anterioridade e da noventena.

O seu fato gerador é o exercício da profissão regulamentada e fiscalizada pela


entidade instituidora.

A existência das entidades de controle e fiscalização das categorias profissionais


e econômicas não deve ser interpretada como organismos burocráticos, mas
como instituições de regulamentação e controle, cujos maiores benefícios são a
representação e a defesa dos interesses das categorias respectivas.
2.2.7.4 Contribuições para Custeio do Serviço de Iluminação
Pública

A Emenda Constitucional 39/2002 instituiu a Contribuição para Custeio do


Serviço de Iluminação Pública - CIP, espécie de tributo que incide sobre a
prestação do serviço de iluminação pública, efetuada pelo Município, no âmbito
do seu território. O referido dispositivo legal acrescentou o art. 149-A, à
Constituição Federal, o qual tem a seguinte redação:

Art. 149-

A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das


respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o
disposto no art. 150, I e III. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de
2002)

Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o


caput, na fatura de consumo de energia elétrica. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 39, de 2002)

Esta contribuição foi introduzida em nosso ordenamento jurídico com a


finalidade específica de auxiliar financeiramente os municípios, já que os auxilia
a custear grande parte da despesa com energia elétrica decorrente da
iluminação pública.

2.3 - Competência residual da União

O legislador originário introduziu na Constituição Federal de 1988 a


possibilidade de apenas um ente federal, no caso a União, criar novos impostos,
desde que já não tenham previsão constitucional, sejam não cumulativos e não
tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na própria
Constituição Federal.

Resta claro que no momento atual, em que a carga tributária brasileira é uma
das mais altas do mundo, não há espaço político para a aplicação deste diploma
legal.

No entanto, a Constituição Federal tem vigência por prazo indeterminado e por


sorte, deverá acompanhar várias gerações de brasileiros, motivo pelo qual em
outro cenário político/administrativo tal dispositivo poderá ser de grande valia.

A citada norma legal está estatuída no artigo 154, da Constituição Federal,


abaixo transcrito:
Art. 154 A União poderá instituir:
I-Mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde
que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de
cálculo próprios dos discriminados nesta CF.

2.3.1 - Impostos Extraordinários

Trata-se de outra situação excepcional prevista pelo legislador constitucional


originário. Como se sabe o Brasil é um país pacífico e que preza pela solução
dos conflitos de forma harmoniosa.

Por outro lado, não se pode afastar uma possibilidade remota de


eventualmente ocorrer um conflito armado envolvendo o Brasil e nessas
condições, a União certamente necessitaria de recursos adicionais para a
defesa.

Daí a justificativa racional para inclusão da previsão legislativa constante do art.


154, inciso II, da Constituição Federal, abaixo transcrito.

Art. 154. A União poderá instituir:

II - Na iminência ou no caso de guerra externa, impostos


extraordinários, compreendidos ou não em sua competência
tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as
causas de sua criação.

Questão debate:

1. A luz do ordenamento jurídico pátrio o acréscimo patrimonial


obtido por um bicheiro na sua atividade pode ser tributado?

2. COSIP e Princípios da Isonomia e da Capacidade Contributiva

O Tribunal, por maioria, desproveu recurso extraordinário interposto pelo


Ministério Público do Estado de Santa Catarina contra acórdão do tribunal de
justiça local que, em ação direta de inconstitucionalidade estadual, declarara a
constitucionalidade da Lei Complementar 7/2002, editada pelo Município de São
José, que instituiu Contribuição para o Custeio dos Serviços de Iluminação
Pública - COSIP. Alegava o recorrente, em síntese, que por ser a hipótese de
incidência do tributo o consumo de energia elétrica, restringindo o sujeito
passivo da obrigação aos respectivos consumidores, haveria ofensa ao princípio
da isonomia, uma vez que o serviço de iluminação pública seria prestado
indistintamente a todos os cidadãos.
Sustentava, ainda, que o fato de um contribuinte consumir mais ou menos
energia elétrica não significaria que ele seria mais ou menos beneficiado pela
iluminação pública, inexistindo, portanto, relação entre o que a lei chamou de
“níveis individuais de consumo mensal de energia elétrica” e o custo de serviço
de iluminação pública. Entendeu-se que a COSIP constitui um novo tipo de
contribuição que refoge aos padrões estabelecidos nos artigos 149 e 195 da CF,
ou seja, é uma exação subordinada a disciplina própria (CF, art. 149-A), sujeita,
contudo, aos princípios constitucionais tributários, haja vista enquadrar-se
inequivocamente no gênero tributo. Ressaltou-se que, de fato, como a COSIP
ostenta características comuns a várias espécies de tributos, não haveria como
deixar de reconhecer que os princípios aos quais estes estão submetidos
também se aplicam, modus in rebus, a ela. Destarte, salientou-se que, apesar
de o art. 149-A da CF referir-se apenas aos incisos I e III do art. 150 da CF, o
legislador infraconstitucional, ao instituir a contribuição em análise, considerada
a natureza tributária da exação, estaria jungido aos princípios gerais que regem
o gênero, especialmente o da isonomia (art. 150, II) e o da capacidade
contributiva (art. 145, § 1º).

RE 573675/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 25.3.2009. (RE-573675)

Capítulo III – LIMITAÇÃO AO PODER DE TRIBUTAR


3.1. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

O poder de tributar é o poder fiscal, a capacidade jurídica, instituída em lei,


para criar tributos. O poder de tributar, também conhecido como competência
tributária, difere das atribuições que são as de arrecadar e fiscalizar tributos ou
executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária,
as quais podem ser conferidas a outra pessoa jurídica de direito público.

A competência tributária é atribuída a um dos entes federados, quais sejam:


União, Estados Federados, Distrito Federal e Municípios e está prevista no
Capítulo I – Do Sistema Tributário Nacional, da Constituição Federal de 1.988,
artigos 145 e seguintes. Em especial, a competência dos impostos está prevista
nos artigos 153 a 156, da Constituição Federal.

A atribuição da competência tributária de um imposto a um dos entes


federados determina a outorga de competência legislativa a respeito do mesmo
tributo. Neste aspecto, a Constituição foi ampla, impedindo inclusive que a
União instituísse isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito
Federal ou dos Municípios.

As disposições sobre a competência tributária e as atribuições estão previstas


nos artigos. 6º a 8º, do Código Tributário Nacional, abaixo transcritos:
Art. 6º A atribuição constitucional de competência tributária compreende
a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na
Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do
Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei.

Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte,


a outras pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência
legislativa daquela a que tenham sido atribuídos.

Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das


funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou
decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa
jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da
Constituição.

§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais


que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir.

§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral


da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido.

§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas


de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos.

Art. 8º O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa


jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha
atribuído.

O poder de tributar ou a competência tributária é indelegável, ou seja, um ente


federado não pode delegar a outro ente, a sua competência tributária.

Como vimos o sistema de competência tributária no Brasil é misto, ou seja, as


quatro pessoas jurídicas de Direito Público têm competência tributária, mas o
produto da arrecadação não fica totalmente com a pessoa competente para
instituir o tributo, já que é dividido entre os entesÉ fato que dentre as
competências do Estado, a de tributar é mais importante, já que o fruto da
arrecadação viabiliza a execução de políticas públicas e a própria estrutura do
Estado. Está intimamente ligada com a própria organização estatal, já que sem
dinheiro não é possível ao Estado proporcionar ao cidadão a garantia mínima
dos seus direitos.

Ocorre, porém que o poder de tributar não poder ser ilimitado em razão da
segurança jurídica e de abusos que poderiam ser cometidos caso o governante
pudesse instituir e cobrar impostos de maneira aleatória, sem limite algum. Por
isso sofre restrição por meio de normas constitucionais e infra-constitucionais.

Na Constituição Federal encontramos esses limites principalmente nos art. 145


a 156 - princípios constitucionais tributários e imunidades.
A própria competência tributária é um limite imposto ao Estado, pois como
exemplo, a União não pode legislar sobre o IPVA, já que este é um tributo de
competência legislativa dos estados federados.

As normas criadoras dos tributos também os limitam, quando: disciplinam


alíquotas máximas e mínimas, contemplam situação de isenção e suspensão,
etc.

3.1.1 Vigência da norma tributária no Espaço

A aplicação da norma tributária no espaço também é uma limitação aos entes


federativos.

A competência tributária delegada pela Constituição Federal deve ser exercida


dentro do âmbito territorial do ente federativo, sob pena de ser considerada
ineficaz a norma tributária. Em outras palavras o ente federativo exerce a sua
competência tributária nos seus limites territoriais- Município, Estado, Distrito
Federal e União.

É possível ainda a celebração de convênios visando a concretização das ações


fiscalizadora e arrecadadora, conforme se dessome dos art 102 e 199, do CTN,
abaixo transcritos.

Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal


e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios,
nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os
convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras
leis de normas gerais expedidas pela União.
Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios prestar-se-ão mutuamente
assistência para a fiscalização dos tributos respectivos e permuta
de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou
específico, por lei ou convênio.

Parágrafo único. A Fazenda Pública da União, na forma estabelecida em


tratados, acordos ou convênios, poderá permutar informações com Estados
estrangeiros no interesse da arrecadação e da fiscalização de tributos. (Incluído
pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)

Em âmbito internacional, os tratados nos quais o Brasil é signatário, têm


vigência condicionada a sua aprovação, que se dá por meio de decreto
legislativo, ingressando no ordenamento jurídico pátrio com força de lei
ordinária.
3.1.2 Vigência da norma tributária no Tempo

Para a determinação da vigência da lei tributária no tempo temos que estudar


pelo menos 4 diplomas legais, quais sejam, a Lei de Introdução ao Código Civil
- LICC – Decreto 4.657, de 04 de setembro de 1.942, o Código Tributário, a lei
instituidora do tributo em referência e a Constituição Federal.

Nos ateremos neste momento à LICC e ao CTN, tendo em vista que os demais
diplomas legais serão comentados em momento oportuno.

A regra geral em Direito é que as disposições legais se aplicam aos fatos


presentes e futuros, só retroagindo em casos excepcionais.

A LICC disciplina o assunto da seguinte forma, em seus art. 1º e 2º:

Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em


todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente
publicada.
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei
brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de
oficialmente publicada. (Vide Lei 2.145, de 1953)
§ 2o A vigência das leis, que os Governos Estaduais
elaborem por autorização do Governo Federal, depende da
aprovação deste e começa no prazo que a legislação estadual
fixar.
§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova
publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste
artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação.
§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se
lei nova.
Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá
vigor até que outra a modifique ou revogue.
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando
expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou
quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei
anterior.
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou
especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei
anterior.
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se
restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.

O Código Tributário Nacional trata da matéria no seu artigo 3º, com a seguinte
disposição:

Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor:


I - Os atos administrativos a que se refere o inciso I do
artigo 100, na data da sua publicação;
II - As decisões a que se refere o inciso II do artigo 100,
quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da
sua publicação;
III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100,
na data neles prevista.

O artigo em comento trata apenas dos atos infra-legais.

No que tange às disposições legais veremos logo abaixo, as previsões


constitucionais, as quais são bastante esclarecedoras.

3.2 Princípios Constitucionais Tributários


3.2.1 Classificação

Princípios são um conjunto de pressupostos ou proposições diretoras. Portanto


qualquer norma legal tributária deve estar em consonância com os princípios
tributários. Não é demais frisar que a ofensa de uma norma a um princípio
tributário invalida a sua aplicação.

São constitucionais porque estão disciplinados na constituição de 1.988 e têm


por finalidade garantir, restringir, vedar ou limitar direitos, notadamente as
ações do poder fiscal público. O poder fiscal ou poder de tributar é a
capacidade de criar tributos, a competência tributária.

A competência tributária foi outorgada às quatro pessoas jurídicas de direito


público interno, através do art. 145 da CF, ou seja, à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios.

Os princípios constitucionais tributários se classificam em:


- GERAIS- Se referem a todos os tributos e contribuições, e estão disciplinados
nos art. 145 a 150, da Constituição Federal. Podemos citar os seguintes:
legalidade, igualdade, anterioridade, irretroatividade, não confisco e vedação da
limitação ao tráfego.

- ESPECIAIS - Se referem a determinada espécie tributária; e estão


disciplinados nos art. 145 a 152, da Constituição Federal. Podemos citar os
seguintes: pessoalidade, previsto no § 1º, do art.145, da CF, o princípio
segundo o qual as taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos,
previsto no § 2º, do art. 145, da CF e a proibição da diferenciação tributária em
razão da procedência/destino, prevista no art. 152, da CF.

- ESPECÍFICOS – Se referem, especificamente, a determinados tributos, e


estão disciplinados nos art. 153 a 156, da Constituição Federal. Podemos citar
os seguintes: princípios da generalidade, universalidade e progressividade do
imposto de renda, previsto no § 2º, do art.153, da CF, o princípio da não
cumulatividade e seletividade do IPI, previsto no § 3º, do art.153, da CF e o
princípio da progressividade em razão do grau de utilização da terra, para o ITR
previsto no § 4º, do art.153, da CF.

3.2.2 Princípios Constitucionais Tributários - Espécies


3.2.2.1 – Princípio da Legalidade

O Princípio da Legalidade é o princípio basilar para todos os ramos do Direito. O


legislador constitucional disciplinou a matéria no inciso I, do art. 150, da
Constituição Federal, segundo o qual é vedado exigir ou aumentar tributo sem
que a lei o estabeleça.

É preciso compreender que o princípio da legalidade se estende também a


formalidade do procedimento legislativo – observação das normas pertinentes a
elaboração da lei -, bem como, à adequação da norma jurídica ao tipo pedido
pela Constituição Federal. Assim, se o texto constitucional exigir que o tributo
seja instituído por uma lei complementar, uma norma jurídica de hierarquia
inferior não poderá regrar a matéria.

A lei instituidora de tributo deve determinar o sujeito passivo em abstrato, o


fato gerador, a base de cálculo e a alíquota.

Já o Código Tributário Nacional, norma recepcionada pela Constituição de 88


com status de lei complementar, prevê a regras gerais em matéria tributária,
tais como: penalidades, casos de suspensão, extinção, isenção, anistia e
hipóteses de dispensa e redução de penalidades.

Por fim, e não menos importante é a previsão do § 1º, do artigo 153, da


Constituição Federal, uma exceção ao princípio da legalidade.
Trata-se da faculdade que o executivo tem de mediante decreto, atendidas as
condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos seguintes
impostos: Imposto de Importação - II, Imposto de Exportação - IE, Imposto
sobre Produtos Industrializados - IPI e Imposto sobre operações de crédito,
câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários - IOF.

3.2.2.2 – Princípio da Irretroatividade

Tomando como premissa que a lei regula fatos presentes e futuros, a


retroatividade da lei ocorre quando ela produz efeitos em relação a atos
praticados antes da sua entrada em vigor.

Em alguns ramos do Direito, como no Direito Penal, a norma jurídica mais atual
poderá retroagir em benefício do réu. Assim, uma pessoa que tenha cometido
um delito, cuja pena tenha sido posteriormente reduzida será beneficiada da
nova redação legal.

No Direito Tributário há vedação expressa no inciso III, do art. 150, da


Constituição Federal, que não permite a criação ou majoração de tributos em
relação a fatos geradores ocorridos antes do início da lei que os houver
instituído ou aumentado.

Fique claro que tanto o aumento da base de cálculo, quanto o aumento da


alíquota, são situações de majoração da incidência de tributo e, portanto, não
são permitidos com relação a fatos pretéritos aos da lei instituidora.

Saliente-se que a irretroatividade diz respeito à majoração ou criação de novos


tributos.

Há também a previsão expressa do art. 106, do CTN, transcrito abaixo:

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:


I - Em qualquer caso, quando seja expressamente
interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos
dispositivos interpretados;
II - Tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer
exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido
fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de
tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a
prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
3.2.2.3 – Princípio da Anterioridade
Previsto na alínea b, do inciso III, do artigo 150, da Constituição
Federal de 1.988, abaixo transcrito:
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
III - cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a
lei que os instituiu ou aumentou;

O princípio em comento tutela a segurança jurídica, ou seja, proíbe o livre


arbítrio do Estado, o aumento e cobrança inesperada de tributos. Possibilita ao
contribuinte planejar a sua atividade para que possa pagar o aumento da carga
tributária. Isso é bem real, principalmente quando falamos das pessoas
jurídicas, as quais, na maioria dos tributos, repassa a carga tributária para o
consumidor final de seus produtos.

Embora importante mecanismo de proteção ao contribuinte, o princípio da


anterioridade tem exceções. As exceções recaem sobre os tributos regulatórios
e sobre aqueles cuja demora na instituição ou na mudança de alíquota pode
causar prejuízos ao erário. São eles: Empréstimo Compulsório de Calamidade
Pública e Guerra Externa (Art. 148, I); Imposto de Importação (Art. 153, I),
Imposto de Exportação (Art. 153, II); Imposto sobre Produtos Industrializados
(Art. 153, IV); Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou
relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (Art 153, V) e Imposto Extraordinário
em Caso de Guerra Externa ou sua Iminência (Art. 154, II).

Impostos regulatórios são aquele que têm como objetivo imediato o controle ou
a proteção do mercado ou da economia do país.

3.2.2.4 – Princípio da Anterioridade Nonagesimal

Também conhecido como Noventena. Anteriormente previsto apenas para as


contribuições sociais (art. 195, da CF), veio a ser aplicado aos demais tributos
em regra, com a Emenda Constitucional 42, de 19/12/2003.

O artigo 150, inciso III, da Constituição Federal, assim prescreve:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
III - cobrar tributos:
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto
na alínea b.

A prática reiterada do nosso legislativo em aprovar leis tributárias no último dia


do exercício, e assim burlando o princípio da anterioridade, levou com que se
criasse um mecanismo capaz de permitir uma proteção mínima ao contribuinte
de pelo menos 90 dias.

Da mesma forma que o princípio da anterioridade, há exceções à noventena.

Tais exceções se aplicam aos seguintes tributos: Empréstimo Compulsório de


Calamidade Pública e Guerra Externa (Art. 148, I); Imposto de Importação (Art.
153, I), Imposto de Exportação (Art. 153, II); Imposto de Renda (Art. 153, III)
Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos
ou Valores Mobiliários (Art 153, V), Imposto Extraordinário em Caso de Guerra
Externa ou sua Iminência (Art. 154, II) e no que diz respeito ao aumento da
base de cálculo do Imposto sobre Propriedade de Veículos Auto Motores (Art.
155, III) e Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (Art. 156, I).

Por fim, podemos concluir que nos casos de extinção de isenções, art. 104, do
CTN, situação em que há a majoração da situação tributária do contribuinte, há
de ser aplicada a regra do artigo 150, III, C, da CF.

3.2.2.5 – Princípio da Igualdade

Um dos princípios basilares da sociedade democrática de direito. Diz respeito ao


tratamento igual entre as pessoas na mesma situação tributária, ou tratamento
desigual entre os desiguais, de acordo com as suas desigualdades.

O inciso II, do artigo 150, da Constituição Federal, assim reza:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
II - Instituir tratamento desigual entre contribuintes que se
encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção
em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos,
títulos ou direitos;
3.2.2.6 – Princípio do não Confisco

Confisca significa apreender em proveito do fisco.

O inciso IV, do art. 150, da Constituição Federal, dispõe:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
IV - Utilizar tributo com efeito de confisco;

Embora vários profissionais do Direito venham se utilizando deste princípio


como matéria de defesa, o Judiciário não tem reconhecido a procedência dos
pedidos.

O Supremo Tribunal Federal, embora reconheça a importância do instituto não


tem reconhecido até o momento, a sua aplicação, exceto em pouquíssimos
casos relativos a cobrança de multas de ofício lançadas pelo fisco.

3.2.2.7 – Princípios Constitucionais Específicos


3.2.2.7.1 – Princípios Específicos do Imposto de Renda

O Imposto de Renda será informado pelos critérios da generalidade, da


universalidade e da progressividade.

Generalidade significa que qualquer pessoa que se encontre na condição de


contribuinte do imposto de renda, deverá pagá-lo.

Universalidade significa que qualquer renda, independente da origem, está no


campo de abrangência do IR, exceto às isentas e imunes.

Progressividade significa que aquele que aufere maior renda deve pagar mais
imposto de renda.

3.2.2.7.2 – Princípios Específicos do IPI

O IPI será informado pelos princípios da não cumulatividade, ou seja, será


compensado o montante devido do IPI na venda, com o crédito proveniente da
compra e pela seletividade, ou seja, o bens que são mais essenciais à
população terão uma tributação mais favorecida, se comparado aos bens
considerados supérfluos. Em outras palavras, o cigarro tem alíquota maior de
IPI do que o arroz ou o feijão.
3.2.2.7.3 – Princípios Específicos do ITR

Será progressivo em razão do grau de utilização da terra. As suas alíquotas


variam de 0,03% a 20%, incidentes sobre o valor da terra nua.

Visa desestimular a manutenção de propriedades improdutivas.

Questão debate:

1) Um princípio constitucional tributário poderia ser suprimido da


Constituição Federal de 1.988, por meio de emenda
constitucional?

2) Despesa médica proveniente de procedimento de lipoaspiração ou


de redução de estômago é dedutível para fins de imposto de
renda da pessoa física?

Capítulo IV – MATRIZ E SUJEIÇÃO TRIBUTÁRIA


4.1. Obrigação Tributária

Os elementos estruturais da obrigação tributária são os seguintes:

Sujeito Ativo - É aquele que tem poder legal para exigir a prestação da
obrigação. No sistema tributário brasileiro esse poder é exercido por uma das
Pessoas Jurídicas de Direito Público instituídas pela Constituição Federal de
1.988, quais sejam: a União, os Estados Federados, o Distrito Federal e os
Municípios. Essa prerrogativa legal será exercida por uma ou outra pessoa
jurídica, em razão da sua competência tributária.

Competência tributária significa a competência legislativa para instituir tributos


e isenções, além das funções para fiscalizar, arrecadar e fazer cumprir as
normas tributárias. Por óbvio, a competência tributária de cada ente federado
está adstrita apenas aos tributos que lhe compete legislar, observando-se a
Constituição Federal de 1.988, nos artigos 145 e seguintes.

Sujeito Passivo – É aquele que deve prestar a obrigação. É o “Contribuinte”,


o “Responsável” ou “Substituto”, da obrigação tributária.

Objeto da Obrigação – É a prestação a que fica obrigado o sujeito passivo


que se resume em pagamento de tributo, pagamento de penalidade pecuniária
ou cumprimento da obrigação acessória. Esses itens serão vistos
oportunamente.

Causa ou Natureza da Obrigação – A natureza da obrigação tributária é a


lei, ou seja, somente a lei pode obrigar o contribuinte ao cumprimento da
obrigação tributária.
A Obrigação Tributária nasce quando a “hipótese de incidência”, prevista na Lei
ou na “legislação tributária” ( in abstratum), acontece na vida cotidiana (in
concretum).

Em outras palavras, a obrigação tributária nasce com a ocorrência de um fato


hipotético, descrito na legislação tributária. Chamamos este fato de hipotético,
porque a lei tributária define uma situação genérica e abstrata que se ocorrer
no mundo real (situação de fato ou situação jurídica), dá origem a obrigação
tributária. Exemplificando. O fato hipotético do imposto de renda é auferir
renda. Então, se alguém aufere renda, para esta pessoa, nasce uma obrigação
tributária correspondente à obrigação de pagar imposto de renda. A este fato
hipotético damos o nome de Fato Gerador.

Na verdade, existe duas espécies de obrigação tributária, quais sejam: a


principal e a acessória.

A obrigação principal consiste no pagamento do tributo, quando da ocorrência


do fato hipotético definido em lei, conforme mencionado acima.

A obrigação acessória por sua vez, tem como objeto alguma obrigatoriedade
imposta pelo fisco. São prestações positivas - obrigação de fazer - ou negativa
- abster-se de fazer algo. Normalmente as prestações impostas pelo fisco são
positivas, como por exemplo a obrigatoriedade de apresentar declarações, mas
existem prestações negativas, como por exemplo a proibição do comerciante
manter junto ao caixa uma calculadora. Tal proibição tem como objetivo que o
comerciante não deixe de emitir o documento fiscal pela máquina registradora,
utilizando-se da calculadora para somar as compras de seus clientes.

Por fim, anote-se que a obrigação acessória pode ser imposta pela autoridade
administrativa mediante instruções normativas, ou seja, não é necessária a
aprovação de lei para esta finalidade.

A definição legal de obrigação de tributária está no art. 113, do Código


Tributário Nacional, abaixo reproduzido:

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato


gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade
pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela
decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária


e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela
previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos
tributos.
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua
inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à
penalidade pecuniária.

4.2. Fato Gerador

Fato gerador nada mais é do que uma previsão legal hipotética de fato jurídico.
Assim, uma vez ocorrida aquele fato previsto em lei, terá nascido a obrigação
tributária.

Já que a obrigação tributária nasce com a ocorrência do fato gerador –


acontecimento no mundo real do fato definido na lei – também existem duas
espécies de fato gerador, o da obrigação principal e da obrigação acessória.

Cinco são os elementos ou aspectos do Fato Gerador, quais sejam:

1-Aspecto material ou objetivo –

É o núcleo do Fato Gerador - é a situação de fato ou jurídica, definida em lei


como necessária e suficiente para o nascimento da obrigação tributária,
conforme definido nos artigos 114 e 115, do Código Tributário Nacional.

2-Aspecto subjetivo –

É a determinação das pessoas envolvidas. Sujeitos.

O Sujeito ativo será sempre o ente federativo – PJ de direito público -, titular da


competência para exigir o cumprimento obrigação tributária. Isto é, exigir o
cumprimento da prestação pecuniária representada pelo tributo.

O Sujeito passivo é o Contribuinte ou o Responsável, apontado em abstrato, na


hipótese legal, para cada fato gerador. Como ilustração, verifique no artigo 34,
do CTN, qual é o contribuinte (Sujeito passivo) do IPTU.

3-Aspecto espacial ou aspecto territorial –

Define o lugar onde ocorre a situação descrita na lei. Está intimamente ligado à
competência tributária.

4- Aspecto quantitativo –

Definido pela base de cálculo e a alíquota do tributo.

É a expressão numérica do Fato Gerador. Também chamada de base imponível.


A base de cálculo deve ser algo que realmente expresse economicamente o
“tamanho “ou “valor” do fato gerador.

Exemplos de Base de Cálculo - o faturamento, a receita bruta, valor aduaneiro.

Existem dois tipos de alíquotas, a saber:

- “Ad valorem”, percentuais aplicados sobre o valor da mercadoria, podendo ser


proporcionais ou progressivas. Exemplos: COFINS, IRPF, IPI, CPMF, ...

- Específica, tendo por base a unidade de medida adotada, ou seja, é um valor


fixo em Reais por unidade. Aplicável normalmente às bebidas e cigarros.

5- Aspecto temporal –

Diz respeito à vigência da legislação tributária.

É importante a determinação da data da ocorrência do fato gerador, pois é pela


lei vigente na data da ocorrência do Fato gerador que se pautará a relação
jurídico-tributária, em regra.

O art. 116, do CTN define o momento da ocorrência do fato gerador e


existentes os seus efeitos, sob duas hipóteses, a saber:

I- Tratando-se de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as


circunstancias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente
lhe são próprios;

II - Tratando-se da situação jurídica, desde o momento em que esteja


definitivamente constituída, nos termos do direito aplicável. Neste caso, salvo
disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais
reputam-se perfeitos e acabados: sendo suspensiva a condição, desde o
momento de seu implemento; sendo resolutória a condição, desde o momento
da prática do ato ou celebração do negócio ( ver art 117, do CTN).

4.2. Sujeição Ativa e Passiva

Estar sujeito é estar submetido, subordinado. Então sujeição se equivale a


subordinação.

A capacidade civil é a aptidão de uma pessoa tornar-se sujeito de direitos e


obrigações. Não se aplica ao Direito Tributário, como veremos logo a seguir.

Na relação obrigacional tributária existem dois pólos e um objeto. De um lado,


no pólo ativo, encontra-se o Estado, representado por uma das pessoas
jurídicas de direito público – União, Estados Federados, Distrito Federal ou
Municípios – de outro, no pólo passivo, encontram-se os contribuintes. O objeto
é representado pela obrigação tributária.
A obrigação – vínculo jurídico entre as partes – só decorre de lei ou contrato.
Assim, em uma há a predominância da vontade das partes – obrigações
contratuais – e na outra há imposição legal, independente da vontade das
partes. As obrigações tributárias serão sempre decorrentes da lei.

Então, o sujeito ativo da Obrigação Tributária é aquele que tem o direito para
exigir a prestação da obrigação. É uma Pessoa Jurídica de Direito Público com
atribuição legal das funções de legislar, fiscalizar e arrecadar tributos.

A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de


arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões
administrativas em matéria tributária, pode ser conferida por uma pessoa
jurídica de direito público a outra.

O sujeito passivo da obrigação tributária é aquele que deve prestar a obrigação


principal ou acessória.

A capacidade tributária passiva independe da capacidade civil das pessoas


naturais, de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação
ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da
administração direta de seus bens ou negócios ou de estar a pessoa jurídica
regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou
profissional. Vale dizer que se uma dessas pessoas realizarem fatos que
ensejem o nascimento da obrigação tributária, estarão sujeitos ao pagamento
dos tributos.

Temos dois tipos de sujeitos passivos, a saber: o contribuinte e o responsável.

4.2.1 – Contribuinte e Responsável

Será contribuinte aquele que tem relação pessoal e direta com o fato gerador.
Ele é identificado na simples descrição do fato gerador

Será responsável aquele que cuja obrigação decorra de disposição expressa de


lei, sem que ele tenha relação pessoal e direta com o fato gerador.

É importante frisar que salvo disposições de lei em contrário, as convenções


particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não
podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do
sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. Responsabilidade é
uma maneira jurídica necessária e eficaz para atender às necessidades
administrativas do Estado, na procura da satisfação de seus interesses
tributários. Amplia a possibilidade de recebimento do Estado e facilita a
fiscalização.

Assim, com uma fiscalização nos negócios praticados por determinado


contribuinte, o fisco pode demonstrar, transferir e exigir as obrigações
tributárias de outro sujeito passivo vinculado ao fato gerador da obrigação.
Podemos afirmar que existem quatro modalidades de sujeitos passivos
tributários, a saber:

4.2.1.1 - Os contribuintes, que são pessoas que tenham relação pessoal e


direta com a situação que constitua o fato gerador;

4.2.1.2 - Os responsáveis, designados pela lei, escolhidos dentre pessoas


que não sejam os contribuintes e que não tenham relação pessoal e direta com
a situação que constitua o fato gerador. Exemplo: as empresas quando retêm o
Imposto de Renda na fonte ou a Cofins de pagamentos efetuados à
prestadores de serviço.

4.2.1.3 - Os substitutos, escolhidos pela lei dentre aqueles que, não sendo
contribuintes, ou seja, não tendo relação pessoal e direta com a situação que
constitua o fato gerador, tenham, entretanto, vinculação com a ocorrência
fática, uma certa ligação com a o fato gerador. Isto ocorre com os casos de
substituição tributária para frente. Ver & 7o, do art. 150, da CF/88.

4.2.1.4 - Os responsáveis por substituição, que são aqueles que se


responsabilizarão pelo crédito tributário, depois de ocorrido o fato gerador.
Neste caso ocorrerá a substituição do sujeito passivo inicial por outra pessoa,
física ou jurídica. As regras atinentes a este assunto estão dispostas nos artigos
129 a 133, do CTN.

A condição, como dito alhures é a ocorrência de um fato que substitui o sujeito


passivo original por outro.

Hipóteses:

4.2.1.4.1- Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a


propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis:

Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a


propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os
relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a
contribuições de melhoria, sub-rogam-se na pessoa dos respectivos
adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação, ou seja, a
Certidão Negativa de Débitos.

Isso significa que, em eventual ação de cobrança, pode o sujeito ativo


promovê-la em face do novo proprietário, do nu-proprietário ou do possuidor,
sem que essas pessoas possam insurgir-se contra isso..

Exime-se dessa responsabilidade quem tenha prova da quitação do tributo.


Esse é um dos motivos pelos quais o adquirente de imóvel, quando da feitura
da escritura deve apresentar certidão de débitos dos tributos incidentes sobre o
imóvel.
Exceção a essa regra aplica-se aos casos de arrematação em hasta pública, nos
quais a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço. Trata-se de imóveis
arrematados em hasta pública (leilão judicial de imóveis para satisfazer dívida).
Nestes casos, o arrematante não arcará com tributos incidentes sobre o imóvel,
já que o valor arrecadado com o leilão do imóvel servirá para satisfazer
também eventuais créditos tributários.

4.2.1.4.2- Responsabilidade do adquirente ou remitente:

Os adquirentes de qualquer bem móvel são responsáveis pessoais pelos


tributos, e aí incluídos todos os tributos, relativos aos bens adquiridos ou
remidos.

Remição é instituto jurídico direito processual civil e significa resgate de uma


dívida; diferentemente da remissão, cujo significado é perdão. Remição é a
liberação de bem penhorado que está sendo executado em razão de uma
dívida. Ela ocorre em duas hipóteses: quando é feita pelo próprio devedor, com
a liberação do bem penhorado mediante pagamento do valor da dívida, ou
realizada pelo cônjuge, ascendentes ou descendentes do devedor executado
mediante depósito do preço da alienação ou da adjudicação.

4.2.1.4.3 - Responsabilidade dos sucessores e do cônjuge


meeiro:

Neste caso a substituição ocorre com a morte do devedor originário, sendo


substituído pelo cônjuge remanescente e pelos demais herdeiros. São
responsáveis pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou
adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado
ou da meação.

4.2.1.4.4 - Responsabilidade na transformação societária:

Na extinção de uma pessoa jurídica, com o surgimento de nova empresa, pela


fusão, transformação, incorporação ou cisão, a sucessora será responsável
pelos tributos devidos até a data do evento, pela sucedida.

Havendo a extinção de pessoas jurídicas de direito privado e a exploração da


respectiva atividade for continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu
espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual, a eles será
atribuída a responsabilidade tributária pelos tributos devidos até a data do
evento.
4.2.1.4.5 - Responsabilidade pela aquisição de
estabelecimento ou fundo de comércio:

A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por


qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou
profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão
social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao
fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato.

A responsabilidade será integral, se o alienante cessar a exploração do


comércio, indústria ou atividade e subsidiária, com o alienante, se este
prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da
alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria
ou profissão.

Nas hipóteses de alienação judicial – nova lei de falência/recuperação judicial –


como o que se pretende é a continuidade do negócio, as situações acima não
serão aplicadas, exceto se for presumida a fraude na alienação.

4.2.1.4.6 - Responsabilidade de terceiros:

A responsabilidade de terceiros está prevista nos artigos 124, 125, 134 e 135,
do Código Tributário Nacional.

São responsabilidades instituídas pela lei quando o terceiro tenha de alguma


forma interesse na situação que gerou o fato gerador.

Assim, como exemplo, citamos a responsabilidade do transportador com


relação ao ICMS, quando a mercadoria esteja desacompanhada de
documentação fiscal hábil e idônea ou quando a mercadoria é proveniente do
exterior, os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores, os tutores e
curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados, os
administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes, o
inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio, o síndico e o comissário,
pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário, os tabeliães,
escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos
praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício e os sócios, no
caso de liquidação de sociedade de pessoas.

Ainda com relação aos efeitos da solidariedade, esclarecemos que o pagamento


efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais; a isenção ou remissão de
crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um
deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo e
a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou
prejudica aos demais.
Por fim, não é demais enfatizar que ao que parece, a intenção do legislador foi
a de responsabilizar as pessoas enumeradas no art. 134, do CTN, quando da
impossibilidade do devedor principal cumprir com a obrigação. É uma garantia a
mais dada ao Estado para satisfazer o crédito tributário. Está claro também que
esta responsabilidade só nasce nos atos em que essas pessoas intervierem ou
pelas omissões que forem responsáveis.

A responsabilidade será pessoal em desfavor das pessoas enumeradas no art.


134, do CTN, e aos mandatários, prepostos, empregados, os diretores,
gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, quando
praticarem atos com excesso de poder ou infração de lei, contrato social ou
estatutos:

4.2.2 Responsabilidade pessoal por infrações

A responsabilidade será pessoal se o dolo é específico do autor. Se o crime for


cometido por ordem emanada do superior, a responsabilidade será deste. A
responsabilidade do infrator não se restringe a multa, pois há os chamados
crimes contra a ordem tributária, previstos pela Lei 8137/90.

Cabe observar que para a caracterização do crime contra a ordem tributária,


faz-se necessária duas situações, quais sejam: a existência de tributo a pagar
(fim desejado pelo agente) e a prática dolosa de atos ou omissões previstos na
Lei 8.137/90. O pagamento do tributo até a apresentação da denúncia elide o
crime.

4.2.2.1 Exclusão da responsabilidade pela denuncia


espontânea

Se o contribuinte se antecipar a ação do fisco e efetuar o pagamento do tributo


devido, a sua responsabilidade pelas infrações será excluída. O parcelamento
do crédito tributário, ao invés do pagamento, de acordo com o art. 9 o, da Lei
10.684/2003, suspende a pretensão punitiva do Estado.

O alcance do art. 138, do CTN, abrange somente a multa punitiva, ou seja, a


multa moratória é devida. Não se aplica as multas resultantes do
descumprimento das obrigações acessórias, aplicando-se ao parcelamento e a
compensação, no que concerne a multa punitiva;

4.3 Capacidade Tributária Passiva

Capacidade tributária passiva é a aptidão de uma pessoa - contribuinte,


responsável ou substituto - para se tornar obrigado a cumprir uma obrigação
tributária.
A capacidade tributária passiva é plena, atinge qualquer pessoa que esteja
definida como sujeito passivo na hipótese de incidência, ou seja, independe da
capacidade civil das pessoas físicas ou de estar a pessoa jurídica formalmente
constituída. Então pode recair sobre menor de 16 anos; sobre o falido, sobre o
médico sem CRM; etc.

4.4 Domicílio

Domicílio civil da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece sua residência
com ânimo definitivo. Se a pessoa reside em vários locais ou tem diversos
locais de ocupações habituais, ao mesmo tempo, cada um desses lugares é seu
domicílio.

As normas sobre o domicílio tributário são específicas e estão previstas no


artigo 127, do CTN.

Neste particular a legislação adota como regra a eleição do domicílio pelo


contribuinte, mas quando ele deixa de elegê-lo o legislador estabeleceu os
seguintes preceitos:

- Quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta
ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade;

- Quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar


da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o
de cada estabelecimento;

- Quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições


no território da entidade tributante.

Não sendo possível a aplicação de qualquer das regras acima, será considerado
como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos
bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.

Pode ainda a autoridade administrativa recusar o domicílio eleito, quando este


impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se
então a regra do parágrafo anterior.

4.5 Lançamento

Devemos relembrar que o fato gerador da obrigação tributária é uma hipótese


legal definida em lei, cuja ocorrência no mundo real dá ensejo ao nascimento
da obrigação tributária.

Quando nasce a obrigação tributária, o sujeito passivo passa a ter o dever legal
de cumprí-la, isto é pagar tributo, penalidade pecuniária ou praticar a obrigação
acessória.
Pode ocorrer que o Sujeito Passivo deixe de tomar a providência de constituição
do crédito tributário que é o lançamento. Neste caso se o Estado ignorar esta
situação ficará sem o instrumento de cobrança do crédito tributário. Dizemos
que a obrigação tributária é desprovida de exigibilidade.

O lançamento é um ato jurídico declaratório, pois apenas descreve a obrigação


tributária. Então poderá descrevê-la erroneamente. Portanto, poderá ser
modificado para se adequar a obrigação tributária.

O lançamento se resume em procedimentos administrativos, vinculados, que


têm o objetivo de individualizar, descrever, quantificar, identificar o Sujeito
passivo e formalizar - por escrito -, a obrigação tributária, já nascida com a
ocorrência do fato gerador.

Portanto, através do Lançamento, se constitui ou altera o chamado crédito


tributário, que é o direito que a Fazenda Pública tem, de exigir do sujeito
passivo o pagamento do tributo ou penalidade, inclusive por execução.

O Lançamento converte uma obrigação ilíquida e inexigível, em uma obrigação


líquida, certa e exigível, na data e no prazo da lei.

É preciso que se diga. Existem dois tipos de atos. Os atos denominados “atos
constitutivos” que são aqueles que constituem ou extinguem direitos e
produzem efeitos à partir de sua ocorrência, os chamados efeitos ex nunc.
Como por exemplo, citamos os fatos geradores da obrigação tributária.

O segundo tipo é os denominados atos declaratórios que são aqueles que


apenas declaram ou esclarecem um direito anteriormente nascido e produzem
efeitos desde a ocorrência do ato constitutivo do direito. São conhecidos como
efeitos ex tunc.

Percebe-se então, que o Lançamento é um ato declaratório, já que declara um


direito já nascido, com a ocorrência do fato gerador. Assim, visa eliminar um
possível estado de dúvida e produzir os efeitos desejados aos direitos
preexistentes.

O lançamento compete privativamente à autoridade administrativa legalmente


constituída e é definido pelo Código Tributário Nacional como o procedimento
administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação
correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo
devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da
penalidade cabível.

A atividade do lançamento é vinculada à lei, ou seja, é vedado à autoridade


administrativa agir com discricionariedade, isto é, não cabe decisões de foro
subjetivo quanto à necessidade de se efetuar o lançamento, sob pena de
responsabilidade administrativa, cível e criminal.

O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador e rege-se pela lei


então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.
4.5.2 Aspectos do Lançamento

O lançamento deve conter alguns elementos essenciais, que são agrupados em


determinados aspectos, conforme abaixo:

1-Aspecto material ou objetivo – É o núcleo do Fato Gerador, ou seja, a


situação abstrata definida em Lei, a qual quando ocorrida na vida real, dá
ensejo ao nascimento da obrigação tributária.

2-Aspecto subjetivo – São as pessoas envolvidas na obrigação tributária


correspondente.

3-Aspecto espacial – Área geográfica onde ocorreu o fato gerador do tributo.


É importante para se verificar a aplicação da legislação tributária, ou seja, a lei
vigente no local de ocorrência do fato.

4- Aspecto quantitativo – Definido pela base de cálculo, a alíquota e o


montante devido do tributo.

5- Aspecto temporal: Data da ocorrência do Fato Gerador, para fins de


aplicação da lei tributária.

4.5.3 Alteração do lançamento após a notificação do sujeito


passivo

O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado


em virtude de:

I - Impugnação do sujeito passivo;

A impugnação é uma contestação, uma discordância, do sujeito passivo em


razão dos valores lançados de ofício pela autoridade administrativa.

É um instrumento formal apresentado pelo contribuinte, invocando razões de


fato e de direito que se insurge contra o lançamento efetuado pelo fiscal.

Por meio dessa contestação o contribuinte pode modificação o crédito lançado,


desde que o seu recurso seja provido.

Não obstante, se o crédito tributário não for impugnado no prazo legal, fica
legitimada a exigibilidade do crédito tributário, sendo considerado findo na
esfera administrativa.

II – Recurso de ofício;

O recurso de ofício é a submissão à autoridade julgadora administrativa,


imediatamente superior a que julgou o lançamento, quando ocorrer situações
de redução do crédito tributário. Aplica-se somente nos casos de maior vulto.
III – iniciativa de ofício da autoridade administrativa, casos previstos no
art.149, do CTN.

4.5.4 Modalidades de Lançamento

A constituição do Crédito Tributário poderá ser feita por 3 (três) modalidades:

1-Lançamento por Declaração ou Misto

2-Lançamento de Ofício ou Direto

3-Lançamento por Homologação, também chamado de auto-lançamento.

4.5.4.1 Lançamento por Declaração ou Misto

O Lançamento será efetuado pela autoridade administrativa com base em uma


declaração do sujeito passivo ou de terceiros, que conterá as informações
necessárias para a efetivação do ato. Neste caso, o contribuinte deve
apresentar uma declaração e aguardar a notificação para pagamento.

A notificação será elaborada pelo fisco e conterá todos os elementos


indispensáveis para identificação do contribuinte e individualização do crédito
tributário, como: sujeito passivo e seus dados cadastrais, fato gerador,
embasamento legal, tributo a que se refere, período de apuração, base de
cálculo, alíquota, montante devido, vencimento e autoridade lançadora.

A autoridade administrativa, agindo de ofício, poderá arbitrar o lançamento,


modificando os elementos informados pelo contribuinte, sempre que sejam
omissos ou não mereçam fé as declarações, esclarecimentos ou documentos
expedidos pelo sujeito passivo ou responsável.

4.5.4.2 Lançamento de Ofício ou Direto

Segundo Ruy Barbosa Nogueira o procedimento administrativo são vários atos


jurídicos sucessivos visando à mesma finalidade, dos quais todo ato que se
segue pressupõem necessariamente o precedente, preparando e prenunciando
o seguinte.

Assim, em um procedimento de lançamento de ofício, faz-se necessária a


execução de vários atos, como por exemplo: o termo de início de fiscalização, o
termo de intimação, o termo de constatação, o termo de conclusão de ação
fiscal e por fim, o auto de infração.

O lançamento será efetuado e revisto de ofício, isto é, por dever do cargo, pela
autoridade administrativa, quando:

I - Quando a lei assim o determine;


Aplicado nos casos de tributos em que o sujeito ativo detém as informações
necessárias para efetuar o lançamento, sem necessitar de informações prévias
a serem fornecidas, por meio declaração, pelo contribuinte, como o IPTU, o
IPVA e a maiorias das taxas.

II- Quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na
forma da legislação tributária;

Trata-se da declaração para constituição do crédito tributário ou para


apresentação de informações, na modalidade de Lançamento Misto.

III- Quando a pessoa legalmente obrigada, deixe de atender regularmente a


pedido de esclarecimentos formulado pela autoridade administrativa.

Quando aberta uma fiscalização o contribuinte é regularmente intimado para


apresentar documentos que comprovem a sua situação fiscal.

Caso ele deixe de apresentar a autoridade administrativa poderá efetuar o


lançamento com base nas informações que dispõe.

IV- Quando se comprove falsidade, erro ou omissão de elemento de declaração


obrigatória.

Trata-se de informações fornecidas pelo contribuinte sem a devida sustentação


fática.

V –Quando se comprove omissão ou inexatidão da antecipação de pagamento,


dos lançamentos por Homologação.

Neste caso, trata-se de omissão ou inexatidão nas declarações aptas ao


lançamento por homologação.

VI – Quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro


legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária;.

Trata-se de ação ou omissão que dê lugar à aplicação de multa, como por


exemplo, quando o comerciante mantém calculadora junto à caixa registradora.
Esta prática é proibida, pois facilita o recebimento das compras sem o registro
no caixa.

VII – Quando se comprove que o sujeito passivo agiu ou se beneficiou de dolo,


fraude ou simulação.

Práticas comumente observadas em fiscalizações, como por exemplo,


calçamento de notas.

VIII –Quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por
ocasião do lançamento anterior.
Às vezes faz-se um lançamento de ofício e posteriormente toma-se
conhecimento de outro fato, não conhecido quando da feitura do primeiro
lançamento.

A autoridade administrativa tem a faculdade de abrir nova fiscalização para


efetuar lançamento complementar.

IX – Quando se comprove que, no lançamento anterior, tenha ocorrido fraude,


falta funcional ou omissão de ato ou formalidade essencial, pela autoridade
administrativa.

De qualquer forma, o lançamento de ofício só pode ser iniciado enquanto não


extinto o direito da Fazenda Pública.

Tal assunto será melhor comentado quando falarmos da decadência tributária.

4.5.4.3 Lançamento por Homologação ou Auto Lançamento

É a forma mais comum, já que facilita a atuação do fisco. Como exemplo,


citamos o IPI, ICMS, IRPF e IRPJ

Existe uma transferência do encargos e atividades ao sujeito passivo.

Nessa modalidade, uma vez nascida a obrigação tributária, o sujeito passivo


calcula o valor do tributo devido e o recolhe aos cofres públicos. Dizemos que
ocorre uma antecipação de pagamento, já que tal valor e lançamento deve ser
homologado pelo fisco.

Os pagamentos não afetam a Obrigação tributária principal, já que esta é


imutável.

O pagamento antecipado extingue o crédito tributário, sob condição resolutória


da posterior homologação do lançamento.

A homologação por ser expressa ou tácita. Será expressa, quando tomando


conhecimento da atividade exercida pelo obrigado a autoridade administrativa
homologa (aceita) o lançamento ou procede a uma revisão do mesmo, por
meio do lançamento de ofício. Será tácita, quando forem transcorridos 5 anos a
contar da data de ocorrência do fato gerador, sem que a Fazenda Pública se
tenha pronunciado.

4.5.5 Crimes Tributários

Ressaltamos que as infrações dolosas - práticas ilegais - na área tributária, têm


finalidade específica de prejudicar os cofres públicos (erário). Essas práticas
têm dois elementos comuns: o agente que praticou o ato com o fim específico
de causar danos ao erário e o ato praticado que traz prejuízo. Essas infrações
são punidas legislação, como crimes contra a ordem tributária.
O conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas, visando os efeitos da
sonegação ou da fraude.

Fraude é toda ação ou omissão dolosa, tendente a impedir ou retardar, total ou


parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação principal, ou excluir ou
modificar suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do
imposto devido, ou a evitar ou diferir seu pagamento, conforme definido no art.
72, Lei 4.502/64.

Sonegação é toda ação ou omissão dolosa, tendente a impedir ou retardar,


total ou parcialmente o conhecimento por parte da fazenda pública:

I- Da ocorrência do Fato Gerador da Obrigação Tributária Principal, sua


natureza ou circunstância material

II- Das condições pessoais do contribuinte, capazes de afetar a Obrigação


Tributária Principal ou o crédito tributário correspondente.

Simulação – disfarce, fingimento, usado na prática do conluio, da fraude ou da


sonegação.

Chamamos de elisão o planejamento tributário lícito, como por exemplo a


mudança de tributação da atividade rural da pessoa física para a pessoa jurídica
ou a opção de tributação pelo lucro real, utilizando-se do cálculo e pagamento
do PIS e da COFINS, pela sistemática da não cumulatividade.

Chamamos de elusão o planejamento tributário ilícito, o qual temo como


objetivo dissimular o ocorrência fato gerador. Ex: Compra e venda de uma casa
com vários intermediários.

E finalmente, conhecemos como evasão, o simples fato de deixar de cumprir


com obrigação literal tributária, como a não emissão de nota fiscal, fraudes e
crimes tributários.

Questão debate:

1). Um locador de imóvel insere no contrato de locação uma cláusula dispondo


que o inquilino será o responsável pelo pagamento do IPTU. Esta disposição
pode ser usada pelo locador para não pagar o imposto que eventualmente
deixou de ser pago pelo inquilino, frente a cobrança efetuada pela prefeitura?

2). Iniciada uma ação fiscal em determinado contribuinte que mantém um


contrato de representação comercial com uma montadora de automóveis, ele
resile o contrato com a montadora, abre uma nova empresa e firma com esta,
novo contrato com a mesma montadora. Concomitantemente transfere a
titularidade a primeira empresa para outras pessoas.

O fisco que abriu ação fiscal na primeira empresa deve adotar qual
procedimento, considerando as informações acima?
Capítulo V – SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO
5.1. Suspensão do Crédito Tributário

A suspensão do crédito tributário diz respeito a sua exigibilidade, ou seja,


embora constituído pelo lançamento, em razão de uma das hipóteses do art.
151, do Código Tributário Nacional, o fisco não pode cobrar o tributo.

Disso decorre também a obrigatoriedade do fisco fornecer Certidão Positiva


com Efeitos de Negativa, ao contribuinte.

Passemos a analisar cada uma das hipóteses de suspensão da exigibilidade do


crédito tributário:

5.1.1 - Moratória:

É a dilação de prazo para pagamento do tributo, por meio de concessão legal,


ou seja, depende de lei autorizadora, elaborada pelo poder competente, da
Pessoa Jurídica de Direito Público competente para instituir o tributo. Pode ser
concedida em caráter geral ou em caráter individual, neste caso autorizada sob
determinadas condições, ou ainda, concedida a determinado classe ou
categoria de sujeito passivo, em razão de seca, enchentes ou outro motivo
relevante.

A lei instituidora deve prever condições como, por exemplo: pagar os tributos
vincendos no prazo, não atrasar mais que 3 parcelas, franquear os livros e
movimentações ao fisco, etc. Se os requisitos não forem cumpridos a moratória
pode ser revogada.

5.1.2 - Depósito do Montante Integral

Quando o contribuinte pretende questionar o crédito tributário ele pode


depositar o valor do tributo que pretende discutir, a fim de que não seja
molestado pela fazenda em futuras cobranças. O contribuinte deve verificar o
valor devido do tributo na data do depósito e depositar todo o valor, tendo em
vista que o depósito parcial do crédito tributário não suspende a sua
exigibilidade.

Contabilmente o depósito efetuado permite com clareza, a demonstração


contábil da demanda contra o fisco e o possível passivo tributário.
5.1.3 - Reclamações e Recursos

As reclamações e os recursos só são possíveis nos lançamentos de ofício, ou


seja, naqueles lançamentos efetuados pelo fisco. Somente nesses casos é que
se possibilita a discordância do sujeito passivo com o tributo lançado pelo fisco.
Em prazo não inferior a 30 dias, o contribuinte pode apresentar a sua
discordância quanto ao crédito tributário lançado pelo fisco, por meio de um
peça formal chamada impugnação. Neste momento instaura-se a fase litigiosa
ou o conhecido contencioso administrativo tributário. É chamado assim, pois o
controle de legalidade do lançamento se dá na esfera administrativa. A
apresentação da impugnação intempestiva – após o prazo de 30 dias – não
instaura o contencioso administrativo e conseqüentemente o sujeito ativo pode
exigir o pagamento do tributo.

Na esfera federal, a apresentação da impugnação deve ser formulada no prazo


de 30 dias, a contar da ciência do lançamento feita ao contribuinte. Se viabiliza
por escrito, instruída com os elementos em que se fundamentar. O rito do
contencioso administrativo federal está previsto no Decreto 70.235/72.

Maiores detalhes serão abordados em capítulo específico.

5.1.4 - Concessão de Medida Liminar em Mandado de


Segurança.

Trata-se de uma medida judicial intentada pelo contribuinte quanto ato


administrativo ilegal, a qual visa proteger direito liquido e certo, violado ou
ameaçado de violação, onde haja risco de prejuízos irreparáveis.

Por se tratar de uma medida judicial o contribuinte necessariamente, deve


contratar um advogado que peticionará em juízo, devendo demonstrar de
imediato na peça inaugural, o “fumus boni júris”1 e o “peliculum in mora”2.

A determinação judicial que suspende o crédito tributário é chamada de Medida


Liminar em Mandado de Segurança e deve ser apreciada pelo juiz nos 10 dias
subseqüentes à interposição da ação.

1 É a expressão latina que significa Fumaça do bom Direito. É representada pelo entendimento que um julgador tem
diante de uma alegação que lhe foi submetida. Sendo assim, o juiz decide pelo que lhe parece mais plausível.
O fumus boni juris ou fumaça do bom direito é mais usado em caráter de urgência. É a presença aparente de uma
situação que não foi inteiramente comprovada.
2
Significa Perigo da demora. É o risco de decisão tardia, perigo em razão da demora.
É pressuposto essencial para a concessão de ações cautelares, juntamente com o fumus boni juris.
Normalmente o pedido de liminar é apreciado pelo juiz “inaudita altera parte”3,
mas como exceção e mediante despacho fundamentado, o juiz pode requerer
informações da autoridade coatora para melhor esclarecer o caso e então
decidir a liminar.

Entendendo o juiz que o autor não demonstrou o “fumus boni júris” ou o


“peliculum in mora”, indeferirá o pedido de liminar. Se o conceder, sempre será
a título precário, podendo revogá-la a qualquer tempo.

Efeito semelhante ao da liminar em mandado de segurança é a antecipação de


tutela, em ação ordinária. Esta hipótese foi introduzida no CTN em 2001. A
antecipação de tutela concedida em ação de rito ordinário, tem o mesmo efeito
da liminar em mandado de segurança.

No caso, a diferença consiste nos elementos de prova. Enquanto no mandado


de segurança é necessário a comprovação do “fumus boni júris” e do
“peliculum in mora”, na antecipação de tutela o contribuinte deve comprova o
“peliculum in mora” e a verossimilhança4.

5.1.5 - O Parcelamento.

O parcelamento decorre da lei. Por ser uma exceção ao pagamento a vista, a


autoridade administrativa deve estar embasa em autorização legal para
conceder o parcelamento do débito.

A lei autorizadora do parcelamento deve conter as condições e tributos


abrangidos.

O parcelamento se aplica a tributos vencidos, diferentemente da moratória que


é uma dilação de prazo para pagamento de tributos vincendos.

5.2 – Extinção do Crédito Tributário

Na extinção do crédito tributário decompõe-se a relação obrigacional, ou seja, a


obrigação tributária se extingue.

As hipóteses de extinção estão previstas no art. 156, do Código Tributário


Nacional, as quais passaremos a tratar detidamente abaixo.

3
Significa “sem ouvir a outra parte”. Ocorre quando se produz um ato jurídico sem consultar a outra
parte. É uma exceção ao princípio do contraditório e da ampla defesa.
4 O juízo de verossimilhança nada mais é do que um juízo de probabilidade, pouco mais do que o inequívoco,
verossimilhança vem a ser um nível de convencimento elevado à possibilidade e inferior à probabilidade. O fato de ter a
lei vinculado a persuasão da verossimilhança da alegação à prova inequívoca, é sinal de que a probabilidade
identificada na verossimilhança não significa, de forma alguma, um grau mínimo da provável realidade da alegação. Ao
oposto, tem-se que na tutela antecipada, o nível de probabilidade que decorre da prova inequívoca se não é, está muito
próximo do máximo. Certo é, pois, que a antecipação da tutela exige probabilidade e esta há de ser intensa, apta de
induzir a absorção absoluta entre probabilidade e verossimilhança.
5.2.1 – Pagamento

O pagamento deve ocorrer em moeda corrente, cheque, vale postal ou


estampilha.

O pagamento efetuado em atraso, como condição de extinção total do crédito


tributário, deverá vir seguido de multa e juros.

O pagamento parcial de tributo vencido será alocado proporcionalmente ao


valor principal, aos juros e a multa.

Se o pagamento for realizado com cheque e este for devolvido, tipificará o


crime de estelionato, com agravamento de pena em 1/3, sem prejuízo da
cobrança do tributo.

5.2.1.1 – Pagamento Indevido e Restituição

O pagamento indevido gera direito à restituição, nos seguintes casos:

I - Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o


devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou
circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;

II - Erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável,


no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer
documento relativo ao pagamento;

III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.

5.2.2 – Consignação em Pagamento

A consignação tributária ocorre quando o sujeito da obrigação tributária se


propõe a pagar e não consegue. Deve ser intentada na via judicial, quando a
Fazenda pública se recusa a receber o valor que o contribuinte propõe a pagar
ou há dúvida a quem seria devido o tributo.

O Código Tributário Nacional relaciona as seguintes hipóteses, como meio para


a consignação:

I - De recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro


tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;

II - De subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências


administrativas sem fundamento legal;

III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo
idêntico sobre um mesmo fato gerador.
A consignação é limitada ao crédito que o consignante se propõe a pagar
julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a
importância consignada é convertida em renda. Julgada improcedente a
consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de
mora e outras penalidades cabíveis.

5.2.3 – Compensação

A compensação é um meio de extinguir dívidas recíprocas, um acerto de


contas, até onde essas dívidas de compensarem.

É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de


contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da
respectiva decisão judicial.

A compensação deve estar prevista em lei e os créditos tributários devem ser


líquidos e certos, vencidos ou vincendos. Já o crédito do contribuinte deve ser
líquido, certo e exigível.

5.2.4 Transação

É um acordo, com concessões mútuas, que possam terminar com o litígio.


Exige previsão legal.

Então, suas condições são as seguintes: existir o litígio, a transação por fim a
ele e autorização legal.

5.2.5 – Remissão

Pela remissão, o Estado dispensa, de forma total ou parcial, o pagamento de


crédito relativo ao tributo. A autoridade competente só pode admitir a remissão
nos estritos ditames legais da lei autorizadora.

A remissão envolve o perdão da dívida decorrente do tributo. Já ao perdão do


pagamento das penalidades, dá se o nome de anistia.

5.2.6 – Conversão do Depósito em Renda

Quando ocorre o depósito do montante integral da exigência, seja no curso do


procedimento administrativo, seja no judicial, e o depositante é vencido, os
valores depositados são convertidos em renda do sujeito ativo, liquidando o
crédito tributário.
5.2.7 – Pagamento Antecipado e Homologação do
Lançamento

Os créditos se tornam extintos sob a condição resolutória de sua ulterior


homologação, pela autoridade administrativa competente ou pela decadência
desse direito. A lei prevê também a homologação expressa pela autoridade
administrativa, mas tal hipótese não é vista com regularidade.

5.2.8 – Decisão Administrativa Irrecorrível

Trata-se de decisão definitiva na órbita administrativa que favorece o


contribuinte, podendo consistir na negação da existência do vínculo que se
supunha instalado, como também decretar a anulação do lançamento por vício
formal.

5.2.9 – Decisão Judicial com Trânsito em Julgado

Decisão judicial dando provimento ao pedido do contribuinte, da qual não caiba


mais recurso, extingue o crédito tributário discutido.

5.2.10 - Decadência

O Direito não protege quem dorme. Consagra o princípio da segurança jurídica.


Assim, o ordenamento jurídico não permite que um determinado ato possa ser
contestado eternamente, causando insegurança jurídica. A perda do Direito de
constituir a relação jurídico tributária está prevista no Código Tributário
Nacional e a ela se dá o nome de Decadência.

A decadência é uma matéria bastante controvertida na doutrina e


jurisprudência.

O Direito da fazenda constituir o crédito tributário por meio do lançamento


extingue-se em 5 anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele
em que o lançamento poderia ter sido efetuado ou da data em que se tornar
definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento
anteriormente efetuado.

Se a fazenda por meio de notificação, iniciar procedimento com vista a


investigação do crédito tributário ou tomar conhecimento por declaração, o
prazo começa a contar de acordo com a regra do § 4º, do art. 150, do CTN, ou
seja, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador. Expirado
esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se
homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se
comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Nestes casos, retorna-
se à previsão do inciso I, do 173, do CTN.
Em síntese. O importante é saber se a Fazenda tomou conhecimento do fato
gerador por declaração ou notificação, antes do prazo do art.173, I. Se tomou
conhecimento, conta-se o prazo de decadência da data da ocorrência do fato
gerador. Se não tomou conhecimento, conta-se a partir do primeiro dia do
exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.

Por fim, havendo pagamento espontâneo do contribuinte, conta-se da data da


ocorrência do fato gerador, conforme regra do §1º, do art. 150.

5.2.11 – Prescrição

É a perda do direito de ação, ou seja, o direito de cobrar crédito tributário já


lançado.

Tal direito prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição


definitiva.

Pela constituição definitiva entende-se a certeza quanto a existência do crédito


tributário, a qual ocorre quando não houver mais possibilidade de discussão do
crédito tributário na esfera administrativa.

Enquanto não constituído definitivamente o crédito tributário, não há que se


falar em prescrição, ou seja, o prazo não se inicia. Assim, se o contribuinte
apresentar recurso administrativo, enquanto não julgado definitivamente, não
corre prescrição.

Diferentemente da decadência a prescrição se interrompe pelo despacho do juiz


que ordenar a citação em execução fiscal.

5.2.12 – Dação em Pagamento

A dação em pagamento é a aceitação de bem diverso de dinheiro, para


extinguir uma obrigação. Para o Direito Tributário só existe a previsão para a
dação em pagamento com bens imóveis.

O inciso XI, do art. 156, do CTN traz a previsão do instituto para o Direito
Tributário, bem como define que as regras específicas serão tratadas por lei
ordinária, a qual ainda não foi editada.

Para haver dação, pressupõe-se lide.

Questão debate:

1) É possível a extinção de crédito tributário por meio de


compensação com precatório?

É possível a constituição e a cobrança da Contribuição Previdenciária dentro de


10 anos, a luz do que dispõe os art. 45 e 46, da Lei 8.212/91, sabendo-se que
o art. 173 do CTN estatui 5 anos?
Lei 8.212/91

Art. 45. O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos


extingue-se após 10 (dez) anos contados:

Art. 46. O direito de cobrar os créditos da Seguridade Social, constituídos na


forma do artigo anterior, prescreve em 10 (dez) anos.";

CTN

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-


se após 5 (cinco) anos, contados:

I - Do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento


poderia ter sido efetuado;

II - Da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado,


por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.

Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se


definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que
tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao
sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.

Capítulo VI – Tributos Federais Em Espécie


6.1 – COFINS e PIS

A Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, além das duas regras gerais de


apuração (incidência não-cumulativa e incidência cumulativa), possuem ainda
diversos regimes especiais de apuração. De um modo geral podemos defini-los
da seguinte forma:

6.1.1 – Regime de incidência cumulativa

A base de cálculo é o total das receitas da pessoa jurídica, sem deduções em


relação a custos, despesas e encargos. Nesse regime, as alíquotas da
Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins são, respectivamente, de 0,65% e
de 3%

As pessoas jurídicas de direito privado, e as que lhe são equiparadas pela


legislação do imposto de renda, que apuram o IRPJ com base no lucro
presumido ou arbitrado estão sujeitas à incidência cumulativa.
As pessoas jurídicas, ainda que sujeitas á incidência não-cumulativa, submetem
à incidência cumulativa as receitas elencadas no art. 10, VII a XXV da Lei nº
10.833, de 2003 (ver Receitas excluídas do regime de incidência não-
cumulativa)

As receitas de venda de álcool para fins carburantes, de venda de produtos


sujeitos à substituição tributária, de venda de veículos usados de que trata o
art. 5º da Lei nº 9.716, de 1998, e de venda de energia elétrica, no âmbito do
Mercado Atacadista de Energia Elétrica (MAE), pelas pessoas jurídicas
submetidas ao regime especial de que trata o art. 47 da Lei nº 10.637, de
2002, também são considerados de incidência cumulativa, apenas por não
estarem alcançadas pela incidência não-cumulativa estabelecida pelas Leis nº
10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003, embora tenham características próprias
de incidência, conforme veremos no título “Regimes Especiais”.

Para fins de determinação da base de cálculo, podem ser excluídos do


faturamento, quando o tenham integrado, os valores:

a) Das receitas isentas ou não alcançadas pela incidência da contribuição ou


sujeitas à alíquota 0 (zero);

b) Das vendas canceladas;

c) Dos descontos incondicionais concedidos;

d) Do IPI;

e) Do ICMS, quando destacado em nota fiscal e cobrado pelo vendedor dos


bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário;

f) Das reversões de provisões;

g) Das recuperações de créditos baixados como perdas, que não


representem ingresso de novas receitas;

h) Dos resultados positivos da avaliação de investimentos pelo valor do


patrimônio líquido;

i) Dos lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo


de aquisição, que tenham sido computados como receita;

j) Das receitas não-operacionais, decorrentes da venda de bens do ativo


permanente.

As alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, no regime de


incidência cumulativa, são, respectivamente, de sessenta e cinco centésimos
por cento (0,65%) e de três por cento (3%).
A apuração e o pagamento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins serão
efetuados mensalmente, de forma centralizada, pelo estabelecimento matriz da
pessoa jurídica.

O pagamento deverá ser efetuado até o último dia útil do 2º (segundo)


decêndio subseqüente ao mês de ocorrência dos fatos geradores.

6.1.1.2 – Regime de incidência não-cumulativa

Regime de incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins instituídos


em dezembro de 2002 e fevereiro de 2004, respectivamente. O diploma legal
da Contribuição para o PIS/Pasep não-cumulativa é a Lei nº 10.637, de 2002, e
o da Cofins a Lei nº 10.833, de 2003.

Permite o desconto de créditos apurados com base em custos, despesas e


encargos da pessoa jurídica. Nesse regime, as alíquotas da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins são, respectivamente, de 1,65% e de 7,6%.

As pessoas jurídicas de direito privado, e as que lhe são equiparadas pela


legislação do imposto de renda, que apuram o IRPJ com base no lucro real
estão sujeitas à incidência não-cumulativa, exceto: as instituições financeiras,
as cooperativas de crédito, as pessoas jurídicas que tenham por objeto a
securitização de créditos imobiliários e financeiros, as operadoras de planos de
assistência à saúde, as empresas particulares que exploram serviços de
vigilância e de transporte de valores e as sociedades cooperativas.

As pessoas jurídicas submetidas à incidência não-cumulativa integram a essa


incidência as receitas obtidas nas vendas de bens submetidos a alíquotas
diferenciadas, excetuadas as receitas de venda de álcool para fins carburantes,
que permanecem excluídas da incidência não-cumulativa. (ver Regimes
Especiais).

6.1.1.3 – Regimes especiais

A característica comum é alguma diferenciação em relação à apuração da base


de cálculo e ou alíquota. A maioria dos regimes especiais se refere a incidência
especial em relação ao tipo de receita e não a pessoas jurídicas, devendo a
pessoa jurídica calcular ainda a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins no
regime de incidência não-cumulativa ou cumulativa, conforme o caso, sobre as
demais receitas.

De modo geral, os regimes especiais podem ser subdivididos em:

a) Base de cálculo e alíquotas diferenciadas:


1) Instituições financeiras: Excluídas da incidência não-cumulativa, as
instituições financeiras - inclusive as cooperativas de crédito, e as
pessoas jurídicas que tenham por objeto a securitização de
créditos imobiliários, financeiros e agrícolas, têm direito a
deduções específicas para apuração da sua base de cálculo, que
incide sobre o total das receitas. Além disso, estão sujeitas à
alíquota de 4% para cálculo da Cofins.

A alíquota da Cofins de 4% aplica-se também aos Agentes Autônomos de


Seguros Privados e às Associações de Poupança e Empréstimo.

2) Entidades sem fins lucrativos: As entidades sem fins lucrativos de que


trata o art. 13 da MP nº 2.158-35, de 2001, calculam a Contribuição para o
PIS/Pasep com base na folha de salários, à alíquota de 1%.

As sociedades cooperativas, além da incidência da Contribuição para o


PIS/Pasep e da Cofins sobre o faturamento, também apuram a Contribuição
para o PIS/Pasep com base na folha de salários relativamente às operações
referidas na MP nº 2.158-35, de 2001, art. 15, I a V.

As sociedades cooperativas de crédito e de transporte rodoviário de cargas, na


apuração dos valores devidos a título de Cofins e de Contribuição para o
PIS/Pasep incidente sobre o Faturamento, poderão excluir da base de cálculo
os ingressos decorrentes do ato cooperativo, aplicando-se, no que couber, o
disposto no art. 15 da Medida Provisória no 2.158-35, de 24 de agosto de 2001,
e demais normas relativas às cooperativas de produção agropecuária e de infra-
estrutura.

3) Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno: apuram a Contribuição


para o PIS/Pasep com base nas receitas correntes arrecadadas e nas
transferências correntes e de capital recebidas, e não estão sujeitas a Cofins.

B) Base de cálculo diferenciada

1). As empresas de fomento comercial (factoring) estão obrigadas ao lucro real


e, portanto, estão sujeitas à não-cumulatividade, devendo apurar a
Contribuição para o PIS/Pasep com a aplicação da alíquota de 1,65% e a Cofins
com a aplicação da alíquota de 7,6%. Na aquisição com deságio de direitos
creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de
serviços, por empresas de fomento comercial (factoring), considera-se receita
bruta o valor da diferença entre o valor de aquisição e o valor de face do título
ou direito creditório adquirido.

Excepcionalmente, e somente quando configuradas as hipóteses de


arbitramento do lucro, estas empresas sujeitam-se à cumulatividade, devendo
apurar a Contribuição para o PIS/Pasep com a aplicação da alíquota de 0,65%
e a Cofins com a aplicação da alíquota de 3%.
2) Operações de câmbio, realizadas por instituição autorizada pelo Banco
Central do Brasil, estão sempre sujeitas ao regime de incidência cumulativo.
Utilizam-se as alíquotas de 0,65% para a Contribuição para o PIS/Pasep e 4%
para a Cofins. Considera-se receita bruta a diferença positiva entre o preço de
venda e o preço de compra da moeda estrangeira.

3) Receitas relativas às operações de venda de veículos usados, adquiridos para


revenda, bem assim dos recebidos como parte do preço da venda de veículos
novos ou usados, quando auferidas por pessoas jurídicas que tenham como
objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de
veículos automotores, estão sujeitas ao regime de incidência cumulativo e
poderão ser equiparadas, para efeitos tributários, como operação de
consignação.

4) as operações de compra e venda de energia elétrica, no âmbito do Mercado


Atacadista de Energia Elétrica (MAE), pelas pessoas jurídicas submetidas ao
regime especial de que trata o art. 47 da Lei nº 10.637, de 2002, sujeitam-se
ao regime de incidência cumulativo. Considera-se receita bruta auferida nas
operações de compra e venda de energia para efeitos de incidência da
contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, os resultados positivos apurados
mensalmente pela pessoa jurídica optante.

c) Substituição Tributária

Cigarros: Os fabricantes e os importadores de cigarros estão sujeitos ao


recolhimento dessas contribuições, na condição de contribuintes e substitutos
dos comerciantes varejistas e atacadistas desse produto. As bases de cálculos
da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins são os valores obtidos pela
multiplicação do preço fixado para a venda do cigarro no varejo, multiplicado
por 1,98 e 1,69, respectivamente.

Veículos: Os fabricantes e os importadores de veículos autopropulsados


descritos nos códigos 8432.30 e 87.11 da TIPI, estão obrigados a cobrar e a
recolher a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, na condição de
contribuintes substitutos, em relação às vendas feitas a comerciantes varejistas
dos mencionados produtos. A base de cálculo será calculada sobre o preço de
venda da pessoa jurídica fabricante.

d) Alíquotas diferenciadas (Alíquotas concentradas e Alíquotas reduzidas).

1) Combustíveis: A Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins incidente sobre


gasolina (exceto de aviação), óleo diesel, GLP e álcool para fins carburantes são
calculados aplicando-se alíquotas diferenciadas concentradas sobre a receita
bruta auferida com as vendas destes produtos, efetuadas pelos produtores,
importadores, refinarias de petróleo e distribuidores de álcool para fins
carburantes e reduzindo-se a zero as alíquotas aplicadas sobre a receita
auferida com as vendas efetuadas pelos distribuidores e comerciantes varejista.
O importador e o fabricante de gasolina, exceto de aviação, de óleo diesel e de
GLP podem optar, na forma disposta na IN SRF nº 526, de 2005, por regime de
apuração e pagamento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins no qual os
valores das contribuições são calculados por unidade de metro cúbico do
produto.

No caso de venda de álcool para fins carburantes efetuadas por distribuidor


estabelecido fora da Zona Franca de Manaus — ZFM destinado ao consumo ou
à industrialização na ZFM, aplica-se substituição tributária na forma do art. 64
da Lei nº 11.196, de 2005.

2) Querosene de aviação: A receita bruta auferida com a venda de querosene


de aviação está sujeita à incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da
Cofins uma única vez pelo produtor ou importador, com previsão de alíquotas
diferenciadas concentradas, não incidindo sobre a receita de venda de
querosene de aviação auferida por pessoa jurídica não enquadrada na condição
de produtora ou importadora.

O importador e o fabricante de querosene de aviação podem optar, na forma


disposta na IN SRF nº 526, de 2005, por regime de apuração e pagamento da
Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins no qual os valores das contribuições
são calculados por unidade de metro cúbico do produto.

3) Produtos farmacêuticos: As receitas obtidas na venda dos produtos


farmacêuticos citados na Lei nº 10.147, de 2000 estão sujeitas a regime
especial de apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, com
previsão de alíquotas diferenciadas concentradas sobre os produtores e
importadores, e direito ao cálculo de créditos presumidos na venda de alguns
produtos, na forma e sob as condições estabelecidas no art. 3º da Lei nº
10.147, de 2000. Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos
produtos tributados com a alíquota diferenciada concentrada, pelas pessoas
jurídicas não enquadradas na condição de industrial ou de importador.

4) Veículos e pneus novos de borracha: As receitas obtidas na venda dos


veículos e pneus novos de borracha citados na Lei nº 10.485, de 2002, estão
sujeitas a regime especial de apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da
Cofins, com previsão de alíquotas diferenciadas concentrada sobre os
fabricantes e importadores, reduzindo-se a zero as alíquotas da Contribuição
para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a venda desses produtos pelos
comerciantes atacadistas e varejistas e sobre a venda dos produtos (autopeças)
relacionados nos anexos I e II da Lei nº 10.485, de 2002.

A partir de agosto de 2004, a venda dos produtos (autopeças) relacionados nos


anexos I e II da Lei nº 10.485, de 2002, deixam de ter as alíquotas reduzidas à
zero, passando às alíquotas de 1,65% e 7,6% no caso de vendas para os
fabricantes de veículos citados acima e no regime de alíquotas concentradas no
caso de vendas para comerciantes atacadistas e varejistas.
5) Bebidas: As receitas obtidas na venda das bebidas citadas no art. 49 da Lei
nº 10.833, de 2003, estão sujeitas a regime especial de apuração da
Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, com previsão de alíquotas
diferenciadas concentrada sobre os fabricantes e importadores, reduzindo-se a
zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre
a venda desses produtos pelos comerciantes atacadistas e varejistas.

A pessoa jurídica industrial dos produtos citados no art. 49 da Lei nº 10.833, de


2003, pode optar, na forma disposta na IN SRF nº 526, de 2005, por regime de
apuração e pagamento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins no qual os
valores das contribuições são calculados por unidade do produto.

6) Embalagens: As receitas decorrentes da venda de embalagens, pelas


pessoas jurídicas industriais ou comerciais e pelos importadores, destinadas ao
envasamento das bebidas sujeitas às alíquotas diferenciadas, ficam sujeitas ao
recolhimento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fixadas por unidade
de produto.

As receitas decorrentes da venda a pessoas jurídicas comerciais das


embalagens especificadas no art. 51 da Lei nº 10.833, de 2003, ficam sujeitas
ao recolhimento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins com as alíquotas
diferenciadas, independentemente da destinação das embalagens.

7) Biodiesel: A Contribuição para o PIS/Pasep e a Contribuição Social para o


Financiamento da Seguridade Social - Cofins incidirão, uma única vez, sobre a
receita bruta auferida, pelo produtor ou importador, com a venda de biodiesel,
às alíquotas de 6,15% e 28,32%, respectivamente.

O importador ou produtor de biodiesel poderá optar, na forma disposta na IN


SRF nº 526, de 2005, por regime especial de apuração e pagamento da
Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, no qual os valores das contribuições
são fixados por metro cúbico do produto.

8) Nafta petroquímica: A Contribuição para o PIS/Pasep e para a Cofins devidas


pelo produtor ou importador de nafta petroquímica, incidentes sobre a receita
bruta decorrente da venda desse produto às centrais petroquímicas, serão
calculadas, respectivamente, com base nas alíquotas de 1% e 4,6%. OBS.:
Aplicam-se à nafta petroquímica destinada a produção ou à formulação de
gasolina ou diesel as disposições do art. 4º da Lei nº 9.718, de 1998, e dos
arts. 22 e 23 da Lei nº 10.865, de 2004, incidindo as alíquotas específicas
fixadas para o óleo diesel, quando a nafta petroquímica for destinada a
produção ou formulação exclusivamente de óleo diesel; ou fixadas para a
gasolina, quando a nafta petroquímica for destinada à produção ou formulação
de óleo diesel ou gasolina.
9) Papel imune, destinado á impressão de periódicos: A venda de papel imune
a impostos de que trata o art. 150, inciso VI, alínea d, da Constituição Federal,
quando destinado à impressão de periódicos, fica sujeita às alíquotas de 3,2%
(Cofins) e 0,8% (Contribuição para o PIS/Pasep), caso a pessoa jurídica
vendedora esteja no regime da não-cumulatividade.

Papel destinado à impressão de jornais: Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas


da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta
decorrente da venda, no mercado interno, de papel destinado à impressão de
jornais, até 30 de abril de 2008 ou até que a produção nacional atenda 80%
(oitenta por cento) do consumo interno, na forma a ser estabelecida em
regulamento do Poder Executivo.

Papel destinado à impressão de periódicos: Ficam reduzidas a 0 (zero) as


alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a
receita bruta decorrente da venda, no mercado interno, de papéis classificados
nos códigos 4801.00.10, 4801.00.90, 4802.61.91, 4802.61.99, 4810.19.89 e
4810.22.90, todos da TIPI, destinados à impressão de periódicos até 30 de abril
de 2008 ou até que a produção nacional atenda 80% (oitenta por cento) do
consumo interno;

10) Produtos hortícolas e frutas: Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da


Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta
decorrente da venda, no mercado interno, de produtos hortícolas e frutas e
ovos.

11) Aeronaves, suas partes, peças etc.: Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas
da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta
decorrente da venda, no mercado interno, de aeronaves, classificadas na
posição 88.02 da TIPI, suas partes, peças, ferramentais, componentes,
insumos, fluidos hidráulicos, tintas, anticorrosivos, lubrificantes, equipamentos,
serviços e matérias-primas a serem empregados na manutenção, conservação,
modernização, reparo, revisão, conversão e montagem das aeronaves, seus
motores, partes, componentes, ferramentais e equipamentos.

A redução a zero das alíquotas de que trata o caput deste artigo será concedida
somente às aeronaves e aos bens destinados à manutenção, reparo, revisão,
conservação, modernização, conversão e montagem de aeronaves utilizadas no
transporte comercial de cargas ou de passageiros.

12) Semens e embriões: Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da


Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta
decorrente da venda, no mercado interno, de semens e embriões da posição
05.11 da NCM.
13) Zona Franca de Manaus (ZFM): Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da
Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre as receitas
decorrentes da comercialização de matérias-primas, produtos intermediários e
materiais de embalagem, produzidos na ZFM para emprego em processo de
industrialização por estabelecimentos industriais ali instalados e consoante
projetos aprovados pelo Conselho de Administração da Superintendência da
Zona Franca de Manaus (Suframa).

Também ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep


e da Cofins incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas
ao consumo ou à industrialização na ZFM, por pessoa jurídica estabelecida fora
da ZFM. Entretanto, o vendedor deve ficar atento aos casos de substituição
tributária estabelecidos pelos arts. 64 e 65 da Lei nº 11.196, de 2005.

A receita bruta auferida por pessoa jurídica industrial estabelecida na Zona


Franca de Manaus, que apure o imposto de renda com base no lucro real
decorrente da venda de produção própria, consoante projeto aprovado pelo
Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus -
SUFRAMA, fica sujeita às alíquotas de:

a) I - 3% (Cofins) e 0,65% (Contribuição para o PIS/Pasep), no caso de


venda efetuada a pessoa jurídica estabelecida:

b) Na Zona Franca de Manaus; e

c) Fora da Zona Franca de Manaus, que apure as contribuições no regime


de não-cumulatividade;

II - 6% (Cofins) e 1,3% (Contribuição para o PIS/Pasep), no caso de venda


efetuada a:

a) Pessoa jurídica estabelecida fora da Zona Franca de Manaus, que apure


o imposto de renda com base no lucro presumido;

b) Pessoa jurídica estabelecida fora da Zona Franca de Manaus, que apure


o imposto de renda com base no lucro real e que tenha sua receita, total
ou parcialmente, excluída do regime de incidência não-cumulativa da
COFINS;

c) Pessoa jurídica estabelecida fora da Zona Franca de Manaus e que seja


optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e
Contribuições - SIMPLES; e

d) Órgãos da administração federal, estadual, distrital e municipal.


14) Concessionários de veículos: Serão tributados, para fins de incidência da
Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, à alíquota de 0% (zero por cento)
os valores recebidos pelos concessionários de que trata a Lei no 6.729, de 28
de novembro de 1979, a esses devidos pela intermediação ou entrega dos
veículos nas vendas diretas ao consumidor final dos veículos classificados nas
posições 87.03 e 87.04 da Tipi.

15) Fertilizantes, defensivos agrícolas e outros: Ficam reduzidas a zero as


alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, incidentes na
importação e na comercialização no mercado interno, dos produtos
especificados no art. 1º da Lei nº 10.925, de 2004 (arroz, feijão, farinha de
mandioca, adubos, fertilizantes agrícolas, corretivos de solo de origem mineral,
vacinas para uso veterinário, defensivos agrícolas, sementes, mudas destinadas
à semeadura e plantio, farinha, grãos, pintos, leite, queijos).

16) Gás natural canalizado: Ficam reduzidas a zero por cento as alíquotas da
Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, incidentes sobre a receita bruta
decorrente da venda de gás natural canalizado, destinado à produção de
energia elétrica pelas usinas integrantes do Programa Prioritário de
Termoeletricidade, nos termos e condições estabelecidas em ato conjunto dos
Ministros de Estado de Minas e Energia e da Fazenda.

17) Carvão mineral: Ficam reduzidas a zero por cento as alíquotas da


Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, incidentes sobre a receita bruta
decorrente da venda de carvão mineral destinado à geração de energia elétrica.

18) Produtos químicos e farmacêuticos: Fica o Poder Executivo autorizado a


reduzir a 0 (zero) e a restabelecer as alíquotas da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins, incidentes no regime da não-cumulatividade sobre a
receita bruta decorrente da venda de produtos químicos e farmacêuticos,
classificados nos Capítulos 29 e 30, sobre produtos destinados ao uso em
hospitais, clínicas e consultórios médicos e odontológicos, campanhas de saúde
realizadas pelo Poder Público, laboratório de anatomia patológica, citológica ou
de análises clínicas, classificados nas posições 30.02, 30.06, 39.26, 40.15 e
90.18, todos da Tipi.

19) Livros: Fica reduzida a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição para o


PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita de venda, no mercado interno,
de livros, conforme definido no art. 2º da Lei nº 10.753, de 30 de outubro de
2003.

20) Programa de Inclusão Digital: Ficam reduzidas a zero as alíquotas da


Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta
decorrente da venda, a varejo, de equipamentos de informática especificados
no art. 28 da Lei nº 11.196, de 2005.
6.1.1.4 – Incidência na Importação de Bens e Serviços

A MP nº 164, de 29 de janeiro de 2004, posteriormente convertida com


modificações na Lei nº 10.865, de 2004, instituiu a Contribuição para o
PIS/Pasep e a Cofins incidentes sobre a importação de bens e serviços,
denominados, respectivamente, Contribuição para os Programas de Integração
Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público Incidente na
Importação de Produtos Estrangeiros ou Serviços (Contribuição para o
PIS/Pasep - Importação) e Contribuição Social para o Financiamento da
Seguridade Social Devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou Serviços do
Exterior (Cofins - Importação).

Os serviços atingidos pelas contribuições são os provenientes do exterior


prestados por pessoa física ou pessoa jurídica residente ou domiciliada no
exterior, executados no País ou executados no exterior, cujo resultado se
verifique no País.

A Contribuição para o PIS/Pasep - Importação e a Cofins - Importação não


incidem sobre:

a) Bens estrangeiros que, corretamente descritos nos documentos de


transporte, chegarem ao País por erro inequívoco ou comprovado de
expedição, e que forem redestinados ou devolvidos para o exterior;

b) Bens estrangeiros idênticos, em igual quantidade e valor, e que se


destinem à reposição de outros anteriormente importados que se
tenham revelado, após o desembaraço aduaneiro, defeituosos ou
imprestáveis para o fim a que se destinavam, observada a
regulamentação do Ministério da Fazenda;

c) Bens estrangeiros que tenham sido objeto de pena de perdimento,


exceto nas hipóteses em que não sejam localizados, tenham sido
consumidos ou revendidos;

d) Bens estrangeiros devolvidos para o exterior antes do registro da


declaração de importação, observada a regulamentação do Ministério da
Fazenda;

e) Pescado capturado fora das águas territoriais do País, por empresa


localizada no seu território, desde que satisfeitas as exigências que
regulam a atividade pesqueira;

f) Bens aos quais tenha sido aplicado o regime de exportação temporária;

g) Bens ou serviços importados pelas entidades beneficentes de assistência


social, nos termos do § 7º do art. 195 da Constituição Federal,
observado o disposto no art. 10 da Lei nº 10.865, de 2004;

h) Bens em trânsito aduaneiro de passagem, acidentalmente destruídos;


i) Bens avariados ou que se revelem imprestáveis para os fins a que se
destinavam, desde que destruídos, sob controle aduaneiro, antes de
despachados para consumo, sem ônus para a Fazenda Nacional; e

j) O custo do transporte internacional e de outros serviços, que tiverem


sido computados no valor aduaneiro que serviu de base de cálculo da
contribuição.

6.1.2 – Não incidência, imunidades e isenções.


6.1.2.1 – Imunidades

A Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins não incidem sobre as receitas


decorrentes de exportação (art. 149, § 2º, I da Constituição Federal).

São isentas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins as entidades


beneficentes de assistência social que atendam as exigências estabelecidas em
lei (CF/88, art. 195, § 7º).

6.1.2.2 – Isenções

São isentas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins as receitas:

a) Dos recursos recebidos a título de repasse, oriundos do Orçamento Geral


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, pelas
empresas públicas e sociedades de economia mista;

b) Da exportação de mercadorias para o exterior;

c) Dos serviços prestados a pessoas físicas ou jurídicas residentes ou


domiciliadas no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas;

d) Do fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de


bordo em embarcações e aeronaves em tráfego internacional, quando o
pagamento for efetuado em moeda conversível;

e) Do transporte internacional de cargas ou passageiros;

f) Auferidas pelos estaleiros navais brasileiros nas atividades de construção,


conservação, modernização, conversão e reparo de embarcações pré-
registradas ou registradas no Registro Especial Brasileiro (REB),
instituído pela Lei nº 9.432, de 8 de janeiro de 1997;

g) De frete de mercadorias transportadas entre o País e o exterior pelas


embarcações registradas no REB, de que trata o art. 11 da Lei nº 9.432,
de 1997;
h) De vendas realizadas pelo produtor-vendedor às empresas comerciais
exportadoras nos termos do Decreto-Lei nº 1.248, de 29 de novembro
de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas ao fim
específico de exportação para o exterior; e

i) De vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas


exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

j) As receitas decorrentes da venda de energia elétrica pela Itaipu


Binacional.

a) São isentas da Cofins as receitas relativas às atividades próprias das


seguintes entidades:

b) Templos de qualquer culto;

c) Partidos políticos;

d) Instituições de educação e de assistência social que preencham as


condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de
1997;

e) Instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as


associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei
nº 9.532, de 1997;

f) Sindicatos, federações e confederações;

g) Serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei;

h) Conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas;

i) Fundações de direito privado;

j) Condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e

k) Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e as Organizações


Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1º da Lei nº
5.764, de 16 de dezembro de 1971.

Observações:

Consideram-se receitas derivadas das atividades próprias somente àquelas


decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por
lei, assembléia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem
caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao
desenvolvimento dos seus objetivos sociais.
Para efeito de fruição desse benefício fiscal, as entidades de educação,
assistência social e de caráter filantrópico devem possuir o Certificado de
Entidade Beneficente de Assistência Social expedido pelo Conselho Nacional de
Assistência Social, renovado a cada três anos, de acordo com o disposto no art.
55 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. (IN SRF nº 247, de 2002, art. 47, §
1º)

6.1.2.3 – Não incidência

As contribuições não incidem sobre o faturamento correspondente a vendas de


materiais e equipamentos, bem assim da prestação de serviços decorrentes
dessas operações, efetuadas diretamente a Itaipu Binacional (IN SRF nº 247,
de 2002, art. 44, I).

6.2 – Imposto Sobre Produtos Industrializados

São duas as principais hipóteses de ocorrência do fato gerador do IPI: na


importação: o desembaraço aduaneiro de produtos de procedência estrangeira
e na operação interna: a saída de produto de estabelecimento industrial, ou
equiparado a industrial.

6.2.1 - Contribuinte

São obrigados ao pagamento do imposto como contribuinte:

a) O importador, em relação ao fato gerador decorrente do desembaraço


aduaneiro de produto de procedência estrangeira;

b) O industrial, em relação ao fato gerador decorrente da saída de produto


que industrializar em seu estabelecimento, bem assim quanto aos
demais fatos geradores decorrentes de atos que praticar;

c) O estabelecimento equiparado a industrial, quanto ao fato gerador


relativo aos produtos que dele saírem, bem assim quanto aos demais
fatos geradores decorrentes de atos que praticar;

d) Os que consumirem ou utilizarem em outra finalidade, ou remeterem a


pessoas que não sejam empresas jornalísticas ou editoras, o papel
destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, quando alcançado
pela imunidade prevista na Constituição Federal.

e) Observação: considera-se contribuinte autônomo qualquer


estabelecimento de importador, industrial ou comerciante, em relação a
cada fato gerador que decorra de ato que praticar.
6.2.2 – Base de Cálculo, Alíquota e Período de Apuração

Na operação interna é o valor total da operação de que decorrer a saída do


estabelecimento industrial ou equiparado a industrial;

Na importação é o valor que servir ou que serviria de base para o cálculo dos
tributos aduaneiros, por ocasião do despacho de importação, acrescido do
montante desses tributos e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo
importador ou deste exigíveis.

As alíquotas são variáveis e estão presentes na Tabela de Incidência do


Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI).

O período de apuração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI),


incidente nas saídas dos produtos dos estabelecimentos industriais ou
equiparados a industrial é mensal, a partir de 1º de outubro de 2004 e o prazo
de pagamento é até o último dia útil da quinzena subseqüente ao mês de
ocorrência dos fatos geradores

6.3 – Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica e da Pessoa


Física

O imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato


gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda, assim
entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos ou de
proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos.

6.3.1 Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica

A base de cálculo do imposto, determinada segundo a lei vigente na data de


ocorrência do fato gerador, é o lucro real, presumido ou arbitrado,
correspondente ao período de apuração

Integram a base de cálculo todos os ganhos e rendimentos de capital, qualquer


que seja a denominação que lhes seja dada, independentemente da natureza,
da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que
decorram de ato ou negócio que, pela sua finalidade, tenha os mesmos efeitos
do previsto na norma específica de incidência do imposto.

A alíquota do imposto de renda em vigor desde o ano-calendário 1996 apurado


pelas pessoas jurídicas em geral, seja comercial ou civil o seu objeto é de 15%
sobre o lucro real, presumido ou arbitrado
A parcela do lucro real que exceder ao resultado da multiplicação de
R$20.000,00 (vinte mil reais) pelo número dos meses do respectivo período de
apuração sujeita-se à incidência do adicional, à alíquota de 10%. Também se
encontra sujeita ao adicional a parcela da base de cálculo estimada mensal, no
caso das pessoas jurídicas que optaram pela apuração do imposto de renda
sobre o lucro real anual, presumido ou arbitrado, que exceder a R$ 20.000,00.

Em relação às pessoas jurídicas que optarem pela apuração do lucro presumido


ou arbitrado, o adicional incide sobre a parcela que exceder o valor resultante
da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do
respectivo período de apuração.

A alíquota do adicional é única para todas as pessoas jurídicas, inclusive


instituições financeiras, sociedades seguradoras e assemelhadas.

6.3.2 – Imposto sobre a Renda da Pessoa Física

A base de cálculo do imposto devido no ano-calendário será a diferença entre


as somas:

I - De todos os rendimentos percebidos durante o ano-calendário, exceto os


isentos, os não tributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos
à tributação definitiva;

II - Das deduções legais permitidas.

Abaixo apresentamos a Tabela Progressiva para o cálculo anual do Imposto de


Renda de Pessoa Física para o exercício de 2010, ano-calendário de 2009.

Base de cálculo anual em Alíquota % Parcela a deduzir do


R$ imposto em R$

Até 17.215,08 - -

De 17.215,09 até 25.800,00 7,5 1.291,13

De 25.800,01 até 34.400,40 15,0 3.226,13

De 34.400,41 até 42.984,00 22,5 5.806,16

Acima de 42.984,00 27,5 7.955,36

São passíveis de dedução os seguintes valores efetivamente pagos pelo


contribuinte durante o ano calendário:

a) Despesas médicas;
b) As despesas escrituradas em livro Caixa (para profissionais liberais)

c) As importâncias pagas em dinheiro a título de pensão alimentícia;

d) As contribuições para a Previdência Social da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios

e) As contribuições para as entidades de previdência privada domiciliadas


no País, observadas as condições e limite estabelecidos em lei

f) As contribuições aos Fundos de Aposentadoria Programada Individual


(Fapi), observadas as condições e limites estabelecidos em lei;

g) A soma das parcelas isentas de até R$ 1.372,81, por mês, para o ano-
calendário de 2008, relativas à aposentadoria, pensão, transferência
para a reserva remunerada ou reforma, pagas pela previdência oficial,
ou privada, a partir do mês em que o contribuinte completar 65 anos

h) Limite anual de R$ 1.655,88 por dependente

i) Despesas pagas com instrução do contribuinte, de alimentandos em


virtude de decisão judicial e de seus dependentes, observadas as
condições e limites previstos em lei (limite anual individual de R$
2.592,29).

6.4 - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

Aplicam-se à CSLL no que couberem, as disposições da legislação do imposto


sobre a renda referentes à administração, ao lançamento, à consulta, à
cobrança, às penalidades, às garantias e ao processo administrativo, mantidas
a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação da referida contribuição
(Lei nº 7.689, de 1988, art. 6º, e Lei nº 8.981, de 1995, art. 57).

Alíquotas A partir de 1º de maio de 2008, a alíquota da CSLL é de (Lei nº


11.727, de 2008, art. 17):

I - 15% (quinze por cento), no caso das pessoas jurídicas de seguros privados,
das de capitalização e das referidas nos incisos I a VII, IX e X do § 1º do art. 1º
da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001; e

II - 9% (nove por cento), no caso das demais pessoas jurídicas.


6.5 – Imposto sobre Operações relativas à Circulação de
Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação

O ICMS - Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e


Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação é um imposto estadual, portando de competências dos Estados
membros e do Distrito Federal. Sua competência está materializada no inciso II,
do art 155, da Constituição Federal de 1988. É o principal tributo cobrado por
esses entes.

A principal hipótese de incidência é a circulação de mercadoria, mas não se


trata de uma circulação física da mercadoria e sim jurídica. A própria lei de
instituição (Lei Complementar 87/96) e os Regulamentos do ICMS - uma para
cada ente federativo - esmiúçam essas hipóteses. Ademais, o ICMS incide sobre
prestações de serviços de transporte intermunicipal e interestadual, serviços de
comunicação e desembaraço aduaneiro de mercadoria ou bem importados do
exterior.

É bom lembrar que se trata de um tributo não cumulativo.

6.5.1 - Contribuinte

São contribuintes do ICMS pessoas físicas ou jurídicas que realizem, com


habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de
circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual
e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se
iniciem no exterior.

Também são contribuintes do imposto, independente da habitualidade, o


importador que importe mercadorias do exterior, a pessoa, física ou jurídica,
que seja destinatária de serviço prestado no exterior ou cuja prestação se
tenha iniciado no exterior, que adquira, mediante leilão, mercadorias
apreendidas ou abandonadas e que adquira lubrificantes e combustíveis
líquidos e gasosos derivados de petróleo oriundos de outro Estado, quando não
destinados à comercialização ou à industrialização.

6.5.2 - Hipóteses de Não Incidência

Não haverá incidência do imposto nas seguintes hipóteses:

I - Operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua


impressão;

II - operações E prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive


produtos primários e produtos industrializados semi-elaborados, ou serviços;
III - operações interestaduais relativas a energia elétrica e petróleo, inclusive
lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando
destinados à industrialização ou à comercialização;

IV - Operações com ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou


instrumento cambial;

V - Operações relativas a mercadorias que tenham sido ou que se destinem a


ser utilizadas na prestação, pelo próprio autor da saída, de serviço de qualquer
natureza definido em lei complementar como sujeito ao imposto sobre serviços,
de competência dos Municípios, ressalvadas as hipóteses previstas na mesma
lei complementar;

VI - operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de


propriedade de estabelecimento industrial, comercial ou de outra espécie;

VII - operações decorrentes de alienação fiduciária em garantia, inclusive a


operação efetuada pelo credor em decorrência do inadimplemento do devedor;

VIII - operações de arrendamento mercantil, não compreendida a venda do


bem arrendado ao arrendatário;

IX - Operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de bens


móveis salvados de sinistro para companhias seguradoras.

Equipara-se às operações de que trata o item II acima, a saída de mercadoria


realizada com o fim específico de exportação para o exterior, destinada a
empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro estabelecimento da
mesma empresa e aquela destinada à armazém alfandegado ou entreposto
aduaneiro.

6.5.3 – Base de Cálculo E Alíquota

A base de cálculo do ICMS é complexa e está descrita no art. 13, da Lei


Complementar 87/96, mas podemos resumi-la como sendo o montante total da
operação, estando inclusos neste valor o frete e despesas acessórias cobradas
do adquirente.

As alíquotas do ICMS são internas - as que vigoram para operações realizadas


dentro de cada Estado - e interestaduais. As alíquotas internas são fixadas
livremente por cada Estado e variam de 4% - para operações de aviação civil -
até 38% -para armas e munições no Estado da Bahia. A alíquotas
interestaduais são fixadas por resolução do Senado Federal.
6.6 – Imposto Predial e Territorial Urbano

O IPTU é um imposto de competência dos Municípios que incide sobre a


propriedade predial e territorial urbana. Tem como fato gerador a propriedade,
o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física,
como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.

Trata-se de um imposto incidente sobre o patrimônio. O IPTU incide sobre a


propriedade urbana e o seu co-irmão, o Imposto Territorial Rural - ITR, incide
sobre a propriedade rural.

Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei
municipal. Portanto, o ITR é residual, incidindo sobre a parte do território em
que não há incidência do IPTU e são excludentes, ou seja, não há incidência
simultânea dos dois impostos.

A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão


urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes,
destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora
das zonas urbanas e neste caso também incidirá o IPTU.

6.6.1 - Contribuinte

Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil,


ou o seu possuidor a qualquer título.

6.6.2. - Progressividade do IPTU

Pode passar desapercebido, mas no Capítulo II, ( Da Política Urbana), Títiulo


VII (Da Ordem Econômica e Financeira), especificamente, no inciso II, do § 4º,
do art 182, da Constituição Federal de 1988, há uma previsão sobre a
progressividade do IPTU.

Pouco se sabe e pouco se utiliza esta política pública, mas o poder público
municipal, visando ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes, poderá instituir o ITPU
progressivo. Esta prerrogativa é facultada ao poder público municipal para
promover o adequado aproveitamento do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado.

6.6.3 – Base de Cálculo E Alíquota

A base do cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel.

Existe muita controversa sobre o qual seria o valor venal, tanto para calculo do
IPTU, como para calculo do Imposto de Transmissão por Causa Mortis e
Doação - ITCMD.
Por se tratar de um imposto de competência municipal cada município tem a
sua legislação, mas em regra podemos dizer que o valor venal é o valor de
mercado para comercialização do bem imóvel. Essa definição é tão subjetiva
quanto a outra, pois a expressão "valor de mercado" é bem relativa.

Com isso é importante que as legislações municipais contenham critérios


objetivos para a fixação do valor venal, sob pena de enfrentarem
questionamentos judiciais.

Dessa forma, critérios objetivos, tais como: a localização, idade, tipologia,


utilização e valor do metro quadrado por padrão de acabamento, são
informações importantes para a fixação legal do valor venal.

6.7 – Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza

O ISSQN é um tributo de competência dos Municípios e do Distrito Federal e


tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa a Lei
Complementar 116/2003.

Trata-se de um imposto residual, pois a lista referida é taxativa, ou seja, não


comporta serviços que não estejam nela discriminados. Para os serviços que
não constam da lista cobra-se o ICMS.

E regra o ISSQN é devido no local de prestação do serviço, mas é importante


uma leitura minuciosa do art. 3, da Lei Complementar 116/2003 para se
determinar com precisão a qual município pertence a arrecadação.

Esta matéria é bastante controversa. A própria Lei Complementar permite aos


municípios legislar a respeito da imputação de responsabilidade tributária a fim
de garantir a arrecadação.

6.7.1 - Hipóteses de Não Incidência

O ISSQN não incide sobre as seguintes hipóteses:

I – As exportações de serviços para o exterior do País;

II – a prestação de serviços em relação de emprego, dos trabalhadores avulsos,


dos diretores e membros de conselho consultivo ou de conselho fiscal de
sociedades e fundações, bem como dos sócios-gerentes e dos gerentes-
delegados;

III – o valor intermediado no mercado de títulos e valores mobiliários, o valor


dos depósitos bancários, o principal, juros e acréscimos moratórios relativos a
operações de crédito realizadas por instituições financeiras.
6.7.2 - Contribuinte

Contribuinte é o prestador do serviço.

6.7.3 – Base de Cálculo E Alíquota

A base de cálculo do imposto é o preço do serviço, não sendo incluído o valor


dos materiais fornecidos pelo prestador dos serviços previstos na execução, por
administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil,
hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem,
perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem,
pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e
equipamentos e reparação, conservação e reforma de edifícios, estradas,
pontes, portos e congêneres.

A alíquota máxima do ISSQN é de 5% (art. 8º, da LC 106/2003) e a mínima é


de 2% (art. 88, da ADCT).

Questão debate:

1) na hipótese de João ser proprietário de uma motocicleta do ano de 2005.


Vendeu para Paulo em maio de 2005. Nenhum dos dois se preocupou em
atualizar o cadastro de propriedade junto ao Departamento de Trânsito. No ano
de 2007 houve execução fiscal sobre dívida de IPVA de 2006. É legítimo ou
ilegítimo que João seja chamado na execução para responder pela dívida? Por
quê?

2) é possível o creditamento de IPI quando na fabricação do produto se utiliza


insumos tributados à alíquota zero ou não tributado?

Capítulo VII – PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL


FEDERAL
7 – Processo Administrativo Fiscal

Em razão do objetivo deste curso trataremos do Processo Administrativo Fiscal


somente no que diz respeito a formalização, julgamento e exigência de
obrigações decorrentes de lançamentos de ofício.

Dessa forma, os atos concernentes à apreensão de mercadorias não serão


objeto deste trabalho, embora disciplinadas em grande maioria pelo Dec.
70.235/72.
7.1 – Princípios Aplicáveis ao Processo Administrativo Fiscal

Primeiramente devemos contextualizar o Processo Administrativo Fiscal. Dessa


forma, falaremos a respeito de alguns princípios do ordenamento jurídico
brasileiro que são norteadores desta disciplina.

UNIDADE DE JURISDIÇÃO – consagrada no art. 5o, inciso XXXV, da


Constituição Federal, estatui que “a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito; concede exclusividade ao Poder Judiciário
para prestação jurisdicional”. Dessa forma, não pode a decisão administrativa
se sobrepor a judicial ou mesmo a administração pública vedar que tal ato seja
revisto pelo poder judiciário. Como via de conseqüência, o contencioso
administrativo é uma opção do contribuinte, podendo o mesmo, em última
análise, submeter a decisão administrativa ao crivo judicial.

CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA – também previsto na Constituição


Federal, em especial em seu inciso LV, do art. 5o, que tem a seguinte redação:
aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes.

INADMISSIBILIDADE DE PROVAS ILÍCITAS – Outro preceito


constitucional, agora previsto no art. 5o, inciso LVI, o qual veda a utilização de
provas ilícitas no processo.

PUBLICIDADE - diz o art. 5o, LX: a lei só poderá restringir a publicidade dos
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
exigirem. É o caso, já que a própria Constituição protege a intimidade do
indivíduo.

LEGALIDADE - o procedimento administrativo tributário deve seguir


rigorosamente os ditames legais. Não podia ser diferente. Então todos os atos
processuais, inclusive anexação e colheita de provas devem observar os atos
normativos.

7.2 – Procedimento de Fiscalização

O procedimento fiscal inicia-se pelo primeiro ato de ofício, escrito, praticado por
servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou
seu preposto.

Na prática, pela entrega do Termo de Início de Fiscalização ao representante


legal do contribuinte.

O ato que determinar o início do procedimento fiscal exclui a espontaneidade


do contribuinte somente em relação ao tributo, ao período e à matéria nele
expressamente inseridos. Assim o contribuinte não mais poderá retificar a sua
declaração, a fim de alterar lançamento anteriormente feito por ele.
A exigência de crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de
penalidade isolada serão formalizadas em autos de infração ou notificações de
lançamento, distintos para cada imposto, contribuição ou penalidade, os quais
deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais
elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito.

Em outras palavras, a autoridade fiscal deverá carrear para os autos todos os


elementos indispensáveis a caracterização do ilícito fiscal e deverá fazê-lo da
maneira mais simples e econômica.

Como bem leciona Plácido e Silva, “Prova é a demonstração da existência ou da


veracidade daquilo que se alega como fundamento do direito que se defende
ou que se contesta”.

Deve também permitir que o fiscalizado possa se manifestar a respeito das


provas produzidas. Assim, sempre que juntar provas de ilícitos o auditor fiscal
deverá constatar e intimar o contribuinte a se manifestar.

O que gera maior controvérsia neste assunto diz respeito ao liame entre prova
e indícios. Indícios, como bem define Moacyr Amaral dos Santos “consiste no
fato conhecido que, por via de raciocínio, sugere o fato probando, do qual é
causa ou efeito”.

Muitas vezes a autoridade fiscal embasa suas ações em indícios, os quais por
via de conseqüência, acabam por macular o lançamento.

Já a presunção legal que consiste no pressuposto de se ter como verdadeiro


um fato duvidoso ou provável a que a lei atribui o caráter de infração, a qual se
considera configurada com a prática da operação ou transação na norma legal,
gera uma verdadeira inversão de prova em favor do fisco. Assim, configurada
uma situação que a lei atribua como presunção legal de prova em favor do
fisco, caberá ao contribuinte o ônus de desconfigurar a relação jurídica.

Exemplo comum é o saldo credor de caixa.

7.3 – Exigência Fiscal

Constatado pela autoridade fiscal que o fiscalizado cometeu um ilícito tributário


deve de imediato formalizar a exigência fiscal, efetuando o correspondente
lançamento.

O Código Tributário Nacional, em seu artigo 142, parágrafo único, dispõe que a
atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de
responsabilidade funcional do agente que não a realizar.

Os artigos 10 e 11, do Decreto 70.235/72, traz os requisitos obrigatórios do


auto de infração e da notificação de lançamento, respectivamente, conforme
abaixo descrito.
São requisitos mínimos exigidos para o auto de infração:

a) A qualificação do autuado – (nome, CNPJ ou CPF e endereço.

a) O local, data e hora da lavratura.

b) A descrição dos fatos de forma clara e precisa

c) A disposição legal infringida e a penalidade aplicável

d) A determinação da exigência e a intimação para cumpri-la ou impugná-la


no prazo de trinta dias - por determinação da exigência, entenda-se o
montante devido, que deve ser acompanhado de todos os cálculos, com
índices e alíquotas aplicados, de forma a possibilitar a total
compreensão, por parte do autuado, da composição do valor total da
exigência;

e) A assinatura do atuante e a indicação de seu cargo ou função e o


número de matrícula –

Já com relação à notificação de lançamento (art. 11), deve ser destacado que a
competência para sua expedição é da Secretaria da Receita Federal do Brasil,
devendo ser assinada por chefe de uma unidade ou por servidor por ele
autorizado. São requisitos da notificação de lançamento:

a) A qualificação do notificado;

b) O valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação;

b) A disposição legal infringida,

c) A assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor


autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de

7.4 – Instauração do Contencioso Administrativo

O contencioso só se instala com a impugnação. Uma vez formalizada a


exigência o contribuinte pode além de impugnar, pagar, parcelar ou
simplesmente não tomar conhecimento do auto de infração ou da notificação
lavrada em seu desfavor.

Em todos esses casos, exceto na impugnação, a exigência fiscal está finda


administrativamente.

Estatui o art. 145, do Código Tributário Nacional que uma vez formalizado o
lançamento e regularmente notificado o sujeito passivo, o mesmo só pode ser
alterado em virtude de:

a) Impugnação do sujeito passivo;


b) Recurso de ofício;

c) Iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no


art. 149.

Somente mediante essas três formas é que o lançamento pode ser revisto, e a
ninguém é dado o poder de cancelar a exigência sem a obediência aos
procedimentos previstos na legislação.

Não concordando com a exigência fiscal, é direito do autuado apresentar sua


inconformidade pela impugnação. No prazo improrrogável de 30 (trinta) dias,
contados da ciência do lançamento.

O autuado de apontar cada uma das infrações que pretende impugnar, sob
pena de ser considerada matéria incontroversa.

A impugnação tempestivamente gera os seguintes efeitos:

a) Instaura a fase litigiosa do procedimento.

b) Suspende a exigibilidade do crédito tributário.

c) Suspende a fluência do prazo prescricional para propositura da ação de


execução fiscal por parte da Fazenda Pública.

A impugnação deve ser apresentada por escrito, na repartição onde tramite o


processo ou encaminhada pelo correio, com aviso de recebimento - AR

Quando a impugnação for assinada por representante legal ou procurador do


impugnante, deve ser anexado aos autos a prova de que o signatário tem
poderes para representar o contribuinte e para praticar esse ato.

Para possibilitar o exercício do direito de defesa, é assegurado ao sujeito


passivo ter vista dos autos no órgão preparador no prazo de que dispõe para
impugnar (30 dias).

Caso a impugnação seja parcial, o órgão preparador, antes da remessa dos


autos a julgamento, providenciará a formação de autos apartados para a
imediata cobrança da parte não contestada.

A impugnação deve ser formalizada por escrito e ser instruída com os


documentos em que se fundamentar. As alegações desacompanhadas de
documentos comprobatórios, quando esse for o meio pelo qual sejam provados
os fatos alegados, não têm valor.

A impugnação mencionará:

a) A autoridade julgadora a quem é dirigida;

b) A qualificação do impugnante;
c) Os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de
discordância e as razões e provas que possuir;

d) As diligências ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas.

7.5 – Julgamento em Primeira Instância

O julgamento em primeira instância, em relação aos tributos administrados pela


Secretaria da Receita Federal do Brasil, compete às Delegacias da Receita
Federal de Julgamento. Criadas em 1993, pela Lei no 8.748/93, essas
Delegacias concentraram as atividades de julgamento dos processos de
exigência de créditos tributários federais, antes desenvolvidas pelos próprios
Delegados da Receita Federal, titulares da repartição de onde se originara o
lançamento, com auxílio do Sistema de Tributação (Divisão, Serviço ou Seção,
conforme a classe de cada Delegacia).

Atualmente o julgamento nas Delegacias da Receita Federal de Julgamento é


colegiado. Cada uma das Delegacias contém câmaras de julgamento, as quais,
são formadas por vários Auditores da Receita Federal do Brasil. Os processos
são distribuídos para um relator na turma o qual relata o processo e profere o
seu voto. Em sessão especialmente realizada para isso, cada um dos julgadores
pronunciam o seu voto, sendo então, proferido o acórdão.

As principais justificativas para criação dessas Delegacias foram, no âmbito


administrativo, propiciar a especialização e racionalização dos recursos e, no
aspecto processual, criar um distanciamento da autoridade julgadora em
relação a autoridade lançadora, de forma a dar maior isenção ao julgamento, já
que o que se pretende é o controle da legalidade do auto de infração ou da
notificação. No sistema anterior, a autoridade lançadora e julgadora, em alguns
casos, como o de notificação de lançamento, confundiam-se. Nos casos de
autos de infração, os servidores responsáveis pelo lançamento estavam
subordinados à autoridade julgadora. Em nenhuma das duas hipóteses, o
Delegado possuía a devida isenção para efetuar um julgamento justo, e os
índices estatísticos de manutenção dos lançamentos demonstravam a tendência
para a homologação dos atos praticados.

Sempre que a decisão de primeira instância contiver inexatidões materiais,


devidas a lapso manifesto e a erros de escrita ou de cálculos, estes podem ser
corrigidos, de ofício ou por provocação do sujeito passivo .

Quando a autoridade julgadora de primeira instância exonerar o sujeito passivo


do pagamento de tributo e encargos de multa de valor total (lançamento
principal e decorrentes) superior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) é
obrigatória a interposição de recurso de ofício.
O recurso de ofício deve ser interposto pela autoridade julgadora de primeira
instância, mediante declaração na própria decisão (art. 34, §1o). Enquanto não
confirmada a decisão pela instância revisora, esta não gerará efeitos. Caso não
seja interposto o recurso de ofício, quando obrigatório, o servidor que verificar
o fato representará à autoridade julgadora, por intermédio de seu chefe
imediato, no sentido de que seja observada aquela formalidade (art. 34, § 2o).

O exame dos recursos de ofício compete aos Conselhos de Contribuintes.

Da decisão de primeira instância, não cabe pedido de reconsideração.

7.6 – Julgamento em Segunda Instância

Contra a decisão de primeira instância pode o contribuinte interpor recurso


voluntário, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência da decisão de
primeira instância (art. 33). Ultrapassado esse prazo sem qualquer recurso, a
decisão torna-se definitiva (art. 42, I). O crédito tributário decorrente de
decisão não recorrida deve ser encaminhado para cobrança amigável, nos trinta
dias seguintes e posteriormente para inscrição em dívida ativa e cobrança
executiva (art. 43).

Pode acontecer, também, a interposição de recurso parcial, caso em que o


sujeito passivo estará conformado com parte da exigência, tornando-se
definitiva a decisão em relação à parcela não recorrida (art. 42, parágrafo
único). Nessa hipótese, deve ser transferida a parcela incontroversa para outro
processo, encaminhando-o para cobrança.

O recurso voluntário tem efeito suspensivo.

O exame do recurso voluntário compete aos Conselhos de Contribuintes (art.


25, II), quando interposto contra a decisão dos Delegados de Julgamento. Os
Conselhos de Contribuintes são três, cada qual com competência estabelecida
por matéria.

Os Regimentos Internos da Câmara Superior de Recursos Fiscais e dos


Conselhos de Contribuintes, prevêem a possibilidade de que sejam corrigidas as
inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de
cálculo existentes em seus acórdãos, mediante requerimento da autoridade
julgadora de primeira instância, da autoridade incumbida da execução do
acórdão, do Procurador da Fazenda Nacional, de Conselheiro ou do sujeito
passivo.

Quando existir no acórdão obscuridade, dúvida ou contradição entre a decisão


e seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a
Turma ou a Câmara, cabem embargos de declaração no prazo de cinco dias
contados da ciência do acórdão, dirigido ao Presidente da Câmara Superior ou
da Câmara julgadora, conforme o caso. A petição pode ser apresentada por
qualquer das autoridades enumeradas no parágrafo anterior ou pelo sujeito
passivo.
Contra as decisões dos Conselhos de Contribuintes, cabe, apenas, a
interposição de recurso especial, e nas restritas hipóteses previstas na
legislação.

7.7 – Julgamento em Instância Especial

Trata-se de recurso à Câmara Superior de Recursos Fiscais, criada pelo Decreto


no 83.304, de 28 de março de 1979, a quem compete julgar os recursos
especiais. Essa competência, antes da criação da CSRF, era do Ministro da
Fazenda.

O recurso especial, cujas normas estão reguladas no Decreto no 83.304/79,


cabe contra as decisões dos Conselhos de Contribuintes que decidam o recurso
voluntário nas seguintes hipóteses:

a) Privativamente pelo Procurador da Fazenda Nacional, contra a decisão,


não unânime, de Câmara, quando for contrária à lei ou à evidência de
prova; ou

b) Pelo Procurador da Fazenda Nacional ou pelo sujeito passivo contra a


decisão de Câmara que der à lei tributária interpretação divergente
da que lhe tenha dado outra Câmara dos Conselhos de Contribuintes
ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais

A interposição dos recursos de competência do Procurador da Fazenda Nacional


não é obrigatória, situando-se no campo da conveniência e oportunidade.

O prazo para interposição do recurso especial é de 15 (quinze) dias, contados


da ciência da decisão do Conselho de Contribuintes que decidir o recurso
voluntário, cabendo a parte recorrida iguais 15 dias para apresentar suas
contra-razões.

O recurso deverá ser apresentado por escrito, em petição dirigida ao Presidente


da Câmara do Conselho de Contribuintes de onde se originou a decisão
recorrida que, em despacho fundamentado, poderá admiti-lo ou não, conforme
se verifiquem os pressupostos de sua admissibilidade.

Do despacho que negar seguimento ao recurso especial, poderá ser requerido


reexame de sua admissibilidade, em petição dirigida ao Presidente da Câmara
Superior de Recursos Fiscais, no prazo de 5 (cinco) dias, contado da ciência.
Esse agravo não é cabível no caso de intempestividade ou quando não for
juntada cópia de inteiro teor do acórdão ou cópia da publicação da ementa do
acórdão paradigma que comprove a divergência.

No agravo não será admitida a produção de novas provas da divergência.

A decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais é definitiva na esfera


administrativa, e contra ela não cabe qualquer recurso administrativo.
7.8 – A Definitividade da Decisão Administrativa

O art. 42, do Dec. 70.235/72, dispõe sobre as situações em que a decisão


administrativa torna-se definitiva, conforme abaixo:

“Art. 42. São definitivas as decisões:

I - de primeira instância, esgotado o prazo para recurso voluntário sem que


este tenha sido interposto;

II - de segunda instância, de que não caiba recurso ou, se cabível, quando


decorrido o prazo sem sua interposição;

III - de instância especial.

Parágrafo único. Serão também definitivas as decisões de primeira instância na


parte que não for objeto de recurso voluntário ou não estiver sujeita a recurso
de ofício.”

A definitividade na esfera administrativa gera os seguintes efeitos:

a) A exigibilidade do crédito tributário, que estava suspensa, volta a


vigorar;

b) O prazo prescricional para propositura da ação de execução, por parte da


Fazenda Pública, volta a fluir.

A cobrança do crédito tributário segue sempre o mesmo procedimento: o


processo é encaminhado para o órgão preparador, que deve efetuar a cobrança
administrativa em trinta dias; frustrada a tentativa de cobrança amigável, o
processo deve ser encaminhado para a Procuradoria da Fazenda Nacional, para
inscrição em dívida ativa e cobrança judicial.

Nas decisões definitivas favoráveis ao sujeito passivo, deve a autoridade


preparadora de ofício, dar baixa nos registros do débito remetendo-se o
processo ao arquivo.

Questão debate:

1) O Princípio da Impugnação Específica, a renúncia de instância e o processo


administrativo fiscal.

Código de Processo Civil. (Lei nº 5.869, 11.1.1973)

Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos


narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados,
salvo:

I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;


II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a
lei considerar da substância do ato;

III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.

Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos


fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do
Ministério Público.

Constituição Federal de 1.988

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a


direito;

Bibliografia:

· AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro - 11ª Ed. 2005, Editora:


Saraiva

· BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Financeiro e de Direito


Tributário. São Paulo, Editora Saraiva, 4a edição, 1.995

· CASSONE, Vittorio. Sistema Tributário Nacional. São Paulo, Atlas, 4a


edição, 1.996

· GIACOMONI, James. Orçamento Público. São Paulo, Atlas, 6a edição,


1.996·

. HIGUCHI, Hiromi & HIGUCHI, Fábio Hiroshi. Imposto de Renda das


Empresas. São Paulo, Atlas, 22a edição, 1.997

· SOUZA, Ataliba de & ANDRADE Jr., Leão. A Interpretação do Direito


Tributário Segundo os Tribunais. São Paulo, Fiuza Editores, 1.996.

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