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1.Introdução
O presente trabalho discute o papel ativo do psicólogo dentro dos Centros de
Atenção Psicossocial, que tem como principal função compreender os sentidos
construídos e expressados pelos usuários deste serviço de saúde mental, bem como saber
que sua atuação ativa interfere diretamente na materialização dos sentidos atribuídos ao
sofrimento psíquico.
Este surge a partir de uma experiência do estágio supervisionado I: intervenção
no cotidiano em saúde mental, com duração de 1 semestre letivo. O estágio se constitui
por práticas ativas e de observação no campo escolhido.
2.A Atuação do Psicólogo nos Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e outras
Drogas (CAPS-AD)
Visando uma atuação ética e coerente com os princípios da profissão faz-se uso
de referências que delineiam a prática nos mecanismos de atenção psicossocial. A prática
da psicologia tem se aproximado cada vez mais com as políticas públicas o que exige um
pensamento mais reflexivo e crítico por parte dos profissionais, e a psicologia é um
instrumento incentivador de novos sentidos, bem como, faz parte da luta para condições
mais humanas no tratar das questões psíquicas no cenário atual.
Os CAPS AD passam a existir de maneira a tornar principal o acolhimento à
pacientes que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas, visto que, anteriormente o
foco principal dos CAPS I, II e III eram pacientes com transtornos mentais moderados e
severos. Desse modo, Brasil (2004) destaca que os atendimentos em um CAPS AD devem
ser pautados em um planejamento terapêutico singular, observando a evolução contínua
do paciente, desenvolvendo também atividades terapêuticas individuais, em grupo ou
para a família, além de oferecer condições para repouso e local de desintoxicação
ambulatorial.
Segundo CFP (2013), o CAPS AD é um dos espaços de atuação do profissional
psicólogo, no qual o mesmo pode realizar atendimentos psicoterápicos, oficinas
terapêuticas, visitas e atendimentos domiciliares, assim como, atividades comunitárias
que visem à promoção de saúde e bem-estar. O psicólogo atuante em um CAPS AD deve
construir as estratégias de cuidado junto com os outros membros da equipe
multiprofissional, visando sempre as diretrizes da política pública de saúde que é ampliar
a autonomia e promover os direitos humanos dos pacientes acolhidos pela rede de atenção
psicossocial.
Um dos grandes desafios na atuação do psicólogo na rede de atenção psicossocial
perpassa as visões reducionistas e estigmatizantes da sociedade diante do usuário, cabe
então ao psicólogo trabalhar com esse indivíduo as noções de cuidado para consigo
mesmo, focando principalmente no que diz respeito aos cuidados psicológicos e
promoção de autonomia e emancipação desse indivíduo. Para o CFP (2013, p.65) “esse
resgate passa pelo rompimento da dicotomia indivíduo/sociedade, a partir de uma
concepção de subjetividade humana como resultado de um processo que se constitui ao
longo da história individual e coletiva”. É esse trabalho que fortalece o papel do psicólogo
junto as equipes de atenção psicossocial.
CFP (2013) ressalta que a essência da prática do profissional psicólogo no CAPS
é a construção de novos sentidos diante do cuidado com a saúde mental, o psicólogo é um
dos recursos que promovem a condição preliminar do tratamento, e constitui a relação
terapeuta/paciente. Ainda segundo CFP (2013) é na liberdade conquistada a partir da
Reforma Psiquiátrica que o cidadão pode decidir por si mesmo se deseja tratar-se,
buscando novos sentidos, laços sociais, fortalecimento e reconstituição de suas redes de
apoio. Ao dar ao individuo plena liberdade o psicólogo auxilia na constituição do
fortalecimento da autonomia. Outro importante recurso utilizado pelo psicólogo em sua
atuação no CAPS é a criação de vínculos, tanto com equipe, quanto com o paciente.
Uma das formas de atuação do CAPS AD é o sistema de Redução de Danos que
visa a prevenção do uso abusivo ou dependência de álcool e outras drogas. Por meio da
Redução de Danos é possível ampliar estratégias de políticas de saúde para a sociedade,
voltadas para a população intensificando a atenção de prevenção, promoção e proteção à
saúde, por meio de uma forma de interação comunitária e de participação social.
(BRASIL, 2004).
3.Metodologia
Batista, Bernardes e Menegon (2014) discutem as entrelinhas do discurso social
dentro do campo da pesquisa social, visto que, os diálogos dentro do campo de pesquisa
enriquecem ainda mais a produção do conhecimento do ambiente a ser estudado. Os
autores ressaltam ainda que o uso de conversas como uma metodologia de pesquisa é um
campo novo a ser desbravado e muito questionado pelos pesquisadores.
Para os autores Batista, Bernardes e Menegon (2014) se faz necessário romper a
lógica das metodologias rígidas e flexibilizar, cabendo ao pesquisador identificar a
importância dos saberes populares que constituem o dia-a-dia de uma pesquisa, dentro do
cotidiano atual. Ao citarem Menegon (2000) os autores Batista, Bernardes e Menegon
(2014) ressaltam que as conversas são produtoras de sentido, pois a linguagem utilizada
nos diferentes contextos sociais é que implica na produção de conhecimento sobre aquele
determinado campo. Finalizam questionando o pesquisador sobre as formas de romper
com a lógica das pesquisas tradicionais.
Spink (2008) citado por Batista, Bernardes e Menegon (2014) destaca a
necessidade de conhecermos o nosso próprio cotidiano, sabendo identificar os sentidos
expressos, não apenas como pesquisador/observador, mas sim como parte fundamental
do ambiente de estudo. Desse modo, faz-se necessário valorizar os encontros e as
especificidades de cada lugar, visto que,
O conhecimento produzido não está na cabeça do/a pesquisador/a ou de
um expert em determinado assunto. Nem está na natureza ou nos
fenômenos que o constitui. O conhecimento é algo que se faz junto,
sendo coletivamente produzido e tendo como matéria-prima a
linguagem em uso e outras materialidades que compõem as relações
cotidianas (BATISTA, BERNARDES E MENEGON, 2014, pág. 104).
5.Considerações Finais
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde mental no SUS: os centros de atenção
psicossocial– Brasília-DF, 2004.