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Decreto 2.06 PDF
Decreto 2.06 PDF
Conselho de Ministros
Visto e aprovado em Conselho de Ministros, em
Decreto n.º 2/06:
Luanda, aos 30 de Novembro de 2005.
Aprova o Regulamento Geral dos Planos Territoriais, Urbanísticos e
Rurais. — Revoga toda a legislação que contrarie o disposto no pre-
sente diploma. Publique-se.
————
Com a aprovação da Lei do Ordenamento do Território
e do Urbanismo criaram-se as condições para a implantação
de um sistema de gestão integrada do território nacional. REGULAMENTO GERAL DOS PLANOS
TERRITORIAIS, URBANÍSTICOS E RURAIS
Havendo necessidade de regulamentação dos procedi-
mentos inerentes à elaboração, aprovação e ratificação dos CAPÍTULO I
planos territoriais, urbanísticos e rurais; Sistema de Planeamento Territorial
4. As normas e directivas de planos de grau inferior cujo tentabilidade e solidariedade entre as gerações
conteúdo não esteja em conformidade com as dos planos de actuais e futuras e que contribuam para o
grau superior devem ser revistas e alteradas em conformi- reforço da unidade e coesão nacional e entre
dade e nos termos adiante previstos. regiões.
f) segurança jurídica quanto à estabilidade dos planos
5. As medidas preventivas constantes dos planos territo- territoriais aprovados e os direitos ou situações
riais em geral, e urbanísticos em particular, devem respeitar jurídicas validamente constituídas.
as normas constitucionais sobre direitos fundamentais e os
princípios da legalidade, da igualdade, e da proporciona- ARTIGO 11.º
lidade. (Direito à informação)
6. Nos termos do número anterior, as normas regula- 1. Todos os cidadãos e demais interessados têm direito
mentares das medidas preventivas não podem estabelecer
a ser informados sobre o conteúdo material e formal dos
novos fundamentos de indeferimento de loteamentos
diversos planos territoriais.
urbanos ou de aprovação de projectos de obras.
2. O dever de coordenação obriga, nos termos e para os 3. Os planos de âmbito nacional podem limitar-se a
efeitos do artigo 22.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, e, de definir directrizes gerais em função dos diferentes tipos de
acordo com os princípios gerais aplicáveis e adiante previs- recursos estratégicos existentes no território.
tos e regulamentados, identificar e a ponderar, nos diversos
âmbitos territoriais de aplicação, quer a nível vertical da ARTIGO 17.º
hierarquia dos planos nacional, provincial e municipal, quer (Sistema natural e ecológico)
a nível horizontal das matérias especiais e das directivas
políticas económicas sectoriais com impacto territorial, o 1. Os planos territoriais devem identificar e caracterizar
conteúdo concreto e os interesses públicos e privados visa- o sistema natural e ecológico existente no respectivo âmbito
dos pelos planos, programas e projectos de ordenamento territorial, descrevendo sumariamente os recursos naturais
territorial, considerando os já existentes e os que se acham estratégicos e os espaços ou áreas naturais protegidas sobre
em fase de preparação e os que se conformam ou os que os quais assenta a sustentabilidade do equilíbrio ecológico e
violam as directivas de planos de grau superior aplicáveis da renovação e reprodução dos recursos em termos que
ao respectivo âmbito territorial. assegurem a solidariedade entre as gerações actuais e
futuras, designadamente:
ARTIGO 16.º
a) tipos de solos e da sua aptidão agrária, sem pre-
(Identificação dos recursos territoriais)
juízo do disposto sobre as reservas agrícolas e
florestais nacionais;
1. A aplicação dos princípios gerais de protecção dos
b) tipos de coberto vegetal natural da área abran-
recursos situados no território nacional e a elaboração e
gida pelo plano em causa, incluindo os recursos
menção obrigatória nos planos territoriais do respectivo
florestais existentes;
âmbito de aplicação, os órgãos técnicos do planeamento c) recursos hidrográficos, fluviais, lacustres e outros;
territorial devem, nos termos do presente diploma, proce- d) recursos da fauna e áreas reservadas à sua pro-
der à identificação, designadamente, dos seguintes recursos tecção;
territoriais: e) taxas demográficas de ocupação e uso dos solos;
f) outros recursos naturais, designadamente do sub-
a) o sistema natural e ecológico existente; solo, conhecidos ou que relevem para a sus-
b) o sistema rural existente, sua caracterização demo- tentabilidade e a conservação da natureza;
gráfica, estruturas económicas e valores cultu- g) as reservas totais, que nos termos da Lei de Terras,
rais; e da legislação ambiental são estabelecidas para
c) a estrutura de terrenos rurais comunitários; fins de protecção da natureza.
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2. Os planos de âmbito nacional podem limitar-se a con- identificar a estrutura dos terrenos reservados totalmente
sagrar, através de directivas gerais, uma estratégia de uso, para fins de protecção do ambiente, de defesa e segurança,
protecção e conservação dos recursos naturais que os planos e outros fins, bem como as reservas parciais, estabelecidas
provinciais e interprovinciais, quando os houver, aplicam e nos termos gerais e regulamentares da Lei de Terras, com-
adaptam aos recursos típica e genericamente identificados preendendo, designadamente:
para os respectivos âmbitos espaciais de aplicação.
a) reservas totais de terrenos para fins de protecção
3. Os planos municipais, para além da identificação
do meio ambiente, de defesa e segurança, pro-
detalhada dos recursos naturais da respectiva área munici-
tecção de monumentos ou locais históricos, pro-
pal, devem definir os parâmetros de ocupação e de uso dos
moção do povoamento ou do repovoamento e
solos rurais e urbanos e dos recursos hídricos compatíveis
com os imperativos da sustentabilidade e conservação dos outros fins comunitários ou de interesse públi-
mesmos. co, nos termos do n.º 4 do artigo 27.º da Lei
n.º 9/04, de 9 de Novembro;
4. As medidas de usos preferenciais, proibidos e condi- b) faixas de terrenos da orla costeira, marítima,
cionados impondo critérios de defesa e conservação da incluindo as praias e das zonas ribeirihas;
natureza compatíveis com os direitos de uso e fruição das c) faixas de terrenos junto à fronteira terrestre;
populações, devem constar dos planos de pormenor e d) faixas de terrenos ao longo das vias férreas e uma
especiais em razão dos recursos ou matéria em causa.
extensão em torno das instalações ferroviárias,
ARTIGO 18.º
portuárias, aeroportuárias, antenas e estações de
(Sistema rural) telecomunicações e meteorológicas;
e) faixas de terrenos ao longo das auto-estradas, estra-
Os planos territoriais gerais e em particular os planos das e pontes públicas;
municipais de ordenamento rural devem identificar os sis- f) faixas de terrenos ao longo de instalações e condu-
temas rurais existentes no respectivo âmbito espacial, tores aéreos de superfície, subterrâneos e sub-
através da caracterização da ocupação demográfica, social, marinos, de electricidade, água e outros produ-
agrária e económica específicas, bem como das estruturas
tos, gás e petróleo;
viárias, de acesso, de educação e cultura e demais valores
g) faixas de terrenos adjacentes às instalações de
das culturas tradicionais relevantes para efeitos não só, por
turismo e estâncias de repouso.
um lado, da protecção dos direitos fundiários consue-
tudinários, nos termos aplicáveis da Lei de Terras, da
preservação do povoamento das áreas rurais e dos demais ARTIGO 21.º
valores consuetudinários como também, por outro lado, da (Defesa do território e segurança)
melhoria da qualidade de vida rural das populações aliada à
preservação do equilíbrio quer natural e ecológico quer A identificação das estruturas, infra-estruturas e equipa-
do sistema rural. mentos do sistema de defesa e segurança nacionais pode
ARTIGO 19.º ser feita em documentos anexos aos planos territoriais, que
(Estrutura de terrenos rurais comunitários)
salvaguardem o interesse público da confidencialidade
inerente aos fins estratégicos daquele sistema, nos termos
Os planos territoriais em geral e em particular os planos
municipais de ordenamento rural devem identificar a estru- que forem regulamentados por diploma específico.
tura dos terrenos rurais comunitários que, nos termos da Lei
de Terras, e suas disposições regulamentares, são delimita- ARTIGO 22.º
dos em função de uma determinada área ocupada por cada (Reservas agrícolas e florestais nacionais)
agregado familiar e do tipo de cultura praticada, para fins
habitacionais e exercício da sua actividade agrária e cujos Os planos territoriais em geral e em particular os planos
direitos fundiários consuetudinários são reconhecidos municipais de ordenamento rural devem identificar as áreas
naqueles mesmos termos. de solos com reconhecida aptidão agrícola, ou, independen-
temente da sua aptidão, as áreas já afectas a determinado
ARTIGO 20.º
(Estrutura dos terrenos reservados)
tipo de culturas ou fins silvícolas ou simplesmente ocupa-
das por florestas naturais, com vista à identificação, defi-
Os planos territoriais em geral e em particular os planos nição e melhor valorização e preservação da reserva agrícola
municipais urbanísticos e de ordenamento rural, conforme e florestal nacional, nos termos a estabelecer por diploma
for o caso em razão da área territorial abrangida, devem regulamentar próprio.
104 DIÁRIO DA REPÚBLICA
2. Para efeitos do disposto no n.º 1 anterior: 2. Os planos directores municipais devem identificar as
redes viárias e ferroviárias, os cais e aeródromos de relevân-
a) as principais opções de Ordenamento Territorial cia e âmbito municipal e comunal, bem como as suas arti-
Nacional e os Planos Provinciais de Ordena- culações com as redes viárias nacionais e provinciais em
mento Territorial, bem como os planos territo- termos que assegurem a coerência com as estratégias viárias
riais interprovinciais devem definir os princí-
de âmbito nacional e provincial.
pios e directrizes que nas respectivas áreas territo-
riais assegurem uma distribuição equilibrada
ARTIGO 27.º
das funções de vias de comunicação, de habita- (Redes de infra-estruturas e equipamentos colectivos)
ção, serviços e lazer, de espaços verdes e arbori-
zados bem como dos equipamentos e infra- 1. Os planos territoriais de âmbito provincial e munici-
-estruturas colectivas, aliada a directrizes de
pal devem identificar as redes de infra-estruturas e equipa-
preservação da qualidade do ambiente urbano;
mentos colectivos de natureza estratégica fundamental em
b) os planos directores municipais e em particular
termos de sustentabilidade da qualidade de vida, de suporte
os planos urbanísticos devem especificar os
das actividades económicas e de acesso à saúde, à educação
princípios e directrizes definidos nos planos ter-
e à cultura, ao desporto, ao lazer e à assistência social.
ritoriais de grau superior, estabelecendo os
objectivos e os parâmetros de ocupação do solo
para fins habitacionais, de serviços públicos e 2. As grandes linhas de opções estratégicas de insta-
privados, de infra-estruturas, equipamentos lação, conservação e desenvolvimento das redes de infra-
colectivos, vias de comunicação, redes de -estruturas e equipamentos colectivos a nível nacional e
abastecimento de água, de fornecimento de ener- provincial deverão ser estabelecidas pelas Principais
gia eléctrica e de gás, sistema de saneamento Opções de Ordenamento Territorial Nacional e pelos planos
básico, redes escolares, de saúde e outras edifi- territoriais provinciais e interprovinciais, respectivamente.
cações, construções, devendo também fixar, por
cada centro urbano, não só parâmetros de ARTIGO 28.º
ocupação dos espaços verdes como os índices (Localização e distribuição das actividades económicas)
obrigatórios mínimos de arborização respec-
tivos e demais requisitos que asseguram um sis- 1. Os planos territoriais gerais, de âmbito nacional e
tema urbano coerente com um ambiente sadio e provincial, devem de modo interactivamente coordenado
boa qualidade de vida. com os objectivos e directivas das Principais Opções Estra-
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tégicas Económicas (POE) e dos planos económicos de 3. Tendo em conta as situações de ocupação territorial
âmbito nacional e provincial, fixar os quadros nacionais e já constituídas, os planos territoriais devem identificar as
provinciais de directivas, critérios e demais parâmetros situações críticas ou de incorrecta localização das activi-
gerais julgados convenientes para a localização e a dis- dades económicas e proceder a uma avaliação e ponderação
tribuição espacial, no território nacional dos diversos tipos da compatibilização das diversas funções dos solos nos
de actividades económicas, designadamente mineiras, espaços críticos em causa, estabelecendo directivas de
agrárias, industriais, turísticas, comerciais e de outros correcção possível e progressiva das mesmas, com vista à
serviços. defesa e reposição de melhores padrões da qualidade do
ambiente e da qualidade de vida das populações.
2. São critérios legais mínimos aplicáveis à localização
e distribuição das actividades económicas, nomeadamente 4. Os planos directores municipais em geral e os planos
os seguintes: urbanísticos e de ordenamento rural em particular devem,
no quadro das directivas e critérios legais e fixados pelos
a) a localização dos espaços mineiros de acordo com planos de grau superior, aplicáveis ao respectivo âmbito ter-
a localização natural ou proximidade dos recur- ritorial municipal, fixar os parâmetros quantitativos e quali-
sos mineiros visados, sem prejuízo de uma equi- tativos de ocupação e de uso do solo municipal, para fins
librada distribuição das funções e usos dos solos de localização e distribuição das actividades económicas.
pelas populações, da sua qualidade de vida e da
defesa do ambiente; CAPÍTULO II
b) a localização dos espaços agrários, florestais e Da Elaboração dos Planos Territoriais
silvícolas, segundo a natural aptidão específica
dos solos, em preservação e valorização das SECÇÃO I
áreas de reservas agro-florestais, definidas nos Disposições Gerais
termos do presente regulamento, sem prejuízo
de uma equilibrada e harmoniosa distribuição ARTIGO 29.º
das demais funções e usos dos solos, dos direi- (Relações entre os planos territoriais)
tos fundiários consuetudinários e dos valida-
mente constituídos, nos termos da Lei de Terras 1. As relações entre os diversos tipos de planos territo-
e da defesa do ambiente; riais regem-se nos termos conjugados dos artigos 9.º, 14.º e
c) a localização dos espaços industriais de acordo 15.º, segundo o princípio da primazia dos planos de grau
com uma estratégia de compatibilização da hierárquico superior expresso na subordinação das directi-
racionalidade económica com uma equilibrada vas e normas dos planos de grau inferior, aos planos de grau
e harmoniosa distribuição das demais funções e superior e concretizado através de uma coordenação inter-
usos dos solos, parâmetros de combate das activa e progressiva que assegure uma compatibilização dos
assimetrias regionais, de dotação ou proximi- objectivos e das directivas, critérios e parâmetros que forem
dade de vias de acesso aos centros urbanos e de sendo fixados pelos diversos planos territoriais.
escoamento, e defesa do ambiente e da quali-
dade de vida das populações, devendo quanto a 2. Uma vez assegurada a compatibilização prevista no
novos espaços industriais ser estabelecida pre- n.º 1, as directivas específicas dos planos especiais, em caso
ferencialmente a localização em parques indus- de colisão aparente ou real, prevalecem sobre o conteúdo
triais, prévia e devidamente fixados e infra- das directivas dos planos gerais ou globais aplicáveis à
-estruturados já de acordo com aqueles crité- mesma área territorial.
rios;
d) a localização dos espaços turísticos, comerciais e 3. O princípio da primazia ou precedência e demais
de serviços, deve obedecer a critérios de com- princípios aludidos no n.º 1 que regulam as relações entre os
patibilização com uma equilibrada e harmo- diversos tipos de planos territoriais só é aplicável aos planos
niosa distribuição das demais funções dos solos, de grau inferior quando em relação ao respectivo âmbito
preservando altos padrões de equilíbrio do territorial precedam planos aprovados de grau superior, e a
espaço urbano e de equilíbrio do espaço rural e inexistência transitória ou indefinida destes não prejudica
natural, consoante for o caso da respectiva que para determinado espaço territorial se elabore e se
localização urbana ou rural e com respeito pelos aprove um plano territorial de nível provincial, intermédio
valores da qualidade de vida e do ambiente. ou de nível municipal, global ou parcial, desde que se con-
106 DIÁRIO DA REPÚBLICA
formem com directrizes e medidas preventivas governa- c) os planos especiais de âmbito nacionais têm
mentais emitidas para o efeito, e estejam suportados em incidência parcial restrita ao conteúdo material
fundamentação técnica adequada. especialmente assumido, e como tais, adiante
definidos pelo presente regulamento.
4. Os planos de grau inferior elaborados nos períodos de
inexistência de correspondentes planos de grau superior 4. Os planos regionais são planos intermédios de coor-
devem ser, todavia, revistos e alterados em conformidade denação, especificam e concretizam a nível de uma ou mais
com estes últimos uma vez, por seu turno, elaborados e províncias, no todo ou em parte do respectivo âmbito terri-
aprovados nos termos regulamentares. torial, as directivas dos planos nacionais, compreendendo:
25 de Junho, o quadro máximo vertical e horizontal de f) definir a estratégia nacional de ocupação, aprovei-
referência das grandes directivas e orientações estratégicas tamento dos solos e espaços urbanos, em termos
de carácter programático e genérico relativas ao ordena- que assegurem uma melhoria do equilíbrio
mento de todo o território nacional, comuns a todos os ambiental e qualidade de vida urbanos;
demais planos territoriais de grau inferior, os quais devem g) definir a estratégia global de implantação, repa-
obrigatoriamente dar concretização no respectivo âmbito e ração, manutenção, e expansão das redes nacio-
matérias abrangidas pelo seu conteúdo. nais rodoviárias, ferroviárias e demais infra-
-estruturas de acesso, designadamente portos,
ARTIGO 32.º aeroportos e aeródromos, em termos que sirvam
(Objectivos) os objectivos discriminados nas alíneas ante-
riores e a preservação do ambiente e da defesa
As principais opções de Ordenamento Territorial Nacio- e segurança nacionais;
nal visam em geral definir um modelo global de organi- h) definir a estratégia global de implantação da rede
zação da ocupação e uso do território e em especial: nacional de parques e zonas industriais;
i) definir a estratégia global de implantação da rede
a) definir o quadro unitário de ocupação e uso do nacional de parques naturais e de reservas agrí-
espaço territorial nacional em termos que garan- colas e florestais e outras reservas nacionais,
tam o uso e desenvolvimento integrado, harmo- totais e parciais, definidas nos termos do
nioso e sustentável dos recursos naturais e artigo 27.º da Lei n.º 3/04, de 25 Junho e
humanos existentes no território e que contri- artigos 20.º e 21.º anteriores.
buam para a consolidação da identidade, coesão
e unidade do território e da nação angolana; ARTIGO 33.º
b) definir a estratégia espacial global que satisfaça, (Conteúdo material)
em termos de compatibilização interactiva, os
objectivos das estratégias do desenvolvimento As principais opções para definirem os seus objectivos,
económico e social, e de combate das assime- devem conter, pelo menos, as seguintes directivas, princí-
trias regionais, promovendo as condições de pios, critérios ou parâmetros gerais:
igualdade na efectivação dos direitos funda-
mentais, e de protecção do equilíbrio ambiental, a) os pressupostos, as principais directrizes e opções
em coordenação com as respectivas directivas que enquadram e definem de modo unitário e
constantes das principais opções estratégicas coerente, e num horizonte de médio e longo
aprovadas por lei; prazos, a estratégia do modelo nacional de
c) definir a estratégia de coordenação das políticas ocupação e uso do espaço territorial nacional em
sectoriais, designadamente, mineiras, agrárias, termos que garantam o uso e desenvolvimento
industriais, de saúde e de educação, bem como integrado, harmonioso e sustentável dos recur-
dos planos territoriais e planos de impacte terri- sos naturais e humanos, para os mais diversos
torial de tipo sectorial; fins e funções do território;
d) definir a estratégia global de ocupação, dos solos b) os princípios, directrizes e opções assumidos pelo
e espaços rurais em termos que assegurem a Estado, quanto à localização das actividades
preservação do sistema rural e natural e seus económicas, serviços e de grandes investimen-
respectivos equilíbrios, uma melhoria da quali- tos públicos, dos parques e zonas industriais,
dade de vida rural, pela criação de condições nos termos previstos no presente regulamento, e
de acesso a infra-estruturas e equipamentos em coordenação interactiva com as directrizes
colectivos de abastecimento de água, de forne- das principais opções estratégicas e do pro-
cimento de energia eléctrica, e de educação grama de investimentos públicos;
escolar e cultural; c) as principais directrizes, objectivos, prioridades ou
e) definir a estratégia global de racionalização do opções estruturantes, e meios visados de restau-
povoamento e repovoamento, em função do ração ou preservação, em geral, do sistema
combate do êxodo rural e das estratégias de urbano, do sistema rural e de preservação do
compatibilização da economia de meios na sistema natural, ambiental, e em particular, das
implantação de infra-estruturas colectivas de reservas agrícolas e florestais nacionais, das
promoção do bem-estar rural com o respeito redes viárias e de acessos, das redes de serviços
pelas tradições e culturas locais; públicos e administrativos provinciais e locais,
108 DIÁRIO DA REPÚBLICA
3. O programa define e identifica: Nos termos do disposto no n.º 4 do artigo 43.º da Lei
n.º 3/04, de 25 de Junho, o Governo, para assegurar a par-
a) as principais directivas, critérios, prioridades, ticipação de demais organismos públicos autónomos e enti-
opções, bem como os objectivos a atingir no dades privadas na elaboração das POOTN, cria a Comissão
médio e longo prazos, em conformidade com o Consultiva Nacional do Ordenamento do Território, com-
disposto nos artigos 33.º e 34.º anteriores; posta por representantes dos ministérios cuja acção tem
b) as obrigações assumidas pelo Governo quanto a impacte no território, das autarquias locais e do Conselho
meios financeiros e fiscais, designadamente, Nacional de Concertação Social, bem como das associações
programas de investimentos públicos, expro- ambientais e culturais mais relevantes a nível nacional.
I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 109
Os planos sectoriais devem, nos termos do n.º 3 do 1. Quando a diversidade dos interesses privados e públi-
artigo 34.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, integrar as cos, centrais e locais em causa assim o exigir o Governo
seguintes peças documentais obrigatórias: constitui uma Comissão Consultiva Sectorial, cuja com-
posição diversificada deve reflectir a representação daque-
a) relatório que procede ao diagnóstico da situação les interesses, aplicando-se-lhe subsidiariamente as normas
aplicáveis à composição da Comissão Consultiva Nacional
do sector visado, e à definição das directivas e
prevista no artigo 37.º anterior.
demais condições e pressupostos que servem de
fundamento políticos e técnicos para a elabo-
2. Fixada a primeira versão do plano sectorial, esta é
ração do plano sectorial em causa suas opções e
remetida à Comissão Consultiva Sectorial para emitir, no
objectivos;
prazo de 30 dias o seu parecer.
b) peças gráficas, tais como cartas ou mapas geográ-
ficos, geológicos e plantas de identificação e
3. Em face do parecer previsto no n.º 2, a Comissão
representação da respectiva área ou impacto Interministerial do Ordenamento do Território e do
territoriais visados, bem como das áreas de Urbanismo fixa a versão final que submete à aprovação do
domínio público sujeitas a condicionamentos ou Conselho de Ministros.
limites quanto ao livre uso e aproveitamento;
c) regulamento integrando as normas de execução do ARTIGO 45.º
plano e da sua integração com os demais planos (Aprovação)
territoriais.
Os planos sectoriais de âmbito nacional são aprovados
ARTIGO 43.º por decreto do Conselho de Ministros, devendo as peças
(Elaboração) previstas no artigo 43.º serem anexas àquele diploma legal,
sendo dele parte integrante.
1. A decisão da elaboração de um plano sectorial é deter-
minada pelo Conselho de Ministros, que define: SUBSECÇÃO III
Planos Territoriais Especiais Nacionais
3. A elaboração dos planos sectoriais deve ser acom- a) de áreas ou parques de reservas agrárias, silvíco-
panhada pelas entidades que executam projectos, programas las e florestais com classificação e qualificação
ou planos da administração pública noutros sectores e com dos solos e medidas para a sua protecção;
implicações na área ou áreas compreendidas pelo plano b) de áreas ou parques naturais de protecção da flora
sectorial visado. e fauna selvagens;
I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 111
c) de áreas mineiras ou parques de exploração e pro- territoriais visados, bem como das áreas de
dução mineira, com integração de medidas de domínio público sujeitas a condicionamentos ou
protecção do ambiente, dos recursos naturais e limites quanto ao livre uso e aproveitamento;
dos direitos das populações circundantes; c) regulamento integrando as normas de execução do
d) de áreas de ordenamento e protecção de albufeiras plano e da sua integração com os demais planos
naturais ou das orlas costeiras; territoriais.
e) de áreas de povoamento tradicional e de implan-
tação de áreas de repovoamento ou novos ARTIGO 49.º
povoamentos; (Elaboração)
f) de áreas reservadas aos fins de defesa e segurança
nacionais, incluindo as de delimitação e defesa 1. A decisão da elaboração de um plano especial é deter-
das fronteiras. minada pelo Conselho de Ministros, que define:
ARTIGO 47.º
a) os objectivos que se visam atingir;
(Conteúdo material)
b) âmbito territorial nacional do plano visado;
Os planos especiais nacionais devem, nos termos do c) o prazo de elaboração;
n.º 2 do artigo 34.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, conter d) interesses públicos e privados, nomeadamente das
as seguintes definições: populações rurais e urbanas atingidas ou que se
visam satisfazer e como tais, fazer participar na
a) identificação dos fins a que o plano se destina; elaboração do plano.
b) área territorial abrangida pelo plano definida pelas
províncias abrangidas ou considerada como 2. A elaboração dos planos especiais é centralmente
área-alvo dos efeitos do plano; dirigida pelo Governo através dos seus órgãos auxiliares,
c) identificação das directrizes das principais opções designadamente, a Comissão Interministerial de Ordena-
sobre a matéria em causa, cuja concretização mento do Território e do Urbanismo, sob iniciativa e coor-
especial se visa desenvolver com o plano espe- denação especializada do ministério que tutela o sector em
cial; que se integram as matérias e prossecução dos fins espe-
d) opções, objectivos e metas de médio e longo pra- ciais em causa, com suporte no órgão técnico central de
zos que o plano visa especialmente alcançar e ordenamento territorial, e a colaboração dos órgãos técnicos
desenvolver; das províncias e das autarquias locais mais directamente
e) acções de concretização dos objectivos especiais interessadas ou visadas.
definidos;
f) mecanismos ou modos de coordenação e inte- 3. A elaboração dos planos especiais deve ser acompa-
gração dos objectivos do plano especial com os nhada pelas entidades que executam projectos, programas
demais planos territoriais globais e sectoriais ou planos da administração pública noutros sectores e com
aplicáveis. implicações na área ou áreas compreendidas pelo plano
especial visado.
ARTIGO 48.º
(Conteúdo formal) ARTIGO 50.º
(Parecer da Comissão Consultiva Especial)
das condições de vida, nos termos regulados a) estudos contendo diagnóstico e enquadramento da
pelos artigos 16.º e seguintes do presente regu- caracterização biofísica da área territorial da
lamento geral; província, bem como a identificação dos objec-
d) directrizes especiais estratégias assumidas a nível tivos gerais e especiais visados pelos planos
provincial, para a localização e distribuição das nacionais a aplicar na província;
actividades económicas, em coordenação com b) relatório descritivo e analítico procedendo à deli-
as principais opções estratégicas e os planos mitação do quadro das directivas e opções
económicos nacionais e provinciais, ponde- estratégicas e demais condições, pressupostos e
rando e definindo as opções estratégicas para o medidas, referidas no artigo anterior, que
combate das assimetrias regionais; servem quer de suporte da fundamentação
e) directrizes especiais estratégicas, para a elabo- política e técnica quer de conjunto de orien-
ração de planos provinciais sectoriais e espe- tações intermédias, a nível provincial, para a
elaboração do plano provincial em causa e ainda
ciais, com relevância particular para a identifi-
do esquema de representação do modelo de
cação do estado de manutenção, criação e
organização espacial do território da província;
desenvolvimento das redes provinciais viárias e
e) peças gráficas, tais como cartas ou mapas geográ-
de infra-estruturas colectivas, programa de prio-
ficos, geológicos e plantas de identificação e
ridades para a restauração das mesmas e de
representação da respectiva área ou impacto ter-
demais construções e equipamentos dos centros
ritoriais das orientações assumidas, bem como
urbanos da província, identificação dos grandes
das áreas de domínio público sujeitas a condi-
empreendimentos públicos, de áreas de reservas cionamentos ou limites quanto ao livre uso e
agrícolas e florestais, reservas hídricas, reservas aproveitamento, designadamente das unidades
de protecção da fauna e flora selvagens e de do sistema natural, das áreas protegidas ou
áreas turísticas; reservadas à protecção da natureza, das orlas
f) medidas de coordenação, a nível provincial, das marítimas, das áreas mineiras, das reservas
directrizes dos planos nacionais, especiais e sec- agrárias e florestais, das áreas rurais povoadas e
toriais pré-existentes, com as do plano provin- despovoadas e dos centros urbanos da provín-
cial, bem como das directrizes destes com as dos cia, de acordo com as normas legais de classifi-
planos territoriais municipais e intermunicipais; cação e qualificação dos solos rurais e urbanos;
g) opções e grandes directrizes quanto à estratégia de c) regulamento integrando as normas de execução
execução dos planos territoriais, e em particular do plano e da sua integração com os demais
quanto à execução de operações de ordena- planos territoriais municipais;
mento, previstas nos artigos 35.º e seguintes, da d) programa de execução contendo disposições
Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, designadamente a indicativas sobre a execução de obras e empre-
classificação e qualificação dos solos da provín- endimentos públicos a realizar na província,
cia, afectação e desafectação do domínio bem como de demais acções necessárias e con-
público do Estado, transferências de terrenos do venientes para a boa e plena execução do plano,
domínio público do Estado para o domínio designadamente a identificação das fontes e
público da província e das autarquias locais, e estimativa de meios financeiros.
em particular para fins de concessão ou
ampliação de forais, demarcação e alinhamento ARTIGO 56.º
(Elaboração)
de terrenos, medidas preventivas e expropria-
ções por utilidade púbica de terrenos sob pro-
1. A elaboração dos planos provinciais é feita pelos
priedade privada, necessários à execução dos
órgãos técnicos provinciais, sob iniciativa do governador da
planos;
província, que define:
ARTIGO 55.º
(Conteúdo formal)
a) o objectivo estrutural do plano;
b) âmbito territorial com identificação da província
Os planos territoriais provinciais devem, nos termos do visada;
n.º 3 do artigo 34.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, ser c) o âmbito material global ou parcial, sectorial ou
constituídos pelas seguintes peças documentais obri- especial visado;
gatórias: d) o prazo de elaboração;
114 DIÁRIO DA REPÚBLICA
3. Em face do parecer previsto nos números anteriores, 2. Os planos interprovinciais definem as estratégias,
o governador provincial manda, em conformidade, conso- com incidência global ou parcial, do desenvolvimento da
lidar a versão final do texto que constitui a sua proposta ocupação espacial do território de duas ou mais províncias,
e que, desta feita, emite despacho concordando com a pro- em coordenação, harmonização e concretização das directi-
posta, remetendo-a ao ministro que tutela o ordenamento vas da estratégia nacional das principais opções, servindo
do território e do urbanismo para aprovação, no prazo de de quadro de referência intermédio, entre os planos
30 dias. nacionais e os planos provinciais das províncias abrangidas.
I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 115
órgão técnico central sob a tutela do ministério que tem a Nacional, no prazo de 30 dias, contados da data da sua
seu cargo o ordenamento do território, e ao qual aqueles se recepção, para averiguar da conformidade com as fontes
acham administrativa e tecnicamente subordinados nos aplicáveis e com as directivas dos planos nacionais de grau
termos dos artigos 50.º e 51.º daquela mesma lei. superior ou, na falta deles, com as directivas governamen-
tais produzidas para o plano provincial em causa.
3. Na falta de recursos humanos e técnicos dos órgãos
municipais, a elaboração é assegurada pelo órgão técnico 2. Findo o prazo referido no número anterior, a Comis-
provincial com o apoio e superintendência do órgão central são Interministerial de Ordenamento do Território e do
de ordenamento do território, conforme melhor e mais con- Urbanismo submete a proposta do plano intermunicipal
venientemente for definido pela resolução que aprovar a aprovado à ratificação do Governo a qual junta as suas
proposta de elaboração do plano intermunicipal. recomendações.
DIVISÃO II
1. Fixada a primeira versão do plano intermunicipal, Plano Director Geral
esta é remetida pelo órgão técnico provincial à Comissão
Consultiva Provincial para emitir, no prazo de 30 dias,
ARTIGO 71.º
o seu parecer, nos termos da alínea a) do n.º 1 e n.º 4 (Conceito e instrumentos supletivos )
do artigo 57.º e artigo 59.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho.
1. Os planos directores gerais são planos integrados
2. Na falta ou impossibilidade de constituição da Comis- das grandes cidades, dotados de unidade orgânica e cadas-
são Consultiva Provincial, o parecer previsto no n.º 1 é tral do território cujo espaço abranja áreas territoriais de
substituído pela participação no conjunto dos trabalhos téc- dois ou mais municípios contíguos, dotados de redes
nicos e preparatórios de representantes dos municípios e
integradas e comuns de infra-estruturas e de equipamentos
parceiros sociais locais, abrangidos pela área do plano inter-
colectivos.
municipal, colhendo-se a opinião e os interesses por eles
declarados ao longo da sua participação e que devem ser
2. Os instrumentos supletivos ou sucedâneos dos planos
reduzidos a escrito constando de documento em separado,
previstos no número anterior devem ser aprovados pelo
integrando o conteúdo formal do plano.
ministro que tutela o ordenamento do território e o urba-
3. Recebido o parecer previsto nos números anteriores, nismo.
o governador provincial manda, em conformidade, conso- ARTIGO 72.º
(Objectivos)
lidar a versão final do texto que constitui a sua proposta e
que, desta feita, nos termos da alínea a) do n.º 1 do
Os planos directores gerais visam articular em geral a
artigo 57.º e artigo 59.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho,
emite despacho concordando com a proposta, remetendo-a estratégia integrada de desenvolvimento do sistema urbano
ao ministro de tutela para aprovação, no prazo de 30 dias. e de garantia do equilíbrio e qualidade do ambiente e de
vida urbana no espaço integrado no perímetro urbano das
ARTIGO 70.º grandes cidades com alta densidade demográfica e com-
(Ratificação) plexidade de infra-estruturas, e em particular as seguintes
estratégias específicas:
1. Recebida a proposta, o Governo remete-a à Comissão
Interministerial de Ordenamento do Território e do Urba- a) a estratégia de implantação e expansão das redes
nismo que colhe os pareceres da Comissão Consultiva viárias, de acessos e de transportes colectivos;
118 DIÁRIO DA REPÚBLICA
a) em primeiro grau as do regime geral do processo 3. O plano director municipal representa o tipo central
de elaboração, aprovação, superintendência, dos planos globais.
acompanhamento e ratificação previsto nos arti-
gos 57.º a 60.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, 4. Os centros urbanos e rurais, designadamente povoa-
anteriores para os planos intermunicipais; ções e comunidades rurais cuja organização espacial e
cujos municípios em que se integram não tenham meios
b) em segundo grau, e na omissão do regime geral
técnicos de planeamento suficientes, podem adoptar apenas
previsto na alínea anterior, as disposições do
plantas de loteamento ou de zonamento ou outros instru-
regime aplicável aos planos directores munici-
mentos de organização da ocupação do espaço, seu lotea-
pais, em razão da especial adequação à natureza
mento e zonamento, compreendido nos respectivos períme-
da questão municipal ou urbanística em causa; tros urbanos ou comunitários rurais, que a despeito de não
c) em terceiro lugar o regime especial casuístico que obedecerem às regras sobre conteúdo material e formal,
for fixado por disposições contidas na reso- exigíveis, desempenham as mesmas funções de planos
lução prevista no n.º 1 anterior. parciais, urbanos ou rurais.
1. A afectação ao domínio público do Estado, da provín- 1. As operações de delimitação dos terrenos classifica-
cia ou do município de um terreno titulado sob regime dos e qualificados nos termos das disposições anteriores
de domínio privado, é pelos planos territoriais de grau devem ser executadas por meio da implantação de marcos
superior e fixada pelos planos municipais. no solo.
122 DIÁRIO DA REPÚBLICA
2. Nos termos e para os efeitos do disposto no n.º 3 do d) os interesses públicos e privados abrangidos ou
artigo 39.º da Lei n.º 9/04, de 9 de Novembro, os governos que se visam satisfazer e como tais, fazer parti-
provinciais, sob forma de posturas, regulamentam o regime cipar na elaboração do plano;
das operações de demarcação e alinhamento dos terrenos e) os órgãos envolvidos e meios técnicos, financeiros
confinantes, fixando designadamente os limites entre os disponibilizados, para apoio aos órgãos munici-
terrenos viários, demais espaços canais e os terrenos pais ou na falta destes ou de recursos humanos
urbanos, por meio de planos de alinhamento que contenham e técnicos municipais, os órgãos sucedâneos,
os traçados dos passeios para peões, as ruas, espaços verdes definidos nos termos previstos no n.º 3 seguinte;
e praças públicas, a respeitar na construção de prédios f) na omissão dos planos provinciais, as directivas
urbanos, bem como demais rodovias, ferrovias públicas, sobre medidas preventivas que deverão ser
intermunicipais, parques naturais ou ecológicos, terrenos tomadas nos casos de ocupação ilegal de ter-
comunitários e reservados e demarcação de fronteiras renos do domínio público do Estado ou do
territoriais, nacionais, interprovinciais e intermunicipais. município nos termos e para os efeitos do dis-
posto no n.º 2 do artigo 37.º da Lei n.º 3/04,
ARTIGO 86.º de 25 de Junho;
(Previsão de medidas preventivas) g) demais aspectos necessários e convenientes ao
processo de elaboração.
Na fase de elaboração, deverão ser ponderadas e estabe-
lecidas as medidas preventivas adiante reguladas, que se
2. Os planos municipais são elaborados, nos termos
afigurem necessárias à boa execução dos planos.
conjugados nos n.os 2 e 3 dos artigos 51.º e 59.º da Lei
n.º 3/04, de 25 de Junho, pelos órgãos técnicos municipais
ARTIGO 87.º
(Declaração de expropriações por utilidade pública)
que prestarão os serviços relativos à caracterização dos
elementos relativos ao município, e perspectivas evolutivas
1. Na fase de elaboração devem ser ponderados e da ocupação dos solos municipais, sob coordenação do
fixados os espaços terrenos do domínio privado em regime órgão técnico provincial que assegurará a coerência e fun-
de propriedade plena que se afigurem necessários à boa damentação técnica do plano em causa, sem prejuízo do
execução dos planos e que não pertencendo ao Estado ou apoio a ser prestado pelo órgão técnico central sob a tutela
ao município careçam de ser expropriados. do ministério que tem a seu cargo o ordenamento do
território e o urbanismo, e ao qual aqueles se acham admi-
2. Os planos municipais devem, para os efeitos do n.º 1 nistrativa e tecnicamente subordinados nos termos dos
anterior, declarar expressamente a utilidade pública dos artigos 51.º e 52.º daquela mesma lei.
terrenos para os efeitos legais de execução das respectivas
expropriações. Regime comum de elaboração, aprovação 3. Na falta de recursos humanos e técnicos dos órgãos
e ratificação municipais a elaboração será, em regra, assegurada pelo
ARTIGO 88.º órgão técnico provincial com o apoio e superintendência
(Elaboração dos planos municipais) do órgão central de ordenamento do território, conforme
melhor e mais convenientemente for definido pela postura
1. A elaboração dos planos municipais, quando não que aprovar a proposta de elaboração do plano municipal.
programada pelos planos provinciais ou interprovinciais, é
impulsionada por proposta decidida pelos órgãos munici- ARTIGO 89.º
pais, nos termos do respectivo e vigente regime administra- (Supervisão e acompanhamento)
Consultiva Provincial para que emitem no prazo de 30 dias 4. No caso de recusa de ratificação ela deve ser comuni-
os seus pareceres, nos termos do artigo 57.º e artigo 58.º cada ao Governo Provincial dentro do prazo previsto para a
da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho. sua ratificação, sob pena de findo o mesmo o silêncio valer
como ratificação tácita, nos termos do n.º 1 do artigo 57.º
2. É dispensável o parecer do órgão técnico provincial da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho.
nos casos em que a elaboração da primeira versão do plano
municipal tenha sido por ele assegurada, exclusiva ou DIVISÃO IV
dominantemente. Plano Director Municipal
ouvidos os competentes órgãos de planeamento territorial e 3. O regime dos planos de ordenamento rural, desig-
sem prejuízo da posterior integração nos planos respectivos nadamente os respectivos planos sectoriais e especiais, de
em sede da sua actualização ou revisão. pormenor, ou protecção de parques naturais e áreas protegi-
das poderá ser regulamentado especificamente por Decreto
ARTIGO 100.º do Governo, com vista a assegurar os poderes de inter-
(Perímetro urbano) venção específica dos Ministérios que tenham a seu cargo o
desenvolvimento rural, as minas e o petróleo, e do ambiente
1. A fixação dos perímetros dos centros urbanos é uma
em termos compatibilizados com as normas gerais do
operação urbanística que deve ser estabelecida pelos planos
processo de elaboração e execução dos planos municipais.
urbanísticos, integrando todos os solos que compreendem o
espaço territorial abrangido pelos centros urbanos.
4. Nos casos omissos é aplicável aos diversos tipos de
2. Os centros urbanos dotados de estatuto de cidade têm planos de ordenamento rural referidos no n.º 2 anterior, o
os seus perímetros urbanos definidos pelos respectivos regime dos correspondentes tipos específicos dos planos
forais. urbanísticos, com as devidas adaptações.
DIVISÃO VI
Planos de Ordenamento Rural
5. Os instrumentos supletivos ou sucedâneos dos planos
ARTIGO 101.º previstos no presente artigo deverão ser aprovados pelo
(Conceito) governador da província, ratificados, publicados e regista-
dos nos mesmos termos aplicáveis aos planos seus equiva-
1. Nos termos do artigo 33.º da Lei n.º 3/04, de
lentes para valerem como planos nos termos e para os
25 de Junho, os planos de ordenamento rural definem os
efeitos do artigo 154.º n.os 1 e 2 do presente regulamento
modelos de estruturação fundiária de parte dos solos muni-
geral.
cipais classificados e qualificados como solos rurais e da
evolução da ocupação humana e dos sistemas rurais e sis- ARTIGO 102.º
(Estrutura fundiária e classificação dos terrenos rurais)
temas naturais integrados nas áreas fora dos perímetros
urbanos, através da organização da ocupação espacial
1. Os terrenos rurais são os situados nas áreas fora dos
daqueles sistemas, em geral, e em especial, estabelecendo:
perímetros urbanos e destinam-se aos mais diversos tipos de
a) a definição dos terrenos comunitários em pro- aproveitamento económico e social, adequados à suas
tecção dos direitos fundiários das comunidades aptidões, designadamente fins agrários, de implantação de
rurais; instalações industriais, comerciais ou de exploração
b) a definição dos modelos de preservação e de mineira, bem como de ocupação habitacional, uso e fruição
evolução da ocupação espacial natural e agrícola e pecuária pelas comunidades rurais.
humana, designadamente a classificação e
qualificação fundiária rural, prevista na lei e no 2. Os terrenos rurais compreendem, para efeitos do
presente regulamento; planeamento territorial rural, as seguintes espécies:
c) a definição das reservas agrícolas, florestais e
ecológicas; a) terrenos rurais comunitários os que compreendi-
d) a estrutura das redes viárias municipais e nacio- dos nos perímetros comunitários rurais do ter-
nais, das infra-estruturas e equipamentos colec- ritório municipal, estão como tal qualificados
tivos que sirvam as povoações rurais e os espa- pelo plano director municipal ou equivalente,
ços canais em geral; como possuídos e fruídos pelas famílias das
e) a definição, na escala adequada, dos parâmetros, comunidades rurais locais, para fins habita-
índices e critérios de aproveitamento dos recur- cionais e de exercício da sua empresa familiar;
sos naturais em geral e dos solos agrícolas, com e como tal reconhecidos sob o regime consue-
vista a uma melhor qualidade do ambiente e da tudinário e os termos da Lei de Terras e dos
qualidade de vida rural. respectivos regulamentos;
b) terrenos rurais de povoamento os que compreendi-
2. A estruturação fundiária rural assenta nas operações dos nos perímetros comunitários rurais do ter-
da classificação fundamental e qualificação dos solos rurais ritório municipal, estão como tal qualificados
cuja fronteira com os solos urbanos tenha resultado da pelo plano director municipal, ou equivalente,
fixação dos perímetros urbanos e é completada, conforme como ocupados por povoações rurais de tipo
for o caso, pelas demais operações de ordenamento rural comercial, já implantadas, ou como reserva de
adequadas aos fins rurais concretamente visados. terrenos destinados pelo Estado ou autarquias
128 DIÁRIO DA REPÚBLICA
locais para os fins de assentamento de popu- b) fixação dos perímetros das reservas agrícolas e
lações, e criação de novas povoações rurais, nos florestais demarcadas pela qualificação dos
termos do regime de concessão de direitos solos rurais respectivos em função da definição
fundiários da Lei de Terras; da especial aptidão dos mesmos;
c) terrenos de cultura ou agrários os que são qualifi- c) implantação de vias e de infra-estruturas e equipa-
cados como aptos para cultura, designadamente, mentos colectivos necessários e adequados às
para o exercício de actividades agrícolas, necessidades colectivas das povoações rurais;
pecuárias e silvícolas, ao abrigo do regime de d) zonamento rural;
concessão de direitos fundiários previsto na Lei e) criação de novas povoações ou comunidades
de Terras; rurais com fins de povoamento dos espaços
d) terrenos florestais os qualificados como aptos rurais ou de reassentamento de populações
para o exercício da actividade de exploração de deslocadas;
florestas naturais, nos termos da Lei de Terras e f) reordenamento rural com fins de organização do
da legislação aplicável à exploração de recursos espaço rural em conformidade com as normas
naturais; de planeamento territorial rural e preservação
e) terrenos de instalação, os destinados à implantação dos valores do sistema rural;
de instalações mineiras, industriais ou agro- g) repovoamento rural com fins de promoção da
-industriais, nos termos da presente lei e da
reocupação e reorganização dos espaços de anti-
respectiva legislação aplicável ao exercício de
gas povoações rurais, em conformidade com as
actividades mineiras, petrolíferas e dos parques
normas de planeamento territorial rural e com o
industriais;
fim de combate da desertificação do mundo
f) terrenos viários, os declarados como afectos à
rural;
implantação de vias terrestres de comunicação,
h) florestação e reflorestação com fins de combate da
redes de abastecimento de água e electricidade,
desertificação dos solos, de preservação de
públicas ou privadas; nos termos da presente lei;
espécies florestais nativas, e de criação de
g) terrenos mineiros, os identificados como abri-
áreas de reservas agrícolas, florestais e ecoló-
gando áreas mineiras de pesquisa e exploração
gicas;
definidas, em função de elementos de estudo ou
i) explorações e estabelecimentos agrários, pecuá-
contratos mineiros, fornecidos pelas autoridades
rios, florestais e industriais, a serem regulados
de tutela das minas em geral e dos petróleos
em particular; de acordo com o presente regulamento geral e
h) terrenos reservados para fins de conservação da as disposições regulamentares das actividades
natureza e de constituição pelo Estado ou as agrárias e indústrias respectivas;
províncias de reservas ecológicas e de reservas j) pedreiras, saibreiras e outros parques ou explo-
agrícolas ou florestais nacionais ou locais rações mineiras estabelecidos de acordo com as
disposições regulamentares das leis mineira e
3. A qualificação específica dos terrenos compreendidos de petróleos, bem como de protecção do am-
nas alíneas do n.º 1 é feita pelos planos gerais de ordena- biente;
mento do território, e na sua falta, ou na omissão dos mes- k) áreas ou espaços naturais protegidos, estabeleci-
mos, casuisticamente, por decisão das diferentes autori- dos e organizados em conformidade com as
dades tutelares dos sectores de actividade em causa, compe- normas legais e regulamentares de protecção do
tentes em razão da matéria, nos termos das disposições ambiente e de conservação da natureza;
legais e regulamentares respectivamente aplicáveis. l) zonas e parques turísticos, estabelecidos de acordo
com as normas de protecção do ambiente e do
ARTIGO 103.º licenciamento das actividades turísticas.
(Operações de ordenamento rural)
a) fixação dos perímetros comunitários rurais que 3. A execução das operações de ordenamento rural será
compreenderão os limites dos terrenos comu- realizada nos mesmos termos supra previstos para as
nitários e dos terrenos rurais de povoações; operações urbanísticas, com as devidas adaptações.
I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 129
a) a definição e caracterização da área espacial visada, 2. Por despacho conjunto dos Ministros que tenham a
identificando, sempre que necessário, os valores seu cargo o Ordenamento do Território e o Desenvol-
naturais e culturais em causa e que merecem vimento Rural, poderão ser estabelecidos outros elementos
protecção; e documentos que devam integrar os planos de pormenor.
b) a definição da estrutura fundiária da área visada, e
as necessidades de preservação ou de transfor- DIVISÃO VIII
mação da mesma que, porventura se afigurem; Planos Sectoriais e Especiais Municipais
c) a descrição detalhada do espaço urbano ou rural,
através da definição dos diversos subtipos de ARTIGO 109.º
terrenos, e de espaços canais, alinhamentos, (Âmbito)
implantações, modelação dos terrenos, dis-
tribuição volumétrica, bem como a localização Os planos municipais, quer urbanísticos quer rurais,
dos equipamentos e infra-estruturas colectivas, podem ser sectoriais ou especiais, consoante o objecto de
espaços verdes, parques naturais e turísticos; incidência, nos termos regulados no presente diploma.
d) a distribuição de funções e definição de parâme-
tros urbanísticos e rurais, designadamente índi- ARTIGO 110.º
(Planos sectoriais: objecto)
ces, densidade populacional, densidade de
fogos, número de pisos, densidade de habita- 1. São planos sectoriais os que têm por objecto a especi-
ções rurais; ficação e aplicação de directivas dos planos sectoriais
e) indicadores relativos às cores e materiais a usar em nacionais e provinciais ou na omissão destes das directivas
termos de salvaguarda dos valores e culturais e dos planos directores municipais ou dos planos urbanísticos
padrões arquitectónicos nacionais e de integra- e de ordenamento rural relativas à determinada matéria da
ção na paisagem; organização do espaço municipal, relativa aos seguintes
f) as operações de demolição, conservação e reabili- sectores de actividades:
tação das construções existentes na área visada;
g) a definição do sistema de execução do plano que a) abastecimento de águas;
se visa aplicar na área em causa, bem como do b) saneamento básico;
respectivo programa de execução. c) tratamento de efluentes sólidos e líquidos;
d) energia;
2. Por deliberação da autoridade local competente para e) minas;
aprovação da elaboração, o plano de pormenor poderá f) administração pública local;
adoptar outras designações específicas que identifiquem o g) saúde;
seu objecto especializado em função da particular natureza h) educação e cultura;
dos detalhes que se visam ordenar e executar. i) habitação;
j) indústria;
ARTIGO 108.º k) turismo, comércio e serviços.
(Conteúdo formal)
1. O plano de pormenor deve ser integrado pelas 2. Aos planos municipais sectoriais é aplicável o regime
seguintes peças documentais: geral dos planos municipais e nas omissões deste, o regime
dos planos de pormenor, com as devidas adaptações, salvo
a) planta de implantação do plano; se outro não for o regime especial estabelecido nos termos
b) planta de condicionantes que identifique as servi- do n.º 2 seguinte.
dões e restrições de utilidade pública em vigor
que possam constituir limitações ao aprovei- 3. Por despacho conjunto dos Ministros que tenham a
tamento do espaço e demais peças escritas e seu cargo o ordenamento do território e o sector de activi-
desenhadas que sustentem as operações de dade objecto do plano municipal sectorial, poderá ser regu-
transformação fundiária previstas, designada- lamentado aspectos particulares do seu regime que relevem
mente para efeitos de registo predial; da natureza especial da actividade sectorial em causa.
h) regulamento contendo as normas de execução do
ARTIGO 111.º
plano e da sua integração com os demais planos (Planos especiais)
municipais;
c) relatório de fundamentação técnica e legal das 1. São planos especiais os que têm por objecto a especi-
opções adoptadas; ficação e aplicação de directivas dos planos sectoriais
d) programa de execução das acções e obras previs- nacionais e provinciais ou, na omissão destes, das directivas
tas e dos meios de financiamento. relativas ao desenvolvimento da estratégia espacial munici-
I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 131
2. São planos municipais especiais, os relativos à a) novos dados ou perspectivas de evolução da situa-
implantação designadamente: ção económica e social diferentes dos subja-
centes à data da elaboração e aprovação do
a) de áreas ou parques de reservas agrárias, silvíco- plano em causa e relativos à respectiva área
las e florestais com classificação e qualificação espacial de aplicação;
dos solos e medidas para a sua protecção; b) ratificação de planos municipais ou outros de grau
b) de áreas ou parques naturais de protecção da flora superior cujos termos não se conforme com o
e fauna selvagens; plano em causa;
c) de áreas mineiras ou parques de exploração e pro- c) novas leis e regulamentos cujas disposições con-
dução mineira, com integração de medidas de trariem as directivas do plano em causa, ou que
protecção do ambiente, dos recursos naturais e estabeleçam servidões administrativas ou
dos direitos das populações circundantes; restrições de utilidade pública que obstem ou de
d) de áreas de ordenamento e protecção de albufeiras qualquer outro modo limitem a execução do
naturais ou das orlas costeiras; mesmo plano.
e) de áreas de povoamento tradicional e de implan-
tação de áreas de reassentamento de populações ARTIGO 114.º
deslocadas ou novas povoações; (Revisão)
ARTIGO 118.º
Os órgãos políticos a nível nacional são:
(Publicação no Diário da República)
a) a Assembleia Nacional, cujas competências são as
1. São publicados na 1.ª série do Diário da República: definidas pelo artigo 44.º da Lei n.º 3/04, de
25 de Junho;
a) a lei que aprova as principais opções do ordena- b) o Governo cujas competências são definidas pelo
mento do território; artigo 45.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho;
b) as resoluções do Conselho de Ministros que rati- c) a Comissão Interministerial de Ordenamento do
ficam os planos territoriais, bem como as Território e do Urbanismo, como órgão auxiliar
medidas preventivas aprovadas pelas instâncias do Governo cujas competências delegadas são
competentes, nos termos do presente regula- as fixadas por resolução do Conselho de
mento geral; Ministros, nos termos do n.º 3 do artigo 46.º
c) os despachos dos governadores provinciais pro- da Lei nº 3/04, de 25 de Junho e do presente
feridos no processo de elaboração dos planos regulamento geral.
provinciais e municipais, nos termos do pre-
sente regulamento geral.
ARTIGO 122.º
(Órgãos político-administrativos locais)
2. São publicados na 2.ª série do Diário da República 1. Os órgãos político-administrativos a nível provincial
as deliberações dos órgãos autárquicos, que nos termos do e local são:
presente regulamento geral e da respectiva legislação
aplicável, forem proferidos para decidir a promoção de a) o governador provincial, nos termos das atri-
elaboração do plano municipal, bem como a aprovação da buições e competências de intervenção provin-
versão elaborada para ser sujeita à aprovação das instâncias cial previstas nas disposições do presente regu-
hierarquicamente superiores. lamento geral relativas aos planos provinciais
e municipais, conjugadas com as disposições
ARTIGO 119.º aplicáveis dos regulamentos dos governos das
(Outros meios de publicidade) províncias, em matéria de atribuições e com-
petências, designadamente os artigos 2.º alíneas
1. Para além da publicação no Diário da República, os g), i), r), s) e z) e 5.º alíneas a) a d) e r) do
planos territoriais de âmbito nacional e provincial deverão Decreto n.º 27/00, de 19 de Maio;
ser divulgados pelos órgãos de comunicação social de b) o administrador municipal nos termos das atri-
âmbito nacional e provincial respectivamente. buições e competências de intervenção muni-
cipal previstas nas disposições do presente
2. Os planos municipais, para além da publicação no regulamento relativas aos planos municipais,
Diário da República, devem ser publicitados através dos conjugadas com as disposições aplicáveis dos
meios de comunicação social que a autarquia local dispor, regulamentos das administrações dos municí-
designadamente, em boletins municipais, se os houver, ou pios, designadamente os artigos 42.º alíneas a),
pela simples publicitação na respectiva sede em termos h), m) a q), t) e z), 45.º e 55.º alíneas a), b ), k),
que garanta a livre consulta pelos particulares interessados. e o) a r) do Decreto n.º 27/00, de 19 de Maio;
I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 133
2. O quadro orgânico e a competência dos órgãos políti- c) representantes do Conselho Nacional de Concer-
cos e administrativos locais de planeamento territorial esta- tação Social;
belecido no n.º 1 é aplicável enquanto não vigorar o actual d) representantes de associações ambientais, empre-
regime geral e regulamentar da administração das provín- sariais ou de mercado, e de outras entidades
cias e dos municípios, devendo, na oportunidade, ser alte- civis complementar e casuisticamente designa-
rado e regulamentado em conformidade com o que for esta- dos em função da actividade especial ou secto-
belecido em termos de regime de autonomia das autarquias rial subjacente ao plano em causa, pela Comis-
locais. são Interministerial de Ordenamento do Terri-
ARTIGO 123.º tório e do Urbanismo.
(Órgãos técnicos)
3. Os critérios definidores da representação participativa
1. Os órgãos técnicos central, provinciais e locais de previstos no n.º 2 anterior são aplicáveis à composição das
planeamento territorial, previstos nos artigos 47.º, 48.º, 49.º Comissões Consultivas Municipais, com as devidas adap-
e 50.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, são objecto de regu- tações às condições locais, conforme for definido por
lamentação especial complementar à presente, a promover, instruções da Comissão Interministerial de Ordenamento do
nos termos do artigo 124.º, pelo Ministério que tiver a seu Território e do Urbanismo.
cargo o ordenamento do território em conformidade
com o respectivo estatuto orgânico e sob a coordenação da ARTIGO 125.º
Comissão Interministerial de Ordenamento do Território (Regulamentação dos órgãos)
e do Urbanismo.
1. O regime de funcionamento dos órgãos de planea-
2. O disposto no n.º 1 não prejudica a aplicação do mento territorial será objecto de regulamentação própria
n.º 2 do artigo 125.º para o período de transição aí referido. definida ou a implementar gradualmente a vários níveis
progressivos, nos termos seguintes:
ARTIGO 124.º
(Órgãos participativos) a) a nível do Ministério da tutela de Ordenamento do
Território consagrado pelo Decreto-Lei n.º 4/03,
1. Os órgãos participativos de planeamento territorial de 9 de Maio, que aprova o estatuto orgânico do
são: Ministério do Urbanismo e Ambiente;
b) a nível do órgão técnico central de planeamento
a) a nível nacional, a Comissão Consultiva Nacional
territorial consagrado pelo Decreto n.º 119/03,
de Ordenamento do Território e do Urbanismo;
de 21 de Maio, que aprova o estatuto orgânico
b) a nível provincial as Comissões Consultivas Pro-
e de funcionamento do Instituto Nacional de
vinciais de Ordenamento do Território e do
Ordenamento do Território e Desenvolvimento
Urbanismo;
Urbano (INOTU);
c) a nível municipal as Comissões Consultivas Muni-
c) a nível do órgão técnico nacional encarregado de
cipais de Ordenamento do Território.
administrar os serviços cartográficos e cadas-
trais cujo estatuto orgânico do Instituto Geográ-
2. A composição dos órgãos participativos nacionais e
fico e Cadastral de Angola está aprovado pelo
provinciais, deverá, com as devidas adaptações nos termos
Decreto n.º 94/03, de 14 de Outubro;
das alíneas a) e b) do n.º 4 do artigo 43.º da Lei n.º 3/04,
d) regulamentos orgânicos e de funcionamento dos
de 25 de Junho, integrar representantes das seguintes
órgãos técnicos sectoriais, sua articulação com
entidades:
o órgão técnico central e os departamentos sec-
a) ministérios ou departamentos ministeriais cuja toriais da Administração Pública Central,
acção tenha impacto territorial, a serem desig- Provincial e Local em que se integrem;
nados pela Comissão Interministerial de Orde- e) legislação geral e regulamentar das autarquias
namento do Território, em função de natureza locais, ao abrigo da qual forem definidas as
global, sectorial ou especial do plano em causa; atribuições e competências de autonomia
b) representantes das associações nacionais ou pro- administrativa e financeira das autarquias
vinciais de municípios quando as houver e na locais.
sua falta, representantes dos poderes locais
designados segundo instruções emitidas pela 2. Nos termos do n.º 5 do artigo 43.º da Lei n.º 3/04,
Comissão Interministerial de Ordenamento do de 25 de Junho, durante o período que mediar entre a
Território e do Urbanismo; entrada em vigor do presente regulamento geral e a dos
134 DIÁRIO DA REPÚBLICA
diplomas e regulamentos discriminados nas alíneas a) a e) c) risco de alteração das circunstâncias e caracterís-
do n.º 1 anterior, o funcionamento dos órgãos de planea- ticas ou condições de facto que ponham em
mento territorial será orientado pelas disposições da lei de perigo a segurança e saúde das populações e
bases gerais, do presente regulamento geral e as instruções apele pela execução urgente de uma ou mais
emitidas pelo Governo directamente ou através de poderes operações de ordenamento ou empreendimento
delegados na Comissão Interministerial de Ordenamento de construção adequados à salvaguarda aqueles
do Território e do Urbanismo a nível nacional e pelos interesses.
governadores provinciais a nível provincial e local, de
acordo com o regime da administração pública provincial e ARTIGO 128.º
local que estiver em vigor. (Objecto e regime)
As medidas preventivas devem sustentar-se, num ou 3. Nas áreas abrangidas por medidas preventivas fica
mais dos seguintes fundamentos relativos ao âmbito territo- também suspensa a concessão de novas licenças de opera-
rial visado: ções de loteamento, zonamento ou de novas obras de
construção ou reconstrução.
a) risco de alteração das circunstâncias e caracterís-
ticas ou condições de factos que possam limitar 4. São excluídas do âmbito das medidas preventivas a
a liberdade de planeamento territorial de acordo aplicar apenas as acções ou actividades validamente autori-
com as normas técnicas de planeamento e edifi- zadas antes da sua entrada em vigor, salvo em casos excep-
cação; cionais, em que tais acções prejudiquem de forma grave e
b) risco de alteração das circunstâncias e caracterís- irreversível a execução do plano, operação ou obra.
ticas ou condições de factos que comprometam
ou tornem mais onerosa a execução de um plano 5. Nos demais aspectos do regime de prazo, execução
territorial ou empreendimento de interesse e cessação das medidas preventivas aplicam-se as normas
público e colectivo; dos n.os 4 a 8 do artigo 40.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho.
I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 135
SECÇÃO I
1. A delimitação de unidades de execução consiste na
Princípios, Sistemas e Instrumentos de Execução fixação em planta cadastral dos limites físicos da área a
sujeitar a intervenção urbanística e com identificação de
ARTIGO 129.º todos os terrenos ou prédios abrangidos.
(Princípio da execução programada)
2. A execução dos planos municipais deve ser realizada 3. As unidades de execução devem ser delimitadas de
de acordo com os programas de execução neles previstos e modo a garantir um desenvolvimento equilibrado e harmo-
os sistemas, as operações de ordenamento gerais e espe- nioso e a justa distribuição dos benefícios e encargos pelos
ciais, urbanísticas e rurais, bem como demais normas conti- titulares de direitos sobre os terrenos abrangidos pelo plano
das nas disposições do presente regulamento. urbanístico a executar, devendo integrar as áreas a afectar a
espaços e vias públicas e a equipamentos ou infra-estruturas
ARTIGO 130.º colectivas previstos nos planos.
(Princípio da execução coordenada)
4. As unidades de execução podem corresponder a uma
A execução dos planos municipais deve ser coordenada área de intervenção urbanística ainda não coberta por um
com as entidades públicas e privadas que, em razão dos sis- plano urbanístico, a uma unidade operativa de planeamento
temas de execução adoptados, da natureza das operações de e gestão, à área abrangida por um plano de pormenor, ou a
ordenamento e dos instrumentos e normas de execução parte desta.
aplicáveis, directa ou indirectamente, estão vinculados ou
concorrem para a boa realização das operações gerais, 5. Na falta de plano urbanístico da área global de inter-
urbanísticas ou de ordenamento rural, e das obras de infra- venção ou na falta de plano de pormenor deverá a autori-
-estruturas e de equipamentos colectivos, de acordo com dade pública conferir as directivas de planeamento apli-
os objectivos programáticos. cáveis que servirão de instrumentos sucedâneos dos planos
ou sugerir às entidades que se propõem executar as
ARTIGO 131.º operações urbanísticas a apresentação de propostas de
(Sistemas de execução dos planos) planeamento urbanístico para a área de intervenção visada.
zação e edificação e operações de expansão urbana ou de a) concessão dos serviços de elaboração dos projec-
implantação de novos centros urbanos e de habitações e tos de planos urbanísticos requeridos pela inter-
edifícios de apoio e de serviços. venção visada, nos casos em que estes não
estejam previamente elaborados e aprovados;
2. O sistema de concessão urbanística visa, pelas suas
b) concessão de obras de edificação de habitações
características específicas, realizar de forma integrada e
sociais a cargo do Estado, a implantar nas
descentralizada os seguintes fins:
unidades de execução abrangidas, de acordo
a) a descompressão dos grandes centros urbanos e a com os planos aprovados;
melhoria da qualidade de vida; c) concessão de obras de restauração e de serviços de
b) a expansão urbana ordenada e a eliminação pro- gestão e alienação de imóveis de habitação
gressiva das áreas degradadas; social ou outros que sejam propriedade do
c) a implantação de novos centros urbanos de peque- Estado, ao abrigo da legislação aplicável às
na e média dimensão na proximidade dos gran- habitações sociais e aos imóveis do Estado;
des centros; d) concessão de direitos de preferência na aquisição
d) a reabilitação urbana de vias, equipamentos e de imóveis do Estado, nos termos da legisla-
infra-estruturas degradadas, bem como de edifí- ção aplicável à sua privatização, para fins de
cios que sejam propriedade do Estado; fomento habitacional e económico.
e) o fomento da habitação e em particular da habi-
tação social; ARTIGO 141.º
f) o fomento do empresariado privado angolano com (Âmbito subjectivo da concessão urbanística)
incidência nos sectores da actividade urbanísti-
ca, de edificação e gestão imobiliária e a sua 1. Nos termos e para os efeitos das normas da presente
participação no fomento habitacional e econó- subsecção são considerados concessionários urbanísticos,
mico em geral. as empresas angolanas, regularmente constituídas e licen-
ciadas para a prossecução de actividades de construção
ARTIGO 140.º
(Âmbito objectivo da concessão urbanística) civil, como tal, definidas e dotadas dos requisitos do esta-
tuto de fomento do empresariado privado angolano, nos
1. O âmbito da concessão urbanística compreende: termos da Lei n.º 14/03, de 18 de Julho.
a) concessão de direitos sobre os terrenos abrangidos
pelo plano ou intervenção urbanística visada, 2. As empresas angolanas beneficiárias do presente
nos termos e de acordo com as competências estatuto de concessionárias urbanísticas poderão, nas
previstas na Lei de Terras, em função da área candidaturas ou propostas de execução de projectos, planos
requerida para o projecto de intervenção urba- ou operações urbanísticas e para a garantia de boa exe-
nística; cução:
b) concessão das obras de execução das operações de
urbanização compreendidas na unidade ou a) celebrar acordos de cooperação técnica ou aná-
unidades de execução, incluindo as obras de loga e ou financeira associada com outras
construção de novas vias de acesso à área a empresas congéneres nacionais ou estrangeiras,
urbanizar e de ligação a outros centros urbanos, desde que não impliquem a transferência de
infra-estruturas de saneamento básico, abasteci- direitos e privilégios fundiários e imobiliários
mento de água e equipamentos colectivos; concedidos exclusivamente ao abrigo do esta-
c) concessão de poderes excepcionais da função e tuto de fomento de empresas angolanas;
autoridade pública urbanística, inclusive, de b) consorciar-se com outras empresas angolanas de
gestão urbana e gestão de serviços públicos em construção civil ou de gestão imobiliária, que
regime definitivo ou transitório, determinado gozem do mesmo estatuto de fomento empre-
pela precariedade duradoura ou transitória dos sarial privado.
recursos técnicos e humanos locais, nos termos
que melhor convierem em cada caso e se fixa- ARTIGO 142.º
rem no respectivo contrato. (Duração das concessões urbanísticas)
2. O contrato de concessão urbanística poderá eventual As concessões urbanísticas podem, em razão da maior
e cumulativamente compreender, conforme os casos uma ou menor grandeza do projecto e extensão da área a
ou mais das seguintes obras ou serviços: urbanizar, ter as seguintes durações mínimas e máximas:
138 DIÁRIO DA REPÚBLICA
a) de três a sete anos para os projectos de expansão b) ao Governo Provincial quando abranger a consti-
e reconversão urbana de pequena e baixa média tuição de direitos fundiários sobre terrenos
dimensão; urbanos, de acordo com os planos urbanísticos
b) de sete a 15 anos para projectos de expansão, e os loteamentos aprovados, nos termos da
reconversão urbana e implantação de pequenos alínea b) do n.º 1, do artigo 67.º, da Lei n.º 9/04,
centros urbanos, de média dimensão; de 9 de Novembro.
c) superior a 15 anos para projectos de implantação
de cidades novas de alta e média dimensão. 3. O requerimento deve ser acompanhado do programa
de actuação e seus elementos integrantes.
ARTIGO 143.º
(Processo de concessão urbanística) 4. Recebido o requerimento e uma vez feita a apreciação
preliminar da proposta, e no caso de o projecto ser consi-
1. O processo de formação do contrato de concessão derado de interesse público e o processo se achar incom-
urbanística é impulsionado por requerimento da empresa pleto o proponente será notificado para completar os
angolana dotada dos requisitos fixados no artigo anterior e elementos em falta ou juntar outros, na circunstância do
que apresentando-se como agente promotor urbanístico, caso, considerados necessários e convenientes.
deve:
5. Completado o processo, o proponente é notificado do
a) apresentar a sua proposta de anteprojecto de urba- início das negociações e consolidação das condições, bene-
nização e especificação da sua natureza e gran- fícios e encargos das partes, com vista à formação do
deza, bem como de outras vertentes cumulati- contrato de concessão, devendo do facto ser dada a devida
vamente integradas no mesmo projecto, desig- publicidade.
nadamente, indicações quantitativas e qualitati-
6. São publicados éditos no sentido de dar conheci-
vas relativas à carga de edifícios a construir, à
mento público do projecto e de em prazo a fixar, propor-
respectiva gestão e venda imobiliária no mer-
cionar às pessoas que se julguem porventura lesadas com a
cado;
eventual execução do mesmo, em razão de direitos
b) indicar a área de terrenos abrangidos pela implan-
fundiários pré-constituídos, a oportunidade de poderem
tação do projecto ou projectos urbanísticos e o
reclamar e reivindicar os seus direitos, por via negocial ou
tipo de direitos fundiários cuja concessão requer
judicial.
para si o efeito de edificação;
c) indicar a existência ou inexistência de plano 7. Esgotado o prazo da publicação dos éditos, e conso-
urbanístico aprovado para a área visada; lidado consenso sobre as condições contratuais, o contrato
d) indicar a unidade ou unidades de execução do de concessão será aprovado, conforme for o caso, por
anteprojecto e suas operações urbanísticas, resolução do Conselho de Ministros ou despacho do
áreas de edificação e principais características Governo Provincial que são publicadas no Diário da
genéricas. República.
ARTIGO 144.º
2. O requerimento deve ser apresentado às seguintes (Programa de actuação urbanística)
autoridades competentes para a concessão dos terrenos,
em razão da grandeza da área requerida, nos termos do O programa de actuação deve conter as menções gerais
artigo 58.º da Lei n.º 9/04, de 9 de Novembro: fixadas no artigo 132.º e anexar os seguintes elementos
documentais:
a) ao Conselho de Ministros, quando abranger a
constituição de direitos fundiários sobre bens do a) memória descritiva do anteprojecto de urbaniza-
domínio público ou direitos fundiários sobre ção e de edificação com demonstração da sua
terrenos rurais com área superior a 10 000 hec- viabilidade técnica, económica e financeira, a
tares, destinados a urbanização, não cobertos qual deverá conter a previsão dos custos com as
por plano urbanístico, bem como a transmissão obras de urbanização, e das vias propostas de
de terrenos do domínio público para o domínio cobertura financeira possível das respectivas
privado do Estado e a concessão de foral a novo despesas, com indicação de eventuais parcerias
centro urbano, nos termos do artigo 66.º n.º 1 associadas, bem como da distribuição de bene-
alíneas b), c) e d) e n.º 2 da Lei n.º 9/04, fícios e encargos entre o promotor, o Estado e as
de 9 de Novembro; partes associadas;
I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 139
ARTIGO 146.º
3. Os direitos e obrigações das partes são definidos por
(Contrato de compensação)
contrato ao qual podem aderir eventualmente outras enti-
dades interessadas na execução do plano, ainda que não
1. Os procedimentos de compensação podem ser impul-
sejam proprietárias dos terrenos abrangidos.
sionados quer por iniciativa dos órgãos territorialmente
competentes da administração pública, do planeamento
SECÇÃO II
urbanístico quer por propostas do titular ou titulares dos Outros Instrumentos de Execução dos Planos
terrenos, que desta feita, no caso de serem vários, deverão,
designar de entre si, um ou mais representantes legalmente ARTIGO 148.º
constituídos para participarem nas negociações. (Direito de preferência)
2. Nos processos com vista a formação de um contrato 1. Relativamente solos urbanos ou rurais que devam ser
de compensação as partes devem constituir e aprovar um objecto de operações de ordenamento previstas nos planos
projecto de compensação, podendo facultativamente cons- municipais ou equivalentes, e sejam objecto de direitos
tituírem um órgão e ou um fundo de compensação a integrar fundiários titulados pelos particulares, nos termos da Lei de
o programa de actuação. Solos, o Estado e as autarquias locais têm direito de prefe-
140 DIÁRIO DA REPÚBLICA
2. O direito de preferência pode ser exercido com a As normas da presente secção inerentes à execução dos
declaração de não aceitação do preço acordado entre os par- planos urbanísticos são aplicáveis, com as devidas adap-
tações à natureza das respectivas operações, à execução dos
ticulares.
planos de ordenamento rural.
3. No caso referido n.º 2 anterior o preço a pagar é
SECÇÃO III
fixado nos termos previstos para o processo de expropria- Da Avaliação
ção litigiosa, com as necessárias adaptações e proporcional-
mente ao tipo de direito fundiário transmitido, consoante se ARTIGO 151.º
trate de propriedade plena ou de domínio útil. (Acompanhamento e avaliação)
4. O preferente pode desistir da aquisição mediante noti- 1. Os órgãos nacionais, provinciais e municipais de
ficação às partes. planeamento territorial devem acompanhar e proceder a
uma avaliação periódica da consecução dos objectivos e do
ARTIGO 149.º
(Reparcelamento) cumprimento das directivas, critérios e parâmetros con-
sagrados pelos planos territoriais, prestando todas as infor-
1. O reparcelamento dos terrenos é a operação de orde- mações e elaborando relatórios de execução ao órgão cen-
namento composta por uma operação de agrupamento dos tral.
terrenos localizados dentro dos perímetros urbano ou comu-
nitário rural, delimitados no plano municipal ou equiva- 2. O órgão técnico central de planeamento territorial
lente, em causa, a que se segue uma operação de divisão dos deve, nos termos conjugados da alínea a) do artigo 47.º e do
mesmos, já ajustada aos objectivos e imperativos da exe- artigo 66. º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, organizar e man-
cução do plano, com a adjudicação de lotes resultantes aos ter um serviço central de acompanhamento e avaliação do
primitivos titulares de direitos fundiários sobre eles. sistema nacional de planeamento territorial, através da
recolha e gestão das informações e dados estatísticos, técni-
2. Os objectivos do reparcelamento são: cos e de outra relevante natureza, sobre os planos territo-
riais e a concretização das suas fases de elaboração, alte-
ração, revisão e execução.
a) adaptar e conformar a configuração existente dos
terrenos abrangidos pelos perímetros urbanos
3. O Governo ou por delegação de poderes a Comissão
ou rurais às directrizes de ocupação espacial
Interministerial de Ordenamento do Território e do Urba-
determinadas pelo plano territorial;
nismo aprova instruções destinadas a assegurar a eficácia e
b) identificar as áreas que os titulares de direitos
eficiência do sistema nacional de acompanhamento e ava-
fundiários sobre os terrenos abrangidos têm
liação dos planos territoriais em todo o território nacional.
que obrigatoriamente ceder para implantação
de infra-estruturas e equipamentos colectivos e
ARTIGO 152.º
espaços públicos; (Relatórios)
c) proceder e garantir a distribuição justa e equita-
tiva dos benefícios e encargos resultantes da 1. Para efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 64.º da Lei
execução do plano. n.º 3/04, de 25 de Junho, a Comissão Interministerial de
Ordenamento do Território e do Urbanismo por delegação
3. A operação de reparcelamento pode ser da iniciativa do Governo, promove e coordena os trabalhos preparatórios
dos proprietários como da autoridade local de planeamento do relatório quadrienal do estado do ordenamento do ter-
territorial, ou resultar de concertação entre as partes pri- ritório que o Governo deve apresentar à apreciação da
vadas e públicas, devendo ser licenciada ou aprovada pela Assembleia Nacional.
mesma autoridade pública, conforme for o caso.
2. Para efeitos do disposto no n.º 2 do artigo 64.º da Lei
4. Os Governos Provinciais podem regulamentar por n.º 3/04, de 25 de Junho, os órgãos técnicos provinciais de
posturas os demais aspectos das operações de reparcela- planeamento promoverão e coordenarão os trabalhos
mento que se mostrarem convenientes. preparatórios do relatório quadrienal que os Governos
I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 141
Provinciais devem apresentar, à apreciação do Governo, da existência, na área territorial em causa, de condições
com a necessária antecedência, em termos que possam ser orgânico-administrativas, técnicas e materiais de con-
integrados como elementos de apreciação nos trabalhos cretização do planeamento territorial, aplicam-se directa-
preparatórios do Relatório do Governo. mente apenas aos municípios que detenham tais condições
e às fases de elaboração, aprovação, execução, alteração,
3. Nos termos e para os efeitos conjugados do disposto revisão, suspensão, e avaliação de qualquer plano territo-
no n.º 3 do artigo 64.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, e do rial.
n.º 2 anterior os órgãos técnicos municipais, ou na sua falta,
ou insuficiência de recursos técnicos e humanos, os órgãos 4. Enquanto não forem elaborados e aprovados os
técnicos da respectiva província, promoverão os trabalhos planos territoriais de grau hierárquico superior, a elaboração
preparatórios do relatório quadrienal que os administra- de planos territoriais e urbanísticos de grau inferior é orien-
dores municipais devem apresentar ao Governo Provincial, tada pelas instruções gerais do Governo transmitidas e
com a necessária antecedência, em termos que possam ser controladas pelo Instituto Nacional de Ordenamento do Ter-
integrados como elementos de apreciação nos trabalhos ritório e Desenvolvimento Urbano.
preparatórios do relatório do Governo Provincial, previsto
no n.º 2 anterior. ARTIGO 155.º
(Normas subsidiárias e instrumentos supletivos de planeamento)
ARTIGO 153.º
(Avaliação e propostas de alteração dos planos)
1. Para além das normas do presente regulamento cuja
A avaliação pode detectar causas que fundamentem a aplicação directa careça da mediação de outras normas
alteração dos planos territoriais, devendo, no caso, apresen- regulamentares, nele previstas ou não, a interpretação e
tar às competentes autoridades do planeamento territorial aplicação das normas do presente regulamento geral, em
propostas de alteração dos mesmos, para os efeitos regula- razão de casos omissos ou de questões emergentes das
mentares do regime de alteração, em termos de melhor con- limitações e especificidades das condições locais de cada
secução dos objectivos de médio e longo prazos dos planos província ou cada município, é subsidiariamente orientada
e correcção de desvios ou desequilíbrios verificados nos por instruções do Governo ou por delegação de poderes, a
sistemas natural, rural ou urbano. aprovar pela Comissão Interministerial de Ordenamento do
Território e do Urbanismo, em termos que possam dotar
CAPÍTULO VI todos os municípios de planos territoriais ou de instru-
Normas Supletivas, Transitórias e Finais mentos sucedâneos.
2. Enquanto não se alcançar a plena implantação das 3. São instrumentos supletivos dos planos territoriais e
condições orgânico-administrativas, técnicas e materiais de urbanísticos, uma vez aprovados pelo governador de
concretização do planeamento territorial, em todo o ter- província e ratificados pelo Governo para valer como
ritório nacional, a elaboração e execução de planos territo- planos:
riais deve ser realizada apenas nas províncias e municípios
que detenham essas condições aplicando-se aos demais a) os projectos de planos territoriais ou urbanísticos
casos as normas subsidiárias e os instrumentos supletivos ou instrumentos sucedâneos mais rudimentares,
previstos no presente diploma. elaborados por entidades técnicas públicas ou
privadas, sob solicitação dos Governos Central
3. As normas constantes do presente regulamento geral ou das Províncias, ainda que não tenham seguido
que sejam directamente exequíveis, em razão não só da sua a tramitação regulamentar do respectivo pro-
natureza intrínseca mas também e sobretudo da verificação cesso de elaboração;
142 DIÁRIO DA REPÚBLICA
b) as instruções e demais directivas gerais ou especi- 2. O órgão técnico central referido no n.º 1 anterior e no
ais formalmente emitidas aos órgãos de elabo- artigo 47.º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, e os institutos
ração e de execução dos planos pelos dos públicos que servem de órgãos técnicos de determinadas
Governos Central e das Províncias, em razão províncias, nos termos do n.º 2 do artigo 125.º anterior, por
das respectivas competências territoriais, bem razões de escassez e máximo aproveitamento dos recursos
como as contidas nos contratos de concessão técnicos e humanos disponíveis, podem concertar procedi-
ou de concertação urbanísticas; mentos de cooperação subsidiária às respectivas funções.
c) as plantas ou cartas de identificação e represen-
tação da área territorial ou outros instrumentos 3. Os quadros técnicos concentrados no serviço referido
rudimentares análogos de ordenamento espacial no n.º 1 anterior, são, de acordo com um programa de for-
das povoações. mação, gradualmente desconcentrados nos órgãos técnicos
provinciais e municipais do planeamento territorial, em
4. Os centros urbanos e demais povoações que durante ordem à sua implantação e provimento dos respectivos
muito longo prazo não disponham de planos urbanísticos lugares de forma consolidada.
aprovados nem de órgãos para a sua elaboração regem-se
por instrumentos supletivos, designadamente, cartas e plan- ARTIGO 158.º
(Regime da administração local e do planeamento territorial)
tas de ordenamento espacial e as instruções emitidas pelos
respectivos órgãos provinciais.
Até a institucionalização do novo quadro legal das
autarquias locais, as competências que ora se atribuem aos
ARTIGO 156.º
(Elaboração e aprovação discricionária de planos) municípios são exercidas pelos competentes órgãos dos
Governos Provinciais, e das administrações municipais nos
1. O Governo pode, no período transitório inicial de termos das normas e princípios vigentes da Administração
implementação do sistema orgânico do planeamento territo- do Estado nas províncias e nos municípios, constantes,
rial, e em situações de excepção territorialmente definidas, designadamente, do Decreto-Lei n.º 17/99, de 29 de Outubro
no uso dos seus poderes discricionários de oportunidade e e Decreto n.º 27/00, de 19 de Maio.
conveniência do interesse público, ordenar a elaboração de
planos territoriais de grau hierárquico inferior, segundo ARTIGO 159.º
(Validade dos planos territoriais anteriores)
critérios prioridade horizontal ou da necessidade de planos
parciais, ainda que com sacrifício da prioridade vertical dos
1. Os planos urbanísticos, especiais ou sectoriais, de
planos de grau superior.
pormenor ou de outro tipo, elaborados, antes da entrada em
vigor do presente regulamento geral, são considerados
2. Para efeitos do disposto no n.º 1 anterior o Governo
válidos e eficazes, desde que aprovados pelas autoridades
emite instruções quer de aproveitamento e adaptação ou
competentes.
actualização de planos ou instrumentos supletivos parciais
pré-existentes quer de elaboração de novos instrumentos de
2. O Governo pode instruir que os planos elaborados e
carácter supletivo que a urgência de determinados progra-
não aprovados nos termos do n.º 1 anterior, sejam alterados
mas urbanísticos possa impor.
de molde a se conformarem com as normas e princípios
constantes do presente regulamento.
ARTIGO 157.º
(Apoio técnico subsidiário)
ARTIGO 160.º
(Violação dos planos territoriais)
1. Nos termos do artigo 67.º da Lei n.º 3/04, de
25 de Junho, enquanto não forem completamente implan- 1. São nulas as disposições dos planos territoriais que
tados e providos os órgãos técnicos provinciais e locais do violem as disposições imperativas dos planos de grau
planeamento territorial, o Instituto Nacional de Ordena- hierárquico superior, devendo ser alteradas em confor-
mento do Território e Desenvolvimento Urbano, na quali- midade.
dade de órgão técnico central, organiza um serviço que
concentra uma dotação acrescida de técnicos, destinado a 2. A validade dos actos praticados sobre o território
apoiar a administração local no planeamento provincial depende da sua conformidade com as normas de natureza
e municipal, e de acordo com programas de apoio e regulamentar, directamente exequíveis constantes dos
instruções pelo Governo ou por delegação deste, pela planos municipais, sendo nulos os actos que violem aquelas
Comissão Interministerial de Ordenamento Territorial. normas.
I SÉRIE — N.º 10 — DE 23 DE JANEIRO DE 2006 143
3. As normas dos n.os 2 e 3 anteriores não se aplicam aos f) comundades rurais: tipo particular de centros
planos de grau inferior elaborados e aprovados sem a rurais que abrigam comunidades como tais defi-
pré-existência de planos de grau superior aprovados. nidas quanto à sua residência e posse de ter-
renos comunitários e exercício dos seus direitos
ARTIGO 161.º fundiários segundo os costumes;
(Transgressões) g) direitos fundiários: todos os tipos de direitos que
recaem sobre a terra ou terrenos e de que as pes-
1. Constitui transgressão punível com pena de multa a
soas singulares ou colectivas de direito privado
realização de obras e construções, bem como o uso quer de
ou público podem ser titulares nos termos pre-
edifícios quer dos solos em violação de disposições cons-
vistos pela Lei de Terra ou dos Solos;
tantes de um plano municipal.
h) espaços-canais: corredores cativados para infra-
2. No caso de realização de obras e construções o mon- -estruturas que ligam pares distantes e têm um
tante da multa é fixado entre um limite mínimo e um limite efeito de barreira física mais ou menos condi-
máximo a estabelecer por posturas dos Governos Provin- cionantes dos espaços marginantes.
ciais e que podem variar de província para província em i) gestão do território: é o processo através do qual
função das especificidades das condições locais. se obtêm os direitos correspondentes sobre o
mesmo, segundo as determinações do plano de
ordenamento territorial e urbanismo e a legis-
ANEXO
lação vigente;
Para efeitos do disposto no artigo 2.º do presente regu- j) instrumentos supletivos dos planos ou instrumen-
lamento geral, entende-se por: tos sucedâneos: os instrumentos de planea-
mento territorial definidos no artigo 154.º do
a) agrária: a actividade que em amplo sentido defi- presente regulamento geral para ser aplicados
nido pela Lei de Terras abrange não só a activi- como planos e valerem como tais, onde e
dade agrícola, como a pecuária e silvícola, enquanto não for completada a implementação
excluindo a da gestão e exploração da floresta dos órgãos e demais condições técnicas e insti-
natural; tucionais que assegure a elaboração dos planos
b) centros rurais: unidades de planeamento territoriais segundo os trâmites ora regulamentados;
que abrigam aglomerados populacionais situa- k) Lei de Bases Gerais: o mesmo que Lei de Orde-
dos nos perímetros comunitários rurais nos ter- namento do Território e do Urbanismo ou Lei
mos definidos pelo artigo 103.º do presente n.º 3/04, de 25 de Junho;
regulamento geral; l) Lei de Terras: o mesmo que Lei de Solos ou Lei
c) centros urbanos: as unidades de planeamento ter- n.º 9/04, de 9 de Novembro;
ritorial que abrigam aglomerados populacionais m) loteamentos: tipo particular de operação urbanís-
que estão dotadas de infra-estruturas urbanísti- tica, como tal, definida no presente regula-
cas, designadamente, redes de abastecimento de mento geral e objecto de regulamentação espe-
água e de electricidade, de saneamento básico e cial;
cuja estruturação se desenvolve segundo planos n) operações de ordenamento: o mesmo que opera-
urbanísticos aprovados ou, na sua falta, segundo ções de ordenamento territorial, como tais,
instrumentos de gestão urbanística legalmente definidas pela Lei de Bases e regulamentadas
equivalentes; pelo presente regulamento geral;
d) centros rurais ou povoações: as unidades de o) operações rurais: o mesmo que operações de
planeamento territorial que abrigam aglomera- ordenamento rural e como tais, definidas pela
dos populacionais dotados de ordenamento Lei de Bases e regulamentadas pelo presente
espacial segundo os costumes e valores locais e regulamento geral;
as demais regras de ordenamento territorial e p) operações urbanísticas: as que são, como tais,
zonamento rural previstas no presente regula- definidas pela Lei de Bases e regulamentadas
mento geral para melhoria da qualidade de vida pelo presente regulamento geral;
das populações rurais; p) ordenamento territorial: o mesmo que ordena-
e) cidades: o aglomerado urbano assim classificado mento do território adiante definido;
por normas de ordenamento do território, a que r) planos nacionais: o mesmo que planos territoriais
tenha sido atribuído foral e com o número nacionais os quais, nos termos da Lei de Bases,
mínimo de habitantes definido por lei; abrangem todo o território nacional;
144 DIÁRIO DA REPÚBLICA
s) planos urbanísticos: o tipo de planos territoriais aa) solo rural: o solo situado fora dos perímetros
especificamente destinados à gestão dos solos urbanos e como tal classificado, nos termos da
urbanos; presente lei;
t) planos rurais: o mesmo que planos de ordena- bb) solo urbano: o solo ou conjunto de terrenos com-
mento rural; preendido nos perímetros urbanos e com tal
u) planos territoriais: o conjunto de planos que classificado, nos termos da presente lei;
representam instrumentos de gestão do espaço cc) terra: o equivalente a solo ou solos, ou o con-
territorial rural e urbano previstos na secção II junto dos solos urbanos e rurais.
do capítulo II da presente lei, incluindo os dd) território: o espaço biofísico constituído pelo
planos que têm impacto sobre o território; conjunto dos solos urbanos e rurais, do subsolo,
v) perímetro comunitário rural: o perímetro delimi- da plataforma continental e das águas interiores,
tador dos terrenos rurais comunitários e dos ter- bem como da zona económica exclusiva,
renos rurais de povoamento, abrangidos quer enquanto elementos ou recursos naturais conti-
pelas comunidades rurais quer pelas povoações dos adentro das fronteiras territoriais nacionais
rurais, definidas nos termos conjugados da Lei que relevam para a organização e gestão do uso
de Terra, da Lei de Bases de Ordenamento do do território e realização dos demais fins do
Território e do presente regulamento geral; ordenamento territorial, bem como para a exe-
w) perímetro rural: o perímetro delimitador dos
cução dos respectivos instrumentos.
solos rurais, que compreende diversos subtipos
ee) zonamento rural: a operação de ordenamento
previstos no presente regulamento geral, desig-
rural, como tal definida pelo presente regula-
nadamente, perímetro comunitário rural, perí-
mento geral.
metro de reserva, agrícola, mineira e ecológica;
ff) preparação do território para a urbanização: é a
x) perímetro urbano: o perímetro delimitador dos
acção pela qual se adapta, física e juridica-
centros urbanos, definido nos termos da pre-
mente, uma área a futuras edificações segundo
sente lei e dos respectivos diplomas regula-
as determinações do plano de ordenamento
mentares;
territorial e do urbanismo para que este adquira
y) povoações rurais: tipo particular de centros rurais
a condição de edificável;
que abrigam aglomerados populacionais como
gg) valorização urbanística do território: é o pro-
tais definidas quanto à sua residência em ter-
cesso através do qual esta se categoriza a partir
renos rurais de povoamento concedidos pelo
Estado ou autarquias rurais e usados e fruídos da sua classificação e qualificação. Esta catego-
nos termos da Lei de Terras; rização aporta os elementos físicos espaciais
z) solo ou solos: a superfície ou camada de terra para sua posterior valorização económica por
compreendida nas fronteiras territoriais, desti- parte das entidades que corresponda.
nada ao uso rural ou urbano, nos termos dos
princípios e regime de constituição e de exer- O Primeiro Ministro, Fernando da Piedade Dias dos
cício de direitos fundiários previstos na Lei Santos.
dos Solos e que relevem para os demais fins
do ordenamento territorial; O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.