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Twin Peaks:
fomos ao
inferno e
voltámos — e
foi maravilhoso
Twin Peaks é uma ignição e um lugar. A televisão e
aquele Noroeste Pacífico nunca mais foram os
mesmos. Está a acontecer outra vez, na televisão e
na região dos abetos que sussurram e dos anões
que dançam. Há novo Twin Peaks e nova atracção
pelo Norte americano. Floresta dentro.
Dale Cooper e o xerife com nome de presidente, Harry S. Truman, são as forças morais do un
amoral de Twin Peaks
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A Man From Another Place e O Gigante são um dos duetos que vêm dos sonhos de David Lyn
É aqui que entram em cena algumas
curiosidades: Lynch teve a sua
revelação com uma visão da icónica
sala vermelha nos sonhos de Cooper e
foi ela que tornou Twin Peaks na novela
surrealista que é; o fantasmagórico Bob
não existia na história, era só um
aderecista de cabelo comprido, Frank
Silva, que apareceu num plano por
acidente e que Lynch catrapiscou para o
seu mundo; um dia, Lynch telefonou a
Frost e disse: “Mark, acho que há um
gigante no quarto do Agente Cooper”. E
ele respondeu-lhe: “OK…”. E seguiu. A
primeira temporada de Twin Peaks, oito
gloriosos episódios, foi assim. Quando,
no episódio final da segunda
temporada, Laura prometia a Cooper
vê-lo 25 anos depois, isso não encerrava
mesmo a possibilidade de voltarem, um
quarto de século passado, à televisão.
Os autores negam-no. Mas o diminuto
Man From Another Place foi
testemunha, naquela sala vermelha, de
que o acontece em Twin Peaks não fica
em Twin Peaks. Transpira para o
mundo.
“Aprendi muito cedo que era sempre
melhor ser muito receptivo para seja o
que for que possa borbulhar e vir à
tona do subconsciente de David”,
admitiu Mark Frost à Variety.
Curiosidades e improvisos são o
processo criativo de David Lynch.
“Esperava-se que a televisão nos fizesse
sentir confortável e isto não era sobre
estar confortável. Isto era sobre outra
coisa”, descrevia há dias MacLachlan no
The Guardian. Lynch fala: “Há aulas de
guionismo em que reduzem as coisas a
fórmulas, mas não há regras, não
deveria haver regras”.
Northwest noir
“Não sei como explicar isto, mas por
mais que Twin Peaks pudesse ser
surreal, e por mais peculiar que
pudesse ser, mesmo assim para mim
era mais parecido com a vida real do
que as séries costumeiras de televisão.
Para mim, sempre foi importante sentir
a geografia de um lugar”, continua
Chase. Na altura, pensou: “Acredito
nesta cidade na floresta, na terra da
madeira, em Seattle. Além disso, a série
era visualmente bela, e acho que muita
da televisão não o era na altura”.
joana.cardoso@publico.pt
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