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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Num. Processo : 0111548-71.2007.805.0001-1


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : TELEMAR NORTE LESTE
Advogado(a) : KANTHYA PINHEIRO DE MIRANDA
Recorrido(s) : ONEILDES DOS REIS SANTOS
Advogado(a) : ALAILTON TAVARES SILVA
Origem : 2º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE DEFESA DO CONSUMIDOR -
BROTAS
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONTRATO DE TELEFONIA FIXA.


COBRANÇA DE “PULSOS ALÉM DA FRANQUIA”
JULGAMENTO QUE ACOLHEU PARCIALMENTE A
PRETENSÃO DEDUZIDA, RECONHECENDO A
ILEGALIDADE DAS EXIGÊNCIAS. APRECIAÇÃO PELO STJ
DO MÉRITO DOS RECURSOS E RECLAMAÇÕES QUE
SOBRESTAVAM OS FEITOS, COM TERMOS FAVORÁVEIS
À TESE ESPOSADA PELA EMPRESA DE TELEFONIA
ENVOLVIDA. PROVIMENTO DO RECURSO INTERPOSTO
REFORMANDO A SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA, PELA
SUBMISSÃO À JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE NO PAÍS,
MATERIALIZADA NA SÚMULA 357 DO STJ, IMPONDO
NOVO MODELO DE JULGAMENTO.

ACÓRDÃO

Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais


Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA AUXILIADORA
SOBRAL LEITE - Relatora, CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ, Presidente
e ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA em proferir a seguinte decisão
RECURSO CONHECIDO e PROVIDO, de acordo com a ata do julgamento. Sem
condenação em custas processuais e honorários advocatícios.

Salvador, Sala das Sessões, 20 de março de 2014.

CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ


Juíza Presidenta

Bela. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


Juíza Relatora
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Num. Processo : 0111548-71.2007.805.0001-1


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : TELEMAR NORTE LESTE
Advogado(a) : KANTHYA PINHEIRO DE MIRANDA
Recorrido(s) : ONEILDES DOS REIS SANTOS
Advogado(a) : ALAILTON TAVARES SILVA
Origem : 2º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE DEFESA DO CONSUMIDOR -
BROTAS
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONTRATO DE TELEFONIA FIXA.


COBRANÇA DE “PULSOS ALÉM DA FRANQUIA”
JULGAMENTO QUE ACOLHEU PARCIALMENTE A
PRETENSÃO DEDUZIDA, RECONHECENDO A
ILEGALIDADE DAS EXIGÊNCIAS. APRECIAÇÃO PELO STJ
DO MÉRITO DOS RECURSOS E RECLAMAÇÕES QUE
SOBRESTAVAM OS FEITOS, COM TERMOS FAVORÁVEIS
À TESE ESPOSADA PELA EMPRESA DE TELEFONIA
ENVOLVIDA. PROVIMENTO DO RECURSO INTERPOSTO
REFORMANDO A SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA, PELA
SUBMISSÃO À JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE NO PAÍS,
MATERIALIZADA NA SÚMULA 357 DO STJ, IMPONDO
NOVO MODELO DE JULGAMENTO.

RELATÓRIO

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei n.º 9.099/95 1.

Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro,

1
Art. 46. O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a indicação suficiente do processo,
fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do
julgamento servirá de acórdão.
saliento que a Recorrente TELEMAR NORTE LESTE, pretende a reforma da sentença
lançada nos autos que reconheceu a ilegalidade das cobranças empreendidas a título de
“pulsos além franquia”, relacionadas às linhas telefônicas pertencentes à parte autora,
identificada pelo(s) número(s) identificados na exordial, reconhecendo por consequência
o pedido de restituição do indébito e determinado à suspensão da cobrança a esse título
sob pena de multa.
Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,
apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais
membros desta Egrégia Turma.

VOTO

Preliminarmente cumpre-me registrar, vez que já houve


pronunciamento dessa magistrada de forma diversa da aqui exarada. Entretanto,
saliento que as Reclamações Constitucionais que deram causa ao sobrestamento
do presente feito tiveram o mérito julgado pelo STJ, não mais persistindo, assim,
óbice ao prosseguimento da presente ação nem, por outro lado, no que tange a
legitimidade das cobranças do pulso além franquia. Passo ao julgamento do
presente feito.
Analisando as controvérsias recursais, em relação às preliminares
suscitadas pela Recorrente, incorporo os argumentos apresentados na sentença
combatida para efeito de afastar os argumentos reiterados, não sendo caso, portanto, de
extinção do processo, sem resolução do mérito.
Sobre o Prequestionamento, segundo os artigos 170 e 175 da
Constituição Federal, a ordem econômica deve observar os princípios de defesa do
consumidor, desta forma, a prestação de serviço público por concessionária, deve
obedecer os princípios da ordem econômica, no caso todas as normas de defesa do
consumidor, sendo o contrário correspondente a uma violação constitucional.
Da alegação de nulidade da sentença por iliquidez, não há como prosperar
tal alegação, posto que para se chegar aos valores remanescentes, a serem restituídos à
parte autora, basta que seja feito simples cálculo aritmético na fase executória.
Ademais, no que toca a PREJUDICAL DE DECADÊNCIA:
Entendo inaplicáveis à espécie as normas dos artigos 26, inciso II e
parágrafo 1º e 27 do Código de Defesa do Consumidor. Na presente demanda não se
está reclamando de um vício do serviço, mas de valores cobrados a título de pulsos além
franquia.
A respeito, o trato pretoriano:
TELEMAR – COBRANÇAS INDEVIDAS – PRESCRIÇÃO
O prazo decadencial do artigo 26 do CDC, refere-se a vícios
aparentes ou ocultos, já o prazo do artigo 27 refere-se ao
período para o exercício da pretensão a reparação de danos
causados por fato do produto ou serviço. A cobrança de valores
indevidos, trazendo o seu pagamento, não se coloca no âmbito
de nenhuma dessas disposições e por isso traz a regra geral do
Código Civil- RECURSO PROVIDO (TJRJ,AP. cível no.
1917/01, Rel. Dês.Ricardo Couto de Castro).
Sabe-se que o Código Civil vigente a partir de janeiro de 2003 trouxe
expressivas modificações nos prazos prescricionais, tornando necessária a adoção de
direito intertemporal, sendo aplicável, ao caso concreto o disposto no artigo 2.028 que
assim preceitua:
Art. 2.028 – Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por
este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver
transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada”.
Levando-se em consideração os critérios estabelecidos no artigo 2028 do
NCCB e como na hipótese a prescrição era vintenária, não tendo ainda transcorrido mais
da metade do prazo prescricional do diploma revogado (dez anos e um dia), aplica-se a
regra do artigo 206 parágrafo 3º, IV, do NCCB, que prevê a redução desse prazo para três
anos, já que a ação foi intentada sob a égide do novo Código Civil.
Rejeito a arguição. Rechaçadas as preliminares, passo ao exame do mérito:
Sobre a cobrança de pulsos além franquia, embora no íntimo não
modifique o pensamento esposado em diversos processos julgados enquanto juíza
monocrática que reconhecia a ilegalidade da exigência discutida, impõe-se a
submissão à corrente contrária que se tornou dominante no país, inclusive no Sistema
de Juizados Especiais da Bahia, em seus dois graus de jurisdição, revigorada pela
Súmula 357 do STJ, que estabeleceu marco e condições para as empresas de telefonia
detalhar os pulsos telefônicos nas faturas mensais, livrando-as da obrigatoriedade em
toda a vigência do contrato, com a seguinte redação: “A pedido do assinante, que
responderá pelos custos, é obrigatória, a partir de 1º de janeiro de 2006, a
discriminação de pulsos excedentes e ligações de telefonia fixa para celular.”
(Referências: Lei nº 9472/1997, Decreto nº 4733/2003, RESP 925.523/MG, RESP
963.093/MG, RESP 1.036.284/MG e RESP 975.346/MG).
Embora não tenham efeitos vinculantes, não há dúvida de que as Súmulas do
STJ, pela importância do órgão, formam mecanismo poderoso para a pacificação de
discussões judiciais, que assim não podem ser singelamente desprezadas, merecendo
profunda reflexão em respeito à segurança jurídica ante a repercussão em milhares de
ações da espécie, sendo certa a possibilidade do STJ fazer prevalecer sua jurisprudência
na forma processual estabelecida, tornando inócuas as eventuais divergências, já que
cabe a Instância Especial dar a última interpretação da Lei Federal, impondo suas
decisões ao sistema de Juizados Especiais através do instituto da Reclamação, como
aconteceu naquela que trouxe sobrestamento momentâneo ao presente feito.
Nesse diapasão, embora não renegue todos os argumentos usados para
anteriormente acolher iguais pretensões, apresento agora solução diversa, consonante
com a jurisprudência majoritária em voga.
Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR
PROVIMENTO ao recurso interposto pela Requerida TELEMAR NORTE LESTE S/A,
reformando a sentença hostilizada, para reconhecer a improcedência de todos os pedidos
apresentados pela parte Autora. Sem condenação em custas processuais e honorários
advocatícios.

Salvador, Sala das Sessões, 20 de março de 2014.

Bela. Maria Auxiliadora Sobral Leite


JUIZA DE DIREITO – Relatora

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