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Fisiologia do Exercício:

Atividade Física (Limiar e Consumo)

Brasília-DF.
Elaboração

Michel Barbosa de Araújo


Fabio Alexandre Casarin Pastor
Rodrigo Augusto Dalia
Juliana Rodrigues Prada

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação................................................................................................................................... 4

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa...................................................................... 5

Introdução...................................................................................................................................... 7

Unidade úNICA
Fisiologia do Exercício................................................................................................................... 9

Capítulo 1
Limiar Anaeróbico (metabólico e ventilatório) e Limiar de Compensação Respiratória:
conceito, determinação e aplicação. Testes ergoespirométricos e
suas características................................................................................................................ 9

Capítulo 2
Consumo máximo de oxigênio. Mensuração e aplicabilidade. Outras variáveis
ergoespirométricas no exercício físico: produção de dióxido de carbono,
quociente respiratório, equivalentes respiratórios, pulso de oxigênio e ajustes
cardiorrespiratórios........................................................................................................ 21

capítulo 3
Atividade física como finalidade diagnóstica, prescrição de exercício
e tratamento....................................................................................................................... 27

PARA (NÃO) FINALIZAR....................................................................................................................... 45

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 46
Apresentação
Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
O presente Caderno de Estudos e Pesquisa foi elaborado com o objetivo de propiciar conhecimentos
acerca do contexto educacional com foco na Fisiologia do Exercício. A cada capítulo pensamos
nas horas que você dedica ao trabalho destinado às atividades educativas, bem como às práticas
desenvolvidas no cotidiano de um ambiente universitário. Lembrando sempre de que você é
protagonista da história que estamos construindo a partir de agora.

Para nos conceituarmos, os estudantes de fisiologia de hoje, serão a próxima geração de


pesquisadores e profissionais altamente capacitados a exercer profissões diversas (área biológica
e saúde). Ainda estamos longe de entender completamente a fisiologia do corpo humano e as suas
adaptações ao exercício. Faz parte da fisiologia, voltar-se ao organismo como um todo para entender
e integrar as funções corporais e suas principais adaptações frente às diferentes condições impostas
ao organismo. Buscar as características e os mecanismos que tornam o corpo humano um ser vivo
é a principal vertente da fisiologia humana. Neste contexto, para promover qualquer intervenção
competente é necessário entender o corpo humano em seu estado saudável. O termo fisiologia (do
grego physiología) significa “conhecimento da natureza”, e por definição é o estudo das funções do
organismo vivo e de suas partes componentes, incluindo todos os processos físicos e químicos.

Este caderno lhes fornecerá uma visão integrada da fisiologia, as principais adaptações fisiológicas
durante o exercício que acometem o indivíduo durante a performance física. Desta forma, dotamos
de conhecimento o futuro profissional para que possa iniciar uma carreira respeitada e promover
o entendimento da complexidade do corpo humano e a importância fundamental da fisiologia no
âmbito profissional.

Bons estudos!

Objetivos
»» Aprofundar no estudo da Bioenergética: vias de produção de ATP, vias anaeróbicas
e aeróbicas, potências bioenergéticas nas atividades desportivas.

»» Entender o equilíbrio Ácido-Base e Exercício: Equação de Handerson-Hasselbach,


acidose e alcalose e ação dos tampões plasmáticos e dos sistemas respiratório e
renal nos ajustes de pH.

»» Compreender as adaptações fisiológicas frente ao treinamento sistemático.

»» Identifiicar o Teste de Avaliação Funcional. Princípios dos testes de potências


anaeróbicas e aeróbica; metodologias e aplicabilidade. Bases fisiológicas do
treinamento físico.

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»» Distinguir a Limiar Anaeróbico (metabólico e ventilatório) e limiar de compensação
respiratória: conceito, determinação e aplicação. Testes ergoespirométricos e
suas características.

»» Verificar o consumo Máximo de Oxigênio, mensuração e aplicabilidade, outras


variáveis ergoespirométricas no exercício físico: produção de dióxido de carbono,
quociente respiratório, equivalentes respiratórios, pulso de oxigênio e ajustes
cardiorrespiratórios.

»» Identificar a atividade física como finalidade diagnóstica, prescrição de exercício e


tratamento.

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Fisiologia do Unidade úNICA
Exercício

Capítulo 1
Limiar Anaeróbico (metabólico e
ventilatório) e Limiar de Compensação
Respiratória: conceito, determinação e
aplicação. Testes ergoespirométricos e
suas características

O conceito de Limiar Anaeróbio (LA) tem sido alvo de inúmeras pesquisas cientificas desde a
década de 1950. Fisiologista do exercício, preparadores físicos, técnicos desportivos e médicos
tem encontrado no LA uma maneira prática a prescrição de exercícios, acompanhados dos efeitos
do treinamento e predição da performance desportiva, além do uso recente no diagnóstico de
cardiopatas e reabilitação cardíaca.

Apesar de indiscutível sua aplicabilidade prática, o LA se constituiu num dos temas mais polêmicos
e controversos no campo da fisiologia do exercício, principalmente em relação à sua terminologia,
fundamentação fisiológica e metodologia.

Limiar Anaeróbio (LA)


O LA reflete satisfatoriamente a aptidão física, esse índice pode ser empregado tanto na prática
clínica como na avaliação e no treinamento de atletas. Há mais de sessenta anos, foi estabelecido o
conceito de que acima de uma determinada intensidade de exercício haveria acúmulo de ácido lático
no sangue, acompanhado de aumento da excreção de gás carbônico e da ventilação.

O exercício físico é acompanhado de aumentos proporcionais de consumo de oxigênio e da eliminação


de gás carbônico, até uma determinada intensidade. Wasserman e McIlroy sugeriram o termo limiar
anaeróbio, caracterizando-o, num exercício de cargas crescentes, como um nível de intensidade,
a partir da qual, a ventilação e a produção de gás carbônico aumentam desproporcionalmente,
elevando o quociente de trocas gasosas expresso pela razão entre o gás carbônico produzido e o
consumo de oxigênio.

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UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Essas alterações decorrem da desproporção entre aporte e demanda mitocondrial de oxigênio,


aumentando a relação piruvato/lactato e levando, como consequência, ao inicio da acidose metabólica
do exercício.

Sintetizando, as reações químicas que ocorrem nesse processo podem ser descritas da seguinte
forma: a produção aumentada de ácido láctico nas células musculares em atividade alcança, por
meio da membrana celular, a corrente sanguínea, na qual, tamponada pelo sistema do bicarbonato,
forma lactato de sódio e ácido carbônico; este último, por ser altamente volátil, dissocia-se em gás
carbônico e água.

O início da acidose metabólica e o excesso de gás carbônico seriam os responsáveis pelo estímulo
dos centros respiratórios que desencadeariam o aumento desproporcional da ventilação que, por
sua vez, em conjunto com níveis elevados de gás carbônico, provocaria a elevação do quociente
respiratório (R).

Em resumo, o limiar anaeróbio, que quando caracterizado exclusivamente em função das trocas
respiratórias, recebe a denominação de limiar ventilatório, pode ser definido como a intensidade
de esforço, ou o consumo de oxigênio, acima da qual a produção de ácido láctico supera sua
própria remoção, provocando hiperventilação. Indivíduos não treinados apresentam, em geral,
limiar anaeróbio em torno de 50% a 70% do consumo máximo de oxigênio. Atletas treinados
utilizam maior fração do VO2 máx, podendo elevar o limiar anaeróbio até cerca de 85% do
VO2 máx.

O limiar anaeróbio tem sido largamente utilizado na prática, tanto no diagnóstico de aptidão
física como, e principalmente, na prescrição de treinamento tanto para indivíduos sedentários
como para atletas, das mais diferentes modalidades. Em termos de aplicação prática, a expressão
do limiar anaeróbio em velocidade de corrida quando o teste é realizado na esteira e em carga
na bicicleta tem se mostrado extremamente útil. Para o treinador ou preparador físico, saber
que seu atleta deve manter determinada velocidade para fazer um treinamento essencialmente
aeróbio representa, efetivamente individualizar o trabalho em bases científicas. Por outro lado, a
evolução do limiar anaeróbio tem se mostrado um indicador bastante útil para aferir o progresso
do treinamento.

O limiar anaeróbio tem se mostrado melhor preditor de desempenho que o VO2 máx para exercícios
de longa duração. Com o objetivo de analisar as correlações entre o ritmo de corrida na maratona e
os indicadores fisiológicos de desempenho, submetemos um grupo de 234 atletas do sexo masculino
e 63 do sexo feminino a teste de avaliação em esteira rolante para determinação do VO2 máx e
limiar anaeróbio imediatamente antes da corrida de uma maratona (maratona de Nova Iorque).
Correlacionando a velocidade média desenvolvida na prova por cada atleta com o VO2 máx e com o
limiar anaeróbio obtidos no teste, obtivemos respectivamente para o sexo masculino r = 0,75 e r =
0,82 e para o sexo feminino r = 0,83 e r = 0,87, sendo o VO2 máx expresso em ml/kg/min e o limiar
anaeróbio em velocidade em km/h.

Outra aplicação prática importante do limiar anaeróbio é a utilização do seu valor expresso em
frequência cardíaca, o que possibilita, pela monitorização contínua desta variável fisiológica,
diagnostica preciso da natureza aeróbia ou anaeróbia das mais diferentes modalidades esportivas.

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FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO │ UNIDADE úNICA

A ergoespirométrica é, portanto, um método que cada vez mais acrescenta qualidade ao diagnóstico
da aptidão física e à monitorização do treinamento de atletas, permitindo, inclusive, que se introduza
o conceito básico do treinamento científico que é o respeito à individualidade biológica do atleta.

O limiar anaeróbio indica até que ponto o sistema oxidativo está sendo suficiente
para gerar energia para a atividade física e em que ponto as fontes energéticas
anaeróbias começam a entrar em ação de maneira mais expressiva. Sempre que as
Fontes Anaeróbias entram em ação por mais de 10 segundos temos formação de
ácido láctico de maneira acentuada.

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UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Testes ergoespirométricos e
suas características
Tradicionalmente, o teste ergométrico ou “stress testing”, estuda a atividade elétrica do coração e suas
repercussões clínicas, aferindo a adequação entre a demanda e a oferta de oxigênio ao miocárdio.

Considerando-se que, basicamente, a função do sistema cardiovascular e pulmonar é manter o


processo de respiração celular e que uma maneira de se aferir essa função é por meio da análise
do consumo de oxigênio (O2) e do gás carbônico produzido (CO2), que por sua vez, variam com a
intensidade de trabalho realizado, a utilização de um teste de esforço no qual se consiga determinar
o consumo de oxigênio e a eliminação de gás carbônico diretamente reflete, em última análise, a
integridade desses sistemas, bem como suas adaptações durante a realização de um exercício.

Esse teste, denominado de cardiopulmonar, cardiorrespiratório ou ergoespirométrico traz, na


realidade, informações a respeito da integridade de todos os sistemas envolvidos com o transporte
de gases, ou seja, não envolve apenas os ajustes cardiovasculares e respiratórios, mas, também,
neurológicos, humorais e hematológicos.

Na prática, a grande utilidade do teste cardiorrespiratório reside na determinação da capacidade


funcional ou capacidade aeróbia, pela obtenção dos dois índices de limitação funcionais mais
empregados, que são o consumo máximo de oxigênio e o limiar anaeróbio ventilatório; portanto,
pode e deve ser utilizados para, a avaliação de atletas, sedentários, cardiopatas, pneumopatas etc.

Para a atividade física, seja para iniciantes ou indivíduos com atividade regular, é o teste que
discrimina a intensidade de exercício aeróbio a ser prescrita, considerando-se, obviamente, as
informações da ergometria tradicional, implícitas no procedimento, associada às informações sobre
o mecanismo de transporte de gases envolvidos.

Na avaliação fisiológica de atletas, das mais variadas modalidades, é o teste que se impõe pela
quantidade de informações e pela facilidade de execução. É utilizado para o diagnóstico das
necessidades energéticas específicas nas diferentes modalidades, para o diagnóstico das capacidades
funcionais individuais (avaliação dos índices de aptidão física, obtenção de médias de referência,
cálculo dos desvios percentuais e diagnósticos geral da aptidão física), no treinamento específico, ou
seja, num determinado esporte coletivo, como por exemplo, no futebol, diferenciam o treinamento
para grupos de funções táticas distintas (zagueiros, laterais, volantes ou atacantes) e ainda na
evolução dos índices de aptidão física com a reavaliação periódica, o diagnóstico individual da
evolução e a periodização do treinamento.

A espirometria é a medição do ar inalado e exalado pelos pulmões, da velocidade


com que isto aontece e da sua variabilidade por fatores físicos e químicos.

Aspectos fisiológicos
A partir da década de 1970, em função da evolução tecnológica que facilitou a análise dos gases, o
emprego dos testes cardiorrespiratórios ganhou destaque na área de pesquisa, e também na área

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FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO │ UNIDADE úNICA

clínica, e, por meio da análise do comportamento do consumo de oxigênio, e de outras variáveis,


informações de grande valia puderam ser obtidas e usadas.

Para a interpretação adequada de um teste cardiorrespiratório, é necessária uma avaliação criteriosa


dos parâmetros ventilatórios envolvidos, que são fornecidos em um período predeterminado
ou, mesmo a cada movimento respiratório. Os principais parâmetros envolvidos são: ventilação
pulmonar (VE - BTPS l/min); consumo de oxigênio (VO2 ml/kg/min); 3) produção de dióxido
de carbono (VCO2 l/min); razão de trocas gasosas (R); equivalentes ventilatórios para o oxigênio
(VEO2 l/min) e dióxido de carbono (VECO2 l/min); pulso de oxigênio (Pulso de O2); relação espaço
morto ventilatório, – volume corrente; reserva ventilatória e relação consumo de oxigênio – carga
de trabalho.

Tipos de ergômetros
Ergômetros são instrumentos utilizados no teste de esforço com a finalidade de mensurar o trabalho.
A ergometria fornece a medida do trabalho, com volume de oxigênio (VO2) estimado, enquanto a
ergoespirometria fornece a medida do trabalho com VO2 máximo.

Escada de máster
É o instrumento mais antigo; pode ter um ou dois degraus (com 30 e 50 cm); não depende de
energia elétrica; é de baixo custo e portátil. O ritmo de subida e descida deve ser constante. Mantém
o tórax móvel, o que dificulta a aferição da pressão arterial (PA). A carga padronizada sobrecarrega
indivíduos menos preparados e não exige o suficiente dos mais preparados.

Bicicleta ergométrica ou cicloergômetros


Apresenta como vantagens manter o tórax imóvel, não sofrer influência do peso do paciente,
ser mais barata, ocupar menos espaço e gerar menos ansiedade se comparada à esteira, por ser
mais estável.

As desvantagens incluem a ocorrência de fadiga muscular antes do stress cardiovascular e o


desconforto causado pelo banco da bicicleta. Em relação à esteira, a bicicleta é utilizada com menor
frequência e o tempo para atingir o esforço máximo é maior (20 a 30 minutos, contra 20 na esteira).
A isometria de membros superiores deve ser cuidadosamente evitada, afim de não aumentar o gasto
energético e influenciar no resultado do teste.

Os cicloergômetros podem ser eletromagnéticos ou mecânicos. Os eletromagnéticos permanecem


conectados à rede elétrica, com funcionamento entre 0 e 500 Watts. Possui portabilidade limitada
e é de difícil calibração. Já os cicloergômetros mecânicos não dependem de luz elétrica, são de
portabilidade e calibração fáceis e seu trabalho é determinado por carga e número de rotações por
minuto (frequência de pedalagem).

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UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Esteira rolante
É mais fisiológica, por reproduzir o movimento de caminhada, além de oferecer vantagens como
regulação de velocidade e inclinação. Porém é mais cara, ocupa mais espaço e produz ruídos. Pode
gerar insegurança ao paciente e, por isso, deve ser feito um treinamento e adaptação, além de um
controle de parada instantâneo, se necessário. O cuidado com o posicionamento do paciente deve
ser constante, a fim de evitar joelhos fletidos, tronco inclinado para frente, olhar para o solo, andar
a passos curtos e apoiar nas barras laterais.

Procedimentos/realização
Devido às diversas indicações e aplicações do teste ergométrico, não existe um único protocolo aceito
universalmente. A escolha do protocolo ideal vai depender do objetivo e das condições de aplicação.

Sala de testes
Deve ser específica para realização dos testes, com temperatura entre 21 e 24ºC, umidade relativa entre
40 e 60%, além de possuir equipamentos para primeiros socorros. A temperatura pode influenciar no
resultado, pois se elevada, desloca o sangue perifericamente e se baixa, aumenta o tempo de dissipação
do calor.

Avaliadores
Os avaliadores devem ter amplo conhecimento e experiência na prática do teste, incluindo as
contraindicações, os critérios de interrupção do teste e as manobras de urgência rotineiras. Ao
menos um dos avaliadores deve ser médico, sendo indispensável sua presença nos testes com
pacientes acima de 35 anos. Os profissionais não médicos só podem fazer o teste ergométrico para
avaliar aptidão física em indivíduos abaixo de 35 anos de idade.

Preparo do paciente
Em testes com finalidade diagnóstica, os medicamentos são suspensos, sempre que possível, 48
horas antes de sua realização. Não é indicado praticar esportes pelo menos 48 horas antes do teste,
para evitar fadigas musculares. Não se deve fumar no dia do teste, pois o cigarro possui substâncias
que podem alterar variáveis cardíacas como frequência e pressão. Chás estimulantes e café devem
ser evitados. A insulina também deve ser evitada, pelo fato do exercício ser hipoglicemiante. Não
usar medicações extras; a dipirona, por exemplo, pode exercer efeito hipotensor. Recomenda-se
não fazer o teste em jejum, alimentar-se duas horas antes, usar roupas leves e tênis.

Uma ficha de identificação deve ser preenchida, depois realizado exame físico, como palpação de
pulsos arteriais, inspeção e palpação do precórdio, ausculta cardíaca e pulmonar. O eletrocardiograma

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FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO │ UNIDADE úNICA

de repouso é registrado, a utilização do ergômetro demonstrada e o paciente orientado a comunicar


qualquer sintoma.

Intensidades e métodos
O objetivo do teste, a população a ser testada, a disponibilidade de tempo e material são os fatores
que determinarão o melhor método e protocolo a ser utilizado.

Protocolo máximo
É quando o indivíduo chega à exaustão voluntária sem, no entanto, atingir o consumo máximo de
O2 ou a frequência cardíaca máxima (FC máx) estipulada, ou ainda quando o indivíduo interrompe
a atividade pelo aparecimento de sintomas clínicos e alterações eletrocardiográficas importantes.

Protocolo submáximo
Quando se atinge a FC determinada previamente, sem atingir a FC máxima. Existem diferentes
métodos, cada um com uma equação diferente para estimar o VO2 máx. Estas equações devem ser
utilizadas apenas em pessoas saudáveis e sedentárias, devido à margem de erro de 10 a 20%. Em
atletas e pacientes é necessário que se faça a medição direta dos gases respiratórios, por meio da
ergoespirometria.

Método de Bruce
É o mais utilizado e serve para todas as pessoas. Realizado em esteira rolante, com protocolo de
intensidade máxima. Consiste de 5 estágios de 3 minutos cada, variando a inclinação e velocidade.
Inicia-se com inclinação de 10% e velocidade de 2,73 km/h (1,7 milhas/h). Cada estágio aumenta 2%
a inclinação e 1,36 km/h (0,85 milhas/h) a velocidade, até a exaustão do indivíduo.

Cálculo VO2 máx


VO2 máx = 6,14 + 3,26 x T
Onde: T = tempo total do teste em minutos
VO2 = ml/ kg/ min

Método de Astrand
Realizado em bicicleta ergométrica, em intensidade submáxima. São utilizadas duas cargas
diferentes com 5 minutos de duração cada, sendo a FC registrada no 4º e 5º minutos finais de cada
carga, devendo estar entre 120 e 170 bmp.

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UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Cálculo VO2 máx


Homem - VO2 máx = (195 – 61 / FC – 61) x VO2 carga

Mulher - VO2 máx = (198 – 72 / FC – 72) x VO2 carga

Onde: FC = média do 4º e 5º min.

VO2 carga = 0,014 x carga + 0,129

Carga = watts e VO2 = l/ min

Método de Fox
Realizado em bicicleta ergométrica, com intensidade submáxima. Mantém-se uma carga de 150 W
por 5 minutos, com registro da FC no 5º minuto.

Cálculo VO2 máx

VO2 máx = 6,3 – 0,0193 x FC

Onde: VO2 máx = l/ min

Método de Balke
Realizado em esteira rolante, com intensidade máxima. Inicialmente, caminhar a 5,5 km/h com
aumentos sucessivos de 2% na inclinação a cada 2 minutos, até o máximo que o indivíduo suportar
ou apresentar algum sintoma.

Cálculo VO2 máx

VO2 máx = 1,75 x inclinação + 10,50

Onde: inclinação = %

VO2 máx = ml/ kg/ min

Equações para o VO2 máximo previsto


Trata-se do valor de VO2 estimado para a idade e sexo do indivíduo. Sempre verificar se o valor
obtido durante a realização de um protocolo está de acordo com o valor previsto para sua idade, o
que aperfeiçoa o condicionamento físico.

Homem ativo = 69,7 – 0,6142 x idade

Homem sedentário = 57,8 – 0,445 x idade

Mulher ativa = 44,4 – 0,343 x idade

Mulher sedentária = 41,2 – 0,343 x idade

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FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO │ UNIDADE úNICA

Indicações, contraindicações e critérios


de interrupção
Indicado para confirmar diagnóstico de doença coronariana, avaliar alterações no eletrocardiograma
(ECG) basal, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e sua terapêutica, terapêutica antianginosa,
eficácia cirúrgica, resultados de um programa de reabilitação cardíaca, capacidade funcional antes
de iniciar treinamentos individualizados e, pós-infartados, para verificar se os medicamentos
utilizados estão surtindo efeito.

O médico responsável deve avaliar os riscos e benefícios do teste ergométrico, sendo contraindicações
absolutas angina instável, pericardite, choque cardiogênico, obstrução coronariana grave, embolia
pulmonar, arritmias ventriculares severas, bloqueio atrioventricular completo, miocardite,
insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e crises hipertensivas.

Os critérios de interrupção incluem dor precordial intensa e crescente; alterações importantes no


ECG; dispneia severa; queda de frequência cardíaca (FC) ou pressão arterial (PA), por ser indicativo
de isquemia do marca-passo natural chamado nodo sinoatrial; pressão arterial sistólica (PAS)
acima de 250 mmHg e pressão arterial diastólica (PAD) acima de 130 mmHg; claudicação; cianose,
náuseas e vômitos.

Parâmetros avaliados
Diferentes parâmetros devem ser avaliados durante o teste ergométrico para que se tenha uma
correta interpretação. As medidas devem ser feitas em repouso (controle), durante o esforço e ao
término do teste.

Frequência cardíaca
Para maior precisão deve-se medir pelo traçado eletrocardiográfico. Porém, o mais usual é a ausculta,
palpação das artérias periféricas e uso de frequencímetro.

Pressão arterial
É determinada pelo método auscultatório da artéria braquial. A PAS é bem determinada e definida,
já a PAD tem uma determinação falha e, por isso, eventualmente, registram-se dois valores.

Duplo produto
Representa o trabalho imposto ao miocárdio. É um índice que mostra a correlação com o consumo
de oxigênio, devendo ser mensurado simultaneamente ao VO2.

DP= PAS x VO2 / 100

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UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Tem por valores normais em repouso 70 a 120, na transição e durante a atividade física acima de
200 e durante atividade física desgastante acima de 300. Quanto maior o duplo produto, maior é o
trabalho imposto ao miocárdio e maior o consumo de O2.

Ventilação
A ventilação pulmonar por minuto é um importante parâmetro, pois permite calcular o consumo
de O2 (VO2) e a produção de CO2 (VCO2); avaliar fatores limitantes do desempenho, como dor ou
fadiga dos músculos respiratórios; fornecer informações sobre a intensidade de esforço, permitindo
avaliar os limiares aeróbio e anaeróbio. Porém, sua mensuração requer uso de gasômetro, máscaras,
válvulas respiratórias e tubos.

Consumo máximo de O2 (VO2 máx) e


produção de CO2 (VCO2)
Consiste na medida objetiva da capacidade do sistema cardiopulmonar em manter um fluxo de sangue
adequado às necessidades metabólicas dos músculos esqueléticos em atividade. Sua determinação se
dá pelo conhecimento da fração expirada de O2 e CO2, e do volume e composição do ar inspirado.

Quando não é possível dispor dos equipamentos necessários utilizam-se equações subjetivas (método
indireto) correlacionando carga, idade e peso do paciente, para estimar o VO2 máx durante o esforço.

Sensação subjetiva de cansaço


A cada minuto ou mudança de carga, deve-se interrogar o paciente quanto ao seu nível de cansaço,
por meio da Escala de Borg.

Outras variáveis
Em situações clínicas especiais ou de pesquisa também poderão ser avaliados outros parâmetros
como débito cardíaco, lactato sanguíneo, saturação de O2 e concentração hormonal.

Deve-se realizar o ECG completo, com as 12 derivações em repouso, pois durante a atividade não é
possível obter todas as derivações.

Interpretação clínica

Pressão arterial
O comportamento normal da pressão arterial em um esforço dinâmico é representado pelo aumento
progressivo da PAS e manutenção ou redução da PAD.

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FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO │ UNIDADE úNICA

A PA elevada ao repouso pode ser uma contraindicação à execução da prova de esforço, devido ao
aumento dos riscos de intercorrências durante os testes. A elevação da PA durante o teste pode ser
um sinal para sua interrupção.

A PASmáx é menor nos cardiopatas, devido a uma incompetência do sistema cardiovascular, na qual
dois ou três ramos coronarianos encontram-se acometidos; ela não responde à altura. Desta forma,
a resposta da PAS é o parâmetro mais importante a ser avaliado, por estar relacionada ao índice de
mortalidade destes pacientes. Se os pacientes apresentarem redução da PAS durante o esforço ou
uma elevação insuficiente para a carga de trabalho, teremos uma evidência de isquemia miocárdica
e piora do prognóstico. Aumento da PAD acima de 180 mmHg durante o esforço também pode ser
indicativo de doença coronariana.

Frequência cardíaca
A FC tem um aumento proporcional à intensidade do trabalho e ao consumo de oxigênio, sendo
este aumento relacionado à condição física aeróbia do indivíduo. Em cardiopatas, a aceleração da
FC é mais lenta nos primeiros segundos de uma carga. A redução da FC ao se aumentar uma carga
é indicação de suspensão do teste, pois indica isquemia do nodo sinoatrial. Existem casos em que
a FC não aumenta de modo suficiente para o aumento da carga, como em atletas, indivíduos sob a
ação farmacológica, portadores de Síndrome do Nodo Sinusal, com limitação na resposta do marca-
passo cardíaco.

O aumento desproporcional da FC em relação à carga reflete um nível ruim de condicionamento


físico ou alguma condição patológica como ICC.

Resultados
O valor de um teste ergométrico depende de sua capacidade de identificar a existência de uma cardiopatia.
São quatro os possíveis resultados de um teste de esforço com exercícios progressivos.

»» Verdadeiro-positivo: os resultados do teste são corretos ao diagnosticar cardiopatias.

»» Falso-positivo: os resultados são anormais, porém o indivíduo não possui cardiopatias.

»» Verdadeiro-negativo: os resultados são normais e o indivíduo não sofre de cardiopatia.

»» Falso-negativo: os resultados são normais, mas na realidade o indivíduo possui


cardiopatia.

O esforço fisiológico promovido pelo exercício físico é normalmente utilizado como


avaliação cardiovascular. O paciente é submetido a um estresse físico programado,
para avaliar a resposta clínica, o estado hemodinâmico, eletrocardiográfico e
metabólico ao esforço, além de ser útil na prescrição de exercícios personalizados.
Apesar de ser um teste relativamente seguro, em situações especiais como
angina instável, faz-se necessário um acompanhamento especial, considerando
sempre a relação de custo e benefício. Os testes são realizados com ergômetros,

19
UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

instrumentos que possibilitam a mensuração da potência e trabalho durante o


teste, normalmente esteira rolante ou bicicleta ergométrica. O protocolo ideal é
estabelecido em função do objetivo do teste, do tipo de população a ser testada,
do tempo e dos recursos disponíveis.
.

Pacientes recém-operados podem fazer teste espirométricos?

20
Capítulo 2
Consumo máximo de oxigênio.
Mensuração e aplicabilidade. Outras
variáveis ergoespirométricas no exercício
físico: produção de dióxido de carbono,
quociente respiratório, equivalentes
respiratórios, pulso de oxigênio e
ajustes cardiorrespiratórios

Consumo de oxigênio (VO2)


Consumo de oxigênio (VO2) é uma medida objetiva da capacidade funcional, ou seja, da capacidade
do organismo em ofertar e utilizar o oxigênio para a produção de energia; aumenta linearmente com
o trabalho muscular crescente, sendo considerado máximo (VO2 máx) quando nenhum aumento
adicional ocorre com o incremento de cargas. Conforme será amplamente discutido posteriormente,
nenhum outro parâmetro é tão preciso ou reproduzível como o VO2 máx. São determinados pela
capacidade de se aumentar o débito cardíaco e direcionar o fluxo sanguíneo para os músculos em
atividade, portanto, usado como um índice de aptidão física é de grande valia na avaliação funcional
de atletas.

Ventilação minuto (VE)


A ventilação minuto (VE) é o volume de ar que se move para dentro e para fora dos pulmões expresso
em litros por minuto. É determinado pelo produto da frequência respiratória e o volume de ar exalado
a cada ventilação (volume corrente). O produto da VE pelo oxigênio consumido (diferença entre o
conteúdo de oxigênio inspirado e expirado) determina o consumo de oxigênio (VO2). Uma vez que o
oxigênio consumido geralmente sofre alterações em quantidades similares nos indivíduos normais,
a ventilação é o principal componente do consumo de oxigênio durante o exercício. Indivíduos bem
condicionados com ventilações máximas altas e, consequentemente, altos valores para o VO2 máx,
também devem expressar elevado débito cardíaco. A relação entre a ventilação alveolar e o fluxo
sanguíneo capilar alveolar, denominada relação ventilação-perfusão, é de aproximadamente 0,80
em repouso podendo, com o exercício, aproximar-se de 5,0 em função do aumento da ventilação e
do fluxo sanguíneo alveolar nessa condição.

Durante o exercício de leve a moderada, a ventilação pulmonar aumenta linearmente


com a captação de oxigênio. O equivalente ventilatório (VE / VO2) é mantido em
aproximadamente 20 a 25 L de ar respirado por litro de oxigênio consumido.

21
UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Produção de dióxido de carbono


O dióxido de carbono produzido pelo organismo (VCO2) durante o exercício, expresso em
litros por minuto, é gerado a partir de duas fontes. A primeira, o CO2 metabólico, é produzido
pelo metabolismo oxidativo. Aproximadamente 75% do oxigênio consumido pelo organismo
são convertidos em dióxido de carbono, que é eliminado pelos pulmões. Uma segunda fonte,
chamada de CO2 não metabólico, resulta do tamponamento do lactato, que ocorre em níveis
mais elevados de exercício. Uma elevação do CO2 no sangue pode, rapidamente, resultar em
acidose respiratória. Felizmente, os principais determinantes da ventilação durante o exercício
são essas duas fontes de CO2, as quais são refletidas no ar expirado como VCO2. Logo, o VCO2
relaciona-se de perto com a VE durante o exercício, e o corpo mantém um pH relativamente
normal na maioria das condições. O VCO2 e a VE também se elevam em paralelo ao VO2 em
intensidades de exercício de 50 a 70% do VO2 máx. Em intensidades acima desses níveis, a VE
aumenta desproporcionalmente ao VO2 e isso ocorre porque, com o aumento na intensidade,
o lactato é produzido numa taxa maior do que é removido do sangue. Como o lactato deve
ser tamponado, esse processo gera uma fonte adicional de CO2 que, por sua vez, estimula
a ventilação.

A maior quantidade de dióxido de carbono é transportada em combinação química


com a água e forma bicarbonato, da seguinte forma:

CO2 + H2O H2CO3 H+ + HCO3-

Razão de trocas gasosas (R)


A razão de trocas gasosas (R) expressa a relação entre CO2 produzido e o O2 consumido.
Aproximadamente 75% do O2 consumido é convertido em CO2; portanto, em repouso, o R varia
entre 0,75 e 0,85. Uma vez que o R depende do tipo de combustível utilizado, lipídios ou glicídios,
ele pode fornecer um índice do metabolismo de carboidratos e gorduras. Se os carboidratos forem
os combustíveis predominantes, o R se iguala a 1,0 dados a fórmula:

C6H12O6 + 6 O2 / 6 CO2 + 6 H2O logo, R = VCO2 / VO2 = 6 CO2 / 6 O2 = 1,0

Como a composição química dos lipídios difere dos carboidratos, uma vez que estes contêm
consideravelmente mais átomos de oxigênio em proporção aos átomos de hidrogênio, quando
um lipídeo é catabolizado para produção de energia o oxigênio é requerido não apenas para
oxidação de carbono a dióxido de carbono, mas também para oxidação de átomos de hidrogênio,
portanto, mais oxigênio é necessário para queimar gordura. Quando o ácido palmítico, um
típico ácido graxo, é oxidado a dióxido de carbono e água, 16 moléculas de dióxido de carbono
são produzidas para cada 23 moléculas de oxigênio consumidas, de acordo com a fórmula
a seguir:

C16H32O2 + 23 O2 / 16 CO2 + 16 H2O logo, R = 16 CO2 / 23 O2 = 0,696

22
FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO │ UNIDADE úNICA

Equivalentes ventilatórios para oxigênio e


dióxido de carbono
Os equivalentes ventilatórios para o oxigênio (VEO2) e dióxido de carbono (VECO2) são calculados
pela relação entre a ventilação (l/min) e o VO2 e VCO2, respectivamente. Um grande volume de
ventilação (20 a 40 litros) é requerido para consumir um litro de oxigênio, portanto, em repouso, o
VEO2 encontra-se em torno de 30. Declínio dos valores do VEO2 é observado a partir do repouso até
níveis submáximos de exercício, seguido de rápida elevação em níveis mais intensos de exercício,
quando a VE aumenta em resposta à necessidade de tamponar o lactato.

O VEO2 reflete a necessidade ventilatória para um dado nível de VO2, portanto, apresenta-se como
um índice da eficiência ventilatória. Pacientes com uma relação inadequada entre a ventilação e a
perfusão pulmonar (alta fração de espaço morto fisiológico) ventilam ineficientemente e têm altos
valores para o VEO2. Atletas, por outro lado, tendem a apresentar valores mais baixos de VEO2.

O VECO2 representa a necessidade ventilatória para eliminar uma determinada quantidade de CO2
produzido pelos tecidos em atividade. Da mesma forma que o VEO2, reflete a ventilação do espaço
morto, mas é fortemente influenciado pela PaCO2. Uma vez que o CO2 metabólico é um forte estímulo
para a VE durante o exercício, esta reflete o comportamento do VCO2 e vice-versa. Após uma queda
no início do exercício, o VECO2 não aumenta durante o esforço submáximo.

Pulso de oxigênio
O pulso de oxigênio (pulso de O2) é uma medida indireta do transporte de oxigênio cardiopulmonar.
É calculado dividindo-se o consumo de oxigênio (ml/min) pela frequência cardíaca. Os valores
normais em repouso variam de 4 a 6, podendo atingir valores de 10 a 20 com o esforço máximo.

O pulso de oxigênio pode ser definido como o produto do volume sistólico (VS) pela diferença
arteriovenosa de oxigênio. Os ajustes circulatórios que ocorrem durante o exercício (aumento
da diferença arteriovenosa de O2 e do débito cardíaco e redistribuição do fluxo sanguíneo para o
território muscular em atividade) aumentarão esse índice que, em uma dada carga de trabalho, é
mais elevado no indivíduo bem condicionado e saudável, estando reduzido em qualquer condição
que afete negativamente o volume sistólico (disfunção ventricular esquerda secundária à isquemia,
infarto etc.) ou em condições que reduzam o conteúdo arterial de O2 (anemia ou hipoxemia).

Relação espaço morto ventilatório-volume corrente


A relação entre o espaço morto ventilatório e volume corrente (Vd/Vt), medida pelas trocas gasosas,
é uma estimativa da fração do volume corrente que representa o espaço morto fisiológico, portanto,
reflete a eficiência ventilatória.

Ao avaliarmos a Vd/Vt, a tensão arterial do CO2 é estimada a partir da pressão expiratória final desse
gás, muito embora, a pressão expiratória final do CO2 tenda a superestimar a tensão arterial do CO2
durante o exercício, resultando em valores Vd/Vt erroneamente altos. Por outro lado, quando o

23
UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

espaço morto estiver elevado, a pressão expiratória final do CO2 estará reduzida, levando a uma
subestimação do CO2 arterial e, consequentemente, a uma subestimação do Vd/Vt. O cálculo da
tensão arterial do CO2 por meio de técnicas ventilatórias pode ser problemático em pacientes com
doença vascular pulmonar ou de vias aéreas. Dentro dessas limitações, o espaço morto estimado
por técnicas ventilatórias fornece uma indicação da contribuição do espaço morto para a ventilação.
Quando uma medida acurada do Vd/Vt for importante, o sangue arterial deve ser obtido diretamente
para quantificar a pressão do CO2 arterial.

A ventilação do espaço morto fisiológico representa a diferença entre a ventilação minuto e a


ventilação alveolar, portanto, a Vd/Vt estima como a ventilação se relaciona com a perfusão nos
pulmões. A Vd/Vt é baixa quando existe uma adequação uniforme entre a ventilação alveolar e a
perfusão e, quando ocorre um desequilíbrio, há elevação dessa relação. Em indivíduos normais, a
Vd/Vt varia de um terço para algo entre um décimo e um quinto no pico do exercício.

Reserva ventilatória
A reserva ventilatória representa a relação entre a ventilação máxima de exercício e a ventilação
voluntária máxima em repouso (VE máx/VVM). A maioria dos indivíduos saudáveis atinge uma VE
máx de 60% a 70% da VVM no pico do exercício. Indivíduos normais têm uma reserva ventilatória
substancial (20% a 40%) no pico do exercício, sendo limitados por outros fatores. O atleta altamente
treinado, por atingir elevados níveis de débito cardíaco máximo, tende a utilizar uma maior fração
da reserva ventilatória.

Relação consumo de oxigênio - carga


de trabalho

A aplicação prática desta variável para o atleta ainda carece de maior consistência.

Ajustes cardiovasculares ao exercício físico


Os ajustes cardiovasculares ocorrem para que possa haver um aumento de fluxo sanguíneo aos
territórios musculares em atividade, em função de um aumento da demanda metabólica local, com
consequente aumento do consumo de oxigênio.

É na formação reticular do bulbo cerebral que se encontram os neurônios reguladores centrais


que, por meio de informações aferentes, promovem os ajustes cardiovasculares As informações
que alcançam o sistema nervoso, fazem-no por mecanismos não bem definidos, existindo três
hipóteses para explicar como as informações atingem o bulbo cerebral. Eldridge e colaboradores
propuseram que descargas aferentes, a partir de centros motores superiores, excitariam os
neurônios bulbares, provocando os estímulos para os ajustes quando necessários. Outros autores
ponderaram que, em consequência à natureza e à intensidade do exercício, estímulos locais,
mecânicos e/ou metabólicos, sensibilizariam terminações nervosas de fibras dos grupos III e
IV, promovendo a excitação em nível bulbar. Wasserman e Whipp consideraram que o fluxo de

24
FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO │ UNIDADE úNICA

gás carbônico aos pulmões, pelo retorno venoso, seria responsável pela origem das informações
aferentes ao bulbo cerebral.

Quando da realização de um exercício isotônico, o consumo de oxigênio aumenta proporcionalmente


ao débito cardíaco e à diferença arteriovenosa de oxigênio. Nessa condição, o aumento do débito
cardíaco deve ser acompanhado por um mecanismo eficiente de redistribuição de fluxo sanguíneo,
visto que, nas estruturas musculares solicitadas, ocorre maior atividade metabólica.

O aumento do débito cardíaco é resultante do aumento da frequência cardíaca e do volume de ejeção


sistólico. Durante o exercício, mediado por um comando central e por reflexos periféricos, ocorre
aumento de descarga simpática e diminuição do tônus vagal, que, sinergicamente, promovem
elevação da frequência cardíaca. Esse aumento é linear, em relação ao consumo de oxigênio, e atinge
seu valor máximo no mesmo patamar em que é máxima a captação de oxigênio.

O volume de ejeção sistólico também aumenta quando se realiza um exercício em posição ortostática.
Não existe, entretanto, consenso a respeito de se o valor máximo atingido ocorre em torno de 40% a
60% ou valor mais elevado em relação ao consumo máximo de oxigênio, ou, ainda, se pode aumentar
progressivamente até que se alcance um débito cardíaco máximo.

A redistribuição de fluxo sanguíneo para os territórios musculares em atividade decorre de uma


vasodilatação mediada por metabólitos, que, em nível local, promove alteração de pH, temperatura,
pO2, osmolaridade e concentração de potássio. Mesmo com aumento do débito cardíaco, o
fluxo sanguíneo não aumenta indiscriminadamente para territórios que não estejam sendo
exercitados, porque nessas áreas, ocorre aumento de resistência local consequente a uma descarga
simpática difusa.

A diferença arteriovenosa de oxigênio aumenta durante a atividade física em consequência da


extração acentuada de oxigênio do sangue arterial. Enquanto indivíduos não treinados conseguem
extrair em torno de 15 ml de oxigênio por 100 ml de sangue, indivíduos treinados podem conseguir
incrementos de até 20% nessa taxa, o que demonstra o efeito periférico benéfico do treinamento.

Índices de limitação funcional


Uma vez que o exercício físico impõe adaptações fisiológicas ao sistema cardiovascular e que, em
função de uma crescente demanda de oxigênio, ocorrem ajustes cardiovasculares, como o aumento
do débito cardíaco e da diferença arteriovenosa de oxigênio, a caracterização de índices que consigam
mensurar a aptidão física, como o consumo máximo de oxigênio (VO2 máx) e o limiar anaeróbio
(LA), trouxe benefícios tanto na área da pesquisa como na área clínica.

Consumo máximo de oxigênio


O consumo máximo de oxigênio pode ser definido como o maior volume de oxigênio por unidade
de tempo que um indivíduo consegue captar respirando ar atmosférico durante o exercício, sendo

25
UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

alcançado quando se atingem níveis máximos de débito cardíaco e de extração periférica de oxigênio,
e não se conseguindo ultrapassá-lo com maior carga de trabalho muscular.

Duas são as hipóteses na caracterização dos fatores que limitam o consumo máximo de oxigênio.
Postula-se, primeiramente, que haveria uma limitação central, isto é, dependente do débito cardíaco
máximo (Q máx) e do conteúdo de oxigênio no sangue arterial, e, em segundo lugar, que a limitação
seria periférica, expressa pela diferença arteriovenosa de oxigênio e pelo metabolismo tecidual.

Em síntese, os fatores limitantes exprimem a capacidade do sistema cardiocirculatório em fornecer


oxigênio para a célula em atividade e a capacidade tecidual de extrair esse oxigênio; portanto, o
consumo máximo de oxigênio pode ser expresso pela equação de Fick, onde:

VO2 máx = Q máx. (a-v) O2 máx

O VO2 máx pode ser caracterizado como um índice que fornece uma avaliação da capacidade
funcional de transporte e utilização de oxigênio, sendo o volume de ejeção sistólico máximo, o
principal fator limitante de captação máxima de oxigênio na maioria dos indivíduos. O VO2 máx
tem sido bastante utilizado no diagnóstico e prognóstico de aptidão física e desempenho em atletas.
Sua limitação, no aspecto pratico, deve-se ao fato de existir grande homogeneidade desse índice em
atletas de elite. Assim, a expectativa de discriminação ou previsão de desempenho em grupos de
elite de uma mesma modalidade esbarra na seleção natural prévia que o esporte impõe. Sua maior
aplicação prática acaba por ser caracterizada pela avaliação longitudinal do atleta em diferentes
períodos de treinamento.

26
capítulo 3
Atividade física como finalidade
diagnóstica, prescrição de exercício
e tratamento

Atividade física e saúde


Uma tendência dominante no campo da Educação Física estabelece uma relação entre a prática
da atividade física e a conduta saudável. A fisiologia do exercício nos mostra inúmeros estudos
sustentando esta tese.

Nesta linha, Matsudo e Matsudo, em 2000, afirmam que os principais benefícios à saúde advinda da
prática de atividade física referem-se aos aspectos antropométricos, neuromusculares, metabólicos
e psicológicos. Os efeitos metabólicos apontados pelos autores são o aumento do volume sistólico;
o aumento da potência aeróbica; o aumento da ventilação pulmonar; a melhora do perfil lipídico; a
diminuição da pressão arterial; a melhora da sensibilidade à insulina e a diminuição da frequência
cardíaca em repouso e no trabalho submáximo. Com relação aos efeitos antropométricos e
neuromusculares ocorre, segundo os autores, a diminuição da gordura corporal, o incremento da
força e da massa muscular, da densidade óssea e da flexibilidade.

E, na dimensão psicológica, afirmam que a atividade física atua na melhoria da autoestima, do auto
conceito, da imagem corporal, das funções cognitivas e de socialização, na diminuição do estresse
e da ansiedade e na diminuição do consumo de medicamentos. Guedes e Guedes em 1995, por sua
vez, afirmam que a prática de exercícios físicos habituais, além de promover a saúde, influencia
na reabilitação de determinadas patologias associadas ao aumento dos índices de morbidade e da
mortalidade. Defendem a inter-relação entre a atividade física, aptidão física e saúde, as quais se
influenciam reciprocamente. Segundo eles, a prática da atividade física influencia e é influenciada
pelos índices de aptidão física, as quais determinam e são determinados pelo estado de saúde.

Para a melhor compreensão deste modelo definem as variáveis que o compõem:

»» Atividade física é definida, segundo Caspersen em 1985, como qualquer movimento


corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gasto energético
maior do que os níveis de repouso.

»» Saúde, de acordo com Bouchard em 1990, é definida como uma condição humana
com dimensões física, social e psicológica, cada uma caracterizada por um continuum
com polos positivos e negativos. A saúde positiva estaria associada à capacidade de
apreciar a vida e resistir aos desafios do cotidiano e a saúde negativa associar-se-ia
à morbidade e, no extremo, à mortalidade.

»» Para a aptidão física, adotam a definição de Bouchard e colaboradores de 1990: um


estado dinâmico de energia e vitalidade que permita a cada um, funcionando no pico

27
UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

de sua capacidade intelectual, realizar as tarefas do cotidiano, ocupar ativamente as


horas de lazer, enfrentar emergências imprevistas sem fadiga excessiva, sentir uma
alegria de viver e evitar o aparecimento das disfunções hipocinéticas.

Nesta definição distinguem a aptidão física relacionada à saúde da aptidão física relacionada à
capacidade esportiva. A primeira reúne os aspectos bio-fisiológicos responsáveis pela promoção da
saúde; a segunda refere-se aos aspectos promotores do rendimento esportivo.

O modelo em questão vem orientando grande parte dos estudos cujo enfoque é a relação entre
a atividade física e saúde na perspectiva da aptidão física e saúde. Para Marques em 1999, esta
perspectiva contemporânea de relacionar aptidão física à saúde representa um estado multifacetado
de bem-estar resultante da participação na atividade física. Supera a tradicional perspectiva
do “fitness”, preconizada nos anos 1970 e 1980 – centrada no desenvolvimento da capacidade
cardiorrespiratória – e procura inter-relacionar as variáveis associadas à promoção da saúde.
Remete, pois, segundo Neto em 1999, a um novo conceito de exercício saudável, no qual os benefícios
ao organismo derivariam do aumento do metabolismo (da maior produção de energia diariamente)
promovido pela prática de atividades moderadas e agradáveis.

Ainda conforme Neto em 1999, o aumento em 15 % da produção diária de calorias – cerca de 30


minutos de atividades físicas moderadas – pode fazer com que indivíduos sedentários passem a fazer
parte do grupo de pessoas consideradas ativas, diminuindo, assim, suas chances de desenvolverem
moléstias associadas à vida pouco ativa.

Entidades ligadas à Educação Física e às Ciências do Esporte como a Organização Mundial de Saúde
(OMS), o Conselho Internacional de Ciências do Esporte e Educação Física (ICSSPE), o Centro
de Controle e Prevenção de Doença – USA (CDC), o Colégio Americano de Medicina Esportiva
(ACSM), a Federação Internacional de Medicina Esportiva (FIMS), a Associação Americana
de Cardiologia e o Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul
(CELAFISCS) preconizam que sessões de trinta minutos de atividades físicas por dia, na maior
parte dos dias da semana, desenvolvidas continuamente, ou mesmo em períodos cumulativos de
10 a 15 minutos, em intensidade moderada, já são suficientes para a promoção da saúde. Nesta
mesma direção, encontram-se numerosos trabalhos de abordagem epidemiológica assegurando
que o baixo nível de atividade física intervém decisivamente nos processos de desenvolvimento de
doenças degenerativas.

Dentre os estudos mais expressivos envolvendo esta linha de pesquisa, tem-se o estudo de
Paffenbarger em 1993. Analisando ex-alunos da Universidade de Harvard, o autor observou que
a prática de atividade física está relacionada a menores índices de mortalidade. Comparando
indivíduos ativos e moderadamente ativos com indivíduos menos ativos, verificou que a expectativa
de vida é maior para aqueles cujo nível de atividade física é mais elevado. Com relação ao risco de
morte por doenças cardiovasculares, respiratórias e por câncer, o estudo sugere uma relação inversa
deste com o nível de atividade física.

Estudos experimentais sugerem que a prática de atividades de intensidade moderada atua na redução
de taxas de mortalidade e de risco de desenvolvimento de doenças degenerativas como as enfermidades
cardiovasculares, hipertensão, osteoporose, diabetes, enfermidades respiratórias, dentre outras. São

28
FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO │ UNIDADE úNICA

relatados, ainda, efeitos positivos da atividade física no processo de envelhecimento, no aumento da


longevidade, no controle da obesidade e em alguns tipos de câncer.

Destas constatações infere-se que a realização sistemática de atividades corporais é fator determinante
na promoção da saúde e da qualidade de vida.

BARBANTI, Valdir. Aptidão Física e Saúde. Revista Festur, Curitiba, v. 3, n.1, p. 5-8, 1991.

BÖHME, Maria Tereza Silveira. Aptidão Física: importância e relações com a


Educação Física. Revista Mineira de Educação Física, Viçosa, v.2, n.1, p. 17-25, 1994.

FECHIO, Juliane Jellmayer, CORONA, Emerson, FECHIO, Cristiane Jellmayer et al.


Influência da atividade física para portadores do vírus HIV. Revista Brasileira de
Atividade Física & Saúde, v.3, n. 4, p. 43-56, 1998.

GLANER, Maria Fátima, NETO, Cândido Simões Pires, ZINN, João Luiz. Diagnóstico da
aptidão Física relacionada à saúde de universitários. Revista Brasileira de Atividade
Física & Saúde, v.3, n. 4, p. 35-41, 1998.

NAHAS, Markus Vinícius, PIRES, Mário César, WALTRICK, Ana Cristina de Araújo et
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Saúde. v.1 n.1 p. 57-65, 1995.

ZAGO, Anderson Sarazanz, POLASTRI, Paula Fávaro, VILLAR, Rodrigo, et al. Revista
Brasileira de Atividade Física & Saúde, v.5, n. 3, p.42-51, 1998.

POWELL, Kenneth E., PAFFENBARGER, Ralph S. Workshop on Epidemiologic and


Public Health Aspects of Physical Activity and Exercise. Public Health Reports. v.100,
n. 2, p.118-126, 1985.

RIBEIRO, Suzete Neves Pessi. Atividade Física e sua intervenção junto à depressão.
Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v.3, n. 4, p. 73-79, 1998.

Atividade física como finalidade diagnóstica


A prática de atividade física está relacionada com uma melhor saúde e qualidade de vida. Nas últimas
décadas ficou evidenciada a importância da manutenção de um estilo de vida ativo para a saúde em
geral. A literatura científica parece clara quanto aos benefícios de se manter ativo, tendo em vista
que pessoas que praticam atividade física têm uma menor chance de desenvolver morbidades como
diabetes, hipertensão arterial, alguns tipos de câncer, além de proporcionar benefícios psicológicos
e sociais, logo, promovendo uma diminuição na probabilidade de uma mortalidade prematura.

Apesar do reconhecimento da importância da atividade física como fator de promoção da saúde e


de prevenção de doenças, a prevalência de exposição a baixos níveis de atividade física é elevada e
parece afetar pessoas de todas as idades.

Deve ser enfatizado que atividade física, aptidão física, exercício físico, teste, medida, avaliação,
como nós utilizamos, não tem função isolada dentro da Fisiologia do Exercício e Ciência do Esporte.

29
UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

O fato é que determinadas quantidades de capacidades físicas são necessárias para o desempenho,
a contento, de habilidades motoras que podem traduzir-se em melhoria de performance, quer seja
em relação à saúde ou ao desporto de rendimento.

É por meio da Ciência do Esporte, sem criar polêmicas quanto à terminologia, mas retirando dela o
que nos faz tomar conhecimento do quanto à prática regular da atividade física pelo exercício que
traz benefícios. Isso, geralmente, é acompanhado e controlado pela aplicação de testes, medidas e
avaliações que podem caracterizar o desempenho físico do indivíduo. Prescrever o exercício envolve
uma série de etapas que devem ser respeitadas para que seja possível se observar as aplicações dos
conteúdos específicos, os resultados e a elaboração ou reformulação de um programa de treinamento,
quer seja para desporto de alto rendimento ou para a promoção e manutenção da saúde.

Implementar um programa de exercício físico prescrito para determinado fim é, atualmente, um


dos cuidados mais importantes para que haja adesão à pratica física.

Questionamentos sobre quanto, como, onde e porque prescrever está cada vez mais presente durante
o desejo de estruturar e desenvolver uma orientação física que respeite a individualidade biológica e
fatores capazes de produzir respostas eficazes a partir de um diagnóstico bem elaborado. Entendemos
que não é somente por meio das questões orgânicas, fisiológicas ou mensurações precedidas de
avaliações que iremos incentivar e favorecer a saúde ou a permanência nos programas de atividade
física desenvolvidos para as pessoas. A atividade física envolve o ser humano num contexto muito mais
abrangente em suas mudanças corporais.

A adesão à prática do exercício tornou-se compromisso individual e, de certa forma, responsabilidade


governamental para que seja fácil e frequente o acesso ao exercício. No entanto, não podemos
afirmar que a participação em programas de treinamento seja de forma regular e sistemática.
Consideramos que, para obter resultado, é necessário recorrermos a um modelo de prescrição de
exercício que compreenda quatro aspectos fundamentais: Frequência, que é o número de vezes
semanais destinados à prática; intensidade, como o nível de esforço empregado durante a prática;
tempo, que é a duração da prática do exercício; tipo, que compreende exercícios gerais e específicos.

Acredita-se que o início de um programa de atividades físicas seja acessível para qualquer interessado,
desde que, as individualidades sejam respeitadas. O American College Sports of Medicine (ACSM),
que dispunha de orientações para a prática do exercício em 1978 informou, juntamente com Michael
L. Pollock, à comunidade científica sobre a necessidade de realizar muito exercício para melhorar a
capacidade aeróbia e a composição corporal. Foram, então, feitas as seguintes colocações:

»» Frequência de treinamento 3-5 dias/semana;

»» Intensidade do treinamento 60-90% da frequência máxima, de reserva do coração


de 50-85% do consumo máximo de oxigênio;

»» Duração do treinamento de 15-60 min por sessão;

»» Tipo ou modo da atividade sendo o uso rítmico e aeróbio dos grandes grupos de
músculos como: correr, jogging, caminhar, nadar, esquiar, pedalar, remar, esqui
campestre, equilibrar no esqui;

30
FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO │ UNIDADE úNICA

»» Vários testes de resistência ou atividades como requisitos básicos para a prescrição


sistemática da prática da atividade física.

Entre 1978 e 1990, essas orientações forneceram a base primária para muitas recomendações sobre
o treinamento do exercício aplicado no público interessado pela atividade física para aumentar ou
manter sua capacidade aeróbia. Embora essa posição, em 1978, somente se dirija à quantidade e
ao tipo de exercícios necessários para melhorar a aptidão física, muitos promotores do programa
de exercício e autores de artigos e livros concluíram que essas orientações também pertenciam aos
requisitos do exercício para melhorar a saúde dessa mesma população.

As orientações referidas acima foram baseadas na capacidade aeróbia em resposta à composição


corporal para treinamento de resistência em adultos saudáveis, como também foram usadas na
“prescrição de exercício” para a reabilitação cardíaca por fornecerem um conjunto de recomendações
bastante específicas e que podem ser facilmente entendidas e seguidas por muitos adultos,
demonstrando serem bastante valiosas para o desenvolvimento de um método padronizado do
treinamento do exercício.

O ACSM, em 1994, alerta para o fato de que os exercícios físicos praticados com o objetivo de
aquisição ou manutenção da saúde não necessitam serem vigorosos e intensos, mas, leves e de
intensidades moderadas.

Pollock e Wilmore, em 1993, propõem uma prescrição de prática do exercício para pessoas
aparentemente saudável necessária para se atingir um determinado nível de dispêndio energético.
O quadro a seguir descreve estas recomendações.

Quadro 1: Recomendações para prescrição de exercícios

Componentes Recomendações
Frequência 3 a 5 dias semanais.
Intensidade 60 a 90% da frequência cardíaca máxima (FCmáx)
50 a 85% do consumo máximo de oxigênio ou da FCmáx. de reserva.
Duração 20 a 60 minutos (continuamente).
Tipo de atividade Caminhadas, corridas, jogging, ciclismo, esqui de cross-country, dança, pular cordas, remo, subir escadas,
natação, patinação e vários jogos e atividades envolvendo o endurance generalizado.
Treinamento de resistência 8 a 10 exercícios (uma série de 08 a 12 repetições para cada um) capazes de condicionar os principais
grupos musculares, realizados pelo menos duas vezes na semana.
Nível inicial de condicionamento físico Elevado=maior carga de trabalho.
Baixo= menor carga de trabalho.

Fonte: Pollock e Wilmore (1993, p. 368) (adaptado do ACSM: Position statement on the recommended quantity and quality of exercise
for developing and maintaining fitness in healthy adults. Med. Sci. Sports 10: vii-x, 1978. Revisado e publicado in Med. Sci. Sports. Exerc.)

No Fórum Mundial de Atividade Física e Esporte realizado em Québec, em 1995, estabeleceram-se


critérios para classificar indivíduos ativos e pouco ativos. O resumo das recomendações, baseadas nas
atuais evidências sobre a quantidade de atividade física necessária para a boa saúde, preconiza que:

»» as atividades devem envolver grandes grupos musculares;

31
UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

»» deve-se impor mais do que a carga costumeira;

»» o consumo mínimo seja de 700 kcal/semana;

»» seja realizada com regularidade, se possível.

Quanto aos benefícios adicionais para a saúde, os indicativos são:

»» na prática, o exercício rítmico continuado como caminhar rápido por 20 ou 30


minutos preencheria essas atividades na maioria dos adultos;

»» incluir alguns períodos de exercícios vigorosos;

»» múltiplas atividades;

»» exercitar a maioria dos músculos do corpo, incluindo o tronco e a parte superior


do corpo;

»» consumir até 2000 kcal/semana, e manter esta atividade física por toda vida.

Brouha em 1943, explica que se tornar fisicamente apto é um objetivo que deveria atrair todo
homem jovem normal. É sabido que um grau satisfatório de aptidão física não pode ser mantido
se o treinamento termina. É importante que tenhamos um meio de avaliar a aptidão física para
classificarmos as capacidades de indivíduos em grupos excelentes, bons, médios ou fracos, para
então acompanharmos o progresso de uma pessoa durante os períodos em que está submetido ao
esforço físico.

A Conferência de Ontário, em 1992, sobre aptidão física, atividade física e saúde abordou as
relações entre estes temas. Fortes potenciais de atividade física incluem não só exercícios
deliberados, mas, também, tarefas ocupacionais, trabalhos domésticos e atividades incidentais
como caminhar ou andar.

Um grupo do consenso desta Conferência definiu saúde como uma condição humana com
dimensões físicas, sociais e psicológicas, que se caracteriza pela continuidade com dois polos:
o positivo, em que podemos usufruir a vida e superar desafios e não meramente a ausência
da doença; e, o negativo, que está associado à morbidade e ao extremo – mortalidade
precoce. Ainda não está claro se o processo – atividade física – ou o seu resultado – aptidão
física - são os valores mais apropriados a se mencionar. Atuais evidências da Organização
Mundial de Saúde (OMS) e da Federação Internacional de Medicina de Esporte (FIMS),
asseguram firmemente a importância da atividade física regular para se prevenir e tratar
determinadas doenças.

A atividade física foi definida como qualquer movimento produzido pelos músculos esqueléticos
que resulte em um substancial aumento sobre a energia desprendida.

Assim, inclui não só exercícios e esportes comprometidos com o deliberado intento de melhorar
a saúde ou o desempenho físico, mas, também, o equivalente gasto de energia em outros tipos de
descanso ativo, trabalho profissional e trabalhos domésticos.

32
FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO │ UNIDADE úNICA

Percebe-se que a maioria das avaliações de aptidão se concentra no desempenho. Todavia, foram
focalizados marcadores de saúde relacionados com a aptidão, incluindo:

»» índices de morfologia (massa por peso, composição corpórea e distribuição de


gordura e densidade óssea);

»» função muscular (força, potência e resistência);

»» habilidades motoras (agilidade, equilíbrio, coordenação e velocidade);

»» função cardiorrespiratória (transporte de oxigênio, função do coração e pulmões e


pressão sanguínea);

»» regulação metabólica (tolerância de glicose, metabolismo lipídico e lipoproteico e


escolha de substrato metabólico).

Miller, Grais, Winslow e colaboradores em 1991, definem a aptidão física como um estado de
habilidade para sustentar um trabalho físico caracterizado efetivamente pela integração da
resistência cardiorrespiratória, flexibilidade, coordenação, força e composição corporal, e que pode,
não só ajudar a fazer com que entendamos a aptidão física, mas, também, a observar os objetivos
que traçamos para que o indivíduo se torne fisicamente ativo. Os testes de aptidão física devem
servir para melhorar a autoestima e não para destruí-la.

Cooper, em 2003, faz referências às quantidades de treinamento aeróbio e força para pessoas que
desejam manter níveis de saúde sempre com o objetivo de diminuir os percentuais de treinamento
aeróbio e aumentar os de força na proporção do aumento da idade. São estas as referências:

»» indivíduos na faixa de 30 anos de idade: rotina dividida em 80% de exercícios


aeróbios e 20% de exercícios localizados para massa muscular na musculação;

»» indivíduos na faixa de 40 anos de idade: rotina dividida em 70% de exercícios


aeróbios e 30% de exercícios localizados para massa muscular na musculação;

»» indivíduos na faixa de 60 anos de idade: rotina dividida em 55% de exercícios


aeróbios e 45% de exercícios localizados para massa muscular na musculação;

Para o idoso devem ser realizados exercícios moderados de 30 minutos, mesmo que não seja restrito
a uma sessão contínua. Pelo menos, ao final do dia, ele deve ter realizado este tempo de exercício que
pode ser subir e descer escada, ir ao mercado ou à praia. No intuito de observar e direcionar os estudos
para a área de avaliação física na Ciência do Esporte, entende-se que testar, medir e avaliar é função
básica para permear qualquer programa de treinamento físico, quer seja para pessoas sedentárias,
quer seja para destreinadas, quer seja para ativas, quer seja para as treinadas em nível competitivo.

No Brasil, o número de laboratórios que oferecem mais opções de aplicações de testes é reduzido,
ou, às vezes, inexistente. A falta de equipamentos sofisticados não deve ser motivo para se deixar
de averiguar a situação inicial do indivíduo – diagnóstico - que busca a prática da atividade
física. Podemos admitir que um dos objetivos das pesquisas em Ciência do Esporte é a criação de
instrumentos que deem condições para que a sociedade tenha acesso à prática do exercício, ou que,

33
UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

pelo menos, os testes sirvam de triagem àqueles que, realmente, podem iniciar essa prática sem
necessidade de um laboratório sofisticado.

Um dos recursos que oferecem mais segurança para se obter informações sobre um individuo que
deseja iniciar um programa de treinamento físico é o conjunto “testar, medir e avaliar”. Apesar de
se interligarem na sua aplicação prática, dando sentido à prescrição e orientação dos conteúdos
abordados, eles têm significados distintos e são referências nos processos de tomada de decisões em
relação aos aspectos mais específicos.

As avaliações envolvendo os testes e as medidas necessitam que os protocolos sejam de fácil


entendimento, manuseio e que possam atender a todos os interessados. Além de podermos medir os
níveis de capacidades físicas, é possível avaliarmos as condições diagnósticas observadas e, assim,
prescrever, orientar e acompanhar sistematicamente o programa de exercícios físicos orientado.

Os testes, medidas e avaliações têm diferenças conceituais e sutis entre os autores. O teste é um
procedimento, instrumento ou técnica que pode ser aplicado e utilizado para coletar peculiaridades
de uma variável pertinente ao programa. Por exemplo, podemos testar a condição cardiorrespiratória
de um individuo sob as várias condições instrumentais que vão desde a aplicação do esforço em banco,
bicicleta, esteira ou outros mais específicos, até um simples questionário que pode abordar variáveis
capazes de predizer o produto desta capacidade, volume de oxigênio, sem nenhum esforço. No Quadro
2 a seguir, elaborado pela autora, encontramos palavras-chave que representam o posicionamento de
alguns autores sobre os testes, considerando o ano e aspectos de sua aplicação prática.

Quadro 2 – Posicionamento de alguns autores sobre os testes

Autor Ano Palavra-chave Aspecto de aplicação prática


Pinto 1977 Instrumento Uma pergunta ou um trabalho específico que serve para medir um
conhecimento ou habilidade.
Giannichi 1984 Instrumento, procedimento ou técnica Obtenção de uma informação que pode ser: escrita, observação
e performance.
Kiss 1987 Instrumento, procedimentos ou técnica Deve ser o mais específico possível e adequado às condições de
cada avaliado.
Giannichi e Marins 1996 Instrumento, procedimento ou técnica Utilizado para obter uma informação. Formas: escrita, observação
e performance.
Carnaval 2000 Pergunta ou um trabalho específico Utilizado para medir um conhecimento ou habilidade da pessoa
que se mede.
Pitanga 2000 Instrumento Utilizado para se obter medidas por meio dos testes que iremos
determinar os valores numéricos das medidas.
Morrow Jr, 2003 Instrumento ou ferramenta Informação em particular, podendo ser de cinco formas: oral,
escrita, com aparelhos mecânicos, fisiológica, psicológica ou outra
Jackson, Disch
variação.
et al.

Quanto à medida, esta pode ser definida como sendo o resultado obtido por meio da coleta realizada
por um instrumento, procedimento ou técnica atribuindo-se a ela um valor. Ou, ainda, um processo
para se coletar as informações obtidas pelo teste. Ela é quase sempre traduzida em valores numéricos
ou representativos de uma grandeza.

Também, é uma técnica que fornece, mediante processos precisos e objetivos, dados quantitativos
que exprimem, em bases numéricas ou grandezas, as qualidades que se deseja medir.

34
FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO │ UNIDADE úNICA

As medidas devem ser:

»» precisas: números possíveis de representar a variável medida;

»» objetivas: valores numéricos claros e consistentes;

»» formais: o testado sabe que vai ser testado;

»» não formais: o testado não sabe que vai ser testado.

Portanto, o teste anterior, de VO2 máx., deve ser representado em mililitros por quilograma de peso
minuto (ml/kg/min), podendo variar apenas os valores numéricos obtidos entre os instrumentos.

A avaliação pode ser considerada como uma fase de interpretação de valores quer seja, perante um
grupo, ou, com o próprio individuo. No nosso exemplo, poderíamos comparar os valores de volume
de oxigênio, a partir de uma tabela de classificação, baseada, em populações locais, estrangeiras ou
por valores de percentis calculados a partir de um grupo próprio.

A avaliação determina a importância ou valor da informação coletada; como decisão, classifica os


alunos, reflete o progresso, indica se os objetivos estão ou não sendo atingidos, se o sistema de ensino
está ou não sendo satisfatório e outros. Deve refletir a filosofia, metas e objetivos do professor.

É também um processo pelo qual, utilizando as medidas, se pode, subjetiva e objetivamente,


exprimir e comparar critérios. A avaliação julga o quanto foi eficiente o sistema de trabalho usado
com um indivíduo ou com um grupo de indivíduos. A técnica da análise é uma forma de situar o
indivíduo num grupo, criando condições de entendimento dos resultados. Ela é um processo. E,
podemos exprimir e comparar, desse processo, os dados de maneira objetiva e subjetiva.

Os testes e as medidas, após suas aplicações, quase sempre antecedem um processo de avaliação que
ocorre numa forma de situar o indivíduo perante ele mesmo e/ou um grupo. Bradfield e Moredock
apud Turra, Enricone, Santanna e colaboradores, em 1986, comentam que na avaliação atribuímos
um valor a uma dimensão mensurável significativa do comportamento em relação a um padrão de
natureza que pode ser social ou científica. A avaliação é dividida em três modalidades: diagnóstica,
formativa e somativa.

Kiss em 1987 e Pitanga em 2000 afirmam que a avaliação diagnóstica é do tipo de que envolve
a descrição, a classificação e a determinação do valor de algum aspecto do comportamento do
indivíduo. Esta fase é importante afim de que possamos traçar um plano para o alcance dos objetivos.
É peculiar na Educação Física e Esportes a aplicação dos testes para uma posterior averiguação do
trabalho ou do treinamento desenvolvido. A avaliação diagnóstica para a prescrição de um programa
de exercícios físicos pode ser mais individualizada possível, mesmo tendo dois indivíduos com
desempenhos muito próximos.

A avaliação formativa é a informação constante sobre o desempenho do indivíduo e que


é fator primordial para o direcionamento do alcance dos objetivos. Em se tratando de tipo de
treinamento no qual a performance é sempre observada, deve haver uma avaliação contínua em
que a retroalimentação é imediata. Com isso, podemos reconsiderar e reformular de imediato
aspectos referentes ao desempenho do indivíduo e, em termos de diagnóstico, por meio de

35
UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

testes, pode traçar o programa, de acordo com os resultados apresentados nas diferentes
capacidades motoras.

A avaliação somativa é normalmente utilizada após um período determinado. Neste tipo são
atribuídos valores de acordo com o acompanhamento da avaliação formativa, ou seja, com os meios
empregados para o alcance dos objetivos. No caso do uso de testes na avaliação diagnóstica, estes
podem ser comparados e analisados individualmente neste tipo de avaliação que é também chamada
de tradicional ou classificatória.

Morrow, Jackson, Disch e colaboradores em 2003, propõem duas formas de avaliarmos os escores
ou medidas obtidas na aplicação dos nossos testes: a norma de referência (NR) e o critério de
referência (CR).

A norma de referência (NR) diz respeito ao registro de um desempenho comparado ao desempenho


de outras pessoas a partir de um grupo com mesmo gênero, idade ou classe. Como exemplo, podemos
citar os valores de VO2 de 30 ml/kg/min como sendo fraco para determinada idade e gênero.

O critério de referência (CR) está relacionado com as possibilidades de um indivíduo avaliado traçar
parâmetros individuais por meio de critérios que possam ser estabelecidos pela sua capacidade em
determinada situação. Podemos relatar o desempenho de uma pessoa relacionado a um critério que
gostaríamos que ela atingisse.

Seguindo o exemplo anterior, podemos citar o fato de uma pessoa que apresentou um VO2 de 30 ml/
kg/min, mas, já teve um infarto e o médico se interessou em saber se o paciente alcançou o mínimo
de um nível funcional de condição cardiorrespiratória. Não estamos preocupados em comparar este
indivíduo com outros, e sim, com sua capacidade individual de atingir um nível.

Nesta área do desempenho humano o número de variáveis com as quais trabalhamos é muito
abrangente favorecendo escores de cortes, que são mais importantes quando as comparações dos
desempenhos individuais não são a preocupação principal, mas sim, se um nível de desempenho foi
ou não atingido.

Também consideramos que é necessário para esta sequencia do testar, medir e avaliar termos
conhecimento dos critérios ou fundamentos para seleção e construção dos testes, para mensurações mais
precisas e objetivas. Giannichi em 1984 destaca alguns fatores que devem ser levados em consideração
durante esta fase:

»» Após a determinação daquilo que testar e por que testar é importante selecionar
e construir os melhores testes. Pois, se um teste é pobre, consequentemente, a
avaliação também o será;

»» Verificação de três fatores de total relevância: validade, fidedignidade e objetividade.

A validade é a determinação do grau em que o teste mede aquilo que nos propomos medir
considerado a posteriori, ou seja, se o teste, após a aplicação, demonstra ser uma medida eficiente
daquilo que se pretendia medir, pois ela inclui consistência do teste (confiabilidade) e do aplicador
do teste.

36
FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO │ UNIDADE úNICA

As formas de determinação são: comparação com teste de validade conhecida; definição a partir de
opiniões de pessoas de reconhecido gabarito; conhecimentos teóricos fundamentados em literatura;
análise com referência a algum critério, por exemplo, Teste de Cooper na Pista e Quadra.

Aplicar outro teste para correlacionar - coeficiente de correlação r de Pearson - resultados


estatisticamente aprovados. Ricardo, em 1999, acredita ser este um dos critérios mais importantes
de autenticidade científica que nos leva a assumir um papel central na escolha e construção de testes.

Quereshi, em 1974, define a validação, em geral, como um procedimento de investigação da


natureza da realidade envolvendo todas as disciplinas científicas, de maneira que não haja descuido
ou negligência dos valores da informação.

As afirmações de que um teste é válido quando mede aquilo que se pretende medir são demais
genéricas e requerem maiores investigações e explicações.

De acordo com Thomas e Nelson, em 2002, Vianna, em 1976, e Howley e Franks, em 2000, existem
quatro tipos de validade: lógica, por conteúdo, por critério e por construção.

»» Lógica também conhecida como validade por aparência ou de face. Esta validade
é invocada quando retrata a performance medida, ou seja, o teste é válido por
definição. É muito utilizada pelos profissionais de Educação Física. Um exemplo
desta validade é proposta por Thomas e Nelson, em 2002, com o teste de equilíbrio
estático quando submete o indivíduo a ficar apenas sobre o apoio de um pé. É uma
validade lógica;

»» Por conteúdo, que pode ser encontrada em nossa literatura como validade
curricular, que não pode, como a lógica, ser fornecida por valores numéricos. Está
relacionada quase sempre à aprendizagem em ambientes educacionais;

»» Por critério, que pode ser de duas formas: predição - aquela em que a
validade é estatisticamente comprovada por meio de um teste de correlação que
irá estabelecer a relação entre o teste preditor (teste proposto) e o teste padrão
(medida critério). Faz parte deste tipo a validação cruzada que é uma técnica
que se recomenda para avaliação da precisão de equações de predição que foram
aplicadas em uma amostra que não participou do desenvolvimento das fórmulas
de estimativa; e, concomitante ou concorrente ou validação simultânea
- a relação dos escores de um teste proposto com outro teste chamado padrão, e é
muito utilizada quando se deseja substituir um teste longo ou complexo por outro
curto e de fácil aplicação.

»» Por construção, que pode ser entendida como o grau no qual o teste mede uma
característica, item ou o constructo que não pode ser diretamente medido (a
ansiedade, o stress, a motivação).

A fidedignidade, também conhecida como confiança, é o grau em que esperamos que os resultados
sejam consistentes ou reprodutivos, quando examinados pelo mesmo observador em diferentes
dias, a não ser em casos especiais e de acordo com o objetivo do trabalho.

37
UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

As formas de determinação são:

»» Aplicação do teste e reteste nas mesmas condições;

»» O reteste deve ser aplicado num período de tempo determinado, de três a sete dias,
não devendo ultrapassar 15 dias, a não ser em casos especiais e de acordo com o
objetivo do trabalho. Ex.: dobras cutâneas (diminuição do percentual de gordura
– mínimo 3 a 4 meses). O coeficiente deve estar acima de 0,70 para que possamos
considerar o teste reprodutível ou fidedigno.

A objetividade é o grau em que esperamos consistência nos resultados quando o teste é aplicado
e anotado simultaneamente por diferentes indivíduos nos mesmos alunos ou atletas. Podemos
determiná-la por meio do cálculo do coeficiente de correlação “r” de Pearson. Kiss, em 1987,
diz que a fidedignidade e a objetividade aumentam quando os aplicadores são bem treinados.
Ricardo, em 1999, explica que a objetividade pode ser o grau de uniformidade com o qual várias
pessoas marcam os mesmos escores no teste.

A padronização é a explicação descritiva e padronizada do teste. Deve ser bem realizada para que
a comparação dos resultados, em diferentes locais, aconteça com a máxima eficiência possível. A
padronização engloba: descrição do teste, fonte de referência original, validade, fidedignidade para
o grupo de objetividade, detalhes do objetivo, descrição das condições de realização do teste, local,
vestimenta, formas de motivação para obtenção dos resultados reais, cuidados a serem tomados
e os erros mais frequentes a serem evitados. Na interpretação e quantificação dos dados, Marconi
e Lakatos, em 1982, comentam que a coleta de dados é a etapa da pesquisa em que se inicia a
aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas. São vários os instrumentos e
seus objetivos, e variam de acordo com as circunstâncias ou tipos de investigação, como a coleta de
dados, observação, entrevista, questionário, formulário, testes, entre outros.

Após a coleta dos dados, eles são elaborados e classificados de forma sistemática seguindo três
etapas: seleção, codificação e tabulação.

»» Seleção, exame minucioso dos dados servindo também para se evitar posteriores
problemas de codificação;

»» Codificação, técnica operacional utilizada para se categorizar os dados que se


relacionam e são transformados em símbolos, podendo ser tabulados e contados;

»» Tabulação, disposição dos dados em tabelas, possibilitando maior facilidade na


verificação das inter-relações entre eles, constituindo parte do processo técnico da
análise estatística que permite sintetizar os dados.

É necessário comentar que, para seleção dos instrumentos de testes, devemos estabelecer critérios
ao adquiri-los, iniciando aí, o processo de testar, medir e avaliar.

Apresentamos no quadro a seguir opções de recursos materiais para a organização e montagem de


laboratório ou sala para testes, medida e avaliação, com o objetivo de adequar as diferentes funções
corporais relacionadas ao material que pode ser utilizado no âmbito das academias, clubes e escolas.

38
FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO │ UNIDADE úNICA

Quadro 3: Opções de recursos materiais para coleta de medidas em Educação Física no âmbito das
academias, clubes e escolas.

MATERIAL FUNÇÃO
Balança antropométrica ou digital. Medir massa corporal e estatura.
Estadiômetro. Medir estatura, altura total, e outras.
Fita métrica de metal 2 mts. Medir circunferências, envergadura e outros.
Compasso de dobras cutâneas ou adipômetro (Lange, Medir composição corporal.
Harpender ou simples Cescorf simples e com relógio).
Bioimpedância elétrica. Medir composição corporal, água corporal, massa magra, peso de gordura
armazenada percentual de gordura, taxa de metabolismo basal.
Compasso para diâmetro ósseo (antropômetro). Medir diâmetros ósseos.
Goniômetro. Medir flexibilidade ou grau de amplitude dos diferentes ângulos articulares do
corpo.
Banco de alcance. Medir flexibilidade dorso lombar.
Ergômetro banco, esteira e bicicleta. Medir aptidão cardiorrespiratória.
Ergoespirômetro. Medir gases expirados e inspirados com ergômetro.
Ventilômetro. Medir o limiar ventilatorio.
Tensiometro, Estetóscopio e Esfignomanômetro. Medir pressão arterial.
Frequêncimetro (Polar ou outra marca). Mapear frequência cardíaca, e outros durante o esforço.
Dinamometro (manual e outros). Medir força.
Metrônomo de Maezel. Determinar a velocidade do ritmo.
Lactimetro (Accusport). Medir lactato sanguíneo.
Polaroid ou máquina fotográfica comum. Medir graus de postura por meio de pose fotográfica.
Retroprojetor ou Simetográfo. Medir curvaturas da coluna vertebral.
Fio de prumo. Medir o nível de postura.
Cronômetros. Medir tempo.
Colchonetes. Acomodar a postura do tronco para aplicar diferentes testes.
Medicine ball. Medir potência.
Cones. Delimitar espaços para testes de agilidade.
Calculadora, programa Excel ou estatístico. Registrar medidas de coletas de testes para equacionar os diferentes protocolos.
Computador e impressora. Organizar banco de dados para fornecer laudos de coleta, prescrição e controle
de treinamento.
Pranchetas. Apoio para registrar coleta de dados nas fichas.

Quadro retirado do texto AMERICAN COLLEGE SPORTS OF MEDICINE. Prova de esforço e prescrição de exercício. Rio de Janeiro, RJ:
Livraria e Editora REVINTER, 1994. p.431. ISBN 85-7309-002-2

Ainda na montagem de um laboratório ou de uma sala para avaliação em clubes, academias e


escolas, deve ser considerado o tipo de serviço que queremos oferecer e o que pretendemos com
um sistema de testes, medidas e avaliações. O quadro que se segue originou da proposta do ACSM
em 1994, e foi adaptado pela autora com o propósito de apresentar para cada componente físico
relacionado à saúde opções de aplicação de um sistema que vai desde aquilo que é mais sofisticado
até o mais simples. Porém, possibilitando ao profissional atuar com uma margem de segurança para
o avaliado, e também, respeitando condições financeiras deste mesmo profissional.

39
UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Quadro 4: Conjunto de atitudes para um sistema de testes, medidas e avaliações conforme condições
de montagem.

Componente Físico Itens


Frequência Cardíaca /Pressão Arterial /Eletrocardiograma com esforço/
utiliza três ergômetros esteira, banco e bicicleta.
Frequência Cardíaca /Pressão Arterial /Eletrocardiograma com esforço/
Cardiorrespiratório
utiliza dois ergômetros.
Frequência Cardíaca /Pressão Arterial /utiliza um ergômetro (banco,
esteira ou bicicleta).
Pesagem hidrostática/antropometria (dobras cutâneas, circunferências)
Somatotipo de Sheldon e Hearth & Carter, Peso ideal.
Composição corporal
Antropometria (dobras cutâneas, circunferências) Somatotipo de Sheldon
e Hearth & Carter, Cálculo de Peso ideal.
Colesterol sérico HDL e LDL, triglicérides, glicose Dosagens sanguíneas
Dosagens sanguíneas
Colesterol HDL e LDL, triglicérides, glicose, colesterol.
Dinamometria, uma repetição de quilagem máxima no supino em
decúbito ou múltiplas repetições.
Força
Uma repetição de quilagem máxima no supino em decúbito
Múltiplas repetições.
Teste de flexões de braços e abdominais (sentar e deitar).
RML Teste de flexões de braços.
Teste de flexões de abdominais (sentar e deitar).
Banco de Sentar e alcançar e goniômetro para flex-test.
Flexibilidade
Banco de Sentar e alcançar.
Sistema de avaliação (registro de dados) Pacote computadorizado e entrega de relatório ao avaliado.
Sistema de avaliação (registro de dados) Manual e entrega relatório de relatório ao avaliado.

Quadro retirado do texto AMERICAN COLLEGE SPORTS OF MEDICINE. Prova de esforço e prescrição de exercício. Rio de Janeiro,
RJ: Livraria e Editora REVINTER, 1994. p.431. ISBN 85-7309-002-2

Consideramos que testar, medir e avaliar faz parte de um processo de tomada de decisão que
ocorrerá na formulação da prescrição. Portanto, a interação programa/participante deve obedecer
algumas fases recomendadas pelo ACSM, em 1994. Estas dizem respeito a: classificação do exercício,
desenvolvimento da prescrição do exercício, implementação da prescrição de exercícios e manutenção
do exercício apropriado.

»» A classificação orienta o quanto será a participação do indivíduo no programa.

»» O desenvolvimento da prescrição do exercício começa após os testes; as


medidas e os processos de avaliações empregados segue com o planejamento das
atividades adequando-se ao tipo de atividade, frequência, duração, intensidade e
progressão.

»» A implementação da prescrição do exercício compreende o conjunto


e o tempo de execução de exercícios, o nível de monitorização e de supervisão,
a realização dos exercícios sob duas formas: individual e em grupo e os planos
emergenciais disponíveis para os primeiros socorros. Poderemos excluir
determinados exercícios ou, até mesmo, interromper a participação do interessado
devendo, neste caso, encaminhá-lo para uma avaliação clínica adicional e/ou
tratamento antes de admiti-lo para um programa mais intenso;

40
FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO │ UNIDADE úNICA

»» A manutenção do exercício apropriado, a fase em que consideramos a


progressão da prescrição efetuada, a avaliação periódica ou o reteste (que pode ser
chamado de reavaliação), os níveis de supervisão e as técnicas motivacionais para
continuidade da execução do programa prescrito.

As implicações de uma prescrição, elaborada sem as considerações do diagnóstico a partir do teste


empregado ou, uma avaliação precipitada, podem resultar na desistência do indivíduo do programa
ou em prejuízos à sua saúde. Este processo também interfere em resultados no treinamento de
alto rendimento para atleta, o que ocasiona perda de oportunidades que podem trazer sequelas
psicológicas para o resto da sua vida.

Prescrição de exercício físico para portadores


de doenças cardiovasculares
Estudos epidemiológicos têm demonstrado que a prática regular de exercício físico aeróbio está
intimamente associada à redução significante da morbidade e da mortalidade cardiovasculares. Além
disso, o exercício físico tem sido utilizado como coadjuvante ao tratamento farmacológico de inúmeras
doenças cardiovasculares. Alguns cuidados devem ser tomados, porém, em relação às variáveis que
compõem o treinamento físico, tais como intensidade, duração e frequência, principalmente em
indivíduos portadores de doenças cardiovasculares. Esses indivíduos, na maior parte das vezes,
apresentam capacidade funcional reduzida e anormalidades eletrocardiográficas, o que os torna mais
suscetíveis a intercorrências cardiovasculares durante a realização do exercício físico.

Por isso, avaliações pré-teste de esforço, como a anamnese, são imprescindíveis, pois permitem avaliar
o histórico familiar e doenças pregressas. Os testes ergométrico ou ergoespirométrico são essenciais
para que se faça uma prescrição adequada do exercício físico, respeitando a individualidade biológica.

Como a prescrição do exercício físico é realizada tomando-se como indicador de intensidade do


treino a frequência cardíaca, cabe à equipe multidisciplinar, principalmente ao médico cardiologista,
averiguar se o indivíduo, ao iniciar um programa de condicionamento físico, faz uso de medicamentos
que modifiquem os valores de frequência cardíaca, tanto em repouso como durante a realização do
exercício físico. O uso desses medicamentos modificará sensivelmente a prescrição do exercício físico.

Cuidados a serem tomados em relação aos


testes de esforço

Avaliações pré-teste de esforço


Antes do teste de esforço, é importante a realização da anamnese, que permite ao professor de
educação física conhecer o histórico médico do avaliado. O histórico médico deve conter informações
tais como qualquer tipo de problema clínico, sintomas, medicamentos utilizados ou informações
referentes a testes realizados anteriormente. Além disso, informações como o histórico de atividade
física pregressa e o histórico familiar para doenças cardiovasculares e metabólicas devem fazer

41
UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

parte das informações obtidas na anamnese. No quadro 5 que se segue, nota-se que pacientes com
contraindicações relativas devem ser submetidos ao teste de esforço apenas depois de cuidadosa
avaliação risco-benefício. Além disso, devem ser dadas instruções escritas e verbais sobre evitar a
ingestão de alimentos, álcool, cafeína e cigarros três horas antes do teste de esforço. Deve ser indicado
também, repouso algumas horas antes do teste, ressaltando a necessidade de não interromper a
medicação (quando o teste tem como objetivo a prescrição de exercício físico).

No caso de teste diagnóstico para isquemia, há necessidade de suspensão. Outra observação


importante a ser relatada durante as instruções prévias diz respeito à vestimenta a ser usada
durante o teste, que deve ser confortável e não prejudique a livre movimentação das articulações.
Além disso, as roupas devem facilitar o posicionamento de eletrodos para o registro do
eletrocardiograma e do manguito para aferir a pressão arterial. É importante salientar que será
necessária a realização da tricotomia para indivíduos do sexo masculino para facilitação do
posicionamento dos eletrodos.

Quadro 5: Contraindicações absolutas e relativas para realização do teste de esforço.

Contraindicações absolutas Contraindicações relativas


1. Alteração significativa recente no eletrocardiograma no repouso. 1. Pressão diastólica em repouso > 115 mmHg ou pressão sistólica
em repouso > 200 mmHg.

2. Infarto do miocárdio recente complicado (a menos que o paciente 2. Cardiopatia valvular moderada.
esteja estável e sem dor).

3. Angina instável. 3. Anormalidades eletrolíticas conhecidas (hipocalemia,


hipomagnesemia).

4. Arritmia ventricular não controlada. 4. Marca passo de frequência fixa (usado raramente).

5. Arritmia atrial não controlada que compromete a função cardíaca. 5. Ectopia ventricular complexa ou frequente.

6. Bloqueio cardíaco atrioventricular de 3o grau sem marca passo. 6. Aneurisma ventricular.

7. Insuficiência cardíaca congestiva aguda. 7. Doença metabólica não controlada (diabetes, tireotoxicose,
mixedema).

8. Estenose aórtica grave. 8. Doença infecciosa crônica (mononucleose, hepatite, AIDS).

9. Suspeita ou certeza de aneurisma dissecante. 9. Distúrbios neuromusculares, musculoesqueléticos ou reumatoides


exacerbados por exercício.

10. Miocardite ou pericardite suspeita ou ativa. 10. Gravidez avançada ou complicada.

11. Tromboflebite ou trombo intracardíaco. –

12. Êmbolo pulmonar ou sistêmico recente. –

13. Infecções agudas. –

14. Distúrbio emocional significativo (psicose). –

Quadro retirado e adaptado de Shephard e Miller. Exercise and heart in health and disease. 2nd ed. New York: Ed. Marcel Dekker; 1999.

Seleção do tipo de teste


Os testes de tolerância ao esforço têm por objetivo avaliar a condição física do indivíduo, assim
como possíveis anormalidades cardiovasculares detectáveis durante o esforço físico, tais como

42
FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO │ UNIDADE úNICA

isquemia. Esses testes podem ser ergométricos ou ergoespirométricos. No teste ergométrico, é


obtido o registro do eletrocardiograma, que, além de informar a frequência cardíaca, é capaz de nos
mostrar alterações no ritmo cardíaco do indivíduo durante o esforço, a pressão arterial, além da
percepção subjetiva do esforço. Já no teste ergoespirométrico, além das medidas obtidas no teste
ergométrico convencional, é obtida a análise metabólica, como o consumo de oxigênio e a produção
de gás carbônico, dentre outras variáveis, que nos auxiliam na detecção dos limiares ventilatórios
usados para determinação da intensidade do exercício físico a ser realizado.

Os testes de tolerância ao esforço são comumente realizados em dois ergômetros:

a. bicicleta ergométrica;

b. esteira rolante.

A bicicleta ergométrica apresenta a vantagem de ser mais barata e ocupar menos espaço físico. O fato
de o teste realizado na bicicleta enfatizar principalmente membros inferiores permite que o registro
tanto eletrocardiográfico como de pressão arterial seja facilitado, por diminuir as interferências
provocadas pelos movimentos dos membros superiores; por outro lado, subestima a capacidade
cardiorrespiratória por causar fadiga periférica precoce. A esteira rolante como ergômetro,
por sua vez, apresenta a vantagem da especificidade da prática do exercício físico, na medida
em que geralmente a modalidade prescrita para exercício físico em programas de reabilitação e
condicionamento físico é a caminhada ou a corrida. Além disso, os valores obtidos do consumo
de oxigênio no teste de esforço são 10% a 20% maiores que os obtidos em bicicleta, o mesmo
acontecendo com a frequência cardíaca (5% a 20%); dessa forma, a prescrição do treinamento
físico por meio do teste realizado em esteira não subestima valores referentes ao esforço máximo do
paciente, possibilitando que a intensidade de treinamento seja mais próxima do real. Por apresentar
essas vantagens, a esteira rolante é o ergômetro mais utilizado em testes de esforço em portadores
de doenças cardiovasculares.

Critérios para a interrupção do teste


No quadro 6 podem ser observados os principais critérios de interrupção de teste de esforço, tanto
no teste ergométrico como no teste ergoespirométrico. É importante avaliar, ao longo do teste, o
nível de fadiga e dispneia do paciente avaliado. Um critério importante de interrupção do esforço é
o platô, tanto de frequência cardíaca como de consumo de oxigênio. A presença do platô durante o
teste indica que o indivíduo avaliado atingiu o pico de esforço.

A presença de sinais clínicos que indiquem a paralisação do teste, como dispneia, fadiga
excessiva, dores, pressão arterial elevada, assim como angina do peito e/ou isquemia miocárdica,
representa aumento do risco ao indivíduo que está realizando o teste. Por isso, tais critérios
são importantes variáveis para determinar a paralisação do teste, critérios estes que cabem à
interpretação médica.

É importante ressaltar que, após o término do teste, os pacientes só devem deixar o local
(na presença do médico responsável) após normalização dos níveis de pressão arterial e de
frequência cardíaca.

43
UNIDADE úNICA │ FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Quadro 6: Critérios para a interrupção do teste de esforço, segundo, o Colégio Americano de Med-wwicina
do Esporte (ACSM).

— Platô de consumo de oxigênio. — Sinais clínicos que indiquem paralisação do teste.


— Platô de frequência cardíaca. — Alteração eletrocardiográfica importante.
— Pressão arterial sistólica > 230 mmHg. — Coeficiente respiratório > 1,1.
— Pressão arterial diastólica > 120 mmHg. — Percepção de esforço (Borg) > 18.
— Alteração eletrocardiográfica importante. — Sinais clínicos que indiquem paralisação do teste.
— Coeficiente respiratório > 1,1. — Angina excessiva que impeça continuação do exercício.
— Percepção de esforço (Borg) > 18.

Quadro retirado do American College of Sports Medicine – ACSM. Manual para Teste de Esforço e Prescrição de Exercício. Rio de
Janeiro: Revinter; 2000. p. 3-10.

Quando prescrita com devidos cuidados, o exercício físico progressivo faz uma
contribuição significativa, importante e imediata para a boa saúde global, a
satisfação vital e a expectativa de vida.

44
PARA (NÃO) FINALIZAR

Aumentar os níveis de atividade física da população é um dos desafios da saúde pública. As


dificuldades podem ser evidentes, contudo, os resultados também os são. É possível afirmar que
programas e campanhas de promoção de estilos de vida ativo são as ações que vêm se destacando
dentre as estratégias adotadas pelo poder público como parte critica da estratégia geral para
melhorar a saúde das populações.

Um recurso muito valorizado é basear as ações em evidências para orientar as atividades em saúde
pública, atuais e futuras. Intervenções ambientais e na área de políticas publicas são particularmente
importantes para a promoção da atividade física, porque ambas são elaboradas para influenciar
grandes grupos populacionais.

A dimensão da atividade física relacionada à saúde vem alcançando destaque nos últimos anos e já
se revela bastante maduro o entendimento que se construiu acerca da presença do profissional da
Educação Física como agente que legitima e consolida a viabilização de programas de promoção da
saúde tendo a atividade física como elemento norteador.

Continue pesquisando para aumentar sem conhecimentos. Não pare por aqui!

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