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FORTALEZA – CEARÁ
2018
2
FORTALEZA-CEARÁ
2018
3
4
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Marcos José Nogueira de Souza (Orientador)
Universidade Estadual do Ceará-UECE
_______________________________________________________________
Prof. Dra. Andréa Bezerra Crispim
Centro Universitário Católica de Quixadá-UNICATÓLICA
_______________________________________________________________
Dr. Cleyber Nascimento de Medeiros
Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará-IPECE
5
AGRADECIMENTOS
Aos meus amigos que sempre me incentivaram, George de Castro, André Mattos,
Dayane Frota, Pierre Leite, Henia Sales, Michele Freitas, Michele Alves e Leninha.
Agradeço aos professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em
Geografia (PROPGEO), que não mediram esforços para o desenvolvimento do meu
mestrado. Em especial à funcionária Adriana Livino dos Santos Holanda, secretária
do PROPGEO, pela sua eficiência e atenção.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela
bolsa de estudos de mestrado.
8
RESUMO
ABSTRACT
The municipality of Itapajé is located in the Litoral Oeste / Curu Valley planning region,
approximately 124 km from Fortaleza, Ceará. It is inserted in the Irauçuba Center-
North Desertification Nucleus and the Uruburetama Massif, environments with intense
pressure on natural resources, consequently serious environmental and
socioeconomic imbalances. Thus, the general objective is to propose subsidies for
nature conservation and land use planning, in dialogue with public water resources
policies instituted during the drought of 2010 to 2017, in the context of the municipality
of Itapajé. In order to reach the objectives, Monteiro's standard years methodology
(1976) and the methodological proposal of environmental quality and limits of tolerance
to the use and occupation of environmental systems were applied, Souza (2015). In
2010 it was classified as a dry year, but from a climatological point of view. In 2016
normal year, but with characteristics of hydrological drought. Most of the public water
resources policies were installed in the plains environmental system from the point of
view of water potential. Regarding the environmental quality and limits of tolerance to
the use and occupation of environmental systems, in some sectors the state of
conservation has brought about transformations and a series of environmental impacts
that exceeded the support capacity of environmental systems, triggering significant
changes in the dynamics of the landscape and commitment of natural resources.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE MAPAS
LISTA DE QUADROS
MI Ministério da Integração
NASA Administração Nacional do Espaço e da Aeronáutica
OLI Operacional Land Imager
OMM Organização Meteorológica Mundial
OT Ordenamento Territorial
PAE-CE Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação
Mitigação dos Efeitos da Seca.
PNOT Política Nacional de Ordenamento Territorial
PDDU Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
RIMA Relatório de Impacto Ambiental
RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural
SAB Semiárido Brasileiro
SAAE Serviço Autônomo de Água e Esgoto
SDA Secretaria do Desenvolvimento Agrário
SEARA Secretaria de Estado de Assuntos Fundiários e
Apoio à Reforma Agrária
SIAGAS Sistema de Informações de Águas Subterrâneas
SIG Sistemas de Informações Geográficas
SIRGAS Sistemas de Referência Geocêntrico para as Américas
SOHIDRA Superintendência de Obras Hidráulicas
SRH Secretaria de Recursos Hídricos
SRTM Shuttle Radar Topographic Mission
SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
UECE Universidade Estadual do Ceará
UTM Universal Transversa de Mercator
ZEE Zoneamento Ecológico-Econômico
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 21
2 BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS........................................ 25
2.1 O FENÔMENO DAS SECAS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO............. 25
2.2 ANÁLISE GEOAMBIENTAL................................................................ 32
2.3 UNIDADES DE INTERVENÇÃO E MEIO ECODINÂMICO................. 34
2.4 CONTRIBUIÇÕES DA GEOGRAFIA PARA O ORDENAMENTO
36
TERRITORIAL.....................................................................................
2.5 FASES METODOLÓGICAS E PROCEDIMENTOS TÉCNICO-
OPERACIONAIS................................................................................. 40
2.5.1 Levantamento bibliográfico.............................................................. 43
2.5.2 Levantamento de campo................................................................... 45
2.5.3 Estruturação do banco de dados e elaboração dos mapas
46
temáticos............................................................................................
3 CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE
ITAPAJÉ.............................................................................................. 52
3.1 LITOTIPOS, GEOFORMAS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS................. 54
3.2 CLIMA E ÁGUAS SUPERFICIAIS....................................................... 70
3.2.1 Análise hidroclimática espaço-temporal (2010-2017).................... 77
3.3 SOLOS E BIODIVERSIDADE.............................................................. 85
4 USO E COBERTURA DA TERRA NO MUNICÍPIO DE ITAPAJÉ E
AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE RECURSOS HÍDRICOS DURANTE
A SECA 2010-2017............................................................................. 90
4.1 HISTÓRICO DE USO E OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO.................... 90
4.2 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS.................................................... 92
4.3 USO E COBERTURA DA TERRA....................................................... 94
4.4 POLÍTICAS PÚBLICAS DE RECURSOS HÍDRICOS......................... 102
5 SUBSÍDIOS À CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E AO
ORDENAMENTO TERRITORIAL....................................................... 114
5.1 A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE ITAPAJÉ............. 114
5.2 VETORES DE PRESSÃO E TENDÊNCIAS: ELEMENTOS A
CONTROLAR...................................................................................... 122
21
1 INTRODUÇÃO
entre os anos de 2010 a 2017, exceto o ano de 2011. O déficit hídrico ainda repercute
no primeiro bimestre de 2018.
Diante desse cenário, pesquisas científicas tornam-se ainda mais
relevantes, por se tratar de uma das regiões semiáridas mais populosas e povoadas
do planeta. Outro fator a considerar é a necessidade de estudos em escalas
municipais, para melhor detalhar os reflexos sociais das secas e a eficácia, ou não,
das políticas públicas de recursos hídricos tidas como emergenciais.
Por outro lado, a pesquisa contribuirá com os estudos já realizados na
dimensão do maciço de Uruburetama e de pesquisas sobre o núcleo de desertificação
de Irauçuba/Sertões do Centro-Norte.
Destarte, por mais que nesse território municipal não predominem
características marcantes de áreas suscetíveis à desertificação, compreender a
qualidade ambiental e os limites de tolerância ao uso e ocupação dos sistemas e
setores ambientais estratégicos são aspectos cruciais para direcionar cenários
desejáveis à conservação da natureza e ao ordenamento territorial.
26
índice de aridez de até 0,5, calculado pelo balanço hídrico que relaciona as
precipitações e a evapotranspiração potencial, no período entre 1961 e 1990 e os
riscos de seca maior que 60%, tomando-se por base o período entre 1970 e 1990
(BRASIL, 2007). Em virtude dos critérios mencionados, a Resolução nº 107/2017, de
23 de novembro de 2017, estabelece a atual delimitação do SAB. Ver Figura 2.
Figura 3 – Mapa do Monitor de Secas no Ceará durante os meses de junho e dezembro, nos anos de 2014, 2015 e 2016.
Figura 4 – Histórico dos aportes hídricos dos açudes monitorados pela Cogerh entre
2010 a 2017, no Ceará.
No contexto geral, essas propostas permitem que cada país adote recursos
e meios para a erradicação da pobreza. No Brasil, vários programas têm sido
implantados em âmbito nacional e estadual. Cabe mencionar o Bolsa Família, o
Programa 1 milhão de cisternas, o Água para Todos e o Seguro Safra (CAMPOS,
2014).
Durante a seca plurianual, Fortaleza recepcionou o “Seminário de
Avaliação da Seca de 2010-2016 no Semiárido Brasileiro”, evento ocorrido entre os
meses de novembro e dezembro do ano de 2016. Retomaram ao debate as políticas
de secas já retratadas na Agenda 21 da Rio 92. Ao final do evento, formulou-se uma
carta com os principais assuntos discutidos, entre eles os impactos negativos que
atingiram praticamente todos os setores da economia, principalmente a agricultura de
sequeiro. (FUNCEME, 2016).
No estado do Ceará, algumas ações em caráter emergenciais e
estruturantes estão sendo adotadas. Segundo Ceará (2015), as ações emergenciais
são essenciais para que a água chegue o mais rápido possível às localidades.
Contudo, essas não se tratam de uma solução efetiva e duradoura.
As ações estruturantes abrangem políticas a médio e longo prazo, que
visem a melhoria da qualidade de vida e segurança hídrica. Segundo Ceará (2015),
33
essas devem contemplar o saneamento básico, o reuso das águas, o apoio ao setor
produtivo e a modernização da gestão das águas, incentivando a geração de
conhecimento e a inovação por meio de estudos e pesquisas, inclusive as ações
ambientais (CEARÁ, 2015). O Quadro 2 apresenta exemplos de ações emergenciais
e ações estruturantes que visam a segurança hídrica no Estado do Ceará.
SEGURANÇA HÍDRICA
Ações Emergenciais Ações Estruturantes
Carros pipas Transferência hídrica
Adutoras Sistema de abastecimento de água
Poços Cisternas
Rede de abastecimento Barragens
Transferência hídrica Reuso de água
Controle de demanda
Adutoras
Ações ambientais
1Artigo 225, § 1º, inciso IV - “[...] exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade poten-
cialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental [...]”.
34
3 Segundo Souza (2015), limite de tolerância dos sistemas ambientais é uma expressão que parte da
incidência dos processos morfodinâmicos e pedogenéticos, além de informações sobre o atual estado
dos componentes geoecológicos.
5
Parte II - Projeto ZEE Brasil: Diretriz Metodológica<http://www.itcg.pr.gov.br/arquivos/File/4
diretrizes_2006_parte2.pdf>.
38
Mapa Pedológico
Mapeamento de solos do Ceará,1988 (Zoneamento Agrícola do Estado do Ceará, na Escala
de 1:600.000 elaborado pela SEARA e disponibilizado pelo IDACE); mapeamento dos
Neossolos Flúvicos com escala compatível a 1: 25.000 através da (Imagem de satélite SPOT
5, Google Earth, 2016 e ALOS SENSOR PALSAR/UAF, 2010, com resolução espacial de 12,5
metros). Metodologia: Manual Técnico de Pedologia, 2015.
Mapa dos Sistemas e Setores Ambientais Estratégicos
Mapeamento dos Sistemas e Subsistemas Ambientais com detalhes compatíveis com a
escala de 1:25.000 (Imagem de satélite SPOT 5/IPECE, 2012) resolução espacial de 2,5
metros; (ALOS/SENSOR AVNIR2/IBGE, 2010), resolução espacial de 10 metros e Relevo
Sombreado (ALOS SENSOR PALSAR/UAF, 2010). Material de base: Zoneamento
Geoambiental da Região de Irauçuba. Metodologia: Marcos José Nogueira de Souza.
Mapa de Uso e Cobertura da Terra
Utilizou-se a base cartográfica da FUNCEME (2015), elaborado originalmente com detalhes
compatíveis a escala de 1:100.000, por meio do método de segmentação. As imagens
utilizadas foi o sensor TM do satélite Landsat 5, nas bandas 5, 4 e 3, datadas de jul/2011 e a
imagem RAPIDEYE, resolução espacial de 5 m, datadas de 2012 (FUNCEME, 2015). Para
ajustar-se ao manual de uso e cobertura da terra (IBGE, 2013), a presente pesquisa adaptou
as classes e ajustou manualmente as feições, com o auxílio de pontos coletados nos trabalhos
de campo.
Mapa das políticas públicas de recursos hídricos 2010-2017
Após o levantamento das políticas públicas de recursos hídricos emergenciais e estruturantes,
por meio de visitas aos órgãos e organizações e através da checagem de campo e coleta de
pontos, os dados foram tabulados e gerados três arquivos no formato shp: feição de pontos
referindo-se aos poços, dessalinizadores e sistema de abastecimento de água; feição de
pontos das cisternas de placas, distribuídas pontualmente pelo centroide dos setores
censitários, pelo método de Quebras Naturais (jenks), já que os dados disponíveis pela
Caritas diocesana de Itapipoca, possuíam apenas os nomes dos proprietários e da localidade
situada. Dessa forma agrupou-se a quantidade de cisternas por localidades e depois por setor
censitário. A outra feição refere-se as linhas das principais rotas da operação pipa.
Mapa das áreas protegidas: APPs e RPPN Mãe-da-Lua
Utilizou-se a base cartográfica da FUNCEME (2015). Foram mapeadas apenas as áreas com
declives acima de 45 graus. A escala de mapeamento foi de 1:100.000, sendo adotada uma
unidade mínima de mapeamento. No caso de Itapajé, na escala adotada foram identificadas
pequenas áreas com declives acima de 45 graus, as quais foram descartadas em virtude da
unidade mínima de mapeamento (FUNCEME, 2015). A RPPN Mãe-da-Lua utilizou-se a
poligonal disponibilizada pelo ICMBio.
(Conclusão).
Fonte: Própria autora.
51
Figura 8 – Planície fluvial do riacho Pedra d’água, em abril de 2017 (A) e planície do rio
Caxitoré, em dezembro de 2017(B), Itapajé Ceará. Ambientes com coberturas sedimentares e
áreas com alto potencial hidrogeológico.
A B
A B
Fonte: Poços: SIAGAS, 2017; Controle estrutural: CPRM, 2003 e 2008. Elaborada pela autora.
A B
A B
Figura 15 – Média anual da série histórica de 2001 a 2016 nos postos de Itapajé, Santa Cruz e
Irauçuba, Ceará.
1000 800
497
500
0
Itapajé Santa Cruz Irauçuba
Mapa 6- Pluviometria
Figura 16 – Cachoeira do riacho Pedra d’água UTM (44619m E/ 9585123m N), localizada na
Vertente Norte-Oriental da serra da Uruburetama, localidade Pedra d´água, em abril de 2017,
Itapajé-Ce.
Figura 17 – Passagem molhada nos riachos Pedra d’água e São Tomé UTM (449419m E/
9581201m N), localidade Serrote do Meio (A). Passagem molhada no rio Caxitoré UTM
(449897m E/ 9581434m N), localidade Paraíso (B), em abril de 2017, Itapajé-Ce.
A B
Figura 18 – Sangrador da Barragem do rio São Tomé, UTM (446163m E/ 4580070m N),
localidade Serrote do Meio (A). Açude de abastecimento público do distrito Serrote do Meio,
UTM (448462m E/ 9582858m N) (B), em abril de 2017, Itapajé-Ce.
A B
Figura 19 – Vista para o Ipuzinho durante o mês de julho de 2016, UTM (439853m E/ 9595161m
N) localidade Ipu (B), em julho de 2016, Itapajé-Ce.
Figura 21 – Balanço hídrico do ano seco (2010), posto Itapajé, Santa Cruz e Irauçuba, respectivamente. Legenda: (REP) Reposição hídrica e (DEF)
Deficiência hídrica. (Prec) Precipitação; (ETP) Evapotranspiração Potencial e (ETR) Evapotranspiração Real.
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em FUNCEME (2017). Programa da ESALQ/USP, metodologia de Rolim, et al. (1988).
82
Postos Média anual da série histórica Média anual Precipitação de 2010 (%) em
pluviométricos (2001-2016) das isoietas em relação à média histórica.
2010
Itapajé 800 mm 375 a 475 mm 46 a 60% da média histórica
Santa Cruz 1.154 mm 500 a 550 mm 43 a 48% da média histórica
Irauçuba 497 mm 225 a 250 mm 45 a 50% da média histórica
Fonte: Elaborada pela autora, baseado na FUNCEME (2017).
Postos Média anual da série histórica Média anual Precipitação de 2016 (%) em
pluviométricos (2001-2016) das isoietas em relação à média histórica.
2016
Itapajé 800 mm 725 a 800 mm 90 a 100% da média histórica
Santa Cruz 1.154 mm 850 a 975 mm 76 a 87% da média histórica
Irauçuba 497 mm 550 a 700 mm 40 % acima da média histórica
Fonte: Elaborada pela autora, baseado na FUNCEME (2017).
83
Figura 23 – Balanço hídrico do ano seco (2010), posto Itapajé, Santa Cruz e Irauçuba, respectivamente. Legenda: (REP) Reposição hídrica e (DEF)
Deficiência hídrica. (Prec) Precipitação; (ETP) Evapotranspiração Potencial e (ETR) Evapotranspiração Real.
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em FUNCEME (2017). Programa da ESALQ/USP, metodologia de Rolim, et al. (1988).
85
Figura 25 – Volume armazenado nos reservatórios Caxitoré e Jerimum (2004 a 2018) - Ceará.
A B
A1 B1
Figura 30 – PIB do ano de 2013 e sua distribuição pelos principais setores da economia do
município de Itapajé, Ceará.
Figura 31 – Produto Interno Bruto Per Capita (R$ 1,00) no período de 2009 a 2015. Itapajé,
Ceará.
A B
A B
Figura 34 – Depósito de areias nas proximidades da planície fluvial do riacho São Francisco no
distrito de Iratinga (A) e Caeira na divisa entre Itapajé e Pentecoste (B), em abril de 2017.
A B
A B
Figura 37 – Pasto natural com criação de bovinos, localidade São Joaquim e pasto plantado
com criação de caprinos, localidade Baixa Grande, em dezembro de 2017, Itapajé-Ce.
A B
Figura 38 – Ocupações urbanas em áreas que deveriam ser recobertas por mata ciliar. (A)
Riacho São Francisco no centro urbano de Itapajé e (B) na sede do distrito Iratinga, em abril de
2017.
A B
Figura 39 – Prática de queimadas em áreas de cobertura vegetal das caatingas e mata seca,
em julho de 2016, Itapajé-Ceará.
Figura 41 – Práticas de turismo religioso na Pedra dos Ossos, distrito da Baixa Grande.
Mapa 9- Uso e Cobertura da Terra no município de Itapajé (2012) Sistemas ambientais e subsídios ao ordenamento territorial do município de
Itapajé-Ce: Avaliação das políticas públicas de recursos hídricos
104
SEGURANÇA HÍDRICA
Ações Emergenciais Ações Estruturantes
Abastecimento d’água com carro pipa; Implantação de Sistema Simplificado de
Abastecimento de Água (SSAA) - Água para
Todos;
Instalação de sistema simplificado com chafariz; Implantação de Sistema Simplificado de
Instalação e eletrificação, com chafariz, de Abastecimento de Água (SSAA) com
poços existentes na zona rural - Água para dessalinizador - Água Doce;
Todos;
Perfuração, instalação, teste, eletrificação e Instalação de cisternas de placas – Programa
manutenção de novos poços; Um Milhão de Cisternas (PM1C);
Construção direta de novos poços na sede Construção da barragem João Lira Magalhães
municipal e na zona rural pelo Fecop - Fundo (Ipuzinho).
Estadual de Combate à Pobreza, ambos
realizados pela Sohidra.
Fonte: DEFESA CIVIL, EXÉRCITO BRASILEIRO, SDA, SRH, SOHIDRA e CARITAS de Itapipoca
(2017). Elaborado pela autora.
Ações emergenciais
A B
Ações estruturantes
Figura 45 – Sistema dessalinizador (A) com tanque de criação de Tilápia (B) - PAD.
Localidade Jardim, em dezembro de 2017, Itapajé-Ce.
A B
Figura 47 – (A) Sangrador da Barragem Ipuzinho em julho de 2017, onde atingiu 99% da sua
capacidade máxima. (B) Motobomba com capacidade de bombear 240 m3/h em horários de
pico, dezembro de 2017, em Itapajé-Ce.
A B
As áreas que ficam em volta das lagoas e lagos naturais que apresentam
a largura mínima citada abaixo também são consideradas APP’s.
I- 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20
(vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta)
metros;
II- 30 (trinta) metros, em zonas urbanas (BRASIL, 2018).
até mesmo riscos à vida. Segundo Ceará (2009), a Secretaria Nacional de Defesa
Civil registrou enxurradas e inundações durante a segunda quadra chuvosa do ano
de 2009, ocasionando a cheia do rio São Francisco, cujo processo de assoreamento
reduziu a seção de escoamento do mesmo, afetando cinco bairros da sede municipal
de Itapajé, além de acarretar danos nas zonas rurais dos outros distritos. A chuva
também acarretou movimentos de massas (CEARÁ, 2009).
Vertente Ocidental
Figura 55 – Subsistema ambiental de planície fluvial (A) e planície alveolar (B), recobertas por
culturas rotativas e permanentes. Em julho de 2016, Itapajé-Ce.
A B
Têm por uma área de 13,5 km2, dispersa na superfície sertaneja, ocorrendo
como níveis de Cristas Residuais com altitudes de 200 a 650 m e fortes declives nas
vertentes e topos aguçados. A de maior expressão é a serra das Vertentes, localizada
entre os distritos Serrote do Meio e Pitombeira. Esse subsistema também abrange
morros isolados (Inselbergs), resistentes à erosão diferencial em rochas graníticas e
quartzíticas. Predominam Neossolos Litólicos (rasos a muito rasos, textura arenosa e
pedregosa) associada a Afloramentos de Rochas, Luvissolos e Argissolos. Este setor
130
A B
Vertente Norte-Oriental
900 a 1000m; índices pluviométricos variam entre 890 a 1010 mm anuais; rede fluvial
densa e escoamento de regime semi-perene a perene. Predominam Argissolos
Vermelho-Amarelos (profundos, textura argilosa, moderada, fertilidade natural alta) e
Neossolos Litólicos; mata úmida fortemente degrada por uso de culturas temporárias
e permanentes, como bananicultura e outras.
Entre as suas condições de potencialidades destacam-se: boas condições
hidroclimáticas; solos profundos e alta fertilidade natural; potencial de recursos
hídricos superficiais; patrimônio paisagístico e ecoturismo. Dentre as limitações:
topografia com elevados declives das vertentes, impróprias para expansão urbana e
agricultura; áreas de riscos a movimentos de massas; áreas de APP de encostas e
topos de morros regidos pela Lei 12.727 de 17, de outubro de 2012.
A Figura 57 retrata a sede do distrito de Santa Cruz, um dos primeiros
povoados formados na serra da Uruburetama e a primeira sede municipal de Itapajé.
Segundo Silva (2000), em meados do século XVIII, o vilarejo já tinha sua capela da
Santa Cruz, recebendo as excursões missionárias de frades religiosos, durante o
período histórico das “Santas Missões”. No século XIX, o povoado foi palco de
conflitos relacionados à Província do Ceará, período em que o Ceará continuava
subordinado a Pernambuco (SILVA, 2000). Esse breve contexto histórico relata o
quão antigo se deu o processo de uso e ocupação da terra na serra da Uruburetama,
contribuindo para compreender o atual estado de degradação dos sistemas e
subsistemas ambientais.
Vertente Centro-Ocidental
A B
Fonte: Jucielio Cruz, junho de 2017 e Studio W. Macedo: Aerial Photo and Video, junho de 2014.
134
Vertente Ocidental
Área Frágil da
vertente ocidental AFvoc
(Serra de
Uruburetama)
(conclusão).
Fonte: Adaptado de SOUZA et. al. (2010).
Qualidade ambiental
Figura 60 – Espécies bem características da mata seca e da mata sub-úmida, RPPN Mãe-da-
Lua, Serra das Vertentes. Em janeiro de 2018, Itapajé-Ce.
A B
C D
Figura 62 – Mata ciliar recobrindo áreas de APPs de cursos d’água, na planície fluvial do
riacho São Tomé/Pedra D’água (A); no vale entalhado pelos cursos d’água na vertente norte-
oriental (B) e na vertente centro-ocidental (C-D), Itapajé-Ce.
A B
C D
Figura 66 – Superfície de pedimentação aplainada com vista para a vertente ocidental (A),
localidade Três Olhos D’água; encosta da vertente ocidental após queimada (B) e superfície
aplainada em situação drástica (C), apresentando qualidade ambiental extremamente baixa.
A B
Souza (2011 e 2015) sugere padrões ambientais para servir como critério
normativo de tolerâncias altas ou baixas, admissíveis de gerenciamento e gestão dos
sistemas ambientais. Assim, os limites de tolerância configurados no município de
Itapajé são assim definidos: muito baixa tolerância; baixa tolerância e tolerância
mediana. Não foi identificada alta tolerância em nenhum subsistema ambiental.
145
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Universidade Estadual Paulista, 1995, p. 64-70. Disponível em:
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158