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Observa-se no final do livro I e no decorrer do Livro II, a organização de um Conselho no

Inferno. Os anjos caídos entram no prédio (Pandemonium) como, segundo o símile


proposto por Milton, abelhas entram em uma colméia. E é neste prédio que ocorre o
grande debate político dos apóstatas. Satanás acentado em seu insigne e real trono,
alçado em glória e valor à eminência má1, dá início ao conselho aspirando que retomará
os reinos do Céu. Satanás propõe uma discussão se é de arriscar outra batalha a
recuperação do Etéreo, se sim, de que maneira? Guerra aberta ou perfídia encoberta?
Finaliza ordenando para que alguns de seus seguidores se pronuncie com idéias.

Moloque é o primeiro dos demônios a se pronunciar, afirmando que eles devem atacar o
trono de Deus com todas as forças, pois, não há punição maior do que a que já lhes são
atribuídas. Belial o contraria afirmando que a guerra aberta sera inútil tendo em vista que
Deus é onisciente e onipotente e, portanto, os demônios seriam facilmente repelidos.

Belial, após refutar todos os argumentos de Moloque, anuncia que não importa o curso, e
que Deus inevitavelmente os descobrião, sugere então que os demônios se contenham e
não façam nada, na esperança de que Deus amenize a sua punição.

Mammom, o próximo orador, diz que crê que Deus de fato não possa ser derrotado e que,
mesmo se o perdão for possível, todos eles permancerão escravos da vontade do Empíreo
e humilhados no reino do Céu. Por fim, Mammom propõe permanecer no inferno e forjar
um novo império. Mammom, após proposição é saudado com aplausos, pois os demônios
admiraram-se com a ideia de construir um reino para rivalizar com Deus. Visto que os
demônios estavam temerosos de novo conflito com os Céus e temiam as dores sofridas
pela derrota, felicitaram-se com as propostas de paz e com a esperança da construção de
um reino opósito ao Céu.

Todavia, Beelzebu, vendo aquele cenário, prostrou-se na discurssão e se preparou para


falar. O imediato de Satanás, ao contrariar Mammom, diz que é um delírio acreditar que
se poderia criar um Império no Inferno, uma vez que, Deus, indubitavelmente, o
reinvindicará como seu domínio. Uma terceira proposta é preferida e defendida por
Beelzebu, proposta que fora antes mencionada por Satanás, saber da veracidade da
profecia ou tradição no céu que estava relacionada com a criação de outro mundo e outro
tipo de criatura semelhante a eles mesmos, ou não muito inferior, a ser criada nesta altura.
Depois da deliberação de Beelzebu, anjos votaram ao seu favor. Entretanto, um novo
problema surge, refletem-se agora, os Anjos caídos, sobre quem deverá ser enviado nesta
difícil missão2. Satanás, o líder, propõe empreender sozinho a viagem ''Pela costas da
negra ruína êxodos para todos buscarei"3, e por tal sacrifício é honrado e aplaudido.
Com o concílio no fim, os restantes tomam o seu caminho e prosseguem com os seus
afazeres, de acordo com a suas inclinações, por forma a entreter o tempo na ausência de
Satanás. O líder dos demônios passa, na sua jornada, pelos portões do inferno e encontra-
os fechados, e quem senta lá, Morte e Pecado, em vigia, após ameaças e promessas, abre-
os de par em par, descobrindo perante ele o grande abismo entre o Céu e o Inferno.

1 - Livro II, v - 5-6.

2 - Quem irá / Em busca do novel mundo, quem cremos / Capaz? Quem tentará com pés
de viagem / O escuro abismo intérmino sem chão, / Entre o obscuro palpável, a topar /
Com incerto carril, ou a arma voo / Guiando aos céus com asa sem fadiga / Por sobre o
abrupto amplo, antes de dar / Com a ilha feliz? Que força, que arte / Bastará, que
evasão o salvará / De atalaias e postos apertados / De anjos em patrulha? Carece ele /
De toda a preocupação, e nós de igual / Senso na votação, pois quem irá / Leva o peso
que sobra da esperança ? Livro II, v - 402 - 416.

3 - Livro II, v - 464 - 465.

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