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Universidade de Brasília

Instituto de Ciências Sociais - ICS


Departamento de Sociologia
Introdução à Sociologia (134465)
Professor: Arthur Trindade M. Costa
Aluna: Juliana Silva Santos (14/0147489)

Imaginação Sociológica - Maria da Penha

A imaginação sociológica nos permite compreender a história e a biografia(os


fatos particulares da vida de uma pessoa) e as relações entre ambas, dentro da
sociedade. Assim, ela é o meio pelo qual os homens procuram compreender o que
está acontecendo com eles, e perceber o que está acontecendo no mundo. Como
minúsculos pontos de cruzamento da biografia e da história, dentro da sociedade.
(MILLS. 1982)
Partindo deste pressuposto, narraremos aqui parte da trajetória de vida de
Maria da Penha Maia Fernandes e o seu “entrelaçamento” com a história do Brasil
contemporâneo. Maria da Penha nasceu em 1º de fevereiro de 1945, em Fortaleza
no Ceará. Ela é farmacêutica bioquímica e se formou na Faculdade de Farmácia e
Bioquímica da Universidade Federal do Ceará em 1966. Em 1997 concluiu seu
mestrado em Parasitologia em Análises Clínicas na Faculdade de Ciências
Farmacêuticas da Universidade de São Paulo.
Em 1983 Maria da Penha sofreu uma tentativa de feminicídio por parte de seu
marido, que atirou em suas costas, deixando-a paraplégica. Na ocasião, o agressor
tentou eximir-se de culpa, alegando para a polícia que se tratava de um caso de
tentativa de roubo. Duas semanas após o atentado, Maria da Penha sofreu nova
tentativa de feminicídio por parte de seu marido, que, dessa vez, tentou eletrocutá-la
durante o banho. Com isso, Maria da Penha decidiu ajuizar ação para a resolução
dos problemas.
O primeiro julgamento de Marco Antonio aconteceu somente oito anos após o
crime, em 1991. O agressor foi sentenciado a 15 anos de prisão, mas, devido a
recursos solicitados pela defesa, saiu do fórum em liberdade. O segundo julgamento
só ocorreu em 1996, no o agressor foi condenado a 10 anos e 6 meses de prisão.
Contudo, sob a alegação de irregularidades processuais por parte dos advogados de
defesa, mais uma vez a sentença não foi cumprida.
Em 1998, Maria da Penha Maia Fernandes, juntamente com o Centro para a
Justiça e o Direito Internacional(CEJIL) e o Comitê Latino Americano e do Caribe
para a Defesa dos Direitos da Mulher(CLADEM), encaminharam à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos da OEA uma petição contra o Estado brasileiro,
referente ao caso de violência doméstica por ela sofrido. Este ato sucedeu na
condenação do Brasil por negligência e omissão em relação à violência doméstica,
que levou à revisão das políticas públicas atinentes à violência contra a mulher e,
por consequência, ao surgimento da Lei 11.340/2006.
A Lei 11.340/2006 transformou o tratamento legal dado aos casos de violência
doméstica, tornando-os crime, e denunciou o cotidiano de violência a que as
mulheres são submetidas, fomentando não só a denúncia por parte da vítima, como
também por toda a sociedade.
Foi a sua denúncia que levou à revisão das políticas públicas atinentes à
violência contra a mulher e, por consequência, ao surgimento da Lei 11.340/2006. A
história de Maria da Penha significou mais do que um caso isolado: era um exemplo
do que acontecia no Brasil sistematicamente sem que os agressores fossem
punidos. Maria da Penha Maia Fernandes, emprestou seu nome à lei que criou
mecanismos de proteção contra a violência doméstica e familiar sofrida pelas
mulheres, mudando a história da violência de gênero no país.
Referências bibliográficas

DE SOUZA, Mércia Cardoso; BARACHO, Luiz Fernando. A Lei Maria Da Penha:


Égide, Evolução E Jurisprudência No Brasil. Revista Eletrônica do Curso de Direito –
PUC Minas Serro, Belo Horizonte, n. 11, p. 79-106, ago. 2015. ISSN 2176-977X.
GONZÁLEZ, Paula do Nascimento Barros. Lei Maria da Penha - Uma História de
Vanguarda. Em: Série Aperfeiçoamento de Magistrados 14. Escola da Magistratura
do Estado do Rio de Janeiro, 2012. p. 110-122.
MILLS, C. Wright. A imaginação sociológica. Capítulo 1. 1982.
Quem é Maria da Penha?
Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/DireitoSerro/article/view/8695

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