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O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:
Art. 1o Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental,
de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação
quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política,
nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou
tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra.
Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e
seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos
enumerados no parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:
I – ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas
necessidades;
II – ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de
beneficiar sua saúde, visando a alcançar sua recuperação pela inserção na
família, no trabalho e na comunidade;
III – ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;
IV – ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
V – ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a
necessidade ou não de sua hospitalização involuntária;
VI – ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
VII – receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de
seu tratamento;
VIII – ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos
possíveis;
IX – ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.
Art. 3o É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde
mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos porta dores de
transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a
qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as
instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de
transtornos mentais.
Art. 4o A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada
quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.
§ 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, à reinserção social do
paciente em seu meio.
§ 2o O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a
oferecer assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais,
incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais,
de lazer, e outros.
§ 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em
instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos
recursos mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os direitos
enumerados no parágrafo único do art. 2o.
Art. 5o O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize
situação de grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico
ou de ausência de suporte social, será objeto de política específica de alta
planejada e reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da
autoridade sanitária competente e supervisão de instância a ser definida pelo
Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando
necessário.
Art. 6o A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo
médico circunstanciado que caracterize os seus motivos.
Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação
psiquiátrica:
I – internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;
II – internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário
e a pedido de terceiro; e
III – internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.
Art. 7o A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a
consente, deve assinar, no momento da admissão, uma declaração de que
optou por esse regime de tratamento.
Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação
escrita do paciente ou por determinação do médico assistente.
Art. 8o A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por
médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina – CRM do
estado onde se localize o estabelecimento.
§ 1o A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas
horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico
do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo
procedimento ser adotado quando da respectiva alta.
§ 2o O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do
familiar, ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista
responsável pelo tratamento.
Art. 9o A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação
vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança
do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados
e funcionários.
Art. 10 Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e
falecimento serão comunicados pela direção do estabelecimento de saúde
mental aos familiares, ou ao representante legal do paciente, bem como à
autoridade sanitária responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da
data da ocorrência.
Art. 11 Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não
poderão ser realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu
representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos profissionais
competentes e ao Conselho Nacional de Saúde.
Art. 12 O Conselho Nacional de Saúde, no âmbito de sua atuação, criará
comissão nacional para acompanhar a implementação desta Lei.
Art. 13 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Anexo
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:
Art. 1o Fica instituído o auxílio-reabilitação psicossocial para assistência,
acompanhamento e integração social, fora de unidade hospitalar, de pacientes
acometidos de transtornos mentais, internados em hospitais ou unidades
psiquiátricas, nos termos desta Lei.
Parágrafo único. O auxílio é parte integrante de um programa de
ressocialização de pacientes internados em hospitais ou unidades
psiquiátricas, denominado “De Volta Para Casa”, sob coordenação do
Ministério da Saúde.
Art. 2o O benefício consistirá em pagamento mensal de auxílio pecuniário,
destinado aos pacientes egressos de internações, segundo critérios definidos
por esta Lei.
§ 1o É fixado o valor do benefício de R$ 240,00 (duzentos e quarenta reais),
podendo ser reajustado pelo Poder Executivo de acordo com a disponibilidade
orçamentária.
§ 2o Os valores serão pagos diretamente aos beneficiários, mediante convênio
com instituição financeira oficial, salvo na hipótese de incapacidade de exercer
pessoalmente os atos da vida civil, quando serão pagos ao representante legal
do paciente.
§ 3o O benefício terá a duração de um ano, podendo ser renovado quando
necessário aos propósitos da reintegração social do paciente.
Art. 3o São requisitos cumulativos para a obtenção do benefício criado por esta
Lei que:
I – o paciente seja egresso de internação psiquiátrica cuja duração tenha sido,
comprovadamente, por um período igual ou superior a dois anos;
II – a situação clínica e social do paciente não justifique a permanência em
ambiente hospitalar, indique tecnicamente a possibilidade de inclusão em
programa de reintegração social e a necessidade de auxílio financeiro;
III – haja expresso consentimento do paciente, ou de seu representante legal,
em se submeter às regras do programa;
IV – seja garantida ao beneficiado a atenção continuada em saúde mental, na
rede de saúde local ou regional.
§ 1o O tempo de permanência em Serviços Residenciais Terapêuticos será
considerado para a exigência temporal do inciso I deste artigo.
§ 2o Para fins do inciso I, não poderão ser considerados períodos de
internação os de permanência em orfanatos ou outras instituições para
menores, asilos, albergues ou outras instituições de amparo social, ou
internações em hospitais psiquiátricos que não tenham sido custeados pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) ou órgãos que o antecederam e que
hoje o compõem.
§ 3o Egressos de hospital de custódia e tratamento psiquiátrico poderão ser
igualmente beneficiados, procedendo-se, nesses casos, em conformidade com
a decisão judicial.
Art. 4o O pagamento do auxílio-reabilitação psicossocial será suspenso:
I – quando o beneficiário for reinternado em hospital psiquiátrico;
II – quando alcançados os objetivos de reintegração social e autonomia do
paciente.
Art. 5o O pagamento do auxílio-reabilitação psicossocial será interrompido, em
caso de óbito, no mês seguinte ao do falecimento do beneficiado.
Art. 6o Os recursos para implantação do auxílio-reabilitação psicossocial são
os referidos no Plano Plurianual 2000-2003, sob a rubrica “incentivo-bônus”,
ação 0591 do Programa Saúde Mental no 0018.
§ 1o A continuidade do programa será assegurada no orçamento do Ministério
da Saúde.
§ 2o O aumento de despesa obrigatória de caráter continuado resultante da
criação deste benefício será compensado dentro do volume de recursos
mínimos destinados às ações e serviços públicos de saúde, conforme disposto
no art. 77 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Art. 7o O controle social e a fiscalização da execução do programa serão
realizados pelas instâncias do SUS.
Art. 8o O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei.
Art. 9o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 31 de julho de 2003; 182o da Independência e 115o da
República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Humberto Sérgio Costa Lima
Ricardo José Ribeiro Berzoini
Este texto não substitui o publicado no DOU de 10/08/2003
Comentário
Lei do Programa De Volta Para Casa. Estabelece um novo patamar na história
do processo de reforma psiquiátrica brasileira, impulsionando a
desinstitucionalização de pacientes com longo tempo de permanência em
hospital psiquiátrico, pela concessão de auxílio reabilitação psicossocial e
inclusão em programas extra-hospitalares de atenção em saúde mental.
PORTARIA Nº 52, de 20 de janeiro de 2004
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, com efeitos
financeiros a partir de 1º de fevereiro de 2004.
HUMBERTO COSTA
ANEXO
Nº
GRUPOS CLASSES MÍNIMO MÁXIMO
LEITOS
I I até 120 Não há Não há
II 121 –
160
III 161 –1 1
II 200 módulo módulo
IV 201 –
240
V 241 –
280
VI 281 –1 2
III 320 módulo módulos
VII 321 –
360
VIII 361 -
400
IX 401 -
440
X 441 -1 3
IV 480 módulo módulos
XI 481 -
520
XII 521 -
560
XIII 561 -
600
XIV acima
V de 600 ¾ ¾
3.1. A classe XIV comporta grupo de 8 (oito) hospitais acima de 600 leitos
contratados, que terá tratamento à parte, tendo em vista sua complexidade e
atipicidade. Para os hospitais desta classe, poderão ser pactuados limites
maiores de redução de leitos.
5.1 Os hospitais que tenham leitos que excedam os limites dos módulos
(múltiplos de 40) terão o prazo de 120 (cento e vinte) dias, a contar de
1º/01/2004, para fazerem esta primeira reestruturação, reduzindo os leitos que
superem o limite dos módulos. Assim, por exemplo, um hospital com 168 leitos
SUS deverá ajustar-se para 160 leitos SUS (4 módulos); ou um hospital de 416
leitos SUS, deverá ajustar-se para 400 leitos SUS (10 módulos).
5.2 Após este período de retificação/ajuste, cada hospital passará a fazer parte
da classe imediatamente acima, de acordo com o total de módulos
assistenciais, conforme definido no item 6.
5.3. Esta retificação do número de leitos não será exigida aos hospitais das
Classes I e II.
Novos
Nº valores
módulos diária
após PNASH PNASH
CLASSES Nº de leitos ajuste < 80% > 80%
I Até 120 até 3 35,80 37,00
entre
II 121 – 160 3 e 4 32,80 34,00
III 161 – 200 5 30,13 31,33
IV 201 – 240 6 28,68 29,88
V 241 – 280 7 28,35 29,55
VI 281 – 320 8 28,01 29,21
VII 321 – 360 9 27,75 28,95
VIII 361 – 400 10 26,95 28,15
IX 401 – 440 11 26,80 28,00
X 441 – 480 12 26,69 27,89
XI 481 – 520 13 26,59 27,79
XII 521 – 560 14 26,50 27,70
XIII 561 – 600 15 26,42 27,62
Acima de
XIV 600 ¾ 26,36 27,56
Não
¾ ¾ 25,15 ¾
classificados
8. Os hospitais dos grupos II a IV (Classes III a XIII) que, após o prazo definido
no item 5, não tiverem realizado o ajuste/retificação dos leitos, quando for o
caso, e não tiverem iniciado o processo de redução dos leitos, através da
formalização do Termo de Compromisso e Ajustamento referido no item 10,
voltarão a ser remunerados conforme os valores definidos na Portaria nº
77/SAS, de 1º/02/2002, a partir de 1º/5/2004.
11. Este Programa Anual - 2004 é parte integrante da política de saúde mental
do SUS, cujo objetivo é a consolidação do processo de reforma psiquiátrica.
Ele trata do componente hospitalar especializado, de sua reestruturação, das
mudanças de seu financiamento, do redirecionamento dos recursos financeiros
para atenção extra-hospitalar, da construção de planos municipais, micro-
regionais e estaduais de desinstitucionalização e de implantação de rede de
atenção comunitária. O Programa articula-se com outras áreas da reforma
psiquiátrica, especialmente: atenção em saúde mental no hospital geral, saúde
mental na atenção básica, urgência e emergência em saúde mental,
consolidação da rede de CAPS I, II, III, i e AD, programa De Volta para Casa,
expansão das residências terapêuticas e outros, que são objeto de normas e
documentos específicos. A base teórico-conceitual e política do Programa está
contida nos seguintes documentos: Lei nº 10.216/2001, Relatório Final da III
Conferência Nacional de Saúde Mental, Lei nº 10.708/2003, legislação geral do
SUS, Portaria nº 251/GM, de 31/01/2002 e outros textos normativos.
- Prestadores Privados;
- Prestadores Filantrópicos;
- CONASS;
- CONASEMS;
- Trabalhadores de saúde;
I - Ministério da Saúde;
b) Secretaria-Executiva - SE
c) Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS
Parágrafo único. O Comitê de que trata este artigo contará com o apoio de um
Grupo Consultivo Intersetorial para subsidiar a implementação do PEAD de
acordo com as parcerias previstas.
Art. 10. Os recursos financeiros para execução das ações previstas nos Eixos 1
e 2, constantes do Anexo II a esta Portaria, deverão onerar as seguintes
Funcionais Programáticas/Programas de Trabalho:
Art. 11. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, com efeitos
financeiros a partir de julho de 2009.
ANEXO I
Art. 10 Os recursos financeiros para execução das ações previstas nos Eixos 1
e 2, constantes do Anexo II a esta Portaria, deverão onerar as seguintes
Funcionais Programáticas/Programas de Tr a b a l h o :
ANEXO II
Plano de Ação
IV – os egressos de prisões;
V – (VETADO)
HUMBERTO COSTA
Saúde Legis - Sistema de Legislação da Saúde