Você está na página 1de 22

Oficina do Eixo Participação, Direitos e Cidadania

Facilitadora: Luciana Leal Halbritter

Rede Mobilizadores
Agosto – 2012

Apoio: Eletronuclear e Fiocruz


Sumário
O QUE É CIDADANIA?
O QUE É SER CIDADÃO?
O QUE SÃO OS DIREITOS FUNDAMENTAIS?
E QUAIS OS DEVERES DOS CIDADÃOS?
DIREITOS SOCIAIS AO LONGO DO TEMPO
ARTIGO 6º DA CONSTITUIÇÃO
OUTROS DIREITOS CONSTITUCIONAIS
VIOLAÇÕES DE DIREITOS
COMO GARANTIR O CUMPRIMENTO DOS DIREITOS
ÓRGÃOS DE DEFESA DA CIDADANIA
Juizado especial
Defensoria pública
Ministério público
Procon
INSTRUMENTOS JURÍDICOS DE GARANTIA DOS DIREITOS
HUMANOS
Mandado de segurança
Mandado de segurança coletivo
Habeas corpus
Ação popular
Ação civil pública
Medida cautelar
Petição
Habeas data
Boletim de ocorrência
Exame de corpo de delito
Auto de apreensão
Flagrante delito
PROGRAMAS, BENEFÍCIOS E DIREITOS SOCIAIS
Educação
Habitação
Assistência Jurídica
Segurança Pública
Assistência Social
Saúde
Documentos
Outros Serviços
FONTES

2
O que é cidadania?
Cidadania é a tomada de consciência de seus direitos, tendo como contrapartida a
realização dos deveres. Isso implica o efetivo exercício dos direitos civis, políticos e
socioeconômicos, bem como a participação e contribuição para o bem estar da
sociedade. A cidadania deve ser entendida como processo contínuo, uma
construção coletiva, significando a concretização dos direitos humanos.

A garantia dos nossos direitos e a determinação das nossas obrigações estão nas
leis e em documentos que determinam regras. As mais importantes do país estão na
Constituição Federal de 1988. Nela, estão registrados os direitos e deveres de todos os
cidadãos brasileiros.

São nossos deveres: preservar o ambiente em que vivemos, ajudar os mais necessitadas (como
os idosos, as pessoas com deficiência e as pessoas que não têm condições de estudar),
respeitar e tratar todas as pessoas da mesma maneira.

O que é ser cidadão?


Cidadão é todo aquele que participa, colabora e argumenta sobre as bases do direito, ou seja,
é um agente atuante que exerce seus direitos e deveres. Um verdadeiro cidadão é aquele que
cumpre os seus deveres. Ser cidadão implica não se deixar oprimir nem subjugar, mas
enfrentar os desafios para defender seus direitos.

Ser cidadão é viver com dignidade, respeitar a dignidade do outro, estar comprometido em
nada fazer para violar essa dignidade e, mais, em se esforçar para fazê-la valer.

A participação política do cidadão - não apenas votando, mas acompanhando os atos daqueles
que ajudou a eleger, fazendo uso das ouvidorias dos órgãos públicos - é o principal meio de
fazer valer sua dignidade, condição essencial do cidadão.

E dignidade significa ter acesso à moradia adequada, alimentação balanceada, educação de


qualidade, atendimento médico de qualidade e em tempo adequado, transporte público
organizado, saneamento básico, coleta domiciliar de lixo, acesso à informação verdadeira e
confiável sobre a gestão dos bens públicos.

O que são os direitos fundamentais?


Direitos fundamentais, também conhecidos como direitos humanos, são direitos inerentes ao
ser humano por sua condição de pessoa, indistintamente de quem seja. São direitos que, por
se referirem ao quê da própria essência do ser humano, foram elevados – no Direito brasileiro
– à condição de Direito Constitucional (previstos na Constituição).

São, desta forma, direitos irrevogáveis (pois não podem ser excluídos da Constituição) e
irrenunciáveis (o indivíduo não pode deles abrir mão). São eles: o direito à vida, à moradia, à
dignidade humana, à saúde, à educação, ao acesso à Justiça, à honra, e várias outras garantias,
inclusive de ordem penal.

3
E quais os deveres dos cidadãos?
Os deveres decorrem das próprias relações entre as pessoas na sociedade
em que convivem. O principal deles é o dever de não causar dano. Significa
que um indivíduo, um cidadão, não pode agir de modo a causar dano a
outrem, devendo respeitar seus direitos.

Na esfera política, são alguns exemplos: alistar-se como eleitor,


facultativamente dos 16 aos 18 anos e obrigatoriamente a partir dos 18;
votar em todas as eleições, dos 18 aos 70 anos (quando o voto passa a ser facultativo), salvo
justificativa a ser apresentada no prazo legal em caso de impossibilidade; realizar o
alistamento militar aos 18 anos para homens.

Direitos sociais ao longo do tempo


Os direitos sociais ganharam espaço na vida do cidadão durante o século XIX. A Revolução
Industrial foi palco para a consagração desses direitos, pois, apesar de trazer desenvolvimento
econômico, sacrificou a classe trabalhadora e aqueles que se encontravam à margem da
sociedade, gerando inconformismo e fazendo com que fosse preciso a intervenção do Estado
na prestação de mecanismos capazes de realizar a justiça social.

Os direitos sociais foram descritos e positivados internacionalmente na Declaração Universal


dos Direitos Humanos, de 1948, corroborando com isso para a efetivação do Estado
Democrático de Direito, onde o Estado não defende e nem assegura apenas o direito de
poucos. A sua representatividade se dá pela maioria; é a vontade do povo que se faz soberana.

O Brasil acompanhou a tendência mundial em relação ao prestígio


reservado aos direitos fundamentais após a Segunda Guerra. A
Constituição Federal de 1988 simboliza essa novidade. Desde o seu
preâmbulo, o texto constitucional diz que a finalidade da República é a
instituição do Estado Democrático de Direito.

São elencados, também, os princípios fundamentais da República


Federativa do Brasil (arts. 1º ao 4º) e os direitos e garantias fundamentais (arts. 5º ao 17º).
Deve-se ressaltar que grande parte dos direitos sociais positivados em nossa Constituição está
prevista no art. 6º.

Artigo 6º da Constituição
O artigo 6° - que se encontra dentro do capítulo “Direitos e
Garantias Fundamentais” da Constituição Federal - trata dos
direitos sociais que devem ser respeitados, protegidos e garantidos
a todos pelo Estado. São eles:

1. Direito à educação: direito de cada pessoa ao


desenvolvimento pleno, ao preparo para o exercício da cidadania e à qualificação para
o trabalho.

2. Direito à saúde: direito ao acesso universal e igualitário às ações e serviços


para promoção, proteção e recuperação da saúde, bem como à redução do risco de
doença e de outros agravos.

4
3. Direito ao trabalho: direito a trabalhar, à livre escolha do trabalho, a
condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego.

4. Direito à moradia: direito a uma habitação permanente que possua condições


dignas para se viver.

5. Direito ao lazer: direito ao repouso e aos lazeres que permitam a promoção


social e o desenvolvimento sadio e harmonioso de cada indivíduo.

6. Direito à segurança: direito ao afastamento de todo e qualquer perigo e


garantia de direitos individuais, sociais e coletivos.

7. Direito à previdência social: direito à segurança no desemprego, na


doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de
subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.

8. Direito à maternidade e à infância: direito da


mulher, durante a gestação e o pós-parto, e de todos os
indivíduos, desde o momento de sua concepção e durante sua
infância, à proteção e à prevenção contra a ocorrência de
ameaça ou violação de seus direitos.

9. Direito à assistência aos desamparados: direito de qualquer pessoa


necessitada à assistência social, independentemente da contribuição à seguridade
social.

Os direitos sociais fundamentais, previstos no artigo 6º da Constituição Federal, podem servir


de base para a luta cidadã contra as desigualdades, a pobreza, a discriminação.

Outros direitos
direitos constitucionais

Direito à vida:
Do direito à vida é que decorrem todos os demais, como direito à saúde, à integridade física, à
educação e à moradia. A vida de cada indivíduo é o seu bem mais valioso, e nenhuma vida vale
mais que a outra. Diante disso, a sociedade civil deve proporcionar aos cidadãos -
vida digna.

Para assegurar qualidade de vida, o governo passou a regulamentar e executar ações relativas
ao meio ambiente, à salubridade no espaço de trabalho, aos direitos do consumidor, aos
direitos dos idosos e dos deficientes físicos e mentais, à distribuição de medicamentos, à
obtenção dos documentos básicos do cidadão, etc.
Em razão deste direito, a Constituição Federal proíbe a aplicação da pena de morte em
consonância com a repressão ao homicídio, ao genocídio e a guerra, que são as principais
violações do direito à vida, posto que a ninguém, nem ao Estado, é dado o direito de retirar a
vida alheia.

5
Direito à igualdade de oportunidades:
Todos são iguais em direitos e oportunidades, sem discriminação de qualquer natureza.
Igualdade é a base para um Estado Democrático de Direito. Em razão deste direito, no Brasil, o
racismo é considerado crime inafiançável e imprescritível.

Direito à integridade física, psíquica e moral:


Visa impedir a discriminação contra a convicção política, filosófica, sexual e religiosa do
cidadão, garantias fundamentais dos Estados Democráticos de Direito, em contraposição aos
regimes ditatoriais, adeptos da tortura e da censura.

Direito à liberdade de expressão e informação:


Está assegurada na Constituição Federal (art. 5º, IV) a liberdade de manifestação do
pensamento. Este direito está relacionado com a liberdade de comunicação e informação. É
uma garantia essencial do nosso país. O cidadão é livre para manifestar suas convicções.

Direito à propriedade com função social:


A partir da Constituição Federal de 1988, a propriedade deverá atender a sua função social,
assegurando seu melhor aproveitamento em prol de toda a coletividade. Para alcançar esse
objetivo, o direito à propriedade vem sofrendo restrições como, por exemplo: obrigatoriedade
de aproveitamento racional e adequado da propriedade; utilização adequada dos recursos
naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; observância das disposições que
regulam as relações e ambientes de trabalho; exploração que favoreça o bem estar dos
proprietários e dos trabalhadores.

Direito de reunião e associação:


O incisos XVI e XVII do artigo 5º da Constituição Federal garantem os direitos de reunião e
associação, que são inerentes à prática social. Para serem exercidos é preciso que sejam:
pacíficos, visem a fins lícitos e, nos casos previstos em lei, devem ser previamente notificados
às autoridades competentes, para que se providencie a segurança para o evento.

Direito de participar do governo e da oposição:


A ideia de Estado Democrático de Direito tem seu fundamento na participação popular no
poder e na fiscalização dos atos governamentais. São os chamados controle político e a
legitimidade política. A democracia efetivamente exercida tem como pressupostos: o debate e
a livre defesa de ideologias.

Direito aos serviços públicos:


As políticas públicas estão sob a responsabilidade estatal, sendo da competência do Poder
Executivo estabelecer as políticas dos serviços básicos do cidadão, como saúde, educação,
habitação e transporte coletivo. Configura-se, desse modo, o dever do Estado de prestar
serviços de qualidade à população. O Estado financia os serviços públicos com o recolhimento
dos tributos, que são instituídos pelo governo e que devem reverter em benefício da
população – daí a importância de fiscalizar a utilização do dinheiro público. Atuam neste
sentido os Tribunais de Contas, a imprensa, o Ministério Público e entidades organizadas da
sociedade civil, bem como qualquer cidadão.

Direito de petição e de acesso ao Judiciário


A Constituição Federal (art. 5º, XXXIV) garante, independente de
pagamento de taxas:

6
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos contra ilegalidade ou abuso
de poder e para a apreciação de lesão ou ameaça a direito;
b) obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimentos
de situações de interesse pessoal.

Entenda-se direito de petição como o direito de pedir aos Poderes Públicos. Aos cidadãos que
comprovarem insuficiência de recursos, o Estado deve fornecer assistência jurídica integral e
gratuita, atualmente prestada pelas Defensorias Públicas.

Direito ao trabalho com remuneração justa


Os trabalhadores urbanos e rurais têm seus direitos assegurados no artigo 7º da Constituição
Federal, bem como na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), e o salário condigno do
trabalhador é um destes direitos, que se faz essencial ao desenvolvimento econômico e social
do país. É garantia Constitucional a irredutibilidade do salário, e que este nunca seja inferior ao
mínimo.

Direito da Mulher
Nas várias esferas da vida social, a mulher tem conseguido igualdade, como o direito à
paridade no trabalho, e na direção da família, direito à maternidade como função social e
direito à educação não diferenciada nas escolas, entre outras conquistas.

Direitos da criança e do adolescente


A Constituição Federal estabelece princípios que devem nortear a produção legislativa no
âmbito dos direitos das crianças e dos adolescentes. Assim é que
dispõe o art. 227: “É dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-
los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.”

A exploração sexual da criança e do adolescente é terminantemente proibida(parágrafo 4º do


art. 227). No parágrafo 6º do mesmo artigo há uma inovação importante: a igualdade de
direitos entre os filhos havidos ou não da relação matrimonial, vedada qualquer forma de
discriminação.

A Constituição Federal de 1988 manteve a inimputabilidade penal aos menores de 18 (dezoito)


anos (artigo 228), o que não significa que a criança ou adolescente em conflito com a lei
permaneça impune pelos delitos que pratica, pois há previsões de diversas penalidades no
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Na esteira dos princípios contidos na Lei Maior foi
que o legislador elaborou o ECA (Lei 8.069/90), um dos diplomas legais mais avançados da
área, reconhecido internacionalmente.

Direito do Idoso
Aos idosos a Constituição estabelece o dever da família, do Estado e da
sociedade de integrá-los à vida social, tendo-lhes assegurado, em especial,
o direito à vida e à defesa de sua dignidade e bem estar (art. 230). Entre as
conquistas está “a gratuidade nos transportes coletivos” aos maiores de 65
(sessenta e cinco) anos.

7
Em outubro de 2003, entrou em vigor o Estatuto do Idoso (Lei 10.741), instrumento que
assegura os direitos mencionados na Constituição e muitos outros, e ainda cria alguns
privilégios que devem ser reconhecidos e respeitados, com o fim de garantir a qualidade de
vida a essa faixa etária da população.

Direito das Pessoas com Deficiência


A Constituição assegura às pessoas com deficiência a admissão em cargos e empregos
públicos, ensino especializado, habilitação e reabilitação para o trabalho, assistência social,
facilidades na locomoção e acesso aos bens e serviços coletivos, além de proteção e integração
social, sendo competentes para legislar e atuar com essas finalidades a União, os estados e os
municípios.

A todos estes direitos fundamentais do cidadão a Constituição assegura aplicação imediata,


e ainda afirma que os direitos e garantias expressos nela não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.

Violações de direitos
No dia a dia, vemos diversas situações de flagrante violação dos direitos
fundamentais. Basta ligar a TV, abrir o jornal ou observar as situações que
você e os demais integrantes de sua comunidade vivem.

Na área de saúde, são violação de direitos a falta de médicos nos hospitais


e postos de saúde públicos, a impossibilidade de se internar um doente no Centro de
Tratamento Intensivo (CTI), o não fornecimento de medicamentos essenciais, etc.

Na área de educação podemos citar como exemplos a falta de professores para determinadas
disciplinas; a dificuldade para matricular uma criança ou adolescente na escola; o excesso de
alunos em sala de aula; a recusa de matrícula de alunos com deficiência, entre diversos outros.

Já na área de moradia são violações a existência de moradias em áreas de risco;


desapropriações sem o ressarcimento justo; remoção de comunidades sem a participação e a
concordância dos moradores ou para locais que não dispõem da mesma infraestrutura urbana
e de transportes, etc.

Como garantir o cumprimento dos direitos


Existem vários degraus que você deve percorrer para que esses direitos sejam garantidos

1. Saber que você é importante: parece bobagem, mas esse é o passo


fundamental para a conquista dos seus direitos. Entender que você é um ser humano
tão importante como qualquer outro e, portanto, digno de ter direitos e de fazer com
que seus direitos sejam cumpridos é o princípio dessa caminhada.

2. Conhecer seus direitos: é necessário que você conheça seus direitos para
poder exigir que eles sejam cumpridos.

8
3. Conhecer e identificar o conflito ou situação de violação: é preciso
que a violação fique clara, explícita. Para tanto, podemos fotografar, filmar, recolher
testemunhas e colher depoimentos que comprovem a violação. Além disso, é ideal
que seja feito um relatório sobre o ocorrido (dizer quais direitos foram violados, como
foram violados e há quanto tempo isso tem acontecido) e, no caso da violação ser em
relação a várias pessoas, reunir as vítimas (anotar: nome e sobrenome, endereço,
telefone, profissão e estado civil).

4. Procurar ajuda: exigir o cumprimento dos seus direitos fica mais difícil se você
está sozinho e, por isso, é sempre bom pedir ajuda. Você dispõe de uma série de
instituições para ter um acesso mais amplo à justiça: a Defensoria Pública, o Ministério
Público, além dos diversos serviços de assessoria jurídica gratuita disponibilizados por
entidades da sociedade civil e por faculdades de Direito (escritórios modelo).

5. Informar a opinião pública: Não é suficiente denunciar os fatos às


autoridades. É conveniente torná-los público, isto é, fazer com que a opinião pública
tome conhecimento das violações. Devemos fazer isto por todos os meios ao nosso
alcance: jornais, rádio, televisão, boletins, etc. Esse é um meio muito eficaz para
pressionar as autoridades e mobilizar a sociedade.

6. Estar sempre antenado: durante o processo ou mesmo depois da efetivação


dos resultados esperados, você deve seguir vigilante em relação aos seus direitos.
Você deve ser um guardião constante dos seus direitos, ajudando assim a construir
uma cultura de exigência e garantia dos direitos.

Em resumo, para exigir o cumprimento dos direitos, podemos usar de mecanismos jurídicos e
de mecanismos não jurídicos. Os mecanismos não jurídicos baseiam-se em instrumentos de
mobilização, movimentação e organização das pessoas e da sociedade em torno de uma causa
comum, pressionando assim a atuação do Estado (seja ele representado pelo poder municipal,
estadual ou federal).

Quanto mais pessoas estiverem informadas sobre as violações que estão sofrendo e o que
podem fazer em relação a isso, mais fácil será exigir efetivamente seus direitos. Mas, quando
esses instrumentos não são suficientes, o jeito é recorrer aos mecanismos jurídicos e cobrar
seus direitos na Justiça, sempre contando com a ajuda da Defensoria Pública ou do Ministério
Público.

Entenda a atuação dos diferentes órgãos para que saiba qual deve procurar quando
necessário.

Órgãos de Defesa da Cidadania


Cidadania
A seguir, apresentamos uma relação de instituições responsáveis por acolher suas reclamações
e sugestões sobre os serviços ou assuntos que pertencem à respectiva área de cada órgão.

“Ser cidadão é participar, é fiscalizar, é reivindicar os direitos, é cumprir os seus


direitos”.

9
JUIZADO ESPECIAL
O Juizado Especial é um órgão do Poder Judiciário que resolve problemas de
forma rápida e eficaz, buscando sempre um acordo amigável entre as partes. No
Juizado, você pode reclamar questões civis até o máximo de 20 salários
mínimos, sem precisar de advogado, ou até 40 salários mínimos, contratando
um advogado para auxiliá-lo.

Veja algumas ações civis que podem ser propostas no Juizado Especial:
- transferência de propriedade de veículo;
- indenização por danos morais;
- execução de cheque ou nota promissória;
- cobrança de cheque ou nota promissória já prescritos;
- cobrança de valor não pago;
- declaração de que a cobrança é indevida;
- indenização pelo não cumprimento de contrato;
- cobrança de aluguéis atrasados;
- despejo para uso próprio;
- devolução de parcelas de consórcio;
- condenação por empréstimo não pago;
- condenação por ter assumido dívida de terceiro;
- indenização decorrente de acidente de trânsito, etc.

Como utilizar o serviço?


Para dar entrada em uma ação no Juizado Especial, você só precisa procurar pelo setor de
“Reclamações”, apresentar os documentos e referentes ao caso, seus dados completos e toda
a documentação existente, os dados de contra quem você pretende formular pedido e
preencher formulário, que deve ser entregue no local.

Alguns dias após entrar com a Reclamação, você deve retornar ao Juizado até lá para saber a
data da primeira audiência, que será de conciliação. Se não houver acordo nessa audiência,
será designada outra, de instrução e julgamento, onde serão ouvidas as testemunhas e
analisados os documentos apresentados. É também neste momento que o réu apresenta sua
defesa. Em seguida, o juiz proferirá a sentença, a qual será cumprida na fase de execução.

Você também pode reclamar pequenas questões criminais, no Juizado Especial Criminal, tal
como lesões corporais leves, decorrentes de desentendimentos entre casais, vizinhos, etc. Só
não se pode reclamar contra o governo federal, estadual ou municipal.

DEFENSORIA PÚBLICA
É uma estrutura de órgãos públicos do Poder Executivo incumbida de promover o exercício
dos direitos dos cidadãos, prestar orientação jurídica integral e gratuita às pessoas que não
possuem recursos financeiros para pagar um advogado, com o objetivo de resguardar-lhes os
direitos e interesses, judicial e extrajudicialmente. Também pode acompanhar casos
relacionados à violação de direitos humanos e receber denúncias de violação aos direitos que
estão descritos no artigo 6º da Constituição.

Promove, quando oportuno, conciliações entre as partes em conflitos de


interesses, concede defesas em ações cíveis (direitos possessórios, de
propriedade, hereditários, contratuais, de família, defesas de crianças e
adolescentes, direitos e deveres dos consumidores lesados, atuações nos

10
Juizados Especiais, dentre outros) e na esfera criminal, em ações criminais ou procedimentos
nos estabelecimentos policiais e penitenciários.

Advogados concursados oferecem essa assistência gratuita, atendendo, propondo demandas e


acompanhando os processos até seu final. Eles são independentes para agir na defesa dos
interesses do cidadão e devem, inclusive, agir contra o Estado, sem serem punidos. Também
representam o cidadão contra as autarquias da União, suas fundações e órgãos públicos
federais, como o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Exército.

Toda pessoa com renda familiar menor que o limite de isenção do Imposto de Renda,
atualmente de R$ 1.637,11, tem direito à assistência jurídica gratuita. No entanto, se esse
patamar for ultrapassado, o serviço gratuito pode ser prestado se o indivíduo comprovar
gastos extraordinários, como despesas com medicamentos e alimentação especial.

Em algumas cidades, não há Defensoria Pública. Nesses casos, a Procuradoria Geral de cada
estado tem núcleos especializados para assessorar jurídica e gratuitamente a população.

Como utilizar o serviço?


O assistido deverá munir-se de seus documentos pessoais, carteira de trabalho e comprovante
de renda, além de outros referentes à prestação da tutela buscada, bem como, do respectivo
mandado de citação ou intimação (se recebido). Deverá levá-los na primeira oportunidade que
dirigir-se à Instituição, possibilitando averiguação imediata a cerca do cabimento ou não da
sua postulação.

MINISTÉRIO PÚBLICO
O Ministério Público (MP) também é um órgão do Poder Executivo, que tem uma atuação
diferente da Defensoria Pública. Ele não atua representando uma pessoa, em nome dela,
como seu advogado. Ao contrário, ele atua nas causas em que há interesse público envolvido,
ou mesmo antes que haja processo, firmando Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), por
exemplo.

O MP tem a função de defensor dos interesses sociais e individuais indisponíveis, ou seja,


direitos dos quais os indivíduos não podem abrir mão. Uma de suas missões é garantir o
respeito aos direitos humanos por parte dos prestadores de serviços públicos e pelos órgãos
do poder público. Por intermédio dos procuradores e procuradoras dos Direitos do Cidadão, o
MP trabalha pela construção de uma sociedade inclusiva e justa em questões como:

• acesso à justiça;
• alimentação adequada;
• comunicação social;
• direito à habitação;
• direito à informação;
• direito do idoso;
• direitos sexuais e reprodutivos;
• educação, enfrentamento das várias formas de
discriminação;
• liberdade de expressão;
• saúde, previdência e assistência social;
• segurança pública e sistema prisional.

11
As funções do MP incluem também a fiscalização da aplicação das leis, a defesa do patrimônio
público e o zelo pelo efetivo respeito dos poderes públicos aos direitos assegurados na
Constituição. É o fiscal da lei e da sociedade. Também pode receber denúncias de violação aos
direitos que estão descritos no artigo 6º da Constituição.

O Ministério Público atua por iniciativa própria ou mediante provocação. Também atua fora da
esfera judicial, sobretudo na defesa de direitos difusos (considerados indivisíveis), como meio
ambiente e segurança pública, por meio de instrumentos como inquéritos civis públicos,
recomendações, Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) e audiências públicas.

É importante ter em mente que o interesse público existe quando o bem afetado pertence a
um dos entes federativos, quando direitos fundamentais são violados, quando direitos de
menores ou idosos são ameaçados ou violados. Sempre que houver uma situação deste tipo,
portanto, o MP pode ser acionado, por meio de sua ouvidoria – que recebe reclamações,
comunicações de crimes e violações de direitos, as apura e dá o encaminhamento necessário
dentro da estrutura do próprio Ministério Público – ou em suas diversas promotorias, como de
tutela do consumidor, do meio ambiente, ou eleitoral. Compete, porém, ao próprio promotor
de justiça avaliar se é caso de sua intervenção. Se não for, orientará o cidadão a como
proceder.

Além de ingressar com ações em nome da sociedade e oferecer denúncias criminais, o MP e


deve ser ouvido em todos os processos em andamento na Justiça Federal que envolvam
interesse público relevante, mesmo que não seja parte na ação.

No site <http://pfdc.pgr.mpf.gov.br> você encontra o nome e o contato do procurador que


atua na sua cidade.
E-mail: <pfdc@pgr.mpf.gov.br>
Telefone: 61 3105-6001

Exemplos da atuação do Ministério Público:


• regularização do repasse de verbas para a saúde, interdição em hospitais, aquisição
de equipamentos e melhoria nos serviços prestados;
• garantia dos atendimentos prioritários em serviços públicos e instituições bancárias;
• melhoria do atendimento nos postos do INSS;
• ajuste na programação de emissoras de rádio e TV por meio da veiculação de
programas adequados para o horário e suspensão de programas com conteúdo
discriminatório;
• inclusão de crianças com deficiência no ensino regular;
• acessibilidade na internet, nos prédios públicos federais, nos estabelecimentos de
ensino, nos bancos, nos aeroportos e no transporte público;
• ampliação das defensorias públicas, garantindo assistência jurídica às pessoas sem
recursos para contratar advogado;
• compromisso com provedoras para combater pedofilia e racismo na internet;
• regularização do fornecimento de merenda escolar nas escolas públicas;
• indenização a famílias de bebês mortos por infecção hospitalar em maternidade
mantida com recursos federais;
• reconhecimento do parceiro do mesmo sexo como dependente nos planos de saúde.

Como acionar o Ministério Público?


Você deve procurar a sede do Ministério Público mais próxima, fazer sua denúncia, contando
quais direitos estão sendo violados e de que forma.

12
É importante levar todo tipo de prova necessária (fotos, vídeos, testemunhas etc), tomando
cuidado de separar o que é prova do que é indício. A partir dessas informações e se julgar
procedente, o procurador irá promover a abertura de inquérito civil público para investigar a
situação e as violações e, se achar necessário, promoverá uma ação civil pública.

Se você quiser fazer uma denúncia, e não puder se dirigir ao Ministério Público, poderá enviar
uma carta (anônima, se preferir) ao mesmo endereço. Sua denúncia será distribuída para a
Promotoria mais perto do local onde ocorreu a violação.

Você poderá acompanhar o que está acontecendo indo até a sede (preferencialmente) ou por
telefone. Tenha em mãos o número de protocolo que lhe foi dado no momento em que fez
você fez a denúncia; se sua denúncia foi carta, basta que você ligue e diga o nome do
requerente (você, se for o caso). Se sua denúncia foi anônima, especifique o assunto no
envelope e no conteúdo da carta; na hora de fazer a consulta, siga os mesmos passos, mas
dizendo o título da denúncia em vez do nome do requerente. Não se esqueça de pedir o
número do protocolo, que poderá servir para futuras consultas.

ATENÇÃO: Sua denúncia deve estar bem fundamentada, baseada em fatos verdadeiros, sem
exageros ou omissões, pois assim ela merecerá crédito e será respeitada.

PROCON
Destina-se à proteção e defesa do consumidor. Orienta, educa, protege e defende os direitos
dos consumidores contra abusos praticados pelos fornecedores de bens e serviços nas
relações de consumo.

Reclamações:
Se possível faça sua reclamação pessoalmente, ou então por meio
de carta. Solicite sempre o protocolo onde constará o número de
sua reclamação. Anote o nome e a função da pessoa que o
atendeu.

Para registrar a reclamação, é necessário:


Nota fiscal, contrato, declarações, orçamento ou similar,
endereço completo do fornecedor e comprovante de residência.

Tenha em mãos um documento de identificação e endereço, bem como os dados do


fornecedor. Não são aceitos pedidos de orientação anônimos ou de menores de idade
desacompanhados dos representantes legais.

O Procon pode ser procurado nos seguintes casos:

Alimentos:
• Produtos vencidos, sem data de validade, sem registro ou composição
• Venda casada (obriga o consumidor a comprar um produto condicionado a venda de
outro)
• Sonegação de mercadorias e nota fiscal
• Qualidade e quantidade dos produtos, higiene nos estabelecimentos, etc.

Produtos:
• Problemas nas embalagens

13
• Má conservação e apresentação
• Má qualidade e falta de segurança de produtos como brinquedos, aparelhos
eletrônicos, veículos e outros
• Problemas de entrega
• Falta de peças para reposição
• Instruções de uso imprecisas ou incompletas
• Produto em desacordo com as normas expedidas por órgãos oficiais como, por
exemplo, o rompimento do selo de segurança do Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia (Inmetro)
• Falta de tradução, para o português, de embalagens e instruções de uso.

Saúde:
• Mau atendimento e outras infrações em hospitais, clínicas, laboratórios e consultórios
• Problemas com convênios médicos ou seguro saúde
• Produto de limpeza e cosméticos com validade vencida, sem data de validade, sem
registro, ou que não esclareça sobre perigos em potencial.

Serviços:
• Problemas na qualidade e pagamento de serviços como assistência
técnica, profissionais autônomos, lavanderias, vendas por telefone ou
reembolso postal e agências de viagem
• Recusa em fazer orçamento e fornecimento de recibos de pagamento e
nota fiscal
• Propaganda enganosa
• Escolas
• Habitação
• Problemas com financiamentos, cartões, bancos e consórcios
• Tarifas bancárias.

INSTRUMENTOS JURÍDICOS DE GARANTIA DOS DIREITOS


HUMANOS
A principal garantia dos Direitos Humanos reside na própria Constituição e na sua efetiva
observância por parte de governantes e governados. Para que o cidadão possa reivindicar seus
direitos é preciso que os conheça e conheça também os principais mecanismos constitucionais
de que pode dispor para defendê-los. São eles:

Mandado de Segurança
Protege os direitos individuais violados por ilegalidade ou abuso de poder.Essa violação deve
ter origem em ato praticado por autoridade ou agente público (ou por empresa no exercício de
atribuições do Poder Público). Para se utilizar do mandado de segurança para o
restabelecimento do direito violado, o cidadão terá que comprovar seu direito líquido e certo,
e precisará de um advogado, sendo que aqueles que comprovarem falta de recursos poderão
valer-se de assistência judiciária gratuita prestada pelo Estado.

14
Mandado de Segurança Coletivo
Enquanto o mandado de segurança individual é mecanismo de proteção de direito individual
do cidadão, o mandado coletivo visa proteger interesses de categorias ou associações. Pode
ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, por organização
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída há pelo menos um ano,
sempre em nome de seus membros ou associados.

Habeas Corpus
A ideia básica do “habeas corpus” é garantir às pessoas sua plena liberdade de locomoção, isto
é, garantir seu direito de ir, vir e permanecer. O “habeas corpus” se apresenta em duas
modalidades, a saber: “habeas corpus” preventivo e “habeas corpus” repressivo. O
primeiro interessa a quem precisa proteger-se de uma ameaça iminente. No segundo,
protege-se a liberdade já violada, e o prejudicado precisa do instrumento para
restabelecê-la.

É um instrumento acessível a todos e pode ser solicitado por qualquer pessoa,


assistida ou não por advogado. O fundamento está na necessidade de se levar ao
conhecimento de um juiz todo o caso de violação ou ameaça ao direito fundamental à
liberdade de locomoção, sempre que tal violação venha da parte de autoridade pública ou
privada, que, no exercício de suas funções, atua de forma ilegal ou abusiva.

Ação Popular
Na ação popular, o autor não age em defesa de interesse pessoal, mas da gestão da coisa
pública, sempre no sentido de sua preservação. Ou seja, se a coisa é pública, cada cidadão tem
o direito de fiscalizá-la.

A ação popular é algo individual, voltada especificamente para cada cidadão tomado como
defensor do patrimônio público que o serve. Destina-se a combater a prática de atos nulos ou
anuláveis, lesivos à moralidade administrativa, ao meio ambiente ou ao patrimônio histórico e
cultural do país.

Entende-se, neste caso, como todo cidadão, a pessoa física, apta a participar dos negócios
políticos do Estado (exercício pleno dos direitos políticos, direito de votar e ser votado,
etc).Portanto todo cidadão diante de uma violação dos bens e direitos de valor econômico,
artístico ou histórico, de natureza pública, tem o pleno direito de manifestar sua posição de
desagrado.

Para propor uma ação popular é sempre bom ter a ajuda de um advogado, que pode ser
encontrado no Núcleo de Defensoria Pública de cada estado. Chegando lá, você deve procurar
um dos núcleos de atendimento específico para direitos coletivos e pedir a ajuda de um
defensor, contando-lhe sobre a violação do direito para que esse dê orientações a respeito do
que deve ser feito.

Essas ações devem procurar sempre envolver o maior número possível de pessoas visando
garantir o cumprimento dos direitos em situações em que todas estejam sofrendo com o
mesmo problema. As pessoas que não entrarem no início do processo poderão entrar
posteriormente.

Ação Civil Pública


A ação judicial que tem como objetivo impedir prejuízos ao meio ambiente, ao consumidor, a
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico do patrimônio
público e social e a outros interesses difusos. A ação civil pública é de iniciativa do Ministério

15
Público, que pode ser provocado por qualquer cidadão que achar que determinada atitude do
Poder Público está prejudicando a sociedade. O cidadão, ou grupo de cidadãos, que provocar o
Ministério Público, deve fornecer informações sobre o fato que denunciar. Uma associação ou
ONG também pode dar entrada numa ação civil pública. Para isso, é necessário que exista há
mais de um ano e que tenha como objeto o motivo da denúncia.

Medida cautelar
É uma ação judicial que pretende evitar prejuízos ao requerente antes do julgamento da causa,
podendo se utilizar dela antes do ajuizamento da ação, bem como durante o processo, seu
manuseio depende de advogado e exige os seguintes requisitos: perigo de dano e fortes
indícios de direito pleiteado.

Petição
É o requerimento, pedido, ação, através do qual a pessoa se dirige ao juiz ou autoridade
administrativa, visando defender e prevenir a vulneração de direitos e denunciar a ilegalidade
ou abuso de poder.

Habeas data
O habeas data é o instrumento idôneo para que qualquer pessoa tenha acesso irrestrito a
informações que o Poder Público ou entidade de caráter público mantenha a seu respeito,
como também para pleitear eventuais retificações que se façam necessárias. O simples desejo
da a pessoa conhecer as informações a ela referentes já é suficiente para dar ensejo à
impetração do “habeas data”, independentemente, portanto, da demonstração de que elas se
prestarão à defesa de direitos. Seu impetrante precisa de um advogado, e o requerimento
deve ser feito primeiramente por via administrativa.

Boletim de ocorrência
É o documento que registra o acontecimento de uma ocorrência
policial através de simples relato à autoridade competente. Será
necessário em muitos casos para obtenção de segunda via de
documentos. É também indispensável para comprovar a ocorrência do
fato e acionar seguradoras, entre outras utilidades.

Exame de corpo de delito


É o exame, feito por dois médicos oficiais, que analisa a materialidade de uma infração, ou
seja, sua existência. Quando o delito deixar vestígios é indispensável a sua apuração e punição.

Auto de apreensão
É o documento que relata e registra a apreensão de objetos que comprovam a ocorrência de
um delito. É elaborado pela autoridade policial, e sua cópia deve constar do processo que vier
a ser instaurado.

Flagrante delito
Ocorre quando a pessoa é encontrada cometendo um crime, ou é surpreendida no mesmo
lugar no momento em que vai cometer o crime ou ainda quando é perseguida logo após
cometimento do crime. Caso o indivíduo seja apanhado pela autoridade policial será
obrigatoriamente lavrado Auto de Prisão.

16
Programas, Benefícios e Direitos Sociais

Educação
BOLSA DE ESTUDO / FIES – Financia todo o curso de graduação e facilita o
pagamento através da Caixa Econômica Federal.
Site: http://sisfiesportal.mec.gov.br/
Fone: 0800-616161

PRO UNI – Concede bolsa de estudo parcial (50%) e integral (100%), conforme renda
familiar e demais requisitos, aos alunos e egressos classificados pelo Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem).
Site: http://prouniportal.mec.gov.br/
Fone: 0800-616161

Habitação
MINHA CASA MINHA VIDA – Programa de concessão de imóveis construídos pelo
Governo, com prestações a partir de R$ 50,00 para pessoas com renda
de até R$ 1.395,00. A inscrição é feita através de ficha de demanda da
COHAB. Para quem recebe mais de 03 salários o financiamento é
realizado diretamente junto nas agências da Caixa Econômica Federal.
Site:
http://www1.caixa.gov.br/gov/gov_social/municipal/programas_habita
cao/pmcmv/
Fone: 0800-7260101

REGISTRO DE IMÓVEIS – Mutuários do Programa Minha Casa, Minha Vida tem


desconto no registro de imóvel, conforme a renda, de 80% até a gratuidade.

Assistência Jurídica
PROCON – Presta atendimento à população no que tange à proteção e defesa do
consumidor. A reclamação pode ser feita pessoalmente em um dos postos, por carta ou até
mesmo via fax.

CONSELHO TUTELAR – Fiscaliza, orienta e presta atendimento às famílias em situação


de omissão ou ameaça aos direitos da criança e adolescente.

CONSELHO DO IDOSO – Criado para defender os interesses do idoso. Presta


atendimento e, sobretudo, protege e fiscaliza o direito do idoso em caso de violação, como
maus tratos, omissão e desrespeito.

17
Segurança Pública
BOLETIM DE OCORRÊNCIA ELETRÔNICO (BO) – Para registro de ocorrência de
crimes específicos como furto de veículo, desaparecimento de pessoas, furto ou perda de
documentos, celular ou placa de veículos ou encontro de pessoas desaparecidas, há
possibilidade de registro e acompanhamento da ocorrência via internet. Outros crimes devem
ser registrados em uma Delegacia de Polícia Civil.

ALERTA DE VEÍCULO FURTADO – O SINARF, disponibilizado pela Polícia Rodoviária


Federal, mediante registro, divulga imediatamente a informação da ocorrência em todo o país.
Site: http://www.dprf.gov.br/PortalInternet/alerta.faces
Fone: 191

Assistência Social
INSS – Órgão responsável pela concessão de benefícios do Regime Geral de Previdência
(RGP), entre eles: auxílios, aposentadorias e BPC ou LOAS. Não necessita de assistência de
advogado. Presta orientações.
Site: http://www.previdencia.gov.br/
Fone 135

BPC OU LOAS – Benefício concedido a idosos (homem ou mulher a partir de 65 anos) e


pessoas com necessidades especiais (de qualquer idade), desde que possuam renda familiar
per capita inferior a ¼ do salário mínimo.
Site: http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=23
Fone: 135

BOLSA FAMÍLIA – Destinado às famílias com renda mensal familiar per capita de até R$
137,00, mediante cadastro no CadUnico (geralmente administrado
pelas prefeituras, de acordo com o município), com valores que vão
de R$ 32,00 à R$ 70,00, limitado a 3 crianças por família.
Site: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/
Fone: 156

Saúde
FARMÁCIA POPULAR – Programa que concede descontos especiais às pessoas que
necessitam de medicamentos para tratar algumas das doenças mais comuns.
Site: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=1095
Fone: 0800-611997

18
Documentos
CPF – CADASTRO DE PESSOA FÍSICA – Pode ser obtido através das agências do
Banco do Brasil, Caixa Econômica ou Correios. Em transações comerciais, o CPF é comprovado
através do próprio cartão, ou comprovante emitido pelo site da Receita, ou por documentos
em
que conste, como RG, CNH e etc.
Site: http://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaFisica/CPF/CadastroPF.htm
Fone: 146

PASSAPORTE – Documento internacional obrigatório àqueles que vão sair do país.


Solicitado pela internet e mediante recolhimento de taxa é preciso agendar atendimento para
apresentação de documentos e sua retirada, nos postos da Polícia Federal.
Site: http://www.dpf.gov.br/
Fone: 194

TÍTULO ELEITORAL – Obrigatório aos maiores de 18 anos e facultativo para quem tem
entre 16 e 18.
Pode ser solicitado via Cartório Eleitoral próximo ao bairro de residência ou via internet,
devendo ser retirado na unidade da justiça eleitoral escolhida.
Site: http://www.tse.gov.br/internet/servicos_eleitor/titulo_net.htm
Fone: 148

CERTIFICADO DE RESERVISTA OU DISPENSA – Homens com 17 anos têm a


obrigação de comparecer à Junta Militar no período de 01 de janeiro a 30 de abril do ano em
que completarem 18 anos para alistamento. Poderão prestar serviço às forças armadas
(Certificado de Reservista) ou ser dispensados (Certificado de dispensa).

Outros Serviços
TARIFA SOCIAL – Programa que concede desconto de 10 a 65% nas tarifas de energia,
mediante cadastramento no CadÚnico, para consumidor de baixa renda. Em São Paulo o
Cadastramento é realizado nos postos do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).
Site: http://mds.gov.br/falemds/perguntas-frequentes/bolsa-
familia/programascomplementares/beneficiario/tarifa-social-de-energia
Fone: 0800-707-203

19
Glossário

Administração Pública - Entidades e órgãos públicos que têm a missão de realizar os


serviços públicos de saúde, educação, assistência social, assistência judiciária, e outros. O
objetivo da Administração Pública com esses serviços é a conservação do Estado, o bem-estar
individual dos cidadãos e o progresso social.

Bens públicos - São aqueles que podem ser usados por todas as pessoas (o ar, o mar e os
rios, por exemplo). Também são públicos os bens que pertencem à União, aos estados e aos
municípios.

Direitos coletivos - São os que pertencem a determinado grupo, categoria ou classe de


pessoas. Por exemplo, os direitos dos professores pertencem a todos os professores
devidamente registrados, mas não pertencem aos que não são professores.

Direitos difusos - São aqueles que não podem ser individualizados, ou seja, dizem
respeito a um conjunto indeterminado de pessoas. Por exemplo, o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado é um direito tipicamente difuso, porque afeta um número
incalculável de pessoas.

Direitos individuais homogêneos - São os que afetam as pessoas individualmente,


ao mesmo tempo e da mesma forma, mas sem que se possa considerar que eles sejam
restritos a somente uma pessoa. Os direitos dos consumidores são típicos direitos individuais
homogêneos.

Diversidade - Variedade e convivência de ideias, características ou elementos diferentes


entre si. A ideia de diversidade está ligada aos conceitos de pluralidade, multiplicidade e
diferentes abordagens e pontos de vista.

Uma das maneiras de preservar a diversidade é garantindo os direitos dos povos e


comunidades tradicionais: índios, quilombolas, comunidades ribeirinhas e extrativistas e
ciganos.

Lei - A palavra lei vem do verbo latino ligare, que significa "aquilo que liga", ou legere, que
significa "aquilo que se lê". Significa uma norma ou conjunto de normas jurídicas criadas,
geralmente, pelo Poder Legislativo (deputados e senadores). As leis existem para garantir que
a democracia e os direitos de todos sejam respeitados e para fazer valer as nossas obrigações.

Moral - Moral é um conjunto de regras, hábitos e costumes que são considerados válidos
entre um grupo de pessoas. O moral está relacionado ao valor das ações das pessoas. Em
outras palavras, pode-se dizer que moral são regras estabelecidas e aceitas pelas comunidades
humanas durante determinados períodos.

Patrimônio público - É o conjunto de bens e direitos de valor econômico, artístico,


estético, histórico ou turístico, pertencentes à Administração Pública. O que caracteriza o
patrimônio público é o fato de pertencer a um ente público – a União, um estado, um
município, ou uma empresa pública, por exemplo.

São bens públicos, por exemplo, os rios, mares, estradas, ruas e praças (bens de uso comum

20
do povo). Também são bens públicos os edifícios ou terrenos destinados ao serviço da
administração federal, estadual ou municipal. Nesse caso, são chamados de bens públicos de
uso especial.

Considerado de forma mais ampla, o patrimônio público é, também, o conjunto de bens e


direitos que pertence a todos e não a um determinado indivíduo ou entidade.

Tutela coletiva - Defesa dos interesses da sociedade, e esta é uma das principais funções
do Ministério Público. Esses interesses podem ser:
Difusos: interesses que não são específicos de uma pessoa ou grupo de indivíduos,
mas de toda a sociedade, como o direito que temos a respirar ar puro;
Coletivos: interesses de um grupo, categoria ou classe ligados entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica;
Individuais homogêneos: direitos que têm um fato gerador comum (mesma origem) e
afetam as pessoas individualmente e da mesma forma, como os direitos do
consumidor.

21
Fontes:

Cartilha da Cidadania – A Cidadania ao alcance de todos –Governo do estado do Paraná.


http://www.codic.pr.gov.br/arquivos/File/cartilha_da_cidadania.pdf

Cartilha de Olho da Cidadania – Câmara dos Deputados.


http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-
permanentes/cdhm/relatorios/cidadania.html

Guia dos Direitos Sociais – Fase.


http://www.ipego.com.br/painel/anexoPdf/26.pdf

HALBRITTER, Luciana Leal. O que é preciso para exercer bem os direitos de cidadania.
http://www.mobilizadores.org.br/coep/Publico/consultarConteudoGrupo.aspx?TP=V&CODIG
O=C201281142034791&GRUPO_ID=14&COR=2

Movimento em Defesa dos Direitos Sociais.


http://www.direitosociais.org.br/secoes_detalhes.php?id=82

MACEDO, Aruza Albuquerque de; SILVA, Cleyton Barreto e. A Fundamentalidade dos Direitos
Sociais. Artigo científico apresentado ao V Encontro de Iniciação Científica do curso de Direito
da Faculdade 7 de Setembro.
http://www.fa7.edu.br/recursos/imagens/File/direito/ic/v_encontro/afundamentalidadedosdi
reitossociais.pdf

Turminha do MPF – Assunto de Gente Grande para Gente Pequena – Secretaria Especial de
Direitos Humanos da Presidência da República.
http://www.turminha.mpf.gov.br/o-mpf

22

Você também pode gostar