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Meu tópico para este capítulo é " Casamento vivido para a glória de Deus." A palavra
decisiva nesse tópico é a palavra "para". "O casamento vivido para glória de Deus." O
tópico não é: "A glória de Deus para a vida do casamento." Nem: "Casamento vivido
pela glória de Deus". Mas: "O casamento vivido para a glória de Deus."
Esta pequena palavra significa que existe uma ordem de prioridade. Há uma ordem de
importância final. E a ordem é simples: Deus é absoluto e o casamento não é. Deus é a
Realidade mais importante; o casamento é menos importante — bem menos importante,
infinitamente menos importante. O casamento existe para magnificar a verdade, o valor,
a beleza e a grandeza de Deus; Deus não existe para magnificar o casamento. Até que
essa ordem seja vivida e valorizada — até que ele seja vista e saboreada — o casamento
não será experimentado como uma revelação da glória de Deus, mas como um rival da
glória de Deus.
Eu creio que meu tópico, "Casamento vivido para a glória de Deus", seja uma resposta
para a pergunta: Por que o casamento? Por que existe o casamento? Por que o
casamento existe? Por que vivemos em casamentos? Isso significa que meu tópico é
parte de uma questão mais ampla: Por que qualquer coisa existe? Por que você existe?
Por que sexo existe? Por que Terra e sol e lua e estrelas existem? Por que animais e
plantas e oceanos e montanhas e átomos e galáxias existem? A resposta a todas estas
perguntas, incluindo aquela a respeito do casamento é: Todos existem para a glória de
Deus.
Ou seja, eles existem para magnificar a verdade, o valor, a beleza e a grandeza de Deus.
Não do jeito que um microscópio magnifica, mas da forma que um telescópio
magnifica. Microscópios magnificam fazendo pequenas coisas parecerem maiores do
que são. Telescópios magnificam fazendo inimagináveis coisas grandes parecerem
como elas realmente são. Microscópios levam a aparência do tamanho pra longe da
realidade. Telescópios trazem a aparência do tamanho pra perto da realidade. Quando
digo que todas as coisas existem para magnificar a verdade, o valor, a beleza e a
grandeza de Deus, quero dizer que todas as coisas — e principalmente o casamento —
existem para trazer a aparência de Deus na mente das pessoas pra mais perto da
realidade.
E ai de nós se pensarmos que "para ele" significa "para a sua necessidade", ou "para seu
benefício", ou "para seu aperfeiçoamento." Paulo deixou bem claro em Atos 17:25 que
Deus não é "servido por mãos humanas, como se necessitasse de algo, porque ele
mesmo dá a todo ser humano a vida, respiração e tudo mais". Não, o termo "para a sua
glória" e "para ele" significa "para a exibição de sua glória", ou "para a demonstração de
sua glória", ou "para a ampliação da sua glória."
Precisamos deixar isto se fixar. Antes de tudo havia Deus, e somente Deus. O universo
é a sua criação. Não é co-eterno com Deus. Não é Deus. "No princípio era o Verbo, e o
Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus .... Todas as coisas foram feitas por
intermédio dele" (João 1:1, 3). Todas as coisas. Tudo o que não é Deus, foi feito por
Deus. Assim, uma vez só havia Deus. Portanto, Deus é a Realidade absoluta. Nós não
somos. O universo não é. O casamento não é. Nós somos derivados. O universo é de
importância secundária e não primária. A raça humana não é a realidade suprema, nem
o valor final nem o última medida do que é bom ou do que é verdade ou do que é belo.
Deus é. Deus é o único absoluto final na existência. Tudo mais é dele, por ele e para ele.
Esse é o ponto de partida para entender o casamento. Se entendermos isso errado, tudo
dará errado. E se entendermos corretamente — realmente certo, em nossas mentes e em
nossos corações — então o casamento será transformado por isso. O casamento vai se
tornar aquilo que foi criado por Deus para ser — uma exposição da verdade e do valor e
da beleza e da grandeza de Deus.
Isso leva a uma conclusão muito simples — tão simples e ao mesmo tempo tão fora de
alcance. Se queremos ver o casamento ter o lugar que deve ter no mundo e na igreja —
isto é, se quisermos que o casamento glorifique a verdade e o valor e a beleza e a
grandeza de Deus — devemos ensinar e pregar menos sobre casamento e mais sobre
Deus.
A maioria dos jovens de hoje não traz para o seu namoro e casamento uma grande visão
de Deus — quem ele é, como ele é, como ele age. No mundo não há quase nenhuma
visão de Deus. Ele não está nem mesmo na lista de convidados. Ele é simplesmente
incrivelmente omitido. E na igreja, a visão de Deus que os casais jovens trazem para o
relacionamento deles é tão pequena, ao invés de grande, e tão fútil, em vez de central, e
tão vaga ao invés de clara, e tão impotente em vez determinante, e tão desinteressante
ao invés de arrebatadora, que quando eles se casam, o pensamento de viver o casamento
para a glória de Deus fica sem sentido e sem conteúdo.
O que a "glória de Deus" significaria para uma jovem esposa ou jovem marido que
dedica quase nenhum tempo e nenhum pensamento para o conhecimento a glória de
Deus, ou da glória de Jesus Cristo, Seu divino Filho...
a glória de sua eternidade, que faz com que a mente queira explodir com o
pensamento infinito de que Deus nunca teve um começo, mas simplesmente
sempre foi;
a glória do seu conhecimento, que faz com a Biblioteca do Congresso parecer
uma caixa de fósforos, e um estudioso de física quântica, um leitor de primeira
série;
a glória da sua sabedoria que nunca foi e nunca poderá ser aconselhadas pelos
homens;
a glória de sua autoridade sobre o céu, a terra e inferno, sem cuja permissão
nenhum homem e nenhum demônio pode se mover um centímetro;
a glória da sua providência, sem a qual nem um pássaro cai no chão ou um único
fio de cabelo fica cinza;
a glória da sua palavra que sustenta o universo e mantém todos os átomos e
moléculas juntos;
a glória do seu poder para andar sobre as águas, limpar os leprosos, curar o
coxo, abrir os olhos dos cegos, fazer com que o surdo ouça, acalmar tempestades
com uma palavra, e ressuscitar os mortos;
a glória da sua pureza para nunca pecar, ou ter segundos de má atitude ou um
mau pensamento;
a glória da sua credibilidade de nunca quebrar Sua palavra ou deixar uma
promessa cair por terra;
a glória de sua justiça para acertar todas as contas morais do universo ou na cruz
ou no inferno;
a glória da sua paciência para suportar nossa apatia década após década;
a glória da sua soberania, com obediência como a de um escravo para abraçar a
dor excruciante da cruz voluntariamente;
a glória da sua ira que um dia levará pessoas a clamar às rochas e às montanhas
que caiam sobre elas;
a glória da sua graça que justifica o ímpio; e
a glória do seu amor que morre por nós mesmo sendo nós ainda pecadores.
Como as pessoas vão viver suas vidas de modo que seus casamentos mostrem a
verdade, valor, beleza e grandeza desta glória, quando dedicam quase nenhuma energia
ou tempo para conhecer e estimar essa glória?
Talvez você possa ver porque ao longo dos últimos vinte anos de ministério pastoral
cheguei a ver a minha missão e a missão da nossa igreja em alguns termos muito
básicos, a saber: eu existo — nós existimos — para espalhar uma paixão pela
supremacia de Deus em todas as coisas e para a alegria de todos os povos. Essa é a
nossa avaliação da necessidade. Até que haja uma paixão pela supremacia e glória de
Deus nos corações das pessoas casadas, o casamento não vai ser vivido para a glória de
Deus.
E não haverá paixão pela supremacia e glória de Deus nos corações de pessoas casadas,
até que o próprio Deus, em suas diversas glórias, seja conhecido. E ele não vai ser
conhecido em suas variadas glórias até que pastores e professores falem Dele
incansavelmente, constantemente, profundamente, biblicamente, fielmente, claramente,
completamente e apaixonadamente. O casamento vivido para a glória de Deus será o
fruto de igrejas permeadas com a glória de Deus.
Para a maioria do nosso povo, Deus é insignificante e uma centena de coisas boas
usurpam seu lugar. Pensar que seus casamentos poderiam ser vividos para a glória dele
ensinando sobre a dinâmica dos relacionamentos, quando a glória de Deus é tão
periférica, é como esperar que o olho humano glorifique as estrelas quando nós não
olhamos fixamente para o céu noturno e nunca possuimos um telescópio.
Então conhecer a Deus e admirar a Deus e valorizar a glória de Deus acima de todas as
coisas, incluindo o seu cônjuge, é a chave para viver um casamento para a glória de
Deus. É verdade no casamento, como em qualquer outro relacionamento: Deus é mais
glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nele.
Aqui está a chave que abre mil portas. Satisfação superior em Deus acima de todas as
coisas terrenas, incluindo seu cônjuge, sua saúde e sua própria vida (Salmo 63:3, "a tua
benignidade é melhor do que a vida") é a fonte de grande longanimidade sem a qual os
maridos não podem amar como Cristo, e as esposas não podem seguir como a noiva de
Cristo, a igreja. Efésios 5:22-25 deixa claro que os maridos tomam seus exemplos de
liderança e amor de Cristo, e as mulheres tomam seus exemplos para submissão e amor
a partir da devoção da igreja pela qual Ele morreu. E ambos atos complementares de
amor — liderar e submeter — são insustentáveis para a glória de Deus, sem uma
satisfação superior em tudo o que Deus é por nós em Cristo.
Deixe-me dizer isso de outra maneira. Existem dois níveis em que glória de Deus pode
brilhar a partir de um casamento cristão:
Mas há um outro nível mais profundo, mais fundamental, onde a glória de Deus deve
brilhar se estes papéis forem ser mantidos como Deus planejou. O poder e o impulso de
conduzir a auto-negação e o fazer morrer diariamente, mensalmente, anualmente que
serão necessários para amar uma esposa imperfeita e amar um esposo imperfeito devem
vir de uma satisfação superior em Deus que dá esperança e sustenta a alma. Eu não acho
que o nosso amor por nossas esposas ou delas por nós glorifiquem a Deus até que fluam
de um coração que se deleita em Deus mais do que no casamento.
O casamento será preservado para a glória de Deus e moldado para a glória de Deus
quando a glória de Deus for mais preciosa para nós que o casamento. Quando podemos
dizer com o apóstolo Paulo (em Filipenses 3:8), "Considero tudo como perda,
comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor"
(NVI) — quando nós podemos dizer isso sobre o casamento — sobre o nosso esposo ou
esposa — então este casamento vai ser vivido para a glória de Deus.
Eu concluo tentando dizer isto de mais uma maneira, desta vez com um poema que eu
escrevi para o meu filho no dia de seu casamento.