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A experiência etnográfica e a transformação do olhar e do agir no

contexto da Barca Nau Catarineta de Cabedelo


MODALIDADE: COMUNICAÇÃO
SUBÁREA: Etnomusicologia

Fábio Henrique Gomes Ribeiro


UFPB – fabiomusica_fe@yahoo.com.br

Wagner Santana de Araújo


UFPB – wagnersantanajiujitsu@hotmail.com

Resumo: Este texto discute alguns aspectos sobre a construção do olhar e do agir
investigativo em torno da pesquisa de campo sobre um grupo de cultura popular na região
metropolitana de João Pessoa-PB. Para isso, tomamos como base a pesquisa etnográfica
conduzida com o grupo ao longo de sete anos, pesquisa bibliográfica e o relato de
experiência de dois pesquisadores envolvidos na pesquisa. As reflexões destacam
principalmente o necessário entendimento do papel político no trabalho etnográfico.

Palavras-chave: Etnografia. Observação participante. Barca Nau Catarineta.

The ethnographic experience and transforming the “to look and to do” in the context
of Barca Nau Catarineta de Cabedelo

Abstract: This paper discusses on constructing the “to look and to do” on fieldwork on a
traditional music group at João Pessoa’s metropolitan region, state of Paraíba, Brazil. It is
based on ethnographic research conducted for seven years, with bibliographic research and
the experience report of two researchers. Reflections highlight mainly the necessary
understanding of the political role in ethnographic work.

Keywords: Ethnography. Participant observation. Barca Nau Catarineta.

1. Introdução
Este trabalho é parte de um conjunto de pesquisas que vêm sendo realizadas
junto a grupos de cultura popular na região metropolitana de João Pessoa-PB, buscando
compreender seus processos de construção da performance e de transmissão musical,
conduzidas pelo Grupo de Pesquisas Práticas de Ensino e Aprendizagem da Música em
Múltiplos Contextos (PENSAMus) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Aqui,
de forma específica, buscamos discutir alguns aspectos sobre a construção do olhar e
agir investigativo em torno da realidade de um grupo de cultura popular. Tomamos
como base empírica para as reflexões o contexto da Barca Nau Catarineta de Cabedelo,
expressão dramático-musical da cultura popular que representa eventos da navegação
portuguesa em épocas de expansão marítima por meio de enredos cantados, dançados e
encenados.
As práticas musicais da Barca são constituídas por uma variedade de
aspectos sociointerativos que transcendem suas situações de eventos e de preparação
para a performance. Tais aspectos vão desde a participação de seus integrantes em
vários outros contextos musicais até questões políticas da cidade, que permeiam as
práticas culturais. Diante desta conjuntura, nos preocupamos aqui especificamente com
as dimensões sociopolíticas que envolvem a Barca e a forma como elas emergiram no
contexto etnográfico, reconduzindo nosso olhar e agir investigativo, proporcionando
novas experiências na compreensão da música do grupo. Para isso, tomamos como base
a pesquisa bibliográfica e a experiência empírica vivida por dois membros do
PENSAMus na convivência com a Barca nos últimos sete anos. Assim, buscando
apresentar as reflexões de forma objetiva, o texto discute a experiência etnográfica
vivida no contexto da Barca Nau Catarineta e apresenta posteriormente algumas breves
reflexões.

2. A experiência etnográfica com a Barca Nau Catarineta


A prática da etnografia e da representação etnomusicológica tem destacado
de forma significativa as suas implicações em lutas políticas e ideológicas (TURINO,
1999). Nessa conjuntura, a natureza diversa e contemporânea da Barca definiu os
limites e caminhos do processo investigativo, que tomou o caráter fluido e
multifacetado dos sujeitos como norte das representações etnográficas. Assim,
entendemos que as características contemporâneas do grupo estão bem próximas do que
descreve Calavia Sáez:

[...] os nativos não estão mais tão longe, falam fluentemente em


inglês, português ou russo, muitos deles estudaram já́ filosofia,
sociologia e antropologia. A autoridade do antropólogo-intérprete está
em questão, na verdade deveria se fundamentar em algo externo à
própria tradução, que já́ não se impõe por si mesma. (CALAVIA
SÁEZ, 2011, p. 598)

Reconhecemos aqui, portanto, a importância das perspectivas êmicas na


construção do processo descritivo, analítico e interpretativo das práticas musicais da
Barca, configurando uma escrita etnográfica que buscou constantemente a proximidade
com os sujeitos fundamentais na construção do conhecimento. Entretanto, concordamos
que “nada pode se trazer do campo se, como pretendiam alguns empiristas ingênuos,
vai-se a ele de mãos vazias” (CALAVIA SÁEZ, 2011, p. 596) e, dessa forma, torna-se
impossível não levar em consideração as caraterísticas do pesquisador e todo o seu
processo de formação, promovendo a constante interação entre suas perspectivas, ações
e conhecimentos.
Entendemos que “por causa de quem somos e do que fazemos, enfatizamos
o que pode ser dito, gravado, ou concretamente mostrado (produzido) excluindo-se os
multifários significados escondidos, as ambiguidades inerentes da prática cultural e as
diferentes maneiras de conhecer” (TURINO, 1999, p. 26, itálicos do autor). Desse
modo, defendemos a necessidade de garantir a validade e autoridade do processo
etnográfico que, com base em Clifford (2008), pode ser desenvolvida a partir de meios
experienciais, interpretativos, dialógicos e polifônicos.
A conjuntura elaborada pela constante interação entre o contexto de
pesquisa e nós não representa que nossas experiências sejam o centro do processo
investigativo. Elas indicam o reconhecimento de que a aproximação das experiências
dos sujeitos pertencentes ao contexto estudado não pode ignorar as nossas percepções e
os consequentes contatos com o outro. Assim, é importante realizar um constante
exercício crítico de repensar as informações produzidas, buscando vozes e autoridades
muitas vezes ocultas no rápido e ansioso processo da produção acadêmica.
Calavia Sáez (2011) destaca que a etnografia “nasceu fadada a ser sempre
uma pesquisa de urgência, onde o presente etnográfico está constantemente, não a se
tornar passado, mas a desaparecer, porque não se tornará passado pleno se alguém não o
registrar agora” (p. 590). Entendemos que as características contemporâneas do grupo
estudado muitas vezes contribuíram para evitar essa ansiedade pelo registro das
informações, pois alguns de seus membros já estão habituados a produzi-los. Por outro
lado, diante da multiplicidade das informações do campo, muitas vezes sentimos o peso
da inexperiência ao não saber se registrávamos por escrito uma fala ou acontecimento,
se fotografávamos, se observávamos algo específico ou pensávamos em algum
comentário ou pergunta.
Essa conjuntura, caracterizada pela tensão entre as características do grupo e
certa ansiedade pelo registro por parte dos pesquisadores foi se tornando mais
equilibrada durante o acúmulo de experiências empíricas no contexto estudado. Assim,
destacamos à seguir dois relatos de membros do PENSAMus, sobre os efeitos das
interações sociais sobre sua prática investigativa.
- Relato 1:
Na Barca Nau Catarineta de Cabedelo, há ensaios semanais, geralmente
voltados para a elaboração das práticas musicais. Ainda, há outras seções dentro do
ensaio, comumente em sua parte final, que são compostas por informações gerais e
discussões sobre o funcionamento e organização do grupo, geralmente definida como
reunião. Há avisos sobre apresentações futuras, eventos culturais na região, sugestões,
comentários sobre a frequência dos integrantes nos ensaios e reflexões sobre diversas
situações e necessidades do grupo. Ao término das informações gerais, os membros
ajudam na desmontagem e armazenamento do som e instrumentos, mantendo muitas
vezes o mesmo clima de compartilhamento de histórias que acontece na organização
inicial do ensaio.
Ainda, há situações em que o ensaio é totalmente convertido em reunião,
diante de alguma necessidade especial ou cancelamento por motivos diversos. Nesse
contexto, as conversas apresentam um caráter de informalidade ainda maior, através das
quais interações e engajamentos se tornam mais recorrentes e qualquer membro tem
liberdade para contar suas histórias de vida com a Nau Catarineta.
Um exemplo significativo desses momentos aconteceu no dia 20 de maio de
2016. Soubemos antecipadamente pelo mestre Tadeu que não haveria ensaio, mas ele
gostaria que o grupo se reunisse, pois queria conversar com todos. Nessa ocasião, o
ensaio foi cancelado porque o bandolinista, Zé Azul, estava doente, além da saída de um
importante membro do grupo, que se mudou por causa da criminalidade na cidade. Com
a presença de alguns membros no local, o mestre Tadeu informou o caso, que foi
lamentado por todos, desencadeando em uma longa conversa sobre o crescimento da
criminalidade, do tráfico de drogas e da violência na região, afetando diretamente a
estrutura e funcionamento da Barca. Foram levantados distintos casos por vários
membros do grupo, destacando a apreensão diante da atual situação.
Entretanto, o clima de preocupação foi mudando na medida em que outros
contos foram surgindo, tendo a perda de membros do grupo como elemento mediador
dos assuntos elencados. Assim, a conversa chegou aos membros já falecidos que lhes
deixaram histórias alegres. Todas as lembranças giravam em torno de pessoas que
representavam tipos cômicos especiais para o contexto, normalmente ligados a alguma
característica biológica e comportamental específica, como a gagueira, pouca visão e/ou
pouco senso médio de convivência social. Tais características, aliadas às situações de
transgressão de normas e expectativas sociais nas histórias contadas arrancavam os risos
mais expressivos de cada um dos presentes, alterando totalmente o clima da reunião.
Nessa conjuntura, compreendendo a memória como uma construção
sociocultural, entendo que o processo de compartilhamento de vivências passadas é
importante na mediação e na construção de sentidos sobre as práticas da Nau Catarineta.
As múltiplas representações sociais presentes nas histórias constituem um conjunto de
significados sobre as experiências vividas, que são compartilhados e possivelmente
evocados em situações de performance. Aponto isso com base nas sensações que eu tive
durante esse momento, levando-me a me aproximar de tal forma das experiências
compartilhadas como se também as tivesse vivido. Adicionalmente, agora [escrevendo
três semanas depois] tais memórias me fazem reviver esse momento específico de
compartilhamento, o que faz me sentir mais próximo do grupo, pois sinto que temos
coisas em comum. Dessa forma, acredito que “as representações sociais exercem a
mediação produzida no compartilhamento dos sentidos, como matéria-prima
constitutiva da cultura imaterial e da intangibilidade da memória social” (MORIGI;
ROCHA; SEMENSATTO, 2012, p. 183).
A partir de representações sociais antagônicas [sensações de insegurança e
de divertimento] e das histórias sobre viagens e apresentações, que atravessam os
sujeitos presentes no contexto da reunião, passei a entender que as experiências
compartilhadas promovem uma integração entre os indivíduos. Acredito que as
representações associadas à construção social das práticas da Barca sejam mediadas
pelo conjunto de interpretações que cada sujeito realiza no momento de
compartilhamento, promovendo a coletivização de perspectivas sobre a manifestação
por meio de sensações mais gerais, normalmente ligadas ao sentimento de
pertencimento. Desse modo, a força dessas representações não está na sua origem
social, mas na sua possibilidade de serem compartilhadas (MORIGI; ROCHA;
SEMENSATTO, 2012, p. 185). A recorrência do compartilhamento de experiências em
diversas formas de interação constituem, portanto, uma das principais formas de
construção da performance da Nau.
Enfim, o período do ensaio dedicado à reunião apresenta-se como
fundamental para o processo de transmissão de valores que compõem a identidade da
Nau Catarineta de Cabedelo. Ancorado nas lembranças revividas, o processo de
compartilhamento de memórias individuais e coletivas proporciona a produção de
significados coletivizados durante as reuniões, aumentando a gama de experiências a
serem evocadas nos momentos de preparação e de performance. Assim, o constante
exercício de construção de um acervo de memórias compartilhadas proporciona um
conjunto significativo de bases simbólicas para a construção da performance e a
consequente promoção de novas experiências.
- Relato 2
A experiência etnográfica trás consigo a transformação do próprio
pesquisador face a realidade estudada e vivenciada. As interações sociais na Barca são
cruciais para o fortalecimento ou ruptura do mesmo, em um balanço cíclico de maior ou
menor interatividade por parte dos brincantes. A vida cotidiana e todas as suas nuances
refletem diretamente na performance do grupo face ao engajamento pessoal ou coletivo,
que pode ter diversas motivações, desde um conflito interno ou até mesmo um problema
momentâneo de saúde.
No dia 15 de setembro de 2017, houve a abertura do 2o Fórum de Cultura de
Cabedelo que ocorreu na principal praça da cidade. Nesse evento, estiveram presentes
diversos grupos de música popular e da cultura popular, inclusive a Barca Nau
Catarineta. Esse evento me causou certo impacto por dois motivos básicos: percebi a
transformação que eu passara no decorrer da pesquisa (de admirador a militante da
cultura popular) e o impacto negativo da política da prefeitura municipal de Cabedelo
sobre alguns brincantes da Nau Catarineta.
Logo quando cheguei na praça não havia muitas pessoas, mas, em pouco
tempo, algumas foram se aproximando do carro de som que havia chegado uns quinze
minutos depois de mim. Encostei meu carro logo atrás do carro de som e alguns
brincantes vieram até conversar enquanto o evento não começava. Quando o mestre
Tadeu chegou ao local, trouxe consigo vários cartazes e placas com as reivindicações
que os grupos de cultura popular faziam à prefeitura por anos e dificilmente eram
atendidos. Haviam frases como: Coral Municipal sem apoio da gestão”, “A cultura de
Cabedelo de luto”, “A cultura não é cabide de empresa”, “grupos de culturas populares
não tem apoio da gestão”, dentre várias outras. Quando percebi que as placas
precisavam ser presas às árvores da praça, logo fui ajudar a pendura-las de modo que
ficassem visíveis. Nesse momento tive a estranha sensação de pertencimento e
militância pela cultura popular. Me indaguei se estava ali um pesquisador, um brincante
da Nau Catarineta ou um militante pelas causas da cultura popular da cidade de
Cabedelo.
Em contraponto a esse cenário de embate frente às políticas públicas de
incentivo à cultura, percebi que quando a Nau Catarineta foi se apresentar, alguns
brincantes não estavam nos cordões (filas). Achei estranho a falta mas não fiz nenhum
comentário. Alguns dias depois um dos brincantes me informou que, os poucos que não
brincaram naquele dia, destacaram que não o fizeram porque como se tratava de “um
grito de socorro” contra a postura política da prefeitura e os mesmos trabalhavam para a
prefeitura e se sentiram ameaçados a perderem o emprego. Foi relatado também que, em
eventos como esse, algumas pessoas ligadas às secretarias iam para ver quais os
funcionários estavam ali para depois haver problemas no emprego. Assim, ao mesmo
tempo em que me sentia bem por estar ali ajudando e reivindicando melhores condições
para a promoção da cultura da cidade, me preocupava por que havia pessoas
extremamente angustiadas por não poderem fazer o mesmo, por medo. Daí veio também
um sentimento de empatia por esses brincantes. Diante disso, percebi que a etnografia
nos permite ver, sentir, experimentar e vivenciar situações das quais a empatia nos guia
para um contínuo aprendizado. Enfim, a pesquisa nos modifica a cada dia e nos leva a
uma percepção mais apurada da vida.

3. Algumas reflexões sobre a construção do olhar e do agir em campo


O processo de compreensão das práticas musicais da Barca passou
constantemente pelas experiências vividas no trabalho de campo, compostas pelas
distintas relações estabelecidas com os membros do grupo, pela transformação e
objetivação do nosso olhar subjetivo a partir do constante diálogo entre o trabalho
empírico e teórico, pela percepção de dimensões político-organizacionais mais amplas e
pela integração dessas perspectivas nas experiências sensíveis produzidas nos ensaios e
nos eventos de performance.
Pensar sobre uma etnografia da experiência vivida em campo foi
fundamental para a compreensão dos múltiplos significados em interação no processo
performático. Colocando-nos como mediadores das nossas experiências em
aproximação com as experiências do outro, buscamos o entendimento das formas pelas
quais as práticas musicais medeiam tais processos interativos. Portanto, uma “etnografia
das experiências” implica pensar também a “experiência etnográfica”, destacando o
processo metodológico como importante fonte de reflexão e compreensão do fenômeno
estudado.
Na constante busca pela integração entre teoria e prática na pesquisa,
deparamo-nos com uma diversidade de possibilidades metodológicas e de realidades
investigativas que transcendem as relações microssociais dos grupos estudados.
Somando-se a esse contexto, as abordagens metodológicas foram cada vez mais
direcionadas no sentido de ampliação dos limites locais [geográficos e simbólicos],
considerando as múltiplas sociabilidades que envolvem as práticas musicais
investigadas. A natureza interativa das experiências e significados na performance da
Barca levaram a investir nosso olhar nas cadeias de relacionamentos sociopolíticos, para
os percursos históricos de formação dos indivíduos, para os relacionamentos produzidos
com outras faces da sociedade e, consequentemente, para as suas formas de integração,
produção e expressão na performance.
O posicionamento de abertura aos diversos acontecimentos, relações,
eventos emergentes durante a pesquisa foi significativamente importante para o
entendimento das práticas musicais da Barca. Entretanto, o grande volume de
informações passando por nós durante esses anos também inundaram nossas mentes,
dificultando muitas vezes o norteamento das ações. Desse modo, a tentativa de
estabelecer conexões e trajetórias entre os eventos, posicionamentos de indivíduos,
políticas culturais e práticas musicais se tornou uma árdua tarefa, exigindo constante
sistematização, leitura, retorno e ampliação dos dados produzidos e da bibliografia
consultada, evidenciando a complexidade da cultura popular.
Nesse contexto, reconhecemos o papel político de nossas aproximações de
pesquisa, expressado desde a seleção dos espaços e definição do universo de trabalho
aos estilos de escrita etnográfica, evitando “representar ‘outros’ abstratos e a-
históricos”, assegurando melhor a autoridade etnográfica, como propõe Clifford (2008,
p. 19). A validade êmica da etnografia foi, portanto, princípio significativo do processo
investigativo do trabalho, reconhecendo toda a complexidade política, epistemológica e
metodológica da representação cultural.
Na busca por uma sensatez etnográfica nas formas de representação da
cultura estudada, percebemo-nos cada vez mais preocupados com nossas estratégias de
aproximação com as pessoas, com os conceitos utilizados nas conversas, entrevistas e
no texto escrito, com nossos posicionamentos nos contextos de performance, com as
escolhas tomadas em cada situação emergente etc. Enfim, foram inúmeras as
preocupações e poucas as certezas absolutas sobre o que fazer na fase inicial do
processo. Com o passar da convivência com o grupo, a ansiedade pelo registro já estava
mais controlada; o reconhecimento de que nossas ações poderiam provocar reações nem
sempre agradáveis também esteve presente; e a consciência de pensar formas de
representação a partir de princípios éticos tornou-se um motivo condutor de nossas
ações.

Referências
CALAVIA SÁEZ, Oscar. O lugar e o tempo do objeto etnográfico. Etnográfica -
Revista do Centro em Rede de Investigação em Antropologia, n. vol. 15 (3), p. 589–602,
1 out. 2011.
CLIFFORD, James. Sobre a autoridade etnográfica. In: CLIFFORD, James. A
experiência etnográfica: antropologia e literatura na século XX. Rio de Janeiro: Editora
URFJ, 2008. p. 17–58.
MORIGI, Valdir José; ROCHA, Carla Pires Vieira Da; SEMENSATTO, Simone.
Memória, representações socias e cultura imaterial. Morpheus - Revista eletrônica de
Ciências Humanas, v. Ano 9, n. 14, n. UNIRIO, 2012.
TURINO, Thomas. Estrutura, contexto e estratégia na etnografia musical. Horizontes
Antropológicos, v. 5, n. 11, p. 13–28, out 1999.

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