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Títulos de Crédito – Luiz Emygdio F. Da Rosa Jr.

Capítulo I – O crédito e a economia

Traçam-se os clássicos comentários.

Capítulo II – A legislação cambiária uniforme

Tema já conhecido.

Capítulo III – Títulos de crédito

Tema já estudado exaustivamente.

Capítulo IV – Letra de câmbio

A razão pela qual a letra deve ser incondicionada deve-se à sua própria natureza
cambiária, uma vez que, sendo cambiária, sua essência é a circulação, logo, condicionar
a evento futuro e incerto seria como arrefecer sua literalidade. A hipótese do sacador,
sacado e tomador ser a mesma pessoa não é mais usada hoje. Era o caso em que o sujeito
emitia a nota em que ele era sacador, sacado e tomador, e endossava para um banco (logo,
ter-se-ia algo semelhante a uma nota promissória, com a diferença que não levava a
denominação cambiária de nota).
A CLÁUSULA DE JURO é de natureza REMUNERATÓRIA ou
COMPENSATÓRIA, de modo que só pode ser aposta pelo sacador, e em cambiais
com vencimento INDETERMINADO (à vista ou a certo termo desta). Isso porque, se
fosse de vencimento determinado, seria facilmente calculável o valor, enquanto no
indeterminado existe uma certa “sanção”. Pode designar uma data para fluência dos juros,
mas, se não o for, será a data de saque.
É possível o pagamento efetivo em moeda estrangeira, mas, para a conversão, usa-se a
taxa de câmbio vigente NA DATA DO VENCIMENTO do título, mas, se estiver em
mora o devedor, pode-se optar pela taxa na data de vencimento do título, ou na de
PAGAMENTO, conforme a LUG. Assim, salvo a CLÁUSULA DE EFETIVO
PAGAMENTO EM MOEDA ESTRANGEIRA (art. 41, 3º da LUG), a existência de
moeda estrangeira EXIGE a conversão para o real com base na taxa de câmbio vigente
no vencimento.
É possível que existam pluralidade de sacados, de modo que isso conta na Lei Saraiva.
Neste caso, a apresentação será sucessiva. Quando sacador e tomador são a mesma
pessoa, tem-se um INSTRUMENTO DE COBRANÇA, e não propriamente de crédito
(salvo se houver endosso). A exemplo da letra sacada por conta e ordem de terceiro:
Primus, credor de Secundum, e devedor de Tertius, comissiona Secucndum para sacar,
por sua conta, letra em favor de Tertius. É como se Primus transferisse o crédito que tem
em relação a Secundum para Tertius.
Antes do aceite, é verdade: o sacador é o devedor principal, mas para fins de que seu
pagamento é um PAGAMENTO EXTINTIVO. O prazo do termo de vista é um ano
da data do saque. A letra incompleta é INEFICAZ, e não nula.

Capítulo V – Aceite

O aceite é um ato cambiário eventual, facultativo e sucessivo. Deste modo, a


APRESENTAÇÃO PARA ACEITE também é, em regra, facultativa, sendo o ato pelo
qual o portador ou mero detentor exibe a letra de câmbio ao sacado para que este
manifeste sua vontade de dar ou não o aceite. Se a apresentação para aceite não for feita
antes do vencimento, não há possibilidade de intentar protesto por falta de aceite para
garantir o exercício do direito de ação. No art. 22, o sacador pode, COM OU SEM
FIXAÇÃO DE PRAZO, designar que a letra deve ser apresentada para aceite.
Neste caso, diz-se que se tornou LETRA CONTRA ACEITE. A falta de apresentação,
neste caso, faz com que o portador perca o direito de regresso contra os indiretos.
Lembrando: pode ter ou não prazo fixado. Se tal cláusula for inserida pelo endossante,
perde-se a ação apenas contra ele. A lógica é sempre essa. Mas no caso do sacador, perde-
se contra todos coobrigados. Assim, as hipóteses em que é obrigatória a apresentação para
aceite: houver cláusula de letra contra aceite; for a tempo certo de vista; for letra
pagável em domicílio de terceiro ou em localidade diferente do domicílio do sacado;
por disposição legal.
Nestes casos, note, o sacador não pode proibir o aceite, conforme o art. 22, al. 2ª da
LUG. A necessidade da apresentação no caso da letra domiciliada, bem como no caso de
outra localidade que não o domicílio do aceite deve-se, em primeiro lugar, pelo fato de
que o sacado precisa transferir recursos para aquele local de pagamento ou, no
primeiro caso, para que o terceiro efetive o pagamento por ele. Ainda pode existir
aquela questão do deslocamento. Por disposição legal tem-se o exemplo da apresentação
que se faz previamente para que se possa protestar por falta de aceite, conforme o art. 43,
al. 1ª.
A CLÁUSULA SEM ACEITE, porém, pode ser inserida em todas modalidades acima
(impedindo até mesmo o protesto por falta de aceite), mas não nos casos do art. 22, al. 2ª.
Tal cláusula, porém, só pode ser aposta pelo SACADOR durante o saque. A LETRA
À VISTA NÃO COMPORTA APRESENTAÇÃO PARA ACEITE, mas apenas para
pagamento, por óbvio. Note que a LUG em momento algum fala sobre a apresentação
para aceita da letra à vista.
Apesar de não haver apresentação para aceite, é possível obter o aceite. Neste sentido,
operam-se os mesmos efeitos do aceite comum, porém, note, é algo “anómalo”, mas
possível e até vantajoso para todos. Lembrando que LETRA DOMICILIADA
REFERE-SE AO LUGAR DE PAGAMENTO. O aceite, ainda neste caso, é dado no
DOMICÍLIO DO SACADO. O terceiro, ora, é apenas um INTERMEDIÁRIO, e não
o sujeito que aceita. Não é atoa que o at. 27 diz expressamente “lugar de pagamento”. Até
porque o sacado, antes do aceite, não se vincularia a pagar nem em seu domicílio, nem
em lugar diverso.
Quando a tradução portuguesa diz “prescrição legal”, deve-se entender como
“determinação legal”. No ACEITE PARCIAL, o aceitante ainda assume o posto de
devedor principal. O aceite por intervenção não se aplica à promissória, afinal, ela não
tem aceite. INTERVENÇÃO é o ato cambiário pelo qual uma pessoa, estranha ou
não à letra, nela intervém, espontaneamente ou por força de indicação feita pelo
sacador, endossante ou avalista, para aceita-la ou pagá-la por honra de um dos
devedores indiretos e de regresso.
A INTERVENÇÃO POR ACEITE só é realizável quando o portador tiver direito de
ação antes do vencimento contra os devedores indiretos. Neste caso, então, será após o
protesto por recusa do aceite ou falência do aceitante/sacado. A intervenção é feita por
honra de um devedor, e contra ele existe direito de ação. Se aceitar a espontânea, perde
o regresso contra o que indicou e os subsequentes, e caso seja por indicação, se não
aceitar, não poderá usar o regresso contra o que indicou e os subsequentes.

Capítulo VI – Endosso

O endosso é o ato formal e abstrato pelo qual se pode transferir a cártula e, por
conseguinte, seus direitos mencionados. No entanto, a TRADIÇÃO é a conditio sine qua
non para que a cártula possa passar de um a outro. Não confunda endosso sem garantia
com endosso com proibição de endosso. Isso porque, no caso do endosso sem garantia,
X, que endossa nesta modalidade para Y, não poderá ser sujeito da ação de Y, portador,
mas apenas os coobrigados anteriores a X. A CLÁUSULA NÃO À ORDEM pode ser
inserida apenas pelo sacador. Isto por questões de segurança jurídica. Já a cláusula de
endosso sem garantia pode ser emitida por quem endossa. O art. 11, al. 2ª expressa
isso.
A letra pode ser endossada para o aceitante. Neste caso, se estiver no prazo de
vencimento, a letra se extingue em decorrência do fato jurídico da CONFUSÃO. Se
for antes do vencimento, o aceitante-endossatário poderá endossar para outro e, neste
caso, continua como devedor principal, e os outros como indiretos. É o chamado
REENDOSSO. É possível, ainda, que o mesmo circule de volta para o tomador. É o
chamado ENDOSSO DE RETORNO.
Já a PROIBIÇÃO DE NOVO ENDOSSO pode ser inserida pelo portador e qualquer
um, de modo que ela funciona no sentido de não permitir a responsabilidade cambiária
perante os endossatários posteriores. A CLÁUSULA SEM GARANTIA exonera o
endossante contra qualquer portador, enquanto a cláusula de proibição de novo
endosso exonera apenas em relação às pessoas às quais a letra for posteriormente
endossada.
O endosso pode ser feito sem data, o endosso sem data presume-se que foi feito antes
do prazo do protesto.

Capítulo VII – Aval

Entre os avalistas sucessivos, há solidariedade cambiária, e entre os simultâneos, de


direito comum. Interessante observar que Emygdio adota a vertente de Requião e Borges,
afastando-se de Martins e Negrão.

Capítulo VIII – Vencimento e pagamento

Quando estamos falando de vencimento, estamos nos referindo ao período em que o


quantum debeatur da ordem dada torna-se exigível. Se não é feita a apresentação para
pagamento, ora, como se vai fazer o protesto por falta de pagamento se o sujeito nem
sequer apresentou para o pagamento. Neste caso, segue-se o art. 53, al. 1ª e 2ª, Pelo
art. 74 da LUG, vedam-se os DIAS DE PERDÃO legais ou judiciais. São dias de
tolerância dados para o resgate da obrigação, que são, conforme Emygdio,
incompatíveis com as intenções do credor.
Anteriormente, afirmei que a falta da apresentação eliminava o direito de regresso.
Emygdio, no entanto, me corrige: tal perda só ocorrerá se o portador não protestar
a cambial no prazo legal. No entanto, se houver a dita cláusula sem protesto, é possível
perder sim tal direito de regresso. A ideia de o devedor poder depositar a importância na
data do vencimento decorre de que é um “direito dele” poder pagar no vencimento.
Importante destacar também que se não é feita a apresentação pelo portador incide
mora accipiendi. Nisto ele se diferencia da LEI SARAIVA, já que a falta de
apresentação destruía os direitos. Exceção, é claro, quando o vencimento é à vista ou a
certo termo da vista.
O PAGAMENTO POR INTERVENÇÃO realiza-se em todos os casos em que há
ação à data do vencimento ou antes dela. Direito de ação deve ser entendido como
AÇÃO DE REGRESSO, pois o pagamento por intervenção existe para impedir o
exercício da ação de regresso. Costuma se dar no dia seguinte em que a letra é
pagável, logo, pode ocorrer a intervenção ANTES OU DEPOIS do protesto.

Capítulo XI – Protesto
Aparentemente, o PROTESTO por falta de pagamento é sempre NECESSÁRIO
quando não houver cláusula sem despesas, causa pela qual este se torna facultativo. No
protesto por falta de pagamento, não aderiu o governo brasileiro ao art. 44, al. 3ª,
reservando-a, de modo que incide ainda o art. 28 da Lei Saraiva.

Capítulo XII – Pluralidade de exemplares e cópias

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