O documento discute se o trabalhador que realiza a coleta de lixo em condomínios residenciais deve receber adicional de insalubridade. A súmula 448/TST nega este adicional para esses trabalhadores, diferentemente dos que coletam lixo urbano. O autor argumenta que a atividade expõe os trabalhadores a riscos e que cada caso deve ser analisado individualmente para definir o grau de adicional.
O documento discute se o trabalhador que realiza a coleta de lixo em condomínios residenciais deve receber adicional de insalubridade. A súmula 448/TST nega este adicional para esses trabalhadores, diferentemente dos que coletam lixo urbano. O autor argumenta que a atividade expõe os trabalhadores a riscos e que cada caso deve ser analisado individualmente para definir o grau de adicional.
O documento discute se o trabalhador que realiza a coleta de lixo em condomínios residenciais deve receber adicional de insalubridade. A súmula 448/TST nega este adicional para esses trabalhadores, diferentemente dos que coletam lixo urbano. O autor argumenta que a atividade expõe os trabalhadores a riscos e que cada caso deve ser analisado individualmente para definir o grau de adicional.
Aluno: Leandro Barbosa da Cunha RA: 21707679 Turma B
Tema: Não contemplação do adicional de insalubridade a trabalhador que realiza
o recolhimento de lixo em condomínio residencial. Ou seja, ausência de equiparação de lixo doméstico ao lixo urbano (Súm. 448, II do TST).
O adicional de insalubridade é um complemento salarial cujo fundamento reside
na exposição do trabalhador, durante o exercício de sua atividade, a agentes físicos, químicos ou biológicos durante um lapso temporal que possa resultar efeitos nocivos. Trata-se, assim, de um salário-condição que pode surgir em um dado momento e, a depender do grau de exposição, assegurar ao empregado um adicional de 10%, 20% ou 40% com lastro no salário mínimo.
A Súmula 448/TST de 2014, em seu inciso II, visou a assegurar à atividade
relacionada à higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, bem como à respectiva coleta de lixo, a percepção do dito adicional, mas acabou por excluir o trabalhador que realiza atividade similar em ambientes residenciais, incluindo condomínios. O objetivo deste trabalho é analisar, de maneira crítica, a ausência da percepção do adicional entre ambas espécies de trabalhadores prima facie semelhantes.
O sujeito que exerce atividades de cunho sanitário no banheiro de um hospital,
ou no de uma rodoviária e locais análogos, acaba por ultrapassar o limite de tolerância (MARTINEZ, 2018, p. 383) e expor a uma série de riscos a própria saúde, fazendo, pois, jus à percepção do adicional de insalubridade, conforme a Súmula 448/TST de 2014, inciso II, em grau máximo. Justifica-se tal raciocínio porque o fluxo maior de pessoas favorece um sensível aumento da possibilidade de gerar doenças ao trabalhador que entra em contato com tais ambientes.
Neste sentido, a ratio legis para incidir a insalubridade é, portanto, a situação
desvantajosa à qual o empregado está submetido, de modo que o adicional só será devido enquanto o empregado estiver realmente afetado (CATHARINO, 1994, p. 282). Existem, por certo, agentes patogênicos no lixo doméstico, bem como em banheiros de escritórios e afins, mas, em tais casos, primo conspectu, não há o mesmo grau de exposição a que alude o inciso II da Súmula.
Destarte, optou a jurisprudência por excluir a incidência do salário-condição aos
casos em que, num ambiente sanitário, não há um elevado e contínuo número de pessoas frequentando. A justificativa é simples: a mera presença em ambiente de banheiros, bem com o contato com lixo, quando em locais privados, como condomínios e até mesmo residências em geral, teria um limite de tolerância maior que em locais públicos, razão pela qual não se adequariam tais casos ao contexto proposto pelo enunciado da súmula.
Não há dúvidas, por certo, que o trabalhador de ambientes sanitários públicos,
bem como aquele que se expõe ao lixo produzido em tal contexto, deve obter o complemento sarial referido. Já no outro caso, a princípio, concordo que não deva haver a percepção deste. No entanto, não afasto totalmente a possibilidade de apuração do dito adicional pelo empregado que exerce atividades análogas em ambiente privado.
O Direito do Trabalho como um todo deve oferecer ao polo mais frágil da
relação de trabalho uma especial proteção, e, para tanto, não basta observar uma série de parâmetros gerais e institutos abstratos, pois o sistema teoricamente perfeito não é sempre o obtém melhores resultados (VALVERDE, 2001, p. 3), de modo que se deve adequar a norma à medida mais próxima do caso concreto a fim de não arrefecer sua força normativa.
Quando a Súmula 488/TST excluiu o trabalhador de locais privados do
respectivo âmbito normativo, parece-me, em verdade, que tenha havido presunção juris tantum de ausência de insalubridade, mas, comprovada esta, é plenamente possível incidir o art. 190 do Decreto-Lei nº 5.452/1943, já que o referido enunciado sumular não veda o complemento sarial referido em relação a tal contexto laborativo, mas apenas não reconhece, prima facie, o mesmo grau de insalubridade.
Não é plausível incidir sempre o grau máximo de insalubridade a tais situações
privadas, mas nada impede, ao meu ver, a incidência de um grau mínimo, médio ou máximo a depender do contexto em que o trabalhador se insere. Por isso, minha crítica ao enunciado sumular tem como base a ausência de ponderação do caso concreto para aferir se há ou não direito ao adicional. O TST, em 2017, chegou a decidir, neste sentido, favoravelmente à percepção do adicional pelo empregado (TST - AIRR: 27094620145020063), bem como o TRT-6 (TRT-6 - RO: 00015075220145060021).
Poder-se-ia argumentar que tal flexibilização só é possível diante de princípios,
já que a natureza das regras, como a do art. 190 da CLT, tende a apresentar maior rigidez, conforme Ronald Dworkin. Porém, a depender do processo hermenêutico utilizado, ainda com estrutura hipotética-condicional, pode adquirir a regra uma função principiológica (ÁVILA, 2005, p. 32-33), uma vez que a norma não se confunde com o texto normativo. Por isso, não excluo a ponderação do caso concreto diante do estado de coisas normativo, ainda mais se tendo em vista o caráter protetivo do Direito do Trabalho. Referências Bibliográficas
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos
princípios jurídicos. 3ª ed. São Paulo: Malheiros, 2004.
CATHARINO, José Martins. Tratado jurídico do salário. São Paulo: LTr, 1994.
MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho: relações individuais,
sindicais e coletivas do trabalho. 9ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
VALVERDE, Trajano de Miranda. Comentários à lei de falências. 4ª ed. Rio de