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Estudo de caso – furto

No presente caso, o reclamante foi dispensado por justa causa em razão de ter sido
flagrado pelas câmeras da empresa consumindo o produto “Neston líquido”, que custa entre
R$2,00 e R$3,00. Em depoimento, o reclamante afirmou que quando confrontado pelo
empregador se ofereceu para pagar o valor do produto, enquanto o reclamado, em
depoimento, afirmou que o reclamante não teve tal iniciativa. Testemunha apresentada pelo
reclamante, atendente repositora que trabalha na empresa reclamada, afirmou que diversos
funcionários já consumiram produtos na empresa sem pagar, recebendo no máximo uma
suspensão.

A dispensa por justa causa é a modalidade de demissão mais grave de todas, pois o
trabalhador perde o direito ao recebimento de verbas rescisórias, ao saque do FGTS e à
solicitação de seguro-desemprego, o que faz com que a sua aplicação ocorra apenas em casos
excepcionais de faltas muito graves, o que não se verifica no presente caso, se observado à luz
dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

Embora o empregador possua o direito potestativo de resilir o contrato de trabalho,


essa prerrogativa encontra limites nas normas do nosso ordenamento jurídico, em especial nos
preceitos constitucionais da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF) e do valor social do
trabalho (art.1º, IV, CF), configurando-se indevida, portanto, a dispensa por justa causa
quando a iniciativa mais sensata seria advertir o reclamante acerca da falta apurada, com a
possibilidade de aplicação da penalidade de suspensão por até 30 dias, com fulcro no art. 474,
CLT, oportunidade em que o empregado não trabalha, mas também não recebe salário, o que
manifesta punição na proporção do ato praticado pelo obreiro, de modo que, apenas na
hipótese de reincidência, seria cabível a aplicação da punição mais gravosa.

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