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CÁLCULOS TRABALHISTAS

MÓDULO 1

ADICIONAL NOTURNO

Trata-se de adicional pago ao empregado que labore das 22h às 5h − no caso do trabalhador
urbano − do dia seguinte, sendo, portanto, remunerado com adicional de 20%. Para o
trabalhador rural, é considerado período noturno das 21h às 5h para as atividades de lavoura
e das 20h às 4h para as atividades pecuárias. Em ambos os casos, o adicional pago é de
25%.

O trabalho noturno causa prejuízos à saúde, ao sono, ao pleno funcionamento biológico do


organismo do empregado. Esse adicional serve justamente para compensar os danos
sofridos.

O referido adicional pode ser acumulado com o de horas extras, ainda que estas sejam
prestadas em horário diurno. Ou seja, as horas extras serão calculadas sob a base de cálculo
do valor das horas noturnas (horas normais acrescidas do adicional noturno).

ADICIONAL DE HORAS EXTRAS

A Constituição Federal prevê o pagamento de horas extras com adicional mínimo de 50% do
valor da hora normal de trabalho, seja a jornada estabelecida na lei, na Constituição Federal
ou contratualmente estipulada. Também é devido quando suprimido o intervalo intrajornada
ou o intervalo entre as jornadas (interjornadas). Tal entendimento, inclusive, foi consolidado
na Súmula nº 110 do TST.

Embora o valor estipulado constitucionalmente seja de no mínimo 50%, normas coletivas


podem estabelecer adicional distinto. Algumas categorias possuem adicional superior ao
previsto constitucionalmente, entre elas os advogados empregados, portuários e petroleiros.
Por força da Lei nº 605/49, os domingos e feriados trabalhados e não compensados serão
pagos com adicional de 100%.

O adicional de horas extras possui natureza salarial, mas, após a edição da Lei 13.467/17, o
§ 4º do art. 71 da CLT passou a mencionar expressamente que o adicional pago pelo
intervalo intrajornada suprimido possui natureza indenizatória.

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ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE

Serão consideradas atividades insalubres aquelas que exponham os empregados a agentes


nocivos à saúde acima do limite de tolerância definido pelo Ministério do Trabalho (ou órgão
que substitua a sua competência).

Já as atividades perigosas são aquelas que implicam risco acentuado em virtude de


exposição permanente do empregado a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica e,
exclusivamente nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial, a roubos
ou outras espécies de violência física, todas também na forma da regulamentação feita pelo
Ministério do Trabalho.

Há delegação ao Executivo para que regimente as normas, através das normas


regulamentadoras (NR).

A NR nº 15, da Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho, regulamenta as condições


e os agentes aos quais submetido o empregado, acima dos limites de tolerância, deverá
receber adicional de insalubridade. São os agentes químicos, biológicos e físicos
prejudiciais à saúde do trabalhador, mais especificamente: ruído contínuo ou intermitente;
ruídos de impacto; exposição ao calor; trabalho sob condições hiperbáricas (pressão menor
do que a atmosférica); radiações não ionizantes; vibrações; frio; umidade; agentes químicos
cuja insalubridade é caracterizada por limite e tolerância; poeiras minerais; agentes
químicos; benzeno; e agentes biológicos.

Atenção: radiação ionizante não dá mais direito à adicional de insalubridade e sim de


periculosidade, conforme prevê a Orientação Jurisprudencial 345 do TST:

“O.J. 345. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. RADIAÇÃO IONIZANTE OU SUBSTÂNCIA


RADIOATIVA. DEVIDO. DJ 22.06.05 - A exposição do empregado à radiação ionizante ou à
substância radioativa enseja a percepção do Adicional de Periculosidade, pois a
regulamentação ministerial (Portarias do Ministério do Trabalho nºs 3.393, de 17.12.1987, e
518, de 07.04.2003), ao reputar perigosa a atividade, reveste-se de plena eficácia, porquanto
expedida por força de delegação legislativa contida no art. 200, "caput", e inciso VI, da CLT.
No período de 12.12.2002 a 06.04.2003, enquanto vigeu a Portaria nº 496 do Ministério do
Trabalho, o empregado faz jus ao Adicional de insalubridade.”

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O adicional de insalubridade será calculado sobre o valor do salário mínimo até que haja
reforma expressa do art. 192 da CLT estipulando outro critério, uma vez que o STF
considerou que a vinculação ao salário mínimo seria inconstitucional, mas determinou que
novo critério só viesse a ser admitido após a alteração do referido dispositivo legal (Súmula
Vinculante nº 04 do STF).

Os valores pagos a título desse adicional serão de 10%, 20% ou 40%, dependendo do grau de
insalubridade: leve, médio e máximo, respectivamente, sobre o valor do salário mínimo ou
outro valor superior estabelecido em norma coletiva. Este adicional possui natureza salarial
para todos os efeitos legais (Súmula nº 139 do TST), inclusive repercutindo nas horas extras,
ou seja, integrando a base de cálculo do adicional de horas extras.

Já o adicional de periculosidade, como mencionado acima, é devido aos empregados que


trabalhem diretamente com inflamáveis, explosivos, eletricidade, estejam submetidos ao
risco de roubo ou outras espécies de violência física quando do exercício de atividades
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial e ainda aos trabalhadores com
motocicletas (art. 193 da CLT c/c o OJ nº 324 e OJ 347 da SDI-1 do TST). Sua base de cálculo
será de 30% sobre o salário-base do trabalhador, salvo alguns profissionais que contarão
com norma específica, possuindo também natureza salarial.

O art. 193, em seu parágrafo 2º da CLT, impede o recebimento acumulado entre o adicional
de insalubridade e o de periculosidade, devendo o trabalhador optar pelo mais vantajoso.

ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA

Devido quando o trabalhador é transferido temporariamente para outra localidade,


acarretando a sua mudança de domicílio. Neste caso, será pago um adicional de 25% sobre
o salário do empregado enquanto perdurar a transferência (art. 469, caput e § 3º, da CLT).

É fundamental que não tenha ocorrido a extinção do estabelecimento em que trabalhava o


empregado transferido (§1º e §2º, do art. 469 da CLT).

Se o trabalhador exercer cargo de confiança ou qualquer outro cujo contrato tenha como
condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de

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serviço, ainda assim será possível receber o adicional, conforme autorização pela
Orientação Jurisprudencial 113 do TST:

“OJ: 113. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. CARGO DE CONFIANÇA OU PREVISÃO


CONTRATUAL DE TRANSFERÊNCIA. DEVIDO. DESDE QUE A TRANSFERÊNCIA SEJA
PROVISÓRIA (inserida em 20.11.1997)

O fato de o empregado exercer cargo de confiança ou a existência de previsão de


transferência no contrato de trabalho não exclui o direito ao adicional.

O pressuposto legal apto a legitimar a percepção do mencionado adicional é a transferência


provisória.”

A mudança de localidade se configura com a alteração de município ou região


metropolitana, e a jurisprudência vem entendendo como temporária ou provisória a
transferência que dure até três anos, conforme acórdão do TST (ARR 9420620105090002)
nesse sentido.

Um ponto controverso é se os 25% pagos a título do adicional incidem somente sobre o


salário-base ou sobre a remuneração. Aparentemente, o entendimento jurisprudencial (RR
255007720065090068) majoritário se dá no sentido de considerar que a base de cálculo é a
remuneração e não o salário-base do trabalhador.

A natureza do adicional de transferência também será salarial, devendo, portanto, repercutir


no cálculo de todos os demais direitos trabalhistas do empregado.

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