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godaytrading.net/ate-que-ponto-leitura-de-fluxo-de-ordens-e-util
A leitura de fluxo de ordens parece ter dominado o mercado de varejo. A técnica no Brasil
é conhecida como “tape reading” (leitura da fita). Afinal, até onde podemos considerar este
tipo de análise?
Mas com a falta de conteúdo e estudos sistemáticos sobre o fluxo de ordens, o mercado
abstraiu diversos gurus que inundaram os meios com informações fragmentadas de
diversas vertentes de estudos do fluxo, fazendo com que a leitura, para o operador de
varejo, pareça uma ciência de foguete e que somente uma pessoa com no mínimo 10 anos
de mercado pode compreendê-la.
É possível prever o movimento do preço em segundos ou minutos? Esta é uma pergunta não
só relevante para os pesquisadores e operadores de alta frequência, mas também para
qualquer investidor de longo prazo pois mesmo ao fazer uma operação de buy and hold,
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ninguém gosta de ver o demostrativo de Lucros e Perdas negativo logo ao tomar a posição.
A análise de fluxo de ordens (em inglês, order flow) é um dos métodos de previsão de curto
prazo favoritos entre os pesquisadores acadêmicos e operadores profissionais. Para
sintetizar, o order flow é simplesmente o volume negociado: se uma operação de 100 ações é
classificada como “compra”, então o fluxo soma 100 (+100); se a classificação é “venda”,
então subtraí-se 100(-100).
Esse exemplo pode parecer estranho: para toda operação tem de haver um comprador e
um vendedor. Então o que caracteriza uma “compra” e uma “venda”? Bom, aquele que está
tomando uma posição com intenção, é definido como “agressor”. Em outros termos, o
comprador é aquele que está usando uma ordem à mercado comprando no preço do
vendedor (no ask). Para o “vendedor”, a lógica é inversa pois este usa uma ordem de venda à
mercado, vendendo no preço do comprador (no bid).
Isso é chamado de “Regra de Cotação” ( Quote Rule). Este conceito teórico é o mais utilizado
e ensinado nos cursos e técnicas de tape reading no Brasil.
Mas a execução das ordens na prática não acontece de forma tão simples. Se o preço de
compra e venda oscila rápido, uma ordem de compra à mercado pode acabar sendo
executada abaixo ou acima do preço desejado inicialmente. Classificamos como derrapagem
(slippage), e há corretoras que fazem até mesmo “recotação” após a ordem ser executada.
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Além disso, cerca de 1/3 dos negócios no mercado de ações nos EUA acontecem em dark
pools ou através de ordens escondidas (icebergs). No caso das execuções em dark pools,
não se pode computar o fluxo de ordens, e nas ordens icebergs, as cotações são invisíveis.
Então, a classificação e uso binário do conceito da “Regra de Cotação” não é tão eficaz como
os gurus prometem.
No entanto, diversos pesquisadores e operadores vêm propondo uma alternativa mais “fácil”
para analisar o fluxo de ordens. Ao invés de ler operação por operação no livro de ofertas e
histórico de negócios, os operadores podem usar gráficos volume ou de “footprint” que
classificam o fluxo agressor. A diferença absoluta entre o volume comprador e vendedor é
classificada como “delta”, porém, esta classificação e uso pode variar muito de ferramenta
para ferramenta, pois ainda há muita confusão sobre este tipo de interpretação por parte
daqueles que vendem e desenvolvem análise de delta.
Em resumo, essa nova abordagem proposta pelos pesquisadores de fluxo tem como
finalidade a análise sincronizada e probabilística do volume gerado por operadores
informados.
Há diversas plataformas que oferecem soluções para este tipo de estudo. No Brasil, há a
Profit Chart e a Tryd. Lá fora, tem a CQG, Market Delta, Order Flow Analytics, Auction
Dashboard, SierraChart, NOFT, ATLAS e diversas outras.
Os gráficos de footprint e volume não são novidade, mas técnicas para interpretar o fluxo de
forma objetiva com dados quantitativos é um conceito novo e até mesmo bastante traiçoeiro
no mercado de varejo. Diversas plataformas e ferramentas que oferecem soluções baseadas
em fluxo de ordens tomam conceitos e criam estratégias para que o consumidor da
ferramenta se sinta confortável em adquirir o produto. Entretanto, a análise quantitativa do
fluxo de ordens é um ramo que pode melhorar a interpretação do processo complexo e
cada vez mais rápido de leilão dos ativos.
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Sendo assim, fica a pergunta: até que
ponto a leitura de fluxo de ordens é útil?
Portanto, a análise de fluxo de ordens não é uma técnica restritiva ou mesmo uma técnica
pronta, que exige apenas conhecimento do book de ofertas, históricos de negócio, análise de
delta e “tempo de tela”. Ela vai além muito além disso tudo. Sim, ela é uma análise útil e pode
ser reveladora, mas não significa que todos os modelos são bons em todos os mercados e
ativos e a todo tempo.
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