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Aula 31 – Ações e Índices – Características e Tipos de Ações

Os índices de ações, nada mais são do que a composição dos


diferentes setores das maiores empresas do país, por
capitalização de mercado.

Com certeza nós vamos olhar os índices na hora de analisar as


classes de ativos, afinal, é uma das classes de ativos mais
sensíveis ao sentimento de risco e que “entrega” muita
informação na hora da nossa análise.

Porém, nós vamos ir bem além dos índices. Vamos buscar


entender como os diferentes tipos de empresas se movem e
quando é a melhor hora de se expor a elas (consequentemente,
isso nos diz muito sobre o que o mercado está buscando e o seu
apetite ao risco), entendendo por exemplo, como os setores
estão correlacionados com os yields da curva de juros.

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Aula 31 – Ações e Índices – Características e Tipos de Ações

Como sabemos, existem vários tipos diferentes de empresas, entre países diferentes,
setores, fatores (como Growth, Value, Quality, Momentum, Yield, Volatilidade, Market Cap,
etc.), tornando muito interessante – e desafiadora – a tarefa de quem faz stock picking.

Porém, a diferente movimentação entre os diferentes tipos de empresas, pode nos


fornecer pistas sobre o que o mercado está buscando.

Para entendermos isso, vamos olhar como as diferentes classificações abaixo se


comportam e o porquê essas empresas possuem essa classificação. Também vamos olhar
como os diferentes tipos de empresas são buscadas pelo mercado e como podem ajudar a
nós, traders de FX, mapearmos o sentimento de risco no mercado.

As classificações que vamos estudar são:

- Quality
- Growth
- Value
- Interest Sensitive
- Cyclical
- Defensives

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Antes de definirmos o que são cada uma dessas empresas e citar exemplos, temos sempre que lembrar o
porquê essas classsificações existem. O mercado financeiro, principalmente os fundos (que representam
uma fatia gigante do mercado de ações), são remunerados pela sua capacidade de bater a performance
do seu benchmark.

Exemplo: S&P500 subiu 6% no trimestre, mas o fundo atingiu uma rentabilidade de 8%. Então, esse
fundo fez um excelente trabalho na hora de fazer o stock picking e rotacionou de forma a extrair a
melhor rentabilidade possível de acordo com o contexto daquele trimestre.

Um outro exemplo: o benchmark caiu -3%, mas o fundo entregou uma rentabilidade de -1,8%. Então,
novamente, esse fundo fez um excelente trabalho, pois conseguiu suavizar o drawdown mesmo com o
mercado de ações em queda. Esse tipo de rotação que os gestores fazem tem o objetivo de procurar o
famoso ALPHA, que é exatamente a busca por um retorno superior ao do benchmark daquele mercado
específico.

Embora possa parecer fácil, não é! Essa busca incessante por alpha acaba impactando o price action dos
diferentes setores, ações individualmente e ações de uma determinade “espécie”. Por isso a importância
de entendermos o que o mercado está fazendo e o porquê. Isso trará resultados pra você tanto na sua
carteira de ações, quanto nas operações no intraday, onde temos que saber mapear constantemente, pra
onde pode rotacionar o dinheiro no mercado. Lembrando sempre, que, as ações não apenas
“competem” entre si para “receber” o dinheiro do mercado, mas também com outras classes de ativos.

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Classificando os diferentes tipos de ações e setores:

Quality: À medida que a incerteza sobre a direção da economia aumenta, como também a incerteza
sobre a direção dos mercados, os investidores procuram as chamadas ações de qualidade.

Ações de qualidade são aquelas empresas com lucros maiores e mais confiáveis, baixo endividamento,
negócio estável, posicionamento dominante (em seus setores), vantagem competitiva, balanços sólidos e
outras medidas de lucros sustentáveis. Um indicador comum para identificar qualidade é o alto retorno
sobre o patrimônio líquido (ROE).

Presumivelmente, essas empresas podem resistir a uma desaceleração econômica melhor do que outras,
e o mercado vê nesse tipo de exposição à qualidade como uma forma de reduzir o risco em um momento
em que o valuation das ações estão esticados.

Algumas dessas empresas podem ter até características defensivas, como setores que performam em
momentos de incerteza.

Exemplo de empresas Quality: Walmart, McDonald’s, Pfizer, P&G, etc.


(em 2021, nenhuma dessas empresas “bateu” o S&P500 conforme o gráfico ao lado)

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Exemplo de empresas Quality: Walmart, McDonald’s, Pfizer, P&G, etc.
(em 2021, nenhuma dessas empresas “bateu” o S&P500)

Porém, após o FOMC de Junho e após os PMI’s de


Junho e Julho começarem a mostrar que os EUA
podem ter atingido o pico da recuperação
econômica no segundo trimestre (com preços em
alta e PIB desacelerando), TODAS essas empresas
citadas performaram melhor que o S&P500.

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Após o FOMC de Junho e os PMI’s de Junho e Julho começarem a mostrar que os EUA podem ter atingido o pico da recuperação econômica no segundo trimestre (com
preços em alta e PIB desacelerando), TODAS essas empresas citadas (quality) performaram melhor que o S&P500.

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Se você quer adicionar empresas Quality na sua carteira, mas
não quer ficar fazendo análise e nem olhar balanços,
múltiplos, etc., você pode simplesmente optar por um ETF:

O ETF da Invesco SPHQ (Invesco S&P500 Quality ETF) busca


trackear a performance das empresas Quality do S&P500. É
uma boa opção “passiva” em momentos em que ações
Quality performam.

Desde o início de Junho esse ETF performou 7,64%,


enquanto o S&P500 teve performance de “apenas” 4,24%
(até o fechamento de Julho).

Um outro ETF bastante conhecido é o QUAL (iShares Edge


MSCI USA Quality Factor ETF) cuja composição inclui Johnson
e Johnson, Apple, Mastercard, 3M, Visa, Facebook, Pepsico
Inc., Exxon Mobile Corp., Walt Disney, etc., cuja performance
desde Junho/21 foi de 6,65%.

O QUAL busca rastrear a performance de ações americanas


de grande e média capitalização, baseado em três
variáveis ​fundamentais: 1) Retorno sobre o patrimônio
líquido, 2) Variabilidade dos lucros (estabilidade do
crescimento dos lucros ano a ano) e 3) Dívida sobre o capital
próprio (Alavancagem financeira da empresa).

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Ratio QUAL/IWM

QUAL = ETF ações Quality


IWM = ETF que replica o índice Russell
2000 (Small Caps)

Em laranja é o spread 2s10s (Yields de


10 anos menos os yields de 2 anos)

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Classificando os diferentes tipos de ações e setores:

Growth x Value: Growth e Value referem-se a duas categorias de ações e aos estilos
de investimento baseados em suas diferenças. Duas empresas de um mesmo setor
de atuação, com características muito semelhantes, podem ser vistas de forma
completamente diferente se analisadas por esse ponto de vista, podendo uma delas
ser considerada Growth enquanto a outra, Value.

Os investidores em valor procuram ações que acreditam estar subvalorizadas pelo


mercado, enquanto os investidores em crescimento procuram ações que acham que
proporcionarão retornos melhores do que a média do mercado.

Esses investidores compram ações que acreditam estarem subvalorizadas (preço com desconto se avaliado os fundamentos da empresa), seja dentro de um
setor específico ou no mercado de forma mais ampla, apostando que o preço daquela empresa vai se recuperar assim que os outros setores se recuperarem.
De modo geral, essas ações têm baixos índices de preço / lucro (P/L ou P/E) e altas taxas de pagamento de dividendos (Dividend Yield).

Os investidores em crescimento freqüentemente perseguem as empresas “high fliers”. Você provavelmente já viu o aviso de empresas financeiras de que o
desempenho passado não é indicativo de resultados futuros. Bem, esse estilo de investimento está aparentemente em desacordo com essa ideia.

Basicamente, os investidores apostam que uma ação que já demonstrou um crescimento acima da média (seja lucro, receita ou alguma outra métrica)
continuará a ter esses mesmo resultados no futuro, tornando-a atraente para investimento. Essas empresas geralmente são líderes em seus respectivos setores;
suas ações têm uma relação preço / lucro acima da média e podem pagar pouco (ou nenhum) dividendo (muitas dessas empresas reinvestem o lucro no próprio
negócio ou fazem recompra de ações). Mas, ao comprar por um preço já alto, o risco é que algo imprevisto possa fazer com que o preço da ação caia.

Detalhe: Uma empresa Value pode vir a se tornar Growth, caso seu preço suba e ela se destaque em seu setor. A mesma coisa pode acontecer com uma
empresa Growth, virar Value, devido a algum acontecimento no mercado que afaste os investidores ou atrapalhe essas empresas a continuarem entregando
lucros/receitas maiores do que a média de seus setores.
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Olhando para os ETF’s Growth (IWF) e
Value (IWD) do índice Russell 1000,
podemos ver a correlação negativa
com os yields de 10 anos dos EUA. Na
imagem ao lado temos o Ratio
(divisão) do IWF pelo IWD (em
candles) e os yields nominais de 10
anos dos Títulos públicos americanos
(em laranja).

Olhando para os ETF’s Growth (IVW) e Value (IVE) do S&P500,


novamente podemos ver a correlação negativa com os yields de 10
anos dos EUA. Na imagem ao lado temos o Ratio (divisão) do IVW
pelo IVE (em candles) e os yields nominais de 10 anos dos Títulos
públicos americanos (em laranja).

Quando os juros estão em alta, o mercado tende a rotacionar


capital para empresas de Valor. Os juros em alta afetam
negativamente empresas Growth, pois impacta em seu Valuation de
uma maneira mais forte do que em outras empresas.
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Na imagem ao lado temos 2 índices com
composições extremamente diferentes,
apesar de terem uma correlação grande, pois
fazem parte da mesma economia.

Russell 2000 é o índice composto pelas Small


Caps, empresas que tem baixo market cap.
Uma característica predominante nesse tipo
de empresa, é que a maioria esmagadora são
empresas Value (talvez por isso ainda sejam
small cap?).

O índice Nasdaq 100 é composto


majoritariamente por empresas de tecnologia.
Esse tipo de empresa é mais dependente de
juros baixos, pra manterem a sua taxa de
crescimento alta. Com juros em alta, o WACC
(Weighted Average Cost of Capital - custo
médio ponderado de capital) dessas empresas
sobe, atrapalhando o seu valuation.

Com custo de financiamento mais caro (com juros subindo), o mercado tem que descontar isso no Valuation dessas empresas (e consequentemente no preço). Por isso essa
correlação (imagem) funciona tanto. Na imagem temos o índice Russell 2000 dividido pelo Nasdaq, em comparação com os juros de 10 anos (considerada uma taxa livre de
risco).

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Sensíveis a juros/Cíclicas: Conforme citamos no início da aula, as
ações não competem apenas umas com as outras. Elas “lutam” por
espaço com outras classes de ativos nas carteiras dos investidores.
Por esse motivo e pela forma como os Bonds assumem o papel de
proteção nas carteiras, precisamos sempre mapear o que está
acontecendo com a curva de juros, a inflação e os juros dos BC’s.

Na maioria das carteiras equilibradas, os títulos representam de 40 a


60% do peso total. Os investidores alocam tanto nessa classe porque
esses ativos tendem a ser mais seguros. Eles funcionam como um
“seguro” caso algo dê errado nos mercados.

As ações não oferecem essa proteção. Em uma crise, mesmo a


carteira de ações mais diversificada pode perder a maior parte de seu
valor. Por exemplo, o Dow Jones perdeu impressionantes 89% de seu
valor durante a Grande Depressão. Enquanto isso, os títulos do
governo dos EUA caíram apenas 6% em média ao longo dos anos da
Depressão.

Os investidores sabem disso muito bem. Então, eles “exigem” um


retorno maior para assumir esse risco de alocar em ações. Essa
compensação é chamada de “prêmio de risco de ações”. Em uma
linguagem simples isso quer dizer quanto dinheiro extra você ganha Em azul o yield esperado com relação aos ganhos do S&P500 com base nas estimativas da Reuters nos próximos 12
meses. Em preto os yields de 10 anos descontados a expectativa de inflação ao consumidor pelos próximos 10 anos
ao investir em ações em comparação com títulos do governo sem
(10 year real rate)
risco.

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Esse prêmio de risco é uma das razões pelas quais o mercado de
ações continua performando bem mesmo com juros em alta, pois
quando é descontado a inflação, os juros estão entregando retornos
negativos. Um outro motivo da performance positiva dos juros com
as ações, é que geralmente a subida dos juros representam
crescimento econômico, onde aumentam os gastos dos
consumidores, os salários sobem, etc.

Porém, algumas ações são mais sensíveis do que outras com relação à
subida dos juros (mesmo com juros reais negativos).

Em primeiro lugar, o impacto direto nas empresas quando os juros


estão em alta, é que simplesmente aumentam os juros sobre todas as
dívidas das empresas – tanto de empréstimos comerciais quanto a
emissão dos próprios corporate bonds (debêntures) das empresas,
que terão que aumentar o yield para trazer investidores para os seus
bonds. Esse aumento de custos com juros torna mais difícil e mais
caro para as empresas tomarem empréstimo e continuarem a crescer.

Momentos de crescimento econômico forte trazem fortes lucros para


as empresas, mais do que compensando os efeitos negativos da
subida dos juros sobre as ações.
Em azul o yield esperado com relação aos ganhos do S&P500 com base nas estimativas da Reuters nos próximos 12
meses. Em preto os yields de 10 anos descontados a expectativa de inflação ao consumidor pelos próximos 10 anos
(10 year real rate)

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Esses setores e empresas abaixo se beneficiam quando os juros estão em alta:

- Financeiro: O setor financeiro tem sido historicamente um dos mais sensíveis a mudanças nas taxas de juros. Com margens de lucro que realmente se
expandem à medida que as taxas sobem, entidades como bancos, seguradoras, corretoras e administradores de dinheiro geralmente se beneficiam de
taxas de juros mais altas.

Exemplo de empresas:
1) Bancos: Bank of America, Goldman Sachs, JP Morgan;
2) Corretoras: E-Trade, Charles Schwab, TD Ameritrade;
3) Seguradoras: Allstate, AmTrust, Travellers Inc, etc.

- Consumo Discricionário: O setor financeiro não é o único a performar em um ambiente de taxas subindo. As ações de consumo discricionário também
podem subir forte com a melhoria do emprego, associada a um mercado habitacional mais saudável. Esse contexto torna os consumidores mais
propensos a fazer compras fora do reino dos bens de consumo básicos (consumer staples: alimentos, bebidas e produtos de higiene).

Fabricantes e vendedores de eletrodomésticos, carros, roupas, hotéis (as pessoas vão viajar mais com uma economia mais saudável e estável),
restaurantes e filmes também se beneficiam do aumento da performance econômica.

Exemplos de empresas: Whirlpool Corp., Kohl's Corp., Costco Wholesale Corp. e Home Depot, Inc.

- Industriais: O setor industrial também se beneficia de um forte desempenho na saúde econômica indicados pelo aumento das taxas de juros. Empresas
como a Ingersoll-Rand PLC e fabricantes de sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado (HVAC) tendem a apresentar bom desemprenho,
assim como empresas como a PACCAR, fabricante de caminhões pesados ​e peças para caminhões.

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Classificando os diferentes tipos de ações e setores:

Cíclicas vs Defensivas: Pelo próprio nome dessas duas classificações, já deve dar pra
entender que tipo de empresas se enquadram em cada uma, certo? Uma é o oposto
da outra.

Ações cíclicas são as mais afetadas com relação à sistematica macroeconômica do


que qualquer outro tipo. Expansões no ciclo econômico, picos, recessões e
recuperações são precificadas instantâneamente nesse tipo de empresa, enquanto
empresas defensivas podem ter um comportamento completamente diferente (em
uma recessão por exemplo). Em muitas teses, análises e artigos científicos, as ações
cíclicas e as “rate sensitive” são consideradas a mesma coisa.

A maioria das ações cíclicas envolvem empresas que vendem produtos de consumo
discricionário (onde as compras aumentam com a economia performando bem e
caem durante recessões). Esse tipo de empresa inclui: Fabricantes/montadoras de
carros, aviões (fabricação e turismo), hotéis, varejo, restaurantes, bancos, etc.

Exemplo de empresas que se enquadram nessa classificação: Delta Air Lines, Disney,
Boeing, Costco e todas as demais citadas no slide anterior (Bancos, corretoras,
seguradoras, industriais).

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As empresas defensivas são compostas por produtos e serviços que as pessoas não
podem deixar de comprar no dia-a-dia, mesmo em uma recessão. Por esse motivo
principal, os investidores tendem a correr pra esse tipo de ação quando encontram
turbulência no mercado, pois o fluxo de caixa, receitas e lucros serão estáveis durante o
período de recessão.

Empresas bem estabelecidas, como Procter & Gamble, Johnson & Johnson, Philip
Morris International e Coca-Cola, são consideradas ações defensivas.

Uma característica negativa das ações defensivas é a sua baixa volatilidade. O beta
dessas ações geralmente é menor do que 1, o que faz com que a exposição a essas
empresas te proteja de quedas, mas os ganhos também são pequenos se comparados
a outras oportunidades.

Por se tratar de ações (mercado de risco), essas empresas também podem cair em eventos de risk-off. Menos do que a maioria das empresas (e MUITO menos que
as cíclicas, mas caem).

Os gestores de carteira (fundos de ações por exemplo), não tem escolha e tem que estar alocados em ações o tempo inteiro. Então, em momentos de incerteza,
risk-off ou até recessão, esse tipo de empresa vai performar melhor que o mercado em geral.

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Leadings e Laggards: Utilizando os Ratios para identificar tendências
Agora que você entendeu os diferentes tipos de ações, vamos estudar a movimentação dos setores do S&P500. Como o S&P é o maior índice americano (e do
mundo), é muito interessante entender como os diferentes setores estão trabalhando. Se você tem carteira de ações, uma das formas de rebalancear a sua carteira
é comparando se o setor está indo bem ou mal, frente ao S&P500. Você pode aumentar a % em um setor que está com boa performance e reduzir em outro que
está indo mal.

Uma das formas de medirmos esse desempenho é através


desse tipo de ratio do gráfico abaixo:

A SPDR possui ETF’s de todos os setores individuais do S&P500.

Códigos:
XLK: Tecnologia
XLV: Healthcare
XLRE: Real Estate
XLC: Comunicações
XLF: Financeiro
XLU: Utilities
XLY: Consumo Discricionário
XLP: Consumo Básico (Staples)
XLB: Materiais
XLE: Energia
XLI: Industrial

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Em contraste com o índice S&P 500, as ações das
concessionárias (Utilities) mostram uma relação
negativa com os yields de longo prazo. As ações
das concessionárias também estão mais
correlacionadas com os retornos dos títulos
corporativos (corporate bonds) do que os índices
de ações.

No geral, as ações de utilidades são considerados


uma excelente ferramenta de diversificação. O
lado positivo do mercado de ações pode ser
capturado, mas com menos risco de queda.

Devido ao dividend yield alto e serviços “à prova


de recessão”, as ações das concessionárias são
frequentemente elogiadas pela imprensa
financeira por sua capacidade de apresentar um
bom desempenho nos bear markets.

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Para imóveis (Real Estate), as taxas de juros
afetam a disponibilidade de capital e a demanda
de investimento. Esses fluxos de capital
influenciam a oferta e a demanda por
propriedades e, como resultado, afetam os
preços das propriedades.

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As taxas de juros e o ratio XLV/SPY também
andam de forma negativa. O setor de Healthcare
é um setor defensivo, onde os investidores
buscam alocar em momentos de risk-off.

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Como vimos na aula anterior, o setor
financeiro é um dos setores mais cíclicos
e é o mais sensível à juros, tendo esse
ratio (XLF/SPY) uma correlação positiva
com os juros longos.

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Como vocês já sabem, o setor de
Energia (principalmente as
empresas que extraem e refinam
petróleo), tem uma forte correlação
com os juros de 10 anos e com o
S&P500. É difícil ver esse setor
batendo o S&P500 num período
longo, mas você pode aproveitar
momentos de alta forte nas
commodities de energia para
diversificar.

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O ratio do setor de materiais com o
S&P500 tem uma correlação
positiva com os juros, como os
demais setores cíclicos.

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O ratio do setor industrial com o
S&P500 tem uma correlação
positiva com os juros, como os
demais setores cíclicos.

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O ratio do setor de consumo
discricionário com o S&P500 tem
uma correlação positiva na maior
parte do tempo com os juros, como
podemos ver no gráfico ao lado. As
ações de consumo discricionário
também podem subir forte com a
melhoria do emprego, associada a
um mercado habitacional mais
saudável. Esse contexto torna os
consumidores mais propensos a
fazer compras fora do reino dos
bens de consumo básicos
(consumer staples: alimentos,
bebidas e produtos de higiene).

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Small caps tem correlação positiva
com a subida dos juros. Ações
Value, por terem múltiplos mais
atrativos, tem o seu Valuation
menos afetado do que outros tipos
de empresas quando os juros estão
em alta. Essa relação é melhor vista
no spread com o Nasdaq/XLK, mas
também dá pra montar proteção ou
especular no spread com o SPY.

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O ratio do setor de comunicações
com o S&P500 tem uma baixa
correlação com os juros. As ações
de comunicação têm se beneficiado
muito da crise de Covid, com as
empresas enviando seus
funcionários para casa e as pessoas
consumindo mais o tipo de serviço
que essas empresas fornecem.

Empresas: Alphabet, Comcast,


Facebook, AT&T, Verizon, Viacom,
Fox, Zoom, etc.

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O ratio do setor de consumo básico
(staples) com o S&P500 tem uma
correlação negativa com os juros.
Esse é o setor mais defensivo de
todos junto com healthcare.

Mesmo em recessões as pessoas


não deixam de consumir comida,
bebidas, produtos de higiene,
bebidas alcóolicas (nem no
apocalipse as pessoas deixam de
consumir isso, na verdade deve
aumentar), tabaco (já pensou um
fumante falando: “Esse mês não vou
fumar não por causa da crise”?),
etc.

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Aula 32 – Ações e Índices – Sazonalidades
Antes de começar a falar sobre sazonalidades no mercado de ações, precisamos antes fazer uma breve distinção entre: Sazonalidades e Ciclicidades.

Como podemos ver nas últimas aulas, as sazonalidades são eventos que acontecem dentro de um período específico, seja anual, trimestral ou até mensal.
Um exemplo: O relatório de ganhos e balanços financeiros das empresas americanas são liberadas uma vez por trimestre. Esse é um evento sazonal trimestral. Geralmente o
trimestre mais forte de receitas da maioria das empresas de varejo e consumo é o 4° trimestre, devido às vebdas da Black Friday e Natal.

Uma outra coisa que também temos que olhar, que não se encaixa no termo “sazonalidade”, são os padrões de comportamento dos preços e dos investidores com relação à
mudanças e rotações de ciclo e o padrão de comportamento do mercado com relação a diferentes tipos de empresas e setores. Vimos sobre isso na aula anterior.

O mercado está sempre em busca de bater o seu benchmark, portanto, alguns movimentos são cíclicos e não se enquadram no termo “sazonalidades”.

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1) Furacões
Vamos começar falando sobre a temporada de furacões nos EUA. Este é um evento sazonal? Sim
e não. Sim, porque existem meses mais propícios à esse tipo de atividade natural e não, pois não
temos uma data e horário pra esse tipo de evento acontecer. Se você for meteorologista, talvez
discorde de mim e diga que dá pra prever e tudo mais. Bom, eu sou trader e eu não faço a
mínima ideia de como prever a chegada de um furacão. A única coisa que eu sei é o que comprar
quando um desses pode vir pro continente causar estragos e como os ativos se mexem:

Em primeiro momento pensamos em empresas defensivas pra nos proteger de um evento de


risco como um furacão, certo? Furacões causam grande estrago nos imóveis das pessoas, danos à
rede elétrica e pode até bloquear estradas devido à troncos de árvores ou queda de postes de
energia. No momento da previsão de chegada de um furacão grande ao continente (são
orginados no mar), as pessoas correm para as lojas de construção, aumentam as compras e
aluguéis de geradores, baterias, comida e armas de fogo (como em um apocalipse zumbi).

Ações para comprar: A Temporada de Furacões nos EUA começa em torno de Junho e vai
- Home Depot até o fim de Outubro.
- Lowe's Companies
- Masco
- Generac Holdings (Geradores residenciais, comerciais e industriais)

Obs: Fique fora de concessionárias (Utilities) nesse momento, pois os danos em redes elétricas
ou dutos/tubulações podem interromper o abastecimento e causar grandes quedas nos preços
dessas empresas.
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2) Nevascas de inverno
Como vimos nas aulas de sazonalidades do petróleo, o início oficial do
inverno no hemisfério norte é 21 de Dezembro (para 2021). A partir dessa
época teremos notícias de queda da temperatura e a chegada das
nevascas. Um exemplo bem forte e recente sobre o impacto do frio
intenso provocado pelas nevascas aconteceu no início de 2021.

Ações para comprar:


- Vail Resorts (Resorts de patinação e Ski)
- Douglas Dynamics (Remoção de neve residencial e comercial)
- PEG (Energia)
- XOP (ETF da SPDR de exploração de petróleo e gás natural)
- XLE (ETF da SPDR do setor de energia do S&P500)

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Sazonalidades em ações

Conforme vimos nas últimas aulas, existem várias tipos de sazonalidades nos preços que
podem impactar o mercado de ações, como a temporada de furacões, períodos de frio intenso,
pressão em commodities, etc. Algumas das tendências sazonais mais conhecidas e discutidas
incluem:

- O efeito Janeiro: O efeito janeiro é uma subida sazonal nos preços no mês de janeiro, cujo
fenômeno é atribuído pelos analistas a um aumento na exposição por hedge funds, após sell-
off que normalmente acontece em dezembro, quando os fundos estão fazendo o famoso “Tax
loss harvesting”, que é a compensação fiscal dos lucros. Essa “colheita de prejuízo fiscal” é
quando você vende alguns investimentos com prejuízo para compensar os ganhos que você
realizou com a venda de outras ações com lucro. O resultado é que você só paga impostos
sobre o seu lucro líquido ou o valor que você ganhou menos o valor que perdeu, reduzindo
assim os impostos;

- Efeito de fim de trimestre: Existe um tradicional rebalanceamento de portfólio ao fim de


cada trimestre, onde os fundos tendem a rotacionar dinheiro nas carteiras, vendendo ativos
que subiram/estão em alta, por ativos com baixo desempenho (comprando na baixa);

- Efeito pré-feriado (“Rally do Papai Noel” por exemplo): O efeito pré-feriado é uma
anomalia do calendário em ações - é a tendência de um mercado de ações ganhar no último
dia de negociação antes do feriado. Pesquisas mostram que os retornos do mercado durante os
dias anteriores aos feriados é frequentemente mais de quatro vezes maior do que o retorno
médio durante os dias normais de negociação;

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Sazonalidades em ações

- “Sell in May and Go Away” (Venda em maio e vá embora - até o Halloween): Esse é um velho
ditado de Wall Street (na verdade surgiu em Londres sobre corridas de cavalos) que sugere que os
investidores vendam suas ações durante o verão para evitar um declínio sazonal no mercado de
ações, porque a temporada de verão mostra um crescimento significativamente menor no mercado
do que outras épocas do ano;

- Efeito Virada de Trimestre: Os gerentes de portfolio têm fortes incentivos para realizar
simultaneamente prejuízos fiscais e “carteiras de fachada” após viradas de trimestres.
Consequentemente, as ações com perdas de capital sofrem pressão de preços para baixo e uma
grande parte dos retornos das estratégias de momentum é obtida nesses momentos. Enquanto a
pressão sobre os preços em dezembro cria reversões de retorno em janeiro, a pressão sobre os
preços no final do trimestre continua no mês seguinte;

- O efeito setembro: O efeito setembro refere-se a retornos historicamente fracos do mercado


de ações para o mês de setembro. Acredita-se que essa sazonalidade exista devido aos investidores
voltarem das férias de verão em setembro prontos para travar tanto os ganhos quanto os prejuízos
fiscais antes do final do ano. Também se acredita que os investidores individuais liquidem as ações
em setembro para compensar os custos de escolaridade das crianças. Como acontece com muitos
outros efeitos sazonais, o efeito de setembro é considerado uma peculiaridade histórica nos dados,
em vez de um efeito com qualquer relação causal.

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