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Análise Económica e Financeira

Objetivos Fundamentais
(1) Apresentação da Gestão Financeira e os seus princípios éticos
(2) Analisar os principais mapas financeiros da empresa
(3) O fundo de maneio e a importância do orçamentos de tesouraria
(4) A gestão financeira do ativo corrente
(5) Os principais rácios financeiros e a elaboração do diagnóstico de análise
(6) O risco e a gestão do risco na gestão financeira
(7) O custo dos capitais permanentes
(8) As teorias da estrutura de capital
(9) As políticas de distribuição de dividendos
(10) As fusões e aquisições
Análise Económica e Financeira (5) Compreender e conhecer os principais rácios financeiros

Antes de prosseguirmos o estudo do presente capítulo é sempre


importante termos em mente que o Balanço representa o valor
patrimonial de uma organização num determinado momento.

Mas nem todos os ativos da organização estão espelhados neste


documento.

A reputação, a excelência da equipa de gestão e a qualidade e formação


dos recursos humanos não estão evidenciados nas demonstrações
financeira de forma direta.
Análise Económica e Financeira (5) Compreender e conhecer os principais rácios financeiros

Neste capítulo começamos por


estudar as relações entre valores nas
demonstrações financeiras, e para
isso poderemos utilizar diversos
nomes, como índices, indicadores,
coeficientes, quocientes, no entanto,
vamos utilizar o termo rácio tendo em
em atenção a sua tradição na literatura financeira portuguesa.

O verdadeiro interesse não é propriamente o cálculo dos


rácios, mas sim a sua interpretação.

Capítulo 28 - Brealey, Myers e Allen 11 ed


Análise Económica e Financeira (5) Compreender e conhecer os principais rácios financeiros

Objetivos de aprendizagem
- Analisar o relatório de gestão
- Conhecer os tipos de rácios que existem para a análise económica e financeira
- Calcular os rácios e compreender a sua utilidade
- A alavancagem financeira
- O EVA valor económico criado
- Desenvolver análises integradas
- Elaborar o diagnóstico económico financeiro
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As demonstrações financeiras são a principal fonte de informação para a construção dos


rácios, e são uma fonte segura para extrair os valores, pois as normas e regras para a
elaboração dos documentos financeiros de uma organização têm um conjunto de
características, nomeadamente, a compreensibilidade, a relevância, a fiabilidade e a
comparabilidade que são um certificado de qualidade.

Por vezes, ocorrem algumas situações excecionais, em que estamos perante


demonstrações financeiras elaboradas com a contabilidade criativa que distorcem os
dados e inutilizam as análises, nomeadamente, os rácios calculados com esses valores.
Neste caso estamos perante um caso de manipulação financeira.
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Se analisarmos os rácios isoladamente também não nos proporcionarão grande informação a não ser
constatações numéricas. Para analisarmos a performance de uma organização teremos de comparar
os seus rácios os mesmos rácios de outras organizações e só assim poderemos interpretar os seus
resultados. A análise com rácios necessita de benchmarks para que faça sentido. São vários os
benchmarks que poderemos utilizar embora estes quatro são considerados os principais pela maioria
dos financeiros:

- Objetivos previstos
- Valores de empresas da mesma dimensão
- Valores de empresas do mesmo setor
- Valores de períodos anteriores da mesma empresa
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Categorias dos rácios


No sentido de apresentar os rácios de uma forma sistematizada podemos
categorizá-los de acordo com o tipo de informação que estudámos. Dessa
forma encontramos cinco categorias e rácios.
- Rácios de Mercado informação importante para o investidor
- Rácio de estrutura e endividamento informação sobre o património e o
endividamento da organização

- Rácios de rendibilidade que medem o rendimento da organização com as


componentes patrimoniais e de atividade

- Rácios de funcionamento ou eficiência que medem a performance da


empresa na utilização dos recursos

- Rácios de liquidez informação sobre a capacidade da empresa liquidar as


suas dívidas de curto prazo
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Rácios de Mercado
Os rácios de mercado servem de base informativa para os investidores em geral, pois
são rácios que utilizamos para comparar o desempenho dos títulos de uma empresa no
mercado de capitais. Estes rácios (com exceção do payout ratio) só podem ser
calculados para empresas cotadas. São, portanto, indicadores de desempenho bolsista
que visam informar os investidores em particular, e, todos os interessados em geral no
desempenho da empresa.
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Payout ratio (dividendos por resultado líquido)

í í

Este rácio informa da percentagem dos resultados da empresa que são


distribuídos pelos seus acionistas. Este rácio vai ser analisado em detalhe no
capítulo em que abordamos a política de distribuição de dividendos.

Dividend yield DY (dividendo por ação pelo preço da ação)


çã
ç çã çã

Este rácio mede a rendibilidade de cada ação, é o indicador mais adequado para
avaliar o rendimento que o investimento no título gera ao longo do período. Este
rácio tem que ser estudado de acordo com a política de distribuição de dividendos
da empresa.
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Earning per share EPS (Resultado líquido por ação)


í í
ú çõ é çã

Este rácio mede o resultado que é imputado a cada ação. Este indicador mede a
rendibilidade por unidade de propriedade acionista. Este indicador não tem em
atenção o valor de cada ação pelo que não reflete o rendimento financeiro do
investidor.

Price earning ratio P/E (Resultado por investimento por ação)


ç çã çã
çã

Este rácio mede o prazo de recuperação do capital investido. Partindo do pressuposto


de que os resultados seriam constantes e integralmente distribuídos este rácio dá-nos o
número de períodos necessários para o investidor recuperar o investimento inicial .
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Market to book ratio (Preço por ação sobre o valor contabilístico da ação)
ç çã çã
í çã

Este rácio mede a relação entre o valor de mercado da empresa e o valor contabilístico
da empresa. A primeira observação que termos que fazer é a seguinte em mercados
eficientes este rácio deve ter o valor igual à unidade, o valor de mercado e uma
empresa seria exatamente igual ao seu valor contabilístico, para isso o valor
contabilístico também teria que retratar perfeitamente o património da empresa. Este
rácio tem utilidade para identificar empresas que estejam subvalorizadas ou sobre
valorizadas e apurar se há oportunidades ou indicações de venda de determinado
título.
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No final de 2014 as ações da SONAE estavam cotadas a 1,024€ e existiam 2 mil


milhões de ações. Desta forma calculamos o valor de mercado da SONAE em 2.048
Milhões de euros.

Analisarmos o balanço da SONAE à data de 31 de Dezembro de 2014 verificamos


que o valor total do Capital Próprio (equity) é de 1.854 Milhões de euros

A diferença entre o valor de mercado e o valor do capital próprio, 194 milhões de


euros, é considerado o valor acrescido de mercado1. Noutras palavras os
investidores contribuíram, ao longo do tempo, com 1.854 Milhões de euros e a
empresa vale 2.048 Milhões de euros, tendo acumulado 194 milhões de euros de
valor acrescido de mercado.

1 MVA – market value added


Adaptado, Brealey, Myers e Allen, 11 ed
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Rácio de estrutura e endividamento


Os rácios de estrutura e endividamento analisam a construção do património da
organização. Estes rácios relacionam as componentes de financiamento, próprio e
alheio de curto e longo prazo com o investimento total da organização. Estes
rácios são indicadores do risco de crédito pois quanto maior for o endividamento
da empresa maior será o risco. Estes rácios, na perspetiva financeira, analisam as
relações entre origens e aplicações de fundos, sendo certo que não há uma regra
universal que defina os valores ótimos dos rácios pois existem características
específicas, dos setores de atividade ou das próprias empresas, que condicionam
a sua análise pelo que deveremos ter em atenção essas características quando
procedemos à análise.

Análise Económica e Financeira - César Ferreira


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Rácio de Endividamento (passivo sobre o ativo)

Este rácio representa a relação entre o ativo e o passivo e diz-nos a proporção


do ativo que é financiado por capitais alheios. Para os investidores este rácio é
o primeiro indicador de risco, pois quanto maior for o nível de endividamento
maior será o volume de juros de financiamento pagos pela organização. Tendo
em atenção que os encargos com os créditos têm prioridade sobre a
distribuição de resultados pelos acionistas, um rácio de endividamento elevado
pode indicar baixos resultados para os acionistas. Este rácio varia entre 0 zero e
1 um.

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Tipo de endividamento (passivo de curto prazo sobre o passivo total)

Este rácio analisa a relação entre o passivo de curto prazo com o total do
passivo. O rácio de endividamento analisa o peso do financiamento por
capitais alheios na organização, o rácio Tipo de Endividamento analisa a
pressão que poderá existir na tesouraria, ao comparar o peso do passivo
corrente no passivo total.

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Rácios de estrutura e endividamento

Solvabilidade (S), que determina a capacidade da


empresa para esta fazer face aos seus compromissos
a médio longo prazo, refletindo o risco que os seus
credores correm, através da comparação dos níveis
de Capital Próprio investido pelos sócios ou
acionistas, com os níveis de Capitais Alheios aplicados
pelos credores.

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Rácios de estrutura e endividamento

S = Capital Próprio / Passivo

>1

=1

<1

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Rácios de estrutura e endividamento

Autonomia Financeira (AF), que determina a


(in)dependência da empresa face a Capitais Alheios,
dando apoio na análise do risco sobre a estrutura
financeira da empresa.

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Rácios de estrutura e endividamento

AF = Capital Próprio / Ativo


Quanto mais elevado for o nível do Capital Próprio, maior o
nível de autonomia da empresa face a terceiros.
Deste modo, quando: AF apresenta um valor baixo: indica
grande dependência em relação aos credores, situação que
para além dos riscos inerentes, é desvantajosa na negociação
de novos financiamentos;

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Rácios de estrutura e endividamento

AF = Capital Próprio / Ativo


Quando a AF apresenta valores mais próximos de 1: a empresa
é menos dependente de Capitais Alheios, apresentando valores
mais baixos de Encargos Financeiros e beneficiando a sua
rendibilidade.
O valor máximo de 1 representa a situação em que o Ativo é
financiado a 100% por Capital Próprio, ou seja, a empresa tem
0% de Dívidas a Pagar.
Análise Económica e Financeira - César Ferreira
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Rácios de liquidez

= = 0,59

Este rácio indica a cobertura do ativo corrente pelo passivo


corrente, e, neste caso a SONAE tem, no ativo corrente, 59
cêntimos por cada euro no passivo corrente
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Rácios de liquidez

Este rácio indica a cobertura do ativo corrente sem o inventário


tendo em atenção a dificuldade em vender o inventário de
imediato pelo valor de balanço. Este rácio também é conhecido
pelo Acid Test
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Rácios de liquidez

Este rácio indica a cobertura do ativo corrente pelas rubricas de


disponibilidade imediata
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Os três rácios de rendibilidade mais utilizados

ROC – Return on Capital ROC

ROE – Return on Equity

ROA – Return On Assets

todos são retirados de informação do balanço e por isso


são considerados rácios de retorno das contas
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Rácios de rendibilidade

ROC – Return on Capital – Rendibilidade dos Capitais


Permanentes é o indicador de rendibilidade que analisa o
retorno do investimento dos acionistas e dos credores do
passivo não corrente.

ROC

Rcpm
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Rácios de rendibilidade

ROE – Return on Equity – Rendibilidade dos Capitais Próprios é o


indicador de rendibilidade que analise o retorno do investimento
dos acionistas.

ROE

Rcp
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Rácios de rendibilidade
ROA – Return on Assets – Rendibilidade do Ativo é o indicador de
rendibilidade que analisa o retorno do investimento dos acionistas
Esta análise é importante quando analisamos organizações com
estruturas de capital diferentes e com custos médios ponderados
da dívida diferentes.

ROA

Ra
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Economic Value Added (EVA) – O resultado apurado depois de deduzir todos


os custos incluindo o custo do capital

No balanço também não está refletido o custo do capital que a


empresa captou dos seus investidores.
O custo do capital é uma taxa de rendimento mínima aceitável do
capital investido. Podemos considerar como um custo de
oportunidade, pois é concorrente com uma taxa de rendimento
que os investidores poderiam encontrar nos mercados financeiros.
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Economic Value Added (EVA) – O resultado apurado depois de deduzir todos


os custos incluindo o custo do capital

Por isso a organização só cria valor se os investidores conseguirem


obter um rendimento superior aquele que eles obteriam no
mercado de capitais. Um indicador para avaliar um investimento
que inclui a ponderação do custo do capital é o EVA
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Economic Value Added (EVA) – O resultado apurado depois de


deduzir todos os custos incluindo o custo do capital

ROC
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Economic Value Added (EVA) – O resultado apurado depois de deduzir todos


os custos incluindo o custo do capital

Vantagens do EVA relativamente ao rácio da rendibilidade


dos capitais investidos
- Permite diferenciar o risco através de diferentes taxas
de custo de capital para os diversos elementos do ativo,
e, uma análise nas diversas unidades estratégicas da
empresa
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Principais questões na análise do EVA e dos rácios de rendibilidade.


Embora estas medidas de análise não são afetadas por fatores
exógenos, na mesma medida que os indicadores de mercado e
possibilitem uma avaliação por unidade de negócio, estes
indicadores estão diretamente relacionado com o balanço como
fonte de informação, e, nessa medida a temporalidade da avaliação
é determinante para a sua relevância. As decisões de investimento
que estão refletidas no ativo têm, muitas vezes muito tempo, pelo
que a sua valorização pode não estar atualizada enviesando as
leituras.
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Rácios de funcionamento e eficiência

Asset Turnover Ratio


Rotação do ativo

Inventory Turnover
Rotação do Inventário

Receivables Turnover
Rotação de Clientes

Payable Turnover
Rotação de Fornecedores
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Rácios de funcionamento e eficiência

Asset Turnover Ratio


Rotação do ativo

Este indicador indica-nos as vendas sobre o ativo, quanto


vendemos por cada euro investido, é um indicador que mede
o utilização do ativo

1o valor utilizado para o ativo difere de autor para autor, uns utilizam o valor no
inicio do período de análise das vendas, e, outros utilizam a média do valor inicial
com o valor final.
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Rácios de funcionamento e eficiência

Inventory Turnover
Rotação do Inventário

Este indicador indica-nos a eficiência da gestão do inventário. O


valor do inventário afeta a rendibilidade da empresa e por isso as
organizações procuram otimizar o valor do inventário até ao limite
mínimo

2o valor utilizado é o do início do período


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Rácios de funcionamento e eficiência

Receivables Turnover
Rotação de Clientes

Estes indicadores analisam a política de crédito da organização e


são determinantes quando comparamos os prazos de recebimento
com os prazos de pagamento. E as suas implicações no
financiamento do working capital

3o valor utilizado é o do início do período


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Rácios de funcionamento e eficiência

Payable Turnover
Rotação de Fornecedores

Estes indicadores analisam a política de pagamento da empresa e


é determinante uma análise integrada com o setor e com as
outras formas de financiamento alternativo da empresa

4o valor utilizado é o do início do período


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Análise da Rendibilidade do Ativo – método DuPont de Nemours

Rendibilidade do Resultado líquido: além de saber quanto é que


vendo por cada euro investido também é importante saber qual é o
retorno por cada euro vendido
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Análise da Rendibilidade do Ativo – método DuPont de Nemours

Neste modelo incluímos os juros que remuneram a dívida, na


equação, de modo a eliminar o efeito da estrutura de capital, em
particular o peso da dívida, na análise de rendibilidade da
empresa.
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Análise da Rendibilidade do Ativo – método Du Pont de Nemours

× í × í
Ra

Rendibilidade do Ativo = Rotação do Ativo × margem de lucro operacional

Esta análise permite explorar as componentes de rendibilidade em função


da atividade e numa perspetiva setorial, multissectorial e em cadeia.
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Inventários

vendas mais

Rotação do ativo dividido working capital Contas a receber


Ativo
(Investimento mais mais
total)
Ativo não corrente meios financeiros

Rendimento do
multiplicado
investimento
Custos de
produção
Vendas
mais

Resultados menos Custos das vendas

% de ganhos das dividido Custos totais mais


vendas
Custos de
Vendas transporte
mais
Custos
administrativos
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Se uma empresa pede dinheiro emprestado, compromete-se a


pagar um conjunto de prestações fixas, de capital e juros, ao longo
do tempo. Se os lucros aumentarem, as prestações financeiras da
dívida mantém-se, e, o aumento do lucro vai todo para os
acionistas. No caso de uma diminuição do lucro, os acionistas são
também os principais afetados, ficando sem dividendos, enquanto
que os pagamentos dos custos da dívida mantém-se.
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O facto da dívida, incrementar o retorno para o acionista, em caso


de aumento de lucros, e o contrário, em caso da sua diminuição
chamamos a este efeito leverage financeiro
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Rácio da Dívida ou leverage financeiro mede normalmente o


montante da dívida de longo prazo em relação com os capitais
permanentes

Este valor diz-nos que 36,9 cêntimos de cada euro dos capitais
permanentes da SONAE estão em forma de dívida. Esta análise tem
que ser conjugada com os valores da solvabilidade e da autonomia
financeira onde são analisadas outras perspetivas, nomeadamente, a
relação do capital alheio com capital próprio e deste com o ativo.
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Leverage e Rendibilidade dos Capitais Próprios

Quando uma empresa pede dinheiro emprestado tem que pagar as


amortizações mais os juros aos credores, e, isso diminui o lucro, por outro lado,
pelo facto de ter menos capital próprio os lucros são distribuídos por menos
acionistas maximizando o lucro por ação. Como otimizar este trade off?
Um desenvolvimento da formula de Du Pont dá-nos a pista

Rácio de Rotação Margem de Lucro “debt


leverage do Ativo Operacional Burden”
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Rácio de Rotação Margem de Lucro “debt


leverage do Ativo Operacional Burden”

Os termos do meio representam a rotação do ativo e dependem das


capacidades de produção e marketing da empresa. No entanto, os
extremos traduzem o mix dívida/Capital Próprio em que o primeiro é o
inverso do rácio da dívida e o último representa a medida em que os
juros afetam o resultado líquido
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Rácio de Rotação Margem de Lucro “debt


leverage do Ativo Operacional Burden”

Se a empresa é totalmente financiada por capitais próprios o


primeiro e o último termo são iguais a 1 e a rendibilidade dos capitais
próprios é igual à rendibilidade do ativo.
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Rácio de Rotação Margem de Lucro “debt


leverage do Ativo Operacional Burden”

Se a empresa tem dívida então o rácio de leverage é superior a 1 e a


“debt burden” é inferior a 1, pelo que, normalmente, o leverage
aumenta a Rcp quando a empresa está a produzir ao nível esperado e a
rendibilidade do ativo é superior à taxa de juro da dívida.
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Balanço a 31 de Dezembro de 2014


Activo CP + Passivo Sabe-se também que
Ativo não Corr. 400 Capital Próprio 350 as vendas anuais
Inventário 50 Passivo de LP 250 ascenderam a 2.500
Clientes 500 Fornecedores 400
Disponível 50 u.m. e as compras
Total Activo 1 000 Total P+CP 1 000 anuais a 1950 u.m.
Calcule os rácios:
Solvabilidade; Autonomia Financeira; Liquidez Geral; Liquidez
Reduzida; Prazo Médio de Recebimentos; Prazo Médio de
Pagamentos
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Rácio de Solvabilidade = 350/650 = 54%

O Capital Próprio da empresa representa 54% do seu Passivo Total

Rácio de Autonomia Financeira = 350/1.000 = 35%

35% do Activo da empresa é coberto por Capitais Próprios e 65% por Capitais
Alheios.
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Rácio de Liquidez Geral = 600/400 = 1,5


O Ativo Corrente é superior ao Passivo de Corrente, logo a empresa,
aparentemente, não apresenta problemas de liquidez

Rácio de Liquidez Reduzida = 550/400 = 1,375


O Ativo Corrente disponível no imediato é superior ao Passivo de Corrente, logo a
empresa, não apresenta problemas de liquidez
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Prazo Médio de Cobranças = 500/2.500 x 365 = 73 dias


Os clientes pagam à empresa 73 dias depois da venda.

Prazo Médio de Pagamento = 400/1.950 x 365 = 74,9 dias


A empresa paga aos seus fornecedores 75 dias depois da compra.
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O Relatório de Análise
Económica e Financeira
Análise Económica e Financeira (5) Compreender e conhecer os principais rácios financeiros

O relatório de análise económica e financeira é um


documento em que o financeiro faz um diagnóstico
fundamentado da organização, emitindo uma opinião sobre
a situação analisada e perspetivas para o futuro. Para
elaborar o relatório o analista precisa de informação
económica e financeira que vai recolher em diversas fontes,
sendo a mais importante a disponível pelas demonstrações
financeiras.
Análise Económica e Financeira (5) Compreender e conhecer os principais rácios financeiros

A elaboração do relatório económico-financeiro resume a


situação financeira da empresa nas diversas vertentes,
integrando a análise das diversas dimensões que o
compõem, nomeadamente, o desempenho da empresa no
mercado, o equilíbrio financeiro de curto, médio e longo
prazo, a rendibilidade e o risco. Esta análise tem um
enquadramento do contexto económico e da concorrência
direta. No relatório importa estudar passado, perceber o
presente e prospectivar o futuro.
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

A definição de um plano de trabalho

A análise das demonstrações financeira de uma organização deve seguir um


modelo composto por sete etapas.

1. Definição do objetivo e contexto da análise

2. Recolha de informação

3. Processamento da informação

4. Análise e interpretação dos resultados

5. Elaboração do relatório com o parecer e conclusões da análise

6. follow up

7. Disclaimer
Análise Económica e Financeira (5) Compreender e conhecer os principais rácios financeiros

Definição de um plano de trabalho

Análise de Contexto Análise económica e financeira Análise da Concorrência

Risco Rendibilidade Dívida Liquidez Mercado Funcionamento

Cross section Objetivos Temporal

Síntese da análise

Conclusão da análise

Prospectivar o futuro
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Análise da
envolvente
macroeconómica

Relatório
Análise da
Análise do Risco
concorrência

Análise da
evolução dos
indicadores da
empresa
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Análise da envolvente macroeconómica

Analisar as principais variáveis económicas, sociais, políticas e tecnológicas,


estudar os mercados de matérias primas, da energia, monetários, cambiais e
de reservas.
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Análise dos indicadores da empresa

Para empresas cotadas em mercado aberto

Analisar o desempenho da empresa no mercado de capitais e comparar com


a evolução dos principais índices, e, desempenho das empresas
concorrentes. Analisar o EPS/PER
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Análise dos indicadores da empresa

Análise dos indicadores de Estrutura de financiamento

Analisar os indicadores de estrutura da empresa, numa perspetiva temporal e


setorial.

https://www.youtube.com/watch?time_continue=16&v=MJAS3RXyNMc
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Análise dos indicadores da empresa

Análise dos indicadores de Liquidez da empresa e a sua capacidade de


cumprir com as obrigações de curto prazo.

Analisar o desempenho da empresa e comparar com os valores históricos e


da concorrência
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Análise dos indicadores da empresa

Análise dos indicadores de Atividade ou Funcionamento.

Analisar o desempenho da empresa e comparar com os valores históricos e


da concorrência.
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Análise dos indicadores da empresa

Análise dos indicadores de Rendibilidade.

Analisar o desempenho da empresa e comparar com os valores históricos e


da concorrência.
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Análise do Risco

Análise dos indicadores de Risco.

Analisar o desempenho da empresa e comparar com os valores históricos e


da concorrência.

Risco Económico

Risco Financeiro

Risco Combinado
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Análise dos indicadores da empresa

Análise global da empresa identificando os pontos fortes, e fracos e quais as


medidas a tomar para maximizar o valor da empresa numa perspetiva de
médio e longo prazo.
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Sinais de alerta na análise das demonstrações financeiras

As principais causas de enviesamento são o reconhecimento de rendimentos


fictícios ou a ocultação de gastos, existem mesmo situações em que gastos
foram considerados rendimentos.

Quanto ao património é importante analisar os valores registados dos ativos


e dos passivos e aferir a sua adequação.
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Relativamente aos rendimentos, várias são as situações que podem ocorrer.

- Momento de reconhecimento da receita, antecipação de


receitas.

- Analisar a política de troca de mercadorias e de descontos de


mercadorias.

- Se verificarmos um crescimento das contas de rendimentos


temos de comparar com os concorrentes e com o setor de
atividade

- Estudar o crescimento dos rendimentos com a variação das


contas a receber.
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Relativamente aos gastos, várias são as situações que podem ocorrer.

- Momento de reconhecimento dos gastos (juros e rendas).

- Analisar a CMVMC e a variação linear com as vendas.

- As operações no último mês ou trimestre são também um bom


indicador. Rendimentos/gastos superiores (ou inferiores) ao
normal no último período (trimestre para empresas cotadas) são
sinais de alerta

- Classificação como despesas não recorrentes ou extraordinárias


despesas que são correntes e cíclicas é também um sinal de alerta.
- Em sentido contrário é também um sinal de alerta a consideração
como receita corrente uma receita extraordinária
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Relativamente aos valores do Balanço.

- Análise da variação temporal do rácio de rotação do inventário

- Estudar o crescimento dos rendimentos com a variação das


contas a receber.

- As reavaliações positivas dos ativos têm implicações diretas nas


contas do capital próprio

- O goodwill é também uma conta que merece uma atenção


especial-

- Negócios com empresas do grupo ou participadas têm que ser


analisadas
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Relativamente a políticas contabilísticas em geral.

- A apresentação de margens brutas ou operacionais superiores à


concorrência e ao setor é também um sinal de alerta.

- A política, de amortização e depreciação dos seus ativos, também


tem de ser analisada de acordo com o princípio da consistência e
da comparação com o setor e a concorrência

- Calcular uma série temporal de fluxos de caixa e dos resultados


líquidos e o rácio entre os fluxos de caixa e os resultados líquidos.
Se o rácio é consistentemente inferior a um ou então está em
declínio constante, temos um importante sinal de alerta.
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Em resumo os sinais que identificamos são, na realidade, sinais e não


provas de manipulação da informação contabilística e financeira da
organização.

A presença de um sinal é um motivo para uma análise específica e


concreta para determinar se existe ou não manipulação relativamente
ao elemento em análise.

Só após uma análise específica, com informação adicional, é que o


analista pode identificar uma potencial manipulação.
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Resumo do capítulo - Análise com rácios e a elaboração do diagnóstico


económico e financeiro

- Com uma análise, baseada nos rácios teremos sempre de perceber como é
que foram calculados. Para evitar a armadilha do enviesamento da informação.

- Uma análise isolada dos rácios não nos proporcionará grande informação a não
ser constatações numéricas.

- Os principais problemas da análise com os rácios são: Comparação de


grandezas estáticas com dinâmicas.

- Os rácios de mercado servem de base informativa para os investidores em


geral, pois são rácios que utilizamos para comparar o desempenho dos títulos
de uma empresa no mercado de capitais
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Resumo do capítulo - Análise com rácios e a elaboração do diagnóstico


económico e financeiro (2)

- Os rácios de estrutura e endividamento analisam a construção do património


da organização. Estes rácios relacionam as componentes de financiamento,
próprio e alheio de curto e longo prazo com o investimento total da
organização. Os rácios de liquidez avaliam a gestão do curto prazo da
organização. Os rácios de funcionamento são, por excelência, os indicadores de
eficiência do funcionamento operacional da organização. Os rácios de
rendibilidade pretendem avaliar o retorno do dinheiro que é investido num
determinado ativo. O estudo da rendibilidade, é o alfa e o ómega da análise
económica e financeira.
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Resumo do capítulo - Análise com rácios e a elaboração do diagnóstico


económico e financeiro (3)

- O efeito da alavancagem financeira é o resultado da utilização de dívida no


financiamento do investimento da empresa e beneficiar os acionistas através de
um aumento da rendibilidade dos capitais próprio

- O EVA valor económico criado quantifica o lucro económico da empresa. É a


diferença entre o lucro que a empresa obtém, deduzido do rendimento exigido
pelos acionistas no momento do seu investimento

- A análise integrada das demonstrações financeiras utiliza um princípio que


assenta na decomposição da rendibilidade do investimento, em componentes
como a rotação do ativo e a rendibilidade operacional.
Análise Económica e Financeira (10) A elaboração do diagnóstico de Análise Económica e Financeira

Resumo do capítulo - Análise com rácios e a elaboração do diagnóstico


económico e financeiro (4)

- Os sinais de alerta são isso mesmo sinais que obrigam o analista a procurar
validar a informação com outras fontes de informação contabilística e financeira

- O relatório de análise económica e financeira é um documento em que o


financeiro faz um diagnóstico fundamentado da organização, emitindo uma
opinião sobre a situação analisada e perspetivas para o futuro. O Relatório deve
ter uma estrutura simples com uma síntese inicial, um enquadramento, uma
análise, uma conclusão e prospectivas de futuro.

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