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Teorias sociológicas
Positivismo
O positivismo defende que a ciência deve preocupar-se apenas com
factos observáveis que ressaltam diretamente da experiência. A abordagem
positivista da sociologia procura produzir conhecimentos acerca da sociedade
baseando-se em dados empíricos obtidos através da observação, da
comparação e da experimentação.
As leis dos três estádios de Comte
A lei dos três estádios de Comte postula que as tentativas humanas para
compreender o mundo passaram pelos estádios teológico, metafisico e
positivo.
1- No estádio teológico, o pensamento era guiado pelas ideias religiosas e
pelas crenças de que a sociedade era uma expressão da vontade de
Deus.
2- No estádio metafísico, que se afirmou pela época do renascimento, a
sociedade começou a ser vista em termos naturais e não sobrenaturais.
3- O estádio positivo, foi desencadeado pelas descobertas e os feitos de
Copérnico, Galileu e Newton, encorajou a aplicação de técnicas
cientificas ao mundo social.
Funcionalismo
O funcionalismo defende que a sociedade é um sistema complexo cujas
partes se conjugam para produzir estabilidade e solidariedade. Segundo esta
perspectiva, a sociologia deve investigar o relacionamento das partes da
sociedade entre si e para com a sociedade como um todo.
Exemplo: crenças religiosas, costumes de uma sociedade, etc.
Teorias de conflito
As perspectivas do conflito, sublinham a importância das estruturas na
sociedade, das divisões sociais e centram a análise em questões de poder,
desigualdade e luta. Tendem a ver a sociedade como algo composto por
diferentes grupos que lutam pelos interesses próprios. A existência desta
diferença de diferenças significa que o potencial para o conflito está sempre
presente e que determinados grupos irão beneficiar disso mais do que outros.
Os teóricos do conflito analisam as tensões existentes entre grupos dominantes
e desfavorecidos da sociedade, procurando compreender como se
estabelecem e perpetuam relações do controlo.
Interacionismo simbólico
Esta perspectiva nasce de uma preocupação com a linguagem e o
sentido. Mead defende que a linguagem permite que nos tornemos seres
autoconscientes, cientes da nossa própria individualidade e capazes de nos
vermos do exterior, como os outros nos veem. Neste processo, o elemento-
chave reside no símbolo. As palavras que usamos para aludir a determinados
objetos são, na verdade, símbolos que representam o que queremos transmitir.
O interacionismo simbólico dirige a nossa atenção para os detalhes da
interação interpessoal, e para a forma, esses detalhes são usados para conferir
sentido ao que os outros fazem e dizem.
Teoria de ação comunicativa de Jurgen Habermas
Segundo Habermas, ação comunicativa é considerada nos termos de uma
interação que se constitui na base de regras alicerçadas na comunicação
linguística; daí o interesse perante os modelos universais da ação que
estruturam a comunicação linguística como um conjunto de dizer e fazer.
A CRISE DOS PARADIGMAS NA SOCIOLOGIA
Problemas de explicação
A crise da sociologia pode ser real ou imaginária, fala-se na
decomposição dos modelos clássicos e na obsolescência de noções como as
de sociedade, comunidade, capitalismo, divisão do trabalho social,
consciência coletiva, classe social, consciência de classe, nação,
revolução. Critica-se a abordagem histórica globalizante ou holística e
preconiza-se fenomenológica, hermenêutica do individualismo metodológico.
Considera-se que os conceitos formulados pelos clássicos já não
respondem as novas realidades. Agora, o objeto da sociologia deveria ser o
indivíduo, o ator social, ação social, diferença, quotidiano...
Nesta divergência, os autores da sociologia contemporânea, uns se
colocam radicalmente a favor de novos paradigmas. Outros propõem
renovações ou desenvolvimento dos clássicos incorporando-se contribuições
contemporâneas. Há os que reconhecem que a criação de novos paradigmas
não implica necessariamente desqualificação dos outros.
No conjunto, discutem-se problemas relacionados aos métodos tanto
quanto ao objeto da sociologia. Discutem-se a indução quantitativa e qualitativa
contrapondo das partes com o todo, a dinâmica e a estabilidade social, ao
indivíduo e sociedade, ao objetivo e subjetivo. Formula-se novas teorias
sociológicas, tais como: estruturalismo, neofuncionalismo, estrutural
funcionalismo, fenomenologia, etnomedologia, hermenêutica, sociologia
da ação ou accionalimo, individualismo metodológico e outras.
As controvérsias sobre o seu objeto e métodos são permanentes. Dizem
respeito às exigências da produção intelectual; com a singularidade de que a
sociologia é uma ciência que sempre se pensa, ao mesmo tempo em que se
realiza, desenvolve enfrenta impasses, reorienta. Talvez mais do que outras
ciências sociais, ela se pensa de modo contínuo, criticamente. Há uma espécie
de sociologia da sociologia em toda produção de maior envergadura.
Gurvitch (1986) perguntou certa vez se a Sociologia fez outra coisa senão
passar por crises, e disse que algumas delas colocaram questões básicas
como:
´´crise das relações entre a filosofia da história e sociologia, crise da
procura do fator predominante; crise do evolucionismo; crise do
racionalismo social; crise da compreensão que rejeita a explicação; crise
do formalismo; crise da psicologismo à Pareto, à Freud e mais tarde a
Moreno; crise da relação entre a teoria sociológica e a investigação
empírica em sociologia. Todas as crises em sociologia
independentemente da sua correspondência com as crises sociais às
quais serviam de réplicas, sempre se reportarem ao problema da
explicação´´.
Teoria e paradigma
Há momentos lógicos da reflexão sociológica, sem os quais o ensino e a
pesquisa contemporânea dificilmente poderiam se desenvolver. Estes são
alguns desses momentos: aparência e essência, parte e todo, singular e
universal, sincrônico e diacrônico, histórico e lógico, passado e presente,
sujeito e objeto, teoria e prática. Um dos requisitos lógicos fundamentais da
interpretação na sociologia diz respeito á historicidade do social. O contraponto
passado e presente é essencial, se se trata de explicar ou compreender a
realidade social. Toda interpretação que perde, minimiza ou empobrece o
momento do real, sacrifica uma dimensão básica desse mesmo real. Esta é
uma questão importante do pensamento sociológico e das outras ciências
sociais. A realidade social é um objeto em movimento. As suas configurações
estáveis, normais, estáticas, sincrônicas representam momentos, sistemas,
estruturas da mudança, dinâmica, modificação, transformação, historicidade
etc.
Uma parte da controvérsia sobre paradigmas clássicos e contemporâneos
passa pelo problema da historicidade da realidade social. Entre os
contemporâneos, são frequentes as propostas teóricas que simplesmente
abandonam ou empobrecem a perspectiva histórica.
A ideia-chave dessa teoria, é o ponto de vista de que para toda a
sociedade existe certo número limitado de actividades necessárias, ou funções
tais como obtenção de alimento, o adestramento da próxima geração etc. e um
número igualmente limitado de estruturas ou maneiras pelas quais a sociedade
pode ser organizada para realizar essas funções.
SOCIOLOGIA FRANCESA
Tendências gerais da sociologia francesa no século XX e primeiro
decénio do XXI.
O indivíduo no centro
Segundo Raymond Boundon, a noção individualismo implica dizer que
para explicar um fenómeno social, é necessário descobrir suas causas
individuais, compreender as razões que levam os atores sociais fazer o que
fazem ou acreditar no que acreditam. Ou seja, fazer dele a consequência de
acções individuais. Para ele, só é possível compreender o facto social a partir
das intenções dos atores. Esta atitude permite interpretar processos
macrossociológicos como por exemplo, as desigualdades escolares.
Uma análise da racionalidade
Nesta abordagem, Boudon diz que, para compreender as lógicas dos
comportamentos dos indivíduos, é preciso ter acesso ao seu raciocínio. Para
perceber a atitude do indivíduo, Boudon preferiu usar o termo «accionismo»
invés de «individualismo metodológico». Boudon, demonstra que muitos
comportamentos ditos irracionais se explicam pelos motivos que levam as
pessoas a agir desta ou aquela maneira. Boudon tenta compreender os
mecanismos cognitivos que se escondem detrás dessas boas razões, como a
crença, erros de interpretação, percepção deficiente. Demonstra também que a
adesão de indivíduos racionais a uma ideologia, mesmo a mais absurda, é
explicável por certo número de fenómenos: efeitos de posição, de disposição e
de comunicação.
O facto social como um agregado
Na perspectiva do individualismo metodológico, o jogo social, é um
resultante da agregação dos comportamentos individuais. Por exemplo, quando
milhares de indivíduos partem para férias ao mesmo tempo, isso resulta na
formação de engarrafamentos que podem tornar-se um sistema de ação.
Boudon chama estes processos de efeitos emergentes. E estabelece uma
tipologia aplicável, efeito de aplicação, de contradição, de neutralização, etc. e
desenvolve a análise dos ‘’efeitos perversos’’ ou dos fenómenos que resultam
da justaposição dos comportamentos individuais sem serem incluídos nos
objetivos procurados pelos atores.
Desigualdades escolares: domínio ou escolha racional?
Bourdieu e Passeron, explicam que a escola reproduz as desigualdades
sociais através dos métodos e dos conteúdos de ensino, que privilegiam
implicitamente uma forma de cultura própria das classes dominantes.
Bourdieu e Passeron, denunciam uma legitimação das desigualdades,
pois a escola esconde por trás um discurso sobre igualdade de oportunidades,
processos de seleção social que conduzem à justificação dessas
desigualdades com a sanção do diploma escolar.
Ora, Raymond Boudon recusa a tese determinista dos dois autores, que
despunham que os indivíduos agem em função de «disposições» sociais que
inconscientemente «integraram» na infância e que orientam os seus
comportamentos. Do seu ponto de vista, as desigualdades sociais observadas
nos percursos escolares são o resultado da justaposição de estratégias
divergentes, adotadas conscientemente pelas famílias em função das
informações em que dispõem e da sua maneira de avaliar as vantagens e os
custos de continuação dos estudos.
TEORIA DA AÇÃO
Da análise dos movimentos sociais
(ALAIN TOURAINE)
A partir da análise do movimento dos operários, Touraine cria uma teoria
geral dos movimentos sociais e uma visão global da sociedade, na qual os
atores coletivos procuram impor o seu projeto, a que chama «historicidade».
Touraine regista o facto de que a sociedade industrial está em via de dar lugar
a uma nova sociedade; a sociedade pós-industrial. O movimento operário já
não é o grupo social central nessa sociedade. Touraine nos seus estudos,
procura mostrar de que modo a sociedade é o produto da ação social dos
indivíduos.
O FENÓMENO BUROCRÁTICO (Michel Crozier)
Crozier revela os mecanismos organizacionais ocultos de duas
organizações públicas, a Agence Parienne des Cheques Postaux e a Seita. As
relações de poder surgem como o principal elemento estrutural da organização.
Para Crozier, na Seita o conflito recorrente entre operários de produção e
operários de manutenção se enraíza no domínio da zona de incerteza que as
avarias mecânicas constituem. Crozier, mostra igualmente a forma como a
centralização e a multiplicação dos viciosos burocráticos, que tornam a
organização rígida e bloqueiam toda a capacidade de evolução e adaptação.
Para Michel Crozier, são mais as elites do que as sociedades que estão
bloqueadas. Os dirigentes continuam a pensar que as reformas se impõem a
partir de cima. É preciso aprender a dirigir de maneira diferente: não se pode
mudar a sociedade sem ela.
A CORRENTE SOCIOLÓGICA DE PIERRE BOURDIEU
O estruturalismo genético, Bourdieu define que é a análise das
estruturas objetivas dos diferentes campos - é inseparável da análise da
gênese, no seio dos indivíduos biológicos, das estruturas mentais que são em
parte, o produto da incorporação das estruturas sociais e da análise da gênese
destas próprias estruturas sociais.
O autor também fala de estruturalismo construtivista: afirma que
existem, no próprio mundo social, e não apenas nos sistemas simbólicos,
linguagem, mitos, etc., estruturas objetivas, independentes da consciência e da
vontade dos agentes, que são capazes de orientar ou de comandar as práticas
ou as representações destes agentes. Por "construtivismo", quero dizer que há
uma gênese social, por um lado dos esquemas de percepção, pensamento e
ação. Por outro lado, das estruturas sociais.
A filiação teórica
Nesta abordagem, Bourdieu afirma que a maior parte das ações humanas
deriva de um senso prático das coisas. As práticas ocorrem em arenas de
conflito estruturadas chamadas de campos, conecta ação do habitus às
estruturas de estratificação do poder na sociedade moderna. Bourdieu
conceituou a sociedade moderna como um arranjo de campos, estruturalmente
homólogos e relativamente autónomos, de produção, circulação e consumo de
várias formas de recursos culturais e materiais. As práticas originam-se da
interseção entre habitus e campo. Os campos, portanto, mediam a relação
entre estrutura social e prática cultural.
Por fim, Bourdieu pensou a prática da sociologia em termos de uma
´´socio análise´´, em que o sociólogo está para o ´´inconsciente social´´ da
sociedade. Que consiste de interesses não reconhecidos que os atores
seguem na medida em que participam de uma ordem social marcada pela
desigualdade.
GEORGES HOMANS
Homens parte de cinco estudos já existentes sobre pequenos grupos, usou seu
esquema conceptual de acções, interações, sentimentos e normas. A partir
dessas análises, Homans desenvolveu generalizações. Sugeriu que frequência
de interação entre as pessoas reforça os sentimentos de ligação entre elas e
que quanto mais próximas em termos de posição social, mais irão interagir.
Homens entendia que o comportamento humano devia ser explicado por
regularidades psicológicas que, segundo ele, eram em larga medida invariáveis
ao longo das culturas e sociedades.
SOCIOLOGIA INGLESA