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HISTÓRIA DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO CONTEMPORÂNEO II

Teorias sociológicas
Positivismo
O positivismo defende que a ciência deve preocupar-se apenas com
factos observáveis que ressaltam diretamente da experiência. A abordagem
positivista da sociologia procura produzir conhecimentos acerca da sociedade
baseando-se em dados empíricos obtidos através da observação, da
comparação e da experimentação.
As leis dos três estádios de Comte
A lei dos três estádios de Comte postula que as tentativas humanas para
compreender o mundo passaram pelos estádios teológico, metafisico e
positivo.
1- No estádio teológico, o pensamento era guiado pelas ideias religiosas e
pelas crenças de que a sociedade era uma expressão da vontade de
Deus.
2- No estádio metafísico, que se afirmou pela época do renascimento, a
sociedade começou a ser vista em termos naturais e não sobrenaturais.
3- O estádio positivo, foi desencadeado pelas descobertas e os feitos de
Copérnico, Galileu e Newton, encorajou a aplicação de técnicas
cientificas ao mundo social.
Funcionalismo
O funcionalismo defende que a sociedade é um sistema complexo cujas
partes se conjugam para produzir estabilidade e solidariedade. Segundo esta
perspectiva, a sociologia deve investigar o relacionamento das partes da
sociedade entre si e para com a sociedade como um todo.
Exemplo: crenças religiosas, costumes de uma sociedade, etc.
Teorias de conflito
As perspectivas do conflito, sublinham a importância das estruturas na
sociedade, das divisões sociais e centram a análise em questões de poder,
desigualdade e luta. Tendem a ver a sociedade como algo composto por
diferentes grupos que lutam pelos interesses próprios. A existência desta
diferença de diferenças significa que o potencial para o conflito está sempre
presente e que determinados grupos irão beneficiar disso mais do que outros.
Os teóricos do conflito analisam as tensões existentes entre grupos dominantes
e desfavorecidos da sociedade, procurando compreender como se
estabelecem e perpetuam relações do controlo.
Interacionismo simbólico
Esta perspectiva nasce de uma preocupação com a linguagem e o
sentido. Mead defende que a linguagem permite que nos tornemos seres
autoconscientes, cientes da nossa própria individualidade e capazes de nos
vermos do exterior, como os outros nos veem. Neste processo, o elemento-
chave reside no símbolo. As palavras que usamos para aludir a determinados
objetos são, na verdade, símbolos que representam o que queremos transmitir.
O interacionismo simbólico dirige a nossa atenção para os detalhes da
interação interpessoal, e para a forma, esses detalhes são usados para conferir
sentido ao que os outros fazem e dizem.
Teoria de ação comunicativa de Jurgen Habermas
Segundo Habermas, ação comunicativa é considerada nos termos de uma
interação que se constitui na base de regras alicerçadas na comunicação
linguística; daí o interesse perante os modelos universais da ação que
estruturam a comunicação linguística como um conjunto de dizer e fazer.
A CRISE DOS PARADIGMAS NA SOCIOLOGIA
Problemas de explicação
A crise da sociologia pode ser real ou imaginária, fala-se na
decomposição dos modelos clássicos e na obsolescência de noções como as
de sociedade, comunidade, capitalismo, divisão do trabalho social,
consciência coletiva, classe social, consciência de classe, nação,
revolução. Critica-se a abordagem histórica globalizante ou holística e
preconiza-se fenomenológica, hermenêutica do individualismo metodológico.
Considera-se que os conceitos formulados pelos clássicos já não
respondem as novas realidades. Agora, o objeto da sociologia deveria ser o
indivíduo, o ator social, ação social, diferença, quotidiano...
Nesta divergência, os autores da sociologia contemporânea, uns se
colocam radicalmente a favor de novos paradigmas. Outros propõem
renovações ou desenvolvimento dos clássicos incorporando-se contribuições
contemporâneas. Há os que reconhecem que a criação de novos paradigmas
não implica necessariamente desqualificação dos outros.
No conjunto, discutem-se problemas relacionados aos métodos tanto
quanto ao objeto da sociologia. Discutem-se a indução quantitativa e qualitativa
contrapondo das partes com o todo, a dinâmica e a estabilidade social, ao
indivíduo e sociedade, ao objetivo e subjetivo. Formula-se novas teorias
sociológicas, tais como: estruturalismo, neofuncionalismo, estrutural
funcionalismo, fenomenologia, etnomedologia, hermenêutica, sociologia
da ação ou accionalimo, individualismo metodológico e outras.
As controvérsias sobre o seu objeto e métodos são permanentes. Dizem
respeito às exigências da produção intelectual; com a singularidade de que a
sociologia é uma ciência que sempre se pensa, ao mesmo tempo em que se
realiza, desenvolve enfrenta impasses, reorienta. Talvez mais do que outras
ciências sociais, ela se pensa de modo contínuo, criticamente. Há uma espécie
de sociologia da sociologia em toda produção de maior envergadura.
Gurvitch (1986) perguntou certa vez se a Sociologia fez outra coisa senão
passar por crises, e disse que algumas delas colocaram questões básicas
como:
´´crise das relações entre a filosofia da história e sociologia, crise da
procura do fator predominante; crise do evolucionismo; crise do
racionalismo social; crise da compreensão que rejeita a explicação; crise
do formalismo; crise da psicologismo à Pareto, à Freud e mais tarde a
Moreno; crise da relação entre a teoria sociológica e a investigação
empírica em sociologia. Todas as crises em sociologia
independentemente da sua correspondência com as crises sociais às
quais serviam de réplicas, sempre se reportarem ao problema da
explicação´´.

Teoria e paradigma
Há momentos lógicos da reflexão sociológica, sem os quais o ensino e a
pesquisa contemporânea dificilmente poderiam se desenvolver. Estes são
alguns desses momentos: aparência e essência, parte e todo, singular e
universal, sincrônico e diacrônico, histórico e lógico, passado e presente,
sujeito e objeto, teoria e prática. Um dos requisitos lógicos fundamentais da
interpretação na sociologia diz respeito á historicidade do social. O contraponto
passado e presente é essencial, se se trata de explicar ou compreender a
realidade social. Toda interpretação que perde, minimiza ou empobrece o
momento do real, sacrifica uma dimensão básica desse mesmo real. Esta é
uma questão importante do pensamento sociológico e das outras ciências
sociais. A realidade social é um objeto em movimento. As suas configurações
estáveis, normais, estáticas, sincrônicas representam momentos, sistemas,
estruturas da mudança, dinâmica, modificação, transformação, historicidade
etc.
Uma parte da controvérsia sobre paradigmas clássicos e contemporâneos
passa pelo problema da historicidade da realidade social. Entre os
contemporâneos, são frequentes as propostas teóricas que simplesmente
abandonam ou empobrecem a perspectiva histórica.
A ideia-chave dessa teoria, é o ponto de vista de que para toda a
sociedade existe certo número limitado de actividades necessárias, ou funções
tais como obtenção de alimento, o adestramento da próxima geração etc. e um
número igualmente limitado de estruturas ou maneiras pelas quais a sociedade
pode ser organizada para realizar essas funções.
SOCIOLOGIA FRANCESA
Tendências gerais da sociologia francesa no século XX e primeiro
decénio do XXI.

 Antecedentes históricos: Comte, Durkheim, escola francesa de


sociologia
 SOCIOLOGIA GURVITCHIANA
 OS CINCO PRINCÍPIOS DE GURVITCHI
1) O pluralismo
A noção de pluralismo implica admitir que não existe apenas uma única
via de análise de uma situação, uma teoria válida para todos os tempos, uma
só maneira de apreender a realidade social. O pluralismo implica a
necessidade de construir um grande número de tipologia e múltiplos quadros. A
sociologia profunda, ou representação vertical da realidade.
2) A sociedade dialética
Gurvitch acredita na ideia de Marx e Hegel, e identifica cinco dialéticas: de
complementaridade, de ambiguidade, de implicação e de influência mútua, de
reciprocidade de perspectiva e de polarização.
3) A sociologia profunda
Nesta abordagem, Gurvitch afirma que sob a superfície das manifestações
organizadas, regularizadas da vida social, por trás das máscaras dos papeis
sociais e das atitudes coletivas existem outras realidades que ninguém
consegue perceber, mas que constituem também importantes aspectos de
cada grupo social, de cada ligação social.
4) A Sociologia da totalidade
Para Gurvitch, o fenômeno total exige que todo e qualquer aspecto da
vida social seja visto no contexto da realidade social como um todo, de modo a
evitar os perigos redutores do culturalismo abstrato, do sociologismo ou do
psicologismo. Levar em consideração todos os níveis de realidade social e
aplicar o método tipológico. A realidade social, é diferenciada ao longo de dois
eixos principais: horizontal e vertical que correspondem a tipos sociais.
A descontinuidade da mudança
A sociologia gurvitchiana põe ênfase sobre o carácter descontínuo da vida
social. Os quadros sociais em que os fenómenos sociais totais se encontram
incorporados são, de ponto de vista sociológico, sempre descontínuos. A
história põe evidência a sua continuidade. Quanto a sociologia, esta considera
a descontinuidade na continuidade.
O INDIVIDUALISMO METODOLÓGICO (Raymond Boudon)

 O indivíduo no centro
Segundo Raymond Boundon, a noção individualismo implica dizer que
para explicar um fenómeno social, é necessário descobrir suas causas
individuais, compreender as razões que levam os atores sociais fazer o que
fazem ou acreditar no que acreditam. Ou seja, fazer dele a consequência de
acções individuais. Para ele, só é possível compreender o facto social a partir
das intenções dos atores. Esta atitude permite interpretar processos
macrossociológicos como por exemplo, as desigualdades escolares.
Uma análise da racionalidade
Nesta abordagem, Boudon diz que, para compreender as lógicas dos
comportamentos dos indivíduos, é preciso ter acesso ao seu raciocínio. Para
perceber a atitude do indivíduo, Boudon preferiu usar o termo «accionismo»
invés de «individualismo metodológico». Boudon, demonstra que muitos
comportamentos ditos irracionais se explicam pelos motivos que levam as
pessoas a agir desta ou aquela maneira. Boudon tenta compreender os
mecanismos cognitivos que se escondem detrás dessas boas razões, como a
crença, erros de interpretação, percepção deficiente. Demonstra também que a
adesão de indivíduos racionais a uma ideologia, mesmo a mais absurda, é
explicável por certo número de fenómenos: efeitos de posição, de disposição e
de comunicação.
O facto social como um agregado
Na perspectiva do individualismo metodológico, o jogo social, é um
resultante da agregação dos comportamentos individuais. Por exemplo, quando
milhares de indivíduos partem para férias ao mesmo tempo, isso resulta na
formação de engarrafamentos que podem tornar-se um sistema de ação.
Boudon chama estes processos de efeitos emergentes. E estabelece uma
tipologia aplicável, efeito de aplicação, de contradição, de neutralização, etc. e
desenvolve a análise dos ‘’efeitos perversos’’ ou dos fenómenos que resultam
da justaposição dos comportamentos individuais sem serem incluídos nos
objetivos procurados pelos atores.
Desigualdades escolares: domínio ou escolha racional?
Bourdieu e Passeron, explicam que a escola reproduz as desigualdades
sociais através dos métodos e dos conteúdos de ensino, que privilegiam
implicitamente uma forma de cultura própria das classes dominantes.
Bourdieu e Passeron, denunciam uma legitimação das desigualdades,
pois a escola esconde por trás um discurso sobre igualdade de oportunidades,
processos de seleção social que conduzem à justificação dessas
desigualdades com a sanção do diploma escolar.
Ora, Raymond Boudon recusa a tese determinista dos dois autores, que
despunham que os indivíduos agem em função de «disposições» sociais que
inconscientemente «integraram» na infância e que orientam os seus
comportamentos. Do seu ponto de vista, as desigualdades sociais observadas
nos percursos escolares são o resultado da justaposição de estratégias
divergentes, adotadas conscientemente pelas famílias em função das
informações em que dispõem e da sua maneira de avaliar as vantagens e os
custos de continuação dos estudos.
TEORIA DA AÇÃO
Da análise dos movimentos sociais
(ALAIN TOURAINE)
A partir da análise do movimento dos operários, Touraine cria uma teoria
geral dos movimentos sociais e uma visão global da sociedade, na qual os
atores coletivos procuram impor o seu projeto, a que chama «historicidade».
Touraine regista o facto de que a sociedade industrial está em via de dar lugar
a uma nova sociedade; a sociedade pós-industrial. O movimento operário já
não é o grupo social central nessa sociedade. Touraine nos seus estudos,
procura mostrar de que modo a sociedade é o produto da ação social dos
indivíduos.
O FENÓMENO BUROCRÁTICO (Michel Crozier)
Crozier revela os mecanismos organizacionais ocultos de duas
organizações públicas, a Agence Parienne des Cheques Postaux e a Seita. As
relações de poder surgem como o principal elemento estrutural da organização.
Para Crozier, na Seita o conflito recorrente entre operários de produção e
operários de manutenção se enraíza no domínio da zona de incerteza que as
avarias mecânicas constituem. Crozier, mostra igualmente a forma como a
centralização e a multiplicação dos viciosos burocráticos, que tornam a
organização rígida e bloqueiam toda a capacidade de evolução e adaptação.
Para Michel Crozier, são mais as elites do que as sociedades que estão
bloqueadas. Os dirigentes continuam a pensar que as reformas se impõem a
partir de cima. É preciso aprender a dirigir de maneira diferente: não se pode
mudar a sociedade sem ela.
A CORRENTE SOCIOLÓGICA DE PIERRE BOURDIEU
O estruturalismo genético, Bourdieu define que é a análise das
estruturas objetivas dos diferentes campos - é inseparável da análise da
gênese, no seio dos indivíduos biológicos, das estruturas mentais que são em
parte, o produto da incorporação das estruturas sociais e da análise da gênese
destas próprias estruturas sociais.
O autor também fala de estruturalismo construtivista: afirma que
existem, no próprio mundo social, e não apenas nos sistemas simbólicos,
linguagem, mitos, etc., estruturas objetivas, independentes da consciência e da
vontade dos agentes, que são capazes de orientar ou de comandar as práticas
ou as representações destes agentes. Por "construtivismo", quero dizer que há
uma gênese social, por um lado dos esquemas de percepção, pensamento e
ação. Por outro lado, das estruturas sociais.

A filiação teórica

P. Bourdieu afirma que quanto a mim, tenho relações muito pragmáticas


com os autores. Recorro a eles como a "companheiros", no sentido da tradição
artesanal, a quem se pode pedir uma ajuda nas situações difíceis. Os autores -
Marx, Durkheim, Weber, etc. - são referências que estruturam o nosso espaço
teórico e a nossa percepção deste espaço.

Teoria da prática: espaço/campo/habitus

Nesta abordagem, Bourdieu afirma que a maior parte das ações humanas
deriva de um senso prático das coisas. As práticas ocorrem em arenas de
conflito estruturadas chamadas de campos, conecta ação do habitus às
estruturas de estratificação do poder na sociedade moderna. Bourdieu
conceituou a sociedade moderna como um arranjo de campos, estruturalmente
homólogos e relativamente autónomos, de produção, circulação e consumo de
várias formas de recursos culturais e materiais. As práticas originam-se da
interseção entre habitus e campo. Os campos, portanto, mediam a relação
entre estrutura social e prática cultural.
Por fim, Bourdieu pensou a prática da sociologia em termos de uma
´´socio análise´´, em que o sociólogo está para o ´´inconsciente social´´ da
sociedade. Que consiste de interesses não reconhecidos que os atores
seguem na medida em que participam de uma ordem social marcada pela
desigualdade.

A Violência (simbólica) na escola


(Uma análise de Bourdieu)
Bourdieu nas suas análises sociológicas, afirma que dos 35% da
população ativa, 10% são filhos dos operários, o que significa que estão
largamente sub-apresentados. O comportamento e a relação com a instituição
são também muito diferentes consoante a origem. Os estudantes burgueses
consideram-se dotados: exibem uma desenvoltura e um desprezo pelas
técnicas mais escolares. Têm um «segurança estatuaria», que é um habitus de
classe. Com efeito, a cultura valorizada pela instituição é-lhes familiar porque é
a do seu meio social. Os alunos da classe medias e os populares têm um
comportamento esforçado, porque acreditam que a escola lhes pode dar
sucesso escolar. Quanto aos docentes, são cúmplices deste sistema: valorizam
a «ideologia do dom» e o trabalho brilhante. A cultura universitária é, pois, uma
herança para uns e uma aprendizagem para outros.
Bourdieu ironicamente continua com o seu discurso, diz ele que a escola
não é a única instituição que produz violência simbólica. O sistema político é
analisado numa perspectiva análoga. Existem um «ilusionismo» democrático
segundo o qual toda gente teria o mesmo direito de opinião e de expressão. Na
realidade isso não acontece por várias sociedades constituindo uma violência
simbólica social.
SOCIOLOGIA DA COMPLEXIDADE

 DA SOCIOLOGIA AO PENSAMENTO COMPLEXO.


 A MORTE, O CINEMA, E O IMAGINÁRIO.
 O HOMEM E A MORTE.
(Edgar Morin)
Na perspectiva do HOMEM E A MORTE, Morin afirma que o homem
partilha com todos os seres vivos o facto de ser mortal. Porque a vida e morte
estão indispensavelmente ligados. Os homens tomam consciência da sua
morte, mas sobretudo recusam-se dela.
Os homens desenvolveram ideias desde o princípio da humanidade
baseada em crenças, mitos, destinados a negar a morte individual. Estas
crenças tomaram várias formas: da reencarnação, a da sobrevivência do morto
no além (nas religiões arcaicas), a da ressurreição (no Cristianismo), a do
nirvana (no hinduísmo), que é uma forma de fusão cósmica ‘’para além da
morte’’.
Em todos os tempos e em todos os lugares, o ser humano recusa a sua
condição de mortal. O seu espírito opõe-se à sua natureza biológica. Ele faz-se
de anjo, mas o seu corpo faz de animal, apodrece e desintegra-se como de um
animal. Os mitos relativos à morte têm uma dupla natureza. São ao mesmo
tempo tomada de consciência duma morte que mete medo e recusa em admitir
essa realidade.
A SOCIOLOGIA DA COMPLEXIDADE
Nesta perspectiva Morin defende a ideia de pensar no indivíduo e a
sociedade segundo uma interação permanente; o duplo rosto homo-sapies-
homo demes do humano.
 O seu projeto fundamental visa criar ferramentas mentais indispensáveis
para compreender a irredutível complexidade dos assuntos humanos;
 Pensar a articulação entre o sujeito e o objeto do conhecimento;
 Pensar a urdidura dos diversos fatores (biológicos, económicos, culturais,
psicológicos, etc.), que se combinam em qualquer fenómeno humano;
 Pensar os elos indissolúveis entre ordem e desordem;
 Abordar os fenómenos humanos tendo em conta as interações os
fenómenos de emergência e de auto-organização;
 Pensar o acontecimento no que ele tem de criador, de singular, de
irredutível.
SOCIOLOGIA DA SOCIOLOGIA
O pensamento complexo pressupõe que o observador seja incluído na
sua observação. O sociólogo nunca está em posição sobranceira em relação
ao objeto estudado, (preconceitos, medos, tabus, conformismos, ódios), o
sociólogo deve ter consciência disso.
O PARADIGMA PERDIDO
Esta abordagem repousa na ideia da natureza e cultura: Morin afirma que
a chave da cultura está na nossa natureza e a chave da nossa natureza está
na cultura. Resulta uma visão do mundo social onde ordem e desordem se
misturam, onde as ações individuais e os acontecimentos são ao mesmo
tempo produtos e produtores da dinâmica social, onde os fenómenos de
emergência e de bifurcação vêm quebrar as regularidades da ordem social.
SOCIOLOGIA DA EXPERIÊNCIA (François Dubet)
Em Sociologia da Experiência, François Dubet elabora um enunciado com
três pontos fundamentais:

 segundo ele, o ator e o sistema são duas vertentes de uma mesma


realidade; o ator é a interiorização do sistema.
 Nesta visão, o indivíduo é totalmente socializado. Esta socialização faz
que ele aja de forma autónoma, que tenha interiorizado as normas do
sistema.
 A sociedade existe, é um sistema identificável com um estado-nação
capaz de assegurar a sua integração.
Segundo François Dubet, a ideia de sociedade está desfeita. Assistimos a
uma separação entre diversas lógicas: estatal, econômica, cultural, política.
Depois, essa espécie de «humanismo social» da sociologia clássica foi posta
em causa por duas correntes de pensamento. A primeira, denuncia a
autonomia do indivíduo como uma ilusão e uma alienação. A outra é a
denúncia do «individualismo narcísico». Por fim, o postulado da identidade
do ator e do sistema decompõe-se em duas vertentes: em primeiro lugar,
uma visão da sociedade como um teatro de interações. Em segundo
lugar, uma corrente «racionalista» que funciona sobre o paradigma da
economia clássica e do interesse.
Dubet, define experiência social como a capacidade de combinar esses
diversos registos e de gerir as tensões que nascem dessa diversidade.
RETRATOS SOCIOLÓGICOS
EFEITOS DE ESCALA OU EFEITOS DE SOCIEDADE?
(Bernard Lahire)
Lahire nas suas abordagens sobre efeitos de escala e de sociedade,
levanta uma questão, afirma que se hoje o homem nos parece plural, podemos
perguntar-nos se esta mudança de visão se deve a razões históricas ligadas às
condições de socialização? Ou antes a razões científicas resultantes de efeitos
de observação?
Diz ele que a resposta é afirmativa em ambos os casos, por um lado, o
interesse dos investigadores pela constituição social do indivíduo, a escala do
indivíduo. Por outro lado, o mundo social, tal como ele é, leva cada vez mais a
adotar esta perspectiva.
Segundo ele, as ciências sociais começaram por se interessar pelos
grupos, pelas estruturas sociais, pelos contextos ou pelas interações. Depois
ocorreu um deslocamento para o estudo dos atores singulares. Pouco a pouco
mudou-se o foco do estatuto de «caso ilustrativo» para ilustrar as análises da
cultura de uma época, de um grupo, de uma classe ou de uma categoria,
passou-se ao estudo de caso singular enquanto tal.
De facto, Lahire encacha-se ao estudo do indivíduo não apenas como o
representante de um grupo, mas como o produto complexo e singular de
múltiplas experiências socializadoras. Acrescenta dizendo que a personalidade
e as atitudes de determinado indivíduo resultam do que ele é, aquilo em que
aprendeu na escola e na família, do seu trabalho, dos seus tempos livres, das
suas viagens, da sua vida associativa, religiosa, sentimental…é a introdução do
singular que obriga a ver a pluralidade: o singular é necessariamente plural.
A mudança de perspectiva está ligada, em segundo lugar, a uma evolução
do mundo social. Quantas diferenças, com efeito, entre as sociedades
tradicionais e as sociedades contemporâneas. Nas primeiras (a tribo ou aldeia),
cada um pode exercer um controlo sobre o outro. A divisão do trabalho e a
diferenciação das funções sociais e das áreas de atividade estão pouco
avançadas: os domínios de atividade económica, política, jurídica, religiosa,
moral, cognitiva…interpretam-se ao longo de toda sua vida, os atores estão
submetidos a condições estáveis. Não têm escolha entre modelos de
socialização diferentes, concorrentes, contraditórios.
Em contrapartida, nas sociedades contemporâneas, as áreas de atividade,
as instituições, os produtos culturais e os modelos sociais são fortemente
diferenciadas e as condições de socialização são muito menos estáveis. Chega
a suceder que um indivíduo esteja inserido em redes ou instituições que
transmitem valores e modelos que se opõem radicalmente uns aos outros.
Entre a família, a escola, os grupos de amigos, os clubes ou associações, as
mídias, etc. as crianças são cada vez mais confrontadas com situações
discordantes e concorrentes.
Pluralidade dos contextos, pluralidade dos hábitos
Lahire aponta dois períodos de socialização: primária (essencialmente a
família) e “secundários” (escola, grupo de colegas, trabalho, etc.). A criança
incorpora uma série de experiências sociais na maior dependência sócio
afetiva em relação aos adultos. Todavia ela conduz muitas vezes à
representação do percurso individual como uma passagem do homogéneo
(família) ao heterogéneo (escola, trabalho, as redes de amigos).
Socializações múltiplas e angústias individuais
Para Lahire os comportamentos do ator nunca são inteiramente
previsíveis. É impossível prever o aparecimento de um comportamento social
como se prediz a queda dos corpos a partir da lei universal da gravidade. Esta
situação é o resultado da combinação de dois elementos: por um lado, a
impossibilidade de reduzir um contexto social a uma série limitada de
parâmetros pertinentes, como no caso das experiências físicas ou químicas;
por outro lado, a pluralidade interna dos atores.
Lahire, explica que cada um de nós tem uma multiplicidade de tendências
que nem sempre têm a oportunidade de se manifestar: é por esta razão que
temos por vezes a impressão de viver um desajustamento pessoal com o
mundo social. Sentimentos de solidão, de incompreensão, de frustração, são
os resultados dessa inevitável divergência entre o que a sociedade nos permite
«exprimir» num dado momento e aquilo que ela pôs em nós ao longo da nossa
socialização.
O autor diz ainda que noutros casos, é a incapacidade de adaptar uma
parte das disposições incorporadas ao longo do percurso individual que está na
origem dos problemas. As pessoas que, por ocasião de uma ascensão social,
passam subitamente do universo operário ao mundo burguês, são muitas
vezes vítimas de um conflito interno central, que organiza- e atrapalha- cada
momento da sua existência.
A SOCOLOGIA AMERICANA CONTEMPORÂNEA

 Talcott Parsons e a grande teoria


 As normas e os valores
Segundo Parsons, a acção social é tendencialmente coerente com os
significados que o sujeito agente (seja ele um individuo singular ou um grupo,
uma comunidade, uma organização, uma civilização inteira)extrai da própria
relação com o mundo exterior e que se desenvolve num quadro de regras,
normas e valores (isto é no seio de uma cultura). «Lúcia Demartis»
A sociedade como sistema
Parsons, estabelece quatros funções da sociedade:
1) A adaptação ao meio, que assegura a sobrevivência da sociedade;
2) A prossecução de objetivos, pois um sistema só funciona se estiver
orientado para um fim;
3) A integração dos membros no grupo;
4) A manutenção dos modelos e das normas.
A cada uma destas funções, corresponde a um subsistema:
a) Subsistema económico, visa a adaptação;
b) Subsistema político, compete a definição de fins;
c) Subsistema cultural (religião, escola) compete a definição e a manutenção
das normas e dos valores;
d) Subsistema social, compete a interação social.
A SOCIOLOGIA DE ROBERT KING MERTON
As teorias de médio alcance (funcionalismo)
Merton Define o funcionalismo começando com os exemplos de Spencer,
segundo ele, assim como os órgãos do corpo humano têm uma «função
biológica», a análise funcional consiste em relacionar cada instituição com
uma determinada função social. Podemos dizer que a família tem a função
de reprodução e de socialização, e o estado assume a função de manutenção
da ordem, etc.
Merton, Sublinha que uma instituição social pode ter funções latentes (não
conscientes) distintas dos seus motivos explícitos. No seu discurso, acrescenta
que é preciso ser muito prudente na utilização da noção «função». O autor
discorre com vários exemplos diz ele que, assim a prisão detém na nossa
sociedade vária funções: punir os criminosos, proteger a sociedade, etc.,
mas ela própria pode tornar-se um foco de criminalidade onde a cultura
do crime se reproduz. Merton, insiste nas suas abordagens e afirma que uma
prática social pode ser funcional de um ponto de vista e disfuncional do outro. É
preciso distinguir as «motivações conscientes» duma prática das suas
«consequências objetivas».
A construção de tipologia
Merton elabora um enunciado com cinco tipos de adaptação individual às
normas sociais:
1) A conformidade, (o indivíduo submete-se às expectativas do grupo);
2) A inovação, (o indivíduo aceita os valores do grupo, mas não faz suas as
normas sociais e os procedimentos habituais);
3) O ritualismo, (o indivíduo fixa-se num dado modo de comportamento);
4) A evasão, (o indivíduo vive à margem da sociedade);
5) A rebelião, (o indivíduo contesta e combate as normas sociais).
Merton e a sociologia das ciências
Merton apresenta quatro princípios científicos nas ciências sociais:
1) O universalismo, segundo o qual os conhecimentos científicos são
independentes dos atributos dos indivíduos, das suas opiniões, da sua
cultura, da sua nacionalidade ou religião.
2) O comunalismo, que defende a ideia da partilha do saber no seio duma
comunidade;
3) O desinteresse, que pressupõe que o cientista trabalhe pelo conhecimento
puro e que seja íntegro e honesto relativamente aos resultados que
apresenta;
4) O ceticismo organizado, que adota uma atitude de crítica e de dúvida,
favorável ao progresso do conhecimento.
O DESENVOLVIMENTO DA SOCIOLOGIA INTERACCIONISTA
Compreender a dinâmica das trocas
Os interacionistas postulam que o facto social não é um dado, mas um
processo que se constrói no quadro de situações concretas. É na dinâmica das
trocas entre as pessoas (interações) e através do sentido que os indivíduos
conferem a sua ação (donde o qualificativo de simbólico) que é possível captar
a essência do jogo social.
Os interacionistas defendem o processo etnográfico. É, pois, pela
observação direta que reconstituem as suas análises, rompendo com a
abordagem dominante da época, baseada numa metodologia quantitativa e
formal (estatísticas questionários…).
Erving Goffman e a dramaturgia do quotidiano
Para Goffman, as interações frente-a-frente constituem a trama do social.
Ora, o processo de interação social entre duas pessoas é frágil, por isso é
regulado por «rituais de interação» regras de educação, tomar palavra que
permitem aos indivíduos «fazer boa figura». Goffman afirma que a vida social é
uma espécie de teatro onde toda a gente desempenha papéis e deve fingir que
leva a sério os papéis dos outros, sob pena de ficar malvisto. Goffman explica
que o indivíduo sai de cena (o escritório ou dos uma festa mundana) para voltar
aos «bastidores» (a sua casa ou dos amigos) pode então diminuir o controlo
sobre a sua conduta (dizer grosserias ou exprimir o que pensa dos colegas).
O MUNDO COMO UM TEATRO (ERVING GOFFMAN)
A análise das interações sociais
Para Goffman, a interação social é vista como um sistema pelo qual se
funda a cultura. Esse sistema possui normas e mecanismos de regulação. Os
ritos de boa educação, as conversas, tudo o que constitui a trama das relações
quotidianas. É o caso da «obrigação», regra social que estipula que qualquer
pessoa que participe numa conversa com outra deve manifestar um
empenhamento suficiente nessa atividade. Goffman explica que «enquanto
foco de atenção principal, a conversa tem um carácter único, porque cria para
aquele que nela participa um mundo e uma realidade em que outros participam
igualmente».
Goffman na sua abordagem diz que os «rituais de interações» são
ocasionais de afirmar a ordem moral e social. Num encontro cada ator procura
transmitir uma boa imagem de si próprio, a «face» ou «valor social positivo que
uma pessoa reivindica através da linha de ação que os outros supõem que ela
adotou no decorrer de um contato particular». Para terminar, o autor afirma que
um dos pontos essenciais da interação é «fazer boa figura» (não ficar
malvisto).
WRIGHT MILLS E A IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA
Mills, define a imaginação sociológica como a capacidade de reflectir
sobre si mesmo como livre dos hábitos e comportamentos familiares que com o
tempo tomaram aos nossos olhos. Por outro lado, a imaginação sociológica
é a ideia de que o indivíduo só pode compreender sua própria experiência e
avaliar seu próprio destino localizando-se dentro de seu período; só pode
conhecer suas possibilidades na vida tomando consciência das possibilidades
de todas as pessoas, nas mesmas circunstâncias em que ele. Por último, Mills
afirma que a imaginação sociológica nos permite compreender a história e a
biografia e as relações entre ambas dentro da sociedade.
O interacionismo simbólico
Howard s. Becker- outsiders (estudo sobre usuários de maconha)

Segundo a pesquisa feita pelo Becker sobre usuários de maconha, o seu


ponto de vista postula-se que uma dada situação é o resultado de interações
entre diferentes agentes. Compreender essa situação, é preciso ter em conta o
conjunto das partes que, de perto ou de longe nela estão envolvidas.

Assim, para estudar os comportamentos considerados desviantes, não se


deve partir apenas das estatísticas e dos dados oficiais. É preciso também ter
em conta aqueles que impõem as normas ou formulam as acusações,
mostrando como um indivíduo ou um grupo de indivíduos acaba por transgredir
aquela norma ou ser rotulado de desviante.

Becker identificou três estágios principais no envolvimento com a maconha:


1- Primeiro, aprender a técnica de fumar a erva;
2- Segundo aprender a perceber os efeitos da droga;
3- Por último, interpretar os efeitos como prazerosos.

GEORGES HOMANS

Homens parte de cinco estudos já existentes sobre pequenos grupos, usou seu
esquema conceptual de acções, interações, sentimentos e normas. A partir
dessas análises, Homans desenvolveu generalizações. Sugeriu que frequência
de interação entre as pessoas reforça os sentimentos de ligação entre elas e
que quanto mais próximas em termos de posição social, mais irão interagir.
Homens entendia que o comportamento humano devia ser explicado por
regularidades psicológicas que, segundo ele, eram em larga medida invariáveis
ao longo das culturas e sociedades.

Na teoria das trocas, Homans defende que a interação social é concebida


como uma troca de serviços amplamente definidos. Contudo, a troca sugere
uma analogia econômica.

SOCIOLOGIA INGLESA

ANTHONY GIDDENS E A TEORIA DA ESTRUTURAÇÃO


Giddens argumenta que o dualismo agência/estrutura pode ser superado
apenas pelo trabalho intelectual de sintetizar reflexões perspicazes a partir de
uma variedade de perspectivas defeituosas. Isso envolve uma reformulação de
léxico de conceitos sociológicos. Para Giddens, as aplicações teóricas
anteriores do termo estrutura das quais as mais significativas são encontradas
no funcionalismo e no marxismo, tendiam definir estrutura como um conjunto
de relações sociais padronizadas e causalmente eficazes que não apenas são
externas à agência humana como também a limitam.
Para Giddens, estrutura e agência são dois lados de uma mesma moeda,
ligados por meio das práticas sociais. São dimensões inseparáveis do jorro de
atividades de que os indivíduos participam durante o curso de seu dia-a-dia.
Giddens entende que as estruturas existem de regras e recursos.
A SOCIOLOGIA ALEMÃ

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