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CURSO DE 2ª FASE PENAL
XXII EXAME DE ORDEM
Aula 06
Continuação do check-list das preliminares.
OBSERVAÇÃO
PPP = prescrição da pretensão punitiva (pela pena em abstrato)
PI = prescrição intercorrente ou processual, que ocorre durante o curso do processo (pela pena em abstrato)
PPE = prescrição da pretensão executória (após o trânsito em julgado, pela pena em concreto)
Ainda em relação à prescrição, deve-se ter cuidado com as hipóteses em que o prazo prescricional é reduzido pela
metade, nos termos do art. 115 do Código Penal. Como no caso de o réu ser menor de 21 anos a data do crime ou
maior de 70 anos de idade na data da sentença.
Lembrando que, segundo atual posicionamento jurisprudencial, o Estatuto do Idoso NÃO alterou o prazo prescrici-
onal previsto no art. 115 do CP, razão pela qual ainda prevalece que o réu deverá ter 70 anos de idade na data da
sentença para poder se beneficiar da redução do prazo prescricional.
OBSERVAÇÃO
A prescrição, via de regra, tem sua contagem iniciada na data do fato (data da consumação do crime), contudo,
devemos estar atentos às seguintes hipóteses:
• Tentativa: do dia em que cessou a tentativa, ou seja, da data do último ato de execução.
• Crimes permanentes: do dia em que cessou a permanência. Se cessar após o recebimento da denúncia ou
após a data da prisão do agente, o dies a quo será a data do recebimento da inicial ou da prisão, respectiva-
mente.
• Crimes continuados: trata-se de ficção jurídica de crime único, não havendo termo inicial de contagem do
prazo para cada crime, o que interessa é o último ato.
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• Crimes qualificados pelo resultado: do dia em que se produziu o resultado mais grave.
• Crimes de bigamia e falsificação do registro civil: do dia em que o fato se tornou conhecido pela autoridade.
• Crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes: da data em que a vítima completar 18 (dezoito)
anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta ação penal, aos crimes cometidos após a entrada da Lei
nº 12.650/12.
I – Incompetência, suspeição e suborno: A alegação deste tipo de nulidade está intimamente ligada ao assunto
“Exceções”, previsto no art. 95 do CPP. Ela é uma peça processual a ser usada quando a peça acusatória deveria
ter sido rejeitada, mas foi recebida. Vamos supor que existia uma falha técnica da ação, porém mesmo sendo caso
de rejeição liminar, o juiz acaba recebendo a denúncia ou queixa. Neste caso, será cabível a exceção prevista no
art. 95 CPP, pois houve falha no recebimento da peça acusatória.
Atenção!
Como visto em aula, o endereçamento NÃO é o lugar para discutir a incompetência do juízo.
OBSERVAÇÃO
A regra é que as matérias das exceções sejam apresentadas de forma apartada e ANTES da resposta à acusação
ou SIMULTANEAMENTE a esta.
Entretanto, como a peça de exceções dificilmente será cobrada de forma isolada em uma questão prática da
OAB, vem se admitindo a alegação de toda a matéria das exceções na própria resposta à acusação e em sede
de preliminar.
Vale lembrar que o rol das exceções é TAXATIVO. Regra geral, existindo uma das hipóteses do art. 95 será
cabível a exceção, porém se não for qualquer das hipóteses do art. 95 não caberão exceções.
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• Ilegitimidade da parte – peremptória
a) Suspeição e impedimento (art. 252 e 254 do CPP): O STF já se manifestou no sentido de que o tratamento
processual do reconhecimento das suspeições será o mesmo na hora que identificar o impedimento. Isso não está
previsto na lei, é jurisprudencial.
A suspeição vai se manifestar quando, no caso concreto, tiver alguma circunstância que irá abalar, principalmente,
a imparcialidade do magistrado.
O impedimento é notório, taxativo. Além disso, a exceção de suspeição ou impedimento pode ser alegada contra
os demais serventuários da justiça.
Ex. Juiz e MP ambos casados com parceiros diferentes, foram pegos na praia tomando uma cerveja juntos, mesmo
que nada exista entre eles é colocada em suspeição a imparcialidade do julgamento.
b) Incompetência do juízo: Importante destacar que na hipótese de incompetência do juízo, muitas vezes, as
questões trazem as competências da Justiça Federal, art. 109, incisos IV, V, V-A, VI, VII, IX, X, XI da Constituição
Federal.
I – os crimes políticos, previstos na Lei nº 7170\83;
II – as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades
autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da
Justiça Eleitoral;
Ex. Estelionato previdenciário praticado contra o INSS, ele está no art. 171, parágrafo 3º, do CP, havendo o aumento
de pena de 1/3. Neste sentido temos a Súmula 24 do STJ.
Ex.2: Falsificação de moeda é crime sujeito à justiça federal, pois toda emissão de papel moeda é de competência
da justiça federal.
Ex.3: Crimes contra o sistema financeiro.
Ex.4: Crimes praticado em detrimento de carteiro da EBCT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), no exer-
cício de suas funções. Neste sentido, temos:
"[...] 2. "De acordo com a jurisprudência deste Sodalício e do Supremo Tribunal Federal, o crime de roubo
praticado contra carteiro da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, no exercício de suas funções, atrai
a competência da Justiça Federal para o processo e julgamento da ação penal, nos termos do artigo 109, inciso
IV, da Constituição Federal." [...]" (STJ, HC 314.683/SP, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, 6ª Turma, DJe 15/03/2016)
III – os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado
tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
Tem os crimes transnacionais que são aqueles que começam a execução em um país e termina em outro, ele se
inicia dentro ou fora do Brasil e deve terminar fora ou dentro do Brasil.
Ex. Tráfico internacional de seres humanos.
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Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de asse-
gurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil
seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
VI – crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, nos casos previstos na Lei nº 7492\86;
Todos os crimes contra o sistema financeiro nacional (Lei 7.492/86) são de competência da justiça federal, por
expressa disposição do art. 26 da referida lei, sendo a ação penal pública incondicionada intentada pelo Ministério
Público federal perante a justiça federal.
Nos crimes contra a Ordem Tributária a competência somente será da justiça federal se houver ofensa à compe-
tência de tributo da UNIÃO, nos demais casos, se o tributo for estadual ou municipal a competência será da justiça
COMUM, como bem prevê o art. 1 a 3º da Lei nº 8.137/1990.
VII – os “habeas-corpus”, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autori-
dade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
VIII – os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
Deve-se levar em consideração apenas navios ou aeronaves de carga e passageiro de grande porte, capazes de
fazer viagens internacionais se necessário. Logo, não é todo e qualquer crime cometido a bordo de navios ou aero-
naves que será de competência da justiça federal.
NÃO é todo crime contra indígena que é da competência da justiça federal, apenas os crimes que ofendam interes-
ses coletivos ou difusos dos índios é que são da competência da justiça federal, se houver interesse individual de
indígena envolvido, neste caso a competência será da justiça estadual, conforme súmula 140 do STJ.
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OBSERVAÇÃO
► Justiça Federal – cabe processar e julgar crimes cometidos contra funcionários públicos federais, no exercício
de suas funções (Súmula 145 do STJ)
► Justiça Estadual – na regra geral, cabe processar e julgar crimes praticados por funcionários públicos fede-
rais, ainda que no exercício da função, caso estes crimes sejam da alçada estadual;
► Crimes contra a fauna – a competência dependerá do local em que foi praticado o crime; sendo área de
proteção ambiental da união, a competência será da Justiça Federal (Súmula 91 do STJ foi revogada).
► Tráfico de Drogas – regra geral será a competência da Justiça Estadual (Súmula 522 do STF)
► Crimes contra ou praticados por indígenas – regra geral será competente a Justiça Estadual (Súmula 140 do
STJ):
► Falsificação e uso de documento relativo à autarquia federal – competência será da justiça federal, ainda que
o documento seja utilizado em empresa ou instituição privada.
No caso de crimes políticos (Lei de Segurança Nacional – Lei nº 7170/1983), a competência será da Justiça
Federal e o 2º Grau de jurisdição será o STF, em recurso ordinário (CF, art. 102, II, b).
OBSERVAÇÃO
Competência do Tribunal do Júri - Compete julgar os crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados.
OBSERVAÇÃO
Prefeito pode ser julgado pelo TJ ou TRF a depender de o crime ser da alçada estadual ou federal, além disso,
o prefeito é julgado pelo Tribunal a que ele tiver o mandato, mesmo que o crime tenha sido cometido fora do
município a que ele tem mandato, nos termos da Súmula 702 do STF.
Ex. Prefeito – PE que comete homicídio contra fiscal do ministério do trabalho quando este estava fazendo
investigação do crime de redução à condição análoga de escravo, sendo julgado na justiça comum. Neste caso,
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entra-se com exceção de incompetência, pois o crime foi contra funcionário público federal em detrimento das
razões que ele exerce e a competência é da Justiça Federal.
OBSERVAÇÃO
A história do assalto ao Banco do Brasil e o processo está na Justiça Federal, caberá exceção de incompetência,
pois o Banco do Brasil é SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA e a competência é da JUSTIÇA ESTADUAL (Sú-
mula 42 do STJ).
OBS.: Se o crime for cometido contra a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL a competência será da JUSTIÇA FEDE-
RAL.
d) Exceção de ilegitimidade da parte: Ocorre quando a ação penal é mal feita, pois era para ter havido rejeição
liminar da denúncia em face da ilegitimidade da parte, mas a denúncia acabou sendo recebida, mesmo não tendo
a parte legitimidade para ingressar com a ação penal pública ou privada.
II – Ilegitimidade da parte
É outra nulidade que poderá ser arguida em sede de preliminar, sendo ela esclarecida no item anterior, quando da
abordagem do assunto exceção de ilegitimidade da parte.
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