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Nome: Cauã Vieira da Silva.

NUSP: 5939872
Turma: 24 Período: Noturno.

Thomas Hobbes

Leviatã

Este fichamento tem como objeto o livro de Thomas Hobbes denominado Leviatã,
publicado pela Editora Martins fontes, São Paulo, 2003.

CAPÍTULO XIII – DA CONDIÇÃO NATURAL DA HUMANIDADE


RELATIVAMENTE A SUA FELICIDADE E MISÉRIA

A partir da investigação das origens do Estado, Hobbes procura compreender como


surgiu a sociedade, enquanto comunidade de homens vivendo sob um ordenamento
comum. Em tal investigação, o autor apresenta as seguintes teses:

1. Em um estado pré-social ou estado de natureza, a natureza tende a nivelar todas


as faculdades, sejam corporais ou espirituais, tornando, por conseguinte, todo
homem equivalente aos demais no estado de natureza.
2. Em virtude de haver o equilíbrio entre as forças dos homens em estado de
natureza, há também uma mesma disposição para a esperança do atingimento de
seus objetivos, a saber: a sua própria conservação, quanto uma desconfiança de
uns em relação aos demais no tocante ao alcance deste escopo. Hobbes observa
também que no estado de natureza almejam também a glória, entendida esta como
a expressão pelos demais do mesmo orgulho próprio que um indivíduo tem de si
mesmo. E acentua o autor que essa expressão só é conquistada com base no
domínio de uns sobre os outros. Desse modo, o autor de Leviatã traça as
características principais da relação existente entre os homens em estado de
natureza, quais sejam: a competição, a desconfiança e a glória. Por fim, essas três
características condicionariam o lapso temporal vivido pelos homens em um
estado pré-social como uma situação de guerra de todos contra todos, a famosa
tese hobbesiana da situação humana antes do surgimento de um ordenamento
comum que regulamentasse a vida dos indivíduos.
CAPÍTULO XIV – DA PRIMEIRA E SEGUNDA LEIS NATURAIS E DOS
CONTRATOSA

Com base em definições de direito de natureza e liberdade, o autor apresenta as duas


primeiras leis da natureza, da seguinte forma:
1. Direito de Natureza consiste na liberdade que dispõe cada homem para a
utilização, segundo o seu próprio entendimento, de suas forças para a manutenção
de sua vida.
a. Hobbes conceitua a liberdade a partir de uma critério dinâmico da Física,
visto quer para ele, tal como o movimento, a liberdade se caracteriza como
ausência de impedimento externo.
b. Lei de Natureza é apresentada pelo autor de De Cive como regra geral
estabelecida pela razão que na proibição do exercício de ações que
ensejem a destruição de sua vida ou dos meios necessários para preservá-
la.
2. A partir da compreensão da guerra de todos contra todos do estado de natureza,
Hobbes assevera que a procura da paz, enquanto fundamental para a conservação
da vida de cada um, torna-se na primeira lei da natureza, nos seguintes termos:
que todo homem deve se esforçar pela paz, na medida em que tenha esperança de
a conseguir e caso não a consiga pode procurar e usar todas as ajudas e
vantagens da guerra.
3. A segunda lei de natureza é apresentada pelo autor como o fundamento do pacto
social, propondo que, como resultado da procura da paz e da autopreservação, os
homens irão concordar em resignar o seu direito a todas as coisas e satisfazer-se
com a mesma medida de liberdade.
a. Resignação, neste caso, é solidária dos conceitos de renúncia e
transferência de direitos, na medida em que trata da transferência do
absoluto grau de liberdade existente no estado de natureza para uma ordem
comum com liberdades moderadas.
b. Renúncia e transferência de direitos caracterizam também para Hobbes
uma espécie de contrato denominado Pacto, onde um dos contratantes
pode, de sua parte, entregar a coisa contratada, e deixar que o outro cumpra
a sua parte num momento posterior. Esta parte que adimplementará sua
obrigação ulteriormente denomina-se para Hobbes de Poder Soberano.
Cabe ressaltar que em virtude de cumprir sua parte contratual somente
após o pacto estabelecido, Hobbes parece indicar que o soberano não faz
parte do pacto, sendo, nesse sentido, apenas aquele para quem é transferido
os direitos dos indivíduos em estado de natureza.
c. A força vinculante desta espécie de contrato não se funda, para Hobbes,
em meras palavras, mas sim no medo. O medo joga, no autor de Leviatã,
um papel primordial, uma vez que é transformado em poder coercitivo
para o cumprimento da avença estipulada.
CAPÍTULO XV - DE OUTRAS LEIS DE NATUREZA
Nesse capítulo, Hobbes apresenta 17 Leis de Natureza resultantes das duas anteriores,
observando ao fim que se caracterizam melhor como ditames ou teoremas da razão,
enquanto a lei, sem sentido próprio, seria a palavra daquele que tem direito de mando
sobre os outros. Ou seja, a lei estritamente falando só pode existir em meio social
organizado juridicamente e não no estado generalizado de guerra ou no período
caracterizado pelo pacto social. Estas 19 “Leis” são assim apresentadas:
1. Terceira Lei: Que os homens cumpram os pactos celebrados;
2. Quarta Lei: Quem recebeu benefício de outro homem, por simples graça, deve
se esforçar para que o doador não venha a ter motivo para se arrepender da
sua boa vontade.
3. Quinta Lei: Cada homem deve se esforçar por se acomodar com os outros.
4. Sexta Lei: Como garantia do tempo futuro, que se perdoem as ofensas
passadas, aqueles que se arrependam e o desejem.
5. Sétima Lei: Que na vingança, os homens não olhem à importância do mal
passado, mas só à importância do bem futuro.
6. Oitava Lei: que ninguém por atos, palavras, atitude ou gesto declare ódio ou
desprezo pelo outro.
7. Nona Lei: que cada homem reconheça os outros com seus iguais por natureza.
8. Décima Lei: que uma vez aceitas as cláusulas da paz ninguém exija reservar
um direito que não aceite seja também reservado para qualquer dos outros.
9. Décima Primeira Lei: Se alguém for confiado servir de juiz entre dois homens,
que trate a ambos equitativamente.
10. Décima Segunda Lei: Que as coisas que não podem ser divididas sejam
gozadas em comum, se assim puder ser; se a quantidade da coisa o permitir,
sem limite; caso contrário; proporcionalmente ao número daqueles a que ela
tem direito.
11. Décima Terceira Lei: que o direito pleno, ou então (se o uso for alternado) a
primeira posse, sejam determinados por sorteio.
12. Décima Quarta Lei: aquelas coisas que não podem ser gozadas em comum,
nem divididas, devem ser adjudicadas ao primeiro possuidor, e em alguns
casos ao primogênito, como adquiridas por sorteio.
13. Décima Quinta Lei: Que a todos aqueles que servem de mediadores para a paz
seja concedido salvo-conduto.
14. Décima Sexta Lei: Aqueles entre os quais há controvérsia devem submeter o
seu direito ao julgamento de um árbitro.
15. Décima Sétima Lei: ninguém pode ser árbitro adequado em causa própria.
16. Décima oitiva Lie: em nenhuma causa alguém pode ser aceito como árbitro,
se aparentemente para ele resultar mais proveito, honra ou prazer com a vitória
de uma das partes do que o a da outra.
17. Décima Nona Lei: Numa controvérsia de fato, dado que o juiz não pode dar
mais crédito a um do que a outro (na ausência de outros argumentos), precisa
dar crédito a um terceiro, ou a um terceiro e a um quarto, ou mais. Caso
contrário a questão não pode ser decidida, a não ser pela força, contra a lei da
natureza.
CAPÍTULO XVII - DAS CAUSAS, GERAÇÃO E DEFINIÇÃO DE UMA
REPÚBLICA
Neste capítulo, Hobbes apresenta o objetivo último do ser humano, realiza uma
comparação entre a organização humana e dos demais seres vivos em estado de natureza
e, por fim, apresenta a sua definição de poder soberano.
1. Causa final do pacto social consiste na precaução com a sua própria conservação
e com uma vida mais satisfeita.
2. Hobbes relembra o argumento aristotélico que incluía as abelhas e formigas como
criaturas políticas sem realizar, no entanto, um pacto social de transmissão de seus
direitos a um poder comum, e enumera as razões por meio das quais isso não
ocorre com os seres humanos, da seguinte maneira:
a. Os homens estão constantemente envolvidos numa competição pela honra
e pela dignidade.
b. Em virtude da comparação realizada entre os homens, há a diferenciação
entre bem comum e bem individual.
c. Entre os homens há a compreensão de que muitos se julgam mais sábios e
capacitados para o exercício do poder públicos do que outros.
d. O uso articulado das palavras permite ao seres humanos transmutar as
características dos objetos, de modo a aumentar ou diminuir a manifesta
grandeza do bem ou do mal, semeando o descontentamento entre os
homens e perturbando a seu bel-prazer a paz em que os outros vivem.
e. As criaturas irracionais são incapazes de distinguir entre dano e prejuízo.
f. Por fim, as criaturas vivem sob um acordo natural, enquanto entre os
homens se dá um pacto artificial, por meio do qual são transferidas as
diferentes vontades dos indivíduos a um poder soberano, constituído por
um ou por alguns homens, responsável pela consolidação dessa vontades
em uma vontade geral. Nesse sentido, por meio do consentimento, os
homens transferem o seu autogoverno, a um terceiro, denominado por
Hobbes de Soberano, responsável pela consolidação das vontades
individuais em uma vontade única e pelo exercício legítimo da força, nos
casos de descumprimento dos ditames desta vontade.
g. A reunião de pessoas assim organizada é denominada pelo autor de
República e identificada com o monstro leviatã citados pelo texto bíblico.

CAPÍTULO XVIII- DOS DIREITO DOS SOBERANOS POR INSTITUIÇÃO


Hobbes passa a apresentar os direitos e faculdades pertencentes ao poder soberanos após
a instituição do Estado. São eles:
1. Não há a possibilidade de renúncia ao poder constituído sem o consentimento
deste e também não a transferência de poder de um para outro homem.
2. Não pode haver quebra do pacto social por parte do soberano, sob qualquer
pretexto de infração.
3. A deliberação da maioria no sentido da escolha de um soberano deve ser acolhida
também pela minoria que discordou dessa determinada forma de governo.
4. Não pode haver injúria do soberano em relação aos seus súditos, em virtude de
todo ato do poder soberano decorrer doa atos e decisões de seus súditos.
5. Não podem os súditos matarem ou punirem o soberano, em virtude de quaisquer
injúrias, uma vez que seus atos decorrem da vontade geral dos mesmos súditos.
6. Deve o soberano escolher as opiniões e doutrinas contrárias à paz e as que lhe são
propícias.
7. Pertence ao poder soberano a prerrogativa de prescrição jurídica aos seus súditos.
8. Pertence ao poder soberano a autoridade judicial.
9. Pertence ao poder soberano o direito de fazer a guerra e a paz com as demais
nações e Estados.
10. Pertence ao poder soberano a competência de escolha de todos os conselheiros,
ministros, magistrados e funcionários, tanto na paz como na guerra.
11. Pertence ao poder soberano o direito de honrar ou punir seus súditos, consoante
os ditames legais anteriormente definidos.

CAPÍTULO XIX- DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE GOVERNO POR INSTITUIÇÃO,


E DA SUCESSÃO DO PODER SOBERANO.

Neste capítulo, o autor de Leviatã analisa as diferentes formas de governo e também


apresenta esclarecimentos sobre quem detém o poder soberano quando se necessita
realizar a sucessão do poder. Nesse sentido, Hobbes apresenta as seguintes teses:

1. Só há três espécies de governo classificadas segundo o número dos detentores do


poder soberano: governo de um: Monarquia, governo de alguns: Aristocracia e
governo de todos: Democracia. Outras espécies governamentais referidas em
obras dedicadas à filosofia política, como, por exemplo, tirania, oligarquia e
anarquia, foram classificadas por pessoas descontentes acerca daquelas espécies
acima referidas. Além disso, Hobbes realiza a análise da monarquia, a partir de
sua comparação com as outras espécies de governo, chegando, por conseguinte,
aos seguintes apontamentos:
a. O portador da pessoa do povo também é portador de sua própria pessoa e
na monarquia, como em um único indivíduo há essa simultaneidade,
existem menos chances de conflitos.
b. No que tange aos conselheiros do Estado, há mais chance de haver
discussões quanto maior for o número de pessoas portadores do poder
soberano.
c. O número de portadores do poder soberano também condiciona a
possibilidade de haver mais inconstâncias no governo, de modo que as
resoluções de um monarca estão menos sujeitas a inconstâncias do que de
uma assembleia de poucos ou de muitos.
d. É impossível o monarca discordar de si mesmo.
e. Há uma proporcionalidade entre o número de governantes e de aduladores
do governo.
f. No que tange à sucessão, na monarquia há uma maior probabilidade de o
governo ser herdado por uma criança.
2. Hobbes procura esclarecer também quem detém o poder soberano a fim de trazer
á luz o procedimento de sucessão governamental. Nesse sentido, ele indica que:
a. Se, quando o governante morre, é um terceiro quem indica o sucessor,
então esse deterá efetivamente o poder soberano.
b. O poder que criou uma pessoa artificial deverá também criar um tempo
artificial, a fim de resolver as questões sucessórias que permeiam os
governos temporais.
c. O maior problema na questão sucessória do governa está na Monarquia,
visto que quem deve indicar o novo governante: um terceiro, por
testamento do rei, o costume, seus herdeiros, etc.
CAPÍTULO XX – DO DOMÍNIO PATERNO E DESPÓTICO

Hobbes procura apresentar aqui o conceito de domínio, com vistas a analisar os dois tipos
de Estado que ele afirma existir, o Estado por instituição e por Estado por aquisição.
1. Estado por instituição é o Estado resultante do pacto social, onde as pessoas de
cada indivíduo transfere seus diretos a um poder comum detentor da pessoa do
soberano que colige as diferentes vontades em uma vontade geral.
2. Estado por aquisição é aquele onde o poder soberano é adquirido pela força e a
submissão de se dá por meio do medo.
3. Hobbes pontua que os direitos e consequência de soberania são idênticos nos dois
casos de constituição do Estado.
4. Formas de aquisição do domínio: hereditariedade ou por conquista.
a. O direito de domínio por geração é aquele que o pai tem sobre seus filhos
e é denominado por Hobbes de direito paterno.
b. O direito de domínio adquirido por conquista é denominado de despótico.
i. Esse domínio se caracteriza pela submissão de um indivíduo a
outro, com vistas à preservação de sua vida, prometendo, em
consequência disso, a livre disposição de seu corpo e liberdade.
Nesse sentido, Hobbes declara que não é a vitória que confere o
direito de domínio sobre o vencido, mas o pacto de submissão
celebrado por este.
5. Hobbes procura investigar também nos textos bíblicos a relação existentes entre
domínio paterno e despótico.

CAPÍTULO XXI – DA LIBERDADE DOS SÚDITOS.


Neste capítulo, Hobbes aprofunda o seu conceito de liberdade e analisa as diferentes
situações em que joga um importante papel a liberdade dos súditos e dos soberanos.
1. O conceito de liberdade é caracterizado, sob o viés físico, da ausência de
resistência externa.
2. O autor de Leviatã apresenta a sua definição de homem livre nos seguintes termos:
um homem livre é aquele que, naquelas coisas que graças a sua força e engenho é
capaz de fazer, não é impedido de fazer o que tem vontade de fazer.
3. Hobbes aponta que o medo e a necessidade são compatíveis coma liberdade.
4. No mesmo sentido da criação do homem artificial do Estado, as leis civis foram
laços criados para prender em uma das pontas a boca dos detentores do poder
soberano e em outra das pontas os ouvidos destes.
5. A liberdade dos súditos consiste naquelas ações sobre as quais silenciou o Estado.
a. Porém, será ainda mantido o prerrogativa do poder soberano de
regulamentar a vida e a morte dos súditos.
6. Hobbes índia que os homens se iludem facilmente com o conceito de liberdade e
tomam como herança pessoal e direito inato aquilo que é direito do Estado, ou
seja, a não compreensão do conceito de liberdade provoca a confusão dos bens
pessoais e estatais por aqueles que detém a personalidade do poder soberano.
7. Hobbes passa a analisar os direitos que são transferidos ao soberano no momento
do pacto social.
a. Todo súdito tem liberdade em todas as coisas cujo direito não pode ser
transferido por um pacto.
b. Nenhum súdito é obrigado a confessar, acerca de algum crime que lhe é
imputado, uma vez que ninguém pode ser obrigado a recusar-se a si
próprio.
c. Ninguém fica obrigado pelas próprias palavras a matar-se a si mesmo ou
a outrem.
d. Ninguém tem a liberdade de resistir á espada do Estado, em defesa de
outrem, seja culpado ou inocente. Porém, Hobbes denota que é
inteiramente cabível a revolta contra o Estado para a defesa de suas
próprias pessoas, isto é, suas integridades.
e. Demais liberdades, é preciso observar se há ou não regulamentação estatal,
caso não haja, é inteiramente licito realiza-las.
f. Se o poder soberano outorga uma liberdade aos súditos que extingue sua
capacidade de prover segurança aos indivíduos, essa outorga é nula.
g. Em caso de prisão em guerra, um súdito tornar-se prisioneiro e for
oferecida sua vida e liberdade em caso de submissão ao novo soberano, é
lícito ao súdito aceita-lo.
h. Há o retorno ao estado de natureza quando a pessoa detentora do poder
soberano recusar a soberania para si e para seus herdeiros.
i. Em caso de banimento, o súdito perde essa condição enquanto durar o seu
tempo.
j. No caso de um monarca vencido na guerra se fizer súdito do vencedor,
seus súditos ficam livres da obrigação anterior, e passam a ter obrigação
para com o vencedor.

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