Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
1. Noções introdutórias:
1.2. Conceito
Trata-se da verificação da adequação e da compatibilidade dos demais atos normativos
3 aos preceitos estabelecidos pela Constituição.
Pressupostos para o controle:
CF rígida (processo de alteração mais dificultoso): causa da hierarquia;
Competência a um órgão para resolver os problemas de constitucionalidade (STF);
Supremacia da CF (ápice da pirâmide);
1.2.1. Hierarquia entre normas: pressuposto para o controle
Pessoal. Não há como falar em controle de constitucionalidade sem saber o que é
hierarquia normativa e como é possível a aplicação desse controle nessas hierarquias.
Um ordenamento jurídico, em regra, é composto por escalonamento normativo, onde a
Constituição é a “Norma Suprema”, de onde todas as outras retiram sua validade. É a famosa
teoria piramidal de Kelsen, ok? Esta teoria preconiza que uma norma inferior retira sua validade
em uma norma superior. Assim, o controle serve para que a norma inferior obedeça aos
parâmetros da norma superior.
Até aí tudo bem. Mas como é possível a realização do controle de constitucionalidade tão
somente com base nisso? É requisito fundamental para o controle, que a constituição seja
rígida e haja a atribuição de competência a um órgão para resolver os problemas de
constitucionalidade. Logo, para que haja o controle, pressupõe-se que a constituição seja rígida,
havendo um escalonamento normativo, ocupando a Constituição o grau máximo na relação
hierárquica, sendo a norma de validade do sistema. É o princípio da supremacia da
constituição, que significa que a Constituição se coloca no vértice do sistema jurídico do país, a
que confere validade as demais normas.
Então, se a constituição for flexível, sendo alterada por processo legislativo igual ao das
leis ordinárias, não há como ter controle de constitucionalidade, pois uma lei ordinária poderia
revogar uma norma constitucional, não havendo “supremacia da constituição” em sistema de
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
4 b) Status supralegal: tratado de direitos humanos não aprovado pelo rito anterior. Aqui
o tratado estará acima das leis, mas abaixo da Constituição. Ex: Pacto San José da
Costa Rica. Fundamento: Art. 5º, §2º: se os direitos fundamentais expressos na CF não
excluem outros decorrentes de tratados internacionais, esses direitos, ao adentrar no
ordenamento, são manifestação desses próprios direitos fundamentais, de modo que
não podem ser considerados como simples leis ordinárias.
a. Prisão do depositário infiel: O Pacto de San José da Costa Rica estabelece que
não pode haver prisão do depositário infiel, mas a CF permite tal prisão. A CF
prevalece sobre o tratado (status supralegal). Mas mesmo assim, atualmente,
é impossível a prisão do depositário infiel. Isso porque a CF exige lei para
prender, sendo norma de eficácia limitada. Havia um decreto que
regulamentava isso e permitia tal prisão. Mas como o Pacto de San José da
Costa Rica (supralegal) suspendeu os efeitos de tal decreto (força de lei), não
é possível mais a prisão civil por depósito infiel.
c) Status de lei ordinária: tratado internacional comum.
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
12 Regra: em regra, não se deve admitir a propositura de ação judicial para se realizar o
controle de constitucionalidade prévio dos atos normativos.
Exceções: 2 casos em que é possível o controle de constitucionalidade prévio pelo Poder
Judiciário:
a) proposta de emenda à Constituição seja manifestamente ofensiva à cláusula pétrea;
b) tramitação do projeto de lei ou de emenda à Constituição violar regra constitucional
que discipline o processo legislativo.
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
de aplicar uma lei por tê-la como contrária à Constituição, essa mesma linha de pensar estende-
se aos chamados órgãos administrativos autônomos, constitucionalmente incumbidos da
tarefa de controlar a validade dos atos administrativos, tais como o TCU, o CNMP e o CNJ.
Súmula 347-STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.” Os parágrafos entre aspas
encontram-se no meu caderno, infelizmente não encontrei a fonte, mas não fui eu que escrevi.
Se uma lei ou ato normativo é declarado inconstitucional pelo STF, incidentalmente, ou seja, em
sede de controle difuso, essa decisão, assim como acontece no controle abstrato, também
produz eficácia erga omnes e efeitos vinculantes. O STF passou a acolher a teoria da
abstrativização do controle difuso. Assim, se o Plenário do STF decidir a constitucionalidade ou
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, ainda que em controle difuso, essa decisão
terá os mesmos efeitos do controle concentrado, ou seja, eficácia erga omnes e vinculante.
Houve mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88. A nova interpretação deve ser a seguinte:
quando o STF declara uma lei inconstitucional, mesmo em sede de controle difuso, a decisão já
tem efeito vinculante e erga omnes e o STF apenas comunica ao Senado com o objetivo de que
a referida Casa Legislativa dê publicidade daquilo que foi decidido. STF. Plenário. ADI 3406/RJ e
ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 29/11/2017 (Info 886).
Mas Diovane, isso é a regra?? Está acontecendo em todos os julgados??? Bom pessoal,
pelo o que eu vi não. Portanto, é um caso isolado, que, inclusive, foi objeto de cobrança em
prova do TRF-3 2018, questionando o recente entendimento. Portanto, em eventuais questões
que não aborde o presente julgado, aconselha-se manter o entendimento tradicional: Controle
concreto: eficácia inter partes. Controle abstrato: eficácia erga omnes e efeito vinculante.
b) Controle abstrato: o efeito é erga omnes e vinculante. Aplica-se à
ADI/ADC/ADPF. A ADO tem efeitos diversos.
1.8.2. Aspecto subjetivo (sujeitos atingidos pelo efeito)
a) Efeitos erga omnes: consequência lógica do controle abstrato. Atinge tanto os
particulares quanto os Poderes Públicos.
b) Efeito vinculante: introduzido pela EC 3/93, que criou a ADC, e depois estendido a
todas as ações. Quando a Constituição trata dos efeitos vinculantes, a Constituição
define quais órgãos ficarão vinculados à decisão.
Estão sujeitos ao Poder vinculante:
15 Todo o Poder Judiciário, salvo o plenário do STF.
o Os órgãos fracionários ficam vinculados, não podendo ir de encontro à
decisão do Plenário.
Todo o Poder Executivo, incluindo o chefe do Executivo e a Administração Pública
Direta e Indireta.
Não estão sujeitos ao Poder Vinculante:
O Plenário do STF, para evitar a fossilização da Constituição.
Poder Legislativo (função típica), para evitar a fossilização da Constituição.
Não vincula os particulares diretamente.
1.8.3. Aspecto objetivo (extensão dos efeitos)
a) Efeitos erga omnes: torna oponível apenas o dispositivo da decisão.
b) Efeito vinculante: além de atingir o dispositivo da decisão, atinge os motivos
determinantes da decisão do STF. Isso é o que se chama de transcendência dos
motivos determinantes (em tese, não adotada pelo STF). No efeito vinculante, não
só a lei impugnada é atingida pela decisão, mas também as normas paralelas (outras
leis de mesmo teor de outros entes da federação).
Cabe reclamação para impugnar uma decisão que desrespeitou os motivos
da decisão do STF? NÃO! O STF não adota a teoria da transcendência dos
motivos determinantes, ainda. Só o dispositivo possui efeito vinculante.
1.8.4. Aspecto temporal (ex tunc)
Tendo em vista a adoção da teoria norte-americana das nulidades das leis declaradas
inconstitucionais, o ato declarado inconstitucional pelo STF é NULO (já nasceu viciada e não
poderia produzir efeitos no ordenamento). Assim, a regra é que a decisão de
inconstitucionalidade produz efeitos ex tunc, tanto no controle difuso quanto no controle
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
concentrado. Mas atenção: eu disse lá atrás que a teoria norte-americana é mitigada pela teoria
austríaca, uma vez que passamos a modular os efeitos da declaração de inconstitucionalidade.
Ou seja, passamos a dizer a partir de quando os efeitos da decisão irão vigorar, em prol da
segurança jurídica. Vamos ver isso agora.
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
A EC 45/04, por sua vez, (a) igualou a legitimação ativa para o ajuizamento da ADC à
da ADI, bem como (b) estendeu o efeito vinculante, previsto expressamente para a ADC, para
a ADI. Aliás, segundo Lenza, caminha-se para a consagração da ideia de efeito dúplice ou
ambivalente entre essas duas ações, faltando somente a igualação de seus objetos, já que a
ADI cabe para lei ou ato normativo federal ou estadual, enquanto a ADC somente para federal.
Sendo assim, observa-se que, hoje, há no Brasil um sistema misto, que combina o
critério difuso, por via de defesa, com o critério concentrado, por via de ação direta de
inconstitucionalidade. Segundo Gilmar Mendes, a CR/88 reduziu o significado do controle de
constitucionalidade incidental ou difuso ao ampliar, de forma marcante, a legitimação para a
propositura da ADI, permitindo que, praticamente, todas as controvérsias constitucionais
relevantes sejam submetidas ao STF mediante processo de controle abstrato de normas.
BRASIL = SISTEMA JUDICIAL MISTO (DIFUSO E CONCENTRADO)
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
a instauração do processo de fiscalização normativa abstrata.” (AI 582.280 AgR, voto do Rel.
Min. Celso de Mello, julgamento em 12-9-2006, Segunda Turma, DJ de 6-11-2006.)
Indeferimento de medida cautelar
Alegação de contrariedade à Súmula Vinculante 10 do STF. (...) Indeferimento de medida
cautelar não afasta a incidência ou declara a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo.
Decisão proferida em sede cautelar: desnecessidade de aplicação da cláusula de reserva de
plenário estabelecida no art. 97 da Constituição da República.” (Rcl 10.864-AgR, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgamento em 24-3-2011, Plenário, DJE de 13-4-2011.)
A inobservância desta cláusula, salvo no caso das exceções supramencionadas, acarreta a
nulidade absoluta da decisão proferida pelo órgão fracionário. Ademais, é importante
mencionar que o Plenário/Órgão Especial julga tão somente a questão de ordem
(constitucionalidade/inconstitucionalidade), de modo que o caso concreto volta ao órgão
fracionário para julgamento do feito. Após julgado esse feito, o acórdão do Pleno/O.E. deve ser
juntado aos autos, e não somente a transcrição ou voto condutor, sendo verdadeiro requisito
para reconhecimento eventual Recurso Extraordinário ao STF.
A norma declarada inconstitucional pelo plenário é dotada de VINCULAÇÃO
HORIZONTAL, atingindo os órgãos fracionários do tribunal, embora não vincule juízes de 1º
grau e nem outros órgãos do poder judiciário. É o que determina o parágrafo único do artigo
949 do CPC:
Art. 949, parágrafo único: Os órgãos fracionários do Tribunal não submeterão ao plenário
ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento
23 destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão (ainda que em controle
difuso).
Entretanto, é possível que o órgão fracionário de um Tribunal se desvincule do dever de
observância da decisão do Pleno ou do Órgão Especial a que esteja vinculante para adotar o
entendimento do STF (RE 190728, RE 150755, RE 150765).
ATENÇÃO, julgado muito importante sobre desnecessidade de Full Bench quando não
houver subsunção dos fatos à norma: Não viola a Súmula Vinculante 10, nem a regra do art. 97
da CF/88, a decisão do órgão fracionário do Tribunal que deixa de aplicar a norma
infraconstitucional por entender não haver subsunção aos fatos ou, ainda, que a incidência
normativa seja resolvida mediante a sua mesma interpretação, sem potencial ofensa direta à
Constituição. Além disso, a reclamação constitucional fundada em afronta à SV 10 não pode ser
usada como sucedâneo (substituto) de recurso ou de ação própria que analise a
constitucionalidade de normas que foram objeto de interpretação idônea e legítima pelas
autoridades jurídicas competentes. STF. 1ª Turma. Rcl 24284/SP, rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 22/11/2016 (Info 848).
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
Segundo Lordelo, tal técnica consiste em dar ao controle difuso o tratamento do controle
concentrado, conferindo eficácia vinculante e erga omnes ao dispositivo, para além das partes
25 (o que pode ocorrer em Recurso Extraordinário e HC, por exemplo). O STF já fez isso em alguns
casos, sendo essa técnica mais aceita que a transcendência. Veja: essa técnica consiste apenas
na aproximação dos dois meios de controle, mas isso não gera necessariamente a vinculação
da inconstitucionalidade reconhecida de forma incidental, pois o STF não reconhece
tradicionalmente a vinculação da fundamentação no controle concentrado.
Conforme já mencionado, a regra é que a decisão proferida em controle difuso não atinja
terceiros. Entretanto, excepcionalmente, poderão os efeitos de sua decisão atingir terceiros,
sendo erga omnes, caso o Senado suspenda, através de edição de resolução, no todo ou em
parte, a execução da lei, declarada inconstitucional, de maneira incidental, por decisão definitiva
do Supremo Tribunal Federal (art. 52, inciso X, da CF).
No entanto, saliente-se que o efeito de tal suspensão, conforme entendimento
majoritário, será apenas a partir da publicação da resolução do Senado na Imprensa Oficial (ex
nunc), exceto em relação à Administração Pública Federal direta e indireta, para a qual a
resolução do Senado produz efeitos ex tunc, consoante art. 1º, § 2º, do Decreto nº 2.346/97.
* Procedimento do art. 52, inciso X, da CF: “Compete privativamente ao Senado Federal
suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão
definitiva do Supremo Tribunal Federal.”
E, após a leitura em plenário, a comunicação é encaminhada à Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania, que deverá formular o projeto de resolução suspendendo a execução da lei,
no todo ou em parte.
a) Objeto de suspensão pelo Senado: leis federais, estaduais, territoriais, distritais ou
mesmo municipais que forem declaradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal
Federal. Isso não viola o pacto federativo.
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
26 as partes?
O papel do Senado seria o de conferir publicidade, de forma obrigatória, à decisão do
Supremo. Perderia a discricionariedade, e a decisão do STF já teria eficácia erga omnes no
controle incidental.
Entende Gilmar Mendes, portanto, que teria ocorrido a chamada mutação
constitucional sobre o art. 52 X da CF (alteração da norma sem modificação do texto da
constituição). Seria o que se convencionou de abstrativização do controle difuso de
constitucionalidade, com base na força normativa da constituição e na teoria da transcendência
dos motivos determinantes que imporiam o necessário respeito dos órgãos, entes e cidadãos
subordinados ao dispositivo e às razões de decidir (quando essenciais no decisum) do
posicionamento do STF, independente de se tratar de controle difuso ou concentrado. Essa tese
ainda não é pacífica no próprio STF, entretanto, recentemente o STF aplicou no julgamento do
amianto tal entendimento, tão somente quanto ao artigo 52, X, da CF. Vejamos:
Se uma lei ou ato normativo é declarado inconstitucional pelo STF, incidentalmente, ou
seja, em sede de controle difuso, essa decisão, assim como acontece no controle abstrato,
também produz eficácia erga omnes e efeitos vinculantes. O STF passou a acolher a teoria da
abstrativização do controle difuso. Assim, se o Plenário do STF decidir a constitucionalidade ou
inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, ainda que em controle difuso, essa decisão
terá os mesmos efeitos do controle concentrado, ou seja, eficácia erga omnes e vinculante.
Houve mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88. A nova interpretação deve ser a seguinte:
quando o STF declara uma lei inconstitucional, mesmo em sede de controle difuso, a decisão já
tem efeito vinculante e erga omnes e o STF apenas comunica ao Senado com o objetivo de que
a referida Casa Legislativa dê publicidade daquilo que foi decidido. STF. Plenário. ADI 3406/RJ e
ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 29/11/2017 (Info 886).
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
Nesse julgado, a Min. Cármen Lúcia afirmou que o STF está caminhando para uma
inovação da jurisprudência, no sentido de não ser mais declarado inconstitucional cada ato
normativo, mas a própria matéria que nele se contém.
Mas atenção: ler o item 2.3.5 para entender esse julgado, explicado por João Lordelo. Em
provas, devemos analisar o que o examinador quer, ok? A regra geral do controle difuso é efeitos
inter partes.
2.3.3. Teoria da transcendência dos motivos determinantes e abstrativização do
controle difuso
Alguns doutrinadores, bem como determinados julgados do STF rumam para uma nova
interpretação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade no controle difuso.
Entendem que, embora manifestados em controle difuso, bem como sendo meras
questões prejudiciais, os fundamentos da decisão do Supremo Tribunal Federal devem se
expandir para além do processo em que foram prolatados, tornando-se, então, desde já,
vinculantes erga omnes. Ampliação do efeito erga omnes para além do dispositivo da ADI/ADC
Dessa forma, aproximam-se o sistema de controle difuso de constitucionalidade ao do
concentrado.
E, por sua vez, passam a atribuir simples efeito de publicidade às resoluções do Senado
para a suspensão de execução de lei, previstas no art. 52, inciso X, da CF, sendo, a partir de
então, essa Casa Legislativa comunicada apenas para publicar a decisão do STF no Diário do
Congresso.
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
motivos invocados na decisão (fundamentação) não são vinculantes. A reclamação no STF é uma
ação na qual se alega que determinada decisão ou ato: • usurpou competência do STF; ou •
desrespeitou decisão proferida pelo STF. Não cabe reclamação sob o argumento de que a
decisão impugnada violou os motivos (fundamentos) expostos no acórdão do STF, ainda que
este tenha caráter vinculante. Isso porque apenas o dispositivo do acórdão é que é vinculante.
Assim, diz-se que a jurisprudência do STF é firme quanto ao não cabimento de reclamação
fundada na transcendência dos motivos determinantes do acórdão com efeito vinculante. STF.
Plenário. Rcl 8168/SC, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado
em 19/11/2015 (Info 808). STF. 2ª Turma. Rcl 22012/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, red. p/ ac. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 12/9/2017 (Info 887).
OBS: Percebam que mesmo em decisão de controle concentrado (acórdão com efeito
vinculante), é incabível a teoria da transcendência dos motivos determinantes.
As decisões do STF em sede de controle difuso há inegável força expansiva, entretanto, a
regra é que não vinculam pelos motivos e sequer (em tese) possuem efeitos vinculantes. Parte
da doutrina defende que para que uma decisão em sede de controle difuso tenha efeitos
vinculantes, seria necessário uma reforma constitucional.
Interessante comentário de Lordelo: - Transcendência dos motivos
determinantes: imprime efeito vinculante à ratio decidendi, ou seja, à parte
da fundamentação necessária e suficiente à conclusão do julgamento. Teoricamente, pode
ocorrer em controle difuso ou concentrado, mas o STF não vem adotando a técnica,
aparentemente por uma questão política: o incômodo que seria julgar um volume grande de
entendeu ser inconstitucional a norma federal que permite o uso do amianto (incidental significa
que não é o pedido principal) .Obs: aqui o DOD disse que houve abstrativização do controle
difuso, conforme já dito. Mas não se trata exatamente disso. Eu entendo ter havido a
transcendência dos motivos determinantes, conforme ensinado por João Lordelo.
Veja uma passagem: Houve, portanto, o reconhecimento de uma inconstitucionalidade de
forma incidental - já que a lei federal não era o objeto da demanda. Grave: incidental é aquilo
considerado na fundamentação; incidental é o oposto de principal, aquilo que é decidido no
dispositivo. Não podemos confundir a classificação difuso/concentrado (classificação quanto à
competência) com incidental/abstrato (classificação quanto ao objeto). O controle difuso será,
como regra, incidental. Mas também pode haver declaração incidental de
inconstitucionalidade em controle concentrado, que foi exatamente o que ocorreu. Ao julgar o
pedido principal, o STF considerou a lei impugnada constitucional (questão principal), mas julgou
parte da lei federal não impugnada inconstitucional (questão incidental, adotada na
fundamentação). ... O STF acaba de adotar a teoria da transcendência dos motivos
determinantes ou a abstrativização do controle difuso? O caso foi de evidente atribuição de
eficácia vinculante sobre a fundamentação de decisão em controle concentrado. Houve,
portanto, transcendência dos motivos determinantes, pois foi conferido efeito vinculante a
uma declaração incidental, que se encontrava na fundamentação do acórdão em duas
ADIs. Não houve exercício de controle difuso. A abstrativização do controle difuso é algo diverso.
Vale a pena ler no site dele: https://www.joaolordelo.com/single-
post/2018/01/09/Afinal-o-STF-adotou-a-teoria-da-abstrativização-do-controle-difuso-ou-da-
transcendência-dos-motivos-determinantes-ADI-3406RJ-e-ADI-3470RJ-Rel-Min-Rosa-Weber-
29 julgados-em-29112017-Info-886
2.3.6. Controle difuso em sede de ação civil pública
Só será cabível o controle difuso, em sede de ação civil pública, se a controvérsia
constitucional se identificar como mera questão prejudicial (incidental), indispensável à
resolução do litígio do objeto principal, que deve ser uma específica e concreta relação jurídica,
ocasião na qual os seus efeitos se restringirão inter partes.
Sendo assim, a ação civil pública não pode ser ajuizada como sucedâneo de ação direta
de inconstitucionalidade, pois, em caso de produção de efeitos erga omnes, estar-se-ia
usurpando competência do STF, com a provocação de verdadeiro controle concentrado de
constitucionalidade. O problema decorre da norma do art. 16 da Lei nº 7347 de 1985 (ACP) que
estabelece que a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, ainda que nos limites da
competência territorial do órgãos prolator, o que evidencia que os efeitos ultrapassam as partes
envolvidas no litígio, até porque tratam de interesses transindividuais.
Mesmo que a ação civil pública tenha efeitos erga omnes (pedido), a declaração de
inconstitucionalidade incidental não terá o mesmo efeito, pois realizada de modo difuso. O
pedido na ACP é de efeitos concretos, e a inconstitucionalidade é apenas a causa de pedir, sendo
seu efeito inter partes.
Ação Civil Pública e Controle Incidental de Inconstitucionalidade
É legítima a utilização da ação civil pública como instrumento de fiscalização incidental
de constitucionalidade, pela via difusa, de quaisquer leis ou atos do Poder Público, desde que
a controvérsia constitucional não se identifique como objeto único da demanda, mas simples
questão prejudicial, indispensável à resolução do litígio principal. RE 424993/DF, rel. Min.
Joaquim Barbosa, 12.9.2007. (RE-424993)
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
3.1.1. Conceito
Tem por objeto principal a própria declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo em tese, marcado pela generalidade, impessoalidade e abstração. Não está a se falar,
aqui, de atos de efeitos concretos, ok?
3.1.2. Objeto
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
62, c/c art. 167, §3º), na forma do decidido pelo STF na ADI 4.048-MC), vez que
diferem dos requisitos de uma MP genérica, havendo situações excepcionais
vazadas no artigo 167, §3º, da CF. Devem preencher os requisitos necessários
citados neste último artigo.
Resoluções do Conselho Internacional de Preços (ADin 8-0/DF)
Resoluções do Senado Federal (art. 52, VII, VIII e IX e art. 155, § 2º, V, alíneas a
e b, todos da Constituição Federal);
Decreto — regulamento autônomo — (art. 84, VI, CF)
Resolução do Conselho Nacional de Justiça e do CNMP.
Resolução do TSE
Ato administrativo com efeitos genéricos, impessoais e abstratos.
Leis orçamentárias: a partir de 2008, o STF decidiu que é cabível o controle de
constitucionalidade independentemente de aferir seu grau de abstração e
generalidade. Fixa a tese de que as leis orçamentárias são leis, como as demais,
e por esta razão, podem ser objeto de controle de constitucionalidade,
independente do seu caráter genérico ou específico, concreto ou abstrato,
dando assim uma virada jurisprudencial na matéria.
No caso de MP sobre crédito extraordinário, o STF admitiu o controle. Razões: a) CF não
diferencia as leis, e sim tão-somente os atos (só cabem atos normativos); b) estudos e análises
32 no plano da teoria do direito apontariam a possibilidade tanto de se formular uma lei de efeito
concreto de forma genérica e abstrata quanto de se apresentar como lei de efeito concreto
regulação abrangente de um complexo mais ou menos amplo de situações. O governo estava
lançando mão de MP para abertura de crédito extraordinários com base apenas nos critérios de
relevância e urgência, para utilizar os créditos em despesas correntes, quando na verdade, para
abertura de créditos extraordinários, deve-se demonstrar a calamidade pública, guerra ou
comoção interna.
Julgado: MED. CAUT. EM ADI N. 4.048-DF II. Controle abstrato de constitucionalidade de
normas orçamentárias. Revisão de jurisprudência. O Supremo Tribunal Federal deve exercer sua
função precípua de fiscalização da constitucionalidade das leis e dos atos normativos quando
houver um tema ou uma controvérsia constitucional suscitada em abstrato, independente do
caráter geral ou específico, concreto ou abstrato de seu objeto. Possibilidade de submissão das
normas orçamentárias ao controle abstrato de constitucionalidade.(...) Informativo 506
Exemplos já julgados pelo STF em que cabe ADI: Resolução do Secretário de Segurança
Pública do Estado do Piauí (ADI3731), Portaria 17/2005, da Secretaria de Segurança
Pública do Estado do Maranhão (ADI3691), Regimento Interno do Conselho Nacional de
Justiça (MS25962), Resolução do TSE (ADIs 3999 e 4086), Resolução Nº 75/95 da
Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ADI 1372).
Ainda, pessoal, percebam algo. Todo ato normativo primário é aquele que retira sua
validade diretamente da Constituição Federal, como as leis, medidas provisórias, resoluções do
Senado, decreto autônomo, e outros. Todos esses atos normativos, por serem primários, podem
inovar o ordenamento jurídico e, consequentemente, podem ser objeto de controle de
constitucionalidade.
Continuemos, ainda, em atos normativos que podem ser objeto de controle de
constitucionalidade.
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
regimento interno. É regra. Entretanto, pode haver controle pelo STF se existir uma violação de
direitos consagrados na Cosntituição.
c) Normas constitucionais originárias: pois são sempre constitucionais, devendo os
aparentes conflitos entre as suas normas ser harmonizados através de uma interpretação
sistemática do caso concreto. (princípio da unidade, concordância prática)
d) Normas anteriores à Constituição: são recepcionadas, ou não, e, nesse caso, são
revogadas, pelo novo ordenamento jurídico, não se podendo falar em inconstitucionalidade
superveniente. (Conflito de leis no tempo, e não hierárquico). A ADPF pode ser utilizada para,
de forma definitiva e com eficácia geral, solver controvérsia relevante sobre a legitimidade do
direito ordinário pré-constitucional em face da nova Constituição. Há discussão sobre a
possibilidade de modulação da decisão de declaração de não recepção de norma perante à CF,
tendo por base o previsto no art. 27 da lei nº 9.868/99. Celso de Mello entende que não (RE-AGr
353.508 2007), Gilmar Mendes, em seu voto, defendeu que sim. Pedro Lenza entende ser
cabível, pois o próprio STF aceita a tese da norma ainda constitucional (ação civil ex delicto).
e) Atos estatais de efeitos concretos (aceita, todavia, o controle sobre atos de efeitos
concretos editados sob a forma de lei): por não possuírem densidade jurídico-material
(densidade normativa). Obs: Salvo no que tange à Lei orçamentária que o STF aceita o controle
concentrado. O STF distinguiu ato de efeitos concretos de atos de efeitos concretos editados
sob forma de lei. A matéria, por ter sido delineada no bojo de medida cautelar, ainda não está
consolidada. INFO 527 de 07 de outubro de 2008.
f) Atos normativos já revogados ou de eficácia exaurida, leis temporárias: porque a sua
34 eventual declaração teria valor meramente histórico. Não cabe ADI, mas o STF tem admitido o
cabimento de ADPF.
E se a revogação ou a perda de vigência da lei ou ato normativo ocorrer já no curso da
ação de inconstitucionalidade, entende o STF, em regra, pela perda do objeto, com a
prejudicialidade da ação, devendo os efeitos residuais concretos que possam ter sido gerados
pela aplicação da lei ou ato normativo não mais existente ser questionados na via ordinária,
por intermédio do controle difuso de constitucionalidade.
Gilmar Mendes tem posição diferente: princípios da máxima efetividade e da força
normativa da CF (minoritário).
Obs: o STF já afastou a prejudicialidade da ADI em casos nos quais restou configurada a
tentativa de fraude processual por meio da revogação da lei após o ajuizamento da ADI (ADI
3232 e 3306) e na ADI 4426 em razão da singularidade do caso. Ou seja, o STF vem entendendo
que a fraude processual impede o reconhecimento da prejudicialidade da ADI. Se foi revogado,
há perda superveniente do objeto da ADI.
Se foi alterada a lei, deve demonstrar a permanência da inconstitucionalidade, sob pena
de perda superveniente do objeto da ADI, SALVO: fraude processual; repetição do conteúdo,
em sua essência, em outro diploma normativo; caso o STF tenha julgado o mérito da ação sem
ter sido notificado da revogação da norma atacada. É responsabilidade do autor notificar o
judiciário.
Dizer o Direito: O que acontece caso o ato normativo que estava sendo impugnado na ADI
seja revogado antes do julgamento da ação? Regra: haverá perda superveniente do objeto e a
ADI não deverá ser conhecida (STF ADI 1203). Exceção 1: não haverá perda do objeto e a ADI
deverá ser conhecida e julgada caso fique demonstrado que houve "fraude processual", ou seja,
que a norma foi revogada de forma proposital a fim de evitar que o STF a declarasse
inconstitucional e anulasse os efeitos por ela produzidos (STF ADI 3306). Exceção 2: não haverá
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
perda do objeto se ficar demonstrado que o conteúdo do ato impugnado foi repetido, em sua
essência, em outro diploma normativo. Neste caso, como não houve desatualização significativa
no conteúdo do instituto, não há obstáculo para o conhecimento da ação (ADI 2418/DF). Exceção
3: caso o STF tenha julgado o mérito da ação sem ter sido comunicado previamente que houve
a revogação da norma atacada. Nesta hipótese, não será possível reconhecer, após o
julgamento, a prejudicialidade da ADI já apreciada. STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info 824). STF. Plenário. ADI 951 ED/SC, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 27/10/2016 (Info 845).
g) Respostas emitidas pelo Tribunal Superior Eleitoral às consultas que lhe forem
endereçadas (JÁ VIMOS QUE AS RESOLUÇÕES DO TSE SÃO PASSIVEIS DE ADI): por se tratar de
ato de caráter meramente administrativo, não possuindo eficácia vinculativa aos demais órgãos
do Poder Judiciário.
f) A divergência entre a ementa da lei e o seu conteúdo não caracteriza situação de
controle de constitucionalidade, pois não é suficiente para configurar afronta a ela.
Observações: A posterior ab-rogação ou derrogação, com sua substancial alteração, da
Constituição, por afetar o próprio paradigma (parâmetro) de confronto invocado no processo
de controle concentrado de constitucionalidade, configura hipótese caracterizadora de
prejudicialidade da ação, em virtude da evidente perda superveniente de seu objeto (Celso de
Mello). MUDANÇA DE POSICIONAMENTO - Essa era a regra, todavia no julgamento da questão
de ordem na ADI 2158, o STF rejeitou a preliminar de prejudicialidade, mesmo tendo havido a
modificação no parâmetro de confronto. O fundamento, correto em suas bases estruturais, é
35 no sentido de que não se pode deixar às vias ordinárias à solução de problemas que podem ser
resolvidos de forma mais eficiente, eficaz e segura, no âmbito do controle concentrado de
constitucionalidade. Nesse caso em apreço, o STF julgou o caso. Tratava-se da tributação dos
inativos, que só foi permitido a partir da EC 41/03, mas havia leis anteriores que permitiam, sem
supedâneo constitucional. O STF disse que o fato da superveniência de autorizativo
constitucional para tributação não tornaria aquela lei, desde seu nascimento inconstitucional,
uma lei constitucional. Ou seja, não acata a tese de constitucionalidade superveniente.
ATENÇÃO! No STF, não cabe ADI para impugnar leu municipal!
3.1.3. Temas relevantes
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
Por fim, com o advento da EC 45/2004, houve uma ampliação, no direito brasileiro, do
bloco de constitucionalidade, na medida em que se passa a ter um novo parâmetro de controle
(norma formal e materialmente constitucional), qual seja, os tratados internacionais de direitos
humanos (art. 5º, § 3º, da CF), aprovados com quórum de emendas constitucionais. Os tratados
supralegais não podem ser parâmetro. Ademais, reiterando, TODOS os tratados podem ser
objeto de controle de constitucionalidade.
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
instaladas. Na verdade, o caso do referido artigo 68 seria de recepção ou não pela Constituição
de 1988 e, por conseguinte, de sua revogação ou vigência, e não de inconstitucionalidade.
Apelo ao legislador: No direito alemão, entende-se que a decisão é de improcedência
(lei constitucional), porém há um obiter dictum (fundamento não vinculante) que faz um apelo
ao legislador: a lei é ainda constitucional, tomem cuidado porque poderemos mudar de posição
no futuro. Foi muito usado na Alemanha em casos de omissão parcial. Note-se que o apelo ao
legislador é uma técnica processual. Pode decorrer, por exemplo, da mutação constitucional
quanto à interpretação de um parâmetro de controle.
Obs: no caso do artigo 68, seria uma lei ainda constitucional em trânsito para não
recepção, vez que anterior à CF/88.
ATENÇÃO: A lei ainda é constitucional, mas que por uma realidade fática indesejada está
se tornando inconstitucional, então é feito um apelo ao legislador para que ele melhore a lei sob
pena de ser declarada inconstitucional. Há uma correlação com a inconstitucionalidade
progressiva, às avessas.
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
da CF, não seria razoável declará-la inconstitucional. Isso porque o citado Município foi
efetivamente criado, por uma decisão política de caráter institucional, assumindo, por
conseguinte, existência de fato, como ente federativo dotado de autonomia municipal, há mais
de 6 anos, e daí resultando diversos efeitos jurídicos, os quais não podem ser ignorados.
Consagrou-se, assim, os seguintes princípios: o da reserva do impossível, o da
continuidade do Estado, o federativo, o da segurança jurídica, o da confiança (Karl Larenz), o da
força normativa dos fatos (Georg Jellinek), bem como o da situação excepcional consolidada
(ante a inércia do Poder Legislativo em não editar a LC).
Posteriormente, houve voto-vista de GM: a solução do problema não poderia advir da
simples decisão da improcedência do pedido formulado, haja vista o princípio da nulidade das
leis inconstitucionais, mas que seria possível primar pela otimização de ambos os princípios por
meio de técnica de ponderação. GM fez Eros Grau ajustar seu voto, estabelecendo a
inconstitucionalidade da lei, mas com efeito pro-futuro, determinando prazo de 24 meses para
a elaboração de lei estadual que fixasse os parâmetros de formação do município, a partir da lei
complementar federal prevista no art. 18, §4, para a qual declararam a inconstitucionalidade
por omissão, determinando ao Legislador que a elaborasse em 18 meses. Utilização do art. 27
para evitar o caos jurídico.
Adotou-se a técnica da declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade.
Foi reconhecida, então, a omissão com apelo ao legislador. Não se pode negar, ainda, que nessa
hipótese excepcional foi aceito fenômeno da constitucionalidade superveniente, que permite
que uma lei que nasceu viciada venha a se tornar constitucional posteriormente, desde que
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
3.1.4. Competência
Lei ou ato normativo federal ou estadual em face da CF: Competência do STF
Lei ou ato normativo estadual ou municipal em face da CE: Competência do TJ local
Observe-se que, na hipótese de tramitação simultânea de ações, uma buscando declarar
a inconstitucionalidade de lei estadual perante o STF (confronto em face da CF) e outra perante
o TJ local (confronto em face da CE), tratando-se de norma repetida da CF na CE, dever-se-á
suspender o curso da ação proposta no TJ local até o julgamento final da ação intentada perante
o STF.
Lei ou ato normativo municipal em face da CF: Não há controle concentrado por ADI, por
falta de previsão legal, havendo a possibilidade de controle difuso/concreto através de recurso
extraordinário. Há, ainda, a possibilidade do ajuizamento de ADPF.
Lembre-se, contudo, de que, em caso de haver repetição de norma da CF pela CE, apesar
de incabível o controle de constitucionalidade perante o STF, será perfeitamente possível
perante o TJ local, confrontando-se a lei municipal em face da CE que repetiu norma da
CF. Nesse caso, ainda há a possibilidade da utilização do Recurso Extraordinário ao STF
(repetição obrigatória).
Vejamos agora sobre as normas do Distrito Federal:
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
Lei ou ato normativo distrital de natureza estadual em face da CF: Competência do STF
Lei ou ato normativo distrital de natureza municipal em face da CF: Não há controle
concentrado, só difuso. Há, porém, a possibilidade do ajuizamento da ADPF.
Lei ou ato normativo distrital em face da Lei Orgânica Distrital: Competência do TJDFT
local. Previsão na lei nº 11.697/2011.
IMPORTANTE: Lei ou ato normativo municipal em face da Lei Orgânica do Município: Não
há controle de constitucionalidade, tratando-se, pois, de simples caso de legalidade.
3.1.5. Legitimidade
Consoante o artigo 103 da Constituição Federal, são legitimados para a propositura de
ação direta de inconstitucionalidade perante o STF, para se questionar a constitucionalidade de
lei ou ato normativo federal ou estadual em face da própria CF, os seguintes:
Rol taxativo – números clausus
Presidente da República (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória)
Mesa do Senado Federal (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória)
Mesa da Câmara dos Deputados (Legitimação Ativa Universal e Capacidade
Postulatória)
Mesa das Assembleias Legislativas ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal
(Legitimação Especial, na qual se deve demonstrar pertinência temática, ou seja, o seu
42 interesse na propositura da ação relacionado a sua finalidade institucional, e Capacidade
Postulatória)
Governadores de Estado ou do Distrito Federal (Legitimação Especial, pertinência
temática)
Procurador-Geral da República (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória)
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (Legitimação Ativa Universal e
Capacidade Postulatória)
Partido Político com representação no Congresso Nacional (Legitimação Ativa Universal
– necessita de advogado)
Confederação Sindical ou Entidade de Classe de âmbito nacional (Legitimação Especial,
na qual se deve demonstrar pertinência temática, ou seja, o seu interesse na propositura
da ação relacionado a sua finalidade institucional – necessita de advogado)
Vamos fazer observações, agora, sobre cada um dos legitimados, ok?
Legitimados ativos Universais: não tem necessidade de demonstrar pertinência
temática, sendo, geralmente, as autoridades relacionadas à União.
Legitimados ativos Especiais: devem demonstrar a pertinência temática como requisito
de admissibilidade da ação. São legitimadas as autoridades relacionadas aos Estados.
Primeiramente, observe-se que a Mesa do Congresso Nacional não tem legitimidade para
a propositura de ADI.
Ainda, a ADI é ajuizada pelo GOVERNADOR de Estado, e não pelo próprio Estado. Assim,
não pode o Estado recorrer, através de seus Procuradores Estaduais, do resultado de um
julgamento de controle concentrado. Vejamos:
ADI ajuizada por governador e legitimidade
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
43 Por fim, lembre-se ainda de que o STF tem entendido ser imprescindível a presença de
advogado para que esses legitimados possam propor ação de controle concentrado de
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual perante o STF. (ADI 131 / RJ -
RIO DE JANEIRO 1989)
DICA: CEP (CONFEDERAÇÃO, ENTIDADE DE CLASSE E PARTIDOS – necessitam de
advogado)
Saliente-se que as entidades de classe devem ser compreendidas apenas como
categoria profissional, organizadas em, pelo menos, 09 Estados da Federação (aqui se utiliza
analogicamente a lei dos partidos políticos 9096/95, exigindo 1/3 dos estados da federação).
Exceção: se a atividade econômica atingir menos Estados – exemplo relacionado ao sal.
Obs: Não se considera entidade de classe a reunião de categorias diversas ou permeada
por membros vinculados a extratos sociais, profissionais ou econômicos diversificados, cujos
objetivos individuais são contrastantes, associação civil altruística, associação que reúne órgãos
públicos e categorias diferenciadas de servidores. Só pode ser categoria profissional. EX: UNE –
Estudantes, não é legitimada (ADI 894-DF).
CLT art. 534 e 535 = as confederações sindicais devem ser constituídas por, no mínimo,
03 Federações Sindicais (federação = 5 sindicatos). Obs: Central Sindical (ex: CUT) não
possui legitimidade ativa para ADI (STF ADI 271)
Sindicato: não tem legitimidade, ainda que de âmbito federal, bem como as federações
sindicais, mas tão somente as Confederações Sindicais e as Entidades de Classe!
STF, alterando entendimento anterior, passou a admitir o ajuizamento de ADI por
Associação de Associação (Ex.: ADEPOL). (ADI 3153) Associação de pessoas jurídicas.
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
Associação que represente fração de categoria profissional: não são legitimadas para
instaurar controle concentrado de constitucionalidade de norma que extrapole o universo de
seus representados.
3.1.6. Procedimento
Encontra-se previsão nos §§ 1° e 2° do artigo 103 da CF, nos artigos 169 a 178 do RISTF,
bem como na Lei n° 9.868/99.
Procuração com poderes especiais??? Quando imprescindível a presença de advogado,
a procuração deverá ser outorgada com poderes especiais, indicando, ainda, objetivamente, a
lei ou ato normativo que estejam sendo levados à apreciação do Judiciário e respectivos
preceitos caso não se trate de impugnação de toda a lei.
Petição inicial inepta: se a petição inicial for inepta, por não indicar o dispositivo da lei ou
do ato normativo impugnado, ou não for fundamentada ou for manifestamente improcedente,
poderá o relator indeferi-la liminarmente, cabendo, no entanto, contra tal decisão caberá
recurso de agravo.
Atenção: caso o Pleno da Corte não conheça da ação direta de inconstitucionalidade, não
será cabível o agravo, já que só admissível contra decisão do relator que liminarmente indefere
petição inicial.
Importante: o STF considera manifestamente improcedente a ação direta de
constitucionalidade que versar sobre norma cuja constitucionalidade já tenha sido
expressamente declarada pelo Plenário da Corte, mesmo que em recurso extraordinário. Trata-
implicaria retirar-lhe sua função primordial que é a defender os interesses da União (CF, art.
131). Além disso, a despeito de reconhecer que nos outros casos a AGU devesse exercer esse
papel de contraditora no processo objetivo, constatou-se um problema de ordem prática, qual
seja, a falta de competência da Corte para impor-lhe qualquer sanção quando assim não
procedesse, em razão da inexistência de previsão constitucional para tanto. (ADI 3916/DF,
noticiado no Info 562).
É permitida, ainda que excepcionalmente, e desde que o relator considere a relevância
da matéria e a representatividade dos postulantes, a manifestação de outros órgãos ou
entidades.
Participação do amicus curiae: no STF o ingresso é admitido até a entrada do processo
na pauta. Já no STJ, é admitido a qualquer momento antes do julgamento.
Também se houver necessidade de esclarecimentos de matéria ou de circunstância de
fato ou houver notória insuficiência de informações existentes nos autos, pode o relator
requisitar outras, designar perito para emitir parecer sobre a questão, ou designar audiência
pública para ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria. Artigo 9º,
§ 1º, da Lei nº 9.868/99. E pode ainda o relator solicitar informações aos Tribunais Superiores,
aos Tribunais Federais e aos Tribunais Estaduais acerca da aplicação da norma impugnada no
âmbito de sua jurisdição.
A declaração de inconstitucionalidade será proferida pelo voto da maioria absoluta dos
membros do STF (mínimo de 6), observado ainda o quorum necessário para a instalação da
sessão de julgamento (mínimo de 8). Artigos 22 e 23 da Lei n° 9.868/99.
45 QUORUM INSTALAÇÃO = 8 MINISTROS
QUORUM DELIBERAÇÃO = 6 MINISTROS
Observação: Imagine a seguinte situação: é proposta uma ADI contra determinada lei.
Cinco Ministros votam pela inconstitucionalidade da lei. Quatro Ministros votam pela
constitucionalidade. Dois Ministros declaram-se impedidos de votar. Qual deverá ser a
proclamação do resultado? Pode-se dizer que esta lei foi declarada inconstitucional por maioria
de votos? NÃO. Não foi atingido o número mínimo de votos para a declaração de
inconstitucionalidade da lei (6 votos). Assim, como não foi alcançado o quórum exigido pelo art.
97 da CF/88, entende-se que o STF não pronunciou juízo de constitucionalidade ou
inconstitucionalidade da lei. Isso significa que o STF não declarou a lei nem constitucional nem
inconstitucional.Além disso, esse julgamento não tem eficácia vinculante, ou seja, os juízes e
Tribunais continuam livres para decidir que a lei é constitucional ou inconstitucional, sem
estarem vinculados ao STF. STF. Plenário. ADI 4066/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 23 e
24/8/2017 (Info 874). (Dizer o Direito)
Ressalte-se ainda que sobre o controle de constitucionalidade não recai qualquer prazo
prescricional ou decadencial, uma vez que atos inconstitucionais jamais se convalidam pelo
mero decurso do tempo. (princípio da nulidade das leis inconstitucionais – is not law at all)
Outrossim, não se admite assistência jurídica a qualquer das partes, nem intervenção de
terceiros, ressalvados nos caso já citados em que o relator, considerando a relevância da matéria
e a representatividade dos postulantes, admite a manifestação de outros órgãos ou entidades.
Por fim, é vedada a desistência da ação já proposta (Artigo 5° caput da Lei n° 9.868/99),
bem como é irrecorrível (salvo a interposição de embargos declaratórios) e irrescindível a
decisão proferida (Artigo 26 da Lei n° 9.868/99).
IMPORTANTE: não se aplicam prazos diferenciados para fazenda pública
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
da vigência da lei atacada. Ademais, a concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação
anterior acaso existente, EFEITO REPRISTINATORIO TÁCITO NA CAUTELAR salvo expressa
manifestação em sentido contrário. Artigo 11, §§ 1º e 2º, da Lei nº 9.868/99 (efeito
repristinatório).
OBS: O INDEFERIMENTO DA CAUTELAR, EMBORA PRESERVE A LEI, NÃO AMPARA
RECLAMAÇAO.
AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE
IMPROBIDADE. EX-PREFEITA. ALEGAÇÃO DE AFRONTA À DECISÃO QUE INDEFERIU
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 2.797. AGRAVO
REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. A decisão de indeferimento de medida
cautelar em ação direta de inconstitucionalidade não se presta como paradigma para o
ajuizamento de reclamação. Rcl 3267, julgada em 21/10/09
Limites de atuação: tem direito a ter seus argumentos apreciado pelo Tribunal,
inclusive com direito a sustentação oral, mas não tem direito a formular pedido ou de
aditar o pedido já delimitado pelo autor da ação.
STF: Não são cabíveis os recursos interpostos por terceiros estranhos à relação
processual nos processos objetivos de controle de ‘constitucionalidade (CASO DOS
ESTADOS NA ADI DOS GOVERNADORES) – só caberiam embargos de declaração de sua
não admissão, nesses incluídos os que ingressam no feito na qualidade de amicus
curiae. Ressalte-se que a interposição por estranho não é cabível ainda que este seja um
dos legitimados para a ação.
“Recurso interposto por terceiro prejudicado. Não cabimento. Precedentes. Embargos
de declaração opostos pela OAB. Legitimidade. Questão de ordem resolvida no sentido
de que é incabível a interposição de qualquer espécie de recurso por quem, embora
legitimado para a propositura da ação direta, nela não figure como requerente ou
requerido.” (ADI 1.105-MC-ED-QO)
Observações:
* Não obstante o § 2º do artigo 18 da Lei nº 9.868/99 ter sido vetado, admite-se ainda
a figura do amicus curiae na ação declaratória de constitucionalidade (ADC), com as ressalvas já
apresentadas, em aplicação analógica do artigo 7º, § 2º, da Lei nº 9.868/99, considerando se
tratar a ADI e ADC de ações dúplices ou ambivalentes.
ADMITE-SE O AMICUS CURIAE EM TODAS AS ESPÉCIES DE AÇÕES: ADC, ADO, ADPF, ADI
INTERVENTIVA,
48 * Também, na arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), será
admitida, em casos excepcionais, bem como desde que configuradas as hipóteses de seu
cabimento, a presença do amicus curiae.
*Amicus curiae na ADO: perfeitamente possível, eis que as regras da ADO (LEI
12.063/2009) expressamente autorizam a aplicação do procedimento da ADI.
* Na Representação interventiva (art. 36, III) também deve ser aceita a figura do amicus
curiae, pois a lei nº 12.562/2011 permite que o relator autorize a manifestação de interessados
no processo, mesmo termo usado no art. 6º, da lei 9882/99 ADPF. Logo, excepcionalmente deve
ser aceito.
* Ainda se identificam as seguintes outras hipóteses de cabimento do amicus curiae:
(a) processos de interesse da CVM (artigo 31 da Lei nº 6.385/76),
(b) processos de interesse do CADE (artigo 89 da Lei nº 8.884/94),
(c) processos de controle difuso de constitucionalidade (art. 950, §3º, CPC),
(d) processos no âmbito dos Juizados Especiais Federais (artigo 14, § 7º, da Lei nº
10.259/01),
(e) no procedimento de edição, revisão e cancelamento de enunciado de súmula
vinculante pelo STF (artigo 3º, § 2º, da Lei nº 11.417/06),
(f) na análise da repercussão geral no julgamento de recurso extraordinário (art. 1035,
§4º, e 1038, I, CPC).
* Pedro Lenza ainda entende ser possível a admissão de parlamentar na condição de
amicus curiae, desde que, presente a situação de relevância da matéria, demonstre ele,
designado por via eleitoral para desempenhar função política na democracia representativa
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
sobre o qual se funda o regime democrático instituído no país, atuar como verdadeiro
representante ideológico de uma coletividade. Alerte-se que o STF não vem aceitando a atuação
de pessoa natural na condição de amicus curiae ADI 4.178/GO. Entretanto, com o advento do
CPC 2015, foi expressamente previsto a possibilidade de pessoa natural na qualidade de amicus
curiae (art. 138, CPC)
A despeito de possibilidade de recurso, expressamente prevista no CPC, em âmbito de
controle concentrado há situação oposta. O amicus curiae não pode interpor recurso contra as
decisões proferidas em ação direta, uma vez que se trata de terceiro estranho à relação
processual. O STF (ADI 3.615-ED) entendeu que o amicus curiae somente pode interpor recurso
contra a decisão de não admissibilidade de sua intervenção nos autos (alguns ministros apenas
que aceitam). Tem natureza jurídica de modalidade sui generis de intervenção de terceiros,
apesar de já haver posicionamento anterior identificando-o como mero colaborador informal
(Mauricio Correia).
O amicus curiae pode ser pessoa natural desde que desinteressada no feito:
"Não assiste razão ao pleito de (...), que requerem admissão na condição de amici curiae.
É que os requerentes são pessoas físicas, terceiros concretamente interessados no feito,
carecendo do requisito de representatividade inerente à intervenção prevista pelo art. 7º, § 2º,
da Lei 9.868, de 10-11-99, o qual, aliás, é explícito ao admitir somente a manifestação de outros
"órgãos ou entidades" como medida excepcional aos processos objetivos de controle de
constitucionalidade." (ADI 4.178, rel. min. Cezar Peluso, decisão monocrática, julgamento em 7-
10-2009, DJE de 16-10-2009.)
49 Leading case (MS 32033) = no qual o Senador da República Pedro Taques, por meio da
Petição conseguiu ingresso no feito na qualidade de amicus curiae, ressaltando ser membro da
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), que seu pedido não se amparava em sua
condição de pessoa física, mas no caráter coletivo e institucional do mandato de Senador da
República e em sua atribuição de exercer o mandato em defesa da Constituição e do Estado de
Direito, bem como afirma pretender colaborar com a solução do feito por meio de argumentos
qualificados e originais. OBSERVEM QUE NESSE CASO FOI ADMITIDO AMICUS CURIAE EM MS
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
que esta Lei havia revogado outras leis estaduais de mesmo conteúdo. Desse modo, se a Lei nº
3.041/2005 fosse, isoladamente, declarada inconstitucional, as demais leis revogadas
"voltariam" a vigorar mesmo padecendo de idêntico vício. A fim de evitar essa "eficácia
repristinatória indesejada", o PGR, que ajuizou a ação, impugnou não apenas a Lei nº
3.041/2005, mas também aquelas outras normas por ela revogadas. O STF concordou com o
PGR e, ao declarar inconstitucional a Lei nº 3.041/2005, afirmou que não deveria haver
o efeitorepristinatório em relação às leis anteriores de mesmo conteúdo. O dispositivo do
acórdão ficou, portanto, com a seguinte redação: "O Tribunal, por maioria e nos termos do voto
do Relator, julgou procedente o pedido formulado para declarar a inconstitucionalidade da Lei
nº 3.041/2005, do Estado de Mato Grosso do Sul, inexistindo efeito repristinatório em relação
às leis anteriores de mesmo conteúdo, (...)" STF. Plenário. ADI 3.735/MS, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgado em 8/9/2016 (Info 838).
Coisa julgada inconstitucional: aqui trata-se da colisão entre a segurança jurídica e a
força normativa da constituição. Isso porque as relações jurídicas são entabuladas segundo a lei
vigente à época da referida relação. Mas, e se a relação jurídica foi perfectibilizada sob égide de
uma lei que posteriormente é declarada inconstitucional? Como compatibilizar isso?
Pois bem. Aqui temos uma colisão entre Segurança jurídica, autoridade do poder
judiciário e estabilidade das relações sociais VS. Força normativa da constituição, princípio da
máxima efetividade das normas constitucionais e isonomia.
Sabemos que, acima de tudo, a coisa julgada é matéria de ordem pública, consagrado
direito fundamental pela Constituição, não havendo ressalvas no texto constitucional para
decidiu o Supremo. Para que haja essa reforma ou rescisão, será indispensável a interposição do
recurso próprio ou, se for o caso, a propositura da ação rescisória própria, nos termos do art.
485, V, do CPC 1973 (art. 966, V do CPC 2015), observado o prazo decadencial de 2 anos (art.
495 do CPC 1973 / art. 975 do CPC 2015). Segundo afirmou o STF, não se pode confundir a
eficácia normativa de uma sentença que declara a inconstitucionalidade (que retira do plano
jurídico a norma com efeito “ex tunc”) com a eficácia executiva, ou seja, o efeito vinculante dessa
decisão. STF. Plenário. RE 730462/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/5/2015
(repercussão geral) (Info 787).
Deve-se fazer distinção entre sentença que contraria o posicionamento já adotado pelo
STF em controle concentrado sobre a constitucionalidade de lei e sentença transitada em
julgado que aplicava ou afastava determinada lei, vindo posteriormente a entrar em confronto
com o STF com base em decisão posterior dessa Excelsa Corte.
No primeiro caso, com base no efeito erga omnes e caráter vinculante, a sentença pode
ser desconstituída por rescisória, pois o julgador já deveria ter seguido o posicionamento do STF.
Já no segundo caso, somente poderá ser rescindida se for afastado o posicionamento da súmula
343/STF e se a matéria for de cunho constitucional, com base na foça normativa da constituição
e o STF como seu intérprete final.
Gilmar Mendes, em voto, defende a proteção do ato singular em homenagem ao princípio
da segurança jurídica. Distingue o efeito da decisão do controle concentrado de
constitucionalidade no plano normativo e no plano do ato singular.
NO PLANO NORMATIVO APLICAÇÃO EX TUNC, JÁ NO PLANO SINGULAR,
52 PASSADO O PRAZO DE 2 ANOS DA AÇÃO RESCISÓRIA, INVIAVEL REVISAR A
QUESTÃO (AINDA QUE A DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE TENHA SE
DADO POSTERIORMENTE A ESSES 2 ANOS) (mudado pelo NCPC – Diovane)
Pedro Lenza defende que somente poderia ser desconstituída por ação rescisória, logo,
respeitado o prazo de dois anos. Esse prazo de dois anos deveria ser contado da sentença
individual transitada em julgado e não da decisão do STF que reconheceu a
inconstitucionalidade ou constitucionalidade da norma em confronto com a sentença que se
busca desconstituir. O fundamento desse posicionamento é a insegurança jurídica que se
apresentaria no reconhecimento da possibilidade de desconstituir sentenças transitadas em
julgado mesmo após anos, ante o fato de que o controle de inconstitucionalidade não
prescreve, o que perpetuaria o litígio.
Mas ATENÇÃO!!! O NCPC, no artigo 525, §15º, dispõe que se a decisão proferida pelo STF
se der após o trânsito em julgado da ação individual (exequenda), caberá ação rescisória, cujo
prazo de 2 anos será contado do trânsito em julgado da decisão proferida no STF. Verifica-se
aqui, portanto, uma virada legal no entendimento acima exposto. Ademais, o §12º do referido
artigo diz que cabe ação rescisória com fundamento em decisões do STF em controle
concentrado ou DIFUSO, contrariando a tese do Pedro Lenza.
Creio que em breve o STF irá se manifestar quanto a isso.
IMPORTANTE: O STF aplicando a ponderação dos interesses, aceitou a relativização da
coisa julgada ainda que depois do prazo da rescisória, no caso de DNA para investigação de
paternidade. (fundamento na busca da identidade genética como manifestação do direito da
personalidade)
EXCERTO DO RE 363889 - RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E
CONSTITUCIONAL. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE
PATERNIDADE DECLARADA EXTINTA, COM FUNDAMENTO EM COISA JULGADA, EM RAZÃO DA
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
defesa. (março de 2017 – RCL 24417) No julgamento, o relator esclareceu que, no período em
que regulada pela Lei 8.038/1990, a reclamação constitucional não era compreendida
propriamente como uma ação, uma vez que nela não se evidenciavam todos os ângulos da
relação processual. Assim, na linha dos precedentes do Tribunal, o beneficiário do ato reclamado
somente participava do julgamento na qualidade de interessado (artigo 15 da Lei 8.038/1990),
de modo que o contraditório prévio à decisão de mérito era dispensável. O CPC de 2015, no
entanto, promoveu essencial modificação no procedimento das reclamações, instituindo o
contraditório obrigatório, com a imprescindível citação do beneficiário do ato reclamado (artigo
989, inciso III). Com isso, a reclamação tomou novo rito a partir de 18 de março de 2016,
tornando possível a condenação do sucumbente ao pagamento dos respectivos honorários,
conforme parâmetros legais. O CPC/2015 promoveu modificação essencial no procedimento da
reclamação, ao instituir o contraditório prévio à decisão final (art. 989, III). Neste novo cenário,
a observância do princípio da causalidade viabiliza a condenação da sucumbente na reclamação
ao pagamento dos respectivos honorários, devendo o respectivo cumprimento da condenação
ser realizado nos autos do processo de origem, quando se tratar de impugnação de decisão
judicial.
Observações
a) Súmula 734 do STF - Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o
ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal.
b) Sua decisão produz coisa julgada material;
ação declaratória. E ainda deverá conter cópias do ato normativo questionado e dos
documentos necessários para comprovar a procedência do pedido de declaração de
constitucionalidade(art. 14 da Lei nº 9.868/99). No caso, quando alegado vício formal
de inconstitucionalidade, é necessário juntada aos autos de cópia dos documentos
relativos ao processo legislativo de formação da lei ou ato normativo federal.
A petição inicial será liminarmente indeferida pelo relator, se for inepta, se não for
fundamentada, ou ainda se for manifestamente improcedente, cabendo contra essa
decisão agravo.
O AGU não será citado, uma vez que não há ato ou texto impugnado a ser defendido.
Pedro Lenza entende que o AGU deve ser citado, pois a ADC é uma ADI com sinal
trocado, logo a improcedência acarreta no reconhecimento da inconstitucionalidade da
lei.
Por sua vez, será dada vista dos autos ao PGR, que deverá se pronunciar no prazo de 15
dias (art. 19 da Lei nº 9.868/99), sendo que, havendo pedido cautelar, poderá haver
decisão sobre a liminar antes da manifestação do PGR. PGR SEMPRE SE MANIFESTA
NAS AÇÕES DE CONTROLE CONCENTRADO
- Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de
notória insuficiência das informações existentes nos autos, pode o relator requisitar
informações adicionais, inclusive, aos Tribunais Superiores, aos Tribunais federais e aos
Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma questionada no âmbito de sua jurisdição,
designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão ou fixar data
55 para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na
matéria, a serem realizadas no prazo de 30 dias a contar da solicitação do relator (§§ 1º a 3º do
art. 20 da Lei nº 9.868/99).
- A decisão, em sede de ADC, será dada pela votação da maioria absoluta dos membros
do STF (6), desde que presente o número mínimo de 2/3 dos ministros (8).
- É vedada a intervenção de terceiros (cabe amicus curiae) e a desistência da ação após
a sua propositura.
- Por fim, a decisão, proferida na ação declaratória de constitucionalidade, é irrecorrível,
salvo a interposição de embargos de declaração, não podendo, ademais, ser objeto de ação
rescisória.
3.2.5. Efeitos da decisão
Regra geral, a decisão proferida da ADC terá efeitos:
erga omnes (contra todos)
ex tunc
vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública,
direta ou indireta, federal, estadual, municipal e distrital. (desde que surgiu ela tem
efeito vinculante).
Em caso de decisão de procedência: poderá ser ajuizada ADI. Em decorrência das
mudanças de fatos (ADC/1 min. Carlos Veloso), lei pode ser constitucional no presente e no
futuro pode ser inconstitucional. (Vocês lembram da objetivação do Recurso Extraordinário? Em
regra, uma lei declarada constitucional em REx faz com que seja extinta ADI, por manifesta
improcedência do pedido, salvo mudança de entendimento). Aqui é parecido, só que, no caso,
pode-se ajuizar ADI em virtude da mudança de fatos que ensejariam a mudança de
entendimento da Corte)
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
56 O Min. Gilmar Mendes leciona que na Alemanha se firma, atualmente, a tese da dupla
revisão judicial ou duplo controle de constitucionalidade. Segundo esta tese, é possível, mesmo
após o Tribunal Constitucional pronunciar-se acerca da inconstitucionalidade de determinada
norma, as instâncias inferiores poderem dela igualmente conhecer, tendo em vista o caso
concreto e calcadas no princípio da proporcionalidade. Quer dizer, em outras palavras: mesmo
após o controle concentrado de constitucionalidade, ainda persiste espaço para controle difuso
de constitucionalidade pelas instâncias judiciárias inferiores.
ADC/04 reconheceu a constitucionalidade da lei que proíbe a antecipação de tutela contra
a fazenda pública, mas os tribunais vêm entendendo que em determinados casos concretos
pode existir inconstitucionalidade pela proibição de antecipação de tutela contra a fazenda.
STF – não é inconstitucional limitar a tutela de urgência contra o poder público
(reconheceu a constitucionalidade da lei 8437), nada impede, porém que o juiz no caso
concreto afaste a aplicação da lei que se revela in casu irrazoável
HISTORICO DA ADC 4 = Com a reforma de 94 começou a chover ação com base no 273 do
CPC – não havia proibição. Gilmar Mendes (na época AGU) produziu uma MP que rapidamente
virou lei (lei 9494) – que tinha um artigo só na época aplicam-se ao 273 as restrições já
existentes sobre a tutela antecipada contra a fazenda pública. Igualmente GM se antecipou a
uma ADI e propôs a ADC 4 em 97 houve uma liminar para dizer que a lei era constitucional
que foi julgada em outubro de 2008, confirmando a liminar.
OBS: A LEI SÓ PROÍBE A TUTELA ANTECIPADA NOS CASOS DAS leis 4348 e 5021 E 8437,
mesmo assim podendo ser afastadas diante da peculiaridade do caso concreto.
Súmula 729 A DECISÃO NA AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE 4 NÃO SE APLICA À
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA EM CAUSA DE NATUREZA PREVIDENCIÁRIA.
Não há proibição na lei sobre questões previdenciárias
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
3.3.1. Objeto
O objeto aqui é amplo, pois são impugnáveis, na ADI por omissão, não apenas a inércia
do Legislativo em editar atos normativos primários, mas também a inércia do Executivo em
editar atos normativos secundários, como regulamentos e instruções, e até mesmo eventual
inércia do Judiciário em editar os seus próprios atos.
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
O STF entende que, pendente de julgamento a ADI por omissão, se a norma que não
tinha sido regulamentada é revogada, ou se é encaminhado projeto de lei ao Congresso Nacional
sobre a referida matéria, haverá perda do objeto.
A regra é que, desencadeado o processo legislativo, não há que se cogitar de omissão
inconstitucional do legislador. Contudo, essa orientação deve ser adotada com temperamentos.
A inercia deliberandi das Casas Legislativas pode ser objeto da ADI por omissão, sendo que o
STF reconhece a mora do legislador em deliberar sobre a questão, declarando, assim, a
inconstitucionalidade por omissão. Trata-se de conduta negligente ou desidiosa das Casas
Legislativas, colocando em risco a própria ordem constitucional.
Nesse sentido, é importante conhecermos o julgado sobre a Lei Complementar de criação
de novos municípios (art. 18, §4º, CF): “apesar de existirem no congresso Nacional diversos
projetos de lei apresentados visando à regulamentação do art. 18, §4º, da CF, é possível
constatar a omissão inconstitucional quanto à efetiva deliberação e aprovação de lei
complementar em referência. As peculiaridades da atividade parlamentar, que afetam
inexoravelmente, o processo legislativo, não justificam uma conduta manifestamente
negligente ou desidiosa das Casas Legislativas, conduta esta que pode pôr em risco a própria
ordem constitucional. A inércia deliberandi das Casas Legislativas pode ser objeto de ADI por
omissão. A omissão legislativa em relação à regulamentação do art. 18, §4º, da CF, acabou
dando ensejo à conformação e à consolidação de estados de inconstitucionalidade que não
podem ser ignorados pelo legislador na elaboração da lei complementar federal. ”
A referida LC não foi editada até hoje, de modo que o CN promulgou a EC 57/08
Leis do período inflacionário – pode ser constitucional num primeiro momento, mas
deverá conter novos temperamentos.
A posição do tribunal pode ser no sentido da modulação de efeitos (declaração de
inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade) ou a sentença de perfil aditivo.
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
3.4.3. Competência
A apreciação da arguição de descumprimento de preceito fundamental é da
competência originária do STF. Art. 102, § 1º, da CF
3.4.4. Legitimidade
São os mesmos legitimados para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade.
Havia um dispositivo no projeto de lei que legitimava qualquer pessoa pudesse levar a
ADPF ao STF (vetado pelo PR).
E ainda qualquer interessado, entendido esse como sendo qualquer pessoa lesada ou
ameaçada por ato do poder público (inciso II vetado do art. 2º da Lei nº 9.882/99), mediante
representação, solicitando a propositura da ação ao Procurador-Geral da República, que,
examinando os fundamentos jurídicos do pedido, decidirá acerca do cabimento de seu ingresso
em juízo. (a legitimada, na realidade, é a PGR).
3.4.5. Medida Cautelar em ADPF
Segundo João Lordelo informa em seu material de estudo de controle de
constitucionalidade, “não existe na ADC uma medida cautelar dada pelo relator (somente por
maioria absoluta, pois não há urgência). Na ADI há possibilidade do relator dar a medida cautelar
em uma exceção (recesso do tribunal). Já na ADPF, há três situações em que o relator poderá
conceder medida cautelar:
a) Extrema urgência;
b) Perigo de lesão grave;
63 c) Período de recesso.
Posteriormente, a medida cautelar deve ser referendada pelo Pleno. A medida cautelar
em ADPF suspende o julgamento dos processos; os efeitos de decisões judiciais ou de qualquer
medida que apresente matéria objeto de ADPF, salvo se decorrentes de coisa julgada.
3.4.6. Procedimento
- A petição inicial, além dos requisitos do art. 319 do CPC, deve conter: a) a indicação do
preceito fundamental que se considera violado; b) a indicação do ato questionado; c) a prova da
violação do preceito fundamental; d) o pedido, com suas especificações; e e) se for o caso, a
comprovação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito
fundamental que se considera violado. Art. 3º da Lei nº 9.882/99
- Nos casos em que a presença de advogado for necessária (Partido Político com
representação no Congresso Nacional, Confederação Sindical ou Entidade de Classe de âmbito
nacional), deve o instrumento de mandado acompanhar a petição inicial. OBSERVA AS MESMAS
DIRETIVAS DA ADI QUANTO A NECESSIDADE DE ADVOGADO - CEP
- A petição inicial será indeferida liminarmente pelo relator, quando não for o caso de
arguição de descumprimento de preceito fundamental, quando faltar algum de seus requisitos,
ou quando ela for inepta, sendo cabível contra essa decisão a interposição de agravo, no prazo
de 5 dias. Art. 4º, caput e § 2º, da Lei nº 9.882/99
- A arguição de descumprimento de preceito fundamental possui caráter residual,
sendo-lhe aplicável, destarte, o princípio da subsidiariedade, segundo o qual somente será ela
admitida quando não houver qualquer outro meio eficaz capaz de sanar a lesividade indicada,
compreendido no contexto da ordem constitucional global, como aquele apto a solver a
controvérsia constitucional relevante de forma ampla, geral e imediata. Art. 4º, § 1º, da Lei nº
9.882/99
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
- O pedido de medida liminar, em sede de ADPF, será deferido por decisão da maioria
absoluta de seus membros (6 ministros). Ademais, em caso de extrema urgência ou perigo de
lesão grave ou, ainda, em período de recesso (que é distinto de férias), poderá a referida medida
liminar ser deferida apenas pelo relator, ad referendum do pleno. Art. 5º, caput e § 1º, da Lei nº
9.882/99
- Se entender necessário, o relator poderá ouvir, ainda em sede de liminar, os órgãos ou
autoridades responsáveis pelo ato questionado, bem como o AGU ou o PGR, no prazo comum
de 5 dias. Art. 5º, § 2º, da Lei nº 9.882/99. FACULDADE DO RELATOR A OITIVA DO AGU E PGR
- A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o
andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que
apresente relação com a matéria objeto de arguição de descumprimento de preceito
fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada, conforme citado em julgado exposto
anteriormente.
3.4.7. Efeitos da decisão = ADI/ADC
A decisão na ADPF é imediatamente autoaplicável, na medida em que o Presidente do
STF determinará o imediato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente
- § 1º do art. 10 da Lei nº 9.882/99.
Possui eficácia contra todos (erga omnes) e efeito vinculante relativamente aos demais
órgãos do Poder Público. § 3º do art. 10 da Lei nº 9.882/99
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
Ademais, em regra, tem ainda efeitos retroativos (ex tunc), exceto nos casos em que,
por razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, o STF decida, por maioria
qualificada de 2/3 de seus membros, restringir os efeitos da declaração ou decidir que ela só
tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado (ex nunc) ou de outro momento que venha a
ser fixado. Art. 11 da Lei nº 9.882/99
- ADPF pode ser conhecida como ADI, ante seu caráter subsidiário. (princípio da
fungibilidade). Assim como ADI pode ser conhecida como ADPF (ADI 4163)
3.4.8. Princípio da Fungibilidade entre ADI/ADPF
Em virtude da subsidiariedade, se a ADPF tem os mesmos efeitos de uma ADI e, sendo o
caso, é possível que uma ADI/ADPF seja conhecida como ADPF/ADI. Para tanto, o STF exige uma
dúvida objetiva e a ausência de erro grosseiro. Vejamos.
Se a ADPF tiver os requisitos mínimos da ADI, como o pedido de declaração de
inconstitucionalidade, havendo uma dúvida objetiva quanto ao meio correto a ser utilizado, a
ADPF deve ser convertida em ADI, uma vez que aquela só pode ser utilizada se não houver outro
meio, vez que subsidiária em relação às demais ações de controle concentrado.
Do mesmo modo, se uma ADI não puder impugnar um ato, em virtude da ausência de
abstração e generalidade, causa da dúvida objetiva, por exemplo, pode haver a conversão dessa
ADI em ADPF. Nesse sentido, é lícito conhecer de ADI como ADPF, quando coexistentes todos
os requisitos de admissibilidade desta, em caso de inadmissibilidade daquela.
Mas percebam. A dúvida deve ser razoável. Assim, não se admite ADPF para impugnar lei
65 promulgada após a CF88, pois é situação clara para utilizar-se de ADI, tratando-se de erro
grosseiro. Geralmente, as dúvidas objetivas e razoáveis para utilizar-se da ADPF recaem sobre
atos infralegais, bem como alterações supervenientes no caso de normas constitucionais.
A ADPF e a ADI são fungíveis entre si. Assim, o STF reconhece ser possível a conversão
da ADPF em ADI quando imprópria a primeira, e vice-versa. No entanto, essa fungibilidade não
será possível quando a parte autora incorrer em erro grosseiro. É o caso, por exemplo, de uma
APF proposta contra uma Lei editada em 2013, ou seja, quando manifestamente seria cabível a
ADI por se tratar de norma posterior à CF/88. STF. Plenário ADPF 314 AgR, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 11/12/2014 (Info 771).
Território Federal, bem como dos Estados em seus respectivos Municípios, na medida em que,
através dela, é que se verificará a presença de seus pressupostos.
Lembre-se que há situações em que não se faz necessário o prévio ajuizamento e, por
conseguinte, a procedência de ADI interventiva para se decretar a intervenção federal ou
estadual. Trata-se de um controle concentrado de constitucionalidade de lei ou ato normativo
em tese realizado em um caso concreto. CONTROLE CONCENTRADO E CONCRETO.
Luis Roberto Barroso entende se tratar de um litígio constitucional, de uma relação
processual contraditória, contrapondo União e Estado-membro, cujo desfecho pode resultar em
uma intervenção federal.
3.5.1. ADI interventiva federal
ADI interventiva federal: depende de provimento pelo STF, de representação
do PGR. – Regulada pela Lei 12.562/11
Objeto: lei ou ato normativo, ou omissão, ou ato governamental estaduais ou distrital
de natureza estadual, contrários aos princípios sensíveis da CF; bem como lei federal
cuja execução esteja sendo recusada.
São princípios sensíveis: a) forma republicana, sistema representativo e regime
democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da
administração pública, direta e indireta; e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. Art. 34, inciso VII, da CF.
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
3.5.1.1. Resumindo
Intervenção Federal - hipóteses
o De ofício pelo Presidente: integridade nacional; invasão estrangeira/unidade de
federação; por termo a comprometimento da ordem pública; reorganizar finanças
de Estado.
CN 24h + ouvir Conselho da República e Conselho de Defesa
o A pedido dos Poderes: livre exercício de qualquer dos Poderes
Pedido do Legislativo e Executivo: solicita ao Presidente para intervir,
submete ao CN 24h.
Pedido do Judiciário: Requisita ao Presidente, submete ao CN 24h.
o Garantir execução de ordem judicial: depende de requisição do TSE, STJ e STF,
conforme a matéria.
Não precisa de apreciação do CN, pois a intervenção foi determinada em
bojo de ação judicial.
o Representação do PGR ao STF: garantir execução de lei federal; princípios
constitucionais sensíveis.
ADI interventiva: STF aceita e leva a conhecimento do Presidente para que
em 15 dias expeça decreto de intervenção/nomeie interventor,
67 A decisão do STF é vinculante, não cabendo discricionariedade ao
Presidente.
O Decreto limita-se a suspender a execução do ato impugnado, se essa
medida for suficiente.
Não é necessária apreciação do CN.
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
68 Sendo assim, deixou que cada Constituição Estadual estabelecesse os seus legitimados,
observando-se o princípio da simetria, em vista de se tratar de manifestação do poder
constituinte derivado decorrente. Ex: Governador, Mesa da Assembleia, Conselho Estadual da
OAB etc.
IMPORTANTE: STF tem aceitado a ampliação pelas Constituições Estaduais de seus
respectivos legitimados para a propositura de representação de inconstitucionalidade, em
âmbito estadual, sem guardar simetria com o art. 103 da CF. A exemplo disso, já se manifestou
em relação aos Deputados Estaduais, uma vez que a Constituição do Estado o legitimou.
Por sua vez, quanto a restrição desse rol, ainda não houve manifestação pelo STF a
respeito, lembrando-se apenas de que a Constituição Federal, em seu art. 125, § 2º, proibiu a
atribuição de legitimação para agir a um único órgão.
3.6.5. Considerações finais
O TJ local apenas realizará controle concentrado e abstrato de lei ou ato normativo
estadual ou municipal, ou ainda distrital, em face de Constituição Estadual. Contudo, se se tratar
de controle difuso, será possível que o TJ , através do Pleno ou de seu Órgão Especial, aprecie,
de maneira incidental, a constitucionalidade de lei federal em face da Constituição Federal.
Por sua vez, o STF, em controle concentrado e abstrato, somente apreciará lei ou ato
normativo federal ou estadual, ou ainda distrital de caráter estadual, em confronto com a
Constituição Federal. Excepcionalmente, porém, poderá o STF analisar lei municipal perante a
Constituição Federal, só que em sede de ADPF.
Observe-se, então, que as leis estaduais sofrem dupla fiscalização, em controle
concentrado e abstrato, seja perante o TJ e tendo como parâmetro a Constituição Estadual, seja
perante o STF e tendo como parâmetro a Constituição Federal.
Simultaneidade de Ações Diretas de Constitucionalidade
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
● A alteração do parâmetro constitucional antes que a ADI seja julgada não prejudica o
conhecimento da referida ação, pois não se admite constitucionalidade superveniente
no sistema jurídico pátrio, devendo ser analisada em face do dispositivo vigente quando
da época de sua edição.
o ATENÇÃO: a teoria moderna aceita a inconstitucionalidade superveniente,
conceituando esta como lei que sofreu um processo de inconstitucionalização,
considerando o tempo e as mudanças verificadas no cenário jurídico, político,
econômico e social do país. Não há uma sucessão de Constituições, mas uma
desarmonia com a CF e com o tempo, tornando-se incompatível com o texto
constitucional.
● Uma lei considerada inconstitucional sob a égide de determinada Constituição ou
Emenda, após edição de emenda constitucional que permita o normativo legal, não se
torna constitucional, uma vez que não há “constitucionalidade superveniente”. Para que
aquele conteúdo normativo seja válido, sob a égide da nova alteração constitucional, se
faz necessária edição de nova lei. A constitucionalidade da lei é verificada quando do
seu nascimento, sendo a inconstitucionalidade vício insanável impassível de
convalidação, mesmo por Emenda Constitucional.
o CASO DO ICMS e do consumidor que importa mercadoria para consumo
próprio. Antes da EC 33 era inconstitucional cobrar ICMS deles. Depois, passou
a ser possível, mas os estados tiveram que editar novas leis sob a égide da EC33.
o Ainda que uma lei anteriormente constitucional torne-se inconstitucional em
72 virtude de EC posterior, pode ser declarada a inconstitucionalidade dela, com
parâmetro à norma vigente à promulgação do texto normativo.
● Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis
municipais/estaduais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal,
desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos Estados.
● ADI, em regra, não deverá ser conhecida caso o ato normativo que estava sendo
impugnado seja revogado/alterado antes do julgamento, salvo:
o Se a revogação foi feita com o intuito de fraudar o processo.
o Demonstração de que o conteúdo impugnado está repetido em outro diploma
ou que seu texto permaneceu com a inconstitucionalidade alegada.
o Quando o STF já julgou o mérito da ação e não houve comunicação prévia de
que houve revogação da norma objeto de ADI.
● A revogação, ou substancial alteração, do complexo normativo impõe ao autor o ônus
de apresentar eventual pedido de aditamento, caso considere subsistir a
inconstitucionalidade na norma que promoveu a alteração ou revogação. (info 890,
dezembro de 2017).
o Se foi revogado, há perda superveniente do objeto da ADI.
o Se foi alterada a lei, deve demonstrar a permanência da inconstitucionalidade,
sob pena de perda superveniente do objeto da ADI,
▪ SALVO: fraude processual; repetição do conteúdo, em sua essência, em
outro diploma normativo; caso o STF tenha julgado o mérito da ação
sem ter sido notificado da revogação da norma atacada.
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
● As decisões proferidas em controle difuso não possuem efeitos vinculantes, mas sim
FORÇA EXPANSIVA. Não se admite abstrativização do controle difuso.
o A pessoa que foi parte no processo pode utilizar da reclamação, após esgotadas
as instâncias ordinárias.
o Terceiro qualquer não pode utilizar de reclamação para requerer aplicação do
que foi decidido em controle difuso, uma vez que a decisão não lhe alcança.
o ATENÇÃO!!! ABSTRATIVIZAÇÃO DO CONTROLE DIFUSO PASSOU SER ACEITO
PELO STF EM SESSÃO PLENÁRIA, INFO 886, NOVEMBRO DE 2017. Esperar uma
manifestação mais contundente do STF, pois há especulações diversas.
o ATENÇÃO!!! AINDA não adota a transcendência dos motivos determinantes
em sede de controle de constitucionalidade, mas apenas a abstrativização do
controle difuso. No INFO 886, Carmen Lúcia disse que o STF se aproxima de
julgar não só a constitucionalidade de cada ato normativo, mas da própria
matéria que nele se contém. Ainda não se dá para dizer que foi aceita a tese
de abstrativização do controle difuso, visto que foi dado em sede de ADI e
aplicou os efeitos vinculantes e erga omnes à uma questão incidental da ADI.
● “Em ação direta de inconstitucionalidade, com a proclamação do resultado final, se tem
por concluído e encerrado o julgamento e, por isso, não pode haver a sua reabertura
para fins de modulação.”
● Teoria da transcendência dos motivos determinantes: não admitida pelo STF. Só o
73 dispositivo possui efeito vinculante. Incabível reclamação fundada na transcendência
dos motivos determinantes.
● Lei de conversão de MP não convalida os vícios formais porventura existentes em
medida provisória, podendo estes vícios formais ser objeto de análise do STF.
● Não se aplica prazo em dobro para a Fazenda Pública apresentar recursos
Extraordinários contra decisão do TJ em controle concentrado de leis locais. ATENÇÃO:
a última decisão do STF em 2016, em sede de ADI, disse que não cabia prazo em dobro.
●
● APLICA-SE PRAZO EM DOBRO para a Fazenda Pública apresentar recursos
Extraordinários contra decisão do TJ em controle CONCRETO (REX) de leis locais.
● Declaração de inconstitucionalidade por órgão fracionário de ato normativo infralegais
como decreto legislativo de efeitos concretos (exaure-se com sua promulgação), não
viola a cláusula de serva de plenário, pois a cláusula de reserva de plenário sujeita a LEI
ou ATO NORMATIVO geral e abstrato.
● Não viola cláusula de reserva de plenário decisão de órgão fracionário que deixa de
aplicar norma infraconstitucional por entender não haver subsunção aos fatos ou que
a incidência normativa seja resolvida mediante a sua interpretação, sem potencial
ofensa direta à CF.
● Admite-se controle de constitucionalidade das leis orçamentárias independentemente
de seu caráter concreto ou abstrato.
● Nos processos do controle objetivo (concentrado/abstrato) de constitucionalidade, a
conexão ocorre somente em função da identidade do pedido/objeto entre as ações, e
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
de nova York sobre direito das pessoas com deficiência. Nem mesmo os tratados
SUPRALEGAIS, como Pacto de San José da Costa Rica pode, pois não possuem
envergadura constitucional.
o Todas essas espécies de tratados estão sujeitas a serem controladas, ou seja,
poderão vir a ser declarados inconstitucionais caso violem os limites da CF. Ou
seja, qualquer dessas modalidades de tratados poderá vir a ser objeto de
controle de constitucionalidade. (Status de emenda, supralegal, status legal)
● É admissível ADPF mesmo que tenha como pano de fundo a impugnação de decisões
judiciais de primeira e segunda instâncias.
● Não fica afastada a subsidiariedade da ADPF pelo fato de o ato impugnado na ADPF estar
ou puder ser veiculado em processo subjetivo e, neste, ser cabível sua desconstituição
em sede recursal ordinária ou extraordinária. Logo: Ainda que caiba REX, é possível
utilizar a ADPF.
● A perda do mandato parlamentar que tenha proposto a ação de controle preventivo de
constitucionalidade à EC implicará tornar o prosseguimento da ação IMPOSSÍVEL, na
forma da jurisprudência do STF, uma vez que há ausência de legitimidade para a causa.
● A distinção entre inconstitucionalidade e inconveniência também é aplicável no que
concerne às Emendas Constitucionais: aquele primeiro juízo tem como parâmetro a
interpretação da Constituição Federal, este último pode ter diversos parâmetros
(econômicos, políticos, sociais, culturais, etc.), não tendo aptidão para invalidar a
75 ●
norma.
A Emenda Constitucional só pode ser declarada inconstitucional materialmente se ferir
cláusulas pétreas, logo, está adstrito às limitações materiais, explícitas ou implícitas,
diferente das leis, que basta desrespeitar qualquer norma constitucional para ser
declara inconstitucional. Por isso, diz-se que o parâmetro de constitucionalidade das EC
é estreitíssimo.
● Papel do AGU nas ações de controle de constitucionalidade.
o É citado para defender o ato impugnado. (CF e lei 9868)
o A atuação do AGU é um múnus público, que pode ser mitigado quando houver
entendimento do STF quanto à inconstitucionalidade do ato impugnado.
o Quando já tiver manifestado em parecer sobre a inconstitucionalidade da
norma.
● É possível a celebração de acordo num processo de índole objetiva, como a ADPF,
desde que fique demonstrado que há no feito um conflito intersubjetivo subjacente
(implícito), que comporta solução por meio de autocomposição. Vale ressaltar que,
na homologação deste acordo, o STF não irá chancelar ou legitimar nenhuma das teses
jurídicas defendidas pelas partes no processo. O STF irá apenas homologar as
disposições patrimoniais que forem combinadas e que estiverem dentro do âmbito da
disponibilidade das partes. A homologação estará apenas resolvendo um incidente
processual, com vistas a conferir maior efetividade à prestação jurisdicional.
● Efeito repristinatório: a declaração de inconstitucionalidade de uma lei alcança,
inclusive, os atos pretéritos com base nele praticados, eis que o reconhecimento desse
supremo vício jurídico, que inquina de total nulidade os atos emanados do Poder
Público, desampara as situações constituídas sob a sua égide e inibe – ante a sua
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
________________________________________________________________________
#costurandoatoga
Direito Constitucional
Controle de Constitucionalidade
Apostila 02
Dia: 26/06/2018
em, pelo menos, nove estados da federação para serem consideradas aptas a ajuizar
ações de controle concentrado de constitucionalidade.
o Tomando de empréstimo, por analogia, o critério do caráter nacional do art. 8º
da Lei nº 9.096/1995 para o registro de partidos políticos, firmou-se a
jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal no sentido de que suficiente a
prova da existência de membros ou associados em pelo menos um terço dos
Estados da Federação – nove Estados – para que configurado o caráter nacional
da entidade de classe a que alude o art. 103, IX, da Lei Maior.
● ATENÇÃO: em súmula vinculante, acrescenta-se os seguintes legitimados em relação à
ADI:
o VI - o Defensor Público-Geral da União;
o XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e
Territórios, os Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os
Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares.
● Para que haja intervenção federal em estado membro que deixa de pagar precatório,
deve ficar demonstrado que esse inadimplemento se deu de forma voluntária e
intencional. Dificuldade financeira não justifica intervenção.
● Súmula 637-STF: Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de
Justiça que defere pedido de intervenção estadual em Município
o O recurso extraordinário destina-se a impugnar decisões judiciais (em sentido
estrito). Quando o Tribunal de Justiça decide um pedido de intervenção
estadual essa decisão, apesar de emanar de um órgão do Poder Judiciário,
77 reveste-se de caráter político-administrativo (e não jurisdicional). Logo, por se
tratar de uma decisão político-administrativa proferida pelo Poder Judiciário,
contra ela não cabe recurso extraordinário já que não existe uma “causa judicial
● Constitucional previsão de reclamação na Constituição dos Estados. Não implica invasão
de competência para legislar sobre direito processual. Não possui natureza jurídica de
recurso, é um direito constitucional de petição.
o ATENÇÃO: STF mudou de entendimento quanto à natureza. Ele entende possuir
natureza jurídica de ação, uma vez que há necessidade de contraditório prévio
através do ingresso do beneficiário do ato como parte. Assim, há condenação
em honorários.
________________________________________________________________________