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 Direito Constitucional
 Controle de Constitucionalidade
 Apostila 02
 Dia: 26/06/2018

APOSTILA DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE


Fontes: Pedro Lenza – Direito Constitucional Esquematizado®, Manual Prático do João
Lordelo, esqueleto do resumo do TRF1 de 2015, meu caderno (rico em anotações),
jurisprudências do Dizer o Direito e, por fim, meus próprios conhecimentos! 
APOSTILA DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ................................................................. 1
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS: ................................................................................................ 3
1.2. CONCEITO.............................................................................................................................. 3
1.2.1. Hierarquia entre normas: pressuposto para o controle ............................................ 3
1.2.1.1. Hierarquia dos tratados internacionais .............................................................................. 4
1.2.1.2. Lei complementas VS. Lei ordinária ................................................................................... 4
1.2.2. Supremacia da Constituição – João Lordelo .............................................................. 5
1.3. NATUREZA JURÍDICA: NULIDADE OU ANUALIBILIDADE ..................................................................... 5
1.3.1. A mitigação do princípio da nulidade no controle concentrado do Direito Brasileiro
– art. 27 da Lei nº 9.868/99 e art. 11 da Lei nº 9.882/99 .......................................... 6
1.3.2. A mitigação do princípio da nulidade no controle difuso .......................................... 6
1.4. INCONSTITUCIONALIDADE: ESPÉCIES E CONCEITO ........................................................................... 7
1.5. PARÂMETRO OU NORMA DE REFERÊNCIA – JOÃO LORDELO ............................................................ 10
1.5.1. Bloco de constitucionalidade ................................................................................... 11
1.5.2. Inconstitucionalidade de normas constitucionais: é possível??? ............................. 11
1.6. MOMENTOS E FORMAS DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ................................................... 11
1.6.1. Controle prévio ou preventivo: ................................................................................ 11
1 1.6.2. Controle posterior ou repressivo: ............................................................................ 12
1.6.2.1. Exceção à regra geral de controle posterior: possibilidade de o Legislativo e Executivo
realizarem o controle dos atos normativos após sua edição ........................................... 13
1.6.2.2. Controle posterior pelo Executivo: possibilidade de deixar de aplicar lei inconstitucional
13
1.6.2.3. Controle posterior exercido pelo TCU e pelo CNJ ............................................................ 13
1.7. TIPOS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE........................................................................... 14
1.8. FORMAS DE DECLARAÇÃO DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE – JOÃO LORDELO ........................ 14
1.8.1. Efeitos da decisão .................................................................................................... 14
1.8.2. Aspecto subjetivo (sujeitos atingidos pelo efeito) ................................................... 15
1.8.3. Aspecto objetivo (extensão dos efeitos) .................................................................. 15
1.8.4. Aspecto temporal (ex tunc)...................................................................................... 15
1.8.4.1. Modulação dos efeitos da decisão ................................................................................... 16
1.8.4.2. Normas ainda constitucionais / em via de inconstitucionalidade / inconstitucionalidade
progressiva ....................................................................................................................... 16
1.8.4.2. Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia da nulidade ................................... 16
1.8.4.3. Inconstitucionalidade circunstancial ................................................................................ 16
1.8.4.5. Proibição do “atalhamento constitucional” ou do “desvio do poder constituinte” ......... 17
1.8.5. Quanto à extensão dos efeitos ................................................................................ 17
1.9. HISTÓRICO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL .................................................... 18
2. CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE .............................................................. 19
2.1.NOÇÕES GERAIS DO CONTROLE DIFUSO ...................................................................................... 19
2.2.CONTROLE DIFUSO NOS TRIBUNAIS – CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO – FULL BENCH (BANCO CHEIO).
ART. 97 DA CF/88 ................................................................................................................ 20
2.3. EFEITOS DA DECISÃO .............................................................................................................. 23
2.3.1. Para as partes .......................................................................................................... 23
2.3.2. Efeitos para terceiros (art. 52, X, CF) – abstrativização do controle difuso? ........... 25
2.3.3. Teoria da transcendência dos motivos determinantes e abstrativização do controle
difuso 27
2.3.4. Objetivação do recurso extraordinário? .................................................................. 28

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2.3.5. Controle incidental em controle concentrado – transcendência dos motivos


determinantes?........................................................................................................ 28
2.3.6. Controle difuso em sede de ação civil pública ......................................................... 29
2.3.7. Recuso extraordinário como instrumento de controle concentrado/abstrato ........ 30
2.3.8. Controle incidental de constitucionalidade feito pelo STJ ....................................... 30
3. CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE ................................................. 30
3.1. ADI (AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE) GENÉRICA .......................................................... 30
3.1.1. Conceito ................................................................................................................... 31
3.1.2. Objeto ...................................................................................................................... 31
3.1.2.1. Podem ser controladas por ADI........................................................................................ 31
3.1.2.2. Não podem ser controladas por ADI ................................................................................ 33
3.1.3. Temas relevantes ..................................................................................................... 35
3.1.3.1. O conceito de bloco de constitucionalidade (paradigmas) .............................................. 35
3.1.3.2. Teoria da transcendência dos motivos determinantes .................................................... 36
3.1.3.3. Teoria da inconstitucionalidade por arrastamento ou atração ou inconstitucionalidade
consequente de preceitos não impugnados ou inconstitucionalidade consequencial ou
inconstitucionalidade consequente ou derivada ............................................................. 37
3.1.3.4. Lei ainda constitucional ou inconstitucionalidade progressiva ou declaração de
constitucionalidade de norma em trânsito para a inconstitucionalidade ........................ 37
3.1.3.5. Inconstitucionalidade circunstancial ................................................................................ 38
3.1.3.6. Interpretação conforme e declaração de nulidade parcial sem redução de texto ........... 38
3.1.3.7. O inconcebível fenômeno da fossilização da Constituição – possibilidade de reação
legislativa. ......................................................................................................................... 39
3.1.3.8. Município putativo ........................................................................................................... 39
3.1.3.9. Princípio da proibição do atalhamento constitucional ou do desvio de poder constituinte
......................................................................................................................................... 41
2 3.1.3.10. Inconstitucionalidade chapada, elouquecida, desvairada, tresloucada. ........................ 41
3.1.3.11. Início da eficácia da decisão que declara a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo
....................................................................................................................................... 41
3.1.4. Competência ............................................................................................................ 41
3.1.5. Legitimidade ............................................................................................................ 42
3.1.6. Procedimento .......................................................................................................... 44
3.1.6.1. Medida Cautelar ............................................................................................................... 46
3.1.6.2. A figura do amicus curiae em ADI e demais ações ........................................................... 47
3.1.7. Efeitos da decisão definitiva na ADI ........................................................................ 49
3.1.7.1. Aspectos importantes sobre os efeitos da decisão em ADI .............................................. 50
3.1.8. Reclamação Constitucional...................................................................................... 53
3.2. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADC) ............................................................... 54
3.2.1. Objeto ...................................................................................................................... 54
3.2.2. Competência ............................................................................................................ 54
3.2.3. Legitimidade ............................................................................................................ 54
3.2.4. Procedimento .......................................................................................................... 54
3.2.5. Efeitos da decisão .................................................................................................... 55
3.2.6. Medida cautelar em ADC ......................................................................................... 57
3.2.7. ADC no âmbito estadual .......................................................................................... 57
3.3. ADI POR OMISSÃO ................................................................................................................ 57
3.3.1. Objeto ...................................................................................................................... 57
3.3.2. Competência ............................................................................................................ 58
3.3.3. Legitimidade ............................................................................................................ 58
3.3.4. Procedimento: ......................................................................................................... 58
3.3.5. Efeitos da decisão .................................................................................................... 59
3.3.6. Fungibilidade ........................................................................................................... 59
3.4. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL ..................................................... 61
3.4.1. Hipóteses de cabimento .......................................................................................... 61
3.4.2. Preceito fundamental .............................................................................................. 62
3.4.3. Competência ............................................................................................................ 63

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3.4.4. Legitimidade ............................................................................................................ 63


3.4.5. Medida Cautelar em ADPF....................................................................................... 63
3.4.6. Procedimento .......................................................................................................... 63
3.4.7. Efeitos da decisão = ADI/ADC .................................................................................. 64
3.4.8. Princípio da Fungibilidade entre ADI/ADPF ............................................................. 65
3.5. ADI INTERVENTIVA ................................................................................................................ 65
3.5.1. ADI interventiva federal ........................................................................................... 66
3.5.1.1. Resumindo ....................................................................................................................... 67
3.5.2. ADI interventiva estadual ........................................................................................ 67
3.6. CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE NOS ESTADOS-MEMBROS ..................................... 68
3.6.1. Regras gerais ........................................................................................................... 68
3.6.2. Objeto ...................................................................................................................... 68
3.6.3. Competência ............................................................................................................ 68
3.6.4. Legitimados ............................................................................................................. 68
3.6.5. Considerações finais ................................................................................................ 68
3.6.6. Sistema difuso em sede estadual............................................................................. 69
4. ANOTAÇÕES DO MEU CADERNO ..................................................................................... 70

1. Noções introdutórias:
1.2. Conceito
Trata-se da verificação da adequação e da compatibilidade dos demais atos normativos
3 aos preceitos estabelecidos pela Constituição.
Pressupostos para o controle:
 CF rígida (processo de alteração mais dificultoso): causa da hierarquia;
 Competência a um órgão para resolver os problemas de constitucionalidade (STF);
 Supremacia da CF (ápice da pirâmide);
1.2.1. Hierarquia entre normas: pressuposto para o controle
Pessoal. Não há como falar em controle de constitucionalidade sem saber o que é
hierarquia normativa e como é possível a aplicação desse controle nessas hierarquias.
Um ordenamento jurídico, em regra, é composto por escalonamento normativo, onde a
Constituição é a “Norma Suprema”, de onde todas as outras retiram sua validade. É a famosa
teoria piramidal de Kelsen, ok? Esta teoria preconiza que uma norma inferior retira sua validade
em uma norma superior. Assim, o controle serve para que a norma inferior obedeça aos
parâmetros da norma superior.
Até aí tudo bem. Mas como é possível a realização do controle de constitucionalidade tão
somente com base nisso? É requisito fundamental para o controle, que a constituição seja
rígida e haja a atribuição de competência a um órgão para resolver os problemas de
constitucionalidade. Logo, para que haja o controle, pressupõe-se que a constituição seja rígida,
havendo um escalonamento normativo, ocupando a Constituição o grau máximo na relação
hierárquica, sendo a norma de validade do sistema. É o princípio da supremacia da
constituição, que significa que a Constituição se coloca no vértice do sistema jurídico do país, a
que confere validade as demais normas.
Então, se a constituição for flexível, sendo alterada por processo legislativo igual ao das
leis ordinárias, não há como ter controle de constitucionalidade, pois uma lei ordinária poderia
revogar uma norma constitucional, não havendo “supremacia da constituição” em sistema de
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constituição flexível. Portanto, guardem para a prova: controle de constitucionalidade


pressupõe uma constituição rígida!
Como anteriormente mencionado, a hierarquia do sistema jurídico é um pressuposto para
o controle de constitucionalidade, uma vez que um sistema constitucional rígido revela a
existência de uma “Lei Maior” que dá validade para as demais normas.
No sistema brasileiro, podemos definir nossa hierarquia de normas assim:
a) Normas Constitucionais: normas da constituição e tratados internacionais do artigo
5º, §3º da CF.
b) Normas supralegais: tratados internacionais anteriores e posteriores à CF, que
versam sobre direitos humanos, mas que não foram incorporadas sob o rito descrito
no artigo 5º, §3º, CF.
c) Leis ordinárias e complementares
d) Atos infralegais: decretos.

1.2.1.1. Hierarquia dos tratados internacionais


Nós vamos ver em Direito Internacional que o atual entendimento sobre a hierarquia dos
tratados traz três espécies hierárquicas:
a) Status de emenda constitucional: tratados de direitos humanos + aprovado por 3/5
dos parlamentares e dois turnos. (art. 5º, §3º, CF).

4 b) Status supralegal: tratado de direitos humanos não aprovado pelo rito anterior. Aqui
o tratado estará acima das leis, mas abaixo da Constituição. Ex: Pacto San José da
Costa Rica. Fundamento: Art. 5º, §2º: se os direitos fundamentais expressos na CF não
excluem outros decorrentes de tratados internacionais, esses direitos, ao adentrar no
ordenamento, são manifestação desses próprios direitos fundamentais, de modo que
não podem ser considerados como simples leis ordinárias.
a. Prisão do depositário infiel: O Pacto de San José da Costa Rica estabelece que
não pode haver prisão do depositário infiel, mas a CF permite tal prisão. A CF
prevalece sobre o tratado (status supralegal). Mas mesmo assim, atualmente,
é impossível a prisão do depositário infiel. Isso porque a CF exige lei para
prender, sendo norma de eficácia limitada. Havia um decreto que
regulamentava isso e permitia tal prisão. Mas como o Pacto de San José da
Costa Rica (supralegal) suspendeu os efeitos de tal decreto (força de lei), não
é possível mais a prisão civil por depósito infiel.
c) Status de lei ordinária: tratado internacional comum.

1.2.1.2. Lei complementas VS. Lei ordinária


Conforme preleciona a doutrina, não há hierarquia entre lei ordinária e lei complementar.
O que há é apenas campos materiais distintos de atuação delimitados pela Constituição.
Conforme João Lordelo afirma: o que determina a hierarquia é de onde a norma retira seu
fundamento de validade e, nesse caso, ambas as normas retiram os seus da Constituição Federal.
As diferenças entre tais espécies normativas residem no aspecto material e formal.
Quanto ao aspecto material, a lei ordinária possui competência residual, de modo que onde a
Constituição disser “lei”, será lei ordinária. Lado outro, as leis complementares possuem
competência reservada, regulando matérias quando a CF expressamente disser que será por
meio de lei complementar.
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Em relação ao aspecto formal, o quórum de aprovação de lei ordinária é maioria relativa


(50% dos presentes – mais de metade devem estar presentes), enquanto a lei complementar
exige maioria absoluta.
Assim, uma lei ordinária não pode tratar de matéria de lei complementar, vez que a lei
complementar é reservada. No entanto, uma lei complementar pode tratar de matéria de lei
ordinária, sem ser invalidada, por questão de economia legislativa. Essa lei será apenas
formalmente complementar e materialmente ordinária, de modo que, mesmo formalmente
complementar, poderá ser revogada no ponto materialmente ordinária por lei ordinária.
1.2.2. Supremacia da Constituição – João Lordelo
Supremacia quer dizer superioridade, e pode ser dada, segundo material do João Lordelo,
de duas formas:
a) Supremacia material: está relacionada ao conteúdo da Constituição. O conteúdo é
superior às demais normas, uma vez que contém os fundamentos do Estado. Toda
Constituição tem supremacia material, independentemente de ser rígida ou flexível.
b) Supremacia formal: aqui reside o cerne da questão. Está relacionada ao processo
através do qual a Constituição foi criada, ao seu processo de elaboração e sua forma
especial de revisão. Somente possui supremacia formal a Constituição RÍGIDA, cujo
processo de alteração seja mais solene que o processo ordinário.
A Constituição rígida, como estudamos na aula anterior, necessita de normas escritas.
A supremacia formal é um atributo específico das constituições rígidas!!! Para fins de
5 controle de constitucionalidade, o que importa é a supremacia da Constituição. Só haverá
controle quando a Constituição for rígida. Se a Constituição for flexível, não há como ter controle
de constitucionalidade. Isso porque o mesmo parlamento que elabora as leis pode alterar o
conteúdo da Constituição, não havendo uma supremacia, ou uma norma maior a ser respeitada.
Só é possível controlar as leis se uma norma superior tiver supremacia formal, pois ela
não pode ser alterada por simples processo legislativo, de modo que as leis ordinárias editadas
pelo legislativo devem manter respeito à Norma Maior. Do contrário, basta o próprio legislativo
alterar a Constituição ao invés de criar uma lei.
1.3. Natureza Jurídica: nulidade ou anualibilidade
No Brasil prevalece a ideia de que a decisão sobre a constitucionalidade ou não de um
determinado ato normativo é de natureza declaratória, com efeitos ex tunc (invalidade desde o
nascimento da norma). Portanto, adotamos o sistema norte-americano de nulidade absoluta da
norma (declaração) inconstitucional, mitigando o princípio da nulidade com o princípio da
segurança jurídica e boa-fé (modulação dos efeitos).
Sistema austríaco VS Sistema norte-americano
Em nosso sistema, quando declaramos uma norma inconstitucional, ela possui efeitos ex
tunc, de nulidade, afetando a validade da norma, como se nunca tivesse existido. Trata-se,
portanto, de ato declaratório que reconhece um vício pretérito, “congênito”; a norma é nula
desde seu nascimento, quando comparado com o “bloco de constitucionalidade” – paradigma
de controle.
Esse é o sistema norte-americano (teoria da nulidade), cuja lei inconstitucional, porque
contrária a uma norma superior, é considera absolutamente nula, e por isto, ineficaz, pelo que
o juiz, que exerce o poder controle, não anula, mas meramente declara (preexistente) nulidade
da lei inconstitucional.

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Lado outro, Kelsen, precursor do sistema austríaco, defende a teoria da anulabilidade da


norma inconstitucional, caracterizando-se como constitutiva (negativa, porque desconstitui) a
decisão que reconhece a inconstitucionalidade. Aqui não há a declaração de nulidade, mas a
efetiva anulação de uma lei que, até o momento em que o pronunciamento da Corte não seja
publicado, é válida e eficaz. A anulabilidade atinge o plano de eficácia, com efeitos ex nunc. A
Corte constitucional, nesse modelo, diz a partir de quando a lei será considerada nula. É o que
atualmente chamamos de modulação dos efeitos.
1.3.1. A mitigação do princípio da nulidade no controle concentrado do
Direito Brasileiro – art. 27 da Lei nº 9.868/99 e art. 11 da Lei nº
9.882/99
Como dito ali em cima, o sistema austríaco traz em sua raiz a possibilidade de dizer o
momento inicial em que a norma será considerada como nula. No sistema brasileiro isso ocorre,
estando inclusive positivada tal hipótese. Vocês sabem como? É a modulação dos efeitos da
decisão do controle de constitucionalidade.
Conforme o artigo 27 da Lei 9.868/99, ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social,
poderá o STF, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela
declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro
momento que venha a ser fixado. O mesmo texto está escrito no artigo 11 da Lei 9.882/99, que
trata sobre ADPF.
Portanto, a modulação é herança do modelo austríaco, para fins de uma melhor
6 adequação do controle de constitucionalidade. Isso assegura outros valores, como segurança
jurídica, interesse social e boa-fé.
O título desse tópico fala sobre controle concentrado. Mas é possível modular decisões
em controle difuso (subjetivo) de constitucionalidade? Vejamos:
1.3.2. A mitigação do princípio da nulidade no controle difuso
O STF, à luz do princípio da segurança jurídica, da confiança, da ética jurídica, da boa-fé,
todos constitucionalizados, em verdadeira ponderação de valores, vem mitigando os efeitos da
decisão que reconhece a inconstitucionalidade em controle difuso, preservando-se situações
pretéritas consolidadas com base na lei objeto do controle.
Veja interessantes julgados extraído do Dizer o Direito:
É possível a modulação dos efeitos da decisão proferida em recurso extraordinário com
repercussão geral reconhecida. Para que seja realizada esta modulação, exige-se o voto de 2/3
(dois terços) dos membros do STF (maioria qualificada). STF. Plenário. RE 586453/SE, rel. orig.
Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 20/2/2013 (Info 695).
É possível a modulação dos efeitos da decisão proferida em sede de controle incidental de
constitucionalidade. STF. Plenário. RE 522897/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
16/3/2017 (Info 857).
Quadro esquemático:
Sistema AUSTRIACO (Kelsen) Sistema NORTE-AMERICANO (Marshall)
Decisão tem eficácia CONSTITUTIVA (constitutiva- Decisão tem eficácia DECLARATÓRIA de situação
negativa) preexistente
Em regra, o vício é aferido no plano da EFICÁCIA Em regra, o vício é aferido no plano da VALIDADE

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Em regra efeitos EX NUNC Em regra efeitos EX TUNC


A lei inconstitucional é ato ANULÁVEL A lei inconstitucional é ato NULO
Lei provisoriamente válida Invalidação AB INITIO
O reconhecimento da ineficácia da lei produz A lei nasce morta, nunca chegando a produzir
efeitos a partir da decisão (ex nunc) e erga omnes, efeitos, apesar de existir, não chegou ao plano da
respeitados os efeitos da lei produzidos até a eficácia
decisão
Em ambos os sistemas houve atenuação dos efeitos das decisões, sendo que o sistema
austríaco passou a possibilitar a retroação da decisão em determinados casos, assim como o
sistema norte-americano passou a prever a modulação de efeitos (caso Mapp x Ohio).
O Brasil adota o sistema norte-americano, com possibilidade de modulação de efeitos –
art. 27, da Lei 9868.
1.4. Inconstitucionalidade: espécies e conceito
Inconstitucionalidade é o ato em desconformidade com a Constituição, emanado do
Poder Público. Vejamos as espécies:
a) Por ação: Pela edição (atuação) de leis ou atos normativos incompatíveis, no sistema vertical de
normas, com a Constituição. Conduta positiva do legislador, que não se compatibiliza com os
princípios
a. Vício Formal (Nomodinâmica – na dinâmica do processo de formação): É o vício no
7 processo de formação da lei ou ato normativo infraconstitucional. Ele incide sobre o
próprio ato normativo enquanto tal, independentemente de seu conteúdo, levando em
conta apenas a forma de sua exteriorização - Canotilho.
i. Inconstitucionalidade formal orgânica: Decorre da inobservância da competência
legislativa para a elaboração do ato. O órgão editor é incompetente. Ex: município
edita norma sobre trânsito (competência da União).
Sobre o vício formal, o STF entende que a sanção do Presidente da República a
projetos de lei eivados pela usurpação de iniciativa reservada (sua) não possui
eficácia convalidatória. A falta de iniciativa é vício de origem e, portanto,
insanável pela sanção daquele que possuía a competência reservada.
ii. Inconstitucionalidade formal propriamente dita: Decorre da inobservância do
devido processo legislativo, que pode ser verificada em 02 momentos, na fase de
iniciativa – vício subjetivo ou nas demais fases posteriores – vício objetivo (nas
hipóteses em que não se observam determinadas formalidades, como o quórum
de votação, o princípio do bicameralismo federativo, previstas no processo de
elaboração da norma em questão).
iii. Inconstitucionalidade formal por violação a pressupostos objetivos do ato –
Canotilho: Decorre da inobservância de certos elementos, tradicionalmente, não
pertencentes ao processo legislativo, contudo, determinantes de competência, daí
serem pressupostos, dos órgãos legislativos em relação a determinadas matérias.
Ex1: deixar de fazer a consulta prévia do art. 18, § 4º, da CF: “A criação, a
incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios far-se-ão por lei
estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal, e
dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e
publicados na forma da lei.”

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Ex 2: verificação dos requisitos de relevância e urgência quando da edição de


medida provisória; observância dos requisitos do art. 18, §4º para criação de
município.
Dúvida: Pode o Judiciário analisar esses pressupostos constitucionais? O poder
judiciário só pode analisar os pressupostos constitucionais da medida provisória
quando a inconstitucionalidade for flagrante e objetiva. A análise de relevância e
urgência, em regra, é discricionária do Poder Executivo.
b. Vício Material (Nomoestática – estática porque o processo de formação da norma já
está acabado): É o vício no conteúdo da lei ou ato normativo, que se mostra incompatível,
substancialmente, com uma regra ou um princípio da Constituição.
c. Vício de Decoro Parlamentar (Lenza): É o vício no motivo ilícito que ensejou a votação de
um parlamentar em um determinado sentido (esquema de compra de votos). Segundo
Lenza, trata-se de inconstitucionalidade, pois há uma mácula na essência do voto e no
conceito de representatividade popular.
b) Por Omissão: Decorrente da inércia do legislador ordinário na regulamentação de normas
constitucionais de eficácia limitada. Essa omissão deve ser um descumprimento de um
mandamento constitucional no sentido de que o Poder Público atue positivamente, criando
uma norma legal, e não uma mera omissão.
Importante observação feita por João Lordelo, é que em relação às normas
programáticas, em regra não será possível falar em omissão inconstitucional, salvo, por certo,
se a inércia inviabilizar providências ou prestações correspondentes ao mínimo existencial.
Aqui cabe:
a. Mandado de injunção: para tutela incidental e in concreto de direitos subjetivos
8 constitucionais devido à ausência de norma reguladora;
b. ADI por omissão: para controle por via principal e em tese das omissões normativas.
Quanto às espécies de omissão, o João Lordelo tem um quadro bacana em seu material:

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No que toca à extensão da constitucionalidade, esta pode ser:


a) Total: pode ser total a inconstitucionalidade da lei, de artigo, de alínea. Normalmente
decorre de inconstitucionalidade formal.
b) Parcial: incide apenas sobre uma palavra ou expressão, desde que não altere o restante
do sentido da norma (senão estar-se-ia criando uma lei nova, dando um sentido
completamente diferente à lei criada pelo legislador).
Lordelo nos dá, ainda, uma dica: não confunda inconstitucionalidade parcial com o veto
parcial. O veto parcial só abrange “texto integral de artigo, parágrafo, inciso ou alínea” – art. 66,
§2º, CF. Já a declaração parcial de inconstitucionalidade pode incidir apenas sobre uma palavra
isolada ou expressão.
Ainda, segundo o mesmo autor, quando ao momento, a inconstitucionalidade
Originária: a inconstitucionalidade existe desde quando o seu nascimento.

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 Dia: 26/06/2018

Superveniente: o objeto que originariamente era constitucional torna-se inconstitucional


em razão da superveniente mudança de parâmetro, porque mudou a Constituição ou porque
houve emenda.
Quanto ao último item, Lordelo afirma que a inconstitucionalidade superveniente sempre
será material, pois refere-se à contradição aos princípios e normas da Constituição.
E normas que mudam de competência do órgão legiferante? Ou seja, e normas que antes
eram de competência estadual/municipal e passam a ser federal e vice-versa? Vejamos:
A competência era da União e passa a ser dos Estados/DF/Municípios  a antiga norma
federal permanece vigente aos estados/municípios até a sua prorrogação por lei estadual ou
municipal.
A competência antes era dos Estados/DF/Município e passa a ser da União  nesse
caso, a normas estaduais/municipais passam a ser revogadas.
Frise-se que não costumamos utilizar o termo inconstitucionalidade superveniente para
normas anteriores à constituição atual, mas sim os termos NÃO-RECEPÇÃO ou REVOGAÇÃO. O
STF entende que a questão da constitucionalidade somente se põe quando se cuida de lei
posterior á Constituição. Normas anteriores à Constituição somente podem ser declaradas
constitucional ou inconstitucional tendo como parâmetro a Constituição vigente à sua época de
edição, através de ADPF, e não de ADI/ADC.
Mas atenção: afigura-se possível a inconstitucionalidade superveniente quando falamos
da mudança de parâmetro normativo constitucional ou do próprio ato legislativo submetido a
10 controle. Nesses casos, além de um eventual processo de inconstitucionalização, pode-se ter a
própria declaração de inconstitucionalidade de lei anteriormente considerada constitucional.
1.5. Parâmetro ou norma de referência – João Lordelo
Parâmetro é a norma modelo, com status constitucional, com base na qual será realizado
o controle de constitucionalidade. No caso da CF 88, toda Constituição serve como parâmetro,
inclusive os princípios implícitos, exceto o preâmbulo, por não ter força jurídica, conforme
explicado na aula 01.
Importante mencionar que, conforme dito no começo da aula, os tratados internacionais
de direitos humanos aprovados por 3/5 em dois turnos de votação também servem como
parâmetro, pois possuem status de norma constitucional, conferida através deste procedimento
rígido. Sobre tal tema, o Dizer o Direito tem um julgado recente importante:
Em regra, não é cabível ADI sob o argumento de que uma lei ou ato normativo violou
um tratado internacional. Em regra, os tratados internacionais não podem ser utilizados como
parâmetro em sede de controle concentrado de constitucionalidade. Exceção: será cabível ADI
contra lei ou ato normativo que violou tratado ou convenção internacional que trate sobre
direitos humanos e que tenha sido aprovado segundo a regra do § 3º do art. 5º, da CF/88. Isso
porque neste caso esse tratado será incorporado ao ordenamento brasileiro como se fosse
uma emenda constitucional. STF. Plenário. ADI 2030/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 9/8/2017 (Info 872).
Entenderam???? O que possibilita o controle de constitucionalidade é a rigidez do ato, é
o procedimento mais rígido do que o de elaboração de lei, e não o conteúdo da norma
constitucional. É a supremacia formal que possibilita o controle de constitucionalidade.

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1.5.1. Bloco de constitucionalidade


Trata-se de expressão utilizada para se referir a todas as normas do ordenamento jurídico
que tem status constitucional. Em nosso ordenamento, o STF utiliza tal termo para se referir às
normas de referência: toda a Constituição + tratados do art. 5º, §3º, CF.
1.5.2. Inconstitucionalidade de normas constitucionais: é possível???
Nós temos em nosso ordenamento a figura do Poder Constituinte Derivado, e dentro dele:
poder de reforma, poder de revisão, e poder decorrente.
Esse poder de reforma é limitado pelas cláusulas pétreas do artigo 60, §4º da CF (FOrma
federativa de Estado; DIreitos e garantias individuais; VOto direto, periódico, secreto e
universal; SEparação dos Poderes) que impedem a redução dos valores da Constituição.
Obs: As primeiras sílabas destacadas formam um mnemônico que preferi não mencionar
aqui, mas serve para fins de gravação.
Voltando ao assunto. Portanto, a inconstitucionalidade de emendas constitucionais
decorre de: afronta ao processo de reforma (formal) ou à constituição propriamente dita
(material) e, ainda, por afronta às cláusulas pétreas.
Ademais, é importante dizer que não há possibilidade de existir norma constitucional
originária inconstitucional, uma vez que o PCO é juridicamente ilimitado, de modo que tudo o
que for criado na constituição originária, é constitucional. Apenas normas frutos do poder de
reforma (emendas constitucionais), podem ser declaradas inconstitucionais.

11 1.6. Momentos e formas do controle de constitucionalidade


1.6.1. Controle prévio ou preventivo:
a) Realizado sobre projetos de lei, durante o seu processo legislativo de formação, antes de
adentrar no ordenamento jurídico.
Pelo Legislativo: Através das comissões de constituição e justiça, existentes na Câmara
dos Deputados, bem como no Senado Federal. Também o plenário ou as comissões das referidas
casas poderão verificar a inconstitucionalidade do projeto de lei, seja durante as votações do
próprio projeto em questão ou não.
Michel Temer observa que esse controle não ocorre sobre projetos de medidas
provisórias, resoluções dos Tribunais e decretos. Aqui não há trâmite anterior para tal análise.
Pelo Executivo: Através do veto jurídico do Chefe do Poder Executivo. O veto jurídico é o
que declara a inconstitucionalidade da norma.
Pelo Judiciário: Através do julgamento, no caso concreto, de defesa de direito público
subjetivo, pertencente apenas aos parlamentares, de participar de um processo legislativo
hígido (devido processo legislativo) que não contrarie as regras de vedação de deliberação
expressamente contidas na Constituição. Em suma: não pode EMENDA contrariar cláusula
pétrea e o processo legislativo constitucional. É realizado sobre PEC ou projeto de Lei. É feito
através de mandado de segurança, vez que as ações objetivas são para atos normativos já
existentes.
Ainda, não há como se dizer que um projeto de lei ordinária possa ferir as cláusulas
pétreas, uma vez que elas, per si, já nasceriam inconstitucionais. Isso porque o artigo 60, §4º
veda EMENDA tendente a abolir cláusula pétrea, e não LEI ORDINÁRIA.

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Logo, em relação à PEC, a análise poderia ser da matéria e do processo legislativo,


enquanto sobre aos projetos de leis, tão somente quanto ao processo legislativo, não sendo
possível análise de matéria.
Saliente-se que o STF já consolidou entendimento no sentido de negar legitimidade
ativa ad causam a terceiros, que não sejam parlamentares, ainda que invoquem a sua potencial
condição de destinatários da futura espécie normativa, sob pena de transformar o referido
controle preventivo de constitucionalidade em abstrato. Em caso de perda superveniente de
mandato parlamentar, há a desqualificação da legitimidade ativa e a consequente extinção do
mandado de segurança.
Ademais, cabe ainda observar que o STF também já decidiu não caber o presente
controle sobre regras procedimentais contidas nos regimentos internos das respectivas casas
legislativas, por se tratar de matéria interna corporis, não sujeita à apreciação do Judiciário. Em
verdade e em regra, a possibilidade recai sobre matérias que não podem ser sequer objeto de
deliberação (cláusulas pétreas), de sorte que o parlamentar não pode ser obrigado a participar
de processo legislativo não permitido pelo ordenamento jurídico. Atenção: Gilmar Mendes diz
que se o ato interna corporis disser a respeito do processo legislativo previsto na CF, é possível
a discussão judicial acerca de sua constitucionalidade.
DECISÃO PARADIGMÁTICA: Plenário do STF, ao apreciar a ação, revogou a liminar
anteriormente concedida e denegou o mandado de segurança (STF. Plenário. MS 32033/DF, rel.
orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 20/6/2013). argumentos
expostos para denegar o MS:

12 Regra: em regra, não se deve admitir a propositura de ação judicial para se realizar o
controle de constitucionalidade prévio dos atos normativos.
Exceções: 2 casos em que é possível o controle de constitucionalidade prévio pelo Poder
Judiciário:
a) proposta de emenda à Constituição seja manifestamente ofensiva à cláusula pétrea;
b) tramitação do projeto de lei ou de emenda à Constituição violar regra constitucional
que discipline o processo legislativo.

1.6.2. Controle posterior ou repressivo:


Realizado sobre lei ou ato normativo já vigentes, a fim de se averiguar a presença de vício
formal e/ou material.
Controle Político: seria exercido por um órgão não participante dos três poderes. Não
temos no Brasil.
Controle Jurisdicional: é o exercido através do Poder Judiciário, na análise do controle
concentrado e difuso de constitucionalidade. O Brasil adotou um sistema jurisdicional misto, de
modo que pode ser realizado de forma concentrada e de forma difusa.

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1.6.2.1. Exceção à regra geral de controle posterior: possibilidade de o


Legislativo e Executivo realizarem o controle dos atos
normativos após sua edição
1ª Exceção: Art. 49, V, da CF: Competência exclusiva do Congresso Nacional para sustar
os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar (poder
normativo) ou dos limites de delegação legislativa (lei delegada).
2ª Exceção: são as medidas provisórias. As MPs tem força de lei, de modo que são editadas
e entram em vigor sem análise do Congresso Nacional. Posteriormente, são submetidas à análise
do Poder Legislativo, que pode realizar o controle de constitucionalidade.

1.6.2.2. Controle posterior pelo Executivo: possibilidade de deixar de


aplicar lei inconstitucional
Pedro Lenza ensina que é possível a possibilidade de descumprimento da lei
inconstitucional pelo Chefe do Executivo, em homenagem ao princípio da supremacia da
Constituição, de modo que este chefe poderia editar uma norma proibindo a aplicação da lei
que entender inconstitucional.
Portanto, corroborado pelo STF e STJ, os Chefes do Executivo podem tão só determinar
aos seus órgãos subordinados que deixem de aplicar administrativamente as leis ou atos com
força de lei que considerem inconstitucionais.

1.6.2.3. Controle posterior exercido pelo TCU e pelo CNJ


13 Conforme a Súmula 347 do STF, o Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições,
pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público. Isso quer dizer que eles
declaram a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade das leis???? NÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!
O que eles podem fazer é, no caso concreto (incidental), reconhecer a desconformidade
formal ou material de normas jurídicas, incompatíveis com o Constituinte Originário. Logo, os
Tribunais de Contas podem deixar de aplicar ato por considera-lo inconstitucional, bem como
sustar outros atos praticados com base em leis vulneradoras da CF.
“Neste mesmo sentido, o CNJ no exercício do controle administrativo pode deixar de
aplicar lei inconstitucional. Assim, o STF decidiu que o CNJ pode determinar que Tribunal de
Justiça exonere servidores nomeados sem concurso público para cargos em comissão que não
se amoldam às atribuições de direção, chefia e assessoramento, contrariando o art. 37, V, da
CF/88. Esta decisão do CNJ não configura controle de constitucionalidade, sendo exercício de
controle da validade dos atos administrativos do Poder Judiciário.
O presente julgado, no entanto, aponta, de forma categórica – mais do que em outros
julgados anteriores, que já pareciam caminhar nessa direção - que o CNJ detém competência
para afastar, por inconstitucionalidade, a aplicação de lei invocada como fundamento para o
ato administrativo objeto do processo de controle instaurado perante aquele órgão, por ato
expresso e formal tomado pela maioria absoluta de seus membros. Isso não equivaleria à
declaração de inconstitucionalidade da lei, já que não decretaria – muito menos com eficácia
erga omnes – a sua invalidade, projetando o efeito de sua decisão unicamente aos órgãos
submetidos ao seu poder fiscalizatório.
Demais disso, pôs-se em evidência o entendimento, bastante corrente na doutrina, de
que as leis inconstitucionais não são normas atendíveis, porque colidem com uma Lei Maior,
ou seja, a Constituição (princípio da juridicidade). Ainda que essa linha de orientação seja
costumeiramente invocada para justificar a possibilidade de o chefe do Poder Executivo deixar

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de aplicar uma lei por tê-la como contrária à Constituição, essa mesma linha de pensar estende-
se aos chamados órgãos administrativos autônomos, constitucionalmente incumbidos da
tarefa de controlar a validade dos atos administrativos, tais como o TCU, o CNMP e o CNJ.
Súmula 347-STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.” Os parágrafos entre aspas
encontram-se no meu caderno, infelizmente não encontrei a fonte, mas não fui eu que escrevi.

1.7. Tipos de controle de constitucionalidade


a) Quanto ao momento, o controle pode ser:
i. PREVENTIVO: controle que é feito antes do ingresso da norma no ordenamento jurídico,
ou seja, antes da sua vigência.
ii. REPRESSIVO: controle feito quando a norma já esteja no mundo jurídico.

b) Quanto critério subjetivo ou orgânico, o controle pode ser:


i. DIFUSO: é o controle feito por qualquer juiz;
ii. CONCENTRADO: é o controle feito somente por corte específica;

c) Quanto ao critério formal, o controle pode ser:


14 i. CONCRETO ou INCIDENTAL: ocorre no caso concreto entre as parte;
ii. ABSTRATO ou PRINCIPAL: ocorre no caso de controle realizado abstratamente sobre a
lei, independentemente, de um caso concreto.
Mesclando as classificações, verifica-se que, por regra, o sistema difuso é exercido pela
via incidental, e o sistema concentrado é exercido pela via principal.
Contudo, excepcionalmente, poderá haver controle concentrado pela via incidental,
reconhecendo a um único órgão judicial competência originária para apreciar a questão de
constitucionalidade, oferecida num caso concreto, como premissa lógica de um outro pedido
principal. Ex.: Controle preventivo exercido pelo parlamentar, mediante impetração de
mandado de segurança, para se ver respeitado o devido processo legislativo. HC/HD, bem como
a ADI interventiva.
1.8. Formas de declaração de controle de constitucionalidade – João
Lordelo
1.8.1. Efeitos da decisão
a) Controle concreto/difuso: o efeito, em regra, é inter partes. Por que em regra?
Porque recentemente o STF decidiu pela possibilidade de atribuição de efeito erga omnes e
vinculante às decisões de controle concreto, entendendo pela mutação constitucional do artigo
52, X, da Constituição, de modo que a comunicação ao Senado é meramente para fins de
publicidade, e não para atribuir o efeito erga omnes e vinculante à decisão. Vejamos a ementa
trazida pelo Dizer o Direito:

Se uma lei ou ato normativo é declarado inconstitucional pelo STF, incidentalmente, ou seja, em
sede de controle difuso, essa decisão, assim como acontece no controle abstrato, também
produz eficácia erga omnes e efeitos vinculantes. O STF passou a acolher a teoria da
abstrativização do controle difuso. Assim, se o Plenário do STF decidir a constitucionalidade ou
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inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, ainda que em controle difuso, essa decisão
terá os mesmos efeitos do controle concentrado, ou seja, eficácia erga omnes e vinculante.
Houve mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88. A nova interpretação deve ser a seguinte:
quando o STF declara uma lei inconstitucional, mesmo em sede de controle difuso, a decisão já
tem efeito vinculante e erga omnes e o STF apenas comunica ao Senado com o objetivo de que
a referida Casa Legislativa dê publicidade daquilo que foi decidido. STF. Plenário. ADI 3406/RJ e
ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 29/11/2017 (Info 886).
Mas Diovane, isso é a regra?? Está acontecendo em todos os julgados??? Bom pessoal,
pelo o que eu vi não. Portanto, é um caso isolado, que, inclusive, foi objeto de cobrança em
prova do TRF-3 2018, questionando o recente entendimento. Portanto, em eventuais questões
que não aborde o presente julgado, aconselha-se manter o entendimento tradicional: Controle
concreto: eficácia inter partes. Controle abstrato: eficácia erga omnes e efeito vinculante.
b) Controle abstrato: o efeito é erga omnes e vinculante. Aplica-se à
ADI/ADC/ADPF. A ADO tem efeitos diversos.
1.8.2. Aspecto subjetivo (sujeitos atingidos pelo efeito)
a) Efeitos erga omnes: consequência lógica do controle abstrato. Atinge tanto os
particulares quanto os Poderes Públicos.
b) Efeito vinculante: introduzido pela EC 3/93, que criou a ADC, e depois estendido a
todas as ações. Quando a Constituição trata dos efeitos vinculantes, a Constituição
define quais órgãos ficarão vinculados à decisão.
Estão sujeitos ao Poder vinculante:
15  Todo o Poder Judiciário, salvo o plenário do STF.
o Os órgãos fracionários ficam vinculados, não podendo ir de encontro à
decisão do Plenário.
 Todo o Poder Executivo, incluindo o chefe do Executivo e a Administração Pública
Direta e Indireta.
Não estão sujeitos ao Poder Vinculante:
 O Plenário do STF, para evitar a fossilização da Constituição.
 Poder Legislativo (função típica), para evitar a fossilização da Constituição.
 Não vincula os particulares diretamente.
1.8.3. Aspecto objetivo (extensão dos efeitos)
a) Efeitos erga omnes: torna oponível apenas o dispositivo da decisão.
b) Efeito vinculante: além de atingir o dispositivo da decisão, atinge os motivos
determinantes da decisão do STF. Isso é o que se chama de transcendência dos
motivos determinantes (em tese, não adotada pelo STF). No efeito vinculante, não
só a lei impugnada é atingida pela decisão, mas também as normas paralelas (outras
leis de mesmo teor de outros entes da federação).
 Cabe reclamação para impugnar uma decisão que desrespeitou os motivos
da decisão do STF? NÃO! O STF não adota a teoria da transcendência dos
motivos determinantes, ainda. Só o dispositivo possui efeito vinculante.
1.8.4. Aspecto temporal (ex tunc)
Tendo em vista a adoção da teoria norte-americana das nulidades das leis declaradas
inconstitucionais, o ato declarado inconstitucional pelo STF é NULO (já nasceu viciada e não
poderia produzir efeitos no ordenamento). Assim, a regra é que a decisão de
inconstitucionalidade produz efeitos ex tunc, tanto no controle difuso quanto no controle

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concentrado. Mas atenção: eu disse lá atrás que a teoria norte-americana é mitigada pela teoria
austríaca, uma vez que passamos a modular os efeitos da declaração de inconstitucionalidade.
Ou seja, passamos a dizer a partir de quando os efeitos da decisão irão vigorar, em prol da
segurança jurídica. Vamos ver isso agora.

1.8.4.1. Modulação dos efeitos da decisão


Conforme o artigo 27 da Lei 9.868/99, ao declarar inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo, e tendo em vista razões de SEGURANÇA JURÍDICA ou de EXCEPCIONAL INTERESSE
SOCIAL, poderá o STF, por maioria de 2/3 de seus membros, restringir os efeitos daquela
decisão ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro
momento que venha a ser fixado.
Tal modulação só possui previsão legal para o controle concentrado, entretanto, o STF
aplica indistintamente em sede de controle difuso, tendo como corolário os princípios da boa-
fé e segurança jurídica.

1.8.4.2. Normas ainda constitucionais / em via de inconstitucionalidade /


inconstitucionalidade progressiva
Trata-se de norma que, em virtude das alterações fáticas, econômicas e sociais, vai
perdendo seu sentido no atual ordenamento, mas ainda sem ter havido a declaração de sua
inconstitucionalidade. A exemplo, temos o artigo 68 do CPP, que determina que MP promova a
ação civil ex delicto, sendo que, em verdade, deve a Defensoria Pública buscar a reparação do
dano quando a vítima for pobre. Nestes casos, nos locais que não contarem com defensoria
16 pública, o MP ficará encarregado de promover a ação civil ex delicto.
Portanto, neste caso, a norma é considerada ainda constitucional, ou seja, o estado
imperfeito gerado pelas circunstâncias fáticas justifica a manutenção da sua
constitucionalidade.

1.8.4.2. Declaração de inconstitucionalidade sem


pronúncia da nulidade
Por este fenômeno, o STF entende que a lei é inconstitucional, mas mesmo assim não a
nulifica, a fim de não causar catástrofes e prejuízos insuportáveis.
É o caso do Município de Luis Eduardo Magalhães, que foi editado em descumprimento
do artigo 18, §4º da CF, com vício formal de inconstitucionalidade por violação de pressupostos
objetivos do ato. Quando de sua criação, não havia a lei complementar federal que permitiria a
criação de municípios – requisito da CF.
Nesse caso, o STF declarou a inconstitucionalidade da lei baiana, sem pronúncia de
nulidade, mantendo a vigência da lei por mais 24 meses, período em que deveria ser editada a
lei complementar pelo Congresso Nacional.

1.8.4.3. Inconstitucionalidade circunstancial


É o caso em que a norma é constitucional, mas afasta-se a constitucionalidade da norma
apenas em alguma situação específica. Ex: na ADI 233 ficou definido que as normas que proíbem
tutela antecipada e liminares em face da Fazenda Pública são constitucionais, por exemplo, na
hipótese de enquadramento de funcionário público, mas é inconstitucional no caso de
concessão de tutela antecipada para o Estado custear cirurgia em risco de morte.

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1.8.4.5. Proibição do “atalhamento constitucional” ou do


“desvio do poder constituinte”
Através deste princípio, não se pode utilizar um meio aparentemente legal como fim de
atingir um fim ilícito. Haveria desvio de poder ou finalidade pela utilização de tal meio. Ex: EC
52, que acabava com a obrigatoriedade da verticalização das coligações partidárias, com efeitos
retroativos. Há clara burla ao princípio da anualidade eleitoral, de modo que tal norma só
poderia ser aplicada às eleições subsequentes.
1.8.5. Quanto à extensão dos efeitos
A declaração dos efeitos de nulidade da inconstitucionalidade pode ser:
a) Declaração de inconstitucionalidade COM REDUÇÃO DE TEXTO: uma parte do texto
ou todo o texto será excluído. Pode ser apenas uma palavra isolada ou expressão
dentro de um dispositivo (não precisa ser todo o artigo, diferentemente do veto
parcial do Presidente).
b) Declaração de inconstitucionalidade SEM redução de texto: o STF não declara a
nulidade de um texto, mas sim de uma interpretação que poderia ser data àquele
texto, mantendo as demais.
Para utilização da declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto, o STF deve
ter espaço para decidir (dúbil sentido). Se o sentido for único, isso seria legislar, o que é vedado.
Atenção: não se deve confundir a interpretação conforme à constituição (técnica
interpretativa) com a declaração de nulidade sem redução de texto. Ambas não alteram o texto
da norma; ambas reduzem o âmbito de aplicação do dispositivo e em ambas o STF julga
17 parcialmente procedente a ADI, mas há diferenças.
A declaração (com ou sem redução de texto) é uma técnica de decisão judicial que só
pode ser aplicada no controle ABSTRATO/CONCENTRADO de constitucionalidade, pois no
controle concreto, a declaração de inconstitucionalidade será a causa de pedir processual, e o
pedido será o bem da vida. Ex: “Seu juiz, dê-me isso (pedido), pois a norma tal é inconstitucional
(causa de pedir).”
Já a interpretação conforme à Constituição pode ser usada em TODOS os controles, pois
trata-se de um instrumento interpretativo. Ademais, a primeira exclui uma interpretação e
permite as demais; a segunda, permite uma interpretação e exclui as demais.
Atenção: há limites para a interpretação conforme a Constituição: se uma norma é clara,
não há vários sentidos, de modo que torna impossível a utilização de interpretação conforme.
Ainda, se a Lei foi feita com uma determinada finalidade, incompatível com a Constituição, não
adianta o juiz tentar dar outra interpretação, contrária à lei, para tentar aproveitá-la. Deve ser
declarada sua inconstitucionalidade.
Super importante: Cabível o pedido de ‘interpretação conforme à Constituição’ de preceito
legal portador de mais de um sentido, dando-se que ao menos um deles é contrário à CF. A
utilização do § 3º do art. 33 da Lei 11.343/2006 como fundamento para a proibição judicial de
eventos públicos de defesa da legalização ou da descriminalização do uso de entorpecentes
ofende o direito fundamental de reunião, expressamente outorgado pelo inciso XVI do art. 5º da
Carta Magna. (...). Ação direta julgada procedente para dar ao § 2º do art. 33 da Lei 11.343/2006
‘interpretação conforme à Constituição’ e dele excluir qualquer significado que enseje a
proibição de manifestações e debates públicos acerca da descriminalização ou legalização do
uso de drogas ou de qualquer substância que leve o ser humano ao entorpecimento episódico,
ou então viciado, das suas faculdades psicofísicas. Logo, em ADI é cabível o pedido de
interpretação conforme à Constituição!
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1.9. Histórico do controle de constitucionalidade no Brasil


CF 1824: Não havia previsão de qualquer sistema de controle jurisdicional da
constitucionalidade das leis. Vigorava o dogma da soberania do Parlamento. E ainda existia, à
época, a figura do Poder Moderador, ao qual cabia exclusivamente solucionar os conflitos entre
os Poderes, para manter a independência, o equilíbrio e a harmonia entre eles.
CF 1891: previu-se o controle de constitucionalidade difuso (por qualquer juiz ou
Tribunal), repressivo ou posterior, e incidental, ou seja, pela via de exceção ou defesa, sendo
prejudicial ao mérito.
A reforma constitucional de 1926 manteve as regras sobre o controle difuso.
CF 1934: Manteve a previsão do controle difuso de constitucionalidade.
Inovando, previu: (1) a ação direta de inconstitucionalidade interventiva; (2) a cláusula
de reserva de plenário; e (3) a atribuição ao Senado Federal de competência para suspender a
execução, no todo ou em parte, de lei ou ato declarado inconstitucional por decisão definitiva
(forma de compensar a inexistência do stare decisis no direito constitucional brasileiro).
CF 1937: Contudo, previu a possibilidade de o Presidente, em casos em que envolver o
bem-estar do povo ou a promoção ou a defesa de interesse nacional de alta monta, submeter a
decisão que declarar a inconstitucionalidade de determinada lei ao reexame pelo Parlamento,
que, por sua vez, pela decisão de 2/3 dos membros de cada uma das Casas, poderia tornar sem
efeito a referida declaração proferida pelo Tribunal, confirmando, assim, a validade da lei.
18 CF 1946: Manteve o controle difuso de constitucionalidade, bem como previu, pela EC
16/65, pela primeira vez no Brasil, o controle concentrado, exercido pela representação
inconstitucionalidade (ADI), de competência originária do STF, proposta, exclusivamente, pelo
Procurador-Geral da República. Estabeleceu, também, a possibilidade de controle concentrado
no âmbito estadual
CF 1967: O controle concentrado em âmbito estadual não mais foi previsto nesta
Constituição, contudo, a EC nº1/69 previu o controle de constitucionalidade de lei municipal,
em face da Constituição Estadual, para fins de intervenção no município. (ADI INTERVENTIVA
NO MUNICIPIO)

CF 1988: Trouxe 04 inovações:


a) Ampliou o rol dos legitimados para a propositura de ação direta de
inconstitucionalidade, que antes era só do PGR.
b) Previu o controle de constitucionalidade de omissões legislativas, seja de forma
concentrada (ADI por omissão), seja de modo incidental, pelo controle difuso (Mandado de
Injunção).
c) Permitiu o controle CONCENTRADO em âmbito estadual, através da instituição pelos
Estados de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou
municipais em face da Constituição Estadual, vedando, contudo, a atribuição da legitimação
para agir a um único órgão.
d)Previu a ação de arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF).
A EC 3/93 estabeleceu a ação declaratória de constitucionalidade , com efeitos
vinculantes, o que não era previsto ainda para a ADI(ADC).

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A EC 45/04, por sua vez, (a) igualou a legitimação ativa para o ajuizamento da ADC à
da ADI, bem como (b) estendeu o efeito vinculante, previsto expressamente para a ADC, para
a ADI. Aliás, segundo Lenza, caminha-se para a consagração da ideia de efeito dúplice ou
ambivalente entre essas duas ações, faltando somente a igualação de seus objetos, já que a
ADI cabe para lei ou ato normativo federal ou estadual, enquanto a ADC somente para federal.
Sendo assim, observa-se que, hoje, há no Brasil um sistema misto, que combina o
critério difuso, por via de defesa, com o critério concentrado, por via de ação direta de
inconstitucionalidade. Segundo Gilmar Mendes, a CR/88 reduziu o significado do controle de
constitucionalidade incidental ou difuso ao ampliar, de forma marcante, a legitimação para a
propositura da ADI, permitindo que, praticamente, todas as controvérsias constitucionais
relevantes sejam submetidas ao STF mediante processo de controle abstrato de normas.
BRASIL = SISTEMA JUDICIAL MISTO (DIFUSO E CONCENTRADO)

2. Controle Difuso de Constitucionalidade


1. Origem histórica: Marbury X Madison
John Adams, presidente dos EUA, foi derrotado na eleição presidencial por Thomas
Jefferson. Assim, antes de ser sucedido, Adams nomeou diversas pessoas ligadas ao seu
governo para o cargo de juiz federal, entre elas, Marbury. Contudo, ao assumir o governo,
Jefferson nomeou Madison como seu Secretário de Estado e, por entender que a nomeação de
Marbury era incompleta, por não ter-lhe sido entregue, até aquele momento, a sua comissão,
determinou que Madison não mais efetivasse a nomeação de Marbury.
19 Marbury, então, impetrou writ of mandamus em face de Madison, a fim de buscar a sua
nomeação.
Suprema Corte: qualquer lei incompatível com a Constituição é nula e que os tribunais
e os demais departamentos são vinculados a ela. Decidiu que “havendo conflito entre a
aplicação de uma lei em um caso concreto e a Constituição, deve prevalecer a Constituição por
ser hierarquicamente superior.”
NA VERDADE, MARSHALL DECIDIU QUE A SUPREMA CORTE NÃO TINHA COMPETENCIA
PARA JULGAR O CASO (WRIT DE MARBURY, HAJA VISTA NÃO ESTAR ENTRE AS AUTORIDADES
QUE ATRAIRIA A COMPETENCIA ORIGINÁRIA DA SUPREMA CORTE PARA O MANDAMUS)
2.1. Noções gerais do controle difuso
É realizado por qualquer juiz ou tribunal do Poder Judiciário, observadas as regras de
competência.
Verifica-se em um caso concreto e a declaração de constitucionalidade ou
inconstitucionalidade da lei se dá de forma incidental, uma vez que diz respeito tão-somente à
causa de pedir (fundamento) da demanda, daí porque é chamado também, sob o critério formal,
de controle pela via de exceção ou defesa. Portanto, a inconstitucionalidade, aqui, não será o
pedido principal, mas tão somente a causa do pedido principal.
Assim, no controle difuso, pede-se algo ao juízo, fundamentando-se na
inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, ou seja, a alegação de inconstitucionalidade
será a causa de pedir processual. Ex: no Governo Collor, os interessados pediam o desbloqueio
dos cruzados das contas poupança alegando a inconstitucionalidade do ato que determinou o
bloqueio. O pedido é o desbloqueio, a causa de pedir é a inconstitucionalidade do ato.

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Portanto, no controle difuso, a arguição de inconstitucionalidade se dá de modo


incidental, constituindo questão prejudicial. No controle concentrado (ADI genérica), por sua
vez, a declaração de implementa de modo principal, constituindo o objeto do julgamento.
Esse controle pode ser feito por meio de qualquer espécie de ação, devendo o juiz, no
caso concreto, verificar a constitucionalidade/inconstitucionalidade arguida como causa de
pedir.
Obs: essa é a diferença que se deve ter em mente no caso das Ações Civis Públicas – pode
haver reconhecimento de inconstitucionalidade em sede de ACP, desde que tal declaração seja
CAUSA DE PEDIR e não pedido da ação (isso para evitar que a ACP seja utilizada como sucedâneo
de ADI)
Importante mencionar que a questão de constitucionalidade pode ser suscitada pelas
partes, pelo Ministério Público e pelo Juiz ou tribunal, ex officio. No tribunal, em respeito à regra
do artigo 97 da Constituição Federal, a inconstitucionalidade só pode ser declarada por voto da
maioria absoluta de seus membros ou do órgão especial
No STF, a regra é que o controle de constitucionalidade seja feito por via dos Recursos
Extraordinários.
2.2. Controle difuso nos Tribunais – Cláusula de Reserva de Plenário – Full
bench (banco cheio). Art. 97 da CF/88
Os órgãos fracionários (câmara ou turma), verificada a existência de questionamento
incidental sobre a constitucionalidade de lei ou ato normativo, caso a acolham, devem suscitar
20 questão de ordem e remeter a sua análise ao pleno ou órgão especial daquele respectivo
tribunal. (HÁ UMA CISÃO FUNCIONAL HORIZONTAL – isso não ocorre no STF – Pleno julga tudo)
É o que determina o artigo 97 da Constituição Federal. Vejamos: Art. 97. Somente pelo
voto da maioria absoluta de seus membros (Plenário) ou dos membros do respectivo órgão
especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público.
(Art. 948 do CPC: “Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Poder Público, após ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a questão à
turma ou à câmara a qual competir o conhecimento do Proceso.”
Trata-se de verdadeira condição de eficácia jurídica, imprescindível à declaração de
inconstitucionalidade dos atos do Poder Público em controle difuso. É o pleno ou o órgão
especial que definem.
Contudo, já havendo decisão do pleno ou do órgão especial do respectivo tribunal, ou
ainda do plenário do Supremo Tribunal Federal, poderá haver dispensa do procedimento
incidental previsto no art. 97 da CF, ainda que em controle difuso, por questão de
racionalidade, bem como em razão do princípio da celeridade e da segurança jurídica. Assim, na
primeira análise da matéria sempre será necessário o pronunciamento do pleno do Tribunal.
Nesse sentido, o artigo 949 do CPC dispõe:
Art. 949. Se a arguição for:
I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;
II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão especial,
onde houver.

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Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao


órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento
destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.
É importante mencionar que, a cláusula de reserva de plenário deve ser observada tanto
no controle difuso quanto no controle concentrado
Segundo Gilmar Mendes “após o exame da constitucionalidade da norma pelo Pleno, não
mais se espera qualquer modificação deste entendimento. Tanto que quando se trata de
declaração de inconstitucionalidade, a partir deste momento é efetivada a comunicação ao
Senado Federal. E tratando-se de juízo de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, dá-
se início à aplicação do disposto no art. 557 (932, IV, NCPC) do CPC, que, queiramos ou não, é
uma forma brasileira de atribuição de efeito vinculante às decisões deste Tribunal”. Note-se que
há uma objetivação do controle incidental de constitucionalidade no âmbito do tribunal.
(falamos sobre isso lá em cima – art. 52, X, CF).
Neste sentido, surge a Súmula Vinculante nº 10.
SV 10: Viola a cláusula de reserva de plenário a decisão de órgão fracionário de tribunal
que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
Percebam algo. Não se trata, aqui, de declaração de nulidade sem redução de texto. Essa
súmula foi editada para evitar a declaração de inconstitucionalidade escamoteada. Por meio
dessa súmula, o tribunal, mesmo que não declare expressamente a inconstitucionalidade de
uma norma, deverá observar a reserva de plenário, se afastar sua aplicação no todo ou em
21 parte.
Nesse sentido, Marcelo Novelino leciona:
"A exigência, conhecida como cláusula de reserva de plenário, deve ser observada não
apenas no controle difuso, mas também no concentrado, sendo que neste a Lei n. 9.868/99
exigiu o quorum de maioria absoluta também para a hipótese de declaração de
constitucionalidade(...) A observância da cláusula da reserva de plenário NÃO É NECESSÁRIA na
hipótese de reconhecimento da constitucionalidade (princípio da presunção de
constitucionalidade das leis), inclusive em se tratando de HIPOTESES EXTRAIDAS DA
JURISPRUDENCIA E DOUTRINA:
1) Interpretação conforme: não é a norma que é objeto de controle, mas sim uma
determinada interpretação – Gilmar Mende discorda;
a. Declaração de nulidade sem redução de texto??? Pessoal, isso aqui é uma
técnica de decisão, e não uma técnica de interpretação. Ademais, o STF só
admite essa técnica de decisão em controle abstrato. Em controle abstrato, o
pedido é a declaração de inconstitucionalidade, e sempre será julgado pelo
Tribunal competente. Lado outro, em controle difuso, você não pede: juiz,
declare inconstitucional a lei X, mas sim: Juiz, conceda o desbloqueio da minha
poupança, uma vez que a norma Y é inconstitucional.
2) Hipótese do parágrafo único do artigo 949 do CPC: o respectivo Tribunal já tenha
julgado sobre a in/constitucionalidade do dispositivo ou se o Plenário do STF já tenha se
manifestado sobre a questão, ainda que em controle difuso.
3) Às decisões de juízes singulares/monocráticas.
4) Decisões das turmas recursais dos Juizados Especiais: turmas recursais podem declarar
a inconstitucionalidade, uma vez que não são órgãos ou tribunais, de modo que podem
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declarar incidentalmente a inconstitucionalidade de determinada norma. Aqui cabe REx


ao STF, diretamente.
5) Não-recepção de normas anteriores à Constituição: não se trata aqui de declarar
constitucionalidade ou inconstitucionalidade, mas sim de revogação ou recepção da
norma.
Lembrando que a recepção exige:
 Compatibilidade formal e material com a constituição antiga
 Compatibilidade apenas material com a constituição nova
6) Na declaração de inconstitucionalidade pelas Turmas do STF quando julgam REx, vez
que estas possuem competência para tanto nos termos do Regimento Interno do STF,
sem ofensa ao artigo 97 da CF e à SV 10.
7) Nos casos de indeferimento de cautelar: pode ser monocraticamente, vez que a norma
permanecerá como “constitucional” no ordenamento;
8) Decisões que reconheçam a constitucionalidade: a cláusula só é exigida se a declaração
for de inconstitucionalidade. Em se tratando de declaração de constitucionalidade, não
se observa a reserva de plenário, podendo o próprio órgão fracionário julgar, em razão
do princípio da presunção de constitucionalidade das leis.
9) Não caracteriza ofensa aos termos da Súmula Vinculante 10, mas tão somente ao art.
10 da Lei 9.868/1999, o deferimento de medida liminar, em sede de controle
22 concentrado de constitucionalidade, por maioria simples dos membros de Órgão
Especial de Tribunal de Justiça (Rcl 10.114-AgR, rel. min. Teori Zavascki, julgamento em
18-12-2013, Plenário, DJEde 19-2-2014.) Portanto, a medida cautelar deve ser
concedida por maioria absoluta dos membros do Tribunal. Isso não é cláusula de
reserva de plenário, mas sim quórum, que desrespeita a lei 9.868/99 caso não votada
conforme determinado. A exceção fica por conta do recesso, ocasião em que o ministro
relator poderá conceder liminar monocraticamente.
Observações importantes:
 Interpretação conforme
"Controle incidente de inconstitucionalidade: reserva de plenário (CF, art. 97).
‘Interpretação que restringe a aplicação de uma norma a alguns casos, mantendo-a com
relação a outros, não se identifica com a declaração de inconstitucionalidade da norma que é
a que se refere o art. 97 da Constituição.’ (cf. RE 184.093, Moreira Alves, DJ 5-9-1997)." (RE
460.971, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 13-2-2007, Primeira Turma, DJ de 30-3-
2007.) bem como Rcl 12107, plenário
Obs: por não admitir a declaração de nulidade parcial sem redução de texto no controle
difuso, o STF acaba por afastar a necessidade com relação à interpretação conforme que,
diferentemente daquela técnica de decisão, é apenas forma de interpretação de normas.
 Não recepção de lei
Isso significa que a discussão em torno da incidência, ou não, do postulado da recepção
– precisamente por não envolver qualquer juízo de inconstitucionalidade (mas, sim, quando
for o caso, o de simples revogação de diploma pré-constitucional) – dispensa, por tal motivo,
a aplicação do princípio da reserva de Plenário (CF, art. 97), legitimando, por isso mesmo, a
possibilidade de reconhecimento, por órgão fracionário do Tribunal, de que determinado ato
estatal não foi recebido pela nova ordem constitucional, além de inviabilizar, porque incabível,
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a instauração do processo de fiscalização normativa abstrata.” (AI 582.280 AgR, voto do Rel.
Min. Celso de Mello, julgamento em 12-9-2006, Segunda Turma, DJ de 6-11-2006.)
Indeferimento de medida cautelar
Alegação de contrariedade à Súmula Vinculante 10 do STF. (...) Indeferimento de medida
cautelar não afasta a incidência ou declara a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo.
Decisão proferida em sede cautelar: desnecessidade de aplicação da cláusula de reserva de
plenário estabelecida no art. 97 da Constituição da República.” (Rcl 10.864-AgR, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgamento em 24-3-2011, Plenário, DJE de 13-4-2011.)
A inobservância desta cláusula, salvo no caso das exceções supramencionadas, acarreta a
nulidade absoluta da decisão proferida pelo órgão fracionário. Ademais, é importante
mencionar que o Plenário/Órgão Especial julga tão somente a questão de ordem
(constitucionalidade/inconstitucionalidade), de modo que o caso concreto volta ao órgão
fracionário para julgamento do feito. Após julgado esse feito, o acórdão do Pleno/O.E. deve ser
juntado aos autos, e não somente a transcrição ou voto condutor, sendo verdadeiro requisito
para reconhecimento eventual Recurso Extraordinário ao STF.
A norma declarada inconstitucional pelo plenário é dotada de VINCULAÇÃO
HORIZONTAL, atingindo os órgãos fracionários do tribunal, embora não vincule juízes de 1º
grau e nem outros órgãos do poder judiciário. É o que determina o parágrafo único do artigo
949 do CPC:
Art. 949, parágrafo único: Os órgãos fracionários do Tribunal não submeterão ao plenário
ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento
23 destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão (ainda que em controle
difuso).
Entretanto, é possível que o órgão fracionário de um Tribunal se desvincule do dever de
observância da decisão do Pleno ou do Órgão Especial a que esteja vinculante para adotar o
entendimento do STF (RE 190728, RE 150755, RE 150765).
ATENÇÃO, julgado muito importante sobre desnecessidade de Full Bench quando não
houver subsunção dos fatos à norma: Não viola a Súmula Vinculante 10, nem a regra do art. 97
da CF/88, a decisão do órgão fracionário do Tribunal que deixa de aplicar a norma
infraconstitucional por entender não haver subsunção aos fatos ou, ainda, que a incidência
normativa seja resolvida mediante a sua mesma interpretação, sem potencial ofensa direta à
Constituição. Além disso, a reclamação constitucional fundada em afronta à SV 10 não pode ser
usada como sucedâneo (substituto) de recurso ou de ação própria que analise a
constitucionalidade de normas que foram objeto de interpretação idônea e legítima pelas
autoridades jurídicas competentes. STF. 1ª Turma. Rcl 24284/SP, rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 22/11/2016 (Info 848).

2.3. Efeitos da decisão


2.3.1. Para as partes
Em regra, a decisão, no controle difuso, é inter partes e ex tunc (efeitos retroativos
desde a edição da lei), uma vez que a lei em discussão se torna nula somente para as partes em
litígio, em razão de sua não aplicação no caso concreto.
Contudo, em determinados casos, o STF já tem entendido que os efeitos da declaração
de inconstitucionalidade, por questões de razoabilidade e atendido o princípio da
proporcionalidade, podem ser mitigados, sendo ex nunc ou pro futuro (art. 27 da lei . 9868/99)

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É possível a modulação dos efeitos da decisão proferida em recurso extraordinário com


repercussão geral reconhecida. Para que seja realizada esta modulação, exige-se o voto de 2/3
(dois terços) dos membros do STF (maioria qualificada). STF. Plenário. RE 586453/SE, rel. orig.
Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 20/2/2013 (Info 695).

É possível a modulação dos efeitos da decisão proferida em sede de controle incidental de


constitucionalidade. STF. Plenário. RE 522897/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
16/3/2017 (Info 857).

Momento limite para modulação dos efeitos


O STF, ao apreciar uma ADI, julgou que determinada lei é inconstitucional. No dia que ocorreu o
julgamento, havia apenas 10 Ministros presentes. Na oportunidade, discutiu-se se deveria haver
ou não a modulação dos efeitos da decisão. 7 Ministros votaram a favor, mas como são
necessários, no mínimo, 8 votos, a proposta de modulação foi rejeitada e o resultado final do
julgamento foi proclamado. No dia seguinte, o Ministro que estava ausente compareceu à sessão
e afirmou que era favorável à modulação dos efeitos da decisão que declarou a lei
inconstitucional no dia anterior.
Diante disso, indaga-se: é possível que o Plenário reabra a discussão sobre a modulação?
NÃO. Depois da proclamação do resultado final, o julgamento deve ser considerado concluído e
encerrado e, por isso, mostra-se inviável a sua reabertura para discutir novamente a modulação
dos efeitos da decisão proferida.

24 A análise da ação direta de inconstitucionalidade é realizada de maneira bifásica:


a) primeiro, o Plenário decide se a lei é constitucional ou não; e
b) em seguida, se a lei foi declarada inconstitucional, discute-se a possibilidade de modulação
dos efeitos.
Uma vez encerrado o julgamento e proclamado o resultado, inclusive com a votação sobre a
modulação (que não foi alcançada), não há como reabrir o caso, ficando preclusa a
possibilidade de reabertura para deliberação sobre a modulação dos efeitos.
STF. Plenário. ADI 2949 QO/MG, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Marco
Aurélio, julgado em 8/4/2015 (Info 780).

IMPORTANTE: Modulação de efeitos por outros tribunais e juízos monocráticos


Outra questão que merece destaque diz respeito à possibilidade, ou não, dos tribunais
ordinários, e mesmo dos juízos monocráticos, restringirem os efeitos da decisão proferida em
sede de controle difuso de constitucionalidade por eles realizados.
Nessa hipótese, a possibilidade da modulação dos efeitos seria mera consequência da
essência do controle difuso, configurando verdadeiro contrassenso que fosse possível o juiz
declarar a inconstitucionalidade no âmbito da demanda concreta, e esse não pudesse, ao
constatar os requisitos da segurança jurídica e relevante interesse social, determinar a partir de
quando a decisão passaria a produzir efeitos.
Sem dúvida é uma questão que merece ser discutida. O reconhecimento da
inconstitucionalidade não é de competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, assim,
qualquer órgão do Poder Judiciário, diante da nulidade da lei inconstitucional poderá deixar de
aplicá-la ao caso concreto. Mas surge então um questionamento: como poderia ser aplicada
essa técnica de modulação temporal por juízes singulares em face da exigência legal de quorum
diferenciado e mesmo da própria essência da modulação de efeitos? Nessa esteira de

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pensamento, é forçoso reconhecer que a possibilidade de aplicação, por analogia, do art. 27


da Lei nº 9.868/99 ao controle difuso, é autorizada apenas quando da sua realização pelo
Supremo Tribunal Federal, mesmo em se tratando da fiscalização incidental de
constitucionalidade.
Para muitos doutrinadores, possibilitar a sua aplicação por qualquer órgão jurisdicional
alteraria a mens legis do dispositivo legal embasador da modulação de efeitos. Mas, não há
como negar a importância da modulação de efeitos na qualidade de instrumento, pautado na
discricionariedade e razoabilidade, visando resguardar a força normativa da Constituição, na
medida em que, mediante um juízo de ponderação de interesses, permite limitar a
retroatividade da decisão ou ampliar seus efeitos em relação àqueles alheios à lide concreta
apreciada, de modo a resguardar a segurança jurídica do ordenamento e preservar a própria
vontade constitucional.
Em resumo: a questão não é pacífica, não havendo norma disciplinando o tema, de um
lado tal procedimento poderia levar à insegurança jurídica diante da modulação por um
tribunal e não modulação por outro de casos análogos levados à apreciação. De outro, todavia,
permitir o mais – declarar a inconstitucionalidade com efeito ex tunc, e não permitir a
modulação, parece atentar contra a essência do controle difuso.
2.3.2. Efeitos para terceiros (art. 52, X, CF) – abstrativização do controle difuso?

Segundo Lordelo, tal técnica consiste em dar ao controle difuso o tratamento do controle
concentrado, conferindo eficácia vinculante e erga omnes ao dispositivo, para além das partes
25 (o que pode ocorrer em Recurso Extraordinário e HC, por exemplo). O STF já fez isso em alguns
casos, sendo essa técnica mais aceita que a transcendência. Veja: essa técnica consiste apenas
na aproximação dos dois meios de controle, mas isso não gera necessariamente a vinculação
da inconstitucionalidade reconhecida de forma incidental, pois o STF não reconhece
tradicionalmente a vinculação da fundamentação no controle concentrado.
Conforme já mencionado, a regra é que a decisão proferida em controle difuso não atinja
terceiros. Entretanto, excepcionalmente, poderão os efeitos de sua decisão atingir terceiros,
sendo erga omnes, caso o Senado suspenda, através de edição de resolução, no todo ou em
parte, a execução da lei, declarada inconstitucional, de maneira incidental, por decisão definitiva
do Supremo Tribunal Federal (art. 52, inciso X, da CF).
No entanto, saliente-se que o efeito de tal suspensão, conforme entendimento
majoritário, será apenas a partir da publicação da resolução do Senado na Imprensa Oficial (ex
nunc), exceto em relação à Administração Pública Federal direta e indireta, para a qual a
resolução do Senado produz efeitos ex tunc, consoante art. 1º, § 2º, do Decreto nº 2.346/97.
* Procedimento do art. 52, inciso X, da CF: “Compete privativamente ao Senado Federal
suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão
definitiva do Supremo Tribunal Federal.”
E, após a leitura em plenário, a comunicação é encaminhada à Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania, que deverá formular o projeto de resolução suspendendo a execução da lei,
no todo ou em parte.
a) Objeto de suspensão pelo Senado: leis federais, estaduais, territoriais, distritais ou
mesmo municipais que forem declaradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal
Federal. Isso não viola o pacto federativo.

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b) Todavia, o Senado NÃO pode ampliar, restringir ou interpretar a extensão da


decisão do Supremo Tribunal Federal.
* Discricionariedade e conveniência do Senado: Segundo grande parte da doutrina,
bem como do Supremo Tribunal Federal e do próprio Senado, o Senado não está obrigado a
suspender a execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo
Tribunal Federal, em respeito ao princípio da separação de poderes. Trata-se de
discricionariedade política.
Papel do Senado no controle incidental: o instituto hoje previsto no art. 52, X, surgiu
para suprir a falta do stare decisis no Brasil (é o stare decisis que empresta eficácia vinculante às
decisões proferidas pelas Cortes Superiores no Direito norte-americano). Entretanto, devemos
lembrar que com o NCPC, passamos para o sistema stare decisis, através da vinculação dos
precedentes.
Porém, no contexto da CF/88 (que previu no controle abstrato múltiplas ações com
eficácia erga omnes – o que antes não havia, além da amplitude conferida ao controle abstrato
de normas e da possibilidade de que se suspenda, liminarmente, a eficácia de leis ou atos
normativos com eficácia geral), faz-se necessária uma releitura do papel do Senado, à luz da
força normativa da CF e do papel do STF, para corrigir essa incoerência. Para Gilmar, a
justificativa deste instituto, que se inspirava diretamente numa concepção de separação de
Poderes – hoje necessária e inevitalmente ultrapassada. Se o STF pode, em uma ADI, suspender,
liminarmente, a eficácia de uma lei, até mesmo de uma emenda constitucional, por que haveria
a declaração de inconstitucionalidade, proferida no controle incidental, valer tão-somente para

26 as partes?
O papel do Senado seria o de conferir publicidade, de forma obrigatória, à decisão do
Supremo. Perderia a discricionariedade, e a decisão do STF já teria eficácia erga omnes no
controle incidental.
Entende Gilmar Mendes, portanto, que teria ocorrido a chamada mutação
constitucional sobre o art. 52 X da CF (alteração da norma sem modificação do texto da
constituição). Seria o que se convencionou de abstrativização do controle difuso de
constitucionalidade, com base na força normativa da constituição e na teoria da transcendência
dos motivos determinantes que imporiam o necessário respeito dos órgãos, entes e cidadãos
subordinados ao dispositivo e às razões de decidir (quando essenciais no decisum) do
posicionamento do STF, independente de se tratar de controle difuso ou concentrado. Essa tese
ainda não é pacífica no próprio STF, entretanto, recentemente o STF aplicou no julgamento do
amianto tal entendimento, tão somente quanto ao artigo 52, X, da CF. Vejamos:
Se uma lei ou ato normativo é declarado inconstitucional pelo STF, incidentalmente, ou
seja, em sede de controle difuso, essa decisão, assim como acontece no controle abstrato,
também produz eficácia erga omnes e efeitos vinculantes. O STF passou a acolher a teoria da
abstrativização do controle difuso. Assim, se o Plenário do STF decidir a constitucionalidade ou
inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, ainda que em controle difuso, essa decisão
terá os mesmos efeitos do controle concentrado, ou seja, eficácia erga omnes e vinculante.
Houve mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88. A nova interpretação deve ser a seguinte:
quando o STF declara uma lei inconstitucional, mesmo em sede de controle difuso, a decisão já
tem efeito vinculante e erga omnes e o STF apenas comunica ao Senado com o objetivo de que
a referida Casa Legislativa dê publicidade daquilo que foi decidido. STF. Plenário. ADI 3406/RJ e
ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 29/11/2017 (Info 886).

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Nesse julgado, a Min. Cármen Lúcia afirmou que o STF está caminhando para uma
inovação da jurisprudência, no sentido de não ser mais declarado inconstitucional cada ato
normativo, mas a própria matéria que nele se contém.
Mas atenção: ler o item 2.3.5 para entender esse julgado, explicado por João Lordelo. Em
provas, devemos analisar o que o examinador quer, ok? A regra geral do controle difuso é efeitos
inter partes.
2.3.3. Teoria da transcendência dos motivos determinantes e abstrativização do
controle difuso
Alguns doutrinadores, bem como determinados julgados do STF rumam para uma nova
interpretação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade no controle difuso.
Entendem que, embora manifestados em controle difuso, bem como sendo meras
questões prejudiciais, os fundamentos da decisão do Supremo Tribunal Federal devem se
expandir para além do processo em que foram prolatados, tornando-se, então, desde já,
vinculantes erga omnes. Ampliação do efeito erga omnes para além do dispositivo da ADI/ADC
Dessa forma, aproximam-se o sistema de controle difuso de constitucionalidade ao do
concentrado.
E, por sua vez, passam a atribuir simples efeito de publicidade às resoluções do Senado
para a suspensão de execução de lei, previstas no art. 52, inciso X, da CF, sendo, a partir de
então, essa Casa Legislativa comunicada apenas para publicar a decisão do STF no Diário do
Congresso.

27 Gilmar Mendes afirma se tratar esse fenômeno de uma autêntica mutação


constitucional, uma vez que há uma completa reformulação do sistema jurídico sem qualquer
expressa modificação de seu texto.
Principais argumentos: (a) a força normativa da Constituição, (b) o princípio da
supremacia da Constituição e a sua aplicação uniforme a todos os destinatários, (c) o STF
enquanto guardião da Constituição e seu intérprete máximo, e (d) a dimensão política das
decisões do STF.
Crítica a esse posicionamento: o art. 52, X, é da tradição do direito brasileiro;
possibilidade de outros mecanismos, como a súmula vinculante.
Quanto à tendência de abstrativização do controle concreto, Gilmar Mendes resume a
questão dizendo “a adoção de estrutura procedimental aberta para o processo de controle
difuso (participação do amicus curiae e outros interessados), a concepção de recurso
extraordinário de feição especial para os juizados especiais, o reconhecimento de efeito
transcendente para a declaração de inconstitucionalidade incidental, a lenta e gradual
superação da fórmula do Senado (art. 52, X), a incorporação do instituto da repercussão geral
no âmbito do recurso extraordinário e a desformalização do recurso extraordinário com o
reconhecimento de uma possível causa petendi aberta são demonstração das mudanças
verificadas a partir desse diálogo e intercambio entre os modelos de controle de
constitucionalidade positivados no Direito brasileiro. Pode-se apontar, dentre as inúmeras
transformações detectadas, inequívoca tendência para ampliar a feição objetiva do processo de
controle incidental entre nós.”
Obs: o PLENO DO STF NÃO ACOLHEU A TESE DA EFICÁCIA TRANSCENDENTE DOS
MOTIVOS DETERMINANTES
O STF não admite a “teoria da transcendência dos motivos determinantes”. Segundo a
teoria restritiva, adotada pelo STF, somente o dispositivo da decisão produz efeito vinculante. Os

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motivos invocados na decisão (fundamentação) não são vinculantes. A reclamação no STF é uma
ação na qual se alega que determinada decisão ou ato: • usurpou competência do STF; ou •
desrespeitou decisão proferida pelo STF. Não cabe reclamação sob o argumento de que a
decisão impugnada violou os motivos (fundamentos) expostos no acórdão do STF, ainda que
este tenha caráter vinculante. Isso porque apenas o dispositivo do acórdão é que é vinculante.
Assim, diz-se que a jurisprudência do STF é firme quanto ao não cabimento de reclamação
fundada na transcendência dos motivos determinantes do acórdão com efeito vinculante. STF.
Plenário. Rcl 8168/SC, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado
em 19/11/2015 (Info 808). STF. 2ª Turma. Rcl 22012/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, red. p/ ac. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 12/9/2017 (Info 887).
OBS: Percebam que mesmo em decisão de controle concentrado (acórdão com efeito
vinculante), é incabível a teoria da transcendência dos motivos determinantes.
As decisões do STF em sede de controle difuso há inegável força expansiva, entretanto, a
regra é que não vinculam pelos motivos e sequer (em tese) possuem efeitos vinculantes. Parte
da doutrina defende que para que uma decisão em sede de controle difuso tenha efeitos
vinculantes, seria necessário uma reforma constitucional.
Interessante comentário de Lordelo: - Transcendência dos motivos
determinantes: imprime efeito vinculante à ratio decidendi, ou seja, à parte
da fundamentação necessária e suficiente à conclusão do julgamento. Teoricamente, pode
ocorrer em controle difuso ou concentrado, mas o STF não vem adotando a técnica,
aparentemente por uma questão política: o incômodo que seria julgar um volume grande de

28 reclamações ajuizadas diretamente lá;


ATENÇÃO!!! O NCPC trouxe um artigo que muito nos remete à abstrativização do
controle difuso. Em caso de descumprimento de decisão do STF proferida em recurso
extraordinário sob a sistemática da repercussão geral: cabe reclamação, mas exige-se o
esgotamento das instâncias ordinárias (art. 988, § 5º, II, do CPC/2015)
2.3.4. Objetivação do recurso extraordinário?
Trata-se da força do acórdão do REx quando declarou constitucionalidade de determinada
lei e a possibilidade de impetrar ADI futura sobre a mesma norma. Vejamos:
"É manifestamente improcedente a ação direta de inconstitucionalidade que verse sobre
norma (art. 56 da Lei 9.430/1996) cuja constitucionalidade foi expressamente declarada pelo
Plenário do STF, mesmo que em recurso extraordinário. (...) A alteração da jurisprudência
pressupõe a ocorrência de significativas modificações de ordem jurídica, social ou econômica,
ou, quando muito, a superveniência de argumentos nitidamente mais relevantes do que aqueles
antes prevalecentes, o que não se verifica no caso." (ADI 4.071-AgR, Rel. Min. Menezes Direito,
julgamento em 22-4-2009, Plenário, DJE de 16-10-2009.)
EM SUMA, NÃO SE PODE IMPUGNAR POR ADI O QUE JÁ FOI DECLARADO
INCONSTITUCIONAL EM REXT.
2.3.5. Controle incidental em controle concentrado – transcendência dos motivos
determinantes?
Quando o STF, em determinado controle em abstrato, ao verificar que os fundamentos
para nulificar ou não uma lei, serve para julgar a constitucionalidade ou não de outra lei, é
possível suscitar uma questão de ordem, paralisando o julgamento e cindindo o processo,
encaminhando-se para o Pleno Julgar. Foi o que o correu no caso do amianto, recentemente.
O STF, em controle abstrato, entendeu constitucional a norma Estadual que proíbe o uso
do amianto, e incidentalmente, uma vez que não constava dos pedidos, por consectário lógico,
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entendeu ser inconstitucional a norma federal que permite o uso do amianto (incidental significa
que não é o pedido principal) .Obs: aqui o DOD disse que houve abstrativização do controle
difuso, conforme já dito. Mas não se trata exatamente disso. Eu entendo ter havido a
transcendência dos motivos determinantes, conforme ensinado por João Lordelo.
Veja uma passagem: Houve, portanto, o reconhecimento de uma inconstitucionalidade de
forma incidental - já que a lei federal não era o objeto da demanda. Grave: incidental é aquilo
considerado na fundamentação; incidental é o oposto de principal, aquilo que é decidido no
dispositivo. Não podemos confundir a classificação difuso/concentrado (classificação quanto à
competência) com incidental/abstrato (classificação quanto ao objeto). O controle difuso será,
como regra, incidental. Mas também pode haver declaração incidental de
inconstitucionalidade em controle concentrado, que foi exatamente o que ocorreu. Ao julgar o
pedido principal, o STF considerou a lei impugnada constitucional (questão principal), mas julgou
parte da lei federal não impugnada inconstitucional (questão incidental, adotada na
fundamentação). ... O STF acaba de adotar a teoria da transcendência dos motivos
determinantes ou a abstrativização do controle difuso? O caso foi de evidente atribuição de
eficácia vinculante sobre a fundamentação de decisão em controle concentrado. Houve,
portanto, transcendência dos motivos determinantes, pois foi conferido efeito vinculante a
uma declaração incidental, que se encontrava na fundamentação do acórdão em duas
ADIs. Não houve exercício de controle difuso. A abstrativização do controle difuso é algo diverso.
Vale a pena ler no site dele: https://www.joaolordelo.com/single-
post/2018/01/09/Afinal-o-STF-adotou-a-teoria-da-abstrativização-do-controle-difuso-ou-da-
transcendência-dos-motivos-determinantes-ADI-3406RJ-e-ADI-3470RJ-Rel-Min-Rosa-Weber-
29 julgados-em-29112017-Info-886
2.3.6. Controle difuso em sede de ação civil pública
Só será cabível o controle difuso, em sede de ação civil pública, se a controvérsia
constitucional se identificar como mera questão prejudicial (incidental), indispensável à
resolução do litígio do objeto principal, que deve ser uma específica e concreta relação jurídica,
ocasião na qual os seus efeitos se restringirão inter partes.
Sendo assim, a ação civil pública não pode ser ajuizada como sucedâneo de ação direta
de inconstitucionalidade, pois, em caso de produção de efeitos erga omnes, estar-se-ia
usurpando competência do STF, com a provocação de verdadeiro controle concentrado de
constitucionalidade. O problema decorre da norma do art. 16 da Lei nº 7347 de 1985 (ACP) que
estabelece que a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, ainda que nos limites da
competência territorial do órgãos prolator, o que evidencia que os efeitos ultrapassam as partes
envolvidas no litígio, até porque tratam de interesses transindividuais.
Mesmo que a ação civil pública tenha efeitos erga omnes (pedido), a declaração de
inconstitucionalidade incidental não terá o mesmo efeito, pois realizada de modo difuso. O
pedido na ACP é de efeitos concretos, e a inconstitucionalidade é apenas a causa de pedir, sendo
seu efeito inter partes.
Ação Civil Pública e Controle Incidental de Inconstitucionalidade
É legítima a utilização da ação civil pública como instrumento de fiscalização incidental
de constitucionalidade, pela via difusa, de quaisquer leis ou atos do Poder Público, desde que
a controvérsia constitucional não se identifique como objeto único da demanda, mas simples
questão prejudicial, indispensável à resolução do litígio principal. RE 424993/DF, rel. Min.
Joaquim Barbosa, 12.9.2007. (RE-424993)

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2.3.7. Recuso extraordinário como instrumento de controle concentrado/abstrato


Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis
municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de
normas de reprodução obrigatória pelos estados. STF. Plenário. Rel. originário Min. Marco
Aurélio, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 01/02/2017 (repercussão geral).
Nesse caso, ocorre assim: o PGJ entra com uma ADI contra uma lei municipal, tendo como
norma paradigma uma norma da Constituição Estadual que é uma norma de observância
obrigatória em relação a C.E. Nesse caso, julgada a ADI pelo Pleno do TJ, caberá ainda Recurso
Extraordinário ao STF.
Percebam que o STF, através de Recurso Extraordinário, irá realizar um controle
concentrado do caso concreto, OK? Concentrado em relação ao Estado. Concreto em relação
àquela situação que o ente federativo discute.
2.3.8. Controle incidental de constitucionalidade feito pelo STJ
O STJ, quando de sua competência originária (art. 105, inciso I, CF), ou mediante recurso
ordinário constitucional (CF, art. 105, II), pode exercer o controle incidental de
constitucionalidade, deixando de aplicar as leis e atos normativos que repute inconstitucionais.
Dessa decisão é cabível Recurso Extraordinário ao STF, ok? Estamos ali falando tão
somente de controle incidental quando ele atue em competência recursal ou originária, como
se fosse uma primeira ou segunda instância, normal. Em sede de REsp, o objeto das discussões
cinge-se às questões infraconstitucionais.

30 3. Controle Concentrado de Constitucionalidade


A análise de controle de constitucionalidade é realizada em Tribunais específicos. No caso
de normas federais/estaduais/municipais que atentem contra a Constituição, haverá uma ação
concentrada específica, que será julgada no STF.
Lado outro, na esfera Estadual, Os TJs são os responsáveis pela guarda da Constituição
Estadual, de modo que julgarão as ações concentradas quando a lei estadual/municipal afrontar
a Constituição do Estado.
Portanto, dizemos “concentrado” por se concentrar em um único tribunal. Temos cinco
espécies de controle concentrado: ADI, ADC, ADPF, ADO e ADI-Interventiva.
Vocês lembram que anteriormente dissemos que no controle difuso a declaração de
inconstitucionalidade é uma causa de pedir? Aqui, em controle concentrado, é diferente. Aqui,
a declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade será o pedido principal. Assim, no
controle abstrato, deve haver provocação e, em regra, observação do princípio da adstrição,
requerendo o legitimado a constitucionalidade/inconstitucionalidade da Lei Y.
Já no que toca à causa de pedir, em sede de controle abstrato esta é aberta, de modo que
o STF pode utilizar quaisquer argumentos ou parâmetro constitucional para analisar o pedido,
não ficando o STF adstrito ao parâmetro invocado pelos requerentes.
Ademais, tendo em vista se tratar de um processo objetivo (que não envolve partes), e
não um processo subjetivo, não se aplicam alguns princípios, como contraditório, ampla defesa,
duplo grau de jurisdição, etc.
3.1. ADI (ação direta de inconstitucionalidade) genérica

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3.1.1. Conceito
Tem por objeto principal a própria declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo em tese, marcado pela generalidade, impessoalidade e abstração. Não está a se falar,
aqui, de atos de efeitos concretos, ok?
3.1.2. Objeto

3.1.2.1. Podem ser controladas por ADI


A regra é que o objeto da ADI seja: primário, causando uma violação direta à Constituição;
geral, sendo dirigida a todas as pessoas indistintamente; e abstrato, de modo que a norma sirva
para todas as situações que se subsumirem à ela, e não a um caso concreto específico.
a) Leis (art. 59 da CF): todas as espécies normativas, quais sejam: emendas
constitucionais (por emanarem do poder constituinte derivado reformador), leis
complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias (por terem força de lei, mas
desde que em plena vigência, ou seja, não convertidas ainda em lei ou não tendo perdido a sua
eficácia por decurso de prazo), decretos legislativos e resoluções (esses dois últimos somente se
estiverem revestidos de generalidade e abstração), Leis orçamentárias.
Projeto de lei aprovada, mas ainda não promulgada, pode? Segundo Lordelo, o controle
abstrato pressupõe a existência formal da lei ou do ato normativo após a conclusão definitiva
do processo legislativo. Assim, o projeto de lei não pode sofrer controle abstrato de
constitucionalidade. Pela via judicial, os PLs somente podem ser objeto de controle de
constitucionalidade mediante MS impetrado por parlamentar. Ademais, não se exige que a lei
31 esteja em vigor para ser objeto de controle de constitucionalidade, podendo perfeitamente ser
objeto de controle em seu prazo de vacatio legis. Assim, exclui-se a possibilidade de se propor
ADI ou ADC de caráter preventivo.
OBS: o STF já afastou vício processual de lei que foi publicada após a propositura da ADI,
entendendo que a publicação superveniente da Lei corrigiu a carência original da ação.
No STF: As leis controladas podem ser FEDERAIS e ESTADUAIS. Municipais NÃO!
b) Atos normativos: qualquer ato revestido de indiscutível caráter normativo:
 Resoluções administrativas dos Tribunais,
 Os regimentos internos dos Tribunais,
Ayres Britto destacou uma peculiaridade: estes regimentos internos possuem natureza
dúbia, porquanto podem ter natureza de atos primários, quando dispõem sobre competência e
funcionamento dos órgãos jurisdicionais e administrativos de cada qual deles (tribunais); e de
atos secundários, quando dispuserem sobre o dever de observância das normas de processo e
das garantias processuais das partes.
 Deliberações administrativas dos órgãos judiciários, quando possuírem
abstração e generalidade, exceto as convenções coletivas de trabalho. Ex:
reajuste de vencimentos.
 As deliberações dos Tribunais Regionais do Trabalho (salvo as convenções
coletivas de trabalho). Ex: reajustes de vencimentos.
 Medidas provisórias (os requisitos da relevância e urgência somente podem ser
apreciados em casos excepcionais [ADI 2.213] etc. As medidas provisórias para
abertura de créditos orçamentários extraordinários podem ser objeto de
controle concentrado quanto aos requisitos da imprevisibilidade e urgência (art.

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62, c/c art. 167, §3º), na forma do decidido pelo STF na ADI 4.048-MC), vez que
diferem dos requisitos de uma MP genérica, havendo situações excepcionais
vazadas no artigo 167, §3º, da CF. Devem preencher os requisitos necessários
citados neste último artigo.
 Resoluções do Conselho Internacional de Preços (ADin 8-0/DF)
 Resoluções do Senado Federal (art. 52, VII, VIII e IX e art. 155, § 2º, V, alíneas a
e b, todos da Constituição Federal);
 Decreto — regulamento autônomo — (art. 84, VI, CF)
 Resolução do Conselho Nacional de Justiça e do CNMP.
 Resolução do TSE
 Ato administrativo com efeitos genéricos, impessoais e abstratos.
 Leis orçamentárias: a partir de 2008, o STF decidiu que é cabível o controle de
constitucionalidade independentemente de aferir seu grau de abstração e
generalidade. Fixa a tese de que as leis orçamentárias são leis, como as demais,
e por esta razão, podem ser objeto de controle de constitucionalidade,
independente do seu caráter genérico ou específico, concreto ou abstrato,
dando assim uma virada jurisprudencial na matéria.
No caso de MP sobre crédito extraordinário, o STF admitiu o controle. Razões: a) CF não
diferencia as leis, e sim tão-somente os atos (só cabem atos normativos); b) estudos e análises
32 no plano da teoria do direito apontariam a possibilidade tanto de se formular uma lei de efeito
concreto de forma genérica e abstrata quanto de se apresentar como lei de efeito concreto
regulação abrangente de um complexo mais ou menos amplo de situações. O governo estava
lançando mão de MP para abertura de crédito extraordinários com base apenas nos critérios de
relevância e urgência, para utilizar os créditos em despesas correntes, quando na verdade, para
abertura de créditos extraordinários, deve-se demonstrar a calamidade pública, guerra ou
comoção interna.
Julgado: MED. CAUT. EM ADI N. 4.048-DF II. Controle abstrato de constitucionalidade de
normas orçamentárias. Revisão de jurisprudência. O Supremo Tribunal Federal deve exercer sua
função precípua de fiscalização da constitucionalidade das leis e dos atos normativos quando
houver um tema ou uma controvérsia constitucional suscitada em abstrato, independente do
caráter geral ou específico, concreto ou abstrato de seu objeto. Possibilidade de submissão das
normas orçamentárias ao controle abstrato de constitucionalidade.(...) Informativo 506
 Exemplos já julgados pelo STF em que cabe ADI: Resolução do Secretário de Segurança
Pública do Estado do Piauí (ADI3731), Portaria 17/2005, da Secretaria de Segurança
Pública do Estado do Maranhão (ADI3691), Regimento Interno do Conselho Nacional de
Justiça (MS25962), Resolução do TSE (ADIs 3999 e 4086), Resolução Nº 75/95 da
Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ADI 1372).
Ainda, pessoal, percebam algo. Todo ato normativo primário é aquele que retira sua
validade diretamente da Constituição Federal, como as leis, medidas provisórias, resoluções do
Senado, decreto autônomo, e outros. Todos esses atos normativos, por serem primários, podem
inovar o ordenamento jurídico e, consequentemente, podem ser objeto de controle de
constitucionalidade.
Continuemos, ainda, em atos normativos que podem ser objeto de controle de
constitucionalidade.

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 Tratados internacionais (qualquer deles):


o Tratados internacionais sobre direitos humanos e aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos de seus respectivos
membros (art. 5, § 3º, da CF) equivalem a emendas constitucionais e, portanto,
podem ser objeto de controle de constitucionalidade.
o Tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados pela regra anterior
à EC 45/2004 têm natureza supralegal (porém infraconstitucional) e, portanto,
podem ser objeto de controle de constitucionalidade (RE 466.343, 03 de
dezembro de 2008).
o Tratados internacionais de natureza diversa equivalem a meras leis ordinárias e
podem, portanto, ser objeto de controle de constitucionalidade.
d) Políticas públicas: desde que configurada hipótese de evidente e arbitrária abusividade
governamental, em violação a concretização dos direitos mínimos existenciais do ser humano
(direitos sociais, econômicos e culturais), devendo ainda se verificar, no caso concreto, a
razoabilidade da pretensão, bem como a disponibilidade financeira do Estado para a
implementação da referida política pública. O controle concentrado de constitucionalidade de
políticas públicas, em verdade, analisa os instrumentos normativos nas quais estão delineadas,
de sorte que devem se enquadrar em uma das hipóteses presentes nas letras e itens anteriores.
Se se tratar de ato que não se enquadre nas hipóteses anteriores, deveremos analisar a
possibilidade de uso de ADPF.
Lembrem-se: é vedado impetrar MS contra lei em tese. Assim, as resoluções do CNJ,
CNMP, não são passíveis de questionamento por MS, pois elas retiram seu fundamento da CF.
33 3.1.2.2. Não podem ser controladas por ADI
a) Súmulas: por não possuírem grau de normatividade qualificada pela generalidade e
abstração (não são leis), mesmo no caso de súmula vinculante. No caso de SV, há
procedimento de revisão, na forma da Lei nº 11.417/2006.

OBS: TAMBÉM NÃO CABE ADPF: "A arguição de descumprimento de preceito


fundamental não é a via adequada para se obter a interpretação, a revisão ou o cancelamento
de súmula vinculante." (ADPF 147-AgR, rel. min. Cármen Lúcia, julgamento em 24-3-2011,
Plenário, DJE de 8-4-2011.) Vide: ADPF 80-AgR, rel. min. Eros Grau, julgamento em 12-6-2006,
Plenário
b) Regulamentos ou decretos regulamentares expedidos pelo Executivo e demais atos
normativos secundários: por não estarem revestidos de autonomia jurídica. Trata-se, no caso,
de questão de legalidade, por inobservância do dever jurídico de subordinação normativa à lei.
Atenção aqui: como regra, não são passíveis de controle de constitucionalidade,
entretanto, estão subordinados à lei. Caso esse decreto não esteja coerente com o sistema
(extrapolar a lei), ele não será considerado inconstitucional, mas sim, ilegal, por inobservância
do dever jurídico de subordinação normativa à lei. Não há que se falar em inconstitucionalidade
indireta, reflexa ou oblíqua. Não é o caso do decreto autônomo, ok? Este é primário, inova o
ordenamento, e é passível de controle de constitucionalidade.
Decreto que não regulamente lei alguma: poderá haver ADI para discutir observância do
princípio da reserva legal (Chamados Decretos autônomos) ADI 3.731-MC Min. Cezar Peluso.
Questões Interna Corporis: trata-se de questões que devem ser resolvidas dentro do
âmbito de determinado poder. A doutrina costuma chama-las de questões próprias de

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regimento interno. É regra. Entretanto, pode haver controle pelo STF se existir uma violação de
direitos consagrados na Cosntituição.
c) Normas constitucionais originárias: pois são sempre constitucionais, devendo os
aparentes conflitos entre as suas normas ser harmonizados através de uma interpretação
sistemática do caso concreto. (princípio da unidade, concordância prática)
d) Normas anteriores à Constituição: são recepcionadas, ou não, e, nesse caso, são
revogadas, pelo novo ordenamento jurídico, não se podendo falar em inconstitucionalidade
superveniente. (Conflito de leis no tempo, e não hierárquico). A ADPF pode ser utilizada para,
de forma definitiva e com eficácia geral, solver controvérsia relevante sobre a legitimidade do
direito ordinário pré-constitucional em face da nova Constituição. Há discussão sobre a
possibilidade de modulação da decisão de declaração de não recepção de norma perante à CF,
tendo por base o previsto no art. 27 da lei nº 9.868/99. Celso de Mello entende que não (RE-AGr
353.508 2007), Gilmar Mendes, em seu voto, defendeu que sim. Pedro Lenza entende ser
cabível, pois o próprio STF aceita a tese da norma ainda constitucional (ação civil ex delicto).
e) Atos estatais de efeitos concretos (aceita, todavia, o controle sobre atos de efeitos
concretos editados sob a forma de lei): por não possuírem densidade jurídico-material
(densidade normativa). Obs: Salvo no que tange à Lei orçamentária que o STF aceita o controle
concentrado. O STF distinguiu ato de efeitos concretos de atos de efeitos concretos editados
sob forma de lei. A matéria, por ter sido delineada no bojo de medida cautelar, ainda não está
consolidada. INFO 527 de 07 de outubro de 2008.
f) Atos normativos já revogados ou de eficácia exaurida, leis temporárias: porque a sua
34 eventual declaração teria valor meramente histórico. Não cabe ADI, mas o STF tem admitido o
cabimento de ADPF.
E se a revogação ou a perda de vigência da lei ou ato normativo ocorrer já no curso da
ação de inconstitucionalidade, entende o STF, em regra, pela perda do objeto, com a
prejudicialidade da ação, devendo os efeitos residuais concretos que possam ter sido gerados
pela aplicação da lei ou ato normativo não mais existente ser questionados na via ordinária,
por intermédio do controle difuso de constitucionalidade.
Gilmar Mendes tem posição diferente: princípios da máxima efetividade e da força
normativa da CF (minoritário).
Obs: o STF já afastou a prejudicialidade da ADI em casos nos quais restou configurada a
tentativa de fraude processual por meio da revogação da lei após o ajuizamento da ADI (ADI
3232 e 3306) e na ADI 4426 em razão da singularidade do caso. Ou seja, o STF vem entendendo
que a fraude processual impede o reconhecimento da prejudicialidade da ADI. Se foi revogado,
há perda superveniente do objeto da ADI.
Se foi alterada a lei, deve demonstrar a permanência da inconstitucionalidade, sob pena
de perda superveniente do objeto da ADI, SALVO: fraude processual; repetição do conteúdo,
em sua essência, em outro diploma normativo; caso o STF tenha julgado o mérito da ação sem
ter sido notificado da revogação da norma atacada. É responsabilidade do autor notificar o
judiciário.
Dizer o Direito: O que acontece caso o ato normativo que estava sendo impugnado na ADI
seja revogado antes do julgamento da ação? Regra: haverá perda superveniente do objeto e a
ADI não deverá ser conhecida (STF ADI 1203). Exceção 1: não haverá perda do objeto e a ADI
deverá ser conhecida e julgada caso fique demonstrado que houve "fraude processual", ou seja,
que a norma foi revogada de forma proposital a fim de evitar que o STF a declarasse
inconstitucional e anulasse os efeitos por ela produzidos (STF ADI 3306). Exceção 2: não haverá
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perda do objeto se ficar demonstrado que o conteúdo do ato impugnado foi repetido, em sua
essência, em outro diploma normativo. Neste caso, como não houve desatualização significativa
no conteúdo do instituto, não há obstáculo para o conhecimento da ação (ADI 2418/DF). Exceção
3: caso o STF tenha julgado o mérito da ação sem ter sido comunicado previamente que houve
a revogação da norma atacada. Nesta hipótese, não será possível reconhecer, após o
julgamento, a prejudicialidade da ADI já apreciada. STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info 824). STF. Plenário. ADI 951 ED/SC, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 27/10/2016 (Info 845).
g) Respostas emitidas pelo Tribunal Superior Eleitoral às consultas que lhe forem
endereçadas (JÁ VIMOS QUE AS RESOLUÇÕES DO TSE SÃO PASSIVEIS DE ADI): por se tratar de
ato de caráter meramente administrativo, não possuindo eficácia vinculativa aos demais órgãos
do Poder Judiciário.
f) A divergência entre a ementa da lei e o seu conteúdo não caracteriza situação de
controle de constitucionalidade, pois não é suficiente para configurar afronta a ela.
Observações: A posterior ab-rogação ou derrogação, com sua substancial alteração, da
Constituição, por afetar o próprio paradigma (parâmetro) de confronto invocado no processo
de controle concentrado de constitucionalidade, configura hipótese caracterizadora de
prejudicialidade da ação, em virtude da evidente perda superveniente de seu objeto (Celso de
Mello). MUDANÇA DE POSICIONAMENTO - Essa era a regra, todavia no julgamento da questão
de ordem na ADI 2158, o STF rejeitou a preliminar de prejudicialidade, mesmo tendo havido a
modificação no parâmetro de confronto. O fundamento, correto em suas bases estruturais, é

35 no sentido de que não se pode deixar às vias ordinárias à solução de problemas que podem ser
resolvidos de forma mais eficiente, eficaz e segura, no âmbito do controle concentrado de
constitucionalidade. Nesse caso em apreço, o STF julgou o caso. Tratava-se da tributação dos
inativos, que só foi permitido a partir da EC 41/03, mas havia leis anteriores que permitiam, sem
supedâneo constitucional. O STF disse que o fato da superveniência de autorizativo
constitucional para tributação não tornaria aquela lei, desde seu nascimento inconstitucional,
uma lei constitucional. Ou seja, não acata a tese de constitucionalidade superveniente.
ATENÇÃO! No STF, não cabe ADI para impugnar leu municipal!
3.1.3. Temas relevantes

3.1.3.1. O conceito de bloco de constitucionalidade (paradigmas)


Diz respeito à identificação do próprio conceito de Constituição, que servirá de
parâmetro em relação ao qual se realizará a confrontação das demais normas jurídicas do
sistema, para se aferir a sua constitucionalidade.
Em suma: é tudo que pode servir de parâmetro no controle de constitucionalidade
Nesse sentido, duas (2) posições podem ser encontradas. A ampliativa engloba não
somente as normas formalmente constitucionais, expressamente positivadas em documento
formal, mas também os princípios não escritos, bem como os valores suprapositivos,
principalmente aqueles que norteiam e fundamentam a própria Constituição. Por sua vez, a
restritiva considera apenas as normas e os princípios formalmente expressos na Constituição
escrita e positivada.
A jurisprudência brasileira, incluindo o STF, tem adotado, por ora, apenas uma tímida
tendência ampliativa, utilizando, nesse sentido, como paradigma de confronto normas e
princípios, que, ainda que não expressamente contidos no texto constitucional, sejam dele
diretamente decorrentes.

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Por fim, com o advento da EC 45/2004, houve uma ampliação, no direito brasileiro, do
bloco de constitucionalidade, na medida em que se passa a ter um novo parâmetro de controle
(norma formal e materialmente constitucional), qual seja, os tratados internacionais de direitos
humanos (art. 5º, § 3º, da CF), aprovados com quórum de emendas constitucionais. Os tratados
supralegais não podem ser parâmetro. Ademais, reiterando, TODOS os tratados podem ser
objeto de controle de constitucionalidade.

3.1.3.2. Teoria da transcendência dos motivos determinantes


PLENO STF REJEITOU A TEORIA (Rcl 3014/SP), EMBORA JULGADOS ANTIGOS DO STF A
TENHAM APLICADO
O STF vinha atribuindo efeito vinculante, produzido para fora do processo em que se foi
decidido, não só ao dispositivo da sentença, mas também aos fundamentos determinantes que
deram suporte à decisão. Ratio decidendi é diferente de obter dictum, que significa coisa dita de
passagem. Apenas aquela teria o condão de vincular outros julgamentos. Falava-se em
transcendência dos motivos determinantes, efeitos irradiantes ou transbordantes dos motivos
determinantes.
Lei de teor idêntico e reclamação: Se o STF entender pela inconstitucionalidade da Lei/SP,
há efeito vinculante em relação à Lei/RJ (idêntica)? Ex: limitação do teto para fins de pagamento
de RPV. Se é reconhecido efeito vinculante, pode haver reclamação?
GM explica, na RCL 4987 MC/PE, que tal controvérsia reside não na concessão de efeito
36 vinculante aos motivos determinantes das decisões em controle abstrato de
constitucionalidade, mas na possibilidade de se analisar, em sede de reclamação, a
constitucionalidade de lei de teor idêntico ou semelhante à lei que já foi objeto da fiscalização
abstrata de constitucionalidade perante o STF.Ainda que não se empreste eficácia
transcendente (efeito vinculante dos fundamentos determinantes) à decisão, o Tribunal, em
sede de reclamação contra aplicação de lei idêntica àquela declarada inconstitucional, poderá
declarar, incidentalmente, a inconstitucionalidade da lei ainda não atingida pelo juízo de
inconstitucionalidade. Ressalte-se, mais uma vez, que não se está a falar, nesta hipótese, de
aplicação da teoria da “transcendência dos motivos determinantes” da decisão tomada no
controle abstrato. Trata-se, isso sim, de um poder ínsito à própria competência do Tribunal de
fiscalizar incidentalmente a constitucionalidade das leis e dos atos normativos. E esse poder é
realçado quando a Corte se depara com leis de teor idêntico àquelas já submetidas ao seu crivo
no âmbito do controle abstrato de constitucionalidade. Assim, a partir de um ato concreto que
aplica uma Lei Y, cujo teor é idêntico ao de uma lei X, já declarada inconstitucional, pode ser
analisado, em sede de reclamação, pelo STF, em controle incidental.
Julgado importante: O STF não admite a “teoria da transcendência dos motivos
determinantes”. Segundo a teoria restritiva, adotada pelo STF, somente o dispositivo da decisão
produz efeito vinculante. Os motivos invocados na decisão (fundamentação) não são
vinculantes. A reclamação no STF é uma ação na qual se alega que determinada decisão ou ato:
• usurpou competência do STF; ou • desrespeitou decisão proferida pelo STF. Não se pode
utilizar a reclamação, que é uma via excepcional, como se fosse um incidente de uniformização
de jurisprudência. Assim, diz-se que a jurisprudência do STF é firme quanto ao não cabimento
de reclamação fundada na transcendência dos motivos determinantes do acórdão com efeito
vinculante. STF. Plenário. Rcl 8168/SC, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Edson
Fachin, julgado em 19/11/2015 (Info 808). STF. 1ª Turma. Rcl 11477 AgR/CE, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 29/5/2012 (Info 668).

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3.1.3.3. Teoria da inconstitucionalidade por arrastamento ou atração ou


inconstitucionalidade consequente de preceitos não impugnados ou
inconstitucionalidade consequencial ou inconstitucionalidade
consequente ou derivada
Julgada inconstitucional determinada norma principal, em processo de controle
concentrado de constitucionalidade, poderá haver também declaração subsequente, ou na ação
em julgamento, de inconstitucionalidade de outras normas que com aquela guardam
correlação, conexão ou interdependência.
E essa técnica de arrastamento poderá ser aplicada tanto em processos distintos (pela
teoria dos motivos determinantes impede-se que sejam julgadas posteriores pretensões
relativas a essas normas consequentes) quanto em um mesmo processo (no próprio dispositivo
da decisão já se definem quais normas são atingidas e, portanto, são declaradas também
inconstitucionais).
Lembre-se ainda que essa contaminação pode se dar também em relação a decreto que
se fundava em lei declarada inconstitucional. Trata-se, sem dúvida, de verdadeira exceção à
regra de que o juiz deve se ater aos limites da lide fixados pelas partes. Não confunda com
inconstitucionalidade reflexa. Nesta, o decreto deixa de seguir a lei, de modo que apenas
reflexamente é inconstitucional, tratando-se, em verdade, de crise de legalidade. Já na
inconstitucionalidade por arrastamento, a lei que fundamenta o decreto é considerada
inconstitucional e, por consectário lógico, o decreto também.
Aqui trata-se em uma verdadeira exceção à regra do princípio da congruência/correlação,
37 uma vez que o juiz irá decretar a inconstitucionalidade de dispositivos conexos ao declarado
inconstitucional, ainda que não haja pedido expresso nesse sentido.
Fala-se, de outra forma, em:
Declaração de nulidade total em virtude de uma dependência unilateral: verifica-se
quando o Tribunal constata que uma parte da lei é inconstitucional e que a parte hígida, por ser
dependente, não pode subsistir.
Declaração de nulidade total em virtude de dependência recíproca: ocorre quando a
disposição inconstitucional é parte de um complexo normativo que perderia seu sentido e sua
justificação se determinada parte ou uma parte central fosse retirada ou subtraída. Esses casos
não são significativos – refere-se a um complexo normativo que forma “unidade” insuscetível
de ser dividida em partes autônomas. A preservação parcial de uma lei, nesse caso, viria quebrar
o equilíbrio interno do sistema de tal forma que a declaração de nulidade parcial implicaria uma
falsificação da “mens legislatoris” ou constituiria uma intervenção indevida na vontade do
legislador.

3.1.3.4. Lei ainda constitucional ou inconstitucionalidade progressiva ou


declaração de constitucionalidade de norma em trânsito para a
inconstitucionalidade
Considera-se que uma lei, em virtude das circunstâncias de fato, pode vir a ser
inconstitucional, não o sendo, porém, enquanto essas circunstâncias de fato não se
apresentarem com a intensidade necessária para que se tornem inconstitucionais.
Ex.: artigo 68 do CPP (ação civil ex delicto) e prazo em dobro para defensoria no processo
penal: leis ainda constitucionais e que estão, em trânsito, progressivamente, para a
inconstitucionalidade, à medida que as Defensorias Públicas forem sendo efetiva e eficazmente

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instaladas. Na verdade, o caso do referido artigo 68 seria de recepção ou não pela Constituição
de 1988 e, por conseguinte, de sua revogação ou vigência, e não de inconstitucionalidade.
Apelo ao legislador: No direito alemão, entende-se que a decisão é de improcedência
(lei constitucional), porém há um obiter dictum (fundamento não vinculante) que faz um apelo
ao legislador: a lei é ainda constitucional, tomem cuidado porque poderemos mudar de posição
no futuro. Foi muito usado na Alemanha em casos de omissão parcial. Note-se que o apelo ao
legislador é uma técnica processual. Pode decorrer, por exemplo, da mutação constitucional
quanto à interpretação de um parâmetro de controle.
Obs: no caso do artigo 68, seria uma lei ainda constitucional em trânsito para não
recepção, vez que anterior à CF/88.
ATENÇÃO: A lei ainda é constitucional, mas que por uma realidade fática indesejada está
se tornando inconstitucional, então é feito um apelo ao legislador para que ele melhore a lei sob
pena de ser declarada inconstitucional. Há uma correlação com a inconstitucionalidade
progressiva, às avessas.

3.1.3.5. Inconstitucionalidade circunstancial


A lei é formalmente constitucional, mas em determinadas circunstâncias a sua
aplicação caracterizaria uma inconstitucionalidade. Ou seja, em regra a lei é constitucional.
Todavia, levando em conta determinadas circunstâncias no caso concreto pode ser tida por
inconstitucional para aquela situação. E.g. ADI 223 (discussão da norma que proíbe tutela
38 antecipada contra a fazenda pública);
Sendo vedada a concessão de tutela contra a Fazenda Pública, há dois casos distintos:
a) Reenquadramento de servidor público – constitucional a vedação nesta hipótese.
b) Concessão de tutela antecipada para que o Estado custeasse cirurgia de vida ou morte
– inconstitucional a vedação de tutela nesta hipótese.

3.1.3.6. Interpretação conforme e declaração de nulidade parcial sem redução de


texto
Pressuposto: texto normativo plurisignificativo
O controle concentrado é regido pelo princípio da parcelaridade, segundo o qual é
permitido ao STF julgar parcialmente procedente o pedido de declaração de
inconstitucionalidade, apenas expurgando do texto normativo uma única palavra, expressão
ou frase, diferentemente do que ocorre com o veto presidencial a um projeto de lei, que só
poderá ser de texto integral de todo um artigo, parágrafo, inciso ou alínea (Art. 66, §2º CF).
Com o tempo, passou-se a adotar a interpretação conforme, com o intuito de proteger
a lei – a lei é constitucional desde que feita certa interpretação (julgamento de improcedência).
Isso era, de certa forma, contraditório, pois havia um julgamento de inconstitucionalidade das
outras interpretações. Assim, na declaração de inconstitucionalidade, acabou-se por
inevitavelmente caminhar a interpretação conforme em conjunto com a declaração parcial de
nulidade sem redução de texto. Há a declaração da inconstitucionalidade das demais
interpretações. Ambas devem caminhar juntas. Por isso, o STF fala em julgamento de parcial
procedência.

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A interpretação conforme é um método de interpretação sistemática, que pode resultar


em várias técnicas de decisão, podendo gerar declaração de inconstitucionalidade ou mesmo
acrescer um sentido. Ou seja, a interpretação conforme não está necessariamente relacionada
à técnica de decisão que diz que apenas uma interpretação é constitucional.
A declaração parcial de nulidade sem redução de texto é uma técnica de decisão que
exclui determinada interpretação (norma) que se extrai do texto normativo plurissignificativo.
Essa técnica é uma subespécie da interpretação conforme a constituição, mas aqui será
declarada a inconstitucionalidade sem a redução de texto. ADI = procedente e a ADC =
improcedente. Da decisão que reconhece a inconstitucionalidade não decorrerá a redução do
texto, mas apenas a exclusão de uma interpretação possível.
Situação 1: a norma diz que a Administração pode revogar os seus atos. A interpretação
conforme pode aditar um sentido: desde que observado o contraditório e a ampla defesa.
Situação 2: a norma tributária diz que se aplica imediatamente. A interpretação
conforme demanda que a norma só é constitucional se for observado o princípio da
anterioridade.
Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade: reconhece-se a
incompatibilidade do ato legislativo em face da CF, porém permite-se, em dadas circunstâncias,
a continuidade da operância dos seus efeitos ou, ao menos, mantém hígidos aqueles até então
produzidos, isto a fim de evitar agressão ainda maior às normas e princípios supralegais.
A declaração de inconstitucionalidade sem a pronúncia de nulidade permite a
continuidade da aplicação da norma até que sobrevenha uma nova e válida deliberação
39 legislativa
Lacunas jurídicas ameaçadoras: alguns casos de declaração de inconstitucionalidade
sem pronúncia de nulidade referem-se às chamadas LACUNAS JURÍDICAS AMEÇADORAS, que
poderiam, em caso de uma pronúncia de nulidade, ter sérias consequências, ensejando mesmo
eventual caos jurídico. (GM)
Advém do Direito alemão, tendo como ponto de partida a busca pela “exclusão do
benefício incompatível com o princípio da igualdade”, que se configura quando a lei concede
benefícios apenas a um grupo de cidadãos, em quebra ao princípio da isonomia. Todavia, a
retirada do benefício com a invalidação da lei seria mais prejudicial do que a sua manutenção,
não podendo, por outro lado, haver a extensão pelo Poder Judiciário, eis que não pode atuar
como legislador positivo.
A lacuna resultante da declaração de nulidade poderia fazer surgir uma situação ainda
mais afastada da vontade constitucional.

3.1.3.7. O inconcebível fenômeno da fossilização da Constituição – possibilidade


de reação legislativa.
As decisões de inconstitucionalidade não atingem o Legislativo, que, assim, poderá
inclusive legislar em sentido diverso da posição adotada pelo STF, ou até mesmo contrário, sob
pena de, em sendo vedada essa atividade, inegável petrificação da evolução social, pois se
impediria as constantes atualizações da Constituição, bem como dos textos normativos, sem
falar na perda da relação de equilíbrio entre os Poderes. (Haveria a fossilização).

3.1.3.8. Município putativo


O Ministro Eros Grau entendeu que, ainda que a Lei nº 7.619/2000, do Estado da Bahia,
que criou o Município de Luís Eduardo Magalhães, tenha violado frontalmente o artigo 18, § 4º,
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da CF, não seria razoável declará-la inconstitucional. Isso porque o citado Município foi
efetivamente criado, por uma decisão política de caráter institucional, assumindo, por
conseguinte, existência de fato, como ente federativo dotado de autonomia municipal, há mais
de 6 anos, e daí resultando diversos efeitos jurídicos, os quais não podem ser ignorados.
Consagrou-se, assim, os seguintes princípios: o da reserva do impossível, o da
continuidade do Estado, o federativo, o da segurança jurídica, o da confiança (Karl Larenz), o da
força normativa dos fatos (Georg Jellinek), bem como o da situação excepcional consolidada
(ante a inércia do Poder Legislativo em não editar a LC).
Posteriormente, houve voto-vista de GM: a solução do problema não poderia advir da
simples decisão da improcedência do pedido formulado, haja vista o princípio da nulidade das
leis inconstitucionais, mas que seria possível primar pela otimização de ambos os princípios por
meio de técnica de ponderação. GM fez Eros Grau ajustar seu voto, estabelecendo a
inconstitucionalidade da lei, mas com efeito pro-futuro, determinando prazo de 24 meses para
a elaboração de lei estadual que fixasse os parâmetros de formação do município, a partir da lei
complementar federal prevista no art. 18, §4, para a qual declararam a inconstitucionalidade
por omissão, determinando ao Legislador que a elaborasse em 18 meses. Utilização do art. 27
para evitar o caos jurídico.
Adotou-se a técnica da declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade.
Foi reconhecida, então, a omissão com apelo ao legislador. Não se pode negar, ainda, que nessa
hipótese excepcional foi aceito fenômeno da constitucionalidade superveniente, que permite
que uma lei que nasceu viciada venha a se tornar constitucional posteriormente, desde que

40 realizados determinados ajustes ou modificado o parâmetro (obs: em regra não é aceito).


É importante observar que a EC 57/2008 buscou convalidar todos os atos de criação de
município que possuíam vício formal, numa tentativa de aplicação da constitucionalidade
superveniente e afronta à decisão do STF.
“Art. 96. Ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento
de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos
estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 57, de 2008).”
 STF considerou prejudicada a ação que impugnava a criação do Municipio de Pinto
Bandeira/RS em face da edição superveniente da EC 57 (ADI 2381)
Não se pode negar que o CN modificou a decisão do STF que conferia prazo para a
correção do vício formal no processo de criação dos municípios, passando a simplesmente
afirmar que essas criações, ainda que viciadas, estariam convalidadas. Ocorre que é cediço que
inconstitucionalidade é vício insanável.
Foi aprovado no Senado o Projeto de Lei Complementar 98/2002, posteriormente
vetado. Noticia abaixo:
A Presidente Dilma Rousseff vetou integralmente o projeto de lei aprovado pelo
Congresso e que previa a criação de 188 novos municípios. Conforme publicado no Diário Oficial
da União, a presidente justificou o veto com base em uma análise do Ministério da Fazenda, que
vê um risco potencial no aumento de municípios para o cofre do governo

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3.1.3.9. Princípio da proibição do atalhamento constitucional ou do desvio de


poder constituinte
O artigo 2º da EC 52/2006, ao determinar que o fim da obrigatoriedade da verticalização
das coligações partidárias fosse aplicável desde as eleições do ano de 2002, já finda, para que,
então, pudesse já ser aplicada às próximas eleições de 2006, pretendia burlar a regra
constitucional trazida pelo artigo 16 da CF, que consagra o princípio da anualidade, segundo o
qual a lei que altera o processo eleitoral entra em vigor na data de sua publicação, porém não
se aplica à eleição que ocorra em até um ano da data de sua vigência.
Assim, o Ministro Ricardo Lewandowski entendeu que o constituinte reformador
incorreu em desvio de poder ou de finalidade, ou seja, expediente mediante o qual se busca
atingir um fim ilícito utilizando-se de um meio aparentemente legal. E, mais, afirmou o Ministro,
nas palavras de Fábio Konder Comparato, que buscou-se, no caso, o atalhamento da
Constituição, utilizando o próprio constituinte reformador de artifícios para abrandar, suavizar,
abreviar, dificultar ou impedir a ampla produção de efeitos dos princípios constitucionais.

3.1.3.10. Inconstitucionalidade chapada, elouquecida, desvairada, tresloucada.


Expressão utilizada pelo Ministro Sepúlveda Pertence quando queria caracterizar uma
inconstitucionalidade mais do que evidente, flagrante!!! Inconstitucionalidade desvairada
(Ayres Brito).

3.1.3.11. Início da eficácia da decisão que declara a inconstitucionalidade da lei ou


ato normativo
41 Em regra, a decisão tem eficácia já a partir da publicação da ata de julgamento (e não
acórdão) no DJU, exceto nos casos excepcionais a serem examinados pelo Presidente do
Tribunal, de maneira a garantir a eficácia da decisão.
Não é necessário aguardar o trânsito em julgado. Com a publicação da ata já é possível a
utilização de reclamação.

3.1.4. Competência
Lei ou ato normativo federal ou estadual em face da CF: Competência do STF
Lei ou ato normativo estadual ou municipal em face da CE: Competência do TJ local
Observe-se que, na hipótese de tramitação simultânea de ações, uma buscando declarar
a inconstitucionalidade de lei estadual perante o STF (confronto em face da CF) e outra perante
o TJ local (confronto em face da CE), tratando-se de norma repetida da CF na CE, dever-se-á
suspender o curso da ação proposta no TJ local até o julgamento final da ação intentada perante
o STF.
Lei ou ato normativo municipal em face da CF: Não há controle concentrado por ADI, por
falta de previsão legal, havendo a possibilidade de controle difuso/concreto através de recurso
extraordinário. Há, ainda, a possibilidade do ajuizamento de ADPF.
 Lembre-se, contudo, de que, em caso de haver repetição de norma da CF pela CE, apesar
de incabível o controle de constitucionalidade perante o STF, será perfeitamente possível
perante o TJ local, confrontando-se a lei municipal em face da CE que repetiu norma da
CF. Nesse caso, ainda há a possibilidade da utilização do Recurso Extraordinário ao STF
(repetição obrigatória).
Vejamos agora sobre as normas do Distrito Federal:
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Lei ou ato normativo distrital de natureza estadual em face da CF: Competência do STF
Lei ou ato normativo distrital de natureza municipal em face da CF: Não há controle
concentrado, só difuso. Há, porém, a possibilidade do ajuizamento da ADPF.

Lei ou ato normativo distrital em face da Lei Orgânica Distrital: Competência do TJDFT
local. Previsão na lei nº 11.697/2011.
IMPORTANTE: Lei ou ato normativo municipal em face da Lei Orgânica do Município: Não
há controle de constitucionalidade, tratando-se, pois, de simples caso de legalidade.
3.1.5. Legitimidade
Consoante o artigo 103 da Constituição Federal, são legitimados para a propositura de
ação direta de inconstitucionalidade perante o STF, para se questionar a constitucionalidade de
lei ou ato normativo federal ou estadual em face da própria CF, os seguintes:
Rol taxativo – números clausus
 Presidente da República (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória)
 Mesa do Senado Federal (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória)
 Mesa da Câmara dos Deputados (Legitimação Ativa Universal e Capacidade
Postulatória)
 Mesa das Assembleias Legislativas ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal
(Legitimação Especial, na qual se deve demonstrar pertinência temática, ou seja, o seu
42 interesse na propositura da ação relacionado a sua finalidade institucional, e Capacidade
Postulatória)
 Governadores de Estado ou do Distrito Federal (Legitimação Especial, pertinência
temática)
 Procurador-Geral da República (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória)
 Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (Legitimação Ativa Universal e
Capacidade Postulatória)
 Partido Político com representação no Congresso Nacional (Legitimação Ativa Universal
– necessita de advogado)
 Confederação Sindical ou Entidade de Classe de âmbito nacional (Legitimação Especial,
na qual se deve demonstrar pertinência temática, ou seja, o seu interesse na propositura
da ação relacionado a sua finalidade institucional – necessita de advogado)
Vamos fazer observações, agora, sobre cada um dos legitimados, ok?
Legitimados ativos Universais: não tem necessidade de demonstrar pertinência
temática, sendo, geralmente, as autoridades relacionadas à União.
Legitimados ativos Especiais: devem demonstrar a pertinência temática como requisito
de admissibilidade da ação. São legitimadas as autoridades relacionadas aos Estados.
Primeiramente, observe-se que a Mesa do Congresso Nacional não tem legitimidade para
a propositura de ADI.
Ainda, a ADI é ajuizada pelo GOVERNADOR de Estado, e não pelo próprio Estado. Assim,
não pode o Estado recorrer, através de seus Procuradores Estaduais, do resultado de um
julgamento de controle concentrado. Vejamos:
ADI ajuizada por governador e legitimidade

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O Estado-membro não possui legitimidade para recorrer contra decisões proferidas em


sede de controle concentrado de constitucionalidade, ainda que a ADI tenha sido ajuizada pelo
respectivo Governador. A legitimidade para recorrer, nestes casos, é do próprio Governador
(previsto como legitimado pelo art. 103 da CF/88). Os Estados-membros não se incluem no rol
dos legitimados a agir como sujeitos processuais em sede de controle concentrado de
constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 4420 ED-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
05/04/2018.
EM SUMA: ESTADO-MEMBRO NÃO DISPOE DE LEGITIMIDADE PARA INTERPOR
RECURSO EM CONTROLE ABSTRATO, AINDA QUE A ADI TENHA SIDO AJUIZADA PELO
GOVERNADOR (NA VERDADE NENHUMA PESSOA, FORA AS LEGITIMADAS, TEM TAL PODER.
MESMA INTELIGENCIA QUE NEGA POSSIBILIDADE DE RECURSO AO AMICUS CURIAE)
A análise da legitimidade do partido político se dá com a propositura da ação. Segundo
o STF, a representação do partido político é preenchida com a existência de apenas um
parlamentar, em qualquer das Casas Legislativas. Ademais, a representação do partido político
na ação dar-se-á pelo Diretório Nacional ou pela Executiva do Partido, de acordo com a sua
constituição, não se admitindo a legitimidade ativa ao Diretório Regional ou Executiva Regional,
na medida em que não podem agir nacionalmente.
Por sua vez, o entendimento do STF é no sentido de que a perda de representação
política do partido no Congresso Nacional posterior ao ajuizamento da ação, esse sim momento
em que o partido político deva estar devidamente representado, não mais extingue a sua
legitimidade ativa, não sendo, destarte, óbice ao prosseguimento da ação.

43 Por fim, lembre-se ainda de que o STF tem entendido ser imprescindível a presença de
advogado para que esses legitimados possam propor ação de controle concentrado de
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual perante o STF. (ADI 131 / RJ -
RIO DE JANEIRO 1989)
DICA: CEP (CONFEDERAÇÃO, ENTIDADE DE CLASSE E PARTIDOS – necessitam de
advogado)
Saliente-se que as entidades de classe devem ser compreendidas apenas como
categoria profissional, organizadas em, pelo menos, 09 Estados da Federação (aqui se utiliza
analogicamente a lei dos partidos políticos 9096/95, exigindo 1/3 dos estados da federação).
Exceção: se a atividade econômica atingir menos Estados – exemplo relacionado ao sal.
Obs: Não se considera entidade de classe a reunião de categorias diversas ou permeada
por membros vinculados a extratos sociais, profissionais ou econômicos diversificados, cujos
objetivos individuais são contrastantes, associação civil altruística, associação que reúne órgãos
públicos e categorias diferenciadas de servidores. Só pode ser categoria profissional. EX: UNE –
Estudantes, não é legitimada (ADI 894-DF).
 CLT art. 534 e 535 = as confederações sindicais devem ser constituídas por, no mínimo,
03 Federações Sindicais (federação = 5 sindicatos). Obs: Central Sindical (ex: CUT) não
possui legitimidade ativa para ADI (STF ADI 271)
 Sindicato: não tem legitimidade, ainda que de âmbito federal, bem como as federações
sindicais, mas tão somente as Confederações Sindicais e as Entidades de Classe!
 STF, alterando entendimento anterior, passou a admitir o ajuizamento de ADI por
Associação de Associação (Ex.: ADEPOL). (ADI 3153) Associação de pessoas jurídicas.

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Associação que represente fração de categoria profissional: não são legitimadas para
instaurar controle concentrado de constitucionalidade de norma que extrapole o universo de
seus representados.
3.1.6. Procedimento
Encontra-se previsão nos §§ 1° e 2° do artigo 103 da CF, nos artigos 169 a 178 do RISTF,
bem como na Lei n° 9.868/99.
Procuração com poderes especiais??? Quando imprescindível a presença de advogado,
a procuração deverá ser outorgada com poderes especiais, indicando, ainda, objetivamente, a
lei ou ato normativo que estejam sendo levados à apreciação do Judiciário e respectivos
preceitos caso não se trate de impugnação de toda a lei.
Petição inicial inepta: se a petição inicial for inepta, por não indicar o dispositivo da lei ou
do ato normativo impugnado, ou não for fundamentada ou for manifestamente improcedente,
poderá o relator indeferi-la liminarmente, cabendo, no entanto, contra tal decisão caberá
recurso de agravo.
Atenção: caso o Pleno da Corte não conheça da ação direta de inconstitucionalidade, não
será cabível o agravo, já que só admissível contra decisão do relator que liminarmente indefere
petição inicial.
Importante: o STF considera manifestamente improcedente a ação direta de
constitucionalidade que versar sobre norma cuja constitucionalidade já tenha sido
expressamente declarada pelo Plenário da Corte, mesmo que em recurso extraordinário. Trata-

44 se da tendência de objetivação do recurso extraordinário. Entretanto, fica ressalvada a


possibilidade de alteração da jurisprudência do Pleno, que pressupõe ocorrência de
significativas modificações de ordem jurídica, social ou econômica, ou, quando muito, a
superveniência de argumentos nitidamente mais relevantes do que aqueles antes
prevalecentes.
Não sendo o caso de indeferimento liminar, regra geral, o relator pede informações aos
órgãos ou às entidades das quais se emanou a lei ou o ato normativo impugnado, as quais
deverão prestá-las no prazo de 30 dias, a contar do recebimento do pedido. Pode o relator,
ainda, sendo relevante, solicitar a manifestação de outros órgãos ou entidades.
Após as informações, são ouvidos, sucessivamente, o Advogado-Geral da União e o
Procurador-Geral da República, que devem se manifestar, cada qual, no prazo de 15 dias.
Sempre se entendeu, ademais, que o AGU deveria, necessariamente, defender o ato
impugnado, enquanto o PGR poderia dar parecer tanto favorável quanto desfavorável. Contudo,
o STF vem afirmando que o AGU não está obrigado a defender tese jurídica sobre a qual o STF
já se pronunciou pela sua inconstitucionalidade, ou ainda, quando o AGU já deu parecer sobre
manifestado em parecer sobre a inconstitucionalidade da norma impugnada, bem como quando
tal norma for contrária aos interesses da União. Ainda, o STF entendeu que o AGU tem o direito
de manifestação em ADI, e não obrigatoriedade.
Mais (GM): Papel do AGU – a CF diz que será citado para defender o ato impugnado.
Descobriu-se, posteriormente, que muitas vezes há conflito (Presidente ajuíza a ADI e o AGU vai
defender?). Para GM, o AGU não deve ser entendido como parte, e sim como uma instituição
que é chamada para se manifestar, podendo dizer o que entende. Hoje isso se consolidou – há
direito de manifestação, sem obrigatoriedade de defesa do ato impugnado, notadamente
quando há um interesse da União na inconstitucionalidade da lei. É basicamente um parecer
concorrente ao do PGR. O leading case: exigir da AGU defesa em favor do ato impugnado em
casos como o presente, em que o interesse da União coincide com o interesse do autor,
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implicaria retirar-lhe sua função primordial que é a defender os interesses da União (CF, art.
131). Além disso, a despeito de reconhecer que nos outros casos a AGU devesse exercer esse
papel de contraditora no processo objetivo, constatou-se um problema de ordem prática, qual
seja, a falta de competência da Corte para impor-lhe qualquer sanção quando assim não
procedesse, em razão da inexistência de previsão constitucional para tanto. (ADI 3916/DF,
noticiado no Info 562).
É permitida, ainda que excepcionalmente, e desde que o relator considere a relevância
da matéria e a representatividade dos postulantes, a manifestação de outros órgãos ou
entidades.
Participação do amicus curiae: no STF o ingresso é admitido até a entrada do processo
na pauta. Já no STJ, é admitido a qualquer momento antes do julgamento.
Também se houver necessidade de esclarecimentos de matéria ou de circunstância de
fato ou houver notória insuficiência de informações existentes nos autos, pode o relator
requisitar outras, designar perito para emitir parecer sobre a questão, ou designar audiência
pública para ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria. Artigo 9º,
§ 1º, da Lei nº 9.868/99. E pode ainda o relator solicitar informações aos Tribunais Superiores,
aos Tribunais Federais e aos Tribunais Estaduais acerca da aplicação da norma impugnada no
âmbito de sua jurisdição.
A declaração de inconstitucionalidade será proferida pelo voto da maioria absoluta dos
membros do STF (mínimo de 6), observado ainda o quorum necessário para a instalação da
sessão de julgamento (mínimo de 8). Artigos 22 e 23 da Lei n° 9.868/99.
45 QUORUM INSTALAÇÃO = 8 MINISTROS
QUORUM DELIBERAÇÃO = 6 MINISTROS
Observação: Imagine a seguinte situação: é proposta uma ADI contra determinada lei.
Cinco Ministros votam pela inconstitucionalidade da lei. Quatro Ministros votam pela
constitucionalidade. Dois Ministros declaram-se impedidos de votar. Qual deverá ser a
proclamação do resultado? Pode-se dizer que esta lei foi declarada inconstitucional por maioria
de votos? NÃO. Não foi atingido o número mínimo de votos para a declaração de
inconstitucionalidade da lei (6 votos). Assim, como não foi alcançado o quórum exigido pelo art.
97 da CF/88, entende-se que o STF não pronunciou juízo de constitucionalidade ou
inconstitucionalidade da lei. Isso significa que o STF não declarou a lei nem constitucional nem
inconstitucional.Além disso, esse julgamento não tem eficácia vinculante, ou seja, os juízes e
Tribunais continuam livres para decidir que a lei é constitucional ou inconstitucional, sem
estarem vinculados ao STF. STF. Plenário. ADI 4066/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 23 e
24/8/2017 (Info 874). (Dizer o Direito)
Ressalte-se ainda que sobre o controle de constitucionalidade não recai qualquer prazo
prescricional ou decadencial, uma vez que atos inconstitucionais jamais se convalidam pelo
mero decurso do tempo. (princípio da nulidade das leis inconstitucionais – is not law at all)
Outrossim, não se admite assistência jurídica a qualquer das partes, nem intervenção de
terceiros, ressalvados nos caso já citados em que o relator, considerando a relevância da matéria
e a representatividade dos postulantes, admite a manifestação de outros órgãos ou entidades.
Por fim, é vedada a desistência da ação já proposta (Artigo 5° caput da Lei n° 9.868/99),
bem como é irrecorrível (salvo a interposição de embargos declaratórios) e irrescindível a
decisão proferida (Artigo 26 da Lei n° 9.868/99).
IMPORTANTE: não se aplicam prazos diferenciados para fazenda pública

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Causa de pedir aberta: em vista da natureza objetiva da ação de controle concentrado de


constitucionalidade, não fica o STF condicionado à causa petendi apresentada pelo postulante,
mas apenas ao seu pedido, motivo pelo qual ele poderá declarar a inconstitucionalidade da
norma impugnada por teses jurídicas diversas. Ademais, em julgamento de ADI fica afastado o
princípio da congruência/adstrição, de modo que o STF pode declarar a inconstitucionalidade
de uma norma com aplicação dos efeitos da inconstitucionalidade por arrastão/consequencial,
sendo que as normas que derivem de uma norma inconstitucional, por consectário lógico,
também a serão inconstitucionais.
Anotação importante do meu caderno: Nos processos do controle objetivo
(concentrado/abstrato) de constitucionalidade, a conexão ocorre somente em função da
identidade do pedido/objeto entre as ações, e não excepcionalmente, visto que no controle
abstrato, a causa de pedir é aberta (fundamento). O STF, ao julgar as ações de controle abstrato
de constitucionalidade, não está vinculado aos fundamentos jurídicos invocados pelo autor.
Assim, pode-se dizer que na ADI, ADC e ADPF, a causa de pedir (causa petendi) é aberta. Isso
significa que todo e qualquer dispositivo da Constituição Federal ou do restante do bloco de
constitucionalidade poderá ser utilizado pelo STF como fundamento jurídico para declarar uma
lei ou ato normativo inconstitucional.

3.1.6.1. Medida Cautelar


Medida cautelar na ADI: será concedida, salvo no período de recesso, por decisão da
maioria absoluta dos membros do STF, observado o quorum mínimo para a sua instalação, após
46 a audiência, exceto nos casos de excepcional urgência, dos órgãos ou autoridades dos quais
emanou a lei ou ato normativo impugnado, que se pronunciarão no prazo de 10 dias.
Se o relator ainda julgar indispensável, serão ouvidos o AGU e o PGR, no prazo de 5 dias
cada. Artigo 10, caput e §§, da Lei nº 9.868/99. E ainda é facultada a sustentação oral aos
representantes judiciais da parte requerente e dos órgãos ou autoridades responsáveis pela
expedição do ato, na forma estabelecida pelo Regimento Interno do STF.

- Procedimento “sumário” (art. 12) em face da relevância da matéria e de seu especial


significado para a ordem social e a segurança jurídica, poderá o relator, após a prestação das
informações, no prazo de 10 dias, e a manifestação do AGU e do PGR, sucessivamente, no prazo
de 5 dias, submeter o processo diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar
definitivamente a ação. Artigo 12 da Lei nº 9.868/99
o Anotação do meu caderno - Diovane - STF: cumprida a ritualística da medida cautelar
e considerando-se o tribunal pronto para julgar o mérito, é possível converter a
cautelar em mérito, evitando-se, com efeito, repetição na realização dos atos já
concluídos: Embora adotado o rito previsto no art. 10 da Lei nº 9.868, de 10 de
novembro de 2009, ao processo de ação direta de inconstitucionalidade ou de
descumprimento de preceito fundamental, pode o Supremo Tribunal Federal julgar a
causa, desde logo, em termos definitivos, se, nessa fase processual, já tiverem sido
exaustivas as manifestações de todos os intervenientes, necessários e facultativos
admitidos.
- Medida cautelar: dotada de eficácia contra todos (erga omnes), será concedida com
efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa (ex
tunc). O caráter vinculante da decisão cautelar será aferida pelo STF na análise do caso. Gilmar
Mendes defende a existência do efeito vinculante na Cautelar em ADI, eis que opera no plano
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da vigência da lei atacada. Ademais, a concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação
anterior acaso existente, EFEITO REPRISTINATORIO TÁCITO NA CAUTELAR salvo expressa
manifestação em sentido contrário. Artigo 11, §§ 1º e 2º, da Lei nº 9.868/99 (efeito
repristinatório).
OBS: O INDEFERIMENTO DA CAUTELAR, EMBORA PRESERVE A LEI, NÃO AMPARA
RECLAMAÇAO.
AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE
IMPROBIDADE. EX-PREFEITA. ALEGAÇÃO DE AFRONTA À DECISÃO QUE INDEFERIU
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 2.797. AGRAVO
REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. A decisão de indeferimento de medida
cautelar em ação direta de inconstitucionalidade não se presta como paradigma para o
ajuizamento de reclamação. Rcl 3267, julgada em 21/10/09

3.1.6.2. A figura do amicus curiae em ADI e demais ações


Regra geral, é vedada a intervenção ordinária de terceiros nos processos de ação direta
de inconstitucionalidade, conforme disposto no caput do artigo 7º da Lei 9.868/99.
Contudo, excepcionalmente, poderá o relator, considerando a relevância da matéria e
a representatividade dos postulantes, admitir, por despacho irrecorrível (alguns ministros
estão aceitando a interposição de recurso pelo amicus curiae contra a decisão que nega a
entrada dele no processo), a manifestação de outros órgãos ou entidades, nos termos do § 2º
do artigo 7º da Lei nº 9.868/99 (amicus curiae).
47 Trata-se de verdadeiro fator de legitimação social das decisões da Suprema Corte, na
medida em que democratiza o debate constitucional (Celso de Mello).
Sua natureza jurídica é distinta das modalidades ordinárias de intervenção de terceiro
previstas no Código de Processo Civil, já que atua o amicus curiae como mero colaborador
informal, sendo considerado modalidade sui generis de intervenção de terceiros, inerente ao
processo objetivo de controle concentrado de constitucionalidade, com características próprias
e bem definidas.
Algumas considerações gerais acerca do amicus curiae:
 Cabe ao relator, verificando a presença dos requisitos necessários, admitir ou não a
intervenção do amicus curiae. Contudo, ressalte-se que mesmo sendo admitido pelo
relator, poderá o Tribunal deixar de referendá-lo, afastando a sua intervenção.
 A decisão que admite a presença do amicus curiae é irrecorrível, a fim de se evitar
tumulto processual (alguns ministros vem aceitando o recurso. Marco Aurélio aceita
apenas os Embargos de Declaração e não o agravo. Tema ainda não pacífico)
 Requisitos para a admissão do amicus curiae: relevância da matéria e
representatividade dos postulantes.
 Prazo para admissão: o amicus curiae somente pode demandar a sua intervenção até a
data em que o relator liberar o processo para pauta.
 a partir do julgamento da ADI 2777 QO/SP (j. em 27.11.2003), admite-se a
sustentação oral do amicus curiae — uma vez formalmente admitido no processo de
fiscalização normativa abstrata, tem o direito de proceder à sustentação oral de suas
razões, conforme consagrado no regimento interno do STF. Havendo mais de um
amicus curiae, o prazo será contado em dobro, dividido igualmente entre os do mesmo
grupo.
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 Limites de atuação: tem direito a ter seus argumentos apreciado pelo Tribunal,
inclusive com direito a sustentação oral, mas não tem direito a formular pedido ou de
aditar o pedido já delimitado pelo autor da ação.
 STF: Não são cabíveis os recursos interpostos por terceiros estranhos à relação
processual nos processos objetivos de controle de ‘constitucionalidade (CASO DOS
ESTADOS NA ADI DOS GOVERNADORES) – só caberiam embargos de declaração de sua
não admissão, nesses incluídos os que ingressam no feito na qualidade de amicus
curiae. Ressalte-se que a interposição por estranho não é cabível ainda que este seja um
dos legitimados para a ação.
 “Recurso interposto por terceiro prejudicado. Não cabimento. Precedentes. Embargos
de declaração opostos pela OAB. Legitimidade. Questão de ordem resolvida no sentido
de que é incabível a interposição de qualquer espécie de recurso por quem, embora
legitimado para a propositura da ação direta, nela não figure como requerente ou
requerido.” (ADI 1.105-MC-ED-QO)
Observações:
* Não obstante o § 2º do artigo 18 da Lei nº 9.868/99 ter sido vetado, admite-se ainda
a figura do amicus curiae na ação declaratória de constitucionalidade (ADC), com as ressalvas já
apresentadas, em aplicação analógica do artigo 7º, § 2º, da Lei nº 9.868/99, considerando se
tratar a ADI e ADC de ações dúplices ou ambivalentes.
ADMITE-SE O AMICUS CURIAE EM TODAS AS ESPÉCIES DE AÇÕES: ADC, ADO, ADPF, ADI
INTERVENTIVA,
48 * Também, na arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), será
admitida, em casos excepcionais, bem como desde que configuradas as hipóteses de seu
cabimento, a presença do amicus curiae.
*Amicus curiae na ADO: perfeitamente possível, eis que as regras da ADO (LEI
12.063/2009) expressamente autorizam a aplicação do procedimento da ADI.
* Na Representação interventiva (art. 36, III) também deve ser aceita a figura do amicus
curiae, pois a lei nº 12.562/2011 permite que o relator autorize a manifestação de interessados
no processo, mesmo termo usado no art. 6º, da lei 9882/99 ADPF. Logo, excepcionalmente deve
ser aceito.
* Ainda se identificam as seguintes outras hipóteses de cabimento do amicus curiae:
(a) processos de interesse da CVM (artigo 31 da Lei nº 6.385/76),
(b) processos de interesse do CADE (artigo 89 da Lei nº 8.884/94),
(c) processos de controle difuso de constitucionalidade (art. 950, §3º, CPC),
(d) processos no âmbito dos Juizados Especiais Federais (artigo 14, § 7º, da Lei nº
10.259/01),
(e) no procedimento de edição, revisão e cancelamento de enunciado de súmula
vinculante pelo STF (artigo 3º, § 2º, da Lei nº 11.417/06),
(f) na análise da repercussão geral no julgamento de recurso extraordinário (art. 1035,
§4º, e 1038, I, CPC).
* Pedro Lenza ainda entende ser possível a admissão de parlamentar na condição de
amicus curiae, desde que, presente a situação de relevância da matéria, demonstre ele,
designado por via eleitoral para desempenhar função política na democracia representativa
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sobre o qual se funda o regime democrático instituído no país, atuar como verdadeiro
representante ideológico de uma coletividade. Alerte-se que o STF não vem aceitando a atuação
de pessoa natural na condição de amicus curiae ADI 4.178/GO. Entretanto, com o advento do
CPC 2015, foi expressamente previsto a possibilidade de pessoa natural na qualidade de amicus
curiae (art. 138, CPC)
A despeito de possibilidade de recurso, expressamente prevista no CPC, em âmbito de
controle concentrado há situação oposta. O amicus curiae não pode interpor recurso contra as
decisões proferidas em ação direta, uma vez que se trata de terceiro estranho à relação
processual. O STF (ADI 3.615-ED) entendeu que o amicus curiae somente pode interpor recurso
contra a decisão de não admissibilidade de sua intervenção nos autos (alguns ministros apenas
que aceitam). Tem natureza jurídica de modalidade sui generis de intervenção de terceiros,
apesar de já haver posicionamento anterior identificando-o como mero colaborador informal
(Mauricio Correia).
O amicus curiae pode ser pessoa natural desde que desinteressada no feito:
"Não assiste razão ao pleito de (...), que requerem admissão na condição de amici curiae.
É que os requerentes são pessoas físicas, terceiros concretamente interessados no feito,
carecendo do requisito de representatividade inerente à intervenção prevista pelo art. 7º, § 2º,
da Lei 9.868, de 10-11-99, o qual, aliás, é explícito ao admitir somente a manifestação de outros
"órgãos ou entidades" como medida excepcional aos processos objetivos de controle de
constitucionalidade." (ADI 4.178, rel. min. Cezar Peluso, decisão monocrática, julgamento em 7-
10-2009, DJE de 16-10-2009.)

49 Leading case (MS 32033) = no qual o Senador da República Pedro Taques, por meio da
Petição conseguiu ingresso no feito na qualidade de amicus curiae, ressaltando ser membro da
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), que seu pedido não se amparava em sua
condição de pessoa física, mas no caráter coletivo e institucional do mandato de Senador da
República e em sua atribuição de exercer o mandato em defesa da Constituição e do Estado de
Direito, bem como afirma pretender colaborar com a solução do feito por meio de argumentos
qualificados e originais. OBSERVEM QUE NESSE CASO FOI ADMITIDO AMICUS CURIAE EM MS

3.1.7. Efeitos da decisão definitiva na ADI


A ação em comento possui caráter dúplice ou ambivalente, nos termos do artigo 24 da
Lei nº 9.868/99, segundo o qual, in verbis: “Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á
improcedente a ação direta ou procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a
inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente eventual ação
declaratória.”
Assim, uma ADI julgada improcedente é exatamente a mesma coisa que uma ADC julgada
procedente. Se propostas duas ações, uma ADI e uma ADC, tendo por objeto a mesma lei, estas
serão reunidas no STF para fins de julgamento simultâneo. Isso é o caráter dúblice, ambivalente
ou ações de sinais trocados.
Regra geral, a decisão proferida na ADI possui os seguintes efeitos:
 Erga omnes: contra todos.
 Ex tunc: declaratórios retroativos, tratando-se de ato NULO.
 Efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Judiciário e à Administração DE
TODOS OS ENTES POLITICOS (obs: não vincula o Poder Legislativo quanto ao
desempenho de sua atividade legiferante, sob pena de fossilização constitucional);

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Contudo, excepcionalmente, por motivos de segurança jurídica ou de excepcional


interesse social, poderá o STF, por manifestação qualificada de 2/3 de seus membros (8
Ministros), declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo sem a pronúncia de sua
nulidade, restringindo os efeitos da referida declaração ou decidindo que ela só tenha eficácia
a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado, ou seja,
atribuindo-lhe efeito ex nunc, nos termos do artigo 27 da Lei nº 9.868/99.
Ademais, ressalte-se que, nesse último caso, os referidos efeitos só se iniciarão a partir
do trânsito em julgado da decisão (e não a partir da publicação da ata de julgamento no DJU).
QUORUM MODULAÇÃO DE EFEITOS = 2/3
EFEITOS DA DECISÃO QUANDO HÁ MODULAÇÃO = SÓ A PARTIR DO TRANSITO EM
JULGADO

3.1.7.1. Aspectos importantes sobre os efeitos da decisão em ADI


 Princípio da parcelaridade: conforme já mencionado, em ADI, o STF pode julgar
parcialmente procedente o pedido de declaração de inconstitucionalidade, expurgando do texto
legal apenas uma palavra, uma expressão, diferente do que ocorre com o veto presidencial, que
o veto só poderá ser sobre texto integral de um artigo, um inciso ou uma alínea inteira.
 Declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto: nesse caso, o STF declara
que a inconstitucionalidade reside em determinada aplicação da lei, ou em dado sentido
interpretativo, entretanto, não torna nulo o diploma legal.

50  Efeito repristinatório da declaração de inconstitucionalidade: a declaração de


inconstitucionalidade que tenha “revogado” outro ato normativo provoca o restabelecimento
do ato normativo anterior que tenha revogado, quando a decisão tiver efeito retroativo. Se uma
lei é nula, ela nunca teve eficácia. Se nunca teve eficácia, nunca revogou nenhuma norma. Se
essa norma nunca foi revogada, ela continua tendo eficácia. Atenção: isso é só em ADI, ok?
Porque repristinação de lei é vedado no ordenamento pela LINDB (art. 2, §3º).
Entretanto, se há modulação dos efeitos, significa que o STF manteve vigente a lei objeto
de ADI, ainda que por certo período, de modo que a lei anterior continuará a reger as relações
jurídicas à época de sua vigência, uma vez que o STF, através da modulação dos efeitos, fez com
que a norma impugnada mantivesse seus efeitos durante determinado período, não havendo,
portanto, sua anulação. A anulação é a condição para que a norma anterior volte a viger.
 Mas e se a norma anterior contiver o mesmo vício de inconstitucionalidade da norma
que foi declarada inconstitucional? Nesse caso, o legitimado ativo deve impugnar na ADI todo
o complexo normativo relacionado a norma impugnada, sob pena de o STF não reconhecer tal
inconstitucionalidade de ofício. O limite temporal para essa retroação de normas é o advento
da nova Constituição, vez que ADI não serve pra declarar inconstitucional norma anterior à CF88.
Vejamos um julgado: - Ação direta que impugna, não apenas a Lei estadual nº 1.123/2000,
mas, também, os diplomas legislativos que, versando matéria idêntica (serviços lotéricos), foram
por ela revogados. Necessidade, em tal hipótese, de impugnação de todo o complexo normativo.
Correta formulação, na espécie, de pedidos sucessivos de declaração de inconstitucionalidade
tanto do diploma ab-rogatório quanto das normas por ele revogadas, porque também eivadas
do vício da ilegitimidade constitucional. Reconhecimento da inconstitucionalidade desses
diplomas legislativos, não obstante já revogados. STF. Plenário. ADI 3148, Rel. Min. Celso de
Mello, julgado em 13/12/2006.
Vejamos uma citação do Dizer o Direito: Foi proposta uma ADI contra a Lei nº 3.041/2005,
do Estado do Mato Grosso do Sul, que tratava sobre assunto de competência da União. Ocorre
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que esta Lei havia revogado outras leis estaduais de mesmo conteúdo. Desse modo, se a Lei nº
3.041/2005 fosse, isoladamente, declarada inconstitucional, as demais leis revogadas
"voltariam" a vigorar mesmo padecendo de idêntico vício. A fim de evitar essa "eficácia
repristinatória indesejada", o PGR, que ajuizou a ação, impugnou não apenas a Lei nº
3.041/2005, mas também aquelas outras normas por ela revogadas. O STF concordou com o
PGR e, ao declarar inconstitucional a Lei nº 3.041/2005, afirmou que não deveria haver
o efeitorepristinatório em relação às leis anteriores de mesmo conteúdo. O dispositivo do
acórdão ficou, portanto, com a seguinte redação: "O Tribunal, por maioria e nos termos do voto
do Relator, julgou procedente o pedido formulado para declarar a inconstitucionalidade da Lei
nº 3.041/2005, do Estado de Mato Grosso do Sul, inexistindo efeito repristinatório em relação
às leis anteriores de mesmo conteúdo, (...)" STF. Plenário. ADI 3.735/MS, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgado em 8/9/2016 (Info 838).
 Coisa julgada inconstitucional: aqui trata-se da colisão entre a segurança jurídica e a
força normativa da constituição. Isso porque as relações jurídicas são entabuladas segundo a lei
vigente à época da referida relação. Mas, e se a relação jurídica foi perfectibilizada sob égide de
uma lei que posteriormente é declarada inconstitucional? Como compatibilizar isso?
Pois bem. Aqui temos uma colisão entre Segurança jurídica, autoridade do poder
judiciário e estabilidade das relações sociais VS. Força normativa da constituição, princípio da
máxima efetividade das normas constitucionais e isonomia.
Sabemos que, acima de tudo, a coisa julgada é matéria de ordem pública, consagrado
direito fundamental pela Constituição, não havendo ressalvas no texto constitucional para

51 tanto. Entretanto, há técnicas de relativização da coisa julgada ou desconstituição da coisa


julgada, quando a decisão se funda em lei que, posteriormente, é declarada inconstitucional, ou
quando a decisão transitada em julgado afronta outros valores da Constituição.
O primeiro caso é a sentença inconstitucional, que é a que se funda em lei válida e,
posteriormente, o STF declara a referida lei inconstitucional. Nesses casos, não há
desconstituição automática da coisa julgada de modo que o CPC 2015 autoriza a ação rescisória,
por violação manifesta à norma jurídica (art. 966, inciso V, CPC). Lenza sustenta que é aplicável
esse entendimento tanto para os casos de declaração de inconstitucionalidade, quanto para os
casos de declaração de constitucionalidade.
Para tanto, deve-se respeitar as normas processuais atinentes à ação rescisória, de modo
que deve ser observado o prazo decadencial de 2 anos para a ação rescisória, e a controvérsia
deve ser necessariamente constitucional, sob pena de não ser analisada, de modo a afastar a
aplicação da súmula 343 do STF: Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei,
quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida
nos tribunais.
Mas esse prazo deve ser observado a partir de quando? Do trânsito em julgado da ação
individual ou do trânsito em julgado da ação de controle de constitucionalidade?
Havia muita discussão sobre isso, entretanto, não nos cabe aqui falar. Quem quiser mais
detalhes leiam o livro do Lenza, ok? É uma discussão bem teórica. O que nos importa saber é
como funciona a sistemática agora .
Remeto-os ao CPC 2015, artigos 525, §12º, §15º e 966, §5º e §6º.
Em primeiro lugar, o STF fixou a seguinte premissa
A decisão do STF que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito
normativo não produz a automática reforma ou rescisão das decisões proferidas em outros
processos anteriores que tenham adotado entendimento diferente do que posteriormente
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decidiu o Supremo. Para que haja essa reforma ou rescisão, será indispensável a interposição do
recurso próprio ou, se for o caso, a propositura da ação rescisória própria, nos termos do art.
485, V, do CPC 1973 (art. 966, V do CPC 2015), observado o prazo decadencial de 2 anos (art.
495 do CPC 1973 / art. 975 do CPC 2015). Segundo afirmou o STF, não se pode confundir a
eficácia normativa de uma sentença que declara a inconstitucionalidade (que retira do plano
jurídico a norma com efeito “ex tunc”) com a eficácia executiva, ou seja, o efeito vinculante dessa
decisão. STF. Plenário. RE 730462/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/5/2015
(repercussão geral) (Info 787).
Deve-se fazer distinção entre sentença que contraria o posicionamento já adotado pelo
STF em controle concentrado sobre a constitucionalidade de lei e sentença transitada em
julgado que aplicava ou afastava determinada lei, vindo posteriormente a entrar em confronto
com o STF com base em decisão posterior dessa Excelsa Corte.
No primeiro caso, com base no efeito erga omnes e caráter vinculante, a sentença pode
ser desconstituída por rescisória, pois o julgador já deveria ter seguido o posicionamento do STF.
Já no segundo caso, somente poderá ser rescindida se for afastado o posicionamento da súmula
343/STF e se a matéria for de cunho constitucional, com base na foça normativa da constituição
e o STF como seu intérprete final.
Gilmar Mendes, em voto, defende a proteção do ato singular em homenagem ao princípio
da segurança jurídica. Distingue o efeito da decisão do controle concentrado de
constitucionalidade no plano normativo e no plano do ato singular.
NO PLANO NORMATIVO APLICAÇÃO EX TUNC, JÁ NO PLANO SINGULAR,
52 PASSADO O PRAZO DE 2 ANOS DA AÇÃO RESCISÓRIA, INVIAVEL REVISAR A
QUESTÃO (AINDA QUE A DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE TENHA SE
DADO POSTERIORMENTE A ESSES 2 ANOS) (mudado pelo NCPC – Diovane)
Pedro Lenza defende que somente poderia ser desconstituída por ação rescisória, logo,
respeitado o prazo de dois anos. Esse prazo de dois anos deveria ser contado da sentença
individual transitada em julgado e não da decisão do STF que reconheceu a
inconstitucionalidade ou constitucionalidade da norma em confronto com a sentença que se
busca desconstituir. O fundamento desse posicionamento é a insegurança jurídica que se
apresentaria no reconhecimento da possibilidade de desconstituir sentenças transitadas em
julgado mesmo após anos, ante o fato de que o controle de inconstitucionalidade não
prescreve, o que perpetuaria o litígio.
Mas ATENÇÃO!!! O NCPC, no artigo 525, §15º, dispõe que se a decisão proferida pelo STF
se der após o trânsito em julgado da ação individual (exequenda), caberá ação rescisória, cujo
prazo de 2 anos será contado do trânsito em julgado da decisão proferida no STF. Verifica-se
aqui, portanto, uma virada legal no entendimento acima exposto. Ademais, o §12º do referido
artigo diz que cabe ação rescisória com fundamento em decisões do STF em controle
concentrado ou DIFUSO, contrariando a tese do Pedro Lenza.
Creio que em breve o STF irá se manifestar quanto a isso.
IMPORTANTE: O STF aplicando a ponderação dos interesses, aceitou a relativização da
coisa julgada ainda que depois do prazo da rescisória, no caso de DNA para investigação de
paternidade. (fundamento na busca da identidade genética como manifestação do direito da
personalidade)
EXCERTO DO RE 363889 - RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E
CONSTITUCIONAL. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE
PATERNIDADE DECLARADA EXTINTA, COM FUNDAMENTO EM COISA JULGADA, EM RAZÃO DA
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EXISTÊNCIA DE ANTERIOR DEMANDA EM QUE NÃO FOI POSSÍVEL A REALIZAÇÃO DE EXAME


DE DNA, POR SER O AUTOR BENEFICÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA E POR NÃO TER O ESTADO
PROVIDENCIADO A SUA REALIZAÇÃO. REPROPOSITURA DA AÇÃO. POSSIBILIDADE, EM
RESPEITO À PREVALÊNCIA DO DIREITO FUNDAMENTAL À BUSCA DA IDENTIDADE GENÉTICA
DO SER, COMO EMANAÇÃO DE SEU DIREITO DE PERSONALIDADE.
3.1.8. Reclamação Constitucional
Tem por finalidade garantir a autoridade da decisão proferida, em sede de ação direta
de inconstitucionalidade, pelo Supremo Tribunal Federal (serve também para reafirmar a
competência da Corte) e observância de súmulas vinculantes.
Quando o ato que se alega ter desrespeitado a decisão do Supremo Tribunal Federal for
judicial, não poderá ele já ter transitado em julgado – pois seria usada como sucedâneo de ação
rescisória.
Após o julgamento da Reclamação nº 1.880, em 07.11.2002, ampliaram-se legitimados
para a propositura de reclamação, não mais se restringindo ao rol constante no artigo 103 da CF
e no artigo 2º da Lei nº 9.868/99, para considerar legitimados todos aqueles que forem atingidos
por decisões dos órgãos do Poder Judiciário ou por atos da Administração Pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual, municipal e distrital contrários ao entendimento firmado
pela Suprema Corte, em julgamento de mérito proferido em ação direta de
inconstitucionalidade, em decorrência da eficácia vinculante atribuída as suas decisões (Artigo
28, parágrafo único da Lei nº 9.868/99 e artigo 102, § 2º, da CF, com redação dada pela EC
45/2004).
53 Nessa linha de ampliação do instituto da reclamação, foi introduzido, pela EC 45/2004,
o § 3º do artigo 103-A, a fim de se exigir também a observância das súmulas vinculantes editadas
pela Suprema Corte, in verbis: “Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula
aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que,
julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e
determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.”
Natureza jurídica da reclamação:
Há controvérsia na doutrina:
 Para Pontes de Miranda, trata-se de ação;
 Para Moacir Amaral e Alcides de Mendonça Lima, trata-se de sucedâneo de recurso;
 Para Orozimbo Nonato, trata-se de remédio incomum;
 Para certos doutrinadores, trata-se de incidente processual;
 Outros o veem como medida de Direito Processual Constitucional (José Frederico
Marques);
 Há aqueles que a tratam como medida processual de caráter excepcional;
 Há também os que a vislumbram (STF) como instrumento de extração constitucional
(de caráter constitucional), com dupla finalidade: preservar a competência e garantir a
autoridade das decisões;
Para Ada Pelegrini, trata-se de simples direito de petição (5º, XXXIV). O Supremo
adotou esse entendimento ao permitir a reclamação no âmbito estadual (TJ)
Não obstante a tais entendimentos, em julgado recente, o STF disse que a partir do CPC
2015, a Reclamação é um DIREITO DE AÇÃO, vez que há necessidade de contraditório e ampla

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defesa. (março de 2017 – RCL 24417) No julgamento, o relator esclareceu que, no período em
que regulada pela Lei 8.038/1990, a reclamação constitucional não era compreendida
propriamente como uma ação, uma vez que nela não se evidenciavam todos os ângulos da
relação processual. Assim, na linha dos precedentes do Tribunal, o beneficiário do ato reclamado
somente participava do julgamento na qualidade de interessado (artigo 15 da Lei 8.038/1990),
de modo que o contraditório prévio à decisão de mérito era dispensável. O CPC de 2015, no
entanto, promoveu essencial modificação no procedimento das reclamações, instituindo o
contraditório obrigatório, com a imprescindível citação do beneficiário do ato reclamado (artigo
989, inciso III). Com isso, a reclamação tomou novo rito a partir de 18 de março de 2016,
tornando possível a condenação do sucumbente ao pagamento dos respectivos honorários,
conforme parâmetros legais. O CPC/2015 promoveu modificação essencial no procedimento da
reclamação, ao instituir o contraditório prévio à decisão final (art. 989, III). Neste novo cenário,
a observância do princípio da causalidade viabiliza a condenação da sucumbente na reclamação
ao pagamento dos respectivos honorários, devendo o respectivo cumprimento da condenação
ser realizado nos autos do processo de origem, quando se tratar de impugnação de decisão
judicial.
Observações
a) Súmula 734 do STF - Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o
ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal.
b) Sua decisão produz coisa julgada material;

54 3.2. Ação declaratória de constitucionalidade (ADC)


A ADC foi introduzida no ordenamento jurídico brasileiro pela EC 03/93, a qual alterou
a redação dos arts. 102 e 103 da CF, sendo regulamentada pela Lei nº 9.868/99.
Sua finalidade é declarar a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal (apenas
federal), transformando uma presunção relativa (iuris tantum – princípio da presunção de
constitucionalidade das leis) em absoluta (iure et iure) e, por conseguinte, afastando o quadro
de incerteza sobre a validade ou aplicação da aludida lei.
Para tal julgamento, o STF vem exigindo como requisito a demonstração da controvérsia
judicial que põe risco à presunção de constitucionalidade do ato normativo sob exame,
permitindo à Corte o conhecimento das alegações em favor da constitucionalidade e contra ela,
e do modo como estão sendo decididas num outro sentido.
3.2.1. Objeto
Lei ou ato normativo federal (não cabe face a norma estadual ou municipal).
3.2.2. Competência
A apreciação de ADC é de competência originária do STF (art. 102, inciso I, alínea a, da
CF)
3.2.3. Legitimidade
São os mesmos legitimados para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade.
3.2.4. Procedimento
É praticamente o mesmo seguido na ação direta de inconstitucionalidade, porém com
algumas observações (peculiaridades):
 A petição inicial deverá indicar: a) o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado
e os fundamentos jurídicos do pedido; b) o pedido, com suas especificações; e c) a
existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da
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ação declaratória. E ainda deverá conter cópias do ato normativo questionado e dos
documentos necessários para comprovar a procedência do pedido de declaração de
constitucionalidade(art. 14 da Lei nº 9.868/99). No caso, quando alegado vício formal
de inconstitucionalidade, é necessário juntada aos autos de cópia dos documentos
relativos ao processo legislativo de formação da lei ou ato normativo federal.
 A petição inicial será liminarmente indeferida pelo relator, se for inepta, se não for
fundamentada, ou ainda se for manifestamente improcedente, cabendo contra essa
decisão agravo.
 O AGU não será citado, uma vez que não há ato ou texto impugnado a ser defendido.
Pedro Lenza entende que o AGU deve ser citado, pois a ADC é uma ADI com sinal
trocado, logo a improcedência acarreta no reconhecimento da inconstitucionalidade da
lei.
 Por sua vez, será dada vista dos autos ao PGR, que deverá se pronunciar no prazo de 15
dias (art. 19 da Lei nº 9.868/99), sendo que, havendo pedido cautelar, poderá haver
decisão sobre a liminar antes da manifestação do PGR. PGR SEMPRE SE MANIFESTA
NAS AÇÕES DE CONTROLE CONCENTRADO
- Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de
notória insuficiência das informações existentes nos autos, pode o relator requisitar
informações adicionais, inclusive, aos Tribunais Superiores, aos Tribunais federais e aos
Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma questionada no âmbito de sua jurisdição,
designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão ou fixar data
55 para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na
matéria, a serem realizadas no prazo de 30 dias a contar da solicitação do relator (§§ 1º a 3º do
art. 20 da Lei nº 9.868/99).
- A decisão, em sede de ADC, será dada pela votação da maioria absoluta dos membros
do STF (6), desde que presente o número mínimo de 2/3 dos ministros (8).
- É vedada a intervenção de terceiros (cabe amicus curiae) e a desistência da ação após
a sua propositura.
- Por fim, a decisão, proferida na ação declaratória de constitucionalidade, é irrecorrível,
salvo a interposição de embargos de declaração, não podendo, ademais, ser objeto de ação
rescisória.
3.2.5. Efeitos da decisão
Regra geral, a decisão proferida da ADC terá efeitos:
 erga omnes (contra todos)
 ex tunc
 vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública,
direta ou indireta, federal, estadual, municipal e distrital. (desde que surgiu ela tem
efeito vinculante).
Em caso de decisão de procedência: poderá ser ajuizada ADI. Em decorrência das
mudanças de fatos (ADC/1 min. Carlos Veloso), lei pode ser constitucional no presente e no
futuro pode ser inconstitucional. (Vocês lembram da objetivação do Recurso Extraordinário? Em
regra, uma lei declarada constitucional em REx faz com que seja extinta ADI, por manifesta
improcedência do pedido, salvo mudança de entendimento). Aqui é parecido, só que, no caso,
pode-se ajuizar ADI em virtude da mudança de fatos que ensejariam a mudança de
entendimento da Corte)
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Nesse sentido ocorreu a revisão do entendimento sobre o critério de miserabilidade


contido na Lei 8742/93, conforme excerto abaixo.
Aduziu-se ser possível que o STF, via julgamento da presente reclamação, pudesse
revisar o que decidido na ADI 1232/DF e exercer nova compreensão sobre a
constitucionalidade do § 3º do art. 20 da Lei 8.742/93. Obtemperou-se que, hodiernamente, o
STF disporia de técnicas diversificadas de decisão para enfrentar problemas de omissão
inconstitucional. Se fosse julgada hoje, a norma questionada na ADI 1232/DF poderia ter
interpretação diversa, sem necessidade de se adotar posturas de autocontenção por parte da
Corte, como ocorrera naquele caso. Frisou-se que, no atual contexto de significativas mudanças
econômico-sociais, as legislações em matéria de benefícios previdenciários e assistenciais teriam
trazido critérios econômicos mais generosos, com consequente aumento do valor padrão da
renda familiar per capita. Consignou-se a inconstitucionalidade superveniente do próprio
critério definido pelo § 3º do art. 20 da Loas. Tratar-se-ia de inconstitucionalidade resultante
de processo de inconstitucionalização em face de notórias mudanças fáticas (políticas,
econômicas e sociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares
econômicos utilizados como critérios de concessão de outros benefícios assistenciais por parte
do Estado).Rcl 4374, INFORMATIVO 702
A lei pode ser ABSTRATAMENTE CONSTITUCIONAL, mas pode ser, no caso concreto, tida
como INCONSTITUCIONAL, assim o julgamento abstrato de constitucionalidade não impede que
em determinado caso concreto o reconhecimento da inconstitucionalidade (para o caso
específico) (ADI 223) (do plano Collor).

56 O Min. Gilmar Mendes leciona que na Alemanha se firma, atualmente, a tese da dupla
revisão judicial ou duplo controle de constitucionalidade. Segundo esta tese, é possível, mesmo
após o Tribunal Constitucional pronunciar-se acerca da inconstitucionalidade de determinada
norma, as instâncias inferiores poderem dela igualmente conhecer, tendo em vista o caso
concreto e calcadas no princípio da proporcionalidade. Quer dizer, em outras palavras: mesmo
após o controle concentrado de constitucionalidade, ainda persiste espaço para controle difuso
de constitucionalidade pelas instâncias judiciárias inferiores.
ADC/04 reconheceu a constitucionalidade da lei que proíbe a antecipação de tutela contra
a fazenda pública, mas os tribunais vêm entendendo que em determinados casos concretos
pode existir inconstitucionalidade pela proibição de antecipação de tutela contra a fazenda.
STF – não é inconstitucional limitar a tutela de urgência contra o poder público
(reconheceu a constitucionalidade da lei 8437), nada impede, porém que o juiz no caso
concreto afaste a aplicação da lei que se revela in casu irrazoável
HISTORICO DA ADC 4 = Com a reforma de 94 começou a chover ação com base no 273 do
CPC – não havia proibição. Gilmar Mendes (na época AGU) produziu uma MP que rapidamente
virou lei (lei 9494) – que tinha um artigo só na época  aplicam-se ao 273 as restrições já
existentes sobre a tutela antecipada contra a fazenda pública. Igualmente GM se antecipou a
uma ADI e propôs a ADC 4  em 97 houve uma liminar para dizer que a lei era constitucional
que foi julgada em outubro de 2008, confirmando a liminar.
OBS: A LEI SÓ PROÍBE A TUTELA ANTECIPADA NOS CASOS DAS leis 4348 e 5021 E 8437,
mesmo assim podendo ser afastadas diante da peculiaridade do caso concreto.
Súmula 729 A DECISÃO NA AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE 4 NÃO SE APLICA À
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA EM CAUSA DE NATUREZA PREVIDENCIÁRIA.
Não há proibição na lei sobre questões previdenciárias

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3.2.6. Medida cautelar em ADC


A medida cautelar, em ADC, consistirá na determinação de que os juízes e os
Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da
lei ou do ato normativo objeto da ação até o seu julgamento definitivo (art. 21
da Lei nº 9.868/99)
- Essa suspensão perdurará apenas por 180 dias, contados da publicação da parte
dispositiva de decisão no DOU, sendo esse prazo definido pela lei para que o Tribunal julgue a
ação declaratória. Para GM e Ives Gandra, a despeito da lei não prever a prorrogação do prazo
da cautelar, se a questão não tiver sido decidida no prazo prefixado, poderá o STF autorizar a
prorrogação do prazo.
- A decisão de deferimento da medida cautelar (liminar) será dada pela votação da
maioria absoluta dos membros do STF (6) e terá efeito, segundo entendimento majoritário da
jurisprudência, vinculante e erga omnes, em vista do poder geral de cautela, inerente ao poder
jurisdicional, podendo, ademais, as referidas decisões serem preservadas pelo instrumento da
reclamação (CABIMENTO).
3.2.7. ADC no âmbito estadual
A doutrina entende possível a Constituição Estadual instituir ADC no tocante às leis
estaduais em face da respectiva Constituição Estadual. Contudo, seria necessário observar o
modelo da CF, isto é somente caberia em face de lei estadual, não de lei municipal (já que a ADC
no âmbito federal só abrange lei federal, e não estadual). Tal entendimento se mostra coerente
com a noção de que ADI e ADC são ações ambivalentes.
57
3.3. ADI por omissão
A ADI por omissão tem por finalidade tornar efetiva norma constitucional de eficácia
limitada, não regulamentada por omissão do Poder Público ou órgão administrativo.
Essa omissão pode ser total, quando não houver o cumprimento constitucional do dever
de legislar (Ex.: Art. 37, inciso VII, da CF); ou parcial, quando houver lei infraconstitucional
integrativa, porém, regulamentando de forma insuficiente.
Omissão parcial propriamente dita: quando a lei existe, mas regula de forma deficiente
o texto (Ex.: Art. 7º, inciso IV, da CF);
Omissão parcial relativa: quando a lei existe, outorgando determinado benefício a uma
certa categoria, porém deixando de conceder a outra que deveria também ter sido contemplada
(Ex.: Súmula nº 339 do STF). (chamada exclusão de benefício incompatível com o princípio da
igualdade - advém do direito alemão)
Mandado de Injunção – combate a síndrome de inefetividade das normas
constitucionais de eficácia limitada. Mas o controle é difuso. Não há fungibilidade – diversidade
de pedidos. O STF (MI 395 – QO) decidiu pela impossibilidade de aplicação do princípio da
fungibilidade entre a ADO e o MI, em razão de se tratarem de pedidos diversos.

3.3.1. Objeto
O objeto aqui é amplo, pois são impugnáveis, na ADI por omissão, não apenas a inércia
do Legislativo em editar atos normativos primários, mas também a inércia do Executivo em
editar atos normativos secundários, como regulamentos e instruções, e até mesmo eventual
inércia do Judiciário em editar os seus próprios atos.

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O STF entende que, pendente de julgamento a ADI por omissão, se a norma que não
tinha sido regulamentada é revogada, ou se é encaminhado projeto de lei ao Congresso Nacional
sobre a referida matéria, haverá perda do objeto.
A regra é que, desencadeado o processo legislativo, não há que se cogitar de omissão
inconstitucional do legislador. Contudo, essa orientação deve ser adotada com temperamentos.
A inercia deliberandi das Casas Legislativas pode ser objeto da ADI por omissão, sendo que o
STF reconhece a mora do legislador em deliberar sobre a questão, declarando, assim, a
inconstitucionalidade por omissão. Trata-se de conduta negligente ou desidiosa das Casas
Legislativas, colocando em risco a própria ordem constitucional.
Nesse sentido, é importante conhecermos o julgado sobre a Lei Complementar de criação
de novos municípios (art. 18, §4º, CF): “apesar de existirem no congresso Nacional diversos
projetos de lei apresentados visando à regulamentação do art. 18, §4º, da CF, é possível
constatar a omissão inconstitucional quanto à efetiva deliberação e aprovação de lei
complementar em referência. As peculiaridades da atividade parlamentar, que afetam
inexoravelmente, o processo legislativo, não justificam uma conduta manifestamente
negligente ou desidiosa das Casas Legislativas, conduta esta que pode pôr em risco a própria
ordem constitucional. A inércia deliberandi das Casas Legislativas pode ser objeto de ADI por
omissão. A omissão legislativa em relação à regulamentação do art. 18, §4º, da CF, acabou
dando ensejo à conformação e à consolidação de estados de inconstitucionalidade que não
podem ser ignorados pelo legislador na elaboração da lei complementar federal. ”
A referida LC não foi editada até hoje, de modo que o CN promulgou a EC 57/08

58 convalidando os municípios criados anteriormente a ela. Trata-se de uma verdadeira exceção à


regra, isso porque, em nosso sistema, não existe a constitucionalidade superveniente: as leis
que criaram os municípios eram formalmente inconstitucionais desde o seu nascimento, pois
não observaram uma regra da CF (art. 18, §4º). Assim, não pode uma EC convalidar o que nunca
existiu.
3.3.2. Competência
A apreciação da ADI por omissão é de competência originária do STF. Art. 103, § 2º, da
CF, c.c., analogicamente, o art. 102, inciso I, alínea a, da CF. Quanto à eventual
inconstitucionalidade por omissão de órgãos legislativos estaduais em face da CF/88, GM afirma
que a competência é do STF.
3.3.3. Legitimidade
São os mesmos legitimados para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade
(Art. 103 da CF), inclusive, com as observações sobre a pertinência temática para alguns deles.
3.3.4. Procedimento:

Lei 9868/99 com a alteração da lei 12.063 de 2009.


O procedimento é praticamente idêntico ao da ação direta de inconstitucionalidade,
porém com algumas peculiaridades:
 O relator poderá solicitar a manifestação do Advogado-Geral da União, que deverá
ser encaminhada no prazo de 15 (quinze) dias. Sua citação não é obrigatória.
Diferentemente da orientação dominante na jurisprudência do STF até então, que
dispensava a participação do AGU no processo da ADO, a lei previu que o Relator
poderá solicitar a manifestação do chefe da Advocacia Geral (12-E, §2º). Esta deverá
ocorrer quando for o caso, após a apresentação das informações pelas autoridades
responsáveis pela eventual omissão, no prazo de 15 dias.
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 É possível a concessão de medida cautelar: excepcional urgência e relevância da


matéria podem ensejar tal concessão, após a audiência dos órgãos ou autoridades
responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão pronunciar-se no prazo de 5
(cinco) dias.
 A medida cautelar poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do ato
normativo questionado, no caso de omissão parcial, bem como na suspensão de
processos judiciais ou de procedimentos administrativos, ou ainda em outra
providência a ser fixada pelo Tribunal.
 Em caso de omissão imputável a órgão administrativo, as providências deverão ser
adotadas no prazo de 30 (trinta) dias, ou em prazo razoável a ser estipulado
excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em vista as circunstâncias específicas do caso e
o interesse público envolvido.

3.3.5. Efeitos da decisão


A jurisprudência no STF sempre foi no sentido de que a ADI por omissão servia para
comunicar ao Congresso acerca do dever de legislar. Mas isso vem mudando um pouco, como
no caso da criação dos Municípios, em que se fixou um prazo.
A decisão tem caráter mandamental, constituindo em mora o poder competente que
deveria ter elaborado a lei e não o fez.
Quando a omissão for de órgão administrativo, este terá o prazo de 30 dias para saná-la
59 ou em prazo razoável quando a excepcionalidade do caso assim recomendar.
Caso da criação dos Municípios (art. 18, § 4º): o Congresso não editou a LC necessária
para a criação dos Municípios. Muitos municípios foram criados de forma inconstitucional.
Houve várias ADIs contra as leis que criaram Municípios, e ADI por omissão em relação ao art.
18, § 4º da CF. O STF declarou a omissão inconstitucional e inconstitucionalidade, sem
pronúncia de nulidade, das leis municipais (com modulação de efeitos). Fixou-se um prazo de
18 meses para a LC, e 24 meses para a subsistência das leis municipais. Raciocínio: criada a LC,
as leis municipais poderiam ser criadas no prazo. O Congresso não criou a LC, mas fez EC para
ratificar a criação dos Municípios.
3.3.6. Fungibilidade
Para GM, há uma certa fungibilidade entre ADI por omissão parcial e ADI (entendimento
já adotado pelo CESPE) – já com relação ao Mandado de Injunção e a ADO não se reconhece
fungibilidade, em virtude dos pedidos diversos da ação. O que vai diferenciar as duas são as
técnicas de decisão: num caso, será determinada a complementação; no outro, será declarada
a nulidade da lei.
Excerto: Asseverou-se ter-se uma relativa, mas inequívoca fungibilidade entre a ação
direta de inconstitucionalidade (da lei ou do ato normativo) e o processo de controle abstrato
da omissão, haja vista que os dois processos — o de controle de normas e o de controle da
omissão — acabariam por possuir o mesmo objeto, formal e substancialmente, ou seja, a
inconstitucionalidade da norma em razão de sua incompletude. ADI 875/DF, rel. Min. Gilmar
Mendes, 24.2.2010.
Sentenças de caráter aditivo – surgem em caso de omissão do legislador
São decisões que integram ou complementam um regime previamente adotado pelo
legislado ou, ainda, quando a solução adotada pelo Tribunal incorpora solução
constitucionalmente obrigatória.
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As adições de textos de conteúdo normativo nessas sentenças representam mais do que


uma interpretação conforme. Há uma maior autonomia.
No passado, falava-se que não caberia a inconstitucionalidade por omissão, pois a
inconstitucionalidade só pode decorrer da extrapolação de limites por parte do legislador. Isso
porque, na concepção dominante do Estado Liberal clássico, a CF consagra os direitos
fundamentais enquanto direitos de caráter negativo, impondo ao legislador, em princípio, um
dever de abstenção. Assim, em caso de extrapolação dos limites, haveria declaração de nulidade
da lei. A teoria da nulidade era perfeita para resolver os problemas de extrapolação de limites
pelo legislador.
Com o avanço do Estado Social, o panorama muda, em razão da necessidade de
implementação de direitos sociais: o legislador tem um dever de agir. Surge a necessidade do
controle da omissão legislativa. E mais: não vai existir só a omissão total, mas também a omissão
parcial (atuação incompleta, com proteção deficiente).
Nas situações de omissão, notadamente a parcial, a simples declaração de nulidade de
uma lei pode agravar o estado de inconstitucionalidade, criando um vácuo normativo. Ex: art.
7º, IV, da CF – lei do salário mínimo que deve ser suficiente a atender às necessidades do
trabalhador e de sua família. A lei não atende aos ditames da CF. Então é nula? Vamos fazer
efeito repristinatório das leis anteriores? Até chegar num salário mínimo negativo? Note-se que
a técnica da nulidade não é adequada para resolver o problema, pois não se trata de um
excesso de poder, e sim de uma proteção insuficiente.
Não há muito consenso sobre as técnicas de controle de normas em caso de omissão.
60 Mas isso vem melhorando. Com o surgimento da modulação de efeitos (art. 27 da Lei nº
9.868/99), pode ser feita a declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade.
Além disso, há a possibilidade da sentença de perfil aditivo. Em 2009, a Lei nº 9.868 foi alterada
para permitir um novo tratamento da matéria.
Exclusão de benefício incompatível com o princípio da igualdade: norma pode conferir
um benefício a alguém em detrimento de outro que se encontra na mesma situação. Aqui, por
um lado, o legislador extrapolou os limites; por outro lado, foi limitado, pois não estendeu o
benefício à outra pessoa. É um típico caso de omissão parcial.
Situação no STF: aumento concedido aos militares que fora concedido a certos setores
civis, mas não fora concedido aos demais civis. O STF entendeu que caberia a extensão (houve
exclusão de benefício incompatível com o princípio da igualdade e com sentença de perfil
aditivo). (fungibilidade ADI e ADI por omissão).
Situação 2: concessão de benefícios a certas indústrias e também a certas
concessionárias. Uma empresa de pneus reclamou, sob o argumento de que as concessionárias,
por também venderem pneus, estavam sendo beneficiadas. GM, no seu voto, entendeu que, na
venda de pneus, havia uma inconstitucionalidade, cabendo a extensão (sentença de perfil
aditivo); se quiser revogar, que revogue para todos.
Note-se que, nos casos de omissão, a cassação da lei não resolve os casos de
inconstitucionalidade.
A tendência é haver mais casos de omissão parcial. A omissão total morre, em geral, de
morte morrida. Um dia o legislador faz a lei – o problema vai ser agora contrastar a lei com a CF
como um todo – será que atende a todos os requisitos? Foi completo o dever constitucional de
legislar?
STF – caso da assistência social – Lei nº 8.742/93 – LOAS – Há uma omissão parcial do
legislador aqui?
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Leis do período inflacionário – pode ser constitucional num primeiro momento, mas
deverá conter novos temperamentos.
A posição do tribunal pode ser no sentido da modulação de efeitos (declaração de
inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade) ou a sentença de perfil aditivo.

3.4. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental


Encontra previsão no § 1º do art. 102 da CF, com redação dada pela EC 03/93,
regulamentado pela Lei nº 9.882/99.
Saliente-se que, antes do advento da aludida lei, entendia o STF que o art. 102, § 1º, da
CF encerrava norma constitucional de eficácia limitada. Sendo assim, enquanto inexistente lei
regulamentando o referido dispositivo constitucional, não podia o STF sequer apreciar as ações
de arguição de descumprimento de preceito fundamental.
A ADPF desempenha, no conjunto dos mecanismos de proteção da higidez da ordem
constitucional, função específica de evitar, à falta de outro meio eficaz para tanto, a perenização
no ordenamento jurídico de comportamentos estatais – ostentem eles ou não a natureza de
atos normativos – contrários a um identificável núcleo de preceitos – princípios e regras – tidos
como sustentáculos da ordem constitucional estabelecida. A tutela sobre o descumprimento de
preceito constitucional alcança um universo de comportamentos estatais mais amplo do que o
de inconstitucionalidade. Isso porque a ADPF pode ser proposta contra “ato do Poder Público”
e não apenas contra “lei ou ato normativo” (como na ADI). (Fonte: Dizer o Direito)
61
3.4.1. Hipóteses de cabimento
REQUISITOS: Controvérsia constitucional relevante  Lei ou ato do poder público (F,
E, M), inclusive anteriores à CF por expressa disposição legal
Na hipótese de arguição autônoma, prevista no art. 1º, caput, da Lei nº 9.882/99, tem-
se por objeto evitar (preventivo) ou reparar (repressivo) lesão a preceito fundamental,
resultante de ato do Poder Público, qualquer que seja esse ato administrativo.
Já na hipótese de arguição INCIDENTAL, por equivalência ou equiparação, disciplinada
pelo parágrafo único do art. 1º da Lei nº 9.882/99, tem-se por objeto a existência de controvérsia
(divergência jurisprudencial) constitucional, com fundamento relevante, sobre lei ou ato
normativo federal, estadual, municipal e distrital, incluídos os anteriores à Constituição de 1988,
violadores de preceito fundamental. Já há uma ação judicial discutindo isso. A previsão se deu
por lei – competência originária do STF – há quem diga que seria inconstitucional. Em tal
hipótese, deverá ser demonstrada a divergência jurisdicional (comprovação da controvérsia
judicial) relevante na aplicação do ato normativo, violador do preceito fundamental. (Para GM,
decorre da jurisdição constitucional). Aqui, é só lei e ato normativo, ok? Ato do Poder Público
não entra na ADPF incidental.
Hoje, porém, se admite a impugnação de decisões judiciais por meio da ADPF, antes
mesmo de estarem maduras para um RE. Leva-se uma questão constitucional presente no
debate de 1ª instância para abreviá-lo. Nesse ponto, há uma certa semelhança com o incidente
de inconstitucionalidade do controle concreto europeu. Ex: importação de pneus usados.
Admite-se também o controle de leis revogadas.
(...) Multiplicidade de ações judiciais, nos diversos graus de jurisdição, nas quais se têm
interpretações e decisões divergentes sobre a matéria: situação de insegurança jurídica
acrescida da ausência de outro meio processual hábil para solucionar a polêmica pendente:
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observância do princípio da subsidiariedade. Cabimento da presente ação. (...)STF.


Plenário ADPF 101, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 24/06/2009.
O conjunto de decisões questionadas, que resultaram em bloqueios, arrestos e sequestros
para atender a demandas relativas a pagamento de salários de servidores ativos e inativos,
satisfação de créditos de prestadores de serviço e tutelas provisórias de prioridades, são atos
típicos do Poder Público passíveis de impugnação por meio de APDF. STF. Plenário ADPF 405
MC/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/6/2017 (Info 869).
Excerto ADPF 101 - declarou inconstitucionais, com efeitos ex tunc, as interpretações,
incluídas as judicialmente acolhidas, que permitiram ou permitem a importação de pneus
usados de qualquer espécie, aí insertos os remoldados. Ficaram ressalvados os provimentos
judiciais transitados em julgado, com teor já executado e objeto completamente exaurido — v.
Informativo 538.
Mas atenção: Não cabe arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF)
contra decisão judicial transitada em julgado. Este instituto de controle concentrado de
constitucionalidade não tem como função desconstituir a coisa julgada. STF. Decisão
monocrática ADPF 81 MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 27/10/2015 (Info 810).
3.4.2. Preceito fundamental
Tanto a Constituição como a lei infraconstitucional deixaram de conceituar preceito
fundamental. Nesse sentido, entende a doutrina que preceito fundamental seriam aqueles
preceitos que informam todo o sistema constitucional, estabelecendo os comandos basilares e
imprescindíveis à defesa dos pilares da manifestação constituinte originária e, por
62 conseguinte, veiculando princípios e servindo de vetores de interpretação das demais normas
constitucionais. Como exemplo, são citados os princípios fundamentais dos artigos 1º a 4º, as
cláusulas pétreas do artigo 60, § 4º, os princípios constitucionais sensíveis do artigo 34, inciso
VII, os direitos e garantias individuais dos artigos 5º a 17, os princípios gerais da ordem
econômica e financeira do artigo 170 etc.
Na ADPF 405 MC/RJ, a Min. Rosa Weber afirmou que poderiam ser considerados
preceitos fundamentais (Dizer o Direito):
•a separação e independência entre os Poderes;
•o princípio da igualdade;
•o princípio federativo;
•a garantia de continuidade dos serviços públicos;
•os princípios e regras do sistema orçamentário (art. 167, VI e X, da CF/88)
•o regime de repartição de receitas tributárias (arts. 34, V e 158, III e IV; 159, §§ 3º e 4º;
e 160 da CF/88;
•a garantia de pagamentos devidos pela Fazenda Pública em ordem cronológica de
apresentação de precatórios (art. 100 da CF/88).
Por sua vez, o STF apenas tem resolvido, em cada caso concreto, se se trata ou não de
preceito fundamental, não definindo de forma ampla o que se entende por preceito
fundamental. O veto não pode ser contestado por meio de ADPF, já que se tratada de
manifestação de ato político.

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3.4.3. Competência
A apreciação da arguição de descumprimento de preceito fundamental é da
competência originária do STF. Art. 102, § 1º, da CF
3.4.4. Legitimidade
São os mesmos legitimados para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade.
Havia um dispositivo no projeto de lei que legitimava qualquer pessoa pudesse levar a
ADPF ao STF (vetado pelo PR).
E ainda qualquer interessado, entendido esse como sendo qualquer pessoa lesada ou
ameaçada por ato do poder público (inciso II vetado do art. 2º da Lei nº 9.882/99), mediante
representação, solicitando a propositura da ação ao Procurador-Geral da República, que,
examinando os fundamentos jurídicos do pedido, decidirá acerca do cabimento de seu ingresso
em juízo. (a legitimada, na realidade, é a PGR).
3.4.5. Medida Cautelar em ADPF
Segundo João Lordelo informa em seu material de estudo de controle de
constitucionalidade, “não existe na ADC uma medida cautelar dada pelo relator (somente por
maioria absoluta, pois não há urgência). Na ADI há possibilidade do relator dar a medida cautelar
em uma exceção (recesso do tribunal). Já na ADPF, há três situações em que o relator poderá
conceder medida cautelar:
a) Extrema urgência;
b) Perigo de lesão grave;
63 c) Período de recesso.
Posteriormente, a medida cautelar deve ser referendada pelo Pleno. A medida cautelar
em ADPF suspende o julgamento dos processos; os efeitos de decisões judiciais ou de qualquer
medida que apresente matéria objeto de ADPF, salvo se decorrentes de coisa julgada.
3.4.6. Procedimento
- A petição inicial, além dos requisitos do art. 319 do CPC, deve conter: a) a indicação do
preceito fundamental que se considera violado; b) a indicação do ato questionado; c) a prova da
violação do preceito fundamental; d) o pedido, com suas especificações; e e) se for o caso, a
comprovação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito
fundamental que se considera violado. Art. 3º da Lei nº 9.882/99
- Nos casos em que a presença de advogado for necessária (Partido Político com
representação no Congresso Nacional, Confederação Sindical ou Entidade de Classe de âmbito
nacional), deve o instrumento de mandado acompanhar a petição inicial. OBSERVA AS MESMAS
DIRETIVAS DA ADI QUANTO A NECESSIDADE DE ADVOGADO - CEP
- A petição inicial será indeferida liminarmente pelo relator, quando não for o caso de
arguição de descumprimento de preceito fundamental, quando faltar algum de seus requisitos,
ou quando ela for inepta, sendo cabível contra essa decisão a interposição de agravo, no prazo
de 5 dias. Art. 4º, caput e § 2º, da Lei nº 9.882/99
- A arguição de descumprimento de preceito fundamental possui caráter residual,
sendo-lhe aplicável, destarte, o princípio da subsidiariedade, segundo o qual somente será ela
admitida quando não houver qualquer outro meio eficaz capaz de sanar a lesividade indicada,
compreendido no contexto da ordem constitucional global, como aquele apto a solver a
controvérsia constitucional relevante de forma ampla, geral e imediata. Art. 4º, § 1º, da Lei nº
9.882/99

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Subsidiariedade: não pode haver outro meio de controle em processo objetivo. Se


couber MS, RE, pode caber a ADPF mesmo assim, pois ela gera eficácia geral, ao passo que os
outros têm, em princípio, eficácia inter partes. Ex: ADPF 33 – piso salarial de servidores – lei pré-
constitucional revogada – decidiu-se que o princípio da subsidiariedade legitimava a apreciação
da ADPF, pois a existência de pendências judiciais não é bastante para resolver o caso na
amplitude da ADPF.
- Assim, em virtude da subsidiariedade, poderá a ADPF ser conhecida como ADI, se se
tratar o objeto do pedido principal da referida ação de declaração de inconstitucionalidade de
lei ou ato normativo por ofensa a dispositivos constitucionais. Fungibilidade entre ADPF/ADI.
- Após a apreciação da medida liminar requerida, o relator solicita informações às
autoridades responsáveis pela prática do ato questionado, no prazo de 10 dias.
- cabível amicus curiae, perícia etc.
- O Ministério Público, na condição de custos legis, tem vista do processo, por 5 dias,
após o decurso do prazo para as informações. Art. 7º, parágrafo único, da Lei nº 9.882/99
- A decisão, na ADPF, deve ser tomada pelo voto da maioria absoluta dos membros do
STF (no mínimo 6), desde que presentes, pelo menos, 2/3 dos ministros (no mínimo 8). Trata-
se, respectivamente, do quorum de julgamento (art. 97 da CF), bem como de instalação da
referida sessão (art. 8º da Lei nº 9.882/99).
- A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido na ADPF é irrecorrível, não
podendo, ademais, ser objeto de ação rescisória. Art. 12 da Lei nº 9.882/99. Cabe reclamação
64 contra o descumprimento de decisão proferida, em sede de ADPF.

QUORUNS, CABIMENTO DE RECURSOS E RECLAMAÇÃO = ADI

- O pedido de medida liminar, em sede de ADPF, será deferido por decisão da maioria
absoluta de seus membros (6 ministros). Ademais, em caso de extrema urgência ou perigo de
lesão grave ou, ainda, em período de recesso (que é distinto de férias), poderá a referida medida
liminar ser deferida apenas pelo relator, ad referendum do pleno. Art. 5º, caput e § 1º, da Lei nº
9.882/99
- Se entender necessário, o relator poderá ouvir, ainda em sede de liminar, os órgãos ou
autoridades responsáveis pelo ato questionado, bem como o AGU ou o PGR, no prazo comum
de 5 dias. Art. 5º, § 2º, da Lei nº 9.882/99. FACULDADE DO RELATOR A OITIVA DO AGU E PGR
- A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o
andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que
apresente relação com a matéria objeto de arguição de descumprimento de preceito
fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada, conforme citado em julgado exposto
anteriormente.
3.4.7. Efeitos da decisão = ADI/ADC
A decisão na ADPF é imediatamente autoaplicável, na medida em que o Presidente do
STF determinará o imediato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente
- § 1º do art. 10 da Lei nº 9.882/99.
Possui eficácia contra todos (erga omnes) e efeito vinculante relativamente aos demais
órgãos do Poder Público. § 3º do art. 10 da Lei nº 9.882/99

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Ademais, em regra, tem ainda efeitos retroativos (ex tunc), exceto nos casos em que,
por razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, o STF decida, por maioria
qualificada de 2/3 de seus membros, restringir os efeitos da declaração ou decidir que ela só
tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado (ex nunc) ou de outro momento que venha a
ser fixado. Art. 11 da Lei nº 9.882/99
- ADPF pode ser conhecida como ADI, ante seu caráter subsidiário. (princípio da
fungibilidade). Assim como ADI pode ser conhecida como ADPF (ADI 4163)
3.4.8. Princípio da Fungibilidade entre ADI/ADPF
Em virtude da subsidiariedade, se a ADPF tem os mesmos efeitos de uma ADI e, sendo o
caso, é possível que uma ADI/ADPF seja conhecida como ADPF/ADI. Para tanto, o STF exige uma
dúvida objetiva e a ausência de erro grosseiro. Vejamos.
Se a ADPF tiver os requisitos mínimos da ADI, como o pedido de declaração de
inconstitucionalidade, havendo uma dúvida objetiva quanto ao meio correto a ser utilizado, a
ADPF deve ser convertida em ADI, uma vez que aquela só pode ser utilizada se não houver outro
meio, vez que subsidiária em relação às demais ações de controle concentrado.
Do mesmo modo, se uma ADI não puder impugnar um ato, em virtude da ausência de
abstração e generalidade, causa da dúvida objetiva, por exemplo, pode haver a conversão dessa
ADI em ADPF. Nesse sentido, é lícito conhecer de ADI como ADPF, quando coexistentes todos
os requisitos de admissibilidade desta, em caso de inadmissibilidade daquela.
Mas percebam. A dúvida deve ser razoável. Assim, não se admite ADPF para impugnar lei

65 promulgada após a CF88, pois é situação clara para utilizar-se de ADI, tratando-se de erro
grosseiro. Geralmente, as dúvidas objetivas e razoáveis para utilizar-se da ADPF recaem sobre
atos infralegais, bem como alterações supervenientes no caso de normas constitucionais.
A ADPF e a ADI são fungíveis entre si. Assim, o STF reconhece ser possível a conversão
da ADPF em ADI quando imprópria a primeira, e vice-versa. No entanto, essa fungibilidade não
será possível quando a parte autora incorrer em erro grosseiro. É o caso, por exemplo, de uma
APF proposta contra uma Lei editada em 2013, ou seja, quando manifestamente seria cabível a
ADI por se tratar de norma posterior à CF/88. STF. Plenário ADPF 314 AgR, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 11/12/2014 (Info 771).

Outros temas relevantes e recentes:


É possível que seja celebrado um acordo no bojo de uma arguição de descumprimento de
preceito fundamental(ADPF)? SIM. É possível a celebração de acordo num processo de índole
objetiva, como a ADPF, desde que fique demonstrado que há no feito um conflito intersubjetivo
subjacente (implícito), que comporta solução por meio de autocomposição. Vale ressaltar que,
na homologação deste acordo, o STF não irá chancelar ou legitimar nenhuma das teses jurídicas
defendidas pelas partes no processo. O STF irá apenas homologar as disposições patrimoniais
que forem combinadas e que estiverem dentro do âmbito da disponibilidade das partes. A
homologação estará apenas resolvendo um incidente processual, com vistas a conferir maior
efetividade à prestação jurisdicional. STF. Plenário ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 1º/3/2018 (Info 892).

3.5. ADI Interventiva


A ADI interventiva é pressuposto para a decretação de determinada hipótese de
intervenção da União nos Estados, no Distrito Federal ou nos Municípios localizados em
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Território Federal, bem como dos Estados em seus respectivos Municípios, na medida em que,
através dela, é que se verificará a presença de seus pressupostos.
Lembre-se que há situações em que não se faz necessário o prévio ajuizamento e, por
conseguinte, a procedência de ADI interventiva para se decretar a intervenção federal ou
estadual. Trata-se de um controle concentrado de constitucionalidade de lei ou ato normativo
em tese realizado em um caso concreto. CONTROLE CONCENTRADO E CONCRETO.
Luis Roberto Barroso entende se tratar de um litígio constitucional, de uma relação
processual contraditória, contrapondo União e Estado-membro, cujo desfecho pode resultar em
uma intervenção federal.
3.5.1. ADI interventiva federal
ADI interventiva federal: depende de provimento pelo STF, de representação
do PGR. – Regulada pela Lei 12.562/11
 Objeto: lei ou ato normativo, ou omissão, ou ato governamental estaduais ou distrital
de natureza estadual, contrários aos princípios sensíveis da CF; bem como lei federal
cuja execução esteja sendo recusada.
São princípios sensíveis: a) forma republicana, sistema representativo e regime
democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da
administração pública, direta e indireta; e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. Art. 34, inciso VII, da CF.

66 Obs.: afronta ao princípio republicano e sistema representativo, face à existência de


esquema de corrupção generalizada, foram os motivos do pedido de intervenção no DF no
governo Arruda (IF 5179).
 Competência: STF
 Legitimidade ativa: PGR (ÚNICO LEGITIMADO) – tem total autonomia e
discricionariedade para formar seu convencimento de ajuizamento
 Procedimento: Julgada a ADI interventiva procedente, pela maioria absoluta de seus
membros (art. 97 da CF), requisitará (vinculante) o STF ao Presidente da República que
decrete a intervenção.
O Presidente, por sua vez, limitar-se-á, através de Decreto, a suspender a execução do
ato impugnado e, apenas se essa medida não for suficiente para o restabelecimento da
normalidade, decretará a intervenção, nomeando interventor, bem como afastando as
autoridades responsáveis de seus cargos. §§ 1º e 3º do art. 36 da CF. Quando ocorrer o
afastamento do gestor estadual e nomeação de interventor, o decreto deve ser enviado para
apreciação do CN no prazo de 24 horas.
 Decretação da intervenção = Presidente da República (José Afonso da Silva – ato
vinculado - lei 1.079, art. 12, III – seria crime de responsabilidade do Presidente da
República se não decretar a intervenção a partir da decisão do STF - majoritário; Zeno
Veloso = discricionário)
 Medida liminar: poderá consistir na determinação de que se suspenda o andamento de
processo ou os efeitos de decisões judiciais ou administrativas ou de qualquer outra
medida que apresente relação com a matéria objeto da representação interventiva.

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3.5.1.1. Resumindo
 Intervenção Federal - hipóteses
o De ofício pelo Presidente: integridade nacional; invasão estrangeira/unidade de
federação; por termo a comprometimento da ordem pública; reorganizar finanças
de Estado.
 CN 24h + ouvir Conselho da República e Conselho de Defesa
o A pedido dos Poderes: livre exercício de qualquer dos Poderes
 Pedido do Legislativo e Executivo: solicita ao Presidente para intervir,
submete ao CN 24h.
 Pedido do Judiciário: Requisita ao Presidente, submete ao CN 24h.
o Garantir execução de ordem judicial: depende de requisição do TSE, STJ e STF,
conforme a matéria.
 Não precisa de apreciação do CN, pois a intervenção foi determinada em
bojo de ação judicial.
o Representação do PGR ao STF: garantir execução de lei federal; princípios
constitucionais sensíveis.
 ADI interventiva: STF aceita e leva a conhecimento do Presidente para que
em 15 dias expeça decreto de intervenção/nomeie interventor,
67  A decisão do STF é vinculante, não cabendo discricionariedade ao
Presidente.
 O Decreto limita-se a suspender a execução do ato impugnado, se essa
medida for suficiente.
 Não é necessária apreciação do CN.

3.5.2. ADI interventiva estadual


Prevista no art. 35, inciso IV, da CF, in verbis: “O Estado não intervirá em seus Municípios,
nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando o Tribunal de
Justiça der provimento à representação para assegurar a observância de princípios indicados na
Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.”
 Objeto: lei ou ato normativo, ou omissão, ou ato governamental municipais contrários
aos princípios sensíveis indicados na CE; bem como lei, ou ordem, ou decisão judicial
não cumpridas.
 Competência: TJ local
 Legitimidade ativa: Procurador-Geral de Justiça (art. 129, IV, da CF)
 Procedimento (igual a ADI interventiva federal): Julgada procedente a ação, pela
maioria absoluta dos membros de seu órgão especial (art. 97 da CF), comunicará o
Presidente do TJ local a decisão ao Governador do Estado, o qual, por sua vez, se
limitará, através de Decreto, a suspender a execução do ato impugnado e, apenas se
essa medida não for suficiente para o restabelecimento da normalidade, decretará a
intervenção, nomeando interventor, bem como afastando as autoridades responsáveis
de seus cargos.

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3.6. Controle abstrato de constitucionalidade nos Estados-Membros


3.6.1. Regras gerais
Nos termos do art. 125, § 2º, da CF, in verbis: “Cabe aos Estados a instituição de
representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em
face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.”
Segundo Pedro Lenza, embora o referido dispositivo constitucional apenas mencione a
possibilidade de se instituir, no âmbito estadual, a representação de inconstitucionalidade, a
qual corresponderia à ADI, deve-se permitir também, pelo princípio da simetria, a
implementação dos demais meios de controle, quais sejam, ADC, ADI por omissão etc.
3.6.2. Objeto
Somente leis ou atos normativos estaduais ou municipais.
3.6.3. Competência
A apreciação da representação de inconstitucionalidade, em sede de controle abstrato,
será de competência originária do TJ local.
3.6.4. Legitimados
A Constituição Federal não especificou os legitimados para a propositura, em âmbito
estadual, de representação de inconstitucionalidade, porém proibiu a sua atribuição a um único
órgão.

68 Sendo assim, deixou que cada Constituição Estadual estabelecesse os seus legitimados,
observando-se o princípio da simetria, em vista de se tratar de manifestação do poder
constituinte derivado decorrente. Ex: Governador, Mesa da Assembleia, Conselho Estadual da
OAB etc.
IMPORTANTE: STF tem aceitado a ampliação pelas Constituições Estaduais de seus
respectivos legitimados para a propositura de representação de inconstitucionalidade, em
âmbito estadual, sem guardar simetria com o art. 103 da CF. A exemplo disso, já se manifestou
em relação aos Deputados Estaduais, uma vez que a Constituição do Estado o legitimou.
Por sua vez, quanto a restrição desse rol, ainda não houve manifestação pelo STF a
respeito, lembrando-se apenas de que a Constituição Federal, em seu art. 125, § 2º, proibiu a
atribuição de legitimação para agir a um único órgão.
3.6.5. Considerações finais
O TJ local apenas realizará controle concentrado e abstrato de lei ou ato normativo
estadual ou municipal, ou ainda distrital, em face de Constituição Estadual. Contudo, se se tratar
de controle difuso, será possível que o TJ , através do Pleno ou de seu Órgão Especial, aprecie,
de maneira incidental, a constitucionalidade de lei federal em face da Constituição Federal.
Por sua vez, o STF, em controle concentrado e abstrato, somente apreciará lei ou ato
normativo federal ou estadual, ou ainda distrital de caráter estadual, em confronto com a
Constituição Federal. Excepcionalmente, porém, poderá o STF analisar lei municipal perante a
Constituição Federal, só que em sede de ADPF.
Observe-se, então, que as leis estaduais sofrem dupla fiscalização, em controle
concentrado e abstrato, seja perante o TJ e tendo como parâmetro a Constituição Estadual, seja
perante o STF e tendo como parâmetro a Constituição Federal.
Simultaneidade de Ações Diretas de Constitucionalidade

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Podendo ter Ações concentradas tanto no TJ quanto no STF, haverá simultaneidade de


ações diretas de constitucionalidade, se a mesma lei estadual for objeto de controle
concentrado no TJ e no STF. Nesse caso, o controle estadual deverá ficar suspenso, aguardando
o resultado do controle federal.
E, se o STF declarar a inconstitucionalidade da lei estadual perante a Constituição
Federal, a ação estadual perderá o seu objeto, uma vez que a referida lei não mais produzirá
efeito algum. Por outro lado, se o STF declarar a constitucionalidade da lei estadual perante a
Constituição Federal, prosseguirá ainda a ação estadual, pois a referida lei, ainda que compatível
com a Constituição Federal, poderá não sê-la em relação à Constituição Estadual.
Também, se a ação for proposta primeiramente perante o TJ e este declarar a
constitucionalidade da lei estadual em relação à Constituição Estadual, ainda assim será possível
o seu exame, em confronto com a Constituição Federal, no futuro, pelo STF, por ser ele o
intérprete máximo da Constituição, cujo julgamento, por sua vez, prevalecerá inclusive sobre a
coisa julgada estadual. Porém, se o TJ declarar a inconstitucionalidade da lei estadual, não
haverá mais sentido de seu controle perante o STF, uma vez que a referida lei já terá sido
retirada do ordenamento jurídico.
 Normas de reprodução obrigatória
Regra geral, da decisão do TJ, em controle concentrado e abstrato de lei estadual ou
municipal perante a Constituição Estadual, não cabe recurso para o STF. Contudo,
excepcionalmente, se o parâmetro da Constituição Estadual for norma de reprodução
obrigatória da Constituição Federal pelos Estados-Membros (e.g. TCU, CPI, processo
69 legislativo), será possível, a fim de se evitar que haja usurpação de competência do STF, a
interposição de recurso extraordinário contra o referido acórdão do TJ para que o STF examine
a lei estadual ou municipal em confronto com a Constituição Federal.
E a decisão desse recurso extraordinário pelo STF produzirá, via de regra, efeitos erga
omnes, ex tunc e vinculante, uma vez que ainda se trata de controle concentrado e abstrato.
TRATA-SE DE CONTROLE CONCENTRADO E ABSTRATO (AINDA QUE UTILIZADO O RE
COMO VEÍCULO, LOGO NÃO HAVERÁ PARTICIPAÇÃO DO SENADO – art. 52, X).
Nesse sentido, o Dizer o Direito leciona: Tribunais de Justiça podem exercer controle
abstrato de constitucionalidade de leis municipais utilizando como parâmetro normas da
Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos estados.
Contra esta decisão, cabe recurso extraordinário. Vale ressaltar que a decisão do STF neste
recurso extraordinário terá eficácia erga omnes porque foi proferida em um processo objetivo
de controle de constitucionalidade. STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio,
red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 1º/2/2017 (repercussão geral) (Info 852).
Assim, o STF pode analisar a constitucionalidade de lei municipal perante à CF, se na
análise inicial do controle abstrato estadual a lei municipal for confrontada em relação à norma
da CE de reprodução obrigatória e compulsória da CF.

3.6.6. Sistema difuso em sede estadual


Vale para o sistema estadual tudo o que foi dito para o sistema federal.
Transitada em julgado o Tribunal de Justiça remete para Assembleia Legislativa ou Câmara
de vereadores (no caso de lei municipal) para suspender os efeitos da lei (erga omnes).

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4. Anotações do meu caderno


● Controle de constitucionalidade CONCENTRADO
o Quorum de instalação: 2/3 (8 de 12)
o Medida cautelar em todas: MAIORIA ABSOLUTA + quórum de instalação.
▪ Exceção: é em recesso, ocasião em que pode ser DEFERIDO
monocraticamente. Já para INDEFERIR, é desnecessário cláusula de
reserva de plenário.
o Declaração final: MAIORIA ABSOLUTA + quórum de instalação.
o Modulação dos efeitos: 2/3 dos ministros presentes na sessão + quorum
o Súmula Vinculante: 2/3 dos ministros do STF..
● Se não atinge o quórum, a norma é mantida no ordenamento como constitucional, em
respeito ao princípio da presunção de constitucionalidade das leis.
● No controle difuso a norma é declarada inconstitucional inter partes, pois o quórum é
maioria simples.
● A decisão proferida em medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade
estadual não se submete à cláusula da reserva de plenário, não havendo falar, em
decorrência, de violação da Súmula Vinculante n.º 10/STF. (...) o Relator atua

70 monocraticamente como longa manus do órgão colegiado na presença do periculum in


mora.
● É possível a modulação dos efeitos da decisão proferida em recurso extraordinário com
repercussão geral reconhecida. Para que seja realizada esta modulação, exige-se o voto
de 2/3 (dois terços) dos membros do STF (maioria qualificada). STF. Plenário. RE
586453/SE, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em
20/2/2013 (Info 695). É possível a modulação dos efeitos da decisão proferida em sede
de controle incidental de constitucionalidade. STF. Plenário. RE 522897/RN, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 16/3/2017 (Info 857).
● Mutação constitucional inconstitucional: aquela que contraria o texto da constituição,
como conferir efeito vinculante à medida cautelar em ADI.
● Juiz singular pode declarar inconstitucionalidade de Emenda Constitucional.
● SV-10: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão
fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade
de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
● Decisão de primeira instância e reserva de plenário. É inviável a aplicação da súmula
ou da cláusula de reserva de plenário, dirigida a órgãos judicantes colegiados, à juízo de
caráter singular (juízo de primeiro grau), por absoluta impropriedade, quando da
realização de controle difuso de constitucionalidade em julgamento de competência
singular (monocrático).
● É possível aplicar o princípio da fungibilidade entre ADI e ADPF, vice-versa. Para tal, a
dúvida deve ser razoável.
● Controle de regimento interno, atos interna corporis: A jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal é no sentido de não caber ao Poder Judiciário, a pretexto de realizar o
controle de atos legislativos, imiscuir-se em matérias interna corporis, sob pena de
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violação do princípio da separação dos Poderes. Eventual ofensa à Constituição Federal


seria meramente reflexa, motivo por que sequer caberia o controle de
constitucionalidade difuso via recurso extraordinário.
o Atenção para uma EXCEÇÃO! É que o próprio STF entendeu que é possível fazer
o controle de constitucionalidade de norma de regimento interno quando o
dispositivo possuir caráter normativo e autônomo, criando efetivamente um
direito. Numa situação como esta, o controle pode ser, inclusive, através de ADI.
Ex: benefícios aos servidores.
● Medida cautelar em ADIN – art. 10 da lei 9868:
o Pode ser ouvido o órgão que elaborou o ato normativo impugnado, salvo
excepcional urgência;
o Podem ser ouvidos AGU e PGR;
o Podem ser feitas sustentações orais;
o Se colegiado o julgamento da cautelar (salvo recesso), aplica-se o quórum de
maioria absoluta.
o STF: cumprida a ritualística da medida cautelar e considerando-se o tribunal
pronto para julgar o mérito, é possível converter a cautelar em mérito,
evitando-se, com efeito, repetição na realização dos atos já concluídos: Embora
adotado o rito previsto no art. 10 da Lei nº 9.868, de 10 de novembro de 2009,
71 ao processo de ação direta de inconstitucionalidade ou de descumprimento de
preceito fundamental, pode o Supremo Tribunal Federal julgar a causa, desde
logo, em termos definitivos, se, nessa fase processual, já tiverem sido exaustivas
as manifestações de todos os intervenientes, necessários e facultativos
admitidos.
● Amicus Curiae:
o Não possui legitimidade para opor embargos de declaração ou outro recurso.
o Não se admite recurso do despacho que admite o amicus curiae.
● É reiterada a jurisprudência do STF no sentido de que os efeitos vinculantes de decisão
proferida em ADI referem-se unicamente a sua parte dispositiva, de modo que tais
efeitos não aproveitam a fundamentação de tal decisão, ainda que se alegue na
reclamação a transcendência dos motivos determinantes da decisão do Supremo na
ADI.
● ATENÇÃO: em súmula vinculante, acrescenta-se os seguintes legitimados em relação à
ADI:
o VI - o Defensor Público-Geral da União;
o XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito
Federal e Territórios, os Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do
Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares.
o Os municípios podem propor alteração de súmula incidentalmente nos
processos em que sejam parte.
● A legitimidade recursal em ADI é a mesma dos legitimados a proporem a ADI. Não pode
o Estado membro recorrer em ADI proposta pelo Governador
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● A alteração do parâmetro constitucional antes que a ADI seja julgada não prejudica o
conhecimento da referida ação, pois não se admite constitucionalidade superveniente
no sistema jurídico pátrio, devendo ser analisada em face do dispositivo vigente quando
da época de sua edição.
o ATENÇÃO: a teoria moderna aceita a inconstitucionalidade superveniente,
conceituando esta como lei que sofreu um processo de inconstitucionalização,
considerando o tempo e as mudanças verificadas no cenário jurídico, político,
econômico e social do país. Não há uma sucessão de Constituições, mas uma
desarmonia com a CF e com o tempo, tornando-se incompatível com o texto
constitucional.
● Uma lei considerada inconstitucional sob a égide de determinada Constituição ou
Emenda, após edição de emenda constitucional que permita o normativo legal, não se
torna constitucional, uma vez que não há “constitucionalidade superveniente”. Para que
aquele conteúdo normativo seja válido, sob a égide da nova alteração constitucional, se
faz necessária edição de nova lei. A constitucionalidade da lei é verificada quando do
seu nascimento, sendo a inconstitucionalidade vício insanável impassível de
convalidação, mesmo por Emenda Constitucional.
o CASO DO ICMS e do consumidor que importa mercadoria para consumo
próprio. Antes da EC 33 era inconstitucional cobrar ICMS deles. Depois, passou
a ser possível, mas os estados tiveram que editar novas leis sob a égide da EC33.
o Ainda que uma lei anteriormente constitucional torne-se inconstitucional em
72 virtude de EC posterior, pode ser declarada a inconstitucionalidade dela, com
parâmetro à norma vigente à promulgação do texto normativo.
● Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis
municipais/estaduais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal,
desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos Estados.
● ADI, em regra, não deverá ser conhecida caso o ato normativo que estava sendo
impugnado seja revogado/alterado antes do julgamento, salvo:
o Se a revogação foi feita com o intuito de fraudar o processo.
o Demonstração de que o conteúdo impugnado está repetido em outro diploma
ou que seu texto permaneceu com a inconstitucionalidade alegada.
o Quando o STF já julgou o mérito da ação e não houve comunicação prévia de
que houve revogação da norma objeto de ADI.
● A revogação, ou substancial alteração, do complexo normativo impõe ao autor o ônus
de apresentar eventual pedido de aditamento, caso considere subsistir a
inconstitucionalidade na norma que promoveu a alteração ou revogação. (info 890,
dezembro de 2017).
o Se foi revogado, há perda superveniente do objeto da ADI.
o Se foi alterada a lei, deve demonstrar a permanência da inconstitucionalidade,
sob pena de perda superveniente do objeto da ADI,
▪ SALVO: fraude processual; repetição do conteúdo, em sua essência, em
outro diploma normativo; caso o STF tenha julgado o mérito da ação
sem ter sido notificado da revogação da norma atacada.

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● As decisões proferidas em controle difuso não possuem efeitos vinculantes, mas sim
FORÇA EXPANSIVA. Não se admite abstrativização do controle difuso.
o A pessoa que foi parte no processo pode utilizar da reclamação, após esgotadas
as instâncias ordinárias.
o Terceiro qualquer não pode utilizar de reclamação para requerer aplicação do
que foi decidido em controle difuso, uma vez que a decisão não lhe alcança.
o ATENÇÃO!!! ABSTRATIVIZAÇÃO DO CONTROLE DIFUSO PASSOU SER ACEITO
PELO STF EM SESSÃO PLENÁRIA, INFO 886, NOVEMBRO DE 2017. Esperar uma
manifestação mais contundente do STF, pois há especulações diversas.
o ATENÇÃO!!! AINDA não adota a transcendência dos motivos determinantes
em sede de controle de constitucionalidade, mas apenas a abstrativização do
controle difuso. No INFO 886, Carmen Lúcia disse que o STF se aproxima de
julgar não só a constitucionalidade de cada ato normativo, mas da própria
matéria que nele se contém. Ainda não se dá para dizer que foi aceita a tese
de abstrativização do controle difuso, visto que foi dado em sede de ADI e
aplicou os efeitos vinculantes e erga omnes à uma questão incidental da ADI.
● “Em ação direta de inconstitucionalidade, com a proclamação do resultado final, se tem
por concluído e encerrado o julgamento e, por isso, não pode haver a sua reabertura
para fins de modulação.”
● Teoria da transcendência dos motivos determinantes: não admitida pelo STF. Só o
73 dispositivo possui efeito vinculante. Incabível reclamação fundada na transcendência
dos motivos determinantes.
● Lei de conversão de MP não convalida os vícios formais porventura existentes em
medida provisória, podendo estes vícios formais ser objeto de análise do STF.
● Não se aplica prazo em dobro para a Fazenda Pública apresentar recursos
Extraordinários contra decisão do TJ em controle concentrado de leis locais. ATENÇÃO:
a última decisão do STF em 2016, em sede de ADI, disse que não cabia prazo em dobro.

● APLICA-SE PRAZO EM DOBRO para a Fazenda Pública apresentar recursos
Extraordinários contra decisão do TJ em controle CONCRETO (REX) de leis locais.
● Declaração de inconstitucionalidade por órgão fracionário de ato normativo infralegais
como decreto legislativo de efeitos concretos (exaure-se com sua promulgação), não
viola a cláusula de serva de plenário, pois a cláusula de reserva de plenário sujeita a LEI
ou ATO NORMATIVO geral e abstrato.
● Não viola cláusula de reserva de plenário decisão de órgão fracionário que deixa de
aplicar norma infraconstitucional por entender não haver subsunção aos fatos ou que
a incidência normativa seja resolvida mediante a sua interpretação, sem potencial
ofensa direta à CF.
● Admite-se controle de constitucionalidade das leis orçamentárias independentemente
de seu caráter concreto ou abstrato.
● Nos processos do controle objetivo (concentrado/abstrato) de constitucionalidade, a
conexão ocorre somente em função da identidade do pedido/objeto entre as ações, e

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não excepcionalmente, visto que no controle abstrato, a causa de pedir é aberta


(fundamento).
o O STF, ao julgar as ações de controle abstrato de constitucionalidade, não está
vinculado aos fundamentos jurídicos invocados pelo autor. Assim, pode-se dizer
que na ADI, ADC e ADPF, a causa de pedir (causa petendi) é aberta. Isso significa
que todo e qualquer dispositivo da Constituição Federal ou do restante do bloco
de constitucionalidade poderá ser utilizado pelo STF como fundamento jurídico
para declarar uma lei ou ato normativo inconstitucional.
o Foi o que aconteceu na ADI em relação às legislações estaduais e o amianto. O
STF entendeu constitucional todas as normas estaduais que proíbam o uso de
amianto, declarando de maneira incidental (incidental significa que não é o
pedido principal) inconstitucional a norma federal que permite o uso de
amianto. aqui o DOD disse que houve abstrativização do controle difuso. Eu,
particularmente, DISCORDO.
● Aditamento em petição inicial de ADI só é admitido se anterior à requisição das
informações.
o Há exceções:
▪ Mudança textual irrelevante admite-se após requisição de informações.
▪ Alguns julgados de ADI contra MP não fixam limite para aditamento,
apenas dizendo que deve-se aditar em caso de substancial alteração da
74 norma. EXCEÇÃO! Pois se for alteração substancial, deve-se propor
NOVA ADI.
● Não cabe aditamento de petição inicial em controle de constitucionalidade de MP
quando esta foi reeditada e alterada em seu conteúdo de modo substancial. Deve ser
intentada outra ADI, pois a mudança foi substancial.
o Se meramente formal e irrelevante a alteração textual, ADMITE-SE o
aditamento.
● ADI contra MP não perde o objeto se quando da sua conversão em lei não houve
mudança substancial no seu texto. Isto porque houve o que se denomina de
“continuidade normativa entre o ato legislativo provisório e a lei que resulta de sua
conversão”.
● Representação de Governador por advogado ou procuradoria do Estado em ADI é
desnecessária, vez que legitimado a propor diretamente ADI. Ademais, não pode a
procuradoria propor, vez que esta é representante do ESTADO, e não do Governador.
● Não é função constitucional da arguição de descumprimento de preceito fundamental
atuar como instrumento de desconstituição da autoridade da coisa julgada em sentido
material”.
● Em regra, não é cabível ADI sob o argumento de que uma lei ou ato normativo violou
um tratado internacional. Em regra, os tratados internacionais não podem ser utilizados
como parâmetro em sede de controle concentrado de constitucionalidade. Exceção:
será cabível ADI contra lei ou ato normativo que violou tratado ou convenção
internacional que trate sobre direitos humanos e que tenha sido aprovado segundo a
regra do § 3º do art. 5º, da CF/88. Isso porque neste caso esse tratado será incorporado
ao ordenamento brasileiro como se fosse uma emenda constitucional. Ex: convenção

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de nova York sobre direito das pessoas com deficiência. Nem mesmo os tratados
SUPRALEGAIS, como Pacto de San José da Costa Rica pode, pois não possuem
envergadura constitucional.
o Todas essas espécies de tratados estão sujeitas a serem controladas, ou seja,
poderão vir a ser declarados inconstitucionais caso violem os limites da CF. Ou
seja, qualquer dessas modalidades de tratados poderá vir a ser objeto de
controle de constitucionalidade. (Status de emenda, supralegal, status legal)
● É admissível ADPF mesmo que tenha como pano de fundo a impugnação de decisões
judiciais de primeira e segunda instâncias.
● Não fica afastada a subsidiariedade da ADPF pelo fato de o ato impugnado na ADPF estar
ou puder ser veiculado em processo subjetivo e, neste, ser cabível sua desconstituição
em sede recursal ordinária ou extraordinária. Logo: Ainda que caiba REX, é possível
utilizar a ADPF.
● A perda do mandato parlamentar que tenha proposto a ação de controle preventivo de
constitucionalidade à EC implicará tornar o prosseguimento da ação IMPOSSÍVEL, na
forma da jurisprudência do STF, uma vez que há ausência de legitimidade para a causa.
● A distinção entre inconstitucionalidade e inconveniência também é aplicável no que
concerne às Emendas Constitucionais: aquele primeiro juízo tem como parâmetro a
interpretação da Constituição Federal, este último pode ter diversos parâmetros
(econômicos, políticos, sociais, culturais, etc.), não tendo aptidão para invalidar a

75 ●
norma.
A Emenda Constitucional só pode ser declarada inconstitucional materialmente se ferir
cláusulas pétreas, logo, está adstrito às limitações materiais, explícitas ou implícitas,
diferente das leis, que basta desrespeitar qualquer norma constitucional para ser
declara inconstitucional. Por isso, diz-se que o parâmetro de constitucionalidade das EC
é estreitíssimo.
● Papel do AGU nas ações de controle de constitucionalidade.
o É citado para defender o ato impugnado. (CF e lei 9868)
o A atuação do AGU é um múnus público, que pode ser mitigado quando houver
entendimento do STF quanto à inconstitucionalidade do ato impugnado.
o Quando já tiver manifestado em parecer sobre a inconstitucionalidade da
norma.
● É possível a celebração de acordo num processo de índole objetiva, como a ADPF,
desde que fique demonstrado que há no feito um conflito intersubjetivo subjacente
(implícito), que comporta solução por meio de autocomposição. Vale ressaltar que,
na homologação deste acordo, o STF não irá chancelar ou legitimar nenhuma das teses
jurídicas defendidas pelas partes no processo. O STF irá apenas homologar as
disposições patrimoniais que forem combinadas e que estiverem dentro do âmbito da
disponibilidade das partes. A homologação estará apenas resolvendo um incidente
processual, com vistas a conferir maior efetividade à prestação jurisdicional.
● Efeito repristinatório: a declaração de inconstitucionalidade de uma lei alcança,
inclusive, os atos pretéritos com base nele praticados, eis que o reconhecimento desse
supremo vício jurídico, que inquina de total nulidade os atos emanados do Poder
Público, desampara as situações constituídas sob a sua égide e inibe – ante a sua

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inaptidão para produzir efeitos jurídicos validos. A declaração de


inconstitucionalidade, seja ela lei permanente ou temporária, encerra um juízo de
exclusão, que, fundado numa competência de rejeição deferida ao STF, consistente em
remover do ordenamento positivo a manifestação estatal inválida e desconforme ao
modelo plasmado na Carta política, com todas as consequências daí decorrentes,
inclusive a plena restauração de eficácia das leis e das normas afetadas pelo ato
declarado inconstitucional.
o De um lado, há a suspensão cautelar de eficácia do ato reputado
inconstitucional, de outro, a restauração das normas estatais revogadas pelo
diploma objeto da ADI.
o EXCEÇÃO: não haverá efeito repristinatório se a norma anterior padecer do
mesmo vício de inconstitucionalidade
● . Os Conselhos Federais de Fiscalização Profissional (ex: Conselho Federal de Corretores
de Imóveis – COFECI) não podem propor ações de controle concentrado de
constitucionalidade porque não estão no rol do art. 103 da CF/88, que é taxativo.
Os conselhos de fiscalização profissional têm como função precípua o controle e a
fiscalização do exercício das profissões regulamentadas, exercendo, portanto, poder de polícia,
atividade típica de Estado, razão pela qual detêm personalidade jurídica de direito público, na
forma de autarquias. Sendo assim, tais conselhos não se ajustam à noção de entidade de classe,
expressão que designa tão somente aquelas entidades vocacionadas à defesa dos interesses dos
membros da respectiva categoria ou classe de profissionais.
76 STF. Plenário ADC 34 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 05/03/2015.
STF. Plenário. ADPF 264 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/12/2014.
Exceção: o Conselho Federal da OAB é legitimado para propor ADI ADC e ADPF (art. 103,
VII, da CF/88).
● Os princípios da razoabilidade e proporcionalidade servem como verdadeiro parâmetro
de aferição da constitucionalidade material dos atos estatais. STF.
● De acordo com a CF, os tratados internacionais de direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
votos dos respectivos membros, terão status de norma constitucional. Tais tratados
podem fundamentar tanto o controle de constitucionalidade quanto o controle de
convencionalidade.
● Não se aplica cláusula de reserva de plenário para as TURMAS do STF, vez que elas
possuem a competência regimental para declaração de inconstitucionalidade sem
ofensa ao artigo 97 da CF. Se possuem competência para julgar o Recurso
Extraordinário, por óbvio que possuem competência para declarar
inconstitucionalidade.
● Nesse sentido, altera o Supremo Tribunal sua jurisprudência, de modo a admitir a
legitimação das "associações de associações de classe", de âmbito nacional, para a ação
direta de inconstitucionalidade.
● Não basta para uma associação de classe que deseja fazer questionamentos sobre a
constitucionalidade de um dispositivo legal apenas dizer em seu estatuto que possui
abrangência nacional. Associações de classe precisam comprovar representatividade

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em, pelo menos, nove estados da federação para serem consideradas aptas a ajuizar
ações de controle concentrado de constitucionalidade.
o Tomando de empréstimo, por analogia, o critério do caráter nacional do art. 8º
da Lei nº 9.096/1995 para o registro de partidos políticos, firmou-se a
jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal no sentido de que suficiente a
prova da existência de membros ou associados em pelo menos um terço dos
Estados da Federação – nove Estados – para que configurado o caráter nacional
da entidade de classe a que alude o art. 103, IX, da Lei Maior.
● ATENÇÃO: em súmula vinculante, acrescenta-se os seguintes legitimados em relação à
ADI:
o VI - o Defensor Público-Geral da União;
o XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e
Territórios, os Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os
Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares.
● Para que haja intervenção federal em estado membro que deixa de pagar precatório,
deve ficar demonstrado que esse inadimplemento se deu de forma voluntária e
intencional. Dificuldade financeira não justifica intervenção.
● Súmula 637-STF: Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de
Justiça que defere pedido de intervenção estadual em Município
o O recurso extraordinário destina-se a impugnar decisões judiciais (em sentido
estrito). Quando o Tribunal de Justiça decide um pedido de intervenção
estadual essa decisão, apesar de emanar de um órgão do Poder Judiciário,
77 reveste-se de caráter político-administrativo (e não jurisdicional). Logo, por se
tratar de uma decisão político-administrativa proferida pelo Poder Judiciário,
contra ela não cabe recurso extraordinário já que não existe uma “causa judicial
● Constitucional previsão de reclamação na Constituição dos Estados. Não implica invasão
de competência para legislar sobre direito processual. Não possui natureza jurídica de
recurso, é um direito constitucional de petição.
o ATENÇÃO: STF mudou de entendimento quanto à natureza. Ele entende possuir
natureza jurídica de ação, uma vez que há necessidade de contraditório prévio
através do ingresso do beneficiário do ato como parte. Assim, há condenação
em honorários.

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