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FACULDADE BOAS NOVAS DE CIÊNCIAS


TEOLÓGICAS, CURSO DE CIÊNCIAS TEOLÓGICAS

Jorge Albert dos Santos Conceição

O MOVIMENTO PURITANO E SUA TEOLOGIA

MANAUS
2016
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Jorge Albert dos Santos Conceição

O MOVIMENTO PURITANO E SUA TEOLOGIA

Trabalho final apresentado para obtenção de título


de graduação. Curso de Ciências Teológicas da
Faculdade Boas Novas FBN, Turma Modular
para Pastores II, Turma II, Disciplina História da
Teologia.

Orientador: Prof. Msc. Daniel Barros

MANAUS
2016
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O Puritanismo foi um movimento que surgiu dentro do protestantismo britânico no final


do século 16. A Inglaterra estava separada da submissão papal, mas não da doutrina, liturgia, e
ética católica. O rei inglês Henrique VIII por motivos pessoais, e não por convicção teológica
liderou uma reforma política no Reino Unido “Inglaterra, Escócia, Irlanda e País de Gales” que
defendia o rompimento com a Igreja Católica Romana, vindo a originar-se a Igreja Anglicana.
O monarca inglês faleceu e o seu filho, Eduardo VI, tornou-se rei em seu lugar, o jovem regente
inglês possuía conselheiros influenciados pela Reforma protestante. Alguns teólogos e
professores foram convidados para liderar a Reforma na Inglaterra. Entretanto, este projeto não
foi adiante, pois o novo rei veio a falecer prematuramente. A sua irmã mais velha, Maria Tudor,
a sanguinária, assumiu o trono ordenando a morte de todos os protestantes, prendendo e
expulsando muitos outros do Reino Unido.
Em 1559, Elizabeth I sucedeu à sua meia-irmã Maria Tudor. A nova rainha da Inglaterra
era simpatizante da Reforma, mais não totalmente era convertida, inicialmente esperançosos,
pensaram que teriam mais liberdade de culto, os puritanos se decepcionaram amargamente.
Quando rainha insistiu em controlar a igreja, manteve os bispos e as cerimônias. Ainda em
1559, solicitou a revisão do Livro Comum de Oração, e editou em 1562, os 39 Artigos de Fé
como padrão doutrinário da Igreja Anglicana. Autorizou a volta dos reformadores ingleses
exilados. Todavia, os que retornaram estavam insatisfeitos com a lenta e parcial Reforma
eclesiástica que Elizabeth I estava realizando. Justo L. González comenta que os que foram
expulsos “trouxeram consigo fortes convicções calvinistas, de modo que o Calvinismo se
estendeu por todo o país”. Eles haviam contemplado o que os princípios da Reforma poderiam
fazer em outros países, agora estavam comprometidos em aplicá-los em sua terra natal.
A começar pela liderança da Igreja, a prática do evangelho não estava sendo observada.
Os puritanos exigiam não apenas mudanças externas, religiosas e políticas, mas mudança de
valores, manifesto numa ética que agradasse a Deus, de conformidade com a Palavra de Deus.
Foi por causa deste último ponto que o apelido puritano tornou-se mais conhecido. Eles eram
considerados puros demais, porque queriam ter uma vida cristã coerente com a Escritura!.
Quando o Rei Charles “permitiu ou concedeu” uma carta de privilégios à Massachusetts “Bay
Company”, o documento falhou em não especificar que a sede e a direção da Companhia tinham
de permanecer na Inglaterra. Os acionistas Puritanos tiraram proveito dessa omissão e
combinaram em transferir a Empresa e toda a sua direção para a América. Fizeram todo o
esforço então para estabelecer uma comunidade bíblica, uma república santa e cristã, como um
verdadeiro exemplo para a Inglaterra e para o mundo.
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No país de origem, todo cidadão britânico fazia parte da Igreja Nacional da Inglaterra.
Na nova Inglaterra apenas os verdadeiros convertidos eram membros da igreja. Somente
aqueles indivíduos cujas vidas haviam sido transformadas pela crença no Evangelho de Cristo,
tinham acesso ao Rol de Membros da Igreja. Somente estes tinham direito de voto na Colônia.
Eles tentavam estabelecer normas para uma ordem social piedosa, uma sociedade que
verdadeiramente glorificasse a Deus. Como a Lei Mosaica regulamentou a sociedade de Israel
nos Dias do Velho Testamento, do mesmo modo a Igreja sob a autoridade das Escrituras poderia
ser regulamentada na sociedade da Nova Inglaterra. Não havia lugar para concessões contrarias
na América Puritana, todos aqueles que não estivessem de acordo com os sublimes propósitos
da colônia, estavam livres para ir, se mudar para qualquer lugar. Em que pese serem os puritanos
pessoas de uma convicção e fé muito fortes, eles não eram individualistas. Eles vieram para a
Nova Inglaterra “América” em grupos, não como povoadores individuais. Muitas vezes,
congregações inteiras, lideradas pelos seus Ministros, deixaram a Inglaterra e se estabeleceram
juntas na Nova Inglaterra. Organizadamente se estabeleceram em vilas, construindo seus
templos ou pequenas congregações bem no centro da cidade. A Igreja era o centro de sua
comunidade, provendo propósito e direção para suas vidas.
O puritanismo influenciou a tradição reformada no culto, governo eclesiástico, teologia,
ética e espiritualidade. Quatro convicções básicas:
1º A salvação pessoal vem inteiramente de Deus;
2º A Bíblia constitui o guia indispensável para a vida;
3º A igreja deve refletir o ensino expresso das Escrituras;
4º A sociedade é um todo unificado.
Os pregadores-teólogos puritanos escreveram com detalhes sobre a maneira pela qual a
Graça de Deus poderia ser identificada na experiência humana, indo além de religiosidade
formal e expressando-se numa transformação interior da morte no pecado para a vida em Cristo,
com base na fé. Os diários e autobiografias dos puritanos revelam quão intensa essa luta podia
ser e como se tornaram pessoais os grandes temas da teologia reformada.
Sem negligenciar a obra e o ser de Deus ou os grandes temas da eleição, vocação,
justificação, adoção, santificação e glorificação, a ênfase dos teólogos puritanos na experiência
religiosa e na piedade prática deu aos seus escritos um teor incomum entre os teólogos
reformados de outras partes da Europa. Um bom exemplo disso é O Peregrino 1676, de John
Bunyan.
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A ênfase prática da teologia puritana levou-a a dar grande atenção à ética pessoal e social
em casos de consciência, discussões sobre vocação e o relacionamento entre a família, a igreja
e a comunidade no propósito redentor de Deus.
A reforma do culto e da prática religiosa popular, ouvindo e obedecendo a palavra de
Deus, bem como a santificação do tempo convergiram no desenvolvimento do sabatarianismo,
um dos legados mais duradouros da teologia puritana aplicada.
Em 1625-164 d.C. Carlos I, esse rei manteve a política de repressão contra os puritanos,
o que levou um grupo não-separatista a ir para Massachusetts em 1630. No final do seu reinado,
entrou em guerra contra os presbiterianos escoceses e contra os puritanos ingleses. Estes eram
maioria no Parlamento e convocaram a Assembléia de Westminster 1643-49 d.C., que elaborou
os famosos e influentes documentos da fé reformada.
Thomas Goodwin 1600-1680 d.C. Foi influenciado por Sibbes e outros. Estava
destinado a uma promissora carreira eclesiástica, mas abriu mão da mesma ao ser convencido
por John Cotton 1584-1652 d.C. Da legitimidade da independência. Depois de algum tempo na
Holanda, desempenhou um papel importante na Assembléia de Westminster. Teve atuação
destacada no regime de Cromwell e foi presidente do Magdalen College, em Oxford. Buscou
unir independentes e presbiterianos em Cristo, o Pacificador Universal (1651). Seu profundo
encontro pessoal com Cristo permeou todos os seus escritos.
A princípio não havia cânticos de hinos nos cultos dos Puritanos. Apenas os Salmos ou
textos parafraseados da Bíblia eram cantados. O primeiro livro impresso na América foi o
“Livro Geral dos Salmos”, uma versão métrica dos Salmos de Davi, impresso em 1640. A
família era a instituição básica mais importante da sociedade Puritana, e funcionava como uma
igreja em miniatura. Estabelecida por Deus antes de qualquer outra instituição e antes da queda
do homem, a família era considerada o fundamento de toda vida civil, social e eclesiástica.
Todos os dias, pela manhã e à noite, a família se reunia para cultuar, a aos domingos se
alegravam em poder cultuar junto com outras famílias.
Os puritanos não estavam interessados somente na purificação do culto e do governo
eclesiástico. Todo o corpo político, também precisava de purificação. Apoiando-se em Martin
Bucer e João Calvino, eles insistiram na criação de uma sociedade cristã disciplinada. Achavam
que uma nação inteira podia fazer uma aliança com Deus para a realização desse ideal.
Esperanças milenaristas e o exemplo do Israel bíblico os impeliram nessa direção.

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