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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS – PUC/MG

Campus Praça da Liberdade


Pós-Graduação em Direito Processual Civil
Disciplina de Tutelas Provisórias
Professor Sílvio de Sá
Grupo: Bernardo Cordeiro Kaufmann, Letícia Ourívio Faria e Mariana
Almeida Dias.

Resumo Indicativo do Capítulo 6 da obra ‘Tutelas Provisórias do Novo


CPC’ de Jean Carlos Dias, intitulado ‘Procedimento das Tutelas de
Urgência no Novo Código de Processo Civil’ .

A obra ‘Tutelas Provisórias do Novo CPC’ objetiva analisar a


disciplina das tutelas de urgência e evidência na vigência da Lei n°
13.105/2015 (Novo Código de Processo Civil).

O presente resumo será feito respeitando os tópicos utilizados pelo


próprio autor no capítulo recebido pelo grupo.

O capítulo intitulado ‘Procedimento das Tutelas de Urgência no Novo


Código de Processo Civil’ abrange os temas da tutela antecipada antecedente,
da tutela cautelar antecedente, da tutela antecipada incidental e da tutela
cautelar incidental. Consta, ainda, neste capítulo comentários sobre a
responsabilidade civil processual, a efetivação das tutelas urgentes e discute
sobre a “irreversibilidade” da tutela antecipada.

O tópico 6.1, intitulado ‘TUTELAS ANTECIPADAS


ANTECEDENTES’, apresenta o procedimento de análise e concessão da tutela
antecipada antecedente, afirmando que se trata de inovação trazida pelo Novo
Código de Processo Civil, com o objetivo de estabelecer a possibilidade de
pedidos de tutelas satisfativas urgentes antes mesmo da discussão meritória
da lide.

Neste diapasão, o artigo 303 do Código de Processo Civil prevê


duas hipóteses de pedidos de tutela satisfativa de urgência, isto é, de forma
exclusivamente preliminar, cuja postulação está adstrita a demonstração do
‘fumus boni juris’ e do ‘periculum in mora’, ou, além de requerer a concessão
da tutela antecipada satisfativa, pretender o pronunciamento judicial exauriente.

O autor defende que a existência dessas duas hipóteses


representam importantes implicações no procedimento a ser adotado, bem
como afeta a própria estabilização do instituto.
Assim, independentemente da escolha dos litigantes (isto é, ter
consignado o interesse em obter a tutela de urgência sumária e a definitiva
exauriente ou o requerimento apenas da providência urgente), é necessário
que estes demonstrem se a situação litigiosa pode ser resolvida apenas com a
concessão da liminar, tornando desnecessário o pronunciamento definitivo do
magistrado, ou se a lide depende da análise da tutela antecipada e da decisão
de mérito, uma vez que o procedimento será desenvolvido em função da opção
escolhida.

Após as considerações iniciais, o autor reafirma que em ambos os


casos é estritamente necessário demonstrar o ‘fummus boni juris’ e o
‘periculum in mora’ na petição inicial, utilizando-se de provas documentais ou
orais para demonstrar os requisitos e os fatos constitutivos do direito.

Ressalta, por oportuno, que para a produção de prova oral é


facultado ao autor a designação de uma audiência de justificação, prevista no
artigo 300, § 2° do Código de Processo Civil, sendo que a referida justificação
prévia não se processa em contraditório, visto que esta faculdade assegurada
ao autor somente tem a finalidade de produzir prova a ser anexada à exordial.

Em seguida, o tópico dispõe que, antes do indeferimento liminar da


petição inicial por ausência de demonstração dos requisitos do ‘fummus boni
juris’ e do ‘periculum in mora’, o Juiz competente indicará os elementos
faltantes e, posteriormente, intimará a parte para emendar a inicial para nova
análise.

Sendo certo que, em observância ao princípio da boa-fé não é


cabível, após a intimação para a supressão das lacunas indicadas, a
postergação da decisão ou a indicação de novos motivos obstativos a
concessão da medida liminarmente requerida pela parte autora.

Inclusive, frisa que nos casos em que a demonstração da ‘fumaça


do bom direito’ e do ‘perigo da demora’ esteja baseada somente em provas
documentais, o procedimento a ser adotado pelo magistrado, imediatamente
após o recebimento dos autos, é o exame dos requisitos e, estando estes
presentes, a concessão, de forma liminar, da pleiteada providência liminar.

Esclarece também que, nos casos de deferimento da liminar, nas


quais a parte autora também busca a tutela definitiva, deve ser feita a
intimação do interessado para deduzir os pedidos relacionados à questão de
fundo e seus respectivos fundamentos jurídicos de modo a possibilitar a
cognição exauriente.

O ato processual seguinte é a citação e intimação do réu para


audiência de conciliação/mediação, nos termos do artigo 334 do Código de
Processo Civil e a abertura de prazo para apresentação de defesa, de forma a
seguir o procedimento comum até a prolação da sentença.

Por outro viés, não sendo do interesse do autor a tutela definitiva,


buscando tão somente a providência em caráter urgente, não haverá
aditamento da inicial (artigo 300, § 2° do Código de Processo Civil) e a liminar
continuará em vigência, produzindo seus efeitos e o processo será extinto sem
resolução do mérito.

O autor salienta que tal forma de extinção não faz com que a liminar
perca sua efetividade, por que isso somente ocorre se esta for alterada ou
cassada.

Trata-se, na verdade, da estabilização, instituto processual que


concede à liminar a potencialidade para a resolução definitiva de conflitos.
Todavia, não possui efeitos de coisa julgada, visto que pode ser desconstituída
nos casos estritamente previstos na legislação.

Neste contexto, a interpretação literal do artigo 304 do Código de


Processo Civil revela que a única forma de evitar a estabilização seria a
interposição do recurso de agravo de instrumento.

Contudo, a doutrina majoritária entende que o termo “recurso” deve


ser entendido como toda e qualquer resistência/oposição do réu, como a
contestação antecipada ou o pedido de realização da audiência de mediação e
estabilização.

Ademais, após a estabilização da liminar e o arquivamento do


processo extinto, qualquer das partes poderá, no prazo decadencial de 2 (dois)
anos, provocar o seu reexame por meio da demanda revisional, deduzindo os
fundamentos de mérito necessários visando a decisão exauriente, que poderá
manter ou não a liminar estabilizada (artigo 304, § 2°, do Código de Processo
Civil). Ocorrendo, por conseguinte, a substituição da liminar pela decisão
definitiva de mérito, que terá incidência da coisa julgada.

Ultrapassado o referido prazo decadencial para utilização do


procedimento processual revisional, a parte interessada poderá apresentar ao
juízo competente a questão meritória de fundo em demanda independente, de
modo que a sentença de mérito proferida reveja ou mantenha a liminar
estabilizada.

O tópico 6.2, intitulado “TUTELAS CAUTELARES


ANTECEDENTES”, define que a tutela cautelar é medida instrutória ou
conservativa, de natureza não satisfativa, com o objetivo de garantir o êxito do
processo principal, assegurando a eficácia do resultado e evitando que, com o
passar do tempo, o mesmo se torne inútil.
O autor deve demonstrar o risco marginal conjuntamente com a
demonstração fática do direito que pretende ver reconhecido em juízo na
petição inicial.

O artigo 300, §2o, do Código de Processo Civil determina que a


medida liminar será concedida quando presentes os requisitos e,
posteriormente, será determinada a citação do réu para apresentar contestação
no prazo de 5 (cinco) dias.

O autor aponta que ultrapassado o prazo e sendo o réu revel será


produzida decisão interlocutória sobre o pedido cautelar, impugnável por meio
de agravo de instrumento. Não interposto o recurso, esta se tornará decisão
definitiva e, portanto, apta a receber os efeitos da coisa julgada.

Entretanto, apresentada defesa, a ação passará a seguir o rito


comum e, no prazo de 30 (trinta) dias da efetivação da liminar, o autor deverá
apresentar o pedido principal, nos mesmos autos e sem pagamento de custas.

O pedido principal deverá deduzir todas as questões fáticas e de


direito visando ao pronunciamento do magistrado, podendo, inclusive, ser mais
amplo em relação ao pedido inicial.

Cumpre salientar que o artigo 309 do Código de Processo Civil


dispõe que, na hipótese de não serem deduzidos os pedidos principais no
prazo legal ou se a liminar concedida não for efetivada no prazo legal (por
negligência ou inércia da parte), a providência cautelar perderá seus efeitos e a
ação poderá ser extinta com ou sem resolução do mérito e o autor estará
impedido de repropor a demanda sob os mesmos fundamentos.

O autor esclarece que a tutela cautelar possui uma feição


unicamente processual e permite sua conexão com o mérito de forma
subsidiária e acidental, não possuindo viabilidade para proteger direitos
subjetivos.

O tópico 6.3, intitulado “TUTELA ANTECIPADA E CAUTELAR


INCIDENTAL” trata da sistemática e procedimento de requerimento das tutelas
de urgência, com enfoque especial na concessão de tutelas de urgência
incidentais.

As pretensões urgentes poderão ser apresentadas na exordial ao


mesmo tempo dos pedidos meritórios (artigo 308, §1°, do Código de Processo
Civil), bem como no curso do processo, desde que demonstrados os requisitos
de cabimento (‘fumaça do bom direito’ e ‘perigo da demora’).

O autor frisa que a estabilização das tutelas antecipadas ocorre tão


somente no procedimento antecedente, não se aplicando a tutela incidental,
uma vez que a postulação já é eminentemente exauriente.
O pedido incidental independe do pagamento de novas custas e,
conforme o caso, será novamente abordado como capítulo da sentença.

O tópico 6.4, intitulado “RESPONSABILIDADE CIVIL


PROCESSUAL” explica que o código processual atual torna o regramento da
responsabilização comum a todas as formas de tutela de urgência.

Relativamente ao método de responsabilização, a doutrina entende


que existem duas correntes.

A primeira defende que todas as hipóteses previstas no artigo 302


do Código de Processo Civil deverão ser aferidas com base no critério de
responsabilidade objetiva.

Já a segunda corrente entende que para as diversas situações


reguladas no referido artigo, o método de responsabilização deve ser
empregado de forma distinta, cabendo a responsabilidade objetiva em
determinados casos (como quando o dano decorre da ausência de oferta de
meios para a citação) e em outros a aplicação de responsabilidade subjetiva
(como quando o dano é resultante da declaração de decadência ou
prescrição).

O tópico 6.5, intitulado “EFETIVAÇÃO DAS TUTELAS URGENTES”


apresenta a noção de que, para fins de cumprimento, as providências urgentes
devem ser consideradas como títulos executivos judiciais.

Assim, a realização de seus comandos seguirá as técnicas de


cumprimento da decisão judicial nos limites possíveis de aplicação,
considerando a sua própria natureza sumária e o grau de definitividade.

O último tópico do capítulo estudado (6.6), intitulado


“IRREVERSIBILIDADE DA TUTELA ANTECIPADA” salienta que as previsões
contidas no código processualista devem ser analisadas com atenção, uma vez
que a interpretação equivocada pode resultar em inobservância ao princípio
constitucional de acesso à justiça.

Isso porque o objeto das disposições do artigo 300, §3º, do Código


de Processo Civil – que estabelece que não será concedida a tutela antecipada
quando os efeitos da decisão forem irreversíveis – são os efeitos, e não a
medida em si mesma.

O autor afirma, inclusive, que sendo possível a substituição por um


meio idôneo, não há que se falar em irreversibilidade. Com efeito, o caso
concreto e os direitos em via de tutela devem ser considerados na decisão da
concessão, de forma fundamentada, pois mesmo que não seja possível a
reversão de seus efeitos ‘in natura’, pode haver outro equivalente aplicável ao
caso (como a conversão em moeda e a sucessiva exigência de obrigação de
pagamento).

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