Você está na página 1de 6

1/6

ESCOLA SECUNDÁRIA NUNO ÁLVARES


Curso Tecnológico de Acção Social

SAÚDE E SOCORRISMO 11º ANO

Sistema imunitário e seus mecanismos de acção

O organismo humano é penetrado constantemente por agentes infecciosos (bactérias, vírus,


fungos e protozoários), podendo também ser invadido por parasitas ou por substâncias capazes de
alterar o funcionamento de certos órgãos ou tecidos.
A defesa do organismo contra estas infecções é feita pelo sistema imunológico ou imunitário. Logo,
imunidade é a capacidade do organismo resistir às agressões, quer dos agentes infecciosos quer
de outros.

O deficiente funcionamento do sistema imunitário pode dar origem a imunodeficiências e a perda


de defesas. As doenças autoimunes, alergias e tumores podem advir da desregulação deste
sistema. Para além dos agentes infecciosos, as células cancerosas e os tecidos ou órgãos
transplantados por vezes também são interpretados pelo sistema imunitário como algo contra o
qual o corpo deve ser defendido.

Embora este sistema seja complexo, a sua estratégia básica é simples: reconhecer o inimigo,
mobilizar forças e atacar. Compreender a anatomia e os componentes do sistema imunitário torna
possível ver como essa estratégia funciona.

CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA IMUNITÁRIO

 Linfa, um líquido pálido e espesso rico em células imunitárias (leucócitos).

Leucócitos (ou glóbulos brancos), têm origem na medula óssea, onde muitos deles também
amadurecem, e posteriormente migram para supervisionar os tecidos. Os leucócitos diferem entre
si quer na sua forma, quer na sua função. Assim podemos distinguir os leucócitos em dois grupos:

Neutrófilos
Granulócitos Eosinófilos
Basófilos
Leucócitos
(glóbulos brancos) Linfócitos B
Linfócitos
Linfócitos T
Agranulócito
s Monócitos/
Macrófagos
2/6

 Substâncias solúveis, que são moléculas que estão dissolvidas. Alguns exemplos são os
anticorpos, as proteínas do complemento e o interferão.

 Um sistema de circulação próprio, constituído pelos vasos linfáticos. Nestes vasos, a linfa circula
por todo o organismo (excepto o cérebro) trocando substâncias com as células (fig. 1). A linfa (para
além de transportar leucócitos) remove produtos de excreção celular e, por outro lado, ajuda a
retornar a água, proteínas e outras substâncias para a corrente sanguínea.

 Órgãos linfóides (gânglios linfáticos, amígdalas, adenóides, medula óssea, baço, apêndice,
fígado, timo, pulmões e placas de Payer nos intestinos) - fig. 2. Os gânglios linfáticos estão
geralmente aglomerados em áreas onde os vasos linfáticos se ramificam, como o pescoço, as
axilas e virilhas. É nos gânglios linfáticos que agentes infecciosos e células mortas são destruídos
pelos glóbulos brancos.

Células

Vaso linfático
Vaso sanguíneo

Fig. 1

Fig. 2

MECANISMOS DE DEFESA

Ao considerarmos os mecanismos de defesa contra as diversas agressões, identificam-se dois


tipos principais de imunidade: a imunidade inata e a imunidade adquirida. Dentro de cada uma
delas, há que considerar vários mecanismos diferentes, como mostra o esquema seguinte.
3/6

Inflamação
Fagocitose
Imunidade inata ou natural
Interferão
Sistema complemento

Imunidade

Imunidade humoral
Imunidade adquirida
Imunidade mediada por células

Imunidade inata ou natural (mecanismos de defesa não específica)

A imunidade inata nasce com o indivíduo e protege o organismo contra agentes infecciosos e
toxinas, desde o nascimento. Os mecanismos de defesa não específica designam-se assim porque
actuam sempre da mesma forma contra qualquer tipo de corpos estranhos. As suas barreiras são:

 A pele. A sua superfície é constituída por células mortas ricas em queratina, uma proteína que
impede a entrada de microorganismos. As secreções ligeiramente ácidas e lipídicas das glândulas
sebáceas e sudoríparas criam um microambiente cutâneo hostil ao crescimento excessivo de
bactérias.
 A saliva e as lágrimas contêm enzimas bactericidas.
 O suco gástrico (existente no estômago) é uma poderosa defesa contra bactérias, devido ao
baixo pH e enzimas destruidoras de bactérias.
 No intestino, as numerosas bactérias da flora normal competem com potenciais agentes
infecciosos por comida e locais de fixação, diminuindo a probabilidade de estes últimos se
multiplicarem e causarem uma doença.

Todavia, há agentes infecciosos que conseguem transpor estas barreiras e, nesse caso, actuam
outros mecanismos de defesa não específica: a fagocitose, a inflamação, o interferão e o sistema
complemento. Todas estas respostas são rápidas (minutos).

Fagocitose
4/6

Cerca de meia hora a uma hora após o início da reacção inflamatória, começam a passar para os
tecidos infectados os leucócitos fagocitários (principalmente neutrófilos e macrófagos). Estas
células têm a capacidade de estender porções celulares (pseudópodes) de forma direccionada,
englobando uma partícula ou microorganismo estranho e formando um vacúolo. Neste, a partícula
ou organismo é digerido devido a enzimas e ácidos (fig. 3).

Fig. 3

No entanto, os leucócitos fagocitários morrem após algumas fagocitoses e, se o número de


invasores e de detritos for grande, poderão ambos, fagocitários e bactérias, ficar presos num
líquido que se denomina pus.

Inflamação

No local onde os agentes infecciosos conseguem penetrar no organismo vai produzir-se uma
reacção inflamatória para neutralizar ou destruir esses agentes (fig. 4). No tecido lesionado, alguns
tipos de leucócitos fagocitam o agente infeccioso e produzem substâncias que funcionam como
“sinalizadores químicos”. Estes atraem outros
leucócitos para a área danificada e provocam a
dilatação e o aumento da permeabilidade dos
vasos sanguíneos. Como consequência, vai
aumentar o fluxo sanguíneo (responsável pelo
calor e rubor local) e a quantidade de fluido
intersticial, originando um edema (inchaço). A
dor, normalmente associada, é devida à
distensão dos tecidos e à acção de várias
substâncias nas terminações nervosas.

Fig. 4
5/6

Interferão

Quando certas células detectam a presença de agentes infecciosos, produzem proteínas


designadas interferões, que actuam como mensageiros. Os interferões saem da célula e entram na
corrente sanguínea, até chegar às células vizinhas que ainda não foram atacadas. Assim, estas
células não infectadas tornam-se resistentes, evitando uma infecção.

Sistema complemento

O sistema complemento é um grupo de cerca de 25 proteínas presentes no sangue. Elas


reconhecem os agentes infecciosos e ligam-se a eles, podendo ter duas acções. Geralmente,
criam um poro no agente pelo qual entra água excessiva, levando ao “rebentamento” deste. Outras
vezes apenas facilitam a fagocitose, pois tornam os agentes infecciosos mais facilmente
identificáveis pelos macrófagos (fig. 5).

Macrófagos

Agente infeccioso

Sistema
complemento
Fig. 5

Imunidade adquirida (mecanismos de defesa específica)

A imunidade adquirida refere-se à protecção que existe num organismo quando foi previamente
exposto a determinados agentes infecciosos. As características que definem a imunidade adquirida
são a grande especificidade para os diferentes “agressores” e a capacidade de "lembrar" e
responder mais vigorosamente às repetidas exposições ao mesmo agente infeccioso, apesar de
ser uma resposta mais lenta, pois demora dias.
A imunidade adquirida inclui a imunidade humoral e a imunidade mediada por células.

Imunidade humoral
6/6

Os “agentes estranhos” ao organismo possuem, na sua composição, antigenes (radicais químicos


que induzem respostas específicas). Quando a presença desse antigene no organismo é
detectada, origina-se uma proteína específica para neutralizar esse antigene (anticorpo). Cada
anticorpo combina-se única e especificamente com um antigene, neutralizando-o (fig. 6).
Por outras palavras, antigene e anticorpo justificam a frase: “foram feitos um para o outro”.

Fig. 6

Imunidade mediada por células

Os linfócitos T têm capacidade para reconhecer alguns antigenes que se ligam à superfície de
certos leucócitos.

Por exemplo, se um determinado agente infeccioso for fagocitado por um macrófago, este exibe e
apresenta o antigene do agente infeccioso aos linfócitos. A exposição e ligação de linfócitos ao
antigene específico estimula a proliferação destas células (fig. 7). Assim, no caso de haver uma
nova “invasão” desse agente infeccioso, o organismo já tem defesas específicas contra ele e tem
capacidade rápida de resposta.

Este tipo de imunidade pode durar uma vida inteira, o que justifica porque é que só se tem certas
doenças uma vez na vida, como a varicela, papeira, rubéola, etc. Outro exemplo é o caso das
alergias: após cada exposição ao alérgeno, a resposta imunológica é cada vez mais rápida e
“intensa”.

Fig. 7

Você também pode gostar