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NÃO LESÕES
1.1. DEFINIÇÃO
São estruturas normais que, por serem pouco conhecidas ou semelhantes a lesões, são ocasionalmente
interpretadas como tal. São alterações de pouca ou nenhuma importância diagnóstica, porém com ocorrência
comum que devem ser reconhecidas e compreendidas durante a necropsia.
Melanose
Pigmentação normal e frequente na mucosa oral de várias raças de cães. A pigmentação aumenta com
o avanço da idade. Não deve ser confundida com melanoma.
Fímbrias linguais
Também conhecida como hiperplasia epitelial da borda da língua, comum em leitões recém-nascidos
e menos frequente em filhotes de cães. A superfície lateral da língua está coberta por franjas de epitélio
hiperplásico de 5-10 mm. Essa franja é normal no momento do nascimento e será perdida por meio de traumas
mecânicos durante o período de amamentação. Sua causa e função não são conhecidas.
Hiperemia gástrica
Observa-se uma coloração mais vermelha da mucosa glandular do estômago. É um achado fisiológico
comum no estômago de muitas espécies, especialmente em equinos e suínos. A falta de hemorragia, exsudato,
edema e úlceras diferenciam da gastrite. Áreas avermelhadas no estômago são normais e uma redistribuição
sanguínea após a morte também deve ser considerada.
Papilas ungueais
As papilas ungueais apresentam forma de garra. São firmes e cornificadas, localizadas na porção distal
da goteira esofágica e do omaso de ruminantes. Nos animais jovens que são alimentados com leite, apresentam
uma coloração branco-opaca. As papilas ungueais variam em comprimento, tornando-se mais longas com dieta
rica em fibras. Animais que consomem dietas com menos de 10% de fibras podem desenvolver paraqueratose
ruminal.
Papila duodenal
São duas estruturas nodulares, uma maior que a outra, localizadas na mucosa do intestino delgado
(duodeno) da maioria das espécies. São aberturas normais da bile e dos ductos pancreáticos. São erroneamente
considerados pólipos ou neoplasias, principalmente no equino em que a papila duodenal é muito proeminente.
Folículos linfoides
São pequenos focos arredondados, com vários milímetros de diâmetro, distribuídos pelo ceco e cólon,
principalmente em cães, suínos e equinos. O tecido linfoide intestinal representa 25% da massa linfoide do
organismo, estando presente na superfície antimesentérica do intestino.
Estômago de equino
Em equino é normal observar o estômago firme e distendido, decorrente de uma dieta com alimentos
mais secos.
Corpúsculos de Pacini
Os corpúsculos de Pacini normalmente estão presentes no tecido conjuntivo interlobular do pâncreas
e do mesentério de felinos, e são visíveis macroscopicamente como nódulos de 1-3 mm de tamanho.
Melanose
A pigmentaçção melânica apresenta uma coloração cinza ou preta. É frequentemente observada na
artéria pulmonar e aorta de ovinos; e cérebro, meninge, adrenal, útero, traqueia, rins, cavidade oral e esôfago
de várias espécies.
Nódulos de Arantius
São pequenos nódulos pálidos e firmes de 1-2 mm localizados no meio das bordas livres da válvula
aórtica semilunar. São estruturas normais, sendo mais evidentes em suínos, mas podem ser observados em
outras espécies. Eles devem ser diferenciados de granulomas por estrongilídeos sobre as cúspides da aorta em
equinos. Nesse caso estes granulomas serão irregulares na localização e no tamanho.
Osso do coração
São dois ossos finos, pontiagudos, curvos e triangulares encontrados na base do coração de bovinos.
Eles são muitas vezes confundidos com ossificação anormal do anel fibroso da base do coração na maioria das
espécies à medida que envelhecem.
Linfáticos do epicárdio
Os vasos linfáticos do epicárdio, especialmente em bovinos, podem apresentar-se como estriações
brancas proeminentes.
Miocárdio pálido
Palidez focal ou difusa é observada no miocárdio de cães e equinos jovens.
Gordura no endocárdio
Ocorre na maioria das espécies, tanto em animais obesos, como naqueles com estado nutricional
normal. Podem ocorrer pequenos focos pálidos de 1-2 mm até vários centímetros de diâmetro no endocárdio
ou nas fendas naturais do próprio endocárdio. Esse depósito de gordura normal são mais pronunciados em
bovinos e equinos excessivamente obesos.
Melanose
A melanose congênita é um achado incidental comum em suínos e ruminantes, sendo observada
principalmente no abate. É caracterizada por manchas cinza ou pretas com alguns centímetros de diâmetro
disseminadas pelo parênquima pulmonar. A melanose não tem nenhum significado clínico, e a textura dos
pulmões permanece inalterada.
Fibrose da pleura
É a presença de grandes áreas de tecido conjuntivo sobre a superfície dorsal dos lobos caudais dos
pulmões na maioria das espécies, principalmente em bovinos e ovinos. É uma característica anatômica normal
nestas espécies.
1.5. SISTEMA UROGENITAL
Rins pálidos
É comum em gatos. O rim apresenta uma coloração amarelada pelo fato de apresentar uma maior
quantidade de conteúdo lipídico nas células epiteliais dos túbulos renais.
Sedimento urinário
Uma quantidade relativamente grande de material de coloração amarelo-alaranjado é encontrada na
bexiga urinária de equinos normais. Erroneamente é interpretado como pus. É um achado normal,
principalmente em equinos com acesso limitado a água. Esse material é proveniente de resíduos da urina, sais
e mucos das glândulas mucosas da pelve renal. Material semelhante é observado em coelhos e porquinhos da
índia. É visto em ambos os sexos, porém é mais comum no macho.
Pênis do cão
É composto de osso no corpo cavernoso do pênis.
Linfonodo hepático
Os linfonodos hepáticos de bovinos e ovinos apresentam frequentemente uma coloração entre marrom
e preto. Devido à notável atividade fagocitária dos macrófagos dos seios medulares, a medula pode estar corada
por material fagocitado. Nessas espécies, os linfonodos hepáticos são acometidos pela hematina parasitária,
um pigmento produzido pela Fasciola hepatica.
Linfonodos hemais
São estruturas normais, semelhantes aos gânglios linfáticos, encontrados apenas em ruminantes.
Apresentam coloração vermelho escuro, pois o tecido linfático está repleto de sangue. Os nódulos hemais estão
localizados nas cavidades abdominal e torácica, principalmente na gordura mesentérica abdominal.
Baço de anestesia
O órgão está aumentado de tamanho, macio e quando cortado flui sangue em abundante quantidade.
Soluções anestésicas, principalmente barbitúricos, utilizados para procedimentos de eutanásia ou quando são
utilizados em procedimentos cirúrgicos podem promover esta condição.
Corpo Pineal
Corpo pineal, epífise ou conarium que se situa dorsalmente ao tronco encefálico entre os colículos
rostrais do mesencéfalo e o tálamo. O corpo pineal é uma estrutura glandular especializada na secreção de
melatonina.
1.8. OSSO
Osso
Os ossos do suíno são significativamente mais espessos do que os ossos de outras espécies domésticas.
Fossas sinoviais
São superfícies normais, relativamente depressões irregulares nas superfícies articulares de algumas
articulações, principalmente em equinos. Servem para distribuir melhor o fluído sinovial. Desenvolvem com
o avanço da idade.
1.9. FETO E PLACENTA
Hemorragia no umbigo
Algumas hemorragias ao redor do umbigo são comuns e geralmente não são significativas.
Placas amnióticas
São pequenas placas elevadas compostas por epitélio escamoso estratificado queratinizado. Nos
ruminantes, estas placas apresentam até 2 cm de diâmetro e somente estão presentes no âmnio localizado no
mesmo lado do feto. Os ruminantes apresentam mineralização da placenta, que aparecem como laços brancos
localizados especialmente no córion.
Hipômane
São concreções flexíveis de precipitados alantoides com coloração que varia de branco a levemente
avermelhado. Quase em todas as éguas apresentam em sua placenta hipômane na cavidade alantoide.
Cérebro de feto
A consistência do cérebro de fetos e neonatos tende a ser mais pastosa e não deve ser confundida com
lesões ante mortem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Maria, Santa Maria, RS, 2007.
2.1. DEFINIÇÃO
São lesões que geralmente não se traduzem em manifestações clínicas e, portanto, não podem ser
associadas às causas da morte do animal.
Achados gerais
Pseudoicterícia
É um aumento relativo normal de pigmentos no sangue, incluindo caroteno. A pseudoicterícia aparece
nos tecidos de equinos jovens ou em equinos desidratados. Este termo também pode ser usado para descrever
o aumento da cor amarela de tecidos normais, como córtex da adrenal, plasma/soro e gordura de equinos e
bovinos das raças Jersey e Guernsey. Microscopicamente, os carotenos não são observados em cortes fixados
em formol e emblocados em parafina, pois o álcoois e agentes diafanizadores removem os pigmentos
lipossolúveis.
Parasitismo ruminal
A paranfistomíase é a infestação do proventrículo de ruminantes por trematódeos em regiões de
latitudes quentes. Esses trematódeos pertencem aos gêneros Paramphistomum, Calicophoron e Cotylophoron.
Estes parasitas são semelhantes à papila ruminal em tamanho e aparência. Apesar da presença dos parasitas
nos compartimentos gástricos, geralmente não apresentam significância clínica.
Hemomelasma ilei
Lesão única em equinos. São placas de coloração rosa a negra, que variam de vários milímetros até
muitos centímetros de comprimento, podendo ocorrer na serosa em qualquer porção do intestino, mas são
geralmente limitadas ao íleo. Elas são atribuídas à migração de larvas de Strongylus edentatus e localizadas na
superfície serosa antimesentérica. São placas fibrovasculares da serosa formadas em resposta ao dano tecidual
causado pela migração das larvas. Entretanto, parasitos nunca foram observados e, portanto, a causa continua
desconhecida.
Listras tigroides
As listras tigroides são um tipo de congestão não-específica dos sulcos colônicos, secundárias à
diarreia e/ou tenesmo.
Manchas de leite
É atribuída a migração de larvas de Ascaris suum. À medida que as larvas se deslocam no fígado, elas
produzem necrose hepatocelular, que são acompanhados de inflamação, e no final, são substituídos por tecido
conjuntivo, que se desenvolve em cicatrizes fibrosas na superfície capsular. Essas cicatrizes capsulares têm a
aparência de áreas pálidas, e o termo “fígado com manchas de leite” tem sido usado para descrever o fígado
de suínos marcado por larvas de Ascaris suum.
Telangiectasia
É a dilatação dos sinusoides em áreas de perda de hepatócitos. Macroscopicamente evidenciam-se
focos azul-escuros no fígado, de tamanhos variáveis, desde pequenos pontos a vários centímetros.
Lipidose de tensão
São áreas pálidas isoladas nas margens do parênquima hepático, comumente encontradas em bovinos
e equinos. Ocorrem na região adjacente à inserção de uma conexão de ligamento, sendo proposto que essas
conexões impeçam o aporte de sangue ao parênquima hepático, pela tensão exercida sobre a cápsula. Os
hepatócitos acometidos acumulam gordura no seu citoplasma como consequência de hipóxia.
Asperezas de fricção
Lesão muito comum observada nas cúspides da aorta de equinos. São nódulos pares de 2 a 5 mm de
diâmetro, localizados à mesma distância da inserção valvular no ponto de contato entre as duas cúspides e
representam tecido cicatricial. Essa lesão é causada pela fricção das válvulas, devendo ser diferenciada dos
nódulos de Arantius.
Hematocistos
Hematomas valvulares, também conhecidos como hematocistos, ocorrem nas válvulas
atrioventriculares de ruminantes neonatos. As lesões consistem em cistos preenchidos por sangue, salientes,
com vários milímetros de diâmetro, localizados nas bordas das válvulas atrioventriculares. Estas lesões
normalmente regridem de forma espontânea alguns meses após o nascimento.
Cistos linfáticos
Também conhecido como linfocisto, É um cisto preenchido por linfa, apresentando um conteúdo
seroso e de coloração amarelada na cúspide da válvula atrioventricular.
Linfangiectasia
Linfangiectasia é a dilatação dos vasos linfáticos. A causa pode ser uma anomalia congênita, no qual
os vasos linfáticos não se conectam a outros vasos ou pela obstrução da drenagem linfática. Observa-se uma
aparência tortuosa do vaso linfático epicárdico.
Injeção intracardíaca
A aplicação de injeção intracardíaca de soluções para eutanásia ou com outras substâncias podem
causar hemopericárdio e palidez miocárdica devido à decomposição tecidual e a depósitos cristalinos no local
da administração da solução. Observa-se uma área focal úmida e esverdeada no miocárdio, cercada por tecido
cardíaco seco, pode ser indicativa de injeção intracardíaca.
Enfisema pulmonar
Enfisema pulmonar é um dos achados mais frequentemente mal interpretados durante a necropsia.
Apresenta pouco significado, a não ser que seja baseado por meio de sinais clínicos respiratórios. É um achado
muito comum em bovinos que morrem por qualquer motivo, também observado em gatos, e menos
frequentemente em equinos.
Antracose
O carbono é o pigmento exógeno mais comum. A porta de entrada usual no organismo é através da
inalação, e seu acúmulo nos pulmões resulta em uma condição denominada de antracose. Macroscopicamente,
os pulmões apresentam-se pontuados por pontos enegrecidos subpleurais de 1-2 mm de diâmetro. Esta
condição é observada principalmente em animais de cidade.
2.6. SISTEMA URINÁRIO
Cisto renal
Os cistos renais são distensões esféricas de parede fina e tamanho variável, principalmente dos túbulos
corticais ou medulares e são preenchidos com fluido claro aquoso. Quando vista da superfície renal, a parede
do cisto é cinza-pálido, lisa e translúcida. Tais cistos renais são achados incidentais em suínos e bovinos e
devem ser diferenciados da hidronefrose.
Placas siderofibróticas
As placas siderofibróticas são também conhecidas como corpos de Gamma-Gandy.
Macroscopicamente, tais placas apresentam coloração esbranquiçada a amarelada e são incrustações duras e
secas sobre a cápsula, principalmente ao longo das margens do baço. Microscopicamente, estas placas são em
geral multicoloridas em cortes corados pela hematoxilina e eosina: amarela (bilirrubina em casos iniciais),
marrom dourado (hemossiderina) e azul (cálcio). São alterações frequentemente observadas em cães idosos.
Pseudoinfartos
São áreas de coloração vermelho escuras distribuídas ao longo do baço. O sangue fica represado nestes
locais, enquanto o restante do sangue foi expulso por contrações esplênicas. É observado principalmente em
cães que foram submetidos à eutanásia. As maiorias dos pseudoinfartos apresentam de 2-10 mm, mas podem
envolver até metade da área do baço.
Colesteatoma
Os colesteatomas, também conhecidos como granulomas de colesterol, se formam no plexo coroide
dos ventrículos de equinos velhos. Os colesteatomas são massas firmes, pálidas a amarelo-amarronzadas, com
uma superfície lisa. Estes depósitos induzem reação inflamatória de corpo estranho no plexo coroide. São
considerados achados de necropsia sem importância clínica. Sinais clínicos podem aparecer quando essas
massas atingem grandes dimensões.
Ossificação da dura-máter
A ossificação da dura-máter, também conhecida como paquimeningite ossificante e metaplasia dural.
A dura-máter das intumescências cervical e lombar da medula espinhal contém osso bem diferenciado que
podem até mesmo formar medula óssea.
Congestão da meninge
É comum observar meninges congestas, devido à posição do corpo e da gravidade após a morte.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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