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PATOLOGIA DO SISTEMA LINFOPOIÉTICO

TIMO
Órgão linfóide primário, macroscopicamente lobulado, pálido,
levemente róseo-branco. Em animais, seu tamanho e sua disposição varia
um pouco. Em carnívoros, a porção mais visualizada é a porção torácica,
enquanto em ruminantes a porção mais desenvolvida é a porção cervical
(região do pescoço até o tórax). O timo sofre uma atrofia fisiológica,
regredindo com o passar da idade. É envolto por uma fina cápsula de tecido
conjuntivo, que invade o órgão e forma lóbulos.
Histologicamente, ao contrário do baço e dos linfonodos, não apresenta
folículo linfóide muito evidente. A região central é chamada de região
medular, formada por células epiteliais, que formam pequenos
aglomerados chamados de corpúsculos de Hassal (usados para
identificar o órgão), e a região linfóide, formada principalmente por
linfócitos T.
Tem o maior desenvolvimento até o primeiro ano, podendo se estender
da mandíbula até o coração (variando de espécies). Em aves, não há
involução e ele persiste por toda a vida.
Uma lesão no timo causa imunodeficiência na maioria das vezes,
exceto em casos de intoxicação e hemorragias no órgão, onde o animal
pode vir a óbito rapidamente, sem apresentar o quadro de
imunosupressão.

ALTERAÇÕES METABÓLICAS
Involução por desnutrição: animal caquético não tem substrato suficiente
para formação de células linfóides; consequentemente, há evidenciação
das células epiteliais da região medular, salientando os corpúsculos de
Hassal, já que a região linfóide ficará delgada, involuída . Diferenciar da
involução fisiológica, que não histopatologia observa-se muita apoptose (linfócitos
entram em apoptose nesse tipo de involução).

ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS
❖ Hemorragias: quando há intoxicação por cianeto e derivados
cumarínicos; casos de septicemia. Nos casos de hemorragia por
intoxicação, pode ocorrer formação de hematomas tímicos e até
mesmo hemotórax. Em animais jovens há uma hemorragia
idiopática, que pode levar o animal a óbito por choque
hipovolêmico – acredita-se que no momento da involução algum vaso
possa se romper e causar o hematoma.
FOTO: intoxicação por derivado fumarínico, o veneno Varfarin, utilizado como
anti-coagulante para ratos e morcegos. O local da hemorragia varia de
espécie para espécie. O veneno não mata o animal imediatamente, somente
depois de dois dias da intoxicação, pois não atua degradando os
componentes da coagulação. Ele age no fígado, impedindo a formação
destes. Nos carnívoros, o timo é o mais afetado.

ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS
❖ Timite: geralmente associada a atrofia do órgão. Na maioria das
vezes, associada a extensão de outras inflamações na cavidade
torácica (pleurite, pneumonia, até mesmo reticulo-pericardite
traumática). Existem outras causas, como agentes virais que tem
tropismo por tecidos linfóides (BVD, cinomose, FELV, panleucopenia
felina, herpesvírus equino, entre outros).

OBS: vírus têm predileção por órgãos de multiplicação rápida: timo, tonsilas,
medula óssea, vilosidades intestinais, etc.

❖ Tuberculose: rara nos mamíferos; já nas aves, 50% dos animais que
possuem tuberculose tem seu timo afetado. Seu padrão é miliar
(nódulos pequenos e milimétricos distribuídos de forma multifocal no
órgão), com coloração amarelo-acinzentada com área de necrose
(granuloma com necrose de caseificação).

NEOPLASIAS
Podem ser primárias (mais frequentes) ou secundárias.

❖ Linfoma (linfossarcoma): neoplasia da porção linfóide do timo. Pode


ser chamado de “leucose” no caso da leucose enzoótica bovina. O
linfoma é uma neoplasia de linfócitos B, T ou indiferenciados.
➢ Pode acometer de forma generalizada o organismo –
aumento de volume de linfonodos, baço, pode ter nódulos no
fígado.. (linfoma munticêntrico - linfoma mais comum em
cães)
➢ Em gatos, o mais comum é o linfoma do trato alimentar, que
pode ser de células do tecido linfóide associado a mucosa
(MALT), placas de Peyer e linfonodos mesentéricos.
➢ Linfoma tímico: raro. Chamado também de linfoma
mediastinal. Acomete o mediastino, pegando timo e linfonodos
traqueobrônquicos. É mais frequente em cães.

❖ Timoma: neoplasia da porção epitelial do timo. Muito rara. Pode ser


benigno ou maligno (metástase principalmente para pulmão e
infiltra tecidos adjacentes).

FOTO: massa bilobada na região mediastinal do cão. Timo aumentado


de volume, com coloração esbranquiçada, irregular, com consistência macia.
Ao corte apresenta coloração branca, com aspecto lardáceo (típico de
linfoma). Na microscopia, linfócitos atípicos, com figuras de mitoses
frequentes, com variação de tamanho.

➔ Como diferenciar hiperplasia no órgão linfóide de um linfoma? Por


conta da visualização de figuras de mitose, não frequentes em
órgãos hiperplásicos.

➔ Qual a principal consequência de uma massa na cavidade torácica?


Insuficiência respiratória por compressão do pulmão e atelectasia;
ruptura de vasos, levando a hemorragia e choque hipovolêmico, ou um
hemotórax, causando novamente compressão de pulmão e atelectasia.

FOTO: timoma em gato. Massa de grandes dimensões, com coloração parda,


levemente rósea, ricamente vascularizado.

PERGUNTA: por que o timo, em casos de inflamações, atrofia? Os


neutrófilos, presente nas inflamações, produzem substâncias que
causam necrose por heterólise de tecidos linfóides. O timo terá uma
hiperplasia numa inflamação sistêmica, quando ele é estimulado a produzir
mais linfócitos. Quando a inflamação é no próprio órgão, ele atrofia.

LINFONODOS
Órgãos linfóides secundários que são divididos em três porções, mas
principalmente cortical e medular. Na região cortical, observamos folículos
linfóides, principalmente linfócitos B. Já a região paracortical, localizada
próxima aos folículos, é formada por camada de linfócitos T. E a região
medular, formada por cordões e seios medulares, é constituída
principalmente por macrófagos e alguns linfócitos B.
Particularidades: suínos - inversão entre região cortical e medular, ou
seja, os folículos estão presentes na região medular e os macrófagos na
região cortical (e com isso, inversão do fluxo da filtragem da linfa). Pombos e
galináceos não possuem linfonodos.
FUNÇÃO: a função do linfonodo é drenar a linfa da região. Por
exemplo: o linfonodo mandibular drena a região da cavidade oral. Os vasos
linfáticos aferentes trazem a linfa, que será derramada no seio sub-
capsular e os antígenos que vierem com ela vão estimular os folículos
linfóides a produzir anticorpos. A linfa, depois de filtrada, vai para a região
medular e sai pelos vasos linfáticos eferentes. Em suínos, ocorre o contrário:
a linfa chega pela região medular e, depois de filtrada, sai pela região cortical.
Histologicamente, o linfonodo é composto por uma cápsula um pouco mais
espessa que a do timo, não é dividido em lóbulos.

ALTERAÇÕES METABÓLICAS
❖ Substituição por gordura: o animal é tão gordo que os linfonodos
começam a ser substituídos por tecido adiposo, começa a haver
infiltração de gordura na porção cortical dos linfonodos.
➢ Suínos: região dos linfonodos mesentéricos.
➢ Animais obesos
➢ Vacas em lactação: linfonodos retromamários.
Na macroscopia, os folículos são substituídos em maior ou menor
intensidade por uma orla opaca, esbranquiçada, logo abaixo da cápsula. É
irreversível.

PIGMENTAÇÕES PATOLÓGICAS
❖ Hemossiderose: acúmulo de hemossiderina principalmente em
macrófagos de órgãos linfóides. É uma forma que o organismo tem
de reter ferro para sua reutilização. Acontecerá em casos de:
➢ linfonodos que drenem áreas que sofreram hemorragia;
➢ linfonodos que sofreram hemorragia por septicemia;

Macroscopicamente não há muita mudança, não há alteração na cor do


órgão.

❖ Antracose: tipo de pneunomia (?) causada por inalação de carvão,


principalmente de animais que vivem em áreas urbanas, zoológicos e
que tem tutores fumantes. Acomete linfonodos bronquiais,
mediastínicos e, em menor frequência, mesentéricos.
Macroscopicamente os linfonodos ficam de coloração enegrecida,
na região cortical ou no linfonodo como um todo, aumentados de volume.
Não possui significado patológico, já que o carvão é inerte.

ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS
❖ Linfadenites: podem ser agudas (mais rápidas) ou crônicas. As
agudas normalmente resultam da drenagem de uma área que
estava inflamada. O principal exemplo é a íngua.
➢ Rinite aguda: linfonodos retrofaríngeos;
➢ Pneumonias: linfonodos traqueobrônquicos;
➢ Mastite: linfonodos supra e retromamários.

O tipo de exsudato vai depender da causa da inflamação - na maioria


das vezes, bacteriana. Pode ser por um irritante estéril também.
➢ Purulentas: garrotilho, tuberculose, mormo, doenças
periodontais, endocardite bacteriana (com formação de
êmbolos).
➢ Fibrinosas: geralmente, extensão de uma pleuropneumonia
ou peritonite fibrinosas.
➢ Necrohemorrágicas: casos específicos de carbúnculo
hemático e necrobacilose.
➢ Caseosas: linfadenite caseosa e tuberculosa
➢ Granulomatosas: principalmente tuberculose.

Macroscopicamente, numa linfadenite aguda, o linfonodo fica


aumentado de volume (dependendo da gravidade), cápsula mais tensa,
hiperêmico (pela inflamação), pode apresentar petéquias, superfície de corte
úmida, proeminente, coloração avermelhada e presença de pontos brancos,
que vão indicar que os folículos estão reativos (folículos linfoides
hiperplásicos)

OBS: um linfonodo normal apresenta superfície de corte castanho-


amarronzada, sem pontos brancos evidentes.

A linfadenite aguda purulenta acontece em casos de infecção por


bactérias piogênicas, como Steptoccoccus equi (garrotilho), Arcanobacterium
pyogenis, em geral bactérias que estimulem formação de pus. Ou em casos
secundários, em que o linfonodo esteja drenando áreas com infecções
purulentas. Há a formação de abcessos.
No caso da linfadenite crônica, geralmente secundária a processos
inflamatórios crônicos na região.
➢ Linfadenite supurativa crônica (ativa): podemos ver abcessos
encapsulados, e o maior exemplo é a linfadenite caseosa
ovina.
➢ Linfadenite granulomatosa focal: nos casos de tuberculose
➢ Linfadenite granulomatosa difusa: observada em casos de
infecções fúngicas, principalmente por histoplasma.

❖ Inflamações específicas

➢ Linfadenite caseosa: causada por Corynebacterium


pseudotuberculosis, acomete caprinos e ovinos, mas é mais grave em
caprinos. Ocorre mais em animais velhos.
Macroscopicamente os linfonodos superficiais, principalmente os
de regiões de membros, ficam aumentados, firmes, e ao corte drena-se
um conteúdo purulento, espesso, amarelado. Em casos mais crônicos
pode formar lâminas concêntricas, pois há formação de cápsulas fibrosas
tentando conter o processo. Doença de alta morbidade.

FOTO: caso inicial de linfadenite caseosa. Conteúdo purulento está semi-


líquido, com aspecto de “leite condensado”.

➢ Tuberculose: causada por Mycobacterium spp. Caracterizada pela


formação de granulomas caseosos (granuloma atípico, em área de
necrose caseosa). Geralmente afeta linfonodos de forma multifocal (junto
com outros órgãos) e forma nódulos amarelos ou acinzentados.
Microscopicamente, estrutura típica de granuloma: cápsula,
envolta por células inflamatórias, centro de necrose caseosa e
mineralização distrófica. Nas células inflamatórias temos macrófagos
gigantes e células multinucleadas, características das infecções.

➢ Paratuberculose: também conhecida como doença de Johne.


Causada por Mycobacterium paratuberculosis. Acomete principalmente
bovinos, ovinos e caprinos. Os linfonodos afetados são os
mesentéricos. Ficam aumentados de volume, firmes. Clinicamente,
caracterizada por diarreia aquosa. O intestino fica espesso, de aspecto
cerebriforme.
➢ Actinobacilose: causada por Actinobacillus lignierisii. Acomete, em
casos de infecção profunda da cavidade oral, os linfonodos mandibulares,
retrofaríngeos e parotídeos.
Macroscopicamente, linfonodo aumentado de volume, com formação
de piogranulomas brancacentos, acinzentados-amarelados e de
consistência firme.

➢ Leishmaniose visceral: casos de L. chagasi. Agente se prolifera em


células do sistema monocítico-fagocitário, principalmente macrófagos.
Macroscopicamente o animal apresenta aumento generalizado de
linfonodos, baço e fígado - hepatoesplenomegalia, além de possível
caquexia.
Microscopicamente é perceptível nos órgãos acometidos o aumento
de macrófagos - no linfonodo, na região medular; no fígado, nos sinusóides
hepáticos; no baço, região medular. Estes macrófagos vão estar com a forma
amastigota do protozoário em seu citoplasma. O linfonodo não irá
apresentar a formação dos pontos brancacentos que indicam
reatividade.

HIPERPLASIA LINFÓIDE BENIGNA


Ocorre em resposta ao estímulo antigênicos ou inflamatórios por
via linfática. Não é inflamação, logo, não afeta diretamente o linfonodo, ele
está sendo apenas estimulado.
Macroscopicamente, aumentado de volume, cápsula densa. Ao
corte, o que chama atenção é o pontilhado brancacento. A diferença da
hiperplasia para o linfoma é a presença da arquitetura do tecido (os folículos
linfóides e a região medular se mantêm intactos em casos de hiperplasia).

NEOPLASIAS
❖ Linfoma: primária e principal. Proliferação de linfócitos nos tecidos
linfóides. Similar a do timo. Quando acomete linfonodos, acomete de
forma multicêntrica.
❖ Leucemia linfocítica: produção de linfócitos neoplásicos na medula
óssea. Esses linfócitos ficam circulantes e podem aumentar o volume
de alguns órgãos. Geralmente há hepatoesplenomegalia associada a
leucemia. Há um aumento do número de linfócitos jovens.
❖ Metástases: principalmente metástase de carcinomas, já que
tumores epiteliais são drenados por vasos linfáticos. Exemplos: em
caso de carcinoma mamário, os linfonodos a sofrerem metástase são
os retromamários e/ou os axilares, dependendo da localização da
neoplasia. Linfonodos distantes também podem ser acometidos, como
os linfonodos traqueobrônquicos. Linfonodo poplíteo é comumente
afetado em caso de nódulos de neoplasias malignas nas regiões de
dígitos.

FOTO: melanoma oral - os linfonodos acometidos se encontram enegrecidos,


por conta da neoplasia.

HEMOLINFONODOS
Órgão típico de ruminantes. Histologicamente semelhante ao baço:
cápsula, trabéculas e folículos linfóides. São chamados de mini-baços. Possui
a função dos dois órgãos: filtra o sangue, como o baço, e filtra a linfa,
como o linfonodo. Localizado principalmente na região lombar e na veia
jugular.
Pode sofrer hiperplasia ou hipertrofia sob estímulos, assim como o
baço. Por exemplo: em casos de babesiose, além de esplenomegalia,
também terá aumento dos hemolinfonodos.

BAÇO
Órgão mais comumente acometido do sistema linfóide. É dividido
basicamente em cápsula (espessa, com trabéculas), em polpa vermelha, com
seus cordões esplênicos, que possuem macrófagos e vasos, e em polpa
branca, formada pelos folículos linfóides (linfócitos B no centro e T na
periferia). Existe uma bainha de linfócitos T ao redor de uma arteríola
existente dentro dos folículos linfóides.
FUNÇÕES:
➢ Reservatório de sangue, principalmente em animais (nem tanto
em seres humanos). A cápsula do baço dos animais possui
uma camada de músculo liso, possibilitando a dilatação e o
armazenamento de grande quantidade de sangue no órgão,
para que em um momento de necessidade, ela se contraia e
expulse esse sangue de forma rápida. Até ⅓ do sangue do
organismo pode ser reservado no baço de um animal,
dependendo da espécie. São chamados “baços de
armazenamento”. No caso de cães, gatos e suínos, o baço é
chamado “de defesa”, por possuir mais porção linfóide.
➢ Hemocaterese (função principal), que é a destruição de
hemácias velhas ou alteradas. Nesse momento, também ocorre
a produção de pigmentos biliares (bilirrubina é formada a partir
da hemoglobina) e o armazenamento de ferro.
➢ Elaboração de anticorpos: na polpa branca, os linfócitos B se
diferenciam em plasmócitos e produzem anticorpos.
➢ Hematopoiese: na vida fetal e animais que tenham disfunção da
medula óssea ou anemia intensa, o órgão pode retomar a função
e fazer uma hematopoiese extra medular.

ALTERAÇÕES POST-MORTEM
❖ Amolecimento ou coliquação: ao corte, o parênquima se desfaz.
Causado por bactérias putrefativas.
❖ Enfisema cadavérico: bactéricas putrefativas anaeróbicas vão formar
gás.
❖ Pseudomelanose: áreas que ficam com coloração enegrecida,
principalmente as que tem contato com o intestino.

ANOMALIAS DO DESENVOLVIMENTO
❖ Agenesia: ausência da formação do baço. Mais frequente em animais
de laboratório. Não é alteração de importância já que o baço não é
essencial à vida.
❖ Hipoplasia: baço diminuído de volume. Pouco frequente.
Microscopicamente, há diminuição no número de folículos linfóides.
❖ Baço duplo ou triplo: alteração rara, sem importância.
❖ Má formação: não há importância clínica para o animal.

ALTERAÇÕES METABÓLICAS
❖ Atrofia: observada principalmente em casos de senilidade ou
caquexia. Especialmente em cães pode ocorrer a atrofia esplênica
senil com nódulos de regeneração (hiplerplasia nodular esplênica
senil). Macroscopicamente estará diminuído de volume, com cápsula
enrugada.

❖ Amiloidose sistêmica: observada principalmente em animais


hiperestimulados para produção de soros. Podem começar a produzir
imunoglobulinas irregulares ou estimuarem o fígado a produzir as
proteínas associadas ao amilóde. Os macrófagos apresentam um
defeito que não conseguem degradar a proteína. É irreversível.
Macroscopicamente o baço fica aumentado de volume e pálido, pois
o amilóide comprime estruturas vaculares, comprometendo a chegada de
sangue no órgão. Seu aspecto fica levemente irregular e com pontos
brancacentos. Ao corte, é possível ver áreas brancas.
Microscopicamente, há deposição deste material amorfo,
eosinofílico, principalmente ao redor dos folículos linfóides. O corante
para identificar o amilóide é o vermelho Congo.

❖ Hemossiderose: pode ser fisiológico (normalmente o baço possui


hemossiderina por fazer hemocaterese) ou patológico (excesso do
pigmento, podendo danificar o tecido levando a uma fibrose). Acontece
principalmente em casos de anemias hemolíticas e anemias de
doenças crônicas. Macroscopicamente o órgão não apresenta
alteração.
❖ Placas ou nódulos sideróticos ou siderocalcários: acontece devido
a deposição de cálcio e ferro na cápsula esplênica. O ferro
advindo da hemoglobina vai reagir com o cálcio e se depositar na
cápsula, deixando-a mais espessa. Macroscopicamente vai
apresentar placas amarronzadas, de difícil remoção, que ficam
principalmente na borda do baço (podendo acometer toda a superfície).

RUPTURA
❖ Causa traumática: mais frequente, principalmente em pequenos
animais, devido a maus tratos, atropelamentos, etc. Na maioria das
vezes, há ruptura total do órgão, levando uma grande quantidade de
sangue na cavidade abdominal do animal, levando morte por
choque hipovolêmico.
❖ Espontânea: o órgão fica tão aumentado de volume que a cápsula
pode se romper.

CONSEQUÊNCIAS:
➢ Hemoperitônio: pode causar um hemoperitônio discreto, sem levar
ao óbito do animal, ou um acentuado, que mata o animal por choque
hipovolêmico. Nos casos agudos, o abdômen fica muito duro e o animal fica
com bastante dor.
OBS: se for feito o hemograma após a ruptura de baço, o hemograma dará
normal, pois a perda de sangue é total. Não é uma anemia por falta de
hemácias, e sim por diminuição de sangue total.
➢ Esplenose: consequência quando há ruptura sem levar o animal a
óbito. Os fragmentos que se destacaram do baço vão se aderir ao
omento e continuar funcionando (porém com menos funcionalidade).

TORÇÃO
❖ Esplênica apenas: somente em suínos, cães e no homem. Raramente
ocorre em equinos.
❖ Cão: mais frequente. Está associada a torção gástrica, onde o
estômago do animal de dilata muito, torce e leva junto com ele o
baço. Mais frequente em raças de grande porte (por ter ligamento mais
frouxo que as outras espécies), que se alimentam geralmente uma vez
por dia.
Macroscopicamente, a principal alteração é a congestão esplênica,
normalmente em forma de V, do lado direito. Fica aumentado de volume,
muito escuro, e flui muito sangue ao corte. No momento da torção, torcem
também estruturas vasculares que ficam no hilo do baço.

OBS: é importante, na cirurgia, retirar o baço antes de desfazer a torção, pois


ele está congesto há bastante tempo, o sangue está pouco oxigenado e cheio
de radicais livres. Se destorcer, o risco de haver lesões vasculares e CID é
muito grande.

ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS
❖ Congestão: principal alteração circulatória observada no baço.
Pode ter origem central (lesões no coração e ICC), em animais com
distúrbio no ventrículo direito; ou periférica, em casos de lesões ou
compressão das veias esplênicas, como por exemplo, neoplasias que
comprimem essas estruturas vasculares.
Outras possíveis causas:
➢ barbitúricos: anestesia ou eutanásia, há relaxamento da cápsula
➢ endocardite: distúrbio do fluxo sanguíneo
➢ obstrução por trombos na veia esplênica
➢ compressão da veia esplênica por torção, tumores ou abcessos
➢ cirrose hepática

Macroscopicamente, o baço vai estar aumentado de volume,


vermelho enegrecido, com bordas abauladas e deixando fluir grande
quantidade de sangue.

OBS: se, em uma esplenomegalia, ao corte não flui sangue, isso


significa que o animal possui uma hiperplasia de polpa vermelha -
aumento de número de macrófagos da polpa vermelha do baço. Ocorre
principalmente em casos de aumento de hemocaterese, como por exemplo,
babesiose.
ESPLENOMEGALIA: pode ser por dois tipos, principalmente.
➢ congestão: fluxo vascular comprometido, o órgão deixa fluir grande
quantidade de sangue ao corte.
➢ hiperplasia da polpa vermelha: não deixa fluir sangue, apenas
apresenta superfície irregular e avermelhada, com aspecto
“carnoso”. Hiperplasia macrofágica observada principalmente em
casos de hemocaterese aumentada - principalmente babesiose.

❖ Infarto: pode ser total (torções) ou parcial. Na forma parcial, o órgão


apresenta áreas triangulares elevadas e multifocais. Serão
vermelho-enegrecidas se por obstrução venosa e brancacentas se
por obstrução arterial. Ao corte, apresentam formado triangular, com
o ápice voltado à região onde teve a obstrução vascular. Em caso de
embolos sépticos, pode ocorrer a formação de abcessos.
Normalmente os infartos parciais multifocais esplênicos são
associados a septicemias e CID.
➢ Bovinos: pode ser secundário a êmbolos devido a endocardites
por Actinomyces e Streptococcus.
➢ Suínos: endocardite e peste suína.

❖ Hemorragias: muito frequentes. Áreas de hemorragias subcapsulares.


Podem ser de pequenas ou grandes proporções, que podem levar a
ser realizada até uma esplenectomia, pensando ser um hemangioma
ou hemangiossarcoma. Deve ser rertirado, pois pode aumentar muito
de tamanho, romper a cápsula e formar um hemoperitônio.
➢ Pequenos: diferenciar de hiperplasia nodular
➢ Grandes: diferenciar de neoplasias de origem vascular, pelo
histopatológico.

A causa do hematoma pode ser traumática (mais frequente) ou por


rupturas vasculares devido a processos neoplásicos. Em casos de esplenites
causadas por fungos, por exemplo, podem causar hemorragia por diabrose.

ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS
❖ Esplenite: não é muito frequente, geralmente é por extensão de uma
reticuloperitonite traumática, mas a maior frequência é por
septicemia. Macroscopicamente vai estar aumentado de volume,
hiperêmico e, devido a presença de neutrófilos, haverá necrose e
degeneração da porção linfóide.
➢ Supurativa: secundária a infecções que formam êmbolos
bacterianos, que vão formar abcessos multifocais no baço;
➢ Necrosante: pouco frequente, geralmente relacionada a
carbúnculos;
➢ Granulomatosa: casos de tuberculose ou esplenite fúngica, por
infecções fúngicas sistêmicas.

FOTO: gato com PIF, com piogranulomas capsulares, devido a vasculite


causada pelo Coronavírus.

HIPERPLASIA DE POLPA BRANCA


Aumento dos folículos linfóides. Ocorre quando o animal tem um
estímulo antigênico, principalmente sistêmico, que estimula os folículos
linfóides. Macroscopicamente, haverá esplenomegalia, e ao corte será
possível ver pontos brancos, que são os folículos linfóides evidentes.

ESPLENOMEGALIA
CONGESTIVA coloração vermelho-escura, ao corte
flui sangue

HIPERPLASIA DE POLPA coloração avermelhada, ao corte não


VERMELHA flui sangue, superfície irregular

HIPERPLASIA DE POLPA ao corte não flui sangue e é possível


BRANCA visualizar pontos brancos pelo órgão

HIPERPLASIA NODULAR
Afeta cães idosos, por isso também é chamada de hiperplasia
nodular senil. Macroscopicamente caracterizada por alguns nódulos que se
sobressaem a cápsula, podendo atingir até 5cm. Por fora, possui for
geralmente brancacenta (pode também ser vermelho, se associado a
hemorragia) e, ao corte, há áreas brancas (folículos aumentados) e áreas
avermelhadas. São bem delimitados, lisos, que podem ter a cor normal do
órgão ou ser um pouco mais claros. Microscopicamente, observa-se folículos
linfóides, muitas células jovens (megacariócitos, células da linhagem
sanguínea), muita hemossiderose e na maioria das vezes associada a
hemorragia. Não é neoplásico.

 NEOPLASIAS
Podem ser primá rias ou metá stases.
1- PRIMÁRIAS (mais frequentes)

 LINFOMAS (cães velhos, felinos e equinos)


Comum em animais mais velhos, mas pode acometer animais mais jovens, cães,
felinos e equinos principalmente. Bovinos naqueles casos de leucose enzoótica
bovina que se tem o linfoma secundário a uma infecção viral, que acomete o animal
de uma forma generalizada. Em felinos muito associado ao Vírus da Leucemia
Felina (FELV), mas no felino é mais comum o linfoma no trato digestório.
 HEMANGIOMAS E HEMANGIOSSARCOMAS (comum em cães e raros em
gatos)
São neoplasias de células endoteliais que formam vasos sanguíneos. O
hemangioma é a forma benigna e o hemangiossarcoma a forma maligna. O
hemangioma pode acometer em uma grande dimensão assim como o hematoma e
ter o risco de se romper e com isso ter uma perde de sangue muito grande pra
cavidade peritoneal levando ao choque hipovolêmico. O hemangiossarcoma além
dessa característica dele poder se romper, ele pode fazer metástase para dentro do
próprio baço ou para órgãos externos como coração, pulmão, rim, fígado. É muito
frequente perceber na histopatologia peças de baço e fígado com
hemangiossarcoma, muito provavelmente a origem primária é do baço e o fígado
seria metástase. Macroscopicamente são muito semelhantes ao hematoma, então o
diagnóstico é histopatológico, a não ser que você já veja metástase em outros
órgãos e já liga que é neoplasia maligna, que já disseminou para outras partes,
quando é em um único local, não pode da certeza porque pode ser um hematoma, o
que é na maioria das vezes.
Outras neoplasias no baço pode ser de origem da cápsula: Fibroma ou
fibrossarcoma no baço de origem do tecido conjuntivo da cápsula e leiomioma ou
leiomiossarcoma no baço de origem do músculo liso da cápsula do baço.

2- SECUNDÁRIAS (METÁSTASES): pouco frequentes, exceto melanoma em


equinos.

 LINFOMA FOLICULAR EM UM BOVINO:


Esse linfoma em que nós conseguimos observar os folículos tão evidentes,
lembrando até o baço em sagu da amiloidose, é um tipo de linfoma de que chama
de folicular porque o tumor cresce na forma de folículos linfoides.
Macroscopicamente é muito característico por apresentar essa forma, esse padrão
como se tivesse uma reatividade de polpa branca.
 LINFOMA MULTICÊNTRICO EM BAÇO CANINO: Que acometia vá rios ó rgã os,
também com esse aspecto como se tivesse formando folículos.

 HEMANGIOMA NA EXTREMIDADE CAUDAL DE UM BAÇO CANINO:


Macroscopicamente não tem como dizer se é um hematoma, um hemangioma ou
hemangiossarcoma, então o diagnóstico é histopatológico. E o principal risco do
hemangioma como já foi dito é ele romper. Ele pode causar compressão nas
estruturas adjacentes levando a uma diminuição do fluxo sanguíneo, uma isquemia
desses tecidos, mas o principal risco é a sua ruptura. A massa do hemangioma e
hemangiossarcoma é friável, porque quando corta sai muito sangue, muito coágulo.
Microscopicamente: Formação de estruturas vasculares, no hemangioma é bem
formado, dilatados, com células endoteliais pequenas e típicas. No
hemangiossarcoma forma áreas compactas, leitos e nos casos bem diferenciados
forma vasos também.

 BAÇO DE UM EQUINO COM METÁSTASE DE MELANOMA:


O correto é o diagnóstico histopatológico, porque a cor de um tumor de origem
vascular também é escuro, então na macroscopia não tem como fechar um
diagnóstico para dizer qual seria a origem primária. Pode-se fazer o teste da água
oxigenada e do papel em branco para tentar ver a origem se é melanocítico ou se é
de origem vascular.

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