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Kéven Wrague e Laura Almeida ATM23 1

Patologia dos Linfonodos

• Processamento de linfonodo para exame anatomopatológico


o Podemos abordar o linfonodo de 3 formas:
▪ PAAF, que resulta em uma histologia;
▪ Biópsia incisional por agulha;
▪ Biópsia incisional. (O melhor método é a biópsia incisional, pois as lesões necessitam que o patologista
avalie a arquitetura daquele linfonodo por exame imunohistoquímico.)
o Para fazer uma biópsia incisional é necessário:
▪ 1. Remover inteiro, preferentemente com adiposo circundante (para verificar se a metástase avançou
para o tec adiposo), sem pinçar e/ou amassar o gânglio.
▪ 2. Fazer um corte no maior eixo para linfonodos grandes (maiores que 2,0cm) dividindo-os em duas
metades, para que o tecido fixe (permaneça conservado) para que o exame imuno-histo-químico
funcione de maneira adequada,
▪ 3. Para fixa-lo, mergulhar o gânglio em formalina (formol a 10%), pelo menos 10x de volume de fixador
em relação ao material.
▪ 4. Linfonodos pequenos deixar inteiros.

• Tecido hematopoiético
o Tecido mieloide
▪ Medula óssea
▪ Células derivadas (hemácias, plaquetas, granulócitos e monócitos)
o Tecido linfoide
▪ Timo
▪ Linfonodos
▪ Baço

• Organização do tecido linfoide


o Linfonodos → tecido linfoide mais amplamente distribuído e mais disponível para diagnóstico.
o Folículos linfoides primários: São aqueles que ainda não sofreram estimulação antigênica, nenhum
antígeno passou por ali e estimulou esses linfócitos. São encontrados em:
▪ Zona cortical do linfonodo
▪ Placas de peyer do trato gastrointestinal
▪ Polpa branca do baço
▪ Anel de waldeyer

Desenho esquemático.
O linfonodo tem uma cápsula,
importante na análise
anatopatológica.
Temos o hilo, onde tem os vasos
linfáticos eferentes, veia e artéria
Seio subcapsular → algumas
metástases se alojam inicialmente ali.
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Folículo primário → sofre uma estimulação antigênica → Folículo secundário

o Folículos linfoides Secundários:


▪ Zona do manto:
• É formada pelas células do folículo primário que após o folículo ser ativado, são empurradas para a
periferia, para dar espaço para os centros germinativos

▪ Centro germinativo
• Zona “escura”:
o centroblastos (CB)
• Zona “clara”:
o Centrócitos
o Células T foliculares (CD4 na sua maioria)
• Entre as zonas escuras e claras, temos macrófagos de corpo tingido e células dendríticas foliculares

▪ Zona marginal
• População linfoide IgM+, IgD– e fosfatase alcalina + (diferente da zona do manto)
• Prolifera após estímulo por antígenos T-independentes, produzindo plasmócitos secretores de IgM.
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o Células B virgens (NAIVE)


▪ Produzidas na medula óssea;
▪ Migram para os órgãos linfoides secundários.

▪ Na zona T desses órgãos linfoides secundários, as células B são selecionadas e ativadas e podem seguir
os seguintes caminhos:
• Eliminadas
o As que não apresentam reatividade específica para os antígenos expostos;
o Autorreativas (potencialmente produtoras de autoanticorpos).

• Ativadas por linfócitos T (especificidade antigênica)


o Sofrem proliferação e diferenciação terminal para plasmócitos;
o Migram para os folículos linfoides para formar os CG
o Migram para a zona escura de CG já formado e dão continuidade à reação folicular.
▪ Nos CG, as células blásticas (centroblastos) sofrem mutações pontuais na região variável das
imunoglobulinas (IgV), gerando a diversidade de anticorpos.
▪ A células produtoras de anticorpos com maior afinidade pelo antígeno são selecionadas (seleção
clonal) e passam a proliferar;
▪ As células que produzem imunoglobulinas com baixa afinidade e as autorreativas são eliminadas por
apoptose.

• Distúrbios de leucócitos
o São divididos em:
▪ Patologias proliferativas: expansão dos leucócitos
▪ Leucopenias: deficiência de leucócitos

o Patologias proliferativas
▪ Reativas (infecções ou processos inflamatórios)
▪ Neoplásicas

• Linfadenite aguda inespecífica (linfonodite)


o Em geral, é decorrente de uma drenagem microbiana a partir de uma infecção localizada.
o Por ex:
▪ Infecções dentárias amigdalianas que vão drenar para os gânglios submandibulares
▪ Infecções em MMII→ inguinais
▪ Infecções em MMSS → axilares
▪ Apendicites, enterites, etc → adenite mesentérica

o Clínica
▪ Gânglios aumentados, dolorosos (proliferação celular e edema);
▪ Dolorosos à palpação;
▪ Pele suprajacente avermelhada;
▪ Com supuração, são flutuantes e podendo fistulizar.
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• Linfadenite Crônica inespecífica

o Morfologia
▪ Uma LINFADENITE CRÔNICA é quando temos estímulos imunológicos crônicos que produzem esses
padrões distintos nos linfonodos. Teremos 3 tipos de padrão
• Hiperplasia folicular;
• Hiperplasia paracortical;
• Histiocitose sinusal.
• Podemos ter mais de um padrão em uma mesma doença

o Hiperplasia folicular
▪ É definida pela presença de grandes centros germinativos alongados, circundados por um colar de
pequenas células B virgens em repouso (zona do manto);
▪ Em geral, os centros germinativos são polarizados em zona escura e zona clara;
▪ Entre os centros germinativos de células B, encontra-se uma rede indistinta de células dendríticas
foliculares e macrófagos apresentadores de antígenos (macrófagos de corpo tingido).
▪ Hiperplasia de centros germinativos (hiperplasia folicular)
▪ Principais causas:
• AIDS, artrite reumatoide e toxoplasmose

o Hiperplasia Paracortical
▪ A zona paracortical é rica em células TCD4, então quando se tem uma infecção viral, é esta zona que vai
sofrer hiperplasia.
▪ Causada por estímulos que induzem respostas imunes mediadas por células T, como infecções agudas
virais (mononucleose infecciosa);
▪ As zonas de células T expandidas invadem e, em reações particularmente exuberantes, apagam os
folículos de células B;
▪ Nesses casos, os imunoblastos podem ser tão numerosos que é necessário afastar a possibilidade de
neoplasia linfóide;
▪ Há também hipertrofia de células do sinusóides e do endotélio vascular, algumas vezes acompanhadas
por infiltração de macrófagos e eosinófilos.

o Histocitose Sinusal
▪ Morfologia: proeminência dos sinusoides linfáticos e do endotélio vascular, ingurgitados por histiócitos.
▪ Causas: drenagem de carcinomas (mamas especialmente).
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• Linfonodites Crônicas específicas

o Tuberculose
▪ Gânglios aumentados (com ou sem fístula), com necrose caseosa “geográfica”, por vezes em todo o
gânglio.
• Granulomas epitelióides, com necrose caseosa

o Outras causas
▪ LUES, Sarcoidose, Paracoccidiodomicose, Histoplasmose

• Linfonodites padrões
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• Proliferações neoplásicas de Leucócitos

o Neoplasias Malignas

▪ Neoplasias linfoides:
• Neoplasias de células B
• Neoplasias de células T
• Neoplasias de células NK

▪ Neoplasias Mieloides:
• Leucemias mieloides agudas
• Síndromes mielodisplásicas
• Distúrbios mieloproliferativos crônicos

▪ Histiocitoses
• Lesões proliferativas incomuns de macrófagos e células dendríticas

▪ Leucemia ≠ Linfoma
• Leucemia: comprometimento disseminado da medula óssea frequentemente combinado a um
grande número de células tumorais no sangue periférico
• Linfoma: Proliferações malignas que surgem como massa teciduais distintas (em gânglios, baço,
amígdalas ou tecidos extranodais

▪ Fatores etiológicos e patogenéticos que podem transformar uma célula linfoide em uma
célula neoplásica:
• Translocações cromossômicas e outras mutações adquiridas
• Fatores genéticos e hereditários
• Viroses: EBV, HTLV
• Inflamação crônica: H. pylori
• Fatores iatrogênicos: radioterapia, quimioterapia

o Neoplasias linfoides (Linfomas)

▪ Macroscopia
• Aumentado
• Não doloroso
• Pode acometer um ou mais linfonodos (acometendo uma cadeia linfonodal)
• Elástico
• Superfície de corte brilhante tipo carne de peixe crua
• Com o avançar da doença, linfonodos da cadeia acometida podem se fundir, formando massas (até
12cm) e até aderir aos tecidos vizinhos
• *Linfonodos cervicais são os que mais frequentemente apresentam os sinais de linfoma.
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▪ Se caracterizam por:
• Proliferação clonal atípica e clonal de populações celulares com características morfológicas,
imunológicas e funcionais semelhantes a célula normal correspondente.
• A neoplasia linfóide pode ser suspeitada a partir dos aspectos clínicos, mas o exame histológico dos
linfonodos ou de outros tecidos envolvidos é necessário ao diagnóstico.
• A maior parte das neoplasias linfoides se assemelha a alguma etapa reconhecível da diferenciação
de célula B ou T.
• Células neoplásicas B e T tendem a recapitular o comportamento das células normais

▪ Neoplasia de células B periféricas

• Leucemia linfocítica crônica (LLC)/Linfoma linfocítico de pequenas células


(LLP)
o Tem mesma cara morfologicamente, se diferem no grau de linfocitose no sangue periférico;
o Diagnóstico de LLC: contagem de leucócitos >5000 por mm³;

o Epidemiologia:
▪ Neoplasia Leucêmica mais comum no Brasil
▪ Idade média ao diagnóstico: 60 anos;
▪ Prevalência de 2 homens: 1 mulher;
▪ LLC é a leucemia mais comum em adultos;
▪ LLP representa apenas 4% dos LNHs.

o Morfologia
▪ Linfonodos difusamente substituídos por infiltrado difuso de linfócitos pequenos, com
núcleos redondos à ligeiramente irregulares e citoplasma escasso;
▪ Presença de número variável de linfócitos grandes e ativados, que configuram agregados
frouxos, denominados de centros de proliferação.
▪ Centros de proliferação: patognomônico de LLC/LLP

o Quadro clínico
▪ Assintomáticos ao diagnóstico;
▪ Fadiga;
▪ Perda de peso;
▪ Anorexia;
▪ Linfoadenopatia e hepatoesplenomegalia generalizadas: 50%-60% dos sintomáticos;
▪ Contagem de leucócitos variável.

o Prognóstico
▪ Curso clínico e prognóstico: VARIÁVEL e DEPENDE DO ESTADIO CLÍNICO;
▪ Sobrevida média: 4-6 anos;
▪ Pode chegar a 10 anos em pacientes com carga tumoral mínima ao diagnóstico;
• 5% a 10% sofrem transformação para linfoma difuso de grandes células B (SÍNDROME DE RICHTER);
o Sobrevida: < 1 ano.
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• Linfoma Folicular
o Epidemio:
▪ Forma mais comum de LNH indolente nos EUA;
▪ Indivíduos de meia-idade;
▪ Homens = mulheres;
▪ Menos comum na europa;
▪ Raro na ásia.
o Patogênese
▪ Tem origem nas células B do centro germinativo e é fortemente associado às translocações
cromossômicas que envolvem o BCL2;
▪ Marca registrada: Translocação (14;18);
▪ O BCL2 antagoniza a apoptose e promove a sobrevivência de células do linfoma.

o Morfologia
▪ Padrão clássico de linfoma, cor padro branco acinzentada, “carne de peixe”
▪ Padrão de crescimento nodular ou nodular e difuso.
▪ Dois tipos celulares:
• Centrócitos: células pequenas com contornos nucleares irregulares ou clivados e
citoplasma escasso.
• Centroblastos: células grandes com a cromatina frouxa , vários nucléolos e moderada
quantidade de citoplasma.
▪ Acometimento do SP em 10% dos casos (linfocitose).
▪ Acometimento da M.O. em 85% dos casos (agregados paratrabeculares).

o Quadro clínico
▪ Linfoadenopatia generalizada e indolor
▪ Acometimento de sítios extranodais: incomum
▪ Curso clínico indolente
▪ Compromete linfonodos, baço, tubo digestivo
o Prognóstico
▪ Sobrevida média de 7 a 9 anos
▪ Não melhora com terapia agressiva
▪ Transformação para o ldgcb em 30% a 50% dos casos

• Linfoma difuso de grandes células B


o Forma mais comum de LNH (Linfoma não Hodking)
o Idade média: 60 anos; Ligeiro predomínio em homens;
o Bem agressivo
o É heterogêneo
▪ Evento frequente: desregulação do BCL6 (reprime a expressão de fatores que promovem a
diferenciação de células B do centro germinativo, interrupção do crescimento e apoptose, fenômenos
que se acredita contribuam para o desenvolvimento do LDGCB;
▪ o 10%-20% estão associados a t(14;18), que resulta na expressão excessiva da proteína anti-apoptótica
do BCL2.

o Morfologia
▪ Padrão de crescimento difuso;
▪ Células grandes (3 a 5x o tamanho de um linfócito);
▪ Variação morfológica;
▪ Células com núcleos grandes, cromatina aberta e nucléolo proeminente.
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o Quadro clínico
▪ Massa de crescimento rápido em um sítio nodal ou extranodal;
▪ Anel de waldeyer e o tecido linfóide orofaríngeo (tonsilas e adenóides);
▪ Tumores agressivos.

o Prognóstico
▪ Fatal na ausência de tratamento
▪ QTX intensiva:
• 60-80% remissão completa
• 40-50% curados
▪ 5% tem translocação MYC: pior prognóstico

• Linfoma de Burkitt
o São divididos em 3 subtipos, de acordo com características clínicas e epidemiológicas.
▪ Linfoma de burkitt africano (endêmico) → compromete predominante a mandíbula.
▪ Linfoma de burkitt esporádico (não endêmico) → acomete TGI.
▪ Subgrupo de linfomas agressivos que acometem indivíduos com HIV.

o Patogênese
▪ todas as formas de linfoma de Burkitt são altamente associadas às translocações do gene
MYC no cromossomo 8, conduzindo ao aumento nos níveis de proteína MYC.
▪ Os tumores endêmicos são infectados de forma latente com EBV, o qual também está
presente em 25%-40% dos tumores associados ao HIV e em 20% a 30% dos esporádicos.

o Morfologia
▪ Infiltrado difuso de células linfóides, com tamanho intermediário e núcleos redondos à ovais,
com cromatina grosseira, vários nucléolos e moderado citoplasma;
▪ Alto índice mitótico;
▪ Numerosas células apoptóticas: padrão em céu estrelado.

o Quadro clínico
▪ Crianças e adultos jovens;
▪ (Endêmico e esporádico)
▪ 30% dos LNH infantis;
▪ Maioria se manifesta em sítios extranodais;
▪ Endêmico:
• Massa mandibular (apresentação frequente);
• Vísceras abdominais (rins, ovários e adrenais).
▪ Não endêmico:
• Massa envolvendo a porção ileocecal;
• Peritônio;
• Acometimento de medula óssea e sp são incomuns.

o Prognóstico
▪ Linfoma agressivo
▪ Boa resposta a quimioterapia
▪ Adultos jovens e crianças podem ser curadas
▪ Adultos= prognóstico reservado
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• Linfoma de células do manto


o 2,5% dos LNH nos EUA
o 7% a 9% dos LNH na Europa
o 5°-6° década de vida
o Predominância no sexo masculino
o As células neoplásicas são semelhantes as células da zona do manto normais.
o Patogênese
▪ Praticamente todos os linfomas de células do manto tem a translocação (11;14) envolvendo o
locus IgH do cromossomo 14 e o locus da ciclina no cromosso 11 que leva à superexpressão
de ciclina-D1.

o Morfologia
▪ As células tumorais podem circundar os centros germinativos reativos e produzir um aspecto
nodular, ou apagar difusamente o gânglio linfático
▪ A proliferação consiste em populações homogêneas de linfócitos pequenos, com contornos
nucleares irregulares
▪ As células exibem cromatina condensada e citoplasma escasso
▪ Variantes: blastóide, pleomórfica, etc.
▪ Células que se assemelham a centroblastos e centros de proliferação estão ausentes
auxiliando o dx diferencial com o linfoma folicular e a LLC

o Quadro clínico
▪ Linfoadenopatia o Indolor;
• Generalizada.
▪ 20% -40% tem comprometimento do sangue periférico;
▪ Sítios mais comuns extranodais: medula óssea, fígado, baço e intestino.
o Prognóstico
▪ Desfavorável;
▪ Sobrevida média: 3 a 4 anos;
▪ Não curável com quimioterapia convencional;
▪ Maioria sucumbe por disfunção do órgão difusamente infiltrado;
▪ Variante blastóide: pior prognóstico;
▪ Transplante de células-tronco e inibidores de proteossomas: resultados favoráveis

• Linfoma da zona Marginal


o Grupo heterogêneo de tumores de células b que tem origem em linfonodos, baço ou nos tecidos
extranodais;
o Referidos como tumores linfóides associados às mucosas;
o Patogênese dos extra-nodais
▪ Origem nos tecidos acometidos por disturbios inflamatórios crônicos de etiologia auto-imune
ou infecciosa;
▪ Permanecem localizados por períodos prolongados, com disseminação sistêmica apenas na
fase tardia;
▪ Podem regredir se o agente indutor for erradicado.
o Evolução
▪ Podem se propagar para locais distantes;
▪ o Transformação para o LDGCB.
o Morfologia
▪ Infiltrado de linfócitos b pequenos à médios, com morfologia variável envolvendo a a zona
marginal de folículos linfóides reativos
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▪ Linfoma de Hodgkin
• Tem origem em um linfonodo único ou uma cadeia linfonodal e se dissemina para os tecido
linfoides anatomicamente contíguos;
• Caracteriza-se pela presença de células gigantes neoplásicas denominadas células de reed-
sternberg (HRS);
• As HRS liberam fatores que levam a acumulação de linfócitos, macrófagos, granulócitos reativos
(90% da celularidade);
• Derivam de células B do centro germinativo ou pós centro germinativo;
• Idade média ao diagnóstico: 32 anos;
• Foi o primeiro câncer humano a ser tratado com sucesso com Quimio e Radioterapia
• Curável na maioria dos casos.

• Aspectos gerais:
o Linfadenopatia indolor
o Tipos esclerose nodular e predominância linfocitária
▪ Diagnóstico no estádio I e II
▪ Livres de manifestações sistêmicas
o Tipos celularidade mista e depleção linfocitária
▪ Diagnóstico no estádio III e IV
▪ Exibem manifestações sistêmicas (doença disseminada)
▪ Sintomas: febre, suores noturnos, perda de peso
o Estadiamento mais importante no prognóstico que o subtipo
o Índice de cura nos estádios I e II = 90%
o Sobrevida livre de doença em 5 anos para estádio III e IV = 60% a 70%

• Propagação:
o Doença nodal → Doença esplênica → doença hepática → Medula óssea e outros tecidos

• Célula de Reed-Sternberg Clássica


o Morfologia:
▪ célula grande, binucleada (em geral) ou bilobulada,
▪ imagem em “espelho”, citoplasma anfofílico,
▪ com nucléolos grandes, com halo claro, “olho de coruja”.

• Célula lacunar (esclerose nodular)


o Morfologia
▪ célula grande, núcleo dobrado, hiperlobulado,
▪ múltiplos nucléolos pequenos,
▪ abundante citoplasma pálido, bordos bem definidos.

• Classificação:
o Predominância linfocitária
o Clássico
▪ Esclerose nodular
▪ Celularidade mista
▪ Depleção linfocitária
▪ Rico em linfócitos
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• Formas clássicas de linfoma de Hodgkins

• Esclerose nodular
o Tipo clássico de Linfoma de Hodgkin
o Tipo mais comum (65-75% dos casos)
o Morfologia
▪ Fibrose demarcando nódulos;
▪ Presença de célula lacunar (mais típica);
▪ Poucas células de reed-sternberg clássicas;
▪ Acomete mais linfonodos cervicais baixos e mediastinais;
▪ Raramente associado ao EBV;
o Epidemio
▪ Homens = mulheres;
▪ Adolescentes e adultos jovens;
▪ Prognóstico: excelente.

• Celularidade mista
o Morfologia
▪ Infiltrado celular heterogêneo: linfócitos, eosinófilos, plasmócitos, macrófagos
▪ Células de reed-sternberg
o Epidemio
▪ EBV + EM 70% dos casos
▪ Mais comum em homens
▪ Prognóstico: muito bom
▪ Perfaz cerca de 20%-25% dos casos de Linfomas de Hodgkin clássicos.

• Depleção linfocitária
o Morfologia
▪ Forma menos comum (<5% dos casos)
▪ Pobreza de linfócitos
▪ Muitas células de reed-sternberg e histiócitos
▪ Marcada fibrose
o Epidemio
▪ Associado ao EBV em mais de 90% dos casos
▪ Mais comum em idosos e em pacientes HIV+
▪ Prognóstico ruim.

• Rico em linfócitos (Forma clássica incomum)


o Morfologia
▪ Forma rara
▪ Muitos linfócitos reativos
▪ Presença de células de reed-sternberg clássicas e mononucleares
▪ Se diferencia da predominância linfocitária pela imunofenotipagem destas células
▪ Associado ao EBV em 40% dos casos
▪ Prognóstico: bom à excelente
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• Forma não clássica de linfoma de Hodgkin

• Predominância linfocitária
o Variante incomum
o Forma “não-clássica”
o Infiltrado de pequenos linfócitos misturados a histiócitos
o Poucas células de reed-sternberg típicas
o Células L&H (linfocíticas e histiocíticas)
▪ Células com núcleo multilobulado semelhante a pipoca (“célula popcorn”)
o 3%-5% dos casos = transformação para o LDGCB (linfoma difuso de grandes cél. B)
o Não está associado ao EBV
o Homens
o Idade<35 anos
o Cursa geralmente com linfoadenopatia cervical ou axilar
o Prognostico: excelente

▪ Linfoma de células T periféricas SOE


• Originam-se de células de T maduras
• Ocupam os linfonodos de forma difusa
• Neoplasias muito pouco frequentes
• São compostos por uma mistura pleomórfica de células t malignas de tamanho variável
• Exibem frequentemente um infiltrado de células reativas (eosinófilos, macrófagos, etc.)
• Acomete geralmente adultos e idosos
• Quadro clínico
o Linfoadenopatia generalizada
o Prurido, Eosinofilia
o Febre, Perda de peso
• Prognóstico
o Bem agressiva
o Pior que as neoplasias de células B maduras agressivas

▪ Neoplasias de células B e T precursoras

• Linfoma / Leucemia Linfoblástica Aguda


o Neoplasias compostas por células B (PRÉ-B) e células T (pré-T) imaturas, as quais são chamadas
linfoblastos
o O linfoma linfoblástico é morfologicamente indistinguível da Leucemia Linfoblástica aguda
o Epidemio:
▪ Câncer mais comum em crianças
▪ Idade: menores de 15 anos
▪ 3x mais em brancos do que em negros
▪ Meninos > meninas
▪ LLA-B: incidência máxima 3 anos
▪ LLA-T incidência máxima na adolescência
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o Patogênese:
▪ Aberrações cromossômicas desregulam a expressão e função de fatores de transcrição que
são necessários ao desenvolvimento normal das células B e das células T normais

o Morfologia:
▪ Medula óssea hipercelular e densamente preenchida por linfoblastos, os quais substituem a
população normal da medula.
▪ Massas tímicas ou mediastinais: 50%-70% de LLA-T.
▪ Células com escasso citoplasma e núcleos pouco maiores que os de pequenos linfócitos, com
a cromatina delicada e finamente pontilhada;
▪ Necessário realizar a diferenciação com mieloblasto.

o Quadro clínico
▪ Início repentino e tempestuoso
▪ Sintomas relacionados à depressão funcional da medula
▪ Efeitos de massa causados pela infiltração neoplásica
▪ Manifestações do SNC

o Prognóstico
▪ Sucesso na oncologia
▪ 95% remissão completa
▪ 75%-85% curadas
▪ Pior prognóstico quando:
• Idade < 2 anos
• Apresentação na adolescência e idade adulta
• Contagem de blastos no SP > 100.000 (carga tumoral elevada)

▪ Neoplasia de Plasmócitos
• Proliferação de células B constituídas por plasmócitos neoplásicos que com frequência, secretam Ig
monoclonal ou um fragmento de Ig, que serve como marcador tumoral e que costuma evidenciar
consequências patológicas;
• 15% das mortes causadas por neoplasia linfóides;
• Plasmócitos neoplásico sintetizam cadeias leves em excesso, em conjunto com Igs completas.
• Entidades:
o Mieloma múltiplo e plasmocitoma
o Macroglobulinemia de waldenström
o Doença de cadeia pesada
o Gamopatia monoclonal de significado indeterminado

• Mieloma Múltiplo
o Neoplasia de plasmócitos
o Associada a:
▪ Lesões líticas ósseas
▪ Hipercalcemia
▪ Insuficiência renal adquirida
▪ Alterações imunológicas adquiridas
o Epidemio:
▪ Incidência maior em homens e afrodescendentes
▪ Faixa etária: 65-70 anos
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o Características
▪ Tumores destrutivos de plasmócitos comprometendo o esqueleto axial
• Em ordem decrescente: coluna vertebral, costelas, crânio, pelve, fêmur, clavícula e
escápula
▪ Lesões começam na cavidade medular e avançam para o córtex ósseo resultando em fraturas
patológicas
▪ Lesões ósseas aparecem radiograficamente
▪ Medula óssea exibe número aumentado de plasmócitos, que representam mais de 30% da
celularidade

o Morfologia
▪ Plasmócitos neoplásicos são semelhantes a células benignas
▪ Exibem halo claro, núcleo excêntrico
▪ Variantes:
• Células em “chama” (citoplasma avermelhado)
• Células de mott (múltiplas gotículas citoplasmáticas)
• Células com inclusões
o Corpúsculos de Russel (inclusões citoplasmáticas)
o Corpos de Dutcher (inclusões nucleares)
o Microscopia
▪ O tumor é composto por plasmócitos que se caracterizam por núcleos hipercromáticos,
atípicos e polares em relação ao citoplasma.

o Manifestações: o quadro clínico do mieloma múltiplo provém do:


▪ Efeito de crescimento de plasmócitos nos tecidos (ossos);
▪ Produção de Igs que tem propriedades físico-químicas anormais;
▪ Supressão da imunidade humoral normal.

o Diagnóstico
▪ Radiológicos + laboratoriais + clínicos
▪ Definitivo: requer o exame da medula óssea
▪ Pode ser feito por biópsia óssea ou paaf (punção aspirativa de agulha fina) de lesão
osteolítica de acesso fácil, exemplo em esterno.
o Prognóstico
▪ Variável
▪ Sobrevida média: 4-7 anos

• Mieloma solitário (Plasmocitoma)


o Lesão solitária do osso ou partes moles
o 3% a 5% das neoplasias de plasmócitos
o Progride inevitavelmente para o mieloma múltiplo (10-20 anos)
o Plasmocitomas extraósseos, em especial aqueles que comprometem o trato respiratório superior,
são curados com ressecção local
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• Aspectos macroscópicos dos linfonodos em:

o Carcinomas metastáticos:
▪ Em relação aos linfonodos metastáticos, sempre comprometem as zonas de drenagem:
• Na mama por exemplo examina-se o linfonodo sentinela que corresponde ao primeiro
gânglio comprometido.
• Carcinomas do cólon drenam para gânglios regionais (meso).
• Carcinomas gástricos drenam para gânglios das curvaturas gástricas.
• Carcinomas de vulva e pênis drenam para gânglios inguinais.
• Tumores do pé (epidermóides ou melanomas), drenam para gânglios inguinais.

o Neoplasias Mielóides
▪ Grupo heterogêneo de neoplasias
▪ Origem: célula progenitora hematopoiética
▪ Comprometimento primário: medula óssea
▪ Comprometimento secundário: baço, fígado e linfonodos
▪ Três categorias:
• Leucemias mielóides agudas
• Síndromes mielodisplásicas
• Distúrbios mieloproliferativos

▪ Leucemia Mieloide Aguda


• Neoplasia de progenitores hematopoiéticos causada por mutações oncogênicas adquiridas que
impedem a diferenciação, resultando em acúmulo de blastos mieloides imaturos na medula óssea
• O acumulo de blastos conduz a medula óssea a falência e a complicações relacionadas a anemia,
trombocitopenia e neutropenia
• Ocorre durante toda a vida
• Pico: 60 anos
• Diagnóstico: Pelo menos 20% de blastos mielóides
• Manifestações clínicas: Queixas relacionadas a anemia, neutropenia e trombocitopenia
• Prognóstico
o 60% remissão completa com a quimioterapia
o 15-30% livres de doenças por 5 anos
• Subdivisão segundo a OMS
o 1. Leucemia mielóide aguda com aberrações genéticas
o 2. Leucemia mielóide aguda com características semelhantes a smd
o 3. Leucemia mielóide aguda relacionada a terapia
o 4. Leucemia mielóide aguda sem outra especificação

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